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LOGÍSTICA REVERSA
Prof. Me. PAULO PARDO
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Vice-reitora
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. José Roberto Marques de Castro
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva
Pró-reitor Administrativo
Marco Antonio Teixeira
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenadora Pedagógica do Curso
Ana Lívia Cazane
Designer Educacional
Juliana Spadoto
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
B42 Design
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A 
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Universidade de Marília 
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 
CEP 17.525–902- Marília-SP
Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia
G915b Sobrenome, Nome autor
Titulo Disciplina [livro eletrônico] / Nome completo autor. - 
Marília: Unimar, 2020.
PDF (XXX p.) : il. color.
ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X
1. palavra 2. palavra 3. palavra 4. palavra 5. palavra 6.
palavra 7. palavra 8. palavra I. Título.
CDD – 610.6952017
Introdução
O tema Sustentabilidade tem pautado a agenda da sociedade nas últimas décadas,
embora muitos não se deem conta de que estão pessoalmente envolvidos na questão.
As pessoas, de modo geral, ainda não têm plena consciência de qual papel podem
desempenhar no intrincado tecido ecológico que pertencemos e quanto mais distante
do mundo natural estivermos, maior a dificuldade para enxergar isso.
Muitos nasceram, cresceram e vivem em grandes metrópoles a vida toda, sem ter ideia
de como suas ações impactam o meio ambiente, comprometendo o abastecimento de
água, o saneamento, as encostas, o clima, pois a noção de que o homem é o centro do
universo – visão antropocentrista – domina a consciência de muitos.
Felizmente, setores organizados da sociedade têm se mobilizado para mudar essa
realidade. Até mesmo os empresários, quer para manter seus clientes – mais exigentes,
ambientalmente falando – quer para não serem autuados pelos governantes, têm
trabalhado para estabelecer e manter ações para mitigar os efeitos ambientais
danosos da atividade empresarial sobre a sociedade.
Esse movimento deu origem ao que conhecemos como Logística Reversa, tema da
nossa disciplina, para a qual te convido a mergulhar a partir de agora.
Bons estudos!
Prof. Me. Paulo Pardo
3
005 Aula 01:
017 Aula 02:
023 Aula 03:
033 Aula 04:
049 Aula 05:
059 Aula 06:
067 Aula 07:
073 Aula 08:
084 Aula 09:
096 Aula 10:
108 Aula 11:
116 Aula 12:
123 Aula 13:
136 Aula 14:
145 Aula 15:
179 Aula 16:
O Desafio da Sustentabilidade: O que Você tem a Ver 
com Isso?
As Questões Logísticas e a Competitividade 
Empresarial
Entendendo o Conceito de Logística Reversa 
Custos em Logística Reversa – O que Avaliar 
A Classificação dos Bens de Pós-Consumo e os Canais 
de Distribuição Reversos de Pós-Consumo – CDR PC
A Descartabilidade na Logística Reversa e a 
Disposição de Bens de Pós-Consumo
Objetivos Econômicos da Logística de Pós-Consumo 
Canais de Distribuição Reversos de Pós-Venda – 
CDR PV
Objetivos Estratégicos da Logística Reversa de 
Pós-venda
Seleção e Destinação dos Produtos em Devolução 
O Fator Legal como Motivador da Logística Reversa 
Tendências Regulatórias nas Questões Ambientais 
A Legislação Ambiental e o Impacto na Logística 
Reversa
As Bases para a Economia Circular - Uma Nova 
Fronteira para o Consumo
A Logística Reversa: da Construção Civil, dos Pneus 
e das Embalagens
Aspectos Sociais da Logística Reversa no Brasil
01
O Desafio da 
Sustentabilidade: O que 
Você tem a Ver com Isso?
Quando você ouve a palavra “sustentabilidade”, o que lhe vem à mente? Essa palavra,
originária do verbo “sustentar”, tem vários significados nos dicionários, e alguns que
nos interessam podem ser: "Manter; Alimentar.” Ademais, o próprio termo
“sustentável” pode significar “Que pode se sustentar; que se defende” (KLEIN, 2015, p.
515).
Perceba que, nos vários significados oferecidos, alguns relacionam sustentar com
manter a vida. É esse foco que vamos dar a partir de agora. Olhe à sua volta! Consegue
notar quantos seres, além dos humanos, habitam esta esfera azul chamada planeta
Terra? Insetos, cães, gatos, pássaros, uma variedade de outras criaturas e, se você
morar em uma pequena cidade ou tem facilidade de se deslocar até uma área aberta,
desabitada, perceberá que esse número só aumenta.
Quando os seres humanos abandonaram sua vocação extrativista e passaram a
cultivar o solo e a fabricar utensílios e, com o advento muito mais recente da revolução
industrial, passaram a produzir em massa produtos para consumo e a lógica da relação
homem-natureza foi totalmente alterada.
Ao utilizar aquilo que a natureza oferece – minerais, animais, vegetais – em uma
velocidade cada vez maior para atender a demanda por produtos, a capacidade de
regeneração do planeta foi vencida. É só você observar a quantidade de espécies
animais que conseguimos extinguir por caça predatória e as plantas que fizemos
desaparecer antes mesmo de ter a oportunidade de conhecê-las! Isso mostra que a
maneira como nos relacionamos com o ambiente hoje não é saudável.
6
Em um modelo econômico em que tudo se torna recurso – o que extraímos do planeta
torna-se recurso natural, as pessoas são recursos humanos, os equipamentos são
recursos tecnológicos, entre tantos outros exemplos  – nivelamos o nosso ambiente à
simples função de fornecer aquilo que precisamos, sem nos preocupar com a
velocidade de reposição natural. Assim, desrespeitamos os ciclos da vida.
Agora, vamos focar mais na nossa vida moderna.
Olhe à sua volta! O modo de viver das pessoas requer o constante suprimento de
itens de consumo dos mais variados, desde comida industrialmente processada,
transporte com veículos de propulsão à explosão (tecnologia que já tem mais de 100
anos), cuidado com saúde, lazer e hobbies, que muitas vezes envolvem produtos
químicos e outros. As empresas, exemplos de organizações com fins lucrativos, suprem
as necessidades – e desejos – das pessoas, e com tanta variedade, as pessoas não dão
conta de comprar tudo aquilo que consideram que merecem. Para as empresas, o
consumo é a forma de se manter economicamente. Para as pessoas, o consumo
atende necessidades legítimas e básicas, como se alimentar, mas também desejos
criados pelo seu próprio modo de vida, como o de status e reconhecimento social.
7
A população do planeta, por outro lado, cresceu vertiginosamente nos últimos séculos
e especialmente no século XX. Estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU)
dão conta de que a população mais que triplicou no último século: somos agora quase
8 bilhões de pessoas utilizando os “recursos” naturais. A produção de alimentos no
mundo seria suficiente para todas as pessoas se alimentarem com dignidade, porém,
devido à má distribuição de renda, um contingente importante da população – 1 em
cada 8 pessoas – passa fome.
Para acompanhar, acesse: Disponível aqui
O aumento populacional do planeta pode ser acompanhado em tempo real.
É impressionante como os números se movem, não é mesmo?
8
https://www.worldometers.info/br/
Figura 1 - O economista britânico Thomas Malthus (1766 - 1834), considerado o pai da
demografia, e uma das primeiras versões do seu ensaio sobre os princípios
populacionais (1798).
Fonte: Wikipédia
Você ainda pode estar se perguntando: e o que eu tenho a ver com isso? Aquilo que
vimos até agora tem outras implicações: se consumimos os recursos do planeta em
uma velocidade maior do que a de seus ciclos de recuperação, o que acontece com
nosso modo de vida e de consumo? Evidentemente, é uma conta que não fecha. Não
há como manter uma estrutura de exploração-consumocomo a que temos,
indefinidamente. E faz bastante tempo que isso é discutido. No século XVIII, o
reverendo britânico Thomas Malthus emitiu um prognóstico sombrio: segundo ele,
enquanto a produção de alimentos aumentasse de forma aritmética ou linear, a
população cresceria de forma geométrica ou exponencial. Em algum momento, a fome
se instauraria no mundo e, por via de consequência, o caos.
9
As teorias malthusianas não se confirmaram com o tempo, porém, há uma corrente de
pensamento que faz o alerta de que o consumo de recursos de fato aumentou de
forma acentuada – não só de alimentos, mas de tantos outros insumos naturais. O
responsável por isso seria o modo de consumo alimentado pelo sistema capitalista e
consumista pregado principalmente na sociedade ocidental.
No século XX, a preocupação com o aumento populacional e o consumo com os
consequentes impactos no meio ambiente ganhou força devido a vários
acontecimentos e eventos marcantes: chuvas ácidas na Europa, o mercúrio da baía de
Minamata no Japão, que originou até uma nova doença (doença de Chisso Minamata), o
lançamento em 1962 do livro Primavera Silenciosa de autoria de Rachel Carson, que é
considerado o marco do nascimento do movimento ambientalista, além de um estudo
que partiu de uma origem improvável: grandes capitalistas, aliados a cientistas e
políticos, compuseram o chamado Clube de Roma.
Esse grupo encomendou uma pesquisa ao renomado MIT (Massachusetts Institute of
Technology) sobre os possíveis impactos ambientais causados pelas atividades
econômicas.   O MIT produziu um documento que ficou conhecido como Relatório
Meadows ou Os Limites do Crescimento. Nesse relatório, é nítida a inspiração de Malthus
sobre o risco do aumento populacional. Por essa razão, os adeptos das conclusões
desse relatório ficaram conhecidos como neomalthusianos e passaram a pregar um
freio ao crescimento populacional na tese da chamada Teoria do Crescimento Zero. Na
visão desses estudiosos, a única saída seria uma paralisação do desenvolvimento
para que se preservassem os recursos naturais. Nas conclusões, constava o seguinte:
É preciso mudar essas tendências de crescimento e formar uma condição de
estabilidade ecológica e econômica que possa ser mantida até um futuro remoto.
