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Questões resolvidas

A partir desta Legislação, todos são envolvidos no processo, desde os fabricantes até os consumidores. Isso mesmo! Os consumidores têm obrigações claras, que são definidas em lei. Veja estes aspectos no Decreto, nos artigos 5º ao 7º:

Art. 5º - Os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos. Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada será implementada de forma individualizada e encadeada.
Art. 6º - Os consumidores são obrigados, sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou quando instituídos sistemas de logística reversa na forma do art. 15, a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados e a disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução. Parágrafo único - A obrigação referida no caput não isenta os consumidores de observar as regras de acondicionamento, segregação e destinação final dos resíduos previstas na legislação do titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Art. 7º - O Poder Público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e determinações estabelecidas na Lei n.º 12.305, de 2010, e neste Decreto.

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Questões resolvidas

A partir desta Legislação, todos são envolvidos no processo, desde os fabricantes até os consumidores. Isso mesmo! Os consumidores têm obrigações claras, que são definidas em lei. Veja estes aspectos no Decreto, nos artigos 5º ao 7º:

Art. 5º - Os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos. Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada será implementada de forma individualizada e encadeada.
Art. 6º - Os consumidores são obrigados, sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou quando instituídos sistemas de logística reversa na forma do art. 15, a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados e a disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução. Parágrafo único - A obrigação referida no caput não isenta os consumidores de observar as regras de acondicionamento, segregação e destinação final dos resíduos previstas na legislação do titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Art. 7º - O Poder Público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e determinações estabelecidas na Lei n.º 12.305, de 2010, e neste Decreto.

Prévia do material em texto

LOGÍSTICA REVERSA
Prof. Me. PAULO PARDO
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Vice-reitora
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. José Roberto Marques de Castro
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva
Pró-reitor Administrativo
Marco Antonio Teixeira
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenadora Pedagógica do Curso
Ana Lívia Cazane
Designer Educacional
Juliana Spadoto
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
B42 Design
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A 
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Universidade de Marília 
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 
CEP 17.525–902- Marília-SP
Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia
G915b Sobrenome, Nome autor
Titulo Disciplina [livro eletrônico] / Nome completo autor. - 
Marília: Unimar, 2020.
PDF (XXX p.) : il. color.
ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X
1. palavra 2. palavra 3. palavra 4. palavra 5. palavra 6.
palavra 7. palavra 8. palavra I. Título.
CDD – 610.6952017
Introdução
O tema Sustentabilidade tem pautado a agenda da sociedade nas últimas décadas,
embora muitos não se deem conta de que estão pessoalmente envolvidos na questão.
As pessoas, de modo geral, ainda não têm plena consciência de qual papel podem
desempenhar no intrincado tecido ecológico que pertencemos e quanto mais distante
do mundo natural estivermos, maior a dificuldade para enxergar isso.
Muitos nasceram, cresceram e vivem em grandes metrópoles a vida toda, sem ter ideia
de como suas ações impactam o meio ambiente, comprometendo o abastecimento de
água, o saneamento, as encostas, o clima, pois a noção de que o homem é o centro do
universo – visão antropocentrista – domina a consciência de muitos.
Felizmente, setores organizados da sociedade têm se mobilizado para mudar essa
realidade. Até mesmo os empresários, quer para manter seus clientes – mais exigentes,
ambientalmente falando – quer para não serem autuados pelos governantes, têm
trabalhado para estabelecer e manter ações para mitigar os efeitos ambientais
danosos da atividade empresarial sobre a sociedade.
Esse movimento deu origem ao que conhecemos como Logística Reversa, tema da
nossa disciplina, para a qual te convido a mergulhar a partir de agora.
Bons estudos!
Prof. Me. Paulo Pardo
3
005 Aula 01:
017 Aula 02:
023 Aula 03:
033 Aula 04:
049 Aula 05:
059 Aula 06:
067 Aula 07:
073 Aula 08:
084 Aula 09:
096 Aula 10:
108 Aula 11:
116 Aula 12:
123 Aula 13:
136 Aula 14:
145 Aula 15:
179 Aula 16:
O Desafio da Sustentabilidade: O que Você tem a Ver 
com Isso?
As Questões Logísticas e a Competitividade 
Empresarial
Entendendo o Conceito de Logística Reversa 
Custos em Logística Reversa – O que Avaliar 
A Classificação dos Bens de Pós-Consumo e os Canais 
de Distribuição Reversos de Pós-Consumo – CDR PC
A Descartabilidade na Logística Reversa e a 
Disposição de Bens de Pós-Consumo
Objetivos Econômicos da Logística de Pós-Consumo 
Canais de Distribuição Reversos de Pós-Venda – 
CDR PV
Objetivos Estratégicos da Logística Reversa de 
Pós-venda
Seleção e Destinação dos Produtos em Devolução 
O Fator Legal como Motivador da Logística Reversa 
Tendências Regulatórias nas Questões Ambientais 
A Legislação Ambiental e o Impacto na Logística 
Reversa
As Bases para a Economia Circular - Uma Nova 
Fronteira para o Consumo
A Logística Reversa: da Construção Civil, dos Pneus 
e das Embalagens
Aspectos Sociais da Logística Reversa no Brasil
01
O Desafio da 
Sustentabilidade: O que 
Você tem a Ver com Isso?
