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2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE DEFICIENTES: DESAFIOS E OPORTUNIDADES Fabiana Caroline RESUMO O desafio do século XXI é construir uma sociedade mais coesa, na qual a cidadania seja exercida por todos e o exercício dos direitos assegurado a todas as camadas da população. Toda mudança de consciência social inicia-se na escola, de forma que, democratizar o acesso à educação, permitindo que quaisquer pessoas, com ou sem dificuldades inerentes à sua biologia, sejam recepcionados e desenvolvidos de forma isenta, completa e satisfatória, é um cenário incitante. A construção do texto busca levar o leitor à reflexão sobre os desafios e oportunidades, na busca pela construção de um todo menos segregacionista. O artigo foi estruturado com base em publicações sobre o tema que guardassem pertinência estrita ao debate, estudando sobre as principais deficiências, que compõem o cotidiano da escola inclusiva, bem como os desafios impostos aos principais atores do processo educacional. Também é interesse desse trabalho demonstrar, ainda que de forma breve, as legislações brasileiras de proteção à pessoa com deficiência, a fim de localizar espacialmente a inclusão tal como se vê hoje, ou seja, não é somente uma mudança de postura espontânea das sociedades, mas sobretudo, faz parte de agendas governamentais e compromissos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Palavras-chave: escola inclusiva, necessidades educacionais especiais, deficiências, inclusão social INTRODUÇÃO O tratamento concedido durante muitos séculos aos portadores de deficiências foi marcado pela exclusão e preconceito, sendo registrada de forma recorrente, a dificuldade em lidar com as limitações impostas pelas deficiências, sejam físicas ou mentais. Esse cenário manteve muitos indivíduos fora da sociedade, como se não existissem, incapazes civil e socialmente, nunca detentores de direitos, mas relegados à piedade ou à indiferença alheia. Foram necessários muitos séculos para que esse cenário se alterasse, ainda que o mundo estivesse sob a influência paternalista do cristianismo. Apenas no final do século XX as deficiências foram efetivamente enxergadas por suas diversas gradações, permitindo que os sujeitos portadores recebessem tratamentos adequados, do ponto de vista terapêutico, além de possibilidade de inclusão na vida social. Nesse sentido, a educação, como maior forma de desenvolvimento do ser humano é, por si só um desafio à inclusão, pois pensar a escola, até então globalizada, com currículos comuns e práticas pedagógicas uniformes, como algo particularizado, desenhado especificamente para esse ou aquele sujeito, a fim de adequar o processo à sua limitação, é não só novo, como também provocante. Os sistemas educacionais devem, não só respeitar as desigualdades, como promover, em seu papel de formador de cidadãos, a capacidade de lidar de forma humana e responsável, com as diferenças (DELORS et al, 1998). Lima (2001) aponta que a educação é o alicerce para o cumprimento da cidadania e acesso aos direitos dela decorrentes, como os sociais e políticos. Preconizada como direito de todos, por meio de um processo visando a formação plural e cidadã, valorizando as diferenças e potencializando a liberdade e a dignidade. Considerando que a inclusão na escola permeia as principais barreiras de acessibilidade, a pergunta que norteia esse estudo é: quais são os desafios e oportunidades que a educação inclusiva experimenta? O debate em torno do tema busca ampliar a sua própria compreensão, além de colaborar na formação assertiva de profissionais educadores, que contribuam efetivamente da democratização do processo educacional brasileiro. Por meio da reflexão proposta a cerca da cultura da diversidade e da formação dos professores, o texto encontra relevância acadêmica e social, em razão do tema estar em voga neste início de século, em que a intolerância é combatida de maneira frontal por governos e sociedade civil. Preparar o professor, os pedagogos e demais atores do processo educacional para a definição de estratégias de atuação capazes de colocar efetivamente em prática a inclusão é papel (e desafio) das universidades, que cada vez mais precisam pensar de forma holística e prospectiva, ou seja, vislumbrando um futuro em que, cada vez mais crianças sejam assistidas pela escola e reconhecidas como cidadãs. Para percorrer os temas envolvidos nessa discussão, e atingir o objetivo principal que é o conhecimento dos desafios e oportunidades da educação inclusiva, foram traçados objetivos secundários, que dizem respeito à inclusão como promotora da dignidade humana, conhecer os principais tipos de deficiências, já que são os cenários mais recorrentes nas escolas, e finalmente debater acerca das condições e necessidades das escolas para receber os deficientes. O percurso metodológico foi construído por meio de literatura de cunho acadêmico já produzida e publicada em sites confiáveis. O trabalho desenvolvido