O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de modo que as necessidades
materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, oferecendo-se
oportunidades iguais para que todos realizem seu potencial humano individual. O
resultado será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da
capacidade de produção industrial.
É preciso mudar essas tendências de crescimento e formar uma condição de
estabilidade ecológica e econômica que possa ser mantida até um futuro remoto.
O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de modo que as necessidades
materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, oferecendo-se
oportunidades iguais para que todos realizem seu potencial humano individual
(CURI, 2011, p. 24).
A discussão sobre a complexa relação entre economia e ecologia continuou ao longo
dos anos. Em 1972, realiza-se a Conferência de Estocolmo que discute novamente a
preservação ambiental e a industrialização. Essa discussão é considerada um marco,
10
Figura 1 - O Parlamento sueco, onde foram realizadas as reuniões da Conferência
Fonte: Wikipédia
pois o elemento político foi incluído, afinal, é a política que dirige o mundo. Diplomatas
de diversos países estiveram presentes e, junto com cientistas, aprovaram uma
Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, com 110 recomendações e 26 princípios
(CURI, 2011).
Começa em Estocolmo também um embate entre países desenvolvidos e os países em
desenvolvimento. Enquanto os primeiros defendem a preservação total do meio
ambiente, o bloco dos países em desenvolvimento se opõe, pois, segundo sua visão,
não é justo privá-los dos benefícios que o crescimento econômico poderia trazer às
suas populações.
Aliás, o crescimento econômico permeia as discussões ambientais até hoje. Afinal, é
possível ter crescimento econômico e ao mesmo tempo preservar a natureza? Essa
dicotomia alimenta outra discussão: uma corrente muito forte defende que os
maiores impactos sobre o meio ambiente advêm da pobreza das nações, enquanto
outra linha assevera que os impactos são provocados pelos países industrializados.
11
Dicotomia: termo que se refere a dois conceitos opostos
Mas é em 1987, sob a batuta da ONU, mais especificamente da Comissão Mundial para
o desenvolvimento e Meio Ambiente (CMDMA), após discussões iniciadas quando da
constituição desta Comissão em 1983, que se produziu um documento que se tornou
um divisor de águas quando se toca no tema sustentabilidade. Esse documento,
conhecido como relatório Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland (em razão
dessa comissão ter sido liderada por Gro Brundtland, então primeira-ministra da
Noruega), propôs uma conceituação para o que se convenciona chamar de
desenvolvimento sustentável: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de
atenderem as suas próprias necessidades” (BARBIERI, 2007, p. 93).
12
Seguindo tal raciocínio, seria perfeitamente possível atender às necessidades das
gerações atuais em termos de consumo e ao mesmo tempo preservar os recursos, de
modo que futuras gerações também possam ter o mesmo acesso a esses mesmos
recursos. Esse pensamento permeia a forma como políticos, ambientalistas de uma
linha mais positivista, empresários e uma corrente importante da academia enxergam
a realidade econômica e social atual.
Proposições vindas posteriormente de conferências internacionais, como as originadas
no Rio de Janeiro na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (Rio 92), de eventos posteriores, como o que originou o Protocolo de
13
Kyoto em 1997, o Pacto Global em 1999, a Declaração do Milênio, a Rio+20 e o Acordo
de Paris em 2015, entre outros encontros, têm em comum:
a preocupação mundial com a preservação ambiental;
o desenvolvimento dos países pobres, a distribuição de renda;
o combate às desigualdades sociais e
ações de responsabilidade social empresarial (RSE).
São propostas e metas louváveis em si, não acha?
Mas também é óbvio que se acredita que o desenvolvimento sustentável é realmente
uma realidade possível, assim como a união dos povos, a solidariedade e tantos outros
valores. Isso mesmo, o desenvolvimento sustentável já considerado quase como um
valor humano.
14
Conheça mais sobre esses objetivos no link: Disponível aqui
Você sabe o que são objetivos do milênio?
São esforços conjuntos de diversas nações com o objetivo de promover a
melhoria de condições de vida da população mundial, especialmente nas mais
vulneráveis.
No entanto, não devemos ter uma visão tão simplista do mundo. A grande verdade é
que o próprio conceito de sustentabilidade e sua definição sinônima de
desenvolvimento sustentável são controversos. Críticos afirmam que os termos
“desenvolvimento” e “sustentável” já são um paradoxo, ou seja, são mutuamente
15
https://nacoesunidas.org/pos2015/
excludentes. Como se desenvolver e crescer indefinidamente – já que não se
estabeleceu nenhum limite para isso – em um espaço limitado, que é o planeta? Faz
sentido essa crítica, não acha?
De fato, temos que aprofundar nossa visão e saber que o discurso preservacionista não
é tão inocente como se pensa. Muitas das propostas do desenvolvimento sustentável
parecem mais uma maquiagem para que a exploração dos recursos continue, mas com
a bênção de uma população alienada por uma propaganda consumista. Fique atento
a esses discursos! Gosto muito de uma frase citada por Barbieri (2007, p. 95), atribuída
ao príncipe de Salina na obra O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa: “é
preciso mudar se quisermos que tudo fique como está”.
Você está envolvido nisso, pois afeta sua vida, sua forma de fazer gestão, seu consumo,
seu futuro. Podemos nos fechar para adiscussão e continuar a fazer tudo como antes,
fazer mudanças cosméticas para preservar o modelo de exploração ou, ao invés disso,
pensar e agir de uma forma mais crítica em relação ao planeta.
16
02
As Questões Logísticas 
e a Competitividade 
Empresarial
Prezado aluno,
Depois de uma visita à discussão sobre sustentabilidade, é importante ter uma visão
das questões empresariais, que são a mola-mestre de grande parte do desafio da
preservação ambiental.
No tópico anterior, vimos que nossa vida é dependente de produtos originados das
atividades de organizações empresariais. Alimento, vestuário, moradia, saúde,
transporte, tudo é produzido por empresas para o consumo das pessoas, e são
muitas empresas, de todos os portes, de todos os segmentos econômicos, agindo em
busca de mais consumidores para seus produtos. O ambiente empresarial muitas
vezes é comparado a um campo de batalha, um espaço onde somente os mais
habilidosos e capazes conseguem sobreviver.
Essa competitividade empresarial é encarada com naturalidade pelos próprios
empreendedores. “Quem não tem competência não se estabelece”, diz o bordão.
Assim, buscam-se mecanismos que tornem a organização cada vez mais preparada,
mais competitiva, para enfrentar a concorrência.
Nesse cenário, as empresas investem intensamente em tecnologia da informação,
treinamento, sistemas de auditoria, enfim, várias ferramentas gerenciais que
possibilitem um acompanhamento efetivo dos custos e ganhos de eficiência. Porém,
mesmo com esse esforço, é possível que o ganho de competitividade não seja tão
expressivo quanto gostariam os gestores. Isso porque as ferramentas gerenciais são
utilizadas por praticamente todas as empresas cujos administradores tenham
competência para guiar os negócios.
No entanto, há uma variável que está, de fato, fazendo a diferença em relação à
concorrência: os processos logísticos.   Peter Drucker (1995 apud BATALHA, 2001, p.
163), um dos grandes gurus de administração, afirma que,
a logística é última fronteira gerencial que resta ser explorada para
reduzir tempos e custos, melhorar o nível e a qualidade de serviços,
agregar valores que diferenciem e fortaleçam a posição competitiva
da empresa..
18
Pode parecer uma expectativa exagerada, mas há fundamentos bem sólidos para
essa afirmação. Pense no seguinte: os produtos fornecidos e disponibilizados para
consumo ao redor do mundo são cada vez mais parecidos. Alguns pequenos atributos
não são suficientes para classificarmos uma quantidade muito grande de produtos
como “exclusivos” – pelo menos não no que se refere a produtos de massa. Assim, um
aparelho de TV é um aparelho de TV independente da marca, embora, como
afirmamos, possa ter um ou outro atributo diferente. Assim, os produtos tornam-se
verdadeiras commodities, ou seja, são praticamente idênticos. Os preços também são
muito alinhados, isso porque os componentes são disponibilizados a fábricas do
mundo todo e uma parte importante desses componentes é produzida em países
asiáticos.
Se não é possível competir em produtos (muito parecidos) e em preço (muito
alinhados), o que diferencia as empresas? A eficiência logística. Essa eficiência
logística é expressa na capacidade de prestar um nível de serviço considerado
superior com custos que sejam reconhecidos como justos pelos consumidores.
Além disso, tendo por base que a logística envolve fluxos de materiais, valores e
informações, o fluxo de informações logísticas é um item que pode diferenciar a
empresa, por ela agir proativamente às necessidades e expectativas de seus
stakeholders. Para obter esse desempenho superior, a logística evoluiu naturalmente
para um conceito de administração em rede ou cadeia, conceito esse amplamente
conhecido como Gestão da Cadeia de Suprimentos ou, na sigla em inglês, Supply
Chain Management (SCM).
Sobre SCM, interessa-nos a definição de Razzolini Filho e Berté (2013, p. 42), onde
afirmam que por SCM, entende-se a
Administração sinérgica dos canais de abastecimento de todos os
participantes da cadeia de valor, através da integração de seus
processos de negócios, visando sempre agregar valor ao produto
final, em cada elo da cadeia, gerando vantagens competitivas ao
longo do tempo. 
19
Essa moderna visão dos processos logísticos em redes ou cadeias vem ao encontro da
administração estratégica, em que os objetivos organizacionais são traçados levando
em conta o potencial de cada componente organizacional, todos convergindo para
que o resultado seja atingido. Ou seja, as funções logísticas não são “soltas”,
dispersas, e sim, fazem parte do planejamento estratégico empresarial.
Acesse o link: Disponível aqui
Grandes empresas por vezes têm dificuldade de alterar seus processos
consolidados e, por conta disso, podem, aos poucos, perder mercado pela
atuação mais ágil das startups. Veja um exemplo disso, na reportagem a
seguir.
