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EMPREGANDO ECONOMIA NA LOGÍSTICA REVERSA; CADEIAS ECONOMICAMENTE RENTÁVEIS Pablo Ranieri de Barros 1 Prof.ª: Andrea Sampaio Viana 2 RESUMO O objetivo do artigo é apresentar um quadro de referência de conceitos de logística reversa bem como sua importância no processo econômico de planejamento de custos, e a realização de descarte adequado do produto acabado, ciclo de vida e destinação dos rejeitos dos produtos, de modo a racionalizar o uso do insumo natural empregado no processo produtivo. A metodologia adotada foi de pesquisa exploratória qualitativa baseada em literatura científica que aborda o tema. Com a aplicação da logística reversa é possível melhorar o gerenciamento de devolução de alguns produtos acompanhando o retorno dos mesmos, ao ciclo produtivo e ao ciclo econômicos de negócios, através de canais de distribuição reverso, que iniciam no pós-venda e pós -consumo. O cumprimento do conteúdo proposto mostrou que as empresas terão retornos financeiro-econômicos através do aproveitamento de matérias-primas secundárias, da reciclagem, do reuso e da remanufatura; levando a valorização da imagem de responsabilidade socioambiental das empresas. Palavras-Chave: Logística Reversa. Ciclos Econômicos. Responsabilidades Socioambientais. 1 Pablo Ranieri de Barros, Bacharel em Ciências Econômicas. 2 Andrea Sampaio Viana 1 INTRODUÇÃO Considerando o aumento do consumo, a globalização das economias, a criação de padronização de produtos e a diminuição do ciclo de vida dos produtos, o fluxo de mercadorias tende a atingir um volume cada vez maior. Por isso deve-se levar em consideração a reciclagem ou descarte apropriado dos produtos consumidos. Portanto, a ideia de logística reversa será a ação de desenvolvimento econômico e social caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e meios, destinados a viabilizar a coleta e a reintegração dos materiais ao setor empresarial, para reaproveitamento. Assim como a logística tradicional, que percorre um caminho até chegar ao consumidor final, a logística reversa também tem um caminho, onde o ponto de partida são os bens finais retornando às empresas. Esses caminhos chamam-se fluxos reversos, que podem ser de dois tipos: a) Fluxo reverso de produtos de pós-venda. b) Fluxo reverso de produtos de pós-consumo. No caso dos produtos de pós-consumo, para que exista lucro, de forma econômica; é importante que sejam utilizados os produtos de melhor retorno financeiro, como os metais ferrosos, celulose (papéis) e sobras de gordura. Temos então a atuação de logística reversa em produtos de pós-venda; onde a mesma agi no retorno de produtos após sua aquisição que por alguma razão comercial ou descontentamento, são retornados antes de seu uso; neste caso abrangendo defeitos, arrependimento de compra e pedidos incorretos. Já nos casos dos canais reversos de reciclagem, o objetivo econômico é diferente; neste modelo a base é reintegração do produto na cadeia, independentemente da maneira que sejam reintroduzidos; seja através da transformação, seja na fabricação de outra matéria-prima ou na comutação de um produto similar. A execução deste trabalho, buscou atender a uma gama de objetivos, que estão embasados na avaliação dos dispêndios e benefícios econômicos ao implantar a logística reversa; bem como sua aplicação economicamente factível à realidade empresarial , sejam em macroeconomia ou em microeconomia, mediante as formas dispostas em regulamentos ou em acordos setoriais, sua viabilidade técnica e econômica junto às suas definições e sua participação dentro da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) e do setor empresarial. De acordo com Lacerda (2002), existem quatro principais causas que justificam o aumento da aplicabilidade da logística reversa nas empresas: questões ambientais, concorrência (diferenciação do produto), redução de custo e aplicação microeconômica de abrangência local. No que diz respeito às questões ambientais, o autor explica que existe uma grande tendência que a legislação ambiental venha tornar as empresas cada vez