é do tipo revisão de literatura, no qual foram elencados os principais descritores associados ao tema e selecionadas publicações em língua vernácula e completas. Dada a riqueza de fontes a respeito do tema, bem como a busca pelo enriquecimento do debate na construção desse artigo, é inviável citar nesse parágrafo todos os autores lidos, mas o destaque das obras mais completas fica a cargo de Pereira e Saraiva (2017), Guimarães (2022) e Silva e Carvalho (2017) que ilustraram e, por meio de suas obras, ajudaram inclusive a organizar as ideias aqui expostas, a fim de tornar a discussão mais fluida. DESENVOLVIMENTO O percurso histórico da inclusão social passa por períodos muito conturbados, em que a principal marca era a segregação e o preconceito. As deficiências existem desde o Paleolítico Superior (40.000 a.C.). No antigo Egito, as crenças a respeito da existência de deficiências remetiam a maus espíritos, demônios ou ainda pecados expurgados de outras vidas. Na época, contudo, não se relata a segregação social vista séculos mais tarde – de acordo com registros históricos, havia deficientes presentes em todos as camadas sociais, levando vidas normais (PEREIRA; SARAIVA, 2017). Já os antigos hebreus acreditavam que quaisquer deficiências e mesmo as doenças crônicas advinham de pecados que deveriam ser limpos. Rosa (2007) aponta passagens no livro bíblico Levítico em que Moisés aponta que portadores de deficiências não poderiam se aproximar do seu ministério. No mesmo livro, a aparência era considerada o principal fator de identificação das deficiências e, consequentemente, da segregação de seu portador. No mesmo sentido, para os gregos, que entendiam as limitações natas também como pecados, aquelas adquiridas, por lutas, guerras, marcas de escravidão, entre outras, eram tratadas de maneira similar. Para esse povo, aponta a autora, somente os corpos belos e esculturais eram considerados aptos e, por esse motivo, aqueles que não se enquadrassem nesse modelo eram abandonados para morrer. A despeito do tratamento dado às pessoas deficientes ou mutiladas, a Grécia despontou como a primeira nação a garantir assistência ao seu povo. Isto porque, observando o grande número de pessoas vítimas de acidentes nas construções, além de gravemente feridas em guerras somando aos combates corpo a corpo (fatos que na época causavam mutilações sérias, impedindo que as pessoas garantissem seu próprio sustento), o país se viu obrigado a implantar um sistema assistencial que logo se estendeu para todos os deficientes (BARBOSA et al, 2011). Ainda assim, havia grande número de crianças portadoras de deficiências abandonas, dada sua incapacidade de desenvolverem-se plenamente. Essa realidade mudou apenas com a ascensão do Cristianismo, que prega a necessidade de oferecer cuidados e não atitudes de extermínio. A família e a Igreja passam a ser responsáveis por oferecer assistência com essa população – não obrigatoriamente inclusão. Dessa forma, por muitos séculos, as famílias, por vergonha ou medo, escondeu os seus deficientes, excluindo-os do acesso à saúde, educaçãoe convivência social (GARCIA, 2010). Nesse contexto, a medicina passou a se confundir com a religião e os hospitais passaram a se instalar na mediação de mosteiros, com destaque para a época de Constantino I, em que Igreja e Estado prestaram, de forma conjunta, a assistência, na vanguarda do movimento, antes mesmo da Europa cristã (PEREIRA; SARAIVA, 2017). Esse momento histórico é considerado bastante delicado, pois as famílias não queriam ter que lidar com seus próprios deficientes, então, nas palavras de Gugel (2007), sob a sombra da caridade, a rejeição se transforma em confinamento, dando teto, alimento e escondendo e isolando a pessoa considerada inútil. Dentro dos asilos, sem qualquer tratamento direcionado, os deficientes passaram a ser verdadeiras cobaias de médicos que utilizavam técnicas experimentais, sob a justificativa de que estavam tratando seus pacientes. Assim, grandes crueldades foram cometidas, mas por outro lado, a Psicologia experimentou um avanço significativo, ao inverter o caráter da deficiência, abandonando sua origem pecaminosa e migrando para o modelo médico (MENICUCCI, 2006). De acordo com Gugel (2007) o século XX inaugura um novo posicionamento da sociedade como um todo em sua tratativa com os deficientes, com movimentos para angariar fundos para o seu amparo, além de debates para garantia de direitos, recenseamento da população deficiente, com vistas à promoção de políticas públicas. A partir do ano de 1945, com a Criação da Organização das Nações Unidas, a proteção e promoção da saúde e dignidade das pessoas com deficiência passou a ser pauta definitiva para os países. Nesse contexto, as pessoas deficientes passaram a ser consideradas dotadas de direitos e deveres – em um movimento de consentimento da cidadania há tanto negada. No aspecto educacional, a partir da década de 1980, iniciava a transição (para aqueles que fossem considerados capazes) entre as escolas