20
https://www.uol.com.br/tilt/noticias/bloomberg/2019/09/09/startup-lanca-drone-para-competir-com-gigantes-em-entregas.htm
Essa é uma mudança de paradigma, pois até o momento, em grande parte das
organizações, o que se percebe é uma atitude reativa em relação às funções logísticas,
com planejamento no curto prazo. O que se pretende com a vinculação das funções
logísticas com o planejamento estratégico é ampliar a visão para o longo prazo.
Por meio do Quadro 1, é possível entender mais claramente essa mudança da visão
das estratégias logísticas (de curto prazo) para a logística estratégica (de longo prazo).
Quadro 1 – Enfoque da Logística Estratégica
Fonte: Razzolini Filho e Berté (2013, p. 45)
Enfoque Estratégia logística Logística Estratégica
Dominação
de custos
Redução dos custos
logísticos
Redução de todos os custos
através da logística
Diferenciação
Qualidade dos serviços
logísticos
A logística como fator de
diferenciação
Inovação
A logística é o suporte para
a inovação
A logística é a fonte/motor para
a inovação
Alianças
Logística como um meio
para alianças
A logística como a fonte/motor
para as alianças
Profissão
Logística como um suporte
para integração
Logística como um novo
produto
Missão
Logística como um suporte
para extensão
Logística ordenada para
conquistar novos clientes
Diversificação Uso das sinergias logísticas Diversificar por meio da logística
Para ilustrar essa evolução, Razzolini Filho e Berté (2013) descrevem a situação em
que uma empresa pretende terceirizar uma etapa do processo logístico. Na visão
tradicional da estratégia logística, de curto prazo, um PSL (Prestador de Serviço
21
Logístico) poderia ser contratado para realizar a atividade por meio de um contrato de
curto prazo para uma única ou poucas atividades. Na visão da Logística Estratégica de
longo prazo, a opção seria o Operador Logístico, com contratos de longo prazo e com
a prestação de múltiplas atividades, de forma integrada (RAZZOLINI FILHO; BERTÉ,
2013).
Sem dúvida, diante desse quadro, tanto na estratégia logística como na logística
estratégica, a empresa pode obter vantagem competitiva, porém, na opção pela
logística estratégica, essa vantagem seria sustentável em longo prazo.
22
03
Entendendo o Conceito de 
Logística Reversa
Olá, alunos!
Vimos que a preocupação com as questões ambientais toma um espaço cada vez
maior na pauta das discussões governamentais, empresariais e sociais, de forma
geral. Evidentemente que os reflexos dessas discussões acabariam por chegar ao
nível de ações, o que aconteceu de forma global. A legislação e normativas tornaram-
se abundantes tanto em países desenvolvidos quanto em países em
desenvolvimento, incluindo Brasil.
De qualquer modo, é bom que você tenha em mente que alguns fatores motivaram o
movimento dos empresários em direção ao tratamento de seus produtos após
cumprirem seu ciclo de vida.
Na década de 1970, precisamente em 1973, houve um evento catastrófico para a
economia que ficou conhecido como Crise do Petróleo, quando os países membros
da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), em um movimento de
sucessivas altas, reajustaramos preços do precioso óleo em 400%. Isso desencadeou
crises econômicas avassaladoras em países desenvolvidos, dependentes do petróleo
para suas atividades produtivas. O custo de transporte e produção foi seriamente
afetado. As matérias-primas tiveram aumentos de preço muito acentuados. Esse
fenômeno forçou a busca por alternativas para obtenção de matérias-primas para as
indústrias. De acordo com Razzolini Filho e Berté (2013), ao contrário do que afirmam
os ambientalistas, foi o fator econômico que fez com que os empresários voltassem
sua atenção para o reaproveitamento de matéria-prima.
Além desse fator econômico, a conscientização por parte dos consumidores – pelo
menos os de visão mais crítica – de que as empresas são responsáveis pelos produtos
que fabricam, em todo ciclo de vida desses produtos e, por conseguinte, passarem a
exigir que essas empresas cuidassem também da fase em que o produto estaria
inservível para consumo, foi também um fator determinante para o movimento de
tratamento desses produtos por parte dessas organizações.
O poder público entrou também em cena, após comprovado dano ao meio ambiente
por descartes inadequados e a necessidade de intervenção sobre os espaços
degradados – com o consequente dispêndio de recursos públicos –, o que fez com
que os países desenvolvessem leis que cobram ações e penalizam as empresas não
atendem os ditames legais.
O que as empresas deveriam fazer, considerando todas essas variáveis?
24
Figura 1 - Fluxos da Cadeia de Suprimentos
Fonte: adaptado de Ballou (2006)
A concepção do fornecimento de produtos teve que ser repensada. Até então, como
frisado, o consumidor se constituía como o elo final da cadeia de suprimentos. Uma
representação dessa ideia você pode perceber na Figura 1. 
Lembre-se que a representação usual de uma cadeia de abastecimento
tradicional sempre é no sentido da produção ao consumo, enquanto que a
representação de uma cadeia logística reversa é no sentido contrário,
mesmo que não estejam presentes todos os elementos da cadeia de
suprimentos original.
Razzolini Filho e Berté (2013, p. 68), confirmando esse entendimento, o ampliam por
afirmar que os produtos podem seguir três caminhos distintos dentro de um fluxo
logístico:
25
Figura 2 - Representação Esquemática dos Processos Logísticos Direto e Reverso
Fonte: Lacerda (2002, p. 3)
1. Da fábrica até o armazém ou centro de distribuição;
2. Do centro de distribuição até o autosserviço ou varejo e
3. Do autosserviço ou varejo até o consumidor.
Com as exigências e variáveis que vimos acima, em que a empresa precisa ter ações
consistentes para o tratamento dos produtos além de seu uso pelo consumidor, surge
um quarto fluxo: o fluxo inverso ou da logística reversa.
Para a nossa conceituação de Logística Reversa, precisamos visualizar um ciclo
contrário ao fluxo tradicional de fornecimento. Estamos considerando o retorno dos
produtos (ou partes dele) em direção à fonte de produção. No processo logístico
convencional – pelo menos na abordagem história –, não há uma indicação clara
sobre o fluxo cliente-empresa. Essa abordagem só ganha destaque com o
desenvolvimento do conceito de Logística Reversa.
Isso fica mais claro quando observamos a figura 2:
Considerando essa ideia, desde a concepção do conceito de Logística Reversa, faz-se
referência a este fluxo inverso.
O CLM (Council of Logistics Management, que mais tarde foi rebatizado de Council of
Supply Chain Management Professionals - CSCMP) definiu em 2001 o conceito de
Logística Reversa, ao afirmar que se trata da:
26
parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja,
implementa e controla de forma eficiente e eficaz o fluxo direto e
reverso e o estoque de bens, serviços e informação entre o ponto de
origem e o ponto de consumo com o propósito de atender os
requisitos dos clientes (CLM, 2001 apud SANTOS et al. 2013, p. 233).
Veja nessa definição que se introduz o conceito do retorno (fluxo reverso) até o ponto
de origem.
Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 2 apud LEITE, 2009, p. 16) reforçam esse conceito
do CLM ao definirem Logística Reversa como:
O processo de planejamento, implementação e controle da eficiência
e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo,
produtos acabados e informações correspondentes do ponto de
consumo ao ponto de origem com o propósito de recapturar o valor
ou destinar à apropriada disposição.
Nesse conceito, já se trata da valoração dos materiais retornados, importante
destaque no planejamento da Logística Reversa, que veremos oportunamente.
O mesmo CSCMP, em 2006, retomou o conceito da Logística, agora inserindo a
dinâmica da Logística Reversa, por afirmar que:
Supply Chain Management compreende o planejamento e
gerenciamento de todas as atividades envolvidas com a aquisição,
conversão e o gerenciamento logístico. Inclui principalmente a
coordenação e colaboração com os parceiros dos canais, que podem
ser fornecedores, intermediários, provedores de serviços terceirizados
e clientes. Em essência, o Supply Chain Management integra o
gerenciamento do suprimento e da demanda, internamente e ao
longo da cadeia de suprimentos. Logística empresarial é a parte do
Supply Chain Management que planeja, implementa e controla o
eficiente e efetivo fluxo direto e reverso, a estocagem de bens,
serviços e as informações relacionadas entre o ponto de origem e o
ponto de consumo, no sentido de satisfazer as necessidades do
cliente (CSCMP, 2006 apud LEITE, 2009, p. 17).
27
Figura 3 - Atividades Relacionadas ao Processo de Logística Reversa
Fonte: Chaves et al. (2008, p. 4)
Observe que nesse conceito, coloca-se claramente no fluxo reverso (assim como já
consolidado no fluxo direto) a questão da informação relacionada com o processo,
como insumo para a gestão da logística reversa.
Em 2005, o REVLOG (Grupo de Trabalho Europeu de Logística Reversa) expressou que:
logística reversa é uma área/função bastante ampla que envolve
todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e
materiais como as atividades logísticas de coletar, desmonte e
processo de produtos e/ou materiais e peças usadas a fim de
assegurar uma recuperação sustentável dos mesmos e que não
prejudiquem o meio ambiente (REVLOG, 2005 apud CHAVES et al.
2008, p. 4).
O conceito do REVLOG (2005) é interessante, pois pressupõe atividades específicas da
Logística Reversa, como coleta, desmonte e a recuperação de materiais e peças
usadas.  Essas atividades que buscam recuperar valor são visualizadas na Figura 3:
A própria legislação ambiental brasileira também define Logística Reversa, como
destacado por Robles e La Fuente (2019), ao destacar o trecho da Lei 12305/2010, art.
3º, inciso XII, que explana que a logística reversa é
28
Um instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada (ROBLES; LA FUENTE, 2019, p, 42).
Assim, a própria legislação, conforme veremos em outro momento da nossa
disciplina, já estabelece que a Logística Reversa precisa ser um instrumento adequado
do ponto de vista social, econômico e ambiental.