mais responsáveis pelo ciclo de vida de seus produtos, ou seja, serem responsáveis pelo descarte do produto depois de consumido, e como o impacto que seu descarte pode causar ao meio ambiente. Quanto à redução de custos (logo cria-se um aspecto econômico que lida com a escassez de nova matérias primas), se dá quando a empresa faz com a utilização de embalagens retornáveis, ou com o reaproveitamento de matéria prima para confecção de seus produtos. É importante ressaltar que como os ciclos reversos geralmente têm uma baixa rentabilidade, é necessário que toda a cadeia tenha ganhos. Se acontecer a perda em um ponto, esta poderá causar desequilíbrio em toda a cadeia, sendo ela reversa ou não. Esses desequilíbrios, segundo Leite (2003), podem ser de dois tipos: a) Estruturais – é quando a cadeia reversa não se completa, não chega ao final. b) Conjunturais – é quando o fluxo é interrompido temporariamente ou modificado no seu percurso por algum imprevisto, mas o fluxo se completa. A metodologia adotada foi de pesquisa exploratória qualitativa baseada em literatura científica que aborda o tema. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 LOGÍSTICA REVERSA E SUA RELAÇÃO COM A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei nº 12. 305, de 2 de agosto de 2010, e regulamentada pelo Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Entre os conceitos introduzidos em nossa legislação ambiental pela PNRS, está a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a logística reversa e o acordo setorial. A Lei nº 12.305/2010 dedicou especial atenção à logística reversa e definiu 3 diferentes instrumentos que poderão ser usados para a sua implantação: Regulamento Econômico, Acordo Setorial e Termo de Compromisso. O segundo se destaca como de grande valia, pois esse tipo de acordo é um ato de natureza contratual firmado entre o poder público e os fabricantes, importadores e distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, permitindo assim grande participação social; já no primeiro está referente a metodologias econômicas para alocação dos recurso novo ou reaproveitado buscando transforma custos em investimentos e despesas em melhorias. A Logística Reversa tem como base ações ecologicamente corretas, por isso inicia-se pela reciclagem. Com base nesse primeiro aspecto, criou uma maneira em que os produtos, antes de serem reciclados, passem por um processo de reaproveitamento na própria linha de produção. Essa ação faz com que haja ganhos dentro dos sistemas empresariais, pois o que seria um desperdício ou uma perda, volta à linha de produção para uma segunda maneira de manuseio, vemos então uma maneira econômica de lidar com a escassez de dados materiais. De acordo com Lambert et al. (1998, p. 102), “a logística reversa é importante não somente pela oportunidade de recuperar bens materiais, mas também, pela oportunidade de diferenciação de níveis de serviços oferecidos em mercados globalizado altamente competitivo”. Concordando com o autor, Leite (2000, p. 1) afirma que “a logística reversa é uma nova forma de logística econômica empresarial que procura fracionar e analisar todos os processos desse novo clico de vida, produtiva, que se passa a ter quando se reutiliza algum material que seria para descarte”. Por isso, ainda nesse mesmo contexto, fica claro que ação da logística reversa não é somente por motivos estratégicos ou econômicos, e sim como uma ferramenta que a empresa pode utilizar para minimizar as dificuldades em alguns processosprodutivos. Segundo Lacerda (2002), a utilização desse ato de reaproveitamento tem proporcionado para as empresas uma economia significativa, levando outros setores dentro do ramo empresarial a adotarem essa nova “moda”. Para um melhor entendimento, pode-se observar (Figura 1) o processo de logística reversa. Nota-se que esta ferramenta, baseia-se no pós-venda e no pós- consumo, partindo assim do consumidor até a empresa coletora. Fonte: Kotler 1998 Figura 1 - Produto Logístico Reverso 2.2 FATORES PARA APLICAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA As organizações, na luta