especiais e as regulares. Legislações governamentais e movimentos organizados pela sociedade civil passam a defender e garantir cada vez mais direitos, alterando definitivamente a forma como essa parcela da população tem acesso às essencialidades da vida (PEREIRA, 2016). Os Diferentes Tipos de Deficiências O conceito de pessoa com deficiência foi bastante modificado ao longo do tempo, com a sua construção e desconstrução, com vistas a ora negar a existência da pessoa, ou de sua deficiência, ora integrá-la ao todo social. Piovesan (2009) divide essa existência dos portadores de deficiências em quatro estágios, a saber: o primeiro é a total exclusão, conferindo-lhes tratamento de pessoas impuras, havendo relatos inclusive do assassinato de crianças que nascessem com qualquer deformidade. O segundo é a invisibilidade. Os assassinatos deixaram de ocorrer, porém as pessoas eram segregadas da maioria. Numa fase mais recente, e bastante vivenciada no Brasil, o assistencialismo tratava os deficientes como portadores de doenças que deveriam ser assistidos pelo Estado até que a cura para sua enfermidade fosse disponibilizada. Finalmente, no contexto contemporâneo, inserto pela Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2009), os muros da incapacidade são derrubados e a palavra de ordem é inclusão. A Convenção vem derrubar a associação sempre realizada entre deficiência e limitação. Araújo e Ferraz (2010) corroboram afirmando que, se a definição de deficiência for limitação, que toda a sociedade global então será inserida nesse universo, tendo em vista que, em maior ou menor grau, todos têm alguma limitação física, psicológica ou mental. Sendo assim, o texto da Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (ONU, 2006), dá a nova definição de pessoa com deficiência, qual seja: Art. 1º - Pessoas com deficiência são aquelas que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Segundo Decreto 5.296/2004, em seu Art. 5º, parágrafo 1º, considera–se pessoa que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade, a que se enquadra nas seguintes categorias: · Deficiência Física Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (BRASIL, 2004). · Deficiência Auditiva Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (BRASIL,2004). · Deficiência Visual Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores (BRASIL, 2004). · Deficiência Mental “Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas” (BRASIL, 2004). · Deficiência Múltipla: a “associação de duas ou mais deficiências” (BRASIL, 2004). Mobilidade Reduzida Pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção (BRASIL, 2004). Ainda no contexto deste estudo, o texto do Decreto segue apontando a definição de pessoa com mobilidade reduzida, que é também público-alvo das ações de mobilidade e acessibilidade. De acordo com o disposto no inciso II do artigo 5º, a pessoa com mobilidade reduzida é aquela que por alguma razão, têm dificuldade de movimentarem-se permanente ou temporariamente, com redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. Nesse contexto se enquadram ainda os idosos, as gestantes, os lactantes e as pessoas com crianças de colo. Tendo em vista a clareza do Decreto 5.296/2004, as normas de acessibilidade caminham rumo à mitigação das dificuldades já impostas naturalmente pelas deficiências, com vistas à garantia de oferecimento dos diferentes tipos de acessibilidade. Nessa seara, surge o conceito de Desenho Universal. Trata-se de um projeto tão abrangente que atende a todas as pessoas sem a necessidade de se pensar em soluções acessíveis. Respeitando todas as diferenças e pensando que um ser humano comum passa por modificações ao longo da vida, como crescimento e perda de força muscular no processo de envelhecimento, além das características mais básicas como altura, gênero, idade, o desenho universal atinge os mais variados campos, abrangendo espaços e produtos. A fim de atingir esse objetivo, segundo Carletto e Cambiagi (2016), o desenho universal se apoia em sete princípios básicos: · Igualitário: pode ser usado por pessoas de diferentes capacidades, tornando o ambiente igual para todos. Exemplo: portas que se abrem com sensores, independente de quem as atravesse. · Adaptável: produtos e espaços destinados a pessoas com diferentes habilidades, adaptando-se ao usuário. Exemplo: uma tesoura para destros e canhotos. · Óbvio: simples e intuitivo. De fácil compreensão, independente da experiência linguística do usuário. Exemplo: o símbolo universal dos banheiros. · Conhecido: quando a informação conduz a um perfeito entendimento, como por exemplo no mesmo cenário, uma mesmainformação oferecida de maneira escrita em ortografia comum, em braile e representada pelos símbolos universais. · Seguro: garantam a segurança do usuário, minimizando ou eliminando os riscos de acidentes. Exemplo: elevadores com sensores em alturas diferentes, a fim de não permitir que a porta se feche, pressionando uma pessoa. · Sem esforço: uso eficiente com o mínimo de