Rogers e Tibben-Lembke (1998 apud CHAVES et al., 2008, p. 5) elencam atividades
consideradas o núcleo do processo logístico reverso, conforme demonstrado no
Quadro 2:
Quadro 2 - Atividades Comuns na Logística Reversa
Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (1998 apud CHAVES et al. 2008, p. 5)
Material Atividades da Logística Reversa
Produtos
Retornados ao fornecedor 
Revendidos 
Vendidos via Outlet 
Salvados 
Recondicionados 
Renovados 
Remanufaturados 
Recuperação de materiais 
Reciclados 
Aterro sanitário
Embalagem
Reutilização 
Renovação 
Recuperação de materiais 
Reciclagem
29
Sem detalhar, neste momento, as atividades listadas no Quadro acima, é importante
pontuar que, assim como os processos logísticostradicionais que formam canal de
distribuição, no caso da Logística Reversa, há também a constituição de um canal de
distribuição reverso.
Para resgatar a ideia de canal de distribuição, esses
são constituídos pelas diversas etapas pelas quais os bens
produzidos são comercializados até chegar ao consumidor final, seja
uma empresa, seja uma pessoa física. A distribuição física dos bens é
a atividade que realiza a movimentação e disponibiliza esses
produtos ao consumidor final (KOTLER, 1996 apud LEITE, 2009, p. 6).
Pois bem, considerando o sentido contrário, Leite (2009, p. 6) salienta que os canais
de distribuição reversos consideram:  
as formas e os meios em que uma parcela dos produtos com pouco
uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após a extinção
de sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de negócios,
readquirindo valor de diversas naturezas, no mesmo mercado
original, em mercados secundários, por meio de seu
reaproveitamento, de seus componentes ou de seus materiais
constituintes.
Esses Canais de Distribuição Reversos (CDRs) são geralmente classificados
considerando certos aspectos característicos dos bens comercializados.   Na
classificação clássica dos bens em função de sua durabilidade, Razzolini Filho e Berté
(2013) listam dois tipos de produtos, conforme Quadro 3:
30
Quadro 3 - Classificação de Produtos em Função de sua Durabilidade
Fonte: Razzolini Filho e Berté (2013, p. 93)
Classificação Características
Produtos
duráveis
Aqueles que têm sua duração avaliada pela sua vida útil, como
automóveis, fogões, refrigeradores, entre outros, geralmente
medida em anos.
Produtos não
duráveis
Aqueles que são consumidos imediatamente ou em prazos
muito curtos, tais como alimentos.
Após diversos estudos e o desenvolvimento do conceito de logística reversa,
classificaram-se os canais de distribuição reversos em dois tipos:
canais de distribuição reversos de pós-venda e
canais de distribuição reversos de pós-consumo.
Esses diferentes tipos de canais serão tratados posteriormente em nossa disciplina.
31
Você talvez tenha se perguntado: por que não se dá o destaque merecido aos canais
de distribuição reverso da mesma forma como os canais de distribuição tradicionais?
A resposta não poderia ser mais simples: por razões econômicas, ou seja, a
representação monetária dos dois processos. Os canais de distribuição reversos
movimentam valores muito inferiores aos movimentados em canais tradicionais.
Acesse o link: Disponível aqui
Artigos científicos nos ajudam a entender com mais profundidade a
aplicação de conceitos teóricos, como aqueles que estamos considerando
nessa disciplina. Veja no link a seguir um interessante artigo contendo um
estudo de caso sobre redução de custos com aplicação da logística reversa.
32
https://revistas.unicentro.br/index.php/capitalcientifico/article/view/5213/html
04
Custos em Logística 
Reversa – O que Avaliar
Prezado aluno,
Ao considerar os processos logísticos de forma geral, é evidente que custos estão
envolvidos. Um dos temas logísticos mais difíceis de tratar é justamente o de custos
logísticos.
Para lembrá-los da importância da gestão dos custos logísticos, há uma estimativa de
que o custo total da logística nos EUA chegue a impressionantes 10% do PIB
americano (CHRISTOPHER, 2007). Um estudo desenvolvido pelo CEL-COPPEAD apurou
que, em 2004, o custo logístico total no Brasil era da ordem de 12,6% do PIB (LIMA,
2006).
É muito complexo ter esse custo atualizado, uma vez que os processos logísticos
podem ser mais ou menos custosos dependendo da própria demanda por produtos,
condições de infraestrutura, aumento ou redução de importação e exportação, entre
outros motivos. O fato é que, sim, são custos significativos nos processos
organizacionais.
Devido à sua importância, várias fórmulas têm sido oferecidas, buscando
proporcionar métricas para apuração desses custos. Uma das fórmulas é a oferecida
por Faria e Costa (2007), que considera o Custo Logístico total o resultado da seguinte
expressão:
CLT = CAM + CTRA + CE + CMI + CTI + CTRI + CDL + CDNS + CAD
Nesta fórmula,
CAM = Custos de Armazenagem e Movimentação de Materiais
CTRA = Custos de Transporte (incluindo todos os modais ou operações intermodais)
CE = Custos de Embalagens (utilizadas no sistema logístico)
CMI = Custos de Manutenção de Inventários (MO, PP e PA)
CTI = Custos de Tecnologia de Informação
CDL = Custos Decorrentes de Lotes
34
CTRI = Custos Tributários (tributos não recuperáveis)
CDNS = Custos Decorrentes do Nível de Serviço
CAD = Custos da Administração Logística
Pode-se ainda buscar apurar o Custo logístico Total por meio de seus processos, cuja
fórmula de cálculo é:
CLT = CLOGAba + CLOGPla + CLOGDis
Na qual:
CLOGAba = Custos Logísticos do Abastecimento
CLOGPla = Custos Logísticos da Planta
 CLOGDis = Custos Logísticos de Distribuição
Ainda há um modelo mais simplificado adotado por muitos autores:
CLT = CA + CPP + CE + CT
Em que:
CA = Custos de Armazenagem
CPP = Custos de Processamento de Pedidos
CE = Custos de Estocagem
CT = Custos de Transporte
Os estudos que contemplam os custos da logística reversa no Custo Logístico Total
ainda são incipientes. Paulo Roberto Leite, um dos pioneiros na pesquisa da Logística
Reversa no Brasil, oferece a possibilidade de se associar três tipos de custos às
atividades de Logística Reversa:
1. Custos apropriados pela contabilidade: custos diretos, indiretos, fixos e variáveis.
2. Custos relacionados à gestão de operações de diversas naturezas: normalmente
apropriados pelos administradores ou pela controladoria das empresas, tais
como “custos de oportunidade”, custos “ocultos”, entre outros.
3. Custos de imagem corporativa ou de marca (LEITE, 2009, p. 27).
35
Vamos detalhar um pouco mais cada um desses custos.
No caso dos custos apropriados pela contabilidade, somaríamos custos de
transporte, armazenagem, consolidações e de sistemas de informação dos canais
reversos, da mesma forma que fazemos para os canais tradicionais.
Leite (2009) traz a atenção que, devido às operações adicionais que os canais de
distribuição reversos agregam, os custos relacionados tendem a ser maiores. Essas
atividades incluem seleção, separação e redistribuição dos produtos da logística
reversa. O autor destaca que o número de transações logísticas no retorno dos
produtos é de 5 a 10 vezes maior, o que resulta em custos de 3 a 5 vezes mais em
relação ao de envio dos produtos originais ao mercado.
Os custos relacionados à gestão, de forma semelhante aos custos de gestão
logística tradicional, são relacionados aos custos de oportunidade, custos
irrecuperáveis, programas de melhoria, entre outros.
Finalmente, os custos de imagem corporativa ou de marca relacionam-se à
preocupação das empresas em se manterem com sua imagem intocável perante a
comunidade e aos seus consumidores. Especialmente no caso da Logística Reversa a
imagem está relacionada a boas práticas de sustentabilidade empresarial.
36
Figura 1 - Pontos de Recuperação de Valor na Logística Reversa
Fonte: Garcia (2006)
A questão dos custos na Logística Reversa precisa ser avaliada também em outra
perspectiva: a da recuperação de valor, ou seja, o quanto a empresa pode ganhar
com os materiais retornados. A lógica é razoavelmente simples: dependendo do
ponto em que o produto for recapturado, é possível obter maior ganho – ou
recuperação de perdas no caso de garantia – com o item.
Na figura 1, você poderá visualizar como isso ocorre.
Fica bastante claro, na figura 4, como ocorre o ciclo de vida de um produto, desde a
aquisição de matérias-primas, a fase de manufatura, a distribuição, a comercialização
e o retorno (originário do pós-venda ou pós-consumo). Assim, pode-se dizer que o
ciclo de vida do produto tem fim apenas quando do seu descarte final de forma
segura, podendo dentro do ciclo de vida ter sido recuperado, remanufaturado e ter
retornado ao mercado, inteiro ou em partes, ou ainda ter tido suas partes
reaproveitadas ou recicladas (GARCIA,2006).
Considerado dessa forma, uma conclusão lógica que podemos chegar é a de que,
quanto maior for o percentual de retorno e o valor envolvidos do produto, mais
importante será a gestão do ciclo de retorno do produto de modo a capturar o valor
(GARCIA, 2006).
No Quadro 1, temos uma comprovação numérica dos impactos do retorno de
materiais para a indústria.
37
Quadro 1 - Impacto Econômico do Retorno dos Materiais para Indústria
Fonte: Roger e Tibben (1999 apud GARCIA, 2006)
Indústria Percentagem
Revistas 50%
Editoras de livros 20-30%
Distribuidores de livros 10-12%
Catálogos 18-36%
CD-ROMs 18-25%
Impressoras 4-8%
Eletrônicos de consumo 4-5%
Indústrias de revistas e jornais têm um retorno muito grande de produtos, devido à
sua elevada obsolescência e, por conta disso, essas indústrias precisam ter um
processo de Logística Reversa muito bem estruturado. Atualmente há uma tendência
ao desaparecimento de periódicos (revistas e jornais) em papel. Títulos importantes
do mundo editorial agora só existem de forma digital. Até onde essa tendência irá
levar, o tempo dirá.