por melhores posições no mercado globalizado buscam produzir mais com menos, além de reduzir os desperdícios. As demandas dos clientes obrigam as organizações a se adequarem e procurarem formas para aprimorar e incrementar sua competitividade por meio de inovações aplicadas a forma de produção. Essas inovações são baseadas no uso de conceitos que geralmente são implementados e mantidos de forma desarticulada, o que certamente gera resultados indesejáveis, como a perda de foco na produtividade. É mais forte e comum o estudo das oportunidades de melhoria nas atividades que geram valor para o cliente a eliminação, ou minimização, das atividades que não geram valor (lidar com o bem- estar de cada indivíduo) , e que muitas vezes são necessárias para a manutenção de produtos/serviços, tais atividades estão ligadas a: inspeção, transporte, armazenagem, custo econômico e alocação de material, correlacionados a fatores ligados diretamente à aplicação da logística reversa de maneira mais adequada, para os ambientes internos e externos, porém entrelaçados de maneira que respeitem a cadeia de importâncias dentro do âmbito empresarial. 3 DINAMISMO DA LOGÍSTICA REVERSA As empresas são entidades financeiras com fins lucrativos, os fluxos reversos visam agregar de alguma forma valores aos negócios, sejam esses valores de fins lucrativos ou não. Dentre esses valores estão a busca da fidelização do cliente através da diferenciação dos serviços prestados e o consequente ganho de competitividade, a revalorização econômica ou a reutilização dos bens. Considerando o custo total do ciclo de vida, identificando os custos diretos e indiretos, as empresas são capazes de projetar e tomar decisões que resultem em redução de custos de longo prazo. Minimizar custos pode reduzir o desperdício e maximizar a agregação de valor econômico, além de prevenir outros impactos no meio ambiente; fazendo isso, estimula-se a aparição de três fatores relevantes nesse processo (BALLOU, 2001): 1º: CONSCIÊNCIA AMBIENTAL: Consciência cada vez maior da população para a necessidade de reciclar e se preocupar com o meio ambiente; cria-se, assim, um sistema de responsabilidade compartilhada para o destino dos resíduos sólidos (por exemplo). Governos, empresas e consumidores passam a ser responsáveis pela coleta seletiva, separação, descarte e destino dos resíduos sólidos, considerando principalmente os recicláveis. 2º: INCENTIVO A RECICLAGEM: Melhores tecnologias capazes de reaproveitar componentes e aumentar o índice de reciclagem; as indústrias passarão a usar tecnologias mais limpas e, para facilitar a reutilização, criarão embalagens e produtos que sejam mais facilmente reciclados. A implantação do sistema de logística reversa é mais um elemento rumo ao desenvolvimento sustentável do planeta, pois possibilita a reutilização no consumo de matérias-primas. Exemplo: uma empresa fabricante de pneus deverá receber de volta seus produtos já usados; o consumidor, após usar os pneus, deverá encaminhá-los a postos de coleta especificas (que poderão estar instalados no estabelecimento comercial onde ele o adquiriu). O fabricante retira os pneus e os reutiliza, após passarem por determinados procedimentos, na linha de produção de pneus novos. 3º: LEGISLAÇÃO: Questões legais quanto à legislação obrigam que as empresas recolham e deem destino apropriado aos produtos após o uso, lembrando que em sua maioria as empresas pagam por esses serviços. Empresas menores se responsabilizam por essa logística, como é o caso de produtos químicos, e muitas empresas terceirizam esse processo reverso, deixando que as contratadas viabilizem a maneira correta da logística reversa de seu produto, possibilitando o retorno de resíduos sólidos para as empresas de origem e evitando que eles poluam ou contaminem o meio ambiente (solo, rios, mares, florestas, etc.). A ação desses fatores faz com que haja uma economia nos processos produtivos das empresas, uma vez que esses resíduos entram novamente na cadeia produtiva, diminuindo o consumo de matéria-prima, levando a uma busca contínua, agora com auxílio da logística