Quando você ouve a palavra “sustentabilidade”, o que lhe vem à mente? Essa palavra,
originária do verbo “sustentar”, tem vários significados nos dicionários, e alguns que
nos interessam podem ser: "Manter; Alimentar.” Ademais, o próprio termo
“sustentável” pode significar “Que pode se sustentar; que se defende” (KLEIN, 2015, p.
515).
Perceba que, nos vários significados oferecidos, alguns relacionam sustentar com
manter a vida. É esse foco que vamos dar a partir de agora. Olhe à sua volta! Consegue
notar quantos seres, além dos humanos, habitam esta esfera azul chamada planeta
Terra? Insetos, cães, gatos, pássaros, uma variedade de outras criaturas e, se você
morar em uma pequena cidade ou tem facilidade de se deslocar até uma área aberta,
desabitada, perceberá que esse número só aumenta.
Quando os seres humanos abandonaram sua vocação extrativista e passaram a
cultivar o solo e a fabricar utensílios e, com o advento muito mais recente da revolução
industrial, passaram a produzir em massa produtos para consumo e a lógica da relação
homem-natureza foi totalmente alterada.
Ao utilizar aquilo que a natureza oferece – minerais, animais, vegetais – em uma
velocidade cada vez maior para atender a demanda por produtos, a capacidade de
regeneração do planeta foi vencida. É só você observar a quantidade de espécies
animais que conseguimos extinguir por caça predatória e as plantas que fizemos
desaparecer antes mesmo de ter a oportunidade de conhecê-las! Isso mostra que a
maneira como nos relacionamos com o ambiente hoje não é saudável.
6
Em um modelo econômico em que tudo se torna recurso – o que extraímos do planeta
torna-se recurso natural, as pessoas são recursos humanos, os equipamentos são
recursos tecnológicos, entre tantos outros exemplos  – nivelamos o nosso ambiente à
simples função de fornecer aquilo que precisamos, sem nos preocupar com a
velocidade de reposição natural. Assim, desrespeitamos os ciclos da vida.
Agora, vamos focar mais na nossa vida moderna.
Olhe à sua volta! O modo de viver das pessoas requer o constante suprimento de
itens de consumo dos mais variados, desde comida industrialmente processada,
transporte com veículos de propulsão à explosão (tecnologia que já tem mais de 100
anos), cuidado com saúde, lazer e hobbies, que muitas vezes envolvem produtos
químicos e outros. As empresas, exemplos de organizações com fins lucrativos, suprem
as necessidades – e desejos – das pessoas, e com tanta variedade, as pessoas não dão
conta de comprar tudo aquilo que consideram que merecem. Para as empresas, o
consumo é a forma de se manter economicamente. Para as pessoas, o consumo
atende necessidades legítimas e básicas, como se alimentar, mas também desejos
criados pelo seu próprio modo de vida, como o de status e reconhecimento social.
7
A população do planeta, por outro lado, cresceu vertiginosamente nos últimos séculos
e especialmente no século XX. Estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU)
dão conta de que a população mais que triplicou no último século: somos agora quase
8 bilhões de pessoas utilizando os “recursos” naturais. A produção de alimentos no
mundo seria suficiente para todas as pessoas se alimentarem com dignidade, porém,
devido à má distribuição de renda, um contingente importante da população – 1 em
cada 8 pessoas – passa fome.
Para acompanhar, acesse: Disponível aqui
O aumento populacional do planeta pode ser acompanhado em tempo real.
É impressionante como os números se movem, não é mesmo?
8
https://www.worldometers.info/br/
Figura 1 - O economista britânico Thomas Malthus (1766 - 1834), considerado o pai da
demografia, e uma das primeiras versões do seu ensaio sobre os princípios
populacionais (1798).
Fonte: Wikipédia
Você ainda pode estar se perguntando: e o que eu tenho a ver com isso? Aquilo que
vimos até agora tem outras implicações: se consumimos os recursos do planeta em
uma velocidade maior do que a de seus ciclos de recuperação, o que acontece com
nosso modo de vida e de consumo? Evidentemente, é uma conta que não fecha. Não
há como manter uma estrutura de exploração-consumocomo a que temos,
indefinidamente. E faz bastante tempo que isso é discutido. No século XVIII, o
reverendo britânico Thomas Malthus emitiu um prognóstico sombrio: segundo ele,
enquanto a produção de alimentos aumentasse de forma aritmética ou linear, a
população cresceria de forma geométrica ou exponencial. Em algum momento, a fome
se instauraria no mundo e, por via de consequência, o caos.
9
As teorias malthusianas não se confirmaram com o tempo, porém, há uma corrente de
pensamento que faz o alerta de que o consumo de recursos de fato aumentou de
forma acentuada – não só de alimentos, mas de tantos outros insumos naturais. O
responsável por isso seria o modo de consumo alimentado pelo sistema capitalista e
consumista pregado principalmente na sociedade ocidental.
No século XX, a preocupação com o aumento populacional e o consumo com os
consequentes impactos no meio ambiente ganhou força devido a vários
acontecimentos e eventos marcantes: chuvas ácidas na Europa, o mercúrio da baía de
Minamata no Japão, que originou até uma nova doença (doença de Chisso Minamata), o
lançamento em 1962 do livro Primavera Silenciosa de autoria de Rachel Carson, que é
considerado o marco do nascimento do movimento ambientalista, além de um estudo
que partiu de uma origem improvável: grandes capitalistas, aliados a cientistas e
políticos, compuseram o chamado Clube de Roma.