Para atribuirmos o valor de um produto retornado, precisamos analisar seu processo
de retorno do ponto de vista do tempo e do próprio processo de remanufatura (caso
este produto seja destinado a voltar ao mercado). No esquema do Gráfico 1, mais
adiante, temos uma representação gráfica sobre o impacto no valor do produto das
fases de remanufatura e da variável tempo.
Podemos observar que o valor se deprecia com o tempo. Você deve ter uma noção
clara disso, principalmente se considerarmos produtos de tecnologia, como
computadores, tablets, celulares, entre outros. Se existir uma demora no
reprocessamento desses produtos, quando eles retornarem ao mercado, já não terão
o apelo de produtos de ponta, que é um fator importante de atração de compradores.
38
A cultura do descarte está cada vez mais internalizada na sociedade,
enquanto a cultura de consertar um aparelho quebrado se perdeu muito
com o passar do tempo. Como você se comporta em relação a isso?
Dessa forma, para produtos com essas características (alto valor e rápida
depreciação), o tempo de retorno é fundamental para a recuperação de valor. Dessa
forma, os custos de retorno envolvem os custos de processo da Logística Reversa e a
perda de valor devido ao tempo entre a sua introdução na cadeia reversa e o seu
retorno ao mercado (GARCIA, 2006).
Matematicamente, ficaria assim representado:
Custo de Retorno para produtos pós-venda = Valor de Retorno + Custo LR
– Valor Recuperado
Em que:
Valor de retorno: valor do produto no mercado considerando o efeito de
depreciação no tempo.
Custo LR: custo da Logística Reversa. Envolve todo o processo para torná-lo
disponível ao mercado novamente.
Valor Recuperado: valor que o mercado aceita pagar pelo produto retornado
considerando a depreciação no momento de seu retorno.
Num estudo do Reverse Logistics Executive Concil, foi constatado que o custo de um
OEM (Original Equipment Manufacturer) pode ser reduzido em 35%, considerando que
de 10% a 20% dos computadores ou produtos eletrônicos retornam, e que esses
produtos se depreciam a uma taxa de 3% por semana.
39
Gráfico 1 - Valor de Retorno em Função do Tempo
Fonte: Blackburn et al. (2004)
Outro ponto a considerar é que os atrasos no retorno dos produtos deixam os
clientes insatisfeitos e podem resultar em impactos na participação de mercado das
empresas (GARCIA, 2006).
O gráfico 1 demonstra a questão do impacto do fator tempo na possibilidade de
retorno de valor no processo de Logística Reversa.
Perceba no gráfico 1 que há uma relação direta entre a variável tempo e o valor do
produto retornado para o mercado. Evidentemente, este valor fica muito menor
quanto maior o tempo decorrido da entrada do material no processo logístico, sua
adequação e disponibilização novamente ao mercado.
40
Outro fator importante a ser considerado na composição dos custos da Logística
Reversa é o reaproveitamento do material, ou de parte dele, na forma de
reciclagem. A reciclagem possibilita o ingresso de numerário para as empresas e pode
ser contabilizado como Receita Ambiental, nas Contas de Resultados, Receitas
(Vendas de Resíduos) e na Redução de Custos e Despesas Ambientais (Recuperação
de Resíduos).
Na atuação da Logística Reversa, desde o início do processo de fabricação, já se
estabelecem algumas medidas que visam evitar ou diminuir a quantidade de material
descartável, com ações como: reduzir os resíduos na origem; reutilizar os materiais,
maximizando o nível de rotação e implementar sistemas de recuperação. Os números
podem ser impactantes:
Reciclar uma tonelada de plástico economiza 130 quilos de petróleo;
para uma tonelada de vidro, se gasta 70% menos energia do que
fabricar, e para cada tonelada de papel reciclado, poupa-se 22
árvores, e consome-se 71% menos energia, além de poluir 74%
menos que fabricar o produto (IARIA, 2002 apud GARCIA, 2006, p. 5).
Impressionante, não é?
Há ainda outros fatores a serem considerados. Na questão de custos, o gestor deve
decidir entre a modelagem de logística mais adequada para lidar com diferentes tipos
de material.
Isso mesmo! Dependendo do tipo de material, conforme já vimos, o tempo é um fator
mais importante que outros fatores. Para produtos de menor valor, o custo do
retorno deve ser considerado.
Nesse ponto, podemos citar um trecho do trabalho de Leite 1999 e Felizardo et al.
(1999 apud GARCIA, 2006). Esses autores citam os principais fatores para a realização
de projetos de Cadeia de Distribuição Reversa (Reverse Supply Chain), bem como
fatores que podem modificar a estrutura e organização desses Canais Reversos:
Custos: ainda não bem definidos e de difícil avaliação.
Oferta: de materiais reciclados, permitindo a continuidade industrial necessária.
Qualidade: adequada ao processo industrial e constante para garantir
rendimentos operacionais economicamente competitivos.
Tecnologia: a tecnologia e o teor de determinada matéria-prima podem variar
em função do produto de pós-consumo utilizado, redundando em custos
41
diferentes e orientando o mercado de pós-consumo para aquele que se
apresente mais conveniente.
Logística: a característica logística das matérias de pós-consumo, em particular
a transportabilidade, revela-se de enorme importância na estruturação e
eficiência dos canais reversos.
Mercado: é necessário que haja quantitativa e qualitativamente mercado para
os produtos fabricados com materiais reciclados.
Ecologia: novos comportamentos passam a exigir novas posições estratégicas
das empresas sobre o impacto de seus produtos e processos industriais.
Governo: legislação, subsídios que afetam o interesse da área dos materiais
reciclados.
Responsabilidade Social: valorização social e possibilidade de produção e
consumo de produtos ecologicamente corretos.
Na questão do valor dos produtos que têm origem na Logística Reversa, um conceito
com o qual você vai se deparar é o de – MVT (Marginal Value of Time for Returns, ou,
traduzido em português: Valor Marginal do Tempo de Retorno). Esse conceito é
trazido por Blackburn (2004), que destaca que, como grande parte da perda
recuperável de ativos no fluxo de retorno é devido a atrasos no processamento, os
administradores devem ser sensíveis ao valor do tempo de retorno de produtos e
usá-lo como uma ferramenta para (re)desenho da cadeia de suprimentos reversa
para recuperação de ativos.
Então, uma simples, mas eficaz métrica para medir o custo da demora é o valor
marginal do produto no tempo, ou seja, a perda de valor por unidade de tempo de
espera para a conclusão do processo de recuperação.
Voltando à questão da modelagem logística, basicamente há duas alternativas
apresentadas, conforme Garcia (2005):
1. Cadeia Eficiente – cadeia desenhada para entregar o produto a baixo custo.
2. Cadeia responsiva (Ágil) – cadeia desenhada para dar velocidade de resposta.
Blackburn (2004) sugere a seguinte matriz de decisão para a modelagem logística:
42
Figura 2 - Matriz de DecisãoFonte: Blackburn et al. (2004)
Também devemos considerar que um produto não pode entrar no processo de
logística reversa sem uma prévia inspeção. Agora, imagine que existem muitos
produtos a serem inspecionados. Forma-se, naturalmente, uma fila para inspeção,
para teste até a destinação final que se dará ao material, conforme a figura 3
demonstra:
43
Figura 3 - Destinação Final aos Materiais da Logística Reversa
Fonte: Blackburn (2004)
Percebeu, na figura, o tempo decorrido da chegada do material até a entrada na
inspeção? Inacreditáveis 100 dias. Dependendo do tipo de material, esse tempo pode
determinar o grau de retorno que a empresa terá na volta do material ao mercado ou
partes dele ao processo produtivo.
Podemos colocar o que aconteceu na figura em forma de equação matemática:
TDD = (TPL + TINSP)
Em que:
TDD: Tempo de tomada decisão da destinação.
TPL: Tempo dos produtos no funil de retorno (pipeline) até a chegada da inspeção.
TINSP: Tempo na fila de inspeção + Tempo dos testes.
44
Assim, no exemplo, temos:
TPL = 2 meses (ou 60 dias).
TINSP = 40 dias.
Então, pela fórmula: TDD = (60 + 40).
TDD = 100 dias.
Não é tão complicado, não é mesmo?
Na figura 4, em um exemplo hipotético proposto por Blackburn (2004), podemos
perceber as perdas no processo de logística reversa, considerando um fluxo de 1000
unidades monetárias. Você pode notar que alguns materiais e produtos podem voltar
como novos ao mercado (algo em torno de 20%). Existe uma perda aceita de
aproximadamente 45%.
Note também que sempre há alguma forma de retorno, seja qual destino for dado ao
produto/material retornado. O funil serve para representar o fator tempo, que é
muito importante no processo, como você já viu. Quanto maior o tempo (ou seja,
mais próximo do final do funil), o valor é menor, podendo ser igual a zero, quando o
produto/material for transformado em sucata sem destinação determinada.
O impacto disso no canal reverso pode ser visualizado na figura 4, que demonstra o
fluxo reverso com as possíveis recuperações de valor. Veja um detalhe interessante
na figura, que está em seu formato, dando a noção clara de afunilamento, ou seja,
quando mais próximo do final do fluxo, menos é possível recuperar.
45
Figura 4 - Funil de Retorno dos Materiais no Fluxo Reverso
Fonte: Blackburn (2004)
Essa figura ilustra bem que, se compararmos um produto retornado em relação ao
valor produto novo, há uma perda no valor do ativo de mais de 45% e somente 20%
pode retornar como produtos novos. Porém, considerando que se não houver
nenhuma ação gerencial sobre o retorno dos itens na cadeia reversa o prejuízo é
total, há que se considerar que a empresa recupera valor, ou seja, tem entrada de
recursos em seu caixa pelo tratamento correto de produtos retornados.