reversa, da identificação e eliminação de desperdícios. Isso levará a um ganho de eficiência, melhorando a produtividade e aumentando a competitividade. O processo de logística reversa estabelece algumas medidas que diminuem a quantidade de produto descartável e, consequentemente, traz benefícios como a redução de resíduos e reutilização de materiais, tais benefícios compreendem: A) Menor estoque de matéria prima, associado à reutilização de alguns produtos que voltaram à linha produtiva; B) Custos econômicos reduzidos, pois a volta de produtos ao clico produtivo isso gera uma queda em custo. C) Aumento na flexibilidade de produtos, uma vez que o clico de um produto que volta ao início faz com que a sua flexibilidade seja maior, pois há um novo manuseio, considerando também que isso agregou qualidade ao produto, uma vez que ele foi reaproveitado. D) Menor custo de produção, aumentando a capacidade produtiva e gerando um envolvimento de ações sustentáveis. À vista disso, cabe a cada setor um processo de função específica, visando a um melhor desenvolvimento do projeto, tais setores compreendem: • CONSUMIDORES: Devolver os produtos que não são mais usados em postos específicos de reciclagem para dar início à Logística Reversa. • COMERCIANTES: Instalar locais específicos para coleta (devolução) desses produtos. • INDÚSTRIAS: Retirar esses produtos, através de um sistema de logística de distribuição (ou seja, capitalização e transporte), e reciclá-los ou reutilizá- los. • GOVERNO: Criar campanhas de educação e conscientização para os consumidores, além de fiscalizar a execução das etapas da logística reversa. Portanto, fica explícito que as empresas são responsáveis por esse projeto; todavia, é bom salientar que, do ponto de vista das empresas, alguns cuidados precisam ser tomados. Nos locais de armazenagem, faz-se necessário estruturar sistemas capazes de lidar com esses volumes crescentes (e dificilmente previsíveis). Além disso, assim como na logística tradicional, a logística reversa tem como um dos principais componentes os sistemas de transporte. É necessário que os sistemas de rateamento sejam capazes de solucionar os complexos problemas de entregas e coletas simultaneamente, levando em conta, dentre outras restrições, a capacidade dos caminhões e os intervalos de tempo de uma ação a outra. Logo, identificar as melhores estruturas de transporte capazes de recolher esses produtos, que normalmente estão muito dispersos dos centros de consumo, e levá-los de volta às fábricas ou aos centros de tratamento; é um grande desafio que precisa ser corretamente modelado. As práticas nesse recente segmento ainda não estão consolidadas, e há espaço para diversas inovações. Faz-se necessário planejar estrategicamente os sistemas internos (gerenciamento de estoques, sistemas de informações, espaço físico) e externos (transporte e relacionamento com clientes), a fim de aproveitar esse novo mercado, atraindo e fidelizando com mais uma opção de serviço pós-venda e pós-consumo (BALLOU, 2006). 4 FATORES ECONÔMICOS EM UMA PRODUÇÃO ENXUTA LIGADA ÀSFONTES DA LOGÍSTICA REVERSA Com base na ação da logística reversa, pode-se destacar o aparecimento de uma produção enxuta, com uma abordagem que vem sendo feita através de um desempenho de todo sistema de produção, como uma forma sincronizada de não pular etapas, acompanhando assim a desenvoltura de toda reabilitação da matéria que veio para o processo. Contudo, essa nova ideia de produção enxuta, aliada à logística reversa, tem como uma de suas premissas o forte controle de desperdícios no ato da produção, pois o desperdício que não é bem administrado gera outros fatores agravantes, tais como a má utilização de espaço físico e a geração de falhas na linha de produção. Mesmo não sendo uma tarefa fácil, a logística reversa tem meios para que alguns controles sejam mantidos, a começar com a estocagem onde o produto de reaproveitamento, ou até mesmo de descarte, tem que ser estocado em locais de fácil manuseio para serem reintegrados a produção ou mesmo para o descarte adequado, com isso os produtos que retornam