Esse grupo encomendou uma pesquisa ao renomado MIT (Massachusetts Institute of
Technology) sobre os possíveis impactos ambientais causados pelas atividades
econômicas.   O MIT produziu um documento que ficou conhecido como Relatório
Meadows ou Os Limites do Crescimento. Nesse relatório, é nítida a inspiração de Malthus
sobre o risco do aumento populacional. Por essa razão, os adeptos das conclusões
desse relatório ficaram conhecidos como neomalthusianos e passaram a pregar um
freio ao crescimento populacional na tese da chamada Teoria do Crescimento Zero. Na
visão desses estudiosos, a única saída seria uma paralisação do desenvolvimento
para que se preservassem os recursos naturais. Nas conclusões, constava o seguinte:
É preciso mudar essas tendências de crescimento e formar uma condição de
estabilidade ecológica e econômica que possa ser mantida até um futuro remoto.
O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de modo que as necessidades
materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, oferecendo-se
oportunidades iguais para que todos realizem seu potencial humano individual. O
resultado será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da
capacidade de produção industrial.
É preciso mudar essas tendências de crescimento e formar uma condição de
estabilidade ecológica e econômica que possa ser mantida até um futuro remoto.
O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de modo que as necessidades
materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, oferecendo-se
oportunidades iguais para que todos realizem seu potencial humano individual
(CURI, 2011, p. 24).
A discussão sobre a complexa relação entre economia e ecologia continuou ao longo
dos anos. Em 1972, realiza-se a Conferência de Estocolmo que discute novamente a
preservação ambiental e a industrialização. Essa discussão é considerada um marco,
10
Figura 1 - O Parlamento sueco, onde foram realizadas as reuniões da Conferência
Fonte: Wikipédia
pois o elemento político foi incluído, afinal, é a política que dirige o mundo. Diplomatas
de diversos países estiveram presentes e, junto com cientistas, aprovaram uma
Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, com 110 recomendações e 26 princípios
(CURI, 2011).
Começa em Estocolmo também um embate entre países desenvolvidos e os países em
desenvolvimento. Enquanto os primeiros defendem a preservação total do meio
ambiente, o bloco dos países em desenvolvimento se opõe, pois, segundo sua visão,
não é justo privá-los dos benefícios que o crescimento econômico poderia trazer às
suas populações.
Aliás, o crescimento econômico permeia as discussões ambientais até hoje. Afinal, é
possível ter crescimento econômico e ao mesmo tempo preservar a natureza? Essa
dicotomia alimenta outra discussão: uma corrente muito forte defende que os
maiores impactos sobre o meio ambiente advêm da pobreza das nações, enquanto
outra linha assevera que os impactos são provocados pelos países industrializados.
11
Dicotomia: termo que se refere a dois conceitos opostos
Mas é em 1987, sob a batuta da ONU, mais especificamente da Comissão Mundial para
o desenvolvimento e Meio Ambiente (CMDMA), após discussões iniciadas quando da
constituição desta Comissão em 1983, que se produziu um documento que se tornou
um divisor de águas quando se toca no tema sustentabilidade. Esse documento,
conhecido como relatório Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland (em razão
dessa comissão ter sido liderada por Gro Brundtland, então primeira-ministra da
Noruega), propôs uma conceituação para o que se convenciona chamar de
desenvolvimento sustentável: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de
atenderem as suas próprias necessidades” (BARBIERI, 2007, p. 93).
12
Seguindo tal raciocínio, seria perfeitamente possível atender às necessidades das
gerações atuais em termos de consumo e ao mesmo tempo preservar os recursos, de
modo que futuras gerações também possam ter o mesmo acesso a esses mesmos
recursos. Esse pensamento permeia a forma como políticos, ambientalistas de uma
linha mais positivista, empresários e uma corrente importante da academia enxergam
a realidade econômica e social atual.
Proposições vindas posteriormente de conferências internacionais, como as originadas
no Rio de Janeiro na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (Rio 92), de eventos posteriores, como o que originou o Protocolo de
13
Kyoto em 1997, o Pacto Global em 1999, a Declaração do Milênio, a Rio+20 e o Acordo
de Paris em 2015, entre outros encontros, têm em comum:
a preocupação mundial com a preservação ambiental;
o desenvolvimento dos países pobres, a distribuição de renda;
o combate às desigualdades sociais e
ações de responsabilidade social empresarial (RSE).
São propostas e metas louváveis em si, não acha?
Mas também é óbvio que se acredita que o desenvolvimento sustentável é realmente
uma realidade possível, assim como a união dos povos, a solidariedade e tantos outros
valores. Isso mesmo, o desenvolvimento sustentável já considerado quase como um
valor humano.
14
Conheça mais sobre esses objetivos no link: Disponível aqui
Você sabe o que são objetivos do milênio?
São esforços conjuntos de diversas nações com o objetivo de promover a
melhoria de condições de vida da população mundial, especialmente nas mais
vulneráveis.