Acesse o link: Disponível aqui
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o principal responsável
pelas políticas ambientais no país. No portal do MMA encontramos algumas
informações muito úteis sobre Logística Reversa.
Por fim, é interessante observar alguns apontamentos quanto aos custos da Logística
Reversa que são destacados por Leite (2014, p.66) quando afirma que:
46
https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/logistica-reversa
Embora os custos de reaproveitamento, realizados com escala,
qualidade e com processos adequados sejam compensadores de
uma forma geral, os custos de Logística Reversa propriamente dita,
ou seja, os custos operacionais de coleta, transporte, manuseio etc.
são por natureza altos, quando comparados com a logística direta.
Neste sentido, embora se saiba que alguns dos desafios acima
mencionados sejam de longo prazo, algumas oportunidades existem,
como por exemplo:
• Adequação dos projetos dos produtos às necessidades de
reaproveitamento reduzindo os custos envolvidos. Isto envolve
uniformização de materiais, redução de soldas e ligações
permanentes, identificação das partes, uso dos conceitos de
rastreabilidade etc.
• Organização eficiente da rede de atividades da Logística Reversa:
formas de coleta, transportes, localização destas atividades,
processamentos intermediários etc.
• Aumento das escalas de atividades em todas as áreas das cadeias
reversas de pós-consumo propiciando melhores tecnologias,
consistência e qualidade nas atividades.
• Implantação tecnologias de tratamento de resíduos sólidos com
alto desempenho para escalas maiores.
• Destinação de recursos adequados para capacitação de mão de
obra qualificada e recursos em equipamentos.  
• Adequação de soluções e incentivos governamentais para áreas
industriais e comerciais que estejam envolvidas com a execução de
programas de Logística Reversa. Este aspecto é de vital importância
na medida em que, além das conhecidas tributações redundantes
que oneram muito os produtos reaproveitados e o seu uso posterior,
seriam necessários incentivos em forma de financiamentos para
melhorias tecnológicas, condições especiais de transporte, entre
outras providencias e inovações necessárias a esta área, que poderá
gerar um PIB de economia reversa considerável, além de apreciável
quantidade de empregos.
Então, prezado aluno, fica muito claro, dessa forma, que o gerenciamento dos custos
da logística reversa está implícito no planejamento das ações dos gestores
organizacionais.
47
48
05
A Classificação dos Bens de 
Pós-Consumo e os Canais de 
Distribuição Reversos de Pós-
Consumo – CDR PC
Olá a todos!
Ao iniciar a consideração dos CDR PC (Canais de Distribuição Reverso de Pós-
Consumo), gostaria de trazer novamente à sua atenção que as empresas formatam
seus canais de distribuição por razões objetivas, que são elencadas por ordem de
importância em:
Aumentar a competitividade;
“Limpar” o canal através da redução de estoques parados;
Respeitar legislações existentes;
Revalorização econômica; e
Recuperar valor de ativos (ROGERS; TIBBEN-LEMBCKE, 1998 apud
RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013, p. 80).
Note que, dos motivos listados acima, a maior parte se relaciona aos aspectos
econômicos – ou pelo aumento da receita ou pela recuperação de valor. No caso da
revalorização econômica, isto se dá quando o bem retornado no processo de logística
reversa pode ser destinado a canais reversos alternativos, dessa forma, gerando
valores chamados de “residuais” que podem ser importantes para a companhia.
Isso acontece em virtude de que, apesar de sempre imaginarmos a logística reversa
como um movimento a montante na cadeia de suprimentos, ou seja, como um
movimento contrário ao fornecimento, nem sempre é assim que ocorre na prática.
Por vezes, o bem retornado pode, de fato, ser inserido novamente de alguma forma
no processo produtivo, por exemplo, tornando-se novamente uma matéria-prima no
processo na própria empresa. Nem sempre isso é possível, porém, ainda pode gerar
receitas pela venda a outras empresas que poderiam absorver o material como
matéria-prima ou componente de seus processos.
Outra pontuação importante é que, quando se fala de logística de pós-consumo,
evidentemente trataremos de materiais que são, na maioria das vezes, descartados
como lixo. Para nós, o que é considerado lixo, pode ter potencial econômico. Então,
elevaremos esses materiais do nível de lixo para o nível de resíduos. Não é apenas
uma mudança semântica. Trata-se de uma alteração da visão gerencial. Só
chamaremos de lixo o que de fato não puder ser aproveitado de alguma maneira em
processos produtivos.
50
Vimos anteriormente que uma classificação possível para produtos é quanto à sua
durabilidade. Vimos também a questão do ciclo de vida para os produtos. Ou seja, um
produto, mesmo durável, em certo momento, cumpre o seu propósito, ou por tornar-
se inútil para o seu usuário (lembra-se do 3 em 1?), ou por, após o período de
garantia, apresentar um defeito cujo conserto não compense o gasto. Somando-se a
esse tipo de produto, temos ainda as embalagens, nas quais os produtos foram
acondicionados, e os resíduos industriais provenientes dos processos produtivos.
Temos, então, o cenário paraa atuação de um canal de distribuição reverso de pós-
consumo. Para fins de conceituação, usaremos a definição de Leite (2017, p. 100), que
assim classifica os canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo:
Constituem-se nas diversas etapas de comercialização e
industrialização pelas quais fluem os resíduos industriais e os
diferentes tipos de utilidade ou seus materiais constituintes, até sua
reintegração ao processo produtivo, por meio de subsistemas de
reuso, remanufatura ou reciclagem.
Há uma similaridade global com respeito à estrutura básica dos canais reversos,
apesar de algumas especificidades em alguns países devido às legislações distintas e
diferentes fontes de resíduos de pós consumo (LEITE, 2017). Para que você tenha
noção da constituição dos bens de pós-consumo, te recomendo visitar a área
destinada ao lixo urbano de sua cidade. Será uma experiência muito rica, pois você
terá um verdadeiro laboratório diante de você. Trataremos do assunto legal
relacionado ao lixo urbano e ao descarte na Unidade IV.
Algumas constatações, no entanto, podemos fazer desde já. A ABRELPE - Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais traz alguns dados
preocupantes no seu relatório sobre os RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), do período
de 2018/2019:
51
Os dados revelam que, em 2018, foram geradas no Brasil 79
milhões de toneladas, um aumento de pouco menos de 1% em
relação ao ano anterior. Desse montante, 92% (72,7 milhões) foi
coletado. Por um lado, isso significa uma alta de 1,66% em
comparação a 2017: ou seja, a coleta aumentou num ritmo um
pouco maior que a geração. Por outro, evidencia que 6,3 milhões de
toneladas de resíduos não foram recolhidas junto aos locais de
geração.
A destinação adequada em aterros sanitários recebeu 59,5% dos
resíduos sólidos urbanos coletados: 43,3 milhões de toneladas, um
pequeno avanço em relação ao cenário do ano anterior.
O restante (40,5%) foi despejado em locais inadequados por
3.001 municípios. Ou seja, 29,5 milhões de toneladas de RSU
acabaram indo para lixões ou aterros controlados, que não contam
com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a
saúde das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações.
A situação da coleta dos resíduos sólidos urbanos também é bastante irregular no
Brasil, se considerarmos suas regiões. Veja, na Figura 1, como se apresenta a
realidade desse serviço público:
52
Figura 1 - Panorama da Coleta de Rsu no Brasil por Regiões
Fonte: ABRELPE (2019, p. 13)
Há, sem dúvida, um longo caminho a percorrer. Trataremos disso mais adiante na
nossa disciplina. O fato é que todos os materiais que são classificados como bens de
pós-consumo (duráveis, semiduráveis, descartáveis e resíduos industriais) podem ser
descartados ou disponibilizados pelos consumidores e, dessa forma, dar início aos
processos no canal de distribuição reverso de bens de pós-consumo.
Alguns fluxos possíveis, após esse ingresso do item na cadeia reversa, estão ilustrados
na Figura 2:
53
Figura 1 - Canais de Distribuição de Pós-Consumo Direto e Reverso
Fonte: Leite (2017, p. 102)
Leite (2017) classifica os canais de distribuição reversos em dois tipos:
1. Canais de distribuição reversos de ciclo aberto;
2. Canais de distribuição reversos de ciclo fechado.
Veja no Quadro 1 as principais características de cada tipo de canal reverso.
54
Figura 3 - Exemplos de Ciclo Reverso Aberto
Fonte: Leite (2017, p. 89)
Quadro 1 - Características dos Canais Reversos de Ciclo Aberto e Fechado
Fonte: baseado em Leite (2017)
Tipo Características Exemplos de materiais
Ciclo
aberto
Foco na matéria-prima.
Substituem matérias-primas
novas na fabricação de
diferentes produtos.
Metais (ferro, alumínio, cobre
etc.), plásticos (polímeros como
polietilenos, polipropilenos, etc.),
vidros, papéis.
Ciclo
fechado
Foco no produto. Os materiais
constituintes são extraídos para
fabricação de um produto
similar ao de origem.
Latas de alumínio, baterias de
automóveis, óleos lubrificantes.
Na Figura 3, temos exemplificado o ciclo reverso aberto:
No caso dos canais reversos de ciclo fechado, o Quadro 2 demonstra a lógica deste
processo.
55
Quadro 2 - Canais Reversos de Ciclo Fechado
Fonte: Leite (2017, p. 90)
Produto de origem de pós-
consumo
Principais materiais
extraídos
Novo produto
Óleos lubrificantes usados
Eliminação de impurezas e
acréscimo de aditivos
Óleos
lubrificantes
novos
Baterias de veículos
descartadas
Plástico e extração do
chumbo
Baterias de
veículos novos
Latas de alumínio de
embalagens descartáveis
Extração da liga de alumínio
Latas de
alumínio novas
Uma pontuação relevante que Leite (2017) faz é em relação ao equilíbrio entre o fluxo
direto e o fluxo reverso. Entendemos que o fluxo direto é aquele em direção ao
mercado, enquanto o fluxo reverso é o retorno do bem após seu ciclo de vida. Nessa
lógica, o autor destaca que há um equilíbrio quando o fluxo direto é igual ao fluxo
reverso. Podemos visualizar essa relação na Figura 4, a seguir:
56
Figura 4 - Relação entre o Fluxo Direto e o Fluxo Reverso
Fonte: Leite (2017, p. 85)
Conforme demonstrado na Figura, a balança mostraria um equilíbrio se o fluxo
reverso fosse igual ao fluxo reverso. Esse seria o melhor dos mundos, significando
que os materiais de pós-consumo estariam integralmente sendo reaproveitados em
novos processos produtivos. Outra situação possível é o fluxo direto ser maior que o
ciclo reverso. Neste caso de desequilíbrio, há a formação de depósitos (nem sempre
adequados) de sucatas e resíduos, ocasionando muitas vezes poluição.
Conheça mais clicando no link: Disponível aqui
A cadeia de recuperação de embalagens PET tornou-se robusta no Brasil nos
últimos anos. O retorno das embalagens possibilitou a alimentação de
processos produtivos importantes, como a indústria têxtil. Cerca de 1/3 do
faturamento da indústria de PET no Brasil advém do retorno de materiais.
57
http://goo.gl/WPI1yT
Como os países desenvolvidos têm uma taxa de substituição de produtos maior, em
decorrência do maior poder aquisitivo, sua produção de produtos em descarte tende
também a ser maior. A recuperação econômica dos produtos para os canais de
logística reversa de pós-consumo não dá conta de todo o material produzido, gerando
um movimento de troca internacional de materiais secundários entre países (LEITE,
2017).
A forma como esse movimento é feito é duramente criticada pelos movimentos
ambientalistas. O argumento desses movimentos é o de que os países mais ricos
“livram-se” de seus entulhos, transferindo esses materiais para países periféricos
(países pobres) que não conseguem fazer o aproveitamento adequado desses
materiais, acumulando-os em montanhas e montanhas de sucata e lixo eletrônico.
De qualquer forma, precisamos encarar a situação pelo que de fato é: um desafio aos
gestores logísticos que precisa de alguma maneira ser enfrentado. Por conta disso, a
partir de agora, analisaremos com atenção a questão da descartabilidade na Logística
Reversa.
58
06
A Descartabilidade na Logística 
Reversa e a Disposição de Bens de 
Pós-Consumo
Como dito no tópico anterior, vários itens, os quais podemos classificar como bens de
pós-consumo, são simplesmente descartados, nem sempre de forma correta. Preste
atenção aos itens que são descartados.
Com a evolução tecnológica cada vez mais rápida e a filosofia da obsolescência
programada – estratégia de lançamento de produtos com obsolescência conhecida
antecipadamente, porque outro produto já está programado para ser lançado e
substituirá o anterior - adotada por um número cada vez maior de empresas, os
produtos deixam de ser úteis aos clientes com velocidade espantosa. Um bem
durável, como um aparelho de TV, por exemplo, que na época de nossos pais era
quase para vida toda, é rapidamente substituído por modelos mais modernos e com
mais funcionalidades. A cultura do conserto de aparelhos eletroeletrônicos está se
desfazendo. Como resultado, é muito comum encontrarmos esse tipo de aparelhos
abandonadosem caçambas de lixo ou em lixões a céu aberto. 
A ONU – Organização das Nações Unidas – tem sede em Nova York (EUA), e é
composta de 193 países-membros. Em sua composição, diversos programas
são patrocinados e gerenciados pela ONU. Entre eles o PNUMA – Programa
das Nações Unidas para o Meio-Ambiente.
Traçando um panorama do chamado lixo eletrônico no Brasil e no mundo, os
números são assustadores. Estudos de Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), mostram que a China e os Estados Unidos são os 2 maiores
produtores de lixo eletrônico no mundo. O mundo todo produziu 53,6 milhões de
toneladas de lixo eletrônico em 2019 e esses 2 países foram responsáveis,
respectivamente, por 10,1 milhões de toneladas e 6,9 milhões de toneladas. Ainda de
acordo com esse relatório,
60
[...] o mundo gerou 53,6 mega toneladas de lixo eletrônico, uma
média de 7,3 kg por pessoa. O total do lixo eletrônico gerado
aumentou 9,2 milhões de toneladas desde 2014 e deve crescer para
74,7 milhões de toneladas em 2030. Esse crescimento corresponde a
quase o dobro em 16 anos (Fonte:
<https://news.un.org/pt/story/2020/07/1719142> - Acesso em
05.08.2020).
Esse crescimento é preocupante. A grande incógnita é justamente o retorno desses
itens aos processos reversos, se há algum tipo de aproveitamento a ser aplicado a
esses materiais. Veremos algumas possibilidades nesse sentido mais adiante em
nossa disciplina.
Para as empresas, esse retorno não deve ser tratado com amadorismo. Tanto é assim
que no desenvolvimento dos processos de Logística Reversa instaurou-se um
mecanismo de gestão em relação aos produtos retornados. Trata-se do Product
Recovery Management (PRM) ou, traduzido, Administração da Recuperação de
Produtos. Mas o que é PRM?
De acordo com Daher et al. (2006, p. 59), PRM pode ser definido como “o
gerenciamento de todos os produtos, componentes e materiais usados e descartados
pelos quais uma empresa fabricante é responsável legalmente, contratualmente ou
por qualquer outra maneira”.
É importante frisar que o PRM lida com diversos problemas administrativos, entre os
quais está a Logística Reversa. Na Tabela 1, você vai conhecer as 6 (seis) áreas
principais da PRM:
61
https://news.un.org/pt/story/2020/07/1719142
Tabela 1 - Abrangência das Áreas do PRM
Fonte: baseada em Daher et al. (2006)
ÁREA ABRANGÊNCIA
Tecnologia
Desenho do produto, tecnologia de recuperação,
adaptação de processos primários.
Marketing
Criação de boas condições de mercado para quem está
descartando o produto e para os mercados secundários.
Informação
Previsão de oferta e demanda e adaptação dos sistemas
de informação nas empresas.
Organização
Distribuição de tarefas aos vários membros da organização
de acordo com sua posição na cadeia de suprimentos e
estratégia de negócios.
Finanças
Financiamento das atividades da cadeia e avaliação dos
fluxos de retorno.
Logística Reversa e
Administração de
Operações
Definição de fluxos independentes para a Logística
Reversa. 
Integração ao SCM (Supply Chain Management).
Qual seria o foco principal da PRM? Parece claro, mas convém destacar que o foco
principal está na recuperação de valor econômico e ecológico dos produtos,
componentes e materiais, o máximo possível.
62
Acesse o link: Disponível aqui
Um dos maiores motivadores para qualquer negócio é a possibilidade de
gerar receita (ganhar dinheiro!) com a atividade. É possível ganhar dinheiro
com Logística Reversa? Leia o artigo do prof. Paulo Roberto Leite.
Esta é a proposta de Krikke (1998, p. 33-35 apud DAHER et al., 2006) que ainda
estabelece quatro níveis em que os materiais e produtos retornados podem ser
recuperados: nível de produto, módulo, partes e material. Considerando esses níveis,
a reciclagem é a recuperação ao nível de material, sendo este considerado o nível
mais baixo.
Seguindo esta linha de raciocínio, Krikke (1998 apud DAHER et al., 2006) descreve o
seguinte esquema para recuperação de materiais, conforme Quadro 3:
63
https://www.clrb-log-reversa.com/single-post/2019/05/16/COMO-GANHAR-DINHEIRO-COM-A-LOG%C3%8DSTICA-REVERSA-1%C2%AA-parte
Quadro 3 - Opções de PRM Aplicadas aos Materiais Recuperados
Fonte: Krikke (1998, p. 35 apud DAHER et al., 2006, p. 3).
Opções de
PRM
Nível de
desmontagem
Exigências de
qualidade
Produto resultante
Reparo Produto
Restaurar o
produto para
pleno
funcionamento.
Algumas partes
reparadas ou
substituídas.
Renovação Módulo
Inspecionar e
atualizar
módulos
críticos.
Alguns módulos
reparados ou
substituídos.
Remanufatura Parte
Inspecionar
todos os
módulos/partes
e atualizar.
Módulos/partes usadas
e novos em novo
produto.
Canibalização
Recuperação
seletiva de
partes
Dependência do
uso em outras
opções de PRM.
Algumas partes
reutilizadas, outras
descartadas ou para
reciclagem.
Reciclagem Material
Dependo do uso
em
remanufatura.
Materiais utilizados em
novos produtos.
Conforme destacam Razzolini Filho e Berté (2013), há ganhos significativos no
gerenciamento da Cadeia de Suprimentos com a adoção das estratégias do PRM,
entre as quais citam:
Práticas de comércio colaborativo, possibilitando aumento de vendas;
Melhor gerenciamento dos canais diretos e reversos;
64
Figura 5 - Sistema de Gerenciamento de Recuperação de Produtos
Fonte: BERNARDO; SOUZA; DEMAJOROVIC (2020, p. 250)
Relacionamentos de confiança entre os membros do canal, pela melhoria dos
processos de comunicação;
Aumento da rentabilidade pela recuperação de valor econômico;
Ganhos de imagem pela recuperação de valor ecológico. 
(RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013, p. 99)
Perceba que são estratégias bastante claras e distintas, a depender do tipo de
material a receber o tratamento na logística reversa, visando recuperar valor
econômico no processo.