fadiga. Proporciona ainda economicidade de recursos, a exemplo das torneiras com sensores, que permitem a saída da água sem tocá-las e param depois de determinado tempo, a fim de não haver desperdício. · Abrangente: que atenda ao mesmo tempo, pessoas com diversas características, como altura, peso, idade etc. Exemplo: banheiros maiores que possam ser usados por cadeirantes. O Viés da Acessibilidade O tema acessibilidade, embora bastante abrangente, por estar intimamente ligado à inclusão social, é diretamente associado à questão dos deficientes físicos. No escopo desse estudo, serão contemplados também os portadores de mobilidade reduzida, por ser uma situação permanente ou temporária, mas que se não forem observadas com cautela, em face de possíveis acidentes, podem ser agravadas. No século XXI, a acessibilidade toma as mesas de discussão governamentais por ser uma das bases do tripé do desenvolvimento sustentável, ao lado da preservação ambiental e do desenvolvimento econômico. Nesse bojo, a mobilidade urbana é uma ferramenta de relevante importância para a implementação da acessibilidade, tendo em vista que suas ações, atuam nos três vieses pretendidos. Garantir o direito à acessibilidade é promover a igualdade de direitos e a dignidade a uma parcela da população que foi segregada por séculos. Além desse entendimento, é uma questão de humanidade, haja vista que uma condição inerente a uma pessoa, não a desqualifica, mas enriquece a sociedade, inserindo olhares diferentes sobre temáticas diversas. Nas palavras de Piovesan (2009), nesse novo cenário, não é a pessoa que está doente, mas sim a sociedade, na sua incapacidade de lidar com as diferenças. Assim, a acessibilidade tem o condão de derrubar as múltiplas barreiras vivenciadas cotidianamente pelos deficientes, possibilitando-os a vida laboral, cultural, desportiva e afetiva. Atualmente, embora não se limite apenas a essa ideia, a acessibilidade vem sendo ligada estritamente aos deficientes físicos. Isto porque as deficiências, de quaisquer espécies acarretam limitações para a participação na vida social e exercício de atividade laboral. Durante muito tempo na história mundial as pessoas com deficiências foram segregadas e impedidas de participar da vida social. Marginalizados e muitas vezes escondidos por suas famílias, os portadores de deficiências de quaisquer espécies, não se deslocavam pelas ruas das cidades, ou se o faziam, era com total submissão às condições impostas pela parcela da população que planejava aquele percurso. O processo de segregação é histórico e esmagador, porém causa estranheza ainda atualmente. A inclusão é um processo deficitário, que muitas cidades não o praticam, negando-se à implementação de políticas públicas voltadas ao mercado de trabalho e expansão das obras viárias, com vistas a facilitar o deslocamento ou mesmo investir em educação inclusiva, que conduzirá a uma sociedade mais tolerante com as próprias diferenças. Historicamente, o processo de reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiências, se movimentou em 1975, com a promulgação, pela Organização das Nações Unidas, do documento intitulado Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes. Já em 1982, através do Programa de Ação Mundial para as Pessoas Portadoras de Deficiências Físicas, buscou-se garantir que o acesso ao meio físico e cultural, a habitação, o transporte, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades de educação e de trabalho, a vida cultural e social, inclusive as esportivas e de lazer, fossem disponibilizados a todos, sendo papel das sociedades a sua defesa. Segundo os dados do censo demográfico 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), no Brasil consta que no caso de deficiência motora, 734 mil pessoas são incapazes de se locomover, 3,6 milhões têm grande dificuldade de locomoção e 8,8 milhões têm alguma dificuldade. O Brasil, apesar de ser signatário dos referidos documentos, apenas em 1993 instituiu uma política própria, através do Decreto 914/1993 (BRASIL, 1993) – A Política Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Com a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiências, organizada pela Organização das Nações Unidas, ocorrida em 2006 e recepcionada no direito brasileiro através do Decreto n. 6949/2009, os portadores de deficiências passaram a ter diversos direitos garantidos, com vistas a promover a igualdade e o exercício da dignidade por essas pessoas. Daí decorre o fortalecimento de ações voltadas para a inclusão delas, bem como a obrigatoriedade dos governos de implementar políticas que garantam a acessibilidade. O conceito de acessibilidade, no entanto, é muito amplo, pois ela não se limita apenas aos portadores de deficiências, mas também aos superdotados, à inclusão de pessoas com oportunidades diferentes, àqueles que têm dificuldades com a tecnologia, entre outros. Para Goffman (1982) as pessoas são socialmente enquadradas em categorias, com base em atributos que as incluem ou excluem de determinados grupos. De maneira até cruel, aqueles que não se encaixam, ou seja, os diferentes, são marginalizados (no sentido de colocados à margem) e tratados como estragados. Nesse contexto, Lippo e Fernandes (2013) corroboram afirmando que na sociedade, tudo o que é diferente faz parte dos fatores que dissociam os homens em melhores e piores e as relações de trabalho e renda são grandes fontes dessa segregação. As pessoas que apresentam algum tipo de deficiência são vistas com desprezo, piedade, às vezes com superstição, e não como cidadãos de direitos como todos que fazem parte da vida social. Isto porque, a interação com outros seres sociais fica dificultada, à medida que esses se recusam a compreender as diferenças e valorizá-las, preferindo o convívio somente com seus pares. Para se falar em acessibilidade e tornar esse conceito uma premissa nas relações sociais, é preciso conceber e respeitar a diversidade como uma característica de riqueza da sociedade. Nesse sentido, Lippo e Fernandes (2013) ponderam que a maior riqueza das sociedades é justamente a sua diversidade, que deve ser reconhecida e respeitada, agregando valor inclusive aos processos produtivos, dadas as peculiaridades com que cada ser individual enxerga o mundo. Segundo Fernandes (2003), promover a Acessibilidade é tornar a sociedade capacitada, apta a reconhecer que a diversidade faz parte de seu movimento. Para viabilizar isso é necessária uma transformação nas condições materiais e simbólicas da vida em sociedade. No Brasil, é amplamente adotado o conceito de acessibilidade inserto pela norma NBR 9050 (ABNT: 2020), no qual acessibilidade é a “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. Por essa mesma norma, é acessível o “espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação”. Complementando esse conceito, Santos et al. (2016) consideram que a acessibilidade é uma ferramenta de integração e igualdade de direitos e oportunidades para se conseguir uma melhoria na qualidade de vida de pessoas com deficiência, de forma a se inserirem na sociedade. Educação Inclusiva: panoramas e perspectivas Um dos aspectos mais excludentes na vida de quem é portador de deficiências é, indubitavelmente, a educação. Por ser um processo contínuo da vida do ser humano, as barreiras inclusivas são, nesse contexto, muitase, por isso a evolução no processo educacional, bastante dificultado, com baixo aproveitamento e grande evasão escolar (GUIMARÃES, 2022). Para Wanderley (2001), é impossível tratar a inclusão sem falar de seu processo oposto. Para a autora, exclusão implica o todo, ela é um processo que, embora tenha origens na questão econômica, estende-se a todos os demais vieses, apresentando uma trajetória política e ética. Em 1996, Sposatti já pontuava que ela é um processo coletivo, que tem como resultado a inibição da cidadania: A desigualdade social, econômica e política na sociedade brasileira chegou a tal grau que se torna incompatível com a democratização da sociedade. Por decorrência, tem se falado na existência da apartação social. No Brasil a discriminação é econômica, cultural e política, além de étnica. Este processo deve ser entendido como exclusão, isto é, uma impossibilidade de poder partilhar o que leva à vivência da privação, da recusa, do abandono e da expulsão inclusive, com violência, de um conjunto significativo da população, por isso, uma exclusão social e não pessoal. Não se trata de um processo individual, embora atinja pessoas, mas de uma lógica que está presente nas várias formas de relações econômicas, sociais, culturais e políticas da sociedade brasileira. Esta situação de privação coletiva é que se está entendendo por exclusão social. Ela inclui pobreza, discriminação, subalternidade, não equidade, não acessibilidade, não representação pública (SPOSATTI, 1996, p. 13). Nesse sentido, a exclusão pode ser compreendida como uma construção social, derivada de posturas e entendimentos de pessoas que não sabem lidar com as diferenças. Ela atinge os aspectos materiais, políticos, relacionais e subjetivos e impede o acesso a direitos, que são, sob a sombra do assistencialismo, convertidos em favores, como se os sujeitos excluídos não fossem titulares ou mesmo merecedores de direitos. Na contramão dessa realidade, surge a inclusão, que de ampla abrangência, busca garantir esses mesmos direitos, derrubando as principais barreiras para seu acesso (GUIMARÃES, 2022). A etimologia da palavra inclusão remete à ideia de “colocar para dentro” (de um sistema). Na atualidade, esse conceito foi um pouco mais expandido, e diz respeito à inserção nesse sistema de alguém que originalmente não se encaixaria ali, mas garantindo a igualdade aos desiguais, na medida de sua desigualdade (Cury, 2005). Nesse sentido, a escola inclusiva é uma escola pensada de forma individualizada, permitindo aos alunos o desenvolvimento e o aprendizado por meio de recursos e tecnologias que atenda a suas dificuldades (MIRANDA, 2001). A inclusão do ponto de vista educacional é um processo