No entanto, não devemos ter uma visão tão simplista do mundo. A grande verdade é
que o próprio conceito de sustentabilidade e sua definição sinônima de
desenvolvimento sustentável são controversos. Críticos afirmam que os termos
“desenvolvimento” e “sustentável” já são um paradoxo, ou seja, são mutuamente
15
https://nacoesunidas.org/pos2015/
excludentes. Como se desenvolver e crescer indefinidamente – já que não se
estabeleceu nenhum limite para isso – em um espaço limitado, que é o planeta? Faz
sentido essa crítica, não acha?
De fato, temos que aprofundar nossa visão e saber que o discurso preservacionista não
é tão inocente como se pensa. Muitas das propostas do desenvolvimento sustentável
parecem mais uma maquiagem para que a exploração dos recursos continue, mas com
a bênção de uma população alienada por uma propaganda consumista. Fique atento
a esses discursos! Gosto muito de uma frase citada por Barbieri (2007, p. 95), atribuída
ao príncipe de Salina na obra O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa: “é
preciso mudar se quisermos que tudo fique como está”.
Você está envolvido nisso, pois afeta sua vida, sua forma de fazer gestão, seu consumo,
seu futuro. Podemos nos fechar para adiscussão e continuar a fazer tudo como antes,
fazer mudanças cosméticas para preservar o modelo de exploração ou, ao invés disso,
pensar e agir de uma forma mais crítica em relação ao planeta.
16
02
As Questões Logísticas 
e a Competitividade 
Empresarial
Prezado aluno,
Depois de uma visita à discussão sobre sustentabilidade, é importante ter uma visão
das questões empresariais, que são a mola-mestre de grande parte do desafio da
preservação ambiental.
No tópico anterior, vimos que nossa vida é dependente de produtos originados das
atividades de organizações empresariais. Alimento, vestuário, moradia, saúde,
transporte, tudo é produzido por empresas para o consumo das pessoas, e são
muitas empresas, de todos os portes, de todos os segmentos econômicos, agindo em
busca de mais consumidores para seus produtos. O ambiente empresarial muitas
vezes é comparado a um campo de batalha, um espaço onde somente os mais
habilidosos e capazes conseguem sobreviver.
Essa competitividade empresarial é encarada com naturalidade pelos próprios
empreendedores. “Quem não tem competência não se estabelece”, diz o bordão.
Assim, buscam-se mecanismos que tornem a organização cada vez mais preparada,
mais competitiva, para enfrentar a concorrência.
Nesse cenário, as empresas investem intensamente em tecnologia da informação,
treinamento, sistemas de auditoria, enfim, várias ferramentas gerenciais que
possibilitem um acompanhamento efetivo dos custos e ganhos de eficiência. Porém,
mesmo com esse esforço, é possível que o ganho de competitividade não seja tão
expressivo quanto gostariam os gestores. Isso porque as ferramentas gerenciais são
utilizadas por praticamente todas as empresas cujos administradores tenham
competência para guiar os negócios.
No entanto, há uma variável que está, de fato, fazendo a diferença em relação à
concorrência: os processos logísticos.   Peter Drucker (1995 apud BATALHA, 2001, p.
163), um dos grandes gurus de administração, afirma que,
a logística é última fronteira gerencial que resta ser explorada para
reduzir tempos e custos, melhorar o nível e a qualidade de serviços,
agregar valores que diferenciem e fortaleçam a posição competitiva
da empresa..
18
Pode parecer uma expectativa exagerada, mas há fundamentos bem sólidos para
essa afirmação. Pense no seguinte: os produtos fornecidos e disponibilizados para
consumo ao redor do mundo são cada vez mais parecidos. Alguns pequenos atributos
não são suficientes para classificarmos uma quantidade muito grande de produtos
como “exclusivos” – pelo menos não no que se refere a produtos de massa. Assim, um
aparelho de TV é um aparelho de TV independente da marca, embora, como
afirmamos, possa ter um ou outro atributo diferente. Assim, os produtos tornam-se
verdadeiras commodities, ou seja, são praticamente idênticos. Os preços também são
muito alinhados, isso porque os componentes são disponibilizados a fábricas do
mundo todo e uma parte importante desses componentes é produzida em países
asiáticos.
Se não é possível competir em produtos (muito parecidos) e em preço (muito
alinhados), o que diferencia as empresas? A eficiência logística. Essa eficiência
logística é expressa na capacidade de prestar um nível de serviço considerado
superior com custos que sejam reconhecidos como justos pelos consumidores.
Além disso, tendo por base que a logística envolve fluxos de materiais, valores e
informações, o fluxo de informações logísticas é um item que pode diferenciar a
empresa, por ela agir proativamente às necessidades e expectativas de seus
stakeholders. Para obter esse desempenho superior, a logística evoluiu naturalmente
para um conceito de administração em rede ou cadeia, conceito esse amplamente
conhecido como Gestão da Cadeia de Suprimentos ou, na sigla em inglês, Supply
Chain Management (SCM).
Sobre SCM, interessa-nos a definição de Razzolini Filho e Berté (2013, p. 42), onde
afirmam que por SCM, entende-se a
Administração sinérgica dos canais de abastecimento de todos os
participantes da cadeia de valor, através da integração de seus
processos de negócios, visando sempre agregar valor ao produto
final, em cada elo da cadeia, gerando vantagens competitivas ao
longo do tempo. 
19
Essa moderna visão dos processos logísticos em redes ou cadeias vem ao encontro da
administração estratégica, em que os objetivos organizacionais são traçados levando
em conta o potencial de cada componente organizacional, todos convergindo para
que o resultado seja atingido. Ou seja, as funções logísticas não são “soltas”,
dispersas, e sim, fazem parte do planejamento estratégico empresarial.