Você talvez tenha se dado conta, ao analisar a Tabela 1 que, por abranger várias áreas
que impactam no resultado econômico final do processo de retorno de materiais, não
é possível que essa gestão seja feita sem um sistema gerenciamento informatizado. É
o que chamamos de PRMS (sigla em inglês para Sistema de Gerenciamento de
Recuperação de Produtos). Na figura 5 você pode visualizar como esse sistema é
constituído:
Perceba que o PRMS integra informações provenientes de diversas fontes, em uma
infraestrutura de informações que baliza a tomada de decisões, de acordo com o ciclo
de vida do produto retornado. Sugere-se, inclusive, o uso de tags (etiquetas)
65
eletrônicas para leitura por equipamento de RFID (Radio Frequency Identification, ou,
traduzido, Identificação por Rádio Frequência). Conforme Bernardo, Souza e
Demajorovic (2020, p. 251) destacam:
O uso de tecnologia RFID, para fazer o acompanhamento, começa
definindo em qual estágio do ciclo de vida se encontra o produto, se
está em Beginning of Life (BOL) – Começo da vida do produto, Middle
of Life (MOL) – Meia-vida do ciclo, ou End of Life (EOL) – Fim de vida
do produto. Essa definição sobre o ciclo de vida do produto
possibilita selecionar sua destinação entre as alternativas de reúso,
remanufatura ou reciclagem. Se um produto está no BOL,
provavelmente pode ser encaminhado ao reúso, bastando que seja
consertado. Se está no MOL, a destinação provável é a remanufatura,
e, em EOL, seria destinado a reciclagem.
Veja que a decisão sobre destinação tem a ver com o estado do produto, o seu ciclo
de vida, porém, de toda forma, algum valor econômico é recuperado, cumprindo
assim a função principal da Logística Reversa.
66
07
Objetivos Econômicos da 
Logística de Pós-Consumo
Quando abordamos a questão dos objetivos econômicos da logística de pós-
consumo, é sempre bom retomarmos também a abordagem das condições para que
um canal reverso possa ser viável. Muitas vezes a questão econômica deverá ser
tratada unicamente pelo seu aspecto legal, de possibilidades de sanções se não
implementado o canal reverso. Neste caso, não há nenhuma recuperação de valor no
processo, porém, o simples fato de não ser imputadas multas à organização já se
consideraria um ganho financeiro.
A produção de materiaisque serão descartados parece natural nos atuais
processos de produção. E se fosse possível pensar no reaproveitamento dos
materiais desde o momento da concepção/projeto do produto?
Porém, ampliando o nosso campo de visão, o desejável seria que, além de evitar
aplicações de sanções legais, também houvesse ganhos financeiros oriundos dos
próprios itens de pós-consumo. Leite (2017) desenvolveu um modelo relacional em
que apresenta as condições para que um fluxo reverso de materiais de pós-consumo
se estabeleça. Vela isso na figura 6:
68
Figura 6 - Condições para o Fluxo Reverso de Pós-Consumo
Fonte: Leite (2017, p. 132)
Observe que diversos fatores afetam o estabelecimento dos fluxos reversos, inclusive
aspectos ecológicos e legais que abordaremos mais à frente em nossa disciplina.
Mas algo que chama à atenção na Figura 6 é a questão da remuneração dos
participantes do fluxo reverso. Esse talvez seja um dos maiores desafios, pois garantir
que esses atores sejam pagos por sua atividade não é um processo simples,
especialmente se considerarmos os diversos tipos de materiais que podem ser
inseridos em um fluxo reverso.
No caso de matérias-primas, a indústria tem a possibilidade de utilizar-se de duas
origens:
1. Matérias-primas primárias: aquelas extraídas diretamente da fonte (muitas
vezes a própria natureza).
2. Matérias-primas secundárias: aquelas obtidas por meio de processos de logística
reversa.
A opção mais lógica do ponto de vista econômico, sem dúvida, é utilizar-se daquela
que apresenta menor custo de aquisição. A matéria-prima secundária será uma opção
interessante caso haja escala de fornecimento, ou seja, garantia de que o
69
fornecimento não será interrompido e que os custos compensem sua adoção em
substituição à matéria-prima nova. A questão da escassez da matéria-prima nova
também é um fator relevante em muitos processos.
No caso específico da remuneração dos participantes da cadeia reversa, Leite (2017,
p. 150) destaca que:
Tratando-se de uma cadeia de distribuição no sentido reverso,
constituída pela coleta de pós-consumo, pelos processamentos
diversos de consolidação e separação, pela reciclagem ou
remanufatura industrial, pela reintegração ao ciclo produtivo ou de
negócios por meio de um produto aceito pelo mercado, torna-se
necessário que esses objetivos econômicos sejam obtidos em todas as
etapas reversas para a existência do fluxo reverso. A falta de ganho
em um ou em alguns dos elos da cadeia reversa provocará
interrupção ou simplesmente não haverá fluxo reverso, resultando
em desequilíbrios entre os fluxos diretos e reversos e suas
consequências, já examinadas.
Perceba a importância da remuneração dos participantes do canal reverso, sob pena
de inviabilizar o processo. Considerando o fator remuneração, é uma conclusão lógica
que os materiais que proporcionem maior retorno financeiro aos membros do canal
reverso sejam os preferidos e que, dependendo dos participantes do canal
(cooperativas de catadores, catadores individuais, empresas de reciclagem etc.), se
estabelecerá uma concorrência pela obtenção desses materiais. Também contribuirá
para esse interesse maior a facilidade de obtenção e extração dos materiais a serem
retornados ao canal.
70
Veja a destinação correta dos medicamentos descartados em:
Disponível aqui
Um drama em muitas famílias é sobre o que fazer com os medicamentos
que sobram nas cartelas. É muito comum descartar no lixo doméstico ou
jogar no vaso sanitário. Será que esses são os melhores destinos?
Sobre isso, Leite (2017) destaca que as condições de mercado favoreceram o
desenvolvimento expressivo de canais de certos materiais cuja demanda e
remuneração são relevantes no mundo todo. É o caso dos metais ferrosos e não
ferrosos, papéis, sobras de gorduras de restaurantes, entre outros. Nesses casos
citados, foi quase exclusivamente a possibilidade de ganhos financeiros aos
participantes do canal que incentivou o estabelecimento do fluxo reverso e não
necessariamente uma exigência legal ou ambiental.
Sobre isso, Henion (1995 apud LEITE, 2017, p. 170) afirma que
mantendo constantes os demais fatores, a demanda por reciclados é
função dos preços de mercado [...] Historicamente, o desempenho
dos sistemas de canais reversos para pós-consumo recicláveis tem
sido impedido pelos altos custos, pobres lucros projetados.
A precificação de um material de pós-consumo até chegar à etapa final de inserção no
ciclo produtivo segue uma lógica bem clara e aplicável a quase todos os itens, com
exceção de algum material que possua alguma especificidade. Essa lógica pode ser
visualizada na Figura 7 a seguir:
71
http://www.descarteconsciente.com.br/
Figura 7 - Formação de Preços de Materiais Recuperados de Pós-Consumo
Fonte: o autor, baseado em Leite (2017)
Quanto maior o nível de aproveitamento do material coletado, maiores serão os
benefícios, tanto em relação à remuneração dos agentes participantes do canal
reverso, como para a indústria que aproveitará os itens para constituição de outras
matérias-primas ou para transformação em outros produtos.
Acesse o link: Disponível aqui
Logística Verde Versus Logística Reversa
Uma expressão que você talvez se depare nos seus estudos sobre logística e
sustentabilidade é a de Logística Verde. Há um questionamento sobre o
quão perto esse conceito se aproxima da Logística Reversa.
Para entender melhor sobre Logística Verde, recomendo a leitura de um
interessante artigo sobre o tema: Reflexões sobre a logística verde na
redução dos impactos ambientais.
72
http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/TECCEN/article/view/1262
08
Canais de Distribuição 
Reversos de Pós-Venda – 
CDR PV
Ao tratarmos do tópico de canais de distribuição reversos de pós-venda, faz-se
necessário que entendamos ou relembremos alguns fundamentos da importância da
logística para a competitividade empresarial na atualidade.
Você talvez já tenha ouvido ou lido muitas vezes sobre a necessidade de diferenciar-se
por oferecer um nível superior de serviços aos clientes. Entre os fatores que
compõem esse nível de serviço superior, sem dúvida, estão fatores como a rapidez e
confiabilidade na entrega, políticas de flexibilidade, oferta de assistência técnica, entre
outros.
Quando se pensa em flexibilidade, entende-se que as necessidades e preferências do
cliente podem mudar e essas mudanças devem ser acompanhadas pelos
fornecedores, adaptando-se a essas novas circunstâncias. Pode ser preciso alterar o
prazo de entrega, local onde os produtos deverão ser disponibilizados,
fracionamentos exclusivos de cargas, e outras tantas demandas que podem surgir.
Pense, por exemplo, em uma rede de lojas de varejo que compra grandes
quantidades de um produto eletrônico de um determinado fabricante. Para ambos, é
importante que essa parceria seja sólida e ao mesmo tempo flexível, ou melhor, é
preciso que a indústria tenha esse canal de distribuição de seus produtos
funcionando de forma saudável, oferecendo seus produtos aos clientes finais e
alimentando a indústria de informações quanto à demanda, preferências de clientes,
anunciando os produtos em mídias diversas, demonstrando os atributos dos seus
produtos de forma correta.
Para a rede de varejo, é importante ter o produto para venda na sua rede de lojas, a
um preço competitivo, parcerias em investimentos em mídia, treinamento de sua
força de vendas pela indústria, e uma flexibilidade de entregas para atender
demandas não previstas. Completa-se a expectativa da rede quando a indústria
oferece uma rede de assistência técnica aos clientes, um SAC (Serviço de Atendimento
ao Cliente), para sanar dúvidas sobre operação dos produtos, recebe produtos
devolvidos pelos clientes que se arrependem da compra dentro do prazo legal ou
mesmo por grande interesse comercial.
Embora cada vez mais raros, há casos em que os despachos da indústria para os
distribuidores são efetuados de forma incorreta, quanto às especificações do pedido
em termos de quantidade, modelos, cores e outros atributos que podem

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