a linha de produção não se misturam à matéria-prima “virgem”. Partindo deste ponto, temos algumas aplicações que, não só ajudam na criação de uma produção enxuta, como também agregam valores à logística reversa, de modo que há designação de alguns fatores primordiais para a sua efetuação: • Bons controles de matérias-primas (entrada): Aqui é onde tudo começa, afinal é aqui que vemos as condições em que os materiais a serem usados estão. Qualquer defeito que o inutilize já se parte logo para ação de logística reversa, que é mandar de volta ao seu fornecedor. • Processos de Padronização: Em alguns casos a logística reversa é vista como um processo esporádico de efeito rápido, mas na verdade isso é uma falha a ser corrigida. A padronização da logística reversa dentro do setor produtivo faz com que haja um mapeamento de tudo que seja feito para evitar desperdício, avaliando o trabalho e reaproveitamento. • Tempo Gasto: Nesse caso será medido o tempo gasto para reutilização do material dentro da linha de produção, quando e como ele será introduzido e qual o tempo necessário para sua absorção. Mesmo sendo um produto que volta à linha de produção, o mapeamento de tempo gasto fará com sejam analisados outros fatores, como se é ou não necessário naquele momento fazer esse reaproveitamento. • Sistemas de Informação: Criar linha de mapeamentos via informática para que haja um relatório especificando o ciclo de vida novo que esse material ganhou. Tudo nesse caso tem que ser analisado e registrado para se ter um controle até mesmo de produtos novos a serem introduzido na linha de produção. • Rede de Logística Planejada e Controlada: Assim como a logística de distribuição cria canais para todo seu processo, a logística reversa também criou, já que as etapas de recebimento do produto (partindo do cliente) até a reutilização devem ser mapeadas, levando em conta os fluxos realizados, tais como a estocagem, processamento, a embalagem e até mesmo sua expedição, tudo dentro do fluxo da logística reversa, de maneira coesa e específica para se trabalhar. Tendo em vista os fatores citados passa-se para uma maneira de reduzir custos e perdas (parte voltada a economia e a preocupação com escassez de matéria-prima), e se aproximando de um conjunto de valores trazidos pelo impacto desta nova vertente de produção; tais vertentes podem ser definidas como: 1. Identificação e nomeação dos processos do fluxo reverso. 2. Criação de parcerias, com a base da logística reversa (que seria desde o primeiro coletor; podendo ser o simples catador de papelão ou ainda o cliente que cria um espaço para a devolução de materiais). 3. Execução de todos os planos de distribuição da logística reversa. 4. Abertura de uma nova economia para mercados de reciclagem. 5. Certificação pela ISSO 14001, passo para a obtenção do Selo Verde. Identificar e remover o desperdiço deixará a produção com um grau de qualidade, eficiente e economicamente, tão bem quanto vir a ser altamente suscetível à demanda dos consumidores. Todavia, com a união desse meio de produção enxuta, ligada à logística reversa, notificaremos dois tipos de processos: os que agregam valor e os que não agregam valor. Uma vez que oferta de produtos está relacionada a demanda das necessidades dos clientes. GONÇALVES (2011) explorou a utilização da prática dos 5S (Ferramenta da Gestão pela Qualidade Total que cria um sistema de padronização e organização no ambiente de trabalho que visa a eliminação ou redução dos custos e desperdícios, além da limpeza e segurança dentro da organização) dentro de uma produção enxuta, por meios de técnicas básicas de limpeza de organização em indústrias. A dinâmica desse conceito está relacionada a atividades que agregam valores, tais como: reduzir estoques, minimizar defeitos e eliminar movimentos de espera dos processos produtivos (parte essencial de um sistema de reaproveitamento econômico) e adequação aos métodos da logística reversa ligada a uma produção enxuta. 4.1 INDICADORES ECONÔMICOS APLICADOS EM LOGÍSTICA REVERSA A logística reversa, se devidamente gerenciada, pode se constituir numa forma de criação de valor para a empresa (HERNÁNDEZ et al., 2007). No entanto, os mecanismos até o momento utilizados buscam essa agregação de valor de forma isolada e não integrada à estratégia global e econômica da empresa. No cenário atual, caracterizado por ambiente de alta competitividade, as empresas precisam satisfazer interesses de diferentes agentes, acionistas, funcionários, clientes, governo, comunidade local (os stakeholders); tais estratégias econômicas visão aderir um ponto ótimo (Ótimo de Pareto) o qual todos são beneficiados. Este valor agregado precisa ser definido por indicadores econômicos de desempenho, incluindo indicadores de custo-benefício. A etapa de definição dos indicadores de desempenho é a mais crítica do processo, pois define a eficiência da medição do processo; ao determinar quais as medidas que devem ser utilizadas dependendo da complexidade do processo que se deseja avaliar e da sua importância em relação às metas estipuladas pela empresa, assim como da expectativa de uso desses dados por parte da gerência. A operacionalização da medida de desempenho ocorre pelos indicadores que buscam quantificar a logística reversa através de suas práticas economicamente viáveis, avaliando assim, a validade da diligência da aplicação dos indicadores, logo o intuito é corrigir, e principalmente prevenir, qualquer ação que se demonstre fora do padrão dos indicadores, pré-estipulado. Logo, considerando o custo total do ciclo de vida do produto, identificando os custos diretos e indiretos, as despesas e os rendimentos; as empresas são capazes de projetar e tomar decisões, através da utilização dos indicadores de desemprenho, estes resultam em ações coordenadas de reduções de custos a curto, médio e longo prazo. O quadro abaixo (Quadro 1) traz alguns dos indicadores de desempenho que podem ser utilizados na aplicação e entendimento de rentabilidade econômica da logística reversa: Quadro 1: Indicadores Econômicos de Desempenho Fonte: https://www.scielo.br/j/gp/a/dZfPQYh85S9zYG9z4h37T6F/# No âmago destes indicadores podemos avaliar o desempenho de cada um atuando em áreas especificas, com destaque, para: gestão de ativos, serviço ao cliente e custos. Dentre os indicadores do gerenciamento de ativos, que devem ser monitorados, as atividades de logística reversa estão mais envolvidas com a porcentagem de produtos retornados ou trocados e entender o motivo pelo qual isto ocorreu e medir com que frequência isso ocorre. Já no serviço ao cliente, a logística reversa está mais envolvida com a ‘qualidadena entrega’ por meio dos indicadores relacionados com a integridade da mercadoria e da embalagem e como o mesmo chegou ao consumidor, sendo assim usando a aplicação de feedback com https://www.scielo.br/j/gp/a/dZfPQYh85S9zYG9z4h37T6F/ consumidor. Em custos, os indicadores apresentam como os custos das mercadorias devolvidas, trocadas e/ou estragados, são rateados pelo custeio do “Custo do Ciclo de Vida Total do Produto”, este custeio engloba os custos totais que a empresa tem do início ao fim de vida do produto (da chegada ao consumidor ao seu retorno por meio da logística reversa até a produção), lucubrando o custo total do ciclo de vida e identificando os custos diretos e indiretos que nele ocorreram; por conseguinte as empresas são capazes de projetar e tomar decisões respaldando-se dos indicadores que apontaram como criar métodos de redução de custos (direto ou indireto) de curto, médio e longo prazo. 5 LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE Considerando o contexto da logística reversa, não se pode deixar de citar a preocupação com o meio-ambiente, que é um dos principais fatores que a motivam. Segundo Lacerda (2002), a questão ambiental vem ganhando importância crescente desde a década de 70, quando os consumidores passaram a cobrar das indústrias de bens de consumo ou de serviços maior consciência ambiental e só a partir da década de 90 é que sua influência se mostrou mais intensa. Em decorrência das exigências das leis ambientais cada vez mais sobejas, as empresas notam a necessidade de utilizar a Logística