Acesse o link: Disponível aqui
Grandes empresas por vezes têm dificuldade de alterar seus processos
consolidados e, por conta disso, podem, aos poucos, perder mercado pela
atuação mais ágil das startups. Veja um exemplo disso, na reportagem a
seguir.
20
https://www.uol.com.br/tilt/noticias/bloomberg/2019/09/09/startup-lanca-drone-para-competir-com-gigantes-em-entregas.htm
Essa é uma mudança de paradigma, pois até o momento, em grande parte das
organizações, o que se percebe é uma atitude reativa em relação às funções logísticas,
com planejamento no curto prazo. O que se pretende com a vinculação das funções
logísticas com o planejamento estratégico é ampliar a visão para o longo prazo.
Por meio do Quadro 1, é possível entender mais claramente essa mudança da visão
das estratégias logísticas (de curto prazo) para a logística estratégica (de longo prazo).
Quadro 1 – Enfoque da Logística Estratégica
Fonte: Razzolini Filho e Berté (2013, p. 45)
Enfoque Estratégia logística Logística Estratégica
Dominação
de custos
Redução dos custos
logísticos
Redução de todos os custos
através da logística
Diferenciação
Qualidade dos serviços
logísticos
A logística como fator de
diferenciação
Inovação
A logística é o suporte para
a inovação
A logística é a fonte/motor para
a inovação
Alianças
Logística como um meio
para alianças
A logística como a fonte/motor
para as alianças
Profissão
Logística como um suporte
para integração
Logística como um novo
produto
Missão
Logística como um suporte
para extensão
Logística ordenada para
conquistar novos clientes
Diversificação Uso das sinergias logísticas Diversificar por meio da logística
Para ilustrar essa evolução, Razzolini Filho e Berté (2013) descrevem a situação em
que uma empresa pretende terceirizar uma etapa do processo logístico. Na visão
tradicional da estratégia logística, de curto prazo, um PSL (Prestador de Serviço
21
Logístico) poderia ser contratado para realizar a atividade por meio de um contrato de
curto prazo para uma única ou poucas atividades. Na visão da Logística Estratégica de
longo prazo, a opção seria o Operador Logístico, com contratos de longo prazo e com
a prestação de múltiplas atividades, de forma integrada (RAZZOLINI FILHO; BERTÉ,
2013).
Sem dúvida, diante desse quadro, tanto na estratégia logística como na logística
estratégica, a empresa pode obter vantagem competitiva, porém, na opção pela
logística estratégica, essa vantagem seria sustentável em longo prazo.
22
03
Entendendo o Conceito de 
Logística Reversa
Olá, alunos!
Vimos que a preocupação com as questões ambientais toma um espaço cada vez
maior na pauta das discussões governamentais, empresariais e sociais, de forma
geral. Evidentemente que os reflexos dessas discussões acabariam por chegar ao
nível de ações, o que aconteceu de forma global. A legislação e normativas tornaram-
se abundantes tanto em países desenvolvidos quanto em países em
desenvolvimento, incluindo Brasil.
De qualquer modo, é bom que você tenha em mente que alguns fatores motivaram o
movimento dos empresários em direção ao tratamento de seus produtos após
cumprirem seu ciclo de vida.
Na década de 1970, precisamente em 1973, houve um evento catastrófico para a
economia que ficou conhecido como Crise do Petróleo, quando os países membros
da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), em um movimento de
sucessivas altas, reajustaramos preços do precioso óleo em 400%. Isso desencadeou
crises econômicas avassaladoras em países desenvolvidos, dependentes do petróleo
para suas atividades produtivas. O custo de transporte e produção foi seriamente
afetado. As matérias-primas tiveram aumentos de preço muito acentuados. Esse
fenômeno forçou a busca por alternativas para obtenção de matérias-primas para as
indústrias. De acordo com Razzolini Filho e Berté (2013), ao contrário do que afirmam
os ambientalistas, foi o fator econômico que fez com que os empresários voltassem
sua atenção para o reaproveitamento de matéria-prima.
Além desse fator econômico, a conscientização por parte dos consumidores – pelo
menos os de visão mais crítica – de que as empresas são responsáveis pelos produtos
que fabricam, em todo ciclo de vida desses produtos e, por conseguinte, passarem a
exigir que essas empresas cuidassem também da fase em que o produto estaria
inservível para consumo, foi também um fator determinante para o movimento de
tratamento desses produtos por parte dessas organizações.
O poder público entrou também em cena, após comprovado dano ao meio ambiente
por descartes inadequados e a necessidade de intervenção sobre os espaços
degradados – com o consequente dispêndio de recursos públicos –, o que fez com
que os países desenvolvessem leis que cobram ações e penalizam as empresas não
atendem os ditames legais.
O que as empresas deveriam fazer, considerando todas essas variáveis?
24
Figura 1 - Fluxos da Cadeia de Suprimentos
Fonte: adaptado de Ballou (2006)
A concepção do fornecimento de produtos teve que ser repensada. Até então, como
frisado, o consumidor se constituía como o elo final da cadeia de suprimentos. Uma
representação dessa ideia você pode perceber na Figura 1. 