originado no sistema governamental, por meio de leis e políticas públicas e consolidado no dia a dia, por meio do professor, como principal agente promotor dessa inclusão (RODOVALHO, 2005). Também, a família é parte fundamental no processo, tendo em vista sua contribuição com informações, críticas, sugestões e solicitações que ajudarão no amadurecimento da escola frente aos desafios próprios da inclusão (GARCIA et al, 2006). Toledo e Martins (2009) pontuam ainda que a formação do professor é essencial no sucesso dessa trajetória, pois ele precisa acreditar na criança como ser capaz do aprendizado, identificando e adotando as melhores estratégias para proporcionar o desenvolvimento de cada aluno com necessidades educacionais especiais. De acordo com Guimarães (2022), apenas a partir da década de 1990 o Brasil começou a debater de forma séria a respeito da escola inclusiva, quando o Ministério da Educação inseriu o tema em seus materiais e programas. Os esforços nesse sentido são heranças da Conferência Mundial de Educação para Todos (1990) e da Conferência Mundial de Educação Especial, de Salamanca (1994) que inseriam a obrigatoriedade de que todas as crianças frequentassem o ensino regular, independente das diferenças pessoais. Mantoan (2006) vê a inclusão como uma provocação, que tira o ensino do seu status quo, melhorando a sua qualidade, por meio da própria diversidade. Já Glatt e Blanco (2007) a consideram um novo paradigma educacional, no qual a exclusão e discriminação são substituídos por identificação e quebras de barreiras para a aprendizagem. De acordo com Garcia (2010) o principal desafio das escolas é que a inclusão não trata apenas das deficiências, mas também de todas as outras situações, a exemplo da superdotação. A despeito da necessidade de receber satisfatoriamente esses alunos, a escola criou um padrão de aluno ideal – aquele que está na faixa etária correta para o ano escolar, não porte necessidades nem dificuldades de aprendizado, focado, obediente, vindo de uma família heteronormativa. Como o cenário é bastante distante disso, na maior parte das vezes, existe um comportamento segregador dentro da própria instituição, que não emprega os mesmos esforços com todos os estudantes. Do ponto de vista do docente, os desafios residem eminentemente em sua capacidade de lidar com as diferenças em um contexto no qual há ainda outras crianças na mesma classe. Ramos (2019) conduziu interessante estudo em nove escolas públicas do Amazonas, no qual entrevistou quinze professores. De acordo com apontamentos feitos pelos profissionais, há um cenário de ansiedade por não saber como lidar com as diferenças, além da falta de suporte de uma equipe multidisciplinar que ajude na condução das práticas pedagógicas. Também, a falta de estrutura física para receber alunos com necessidades especiais, e de ferramentas para captar e manter a atenção dos alunos nas aulas, tendo em vista que é um público muito diversificado e que aprende de formas muitos diferentes (em um contexto no qual os alunos com NEE e sem qualquer tipo de necessidade convivam no mesmo cenário). A ausência de livros em braile, monitores de ensino nas salas de aula e salas com elevado número de alunos foram as queixas mais recorrentes na pesquisa e que evidenciaram o profundo desgaste físico e emocional dos professores (RAMOS, 2019). Nesse contexto, Mallmann et al (2014) em seu estudo também com professores da rede pública, demonstram que urge a necessidade de adequação dos currículos, para inserção ou exclusão de conteúdos, ou adaptações na estrutura curricular de disciplinas, principalmente na educação física, e o evidente despreparo dos professores para elaborar estratégias que permitam a compreensão dos conteúdos ministrados. Silveira et al (2012) apontam para a necessidade de adequação das tarefas e modificação dos critérios de avaliação e exposição dos conteúdos apresentados em sala. Alves e Matsukura (2012) em sua pesquisa apontam que os professores elencam a necessidade de utilização de ferramentas pedagógicas práticas que instiguem o aluno a superar as suas limitações, bem como recursos de tecnologia assistiva, como engrossadores de lápis ou computadores adaptados. Ocorre que, apesar da colaboração que essas soluções podem oferecer, os professores apontam falta de treinamento para seu uso, ou seja, as tecnologias se tornam sem uso, pois eles não conseguem replicar o conhecimento. Sobre as políticas de inclusão, pautadas pela atuação conjunta da escola família e sociedade, em um processo de reformulação de ações e crenças, Matos e Mendes (2015) lecionam que existe um abismo entre a capacitação e os profissionais. De acordo com os autores, falta engajamento filosófico e político por parte dos docentes, que não questionam a política inclusiva, não a amadurecendo e nem a si mesmos. Quanto ao processo ensino-aprendizagem, Silveira et al (2012) pontuam que o planejamento de aula é ainda mais importante quando se trata da inclusão educacional. Se antes esse planejamento era pautado apenas no conteúdo a ser explanado em aula, no contexto dos alunos portadores de NEE, ele passa a ser orientado, debatido e construído em comum acordo com outros profissionais da equipe pedagógica, por demandar estratégias específicas para esse público. Assim, a escola inclusive é, eminentemente,uma escola multidisciplinar em sua essência, marcada pelo redesenho constante das práticas pedagógicas com vistas ao melhor aproveitamento de cada aluno. No mesmo sentido, pontuam Alves e Matsukura (2012), quando não há esse planejamento, o resultado é a segregação dos alunos dentro da escola inclusiva. Isto porque, na inexistência do conhecimento das necessidades de sala de aula, podem os professores não conseguirem se comunicar com alunos surdos, por exemplo, ou ainda não haver a interação entre os alunos e os recursos pedagógicos, seja por não despertar seu interesse, ou seja, por não permitir a compreensão das atividades. Silveira et al (2012) pontuam ainda que a falta de preparo dos professores, seja pela falta de conhecimento teórico ou atuação prática, cria lacunas em sua atuação, distanciando-os do sucesso na educação inclusiva e gerando angústia, tanto nos profissionais quanto nos alunos. Finalmente, do ponto de vista do conhecimento aprofundado do aluno, Castro e Almeida (2015) afirmam que não basta conhecer a deficiência do aluno: professor somente conseguirá uma prática docente efetiva aprofundando-se na personalidade, vontades, desejos, ou seja, nas subjetividades dos alunos. Esses aspectos são, para as autoras, capazes de revelar as potencialidades de cada indivíduo, permitindo oferecer um ensino que desperte o seu envolvimento. Carvalho e Silva (2017) ensinam que o desconhecimento sobre os aspectos mais intrínsecos dos alunos, gera um efeito negativo em cadeia, com a oferta de propostas de ensino inadequadas, perda do interesse pelo processo ensino-aprendizagem e, por fim, a evasão escolar. As autoras, que conduziram revisão integrativa a respeito do tema, pontuaram ainda que não encontraram estudos que correlacionassem aspectos como as condições socioeconômicas e aspectos comportamentais dos alunos, como elemento definidor de sua permanência na escola. CONCLUSÕES Durante a preparação desse texto, foi possível conhecer as muitas deficiências e como elas impõem limitações à vida cotidiana de seus portadores. Atualmente, o conceito de acessibilidade é de vasta amplitude, pois para haver, de fato a inclusão, é necessário que, um mundo pensado para pessoas caminhantes, que gozam de excelente saúde física e psicológica seja preparado para atender da mesma maneira aqueles que portam qualquer tipo de deficiência ou condição, como o autismo, a superdotação, o nanismo, entre outros. O ensino é um desafio à parte no que diz respeito à inclusão. Isto porque, sendo a escola uma atividade diária, sua preparação deve ser suficiente para garantir o acesso e permanência dos alunos durante todo o período letivo, sem dificuldades. Não basta à escola adequar seus currículos, se o prédio não for apto a receber os alunos. Do lado de dentro das salas, um ensino que, rotineiramente atendia a alunos padronizados, e que até mesmo separava aqueles com alguma dificuldade, excluindo-os e, de forma recorrente, levando-os à evasão, agora enfrenta o desafio de educar, com a mesma qualidade pessoas com aptidões diferentes. Esse processo se torna desafiador à medida em que não existem investimentos suficientes na formação profissional e na disponibilização de recursos para tornar o ensino acessível. As fragilidades do sistema de ensino brasileiro na atualidade são evidenciadas em diversos estudos conduzidos com professores que, de forma quase linear não se sentem preparados e nem capazes de atuar com assertividade na escola inclusiva. Ressalta-se a necessidade urgente da adoção de equipe multidisciplinar, com a presença por exemplo de terapeutas ocupacionais, psicólogos, monitores de ensino especial, entre outros, a fim de dar suporte à preparação e condução das práticas docentes. Não obstante a todos os desafios impostos pela inexperiência dos professores com essa nova realidade, há muito o que se comemorar no que diz respeito às conquistas alcançadas por essa parcela da população. A facilitação do acesso à educação, bem como o incentivo de sua permanência, têm o objetivo de promover a dignidade da pessoa, permitindo sua participação social como cidadã, detentora efetiva de direitos e não apenas alguém à margem da vida social. Como sugestões de estudos futuros podem ser apontados qual a idade escolar média da população portadora de NEE, bem como as taxas a respeito da evasão escolar e ainda, sob o seu ponto de vista, quais as principais barreiras vivenciadas na atualidade para o acesso e permanência na escola. 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Declaro ainda que as citações e referências foram elaboradas à luz das normas da ABNT. Estou ciente de que o plágio ou a adoção de qualquer outro meio ilícito para a elaboração de trabalhos acadêmicos configura fraude, possível de sanções, conforme as normas internas da Universidade Estácio de Sá, das quais também declaro ter plena ciência. Tenho conhecimento de que, eventualmente, o professor orientador poderá exigir-me uma verificação adicional de conhecimento sobre o tema do artigo científico como condição para a aprovação da disciplina. Declaro, por fim, que tenho conhecimento de que o plágio ou cópia da internet constitui crime previsto no art. 184 do Código Brasileiro e que arcarei com todas as implicações civis, criminais e administrativas caso incorra nesta prática ao realizar esse trabalho de TCC. Mariana, 03___ de _____10__de 2023. Nome: Fabiana Caroline Ramos Da Silva_______________________________________ Matrícula: _______201702245942____________ 1 EDUCAÇÃO I NCLUSIVA DE DEFICIENTES: DESAFIOS E OPORTUNIDADES Fabiana Caroline Cintia Ferrini RESUMO O desafio do sé culo XXI é const ruir uma sociedade m ais coe sa, na qual a cidad ania seja ex ercida por todos e o exercício dos direitos assegurad o a todas as cama das da po pulação . T oda mudança de consciência social inicia - se na escola, de forma que, democratizar o aces s o à educação , perm i tindo que quaisquer pesso as, com ou s em dificulda des inerentes à sua bio logia , sejam recepcionados e desenvolvido s de forma isenta, co m pleta e sat isfat ória, é um cenário in citante. A construção do tex to busca levar o leit or à re flexão so bre os desafi os e o portunidades , na busca p ela construção de u m todo menos segregaci onista . O artigo foi estruturado com base em publicações sobre o tema que guardassem pertinência estrita ao de bate, estud ando sobre as principa is deficiências , que compõem o cotidi ano da escola inc l usiv a, bem como os desafios i mpostos ao s principais atores do processo educacional. T amb ém é interesse desse trabalho demo nstrar, ainda que de forma bre ve, as legisla ções brasi leiras de proteção à pessoa com deficiência , a fim de lo calizar espacialmente a inclusão tal como se vê hoje, ou s eja, não é somente um a mudan ç a de postura espontânea das sociedades , mas so bretudo, faz parte de agendas governamentais e co mpromissos estabelec idos p ela Organiz aç ão das Nações Unidas . P al a vras - chave: escola inclusiva, neces sida des e d ucacionais especiais, deficiências , inc l usão social INTRODUÇÃO O t rat a mento concedi do durante muitos séculos aos portadores de deficiência s foi marcado pela exc lusão e preconceito, s endo regis trada de f orma recorrente, a dificuldade em l idar com as limitações impostas p elas deficiências , sejam f ísicas ou mentais . E sse cenário manteve mu itos indiví duos fora da sociedade, como se não existissem, incapazes civi l e socialmente , nunca detentores de direitos, mas relegados à piedade ou à indiferença al heia . F o ram necessários m uitos séculos para que esse ce n á ri o se alt erasse, a inda que o mundo est ives se sob a 1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE DEFICIENTES: DESAFIOS E OPORTUNIDADES Fabiana Caroline Cintia Ferrini RESUMO O desafio do século XXI é construir uma sociedade mais coesa, na qual a cidadania seja exercida por todos e o exercício dos direitos assegurado a todas as camadas da população. Toda mudança de consciência social inicia-se na escola, de forma que, democratizar o acesso à educação, permitindo que quaisquer pessoas, com ou sem dificuldades inerentes à sua biologia, sejam recepcionados e desenvolvidos de forma isenta, completa e satisfatória, é um cenário incitante. A construção do texto busca levar o leitor à reflexão sobre os desafios e oportunidades, na busca pela construção de um todo menos segregacionista. O artigo foi estruturado com base em publicações sobre o tema que guardassem pertinência estrita ao debate, estudando sobre as principais deficiências, que compõem o cotidiano da escola inclusiva, bem como os desafios impostos aos principais atores do processo educacional. Também é interesse desse trabalho demonstrar, ainda que de forma breve, as legislações brasileiras de proteção à pessoa com deficiência, a fim de localizar espacialmente a inclusão tal como se vê hoje, ou seja, não é somente uma mudança de postura espontânea das sociedades, mas sobretudo, faz parte de agendas governamentais e compromissos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas.Palavras-chave: escola inclusiva, necessidades educacionais especiais, deficiências, inclusão social INTRODUÇÃO O tratamento concedido durante muitos séculos aos portadores de deficiências foi marcado pela exclusão e preconceito, sendo registrada de forma recorrente, a dificuldade em lidar com as limitações impostas pelas deficiências, sejam físicas ou mentais. Esse cenário manteve muitos indivíduos fora da sociedade, como se não existissem, incapazes civil e socialmente, nunca detentores de direitos, mas relegados à piedade ou à indiferença alheia. Foram necessários muitos séculos para que esse cenário se alterasse, ainda que o mundo estivesse sob a