Reversa. Lacerda (2002) destaca três principais razões para fazer o uso da logística reversa: 1. Questões ambientais: tornar-se responsável pelo descarte dos produtos após seu ciclo de vida ter sido alcançado, bem como ao impacto que ele possa produzir ao meio ambiente; 2. Redução de custo: economia de custos através da reutilização de embalagens retornáveis ou de materiais para descarte côngruo, estimulando a política de fluxo reverso; 3. Serviço diferenciado: valorização dos clientes por empresas que possuem políticas de devolução, englobando estrutura para recebimento, classificação e expedição dos produtos retornados. Guarnieri (2005) pontua que a aplicação de políticas de retorno de produtos (logística reversa) traz vantagens para empresas, visto que os clientes valorizam a destinação de seus produtos (após completar o ciclo de vida), além de apresentar total apoio e disponibilidade caso o produto reclame por uma demanda de descarte apropriado. Para o meio ambiente a logística reversa é uma ótima maneira de reduzir a poluição e seus respectivos impactos na saúde humana e no meio ambiente, representando um estímulo à reciclagem, redução na exploração da matéria-prima e diminuição na emissão de CO2. Os benefícios de um programa de logística reversa são: o aumento da conscientização, a redução dos impactos negativos ocasionados pelo descarte incorreto dos resíduos e o aumento dos lucros com a diminuição de aquisição de matéria prima. A logística reversa está associada ao desenvolvimento sustentável, quando se coloca como prerrogativa ao combater/evitar a poluição ou descarte de maneira incorreta, em locais inadequados, causando danos naturais irreparáveis. Na direção de minimizar essa problemática, a legislação ambiental tem como um dos principais objetivos responsabilizar as empresas por todo o ciclo de vida de seus produtos, incluindo desde a capitação de matéria-prima até o resgate para o descarte apropriado, ou a reintrodução à linha de produção; o que significa que o fabricante é ajuizado pelo destino de seus produtos. Atualmente, os consumidores não se preocupam apenas com qualidade ou marca do produto, mas também com a responsabilidade ambiental das organizações, e como as mesmas vem atuando para ajudar na inalterabilidade do meio ambiente. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo apresentado evidenciou a importância da logística reversa e suas atividades relacionadas a aspectos econômicos que envolvem preço, custo e implantação de produção, baseada na responsabilidade ambiental e seu impacto positivo para com o meio social. O processo de logística reversa revela-se como uma grande oportunidade de se desenvolver a sistematização dos fluxos de resíduos, bens e produtos descartados, seja pelo fim da vida útil, seja por insolência tecnológica e o seu reaproveitamento, dentro ou fora da cadeia produtiva de origem, contribuindo assim para fatores ligados as novas fontes econômicas-sustentáveis e para redução de recursos naturais, tendo como consequência a minimização dos impactos ambientais e a economia de matéria-prima (seja extrativista, agrícola ou de base). Na logística reversa, as empresas passam a ter responsabilidade pelo retorno do produto à empresa, quer para reciclagem, ou para descarte e ainda pra reintrodução do mesmo à linha de produção, agregando uma gama de valores e economias ao setor empresarial, que dela dispõe. Seu sistema de custeio deverá, portanto, ter uma abordagem bastante ampla, como é o caso do Custeio do Ciclo de Vida total. Esse sistema permite aos gerentes administrar os custos do início ao fim. O ciclo de vida do produto abrange o tempo desde o início do Planejamento e Desenvolvimento (P&D) até o término de suporte ao cliente, indo mais além ao aplicarmos a logística reversa e sua atuação em abranger a abranger do produto (pós ciclo de vida) para a empresa averiguar com descartar ou reaproveitar do mesmo. Essa vertente da logística encontra-se em franco desenvolvimento, e é um grande potencial de negócio emergente para as empresas e organizações, pois as políticas ambientais tendem a ser cada vez mais exigentes. O propósito deste trabalho foi apresentar a importância da logística reversa aplicada a conceitos econômicos relacionados a custos e benefícios de implantação; à vista disso buscou-se apresentar os desafios e a evolução da logística reversa como forma de viabilizar a inserção da mesma como ferramenta econômica (onde através de indicadores podem ser mensurados sua ação, analisando seu retorno positivo, bem como seu dispêndio/gasto) para a gestão integrada que contribui para a tomada de decisão dos gestores, quanto à existência do problema concatenados à matérias-primas, bem como a reintrodução de materiais de reuso na cadeia de produção; os quais causam impactos de seus efeitos na continuidade da empresa e ainda: a melhoria nos processos internos; a melhoria na qualidade dos produtos; a implantação de ações corretivas a partir das necessidades e expectativas dos clientes; a inovação dos processos internos; a avaliação do nível de satisfação dos clientes; a melhoria no gerenciamento do processo de estocagem e produção; a diminuição de erros; a maior agilidade na solução dos problemas defrontados; a vantagem competitiva em relação aos seus fornecedores; pois, a empresa atua diretamente sobre as necessidades e exigências de seus clientes, mobilizando assim os colaboradores a assumirem juntos a responsabilidade ambiental e social e reconhecendo que os ganhos ultrapassam barreiras econômico-financeiras. A conjectura feita pela logística reversa, alerta para os diferentes tipos de desperdícios, não só na relação homem/ambiente, mas na produção de bens e serviços onde estão sempre ligados ao efeito do dinheiro. Todos os tipos de desperdícios afetam ou são afetados pelos outros. Essas relações pré- estabelecidas não possuem pesos iguais, a atribuição de peso é justificada pela necessidade de saber que tipo de desperdício contribui de forma mais impactante nas atividades de uma organização. Contudo, é importante saber que em um processo produtivo sempredeve-se notificar e estabelecer metas para que não haja desperdícios ou perdas referentes à produção de bens, logo a ação da logística reversa deve ser pautada no reaproveitamento consciente de materiais de natureza recicláveis criando assim, uma cadeia rentável economicamente aplicável. REFERÊNCIAS: BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. São Paulo: Bookman, 2006. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, 2010. Brasil. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA Nº 01, de 08/03/1990. Dispõe sobre política nacional de resíduos sólidos. DETERMINAÇÃO DE EMPRESAS LÍDERES: Um modelo rumo à logística de classe mundial. Grupo de Estudos Logísticos, 2005. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/gp/a/dZfPQYh85S9zYG9z4h37T6F/#> Acesso em: julho 2023. GONÇALVES, Adriana Mara Paiva de Matos. Logística reversa redução de custos e estratégias competitivas. 2011. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/ informe-se/artigo/logistica-reversa-reducao-de- custos-e-estrategias-competitivas/51093/>. Acesso em: 19 jul. 2023. GUANIERI, Patricia et al. A logística reversa de pós-venda e pós-consumo agregando valor econômico, legal e ecológico às empresas. Congresso de Administração e Congresso Sul Brasileiro de Comércio Exterior, Paraná, 2005. HERNÁNDEZ, C. T. et al. A logística reversa e a responsabilidade social corporativa: um estudo de caso num consórcio de gestão de resíduos. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E KOTLER, P. Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e Controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. LACERDA, Leonardo. Logística reversa: Uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Centro de Estudos em Logística–COPPEAD, p. 3, 2002. LAMBERT, Douglas M.; STOCK, James R.; VANTINE, José Geraldo. Administração estratégica da logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998. LEITE, Paulo R. Canais de distribuição reversos. Revista Tecnologista, ano IV, n. 29, 2000. LEITE, Paulo. R. Logística Reversa: Meio Ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.