Lembre-se que a representação usual de uma cadeia de abastecimento
tradicional sempre é no sentido da produção ao consumo, enquanto que a
representação de uma cadeia logística reversa é no sentido contrário,
mesmo que não estejam presentes todos os elementos da cadeia de
suprimentos original.
Razzolini Filho e Berté (2013, p. 68), confirmando esse entendimento, o ampliam por
afirmar que os produtos podem seguir três caminhos distintos dentro de um fluxo
logístico:
25
Figura 2 - Representação Esquemática dos Processos Logísticos Direto e Reverso
Fonte: Lacerda (2002, p. 3)
1. Da fábrica até o armazém ou centro de distribuição;
2. Do centro de distribuição até o autosserviço ou varejo e
3. Do autosserviço ou varejo até o consumidor.
Com as exigências e variáveis que vimos acima, em que a empresa precisa ter ações
consistentes para o tratamento dos produtos além de seu uso pelo consumidor, surge
um quarto fluxo: o fluxo inverso ou da logística reversa.
Para a nossa conceituação de Logística Reversa, precisamos visualizar um ciclo
contrário ao fluxo tradicional de fornecimento. Estamos considerando o retorno dos
produtos (ou partes dele) em direção à fonte de produção. No processo logístico
convencional – pelo menos na abordagem história –, não há uma indicação clara
sobre o fluxo cliente-empresa. Essa abordagem só ganha destaque com o
desenvolvimento do conceito de Logística Reversa.
Isso fica mais claro quando observamos a figura 2:
Considerando essa ideia, desde a concepção do conceito de Logística Reversa, faz-se
referência a este fluxo inverso.
O CLM (Council of Logistics Management, que mais tarde foi rebatizado de Council of
Supply Chain Management Professionals - CSCMP) definiu em 2001 o conceito de
Logística Reversa, ao afirmar que se trata da:
26
parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja,
implementa e controla de forma eficiente e eficaz o fluxo direto e
reverso e o estoque de bens, serviços e informação entre o ponto de
origem e o ponto de consumo com o propósito de atender os
requisitos dos clientes (CLM, 2001 apud SANTOS et al. 2013, p. 233).
Veja nessa definição que se introduz o conceito do retorno (fluxo reverso) até o ponto
de origem.
Rogers e Tibben-Lembke (1999, p. 2 apud LEITE, 2009, p. 16) reforçam esse conceito
do CLM ao definirem Logística Reversa como:
O processo de planejamento, implementação e controle da eficiência
e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo,
produtos acabados e informações correspondentes do ponto de
consumo ao ponto de origem com o propósito de recapturar o valor
ou destinar à apropriada disposição.
Nesse conceito, já se trata da valoração dos materiais retornados, importante
destaque no planejamento da Logística Reversa, que veremos oportunamente.
O mesmo CSCMP, em 2006, retomou o conceito da Logística, agora inserindo a
dinâmica da Logística Reversa, por afirmar que:
Supply Chain Management compreende o planejamento e
gerenciamento de todas as atividades envolvidas com a aquisição,
conversão e o gerenciamento logístico. Inclui principalmente a
coordenação e colaboração com os parceiros dos canais, que podem
ser fornecedores, intermediários, provedores de serviços terceirizados
e clientes. Em essência, o Supply Chain Management integra o
gerenciamento do suprimento e da demanda, internamente e ao
longo da cadeia de suprimentos. Logística empresarial é a parte do
Supply Chain Management que planeja, implementa e controla o
eficiente e efetivo fluxo direto e reverso, a estocagem de bens,
serviços e as informações relacionadas entre o ponto de origem e o
ponto de consumo, no sentido de satisfazer as necessidades do
cliente (CSCMP, 2006 apud LEITE, 2009, p. 17).
27
Figura 3 - Atividades Relacionadas ao Processo de Logística Reversa
Fonte: Chaves et al. (2008, p. 4)
Observe que nesse conceito, coloca-se claramente no fluxo reverso (assim como já
consolidado no fluxo direto) a questão da informação relacionada com o processo,
como insumo para a gestão da logística reversa.
Em 2005, o REVLOG (Grupo de Trabalho Europeu de Logística Reversa) expressou que:
logística reversa é uma área/função bastante ampla que envolve
todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e
materiais como as atividades logísticas de coletar, desmonte e
processo de produtos e/ou materiais e peças usadas a fim de
assegurar uma recuperação sustentável dos mesmos e que não
prejudiquem o meio ambiente (REVLOG, 2005 apud CHAVES et al.
2008, p. 4).
O conceito do REVLOG (2005) é interessante, pois pressupõe atividades específicas da
Logística Reversa, como coleta, desmonte e a recuperação de materiais e peças
usadas.  Essas atividades que buscam recuperar valor são visualizadas na Figura 3:
A própria legislação ambiental brasileira também define Logística Reversa, como
destacado por Robles e La Fuente (2019), ao destacar o trecho da Lei 12305/2010, art.
3º, inciso XII, que explana que a logística reversa é
28
Um instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada (ROBLES; LA FUENTE, 2019, p, 42).
Assim, a própria legislação, conforme veremos em outro momento da nossa
disciplina, já estabelece que a Logística Reversa precisa ser um instrumento adequado
do ponto de vista social, econômico e ambiental.
Rogers e Tibben-Lembke (1998 apud CHAVES et al., 2008, p. 5) elencam atividades
consideradas o núcleo do processo logístico reverso, conforme demonstrado no
Quadro 2:
Quadro 2 - Atividades Comuns na Logística Reversa
Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (1998 apud CHAVES et al. 2008, p. 5)
Material Atividades da Logística Reversa
Produtos
Retornados ao fornecedor 
Revendidos 
Vendidos via Outlet 
Salvados 
Recondicionados 
Renovados 
Remanufaturados 
Recuperação de materiais 
Reciclados 
Aterro sanitário
Embalagem
Reutilização 
Renovação 
Recuperação de materiais 
Reciclagem
29
Sem detalhar, neste momento, as atividades listadas no Quadro acima, é importante
pontuar que, assim como os processos logísticostradicionais que formam canal de
distribuição, no caso da Logística Reversa, há também a constituição de um canal de
distribuição reverso.
Para resgatar a ideia de canal de distribuição, esses
são constituídos pelas diversas etapas pelas quais os bens
produzidos são comercializados até chegar ao consumidor final, seja
uma empresa, seja uma pessoa física. A distribuição física dos bens é
a atividade que realiza a movimentação e disponibiliza esses
produtos ao consumidor final (KOTLER, 1996 apud LEITE, 2009, p. 6).
Pois bem, considerando o sentido contrário, Leite (2009, p. 6) salienta que os canais
de distribuição reversos consideram:  
as formas e os meios em que uma parcela dos produtos com pouco
uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após a extinção
de sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de negócios,
readquirindo valor de diversas naturezas, no mesmo mercado
original, em mercados secundários, por meio de seu
reaproveitamento, de seus componentes ou de seus materiais
constituintes.
Esses Canais de Distribuição Reversos (CDRs) são geralmente classificados
considerando certos aspectos característicos dos bens comercializados.   Na
classificação clássica dos bens em função de sua durabilidade, Razzolini Filho e Berté
(2013) listam dois tipos de produtos, conforme Quadro 3:
30
Quadro 3 - Classificação de Produtos em Função de sua Durabilidade
Fonte: Razzolini Filho e Berté (2013, p. 93)
Classificação Características
Produtos
duráveis
Aqueles que têm sua duração avaliada pela sua vida útil, como
automóveis, fogões, refrigeradores, entre outros, geralmente
medida em anos.
Produtos não
duráveis
Aqueles que são consumidos imediatamente ou em prazos
muito curtos, tais como alimentos.
Após diversos estudos e o desenvolvimento do conceito de logística reversa,
classificaram-se os canais de distribuição reversos em dois tipos:
canais de distribuição reversos de pós-venda e
canais de distribuição reversos de pós-consumo.
Esses diferentes tipos de canais serão tratados posteriormente em nossa disciplina.
31
Você talvez tenha se perguntado: por que não se dá o destaque merecido aos canais
de distribuição reverso da mesma forma como os canais de distribuição tradicionais?
A resposta não poderia ser mais simples: por razões econômicas, ou seja, a
representação monetária dos dois processos. Os canais de distribuição reversos
movimentam valores muito inferiores aos movimentados em canais tradicionais.
Acesse o link: Disponível aqui
Artigos científicos nos ajudam a entender com mais profundidade a
aplicação de conceitos teóricos, como aqueles que estamos considerando
nessa disciplina. Veja no link a seguir um interessante artigo contendo um
estudo de caso sobre redução de custos com aplicação da logística reversa.
32
https://revistas.unicentro.br/index.php/capitalcientifico/article/view/5213/html
04
Custos em Logística 
Reversa – O que Avaliar
Prezado aluno,
Ao considerar os processos logísticos de forma geral, é evidente que custos estão
envolvidos. Um dos temas logísticos mais difíceis de tratar é justamente o de custos
logísticos.
Para lembrá-los da importância da gestão dos custos logísticos, há uma estimativa de
que o custo total da logística nos EUA chegue a impressionantes 10% do PIB
americano (CHRISTOPHER, 2007). Um estudo desenvolvido pelo CEL-COPPEAD apurou
que, em 2004, o custo logístico total no Brasil era da ordem de 12,6% do PIB (LIMA,
2006).
É muito complexo ter esse custo atualizado, uma vez que os processos logísticos
podem ser mais ou menos custosos dependendo da própria demanda por produtos,
condições de infraestrutura, aumento ou redução de importação e exportação, entre
outros motivos. O fato é que, sim, são custos significativos nos processos
organizacionais.
Devido à sua importância, várias fórmulas têm sido oferecidas, buscando
proporcionar métricas para apuração desses custos. Uma das fórmulas é a oferecida
por Faria e Costa (2007), que considera o Custo Logístico total o resultado da seguinte
expressão:
CLT = CAM + CTRA + CE + CMI + CTI + CTRI + CDL + CDNS + CAD
Nesta fórmula,
CAM = Custos de Armazenagem e Movimentação de Materiais
CTRA = Custos de Transporte (incluindo todos os modais ou operações intermodais)
CE = Custos de Embalagens (utilizadas no sistema logístico)
CMI = Custos de Manutenção de Inventários (MO, PP e PA)
CTI = Custos de Tecnologia de Informação
CDL = Custos Decorrentes de Lotes
34
CTRI = Custos Tributários (tributos não recuperáveis)
CDNS = Custos Decorrentes do Nível de Serviço
CAD = Custos da Administração Logística
Pode-se ainda buscar apurar o Custo logístico Total por meio de seus processos, cuja
fórmula de cálculo é:
CLT = CLOGAba + CLOGPla + CLOGDis
Na qual:
CLOGAba = Custos Logísticos do Abastecimento
CLOGPla = Custos Logísticos da Planta
 CLOGDis = Custos Logísticos de Distribuição
Ainda há um modelo mais simplificado adotado por muitos autores:
CLT = CA + CPP + CE + CT
Em que:
CA = Custos de Armazenagem
CPP = Custos de Processamento de Pedidos
CE = Custos de Estocagem
CT = Custos de Transporte
Os estudos que contemplam os custos da logística reversa no Custo Logístico Total
ainda são incipientes. Paulo Roberto Leite, um dos pioneiros na pesquisa da Logística
Reversa no Brasil, oferece a possibilidade de se associar três tipos de custos às
atividades de Logística Reversa:
1. Custos apropriados pela contabilidade: custos diretos, indiretos, fixos e variáveis.
2. Custos relacionados à gestão de operações de diversas naturezas: normalmente
apropriados pelos administradores ou pela controladoria das empresas, tais
como “custos de oportunidade”, custos “ocultos”, entre outros.
3. Custos de imagem corporativa ou de marca (LEITE, 2009, p. 27).
35
Vamos detalhar um pouco mais cada um desses custos.
No caso dos custos apropriados pela contabilidade, somaríamos custos de
transporte, armazenagem, consolidações e de sistemas de informação dos canais
reversos, da mesma forma que fazemos para os canais tradicionais.
Leite (2009) traz a atenção que, devido às operações adicionais que os canais de
distribuição reversos agregam, os custos relacionados tendem a ser maiores. Essas
atividades incluem seleção, separação e redistribuição dos produtos da logística
reversa. O autor destaca que o número de transações logísticas no retorno dos
produtos é de 5 a 10 vezes maior, o que resulta em custos de 3 a 5 vezes mais em
relação ao de envio dos produtos originais ao mercado.
Os custos relacionados à gestão, de forma semelhante aos custos de gestão
logística tradicional, são relacionados aos custos de oportunidade, custos
irrecuperáveis, programas de melhoria, entre outros.
Finalmente, os custos de imagem corporativa ou de marca relacionam-se à
preocupação das empresas em se manterem com sua imagem intocável perante a
comunidade e aos seus consumidores. Especialmente no caso da Logística Reversa a
imagem está relacionada a boas práticas de sustentabilidade empresarial.
36
Figura 1 - Pontos de Recuperação de Valor na Logística Reversa
Fonte: Garcia (2006)
A questão dos custos na Logística Reversa precisa ser avaliada também em outra
perspectiva: a da recuperação de valor, ou seja, o quanto a empresa pode ganhar
com os materiais retornados. A lógica é razoavelmente simples: dependendo do
ponto em que o produto for recapturado, é possível obter maior ganho – ou
recuperação de perdas no caso de garantia – com o item.
Na figura 1, você poderá visualizar como isso ocorre.
Fica bastante claro, na figura 4, como ocorre o ciclo de vida de um produto, desde a
aquisição de matérias-primas, a fase de manufatura, a distribuição, a comercialização
e o retorno (originário do pós-venda ou pós-consumo). Assim, pode-se dizer que o
ciclo de vida do produto tem fim apenas quando do seu descarte final de forma
segura, podendo dentro do ciclo de vida ter sido recuperado, remanufaturado e ter
retornado ao mercado, inteiro ou em partes, ou ainda ter tido suas partes
reaproveitadas ou recicladas (GARCIA,2006).
Considerado dessa forma, uma conclusão lógica que podemos chegar é a de que,
quanto maior for o percentual de retorno e o valor envolvidos do produto, mais
importante será a gestão do ciclo de retorno do produto de modo a capturar o valor
(GARCIA, 2006).
No Quadro 1, temos uma comprovação numérica dos impactos do retorno de
materiais para a indústria.
37
Quadro 1 - Impacto Econômico do Retorno dos Materiais para Indústria
Fonte: Roger e Tibben (1999 apud GARCIA, 2006)
Indústria Percentagem
Revistas 50%
Editoras de livros 20-30%
Distribuidores de livros 10-12%
Catálogos 18-36%
CD-ROMs 18-25%
Impressoras 4-8%
Eletrônicos de consumo 4-5%
Indústrias de revistas e jornais têm um retorno muito grande de produtos, devido à
sua elevada obsolescência e, por conta disso, essas indústrias precisam ter um
processo de Logística Reversa muito bem estruturado. Atualmente há uma tendência
ao desaparecimento de periódicos (revistas e jornais) em papel. Títulos importantes
do mundo editorial agora só existem de forma digital. Até onde essa tendência irá
levar, o tempo dirá.
Para atribuirmos o valor de um produto retornado, precisamos analisar seu processo
de retorno do ponto de vista do tempo e do próprio processo de remanufatura (caso
este produto seja destinado a voltar ao mercado). No esquema do Gráfico 1, mais
adiante, temos uma representação gráfica sobre o impacto no valor do produto das
fases de remanufatura e da variável tempo.
Podemos observar que o valor se deprecia com o tempo. Você deve ter uma noção
clara disso, principalmente se considerarmos produtos de tecnologia, como
computadores, tablets, celulares, entre outros. Se existir uma demora no
reprocessamento desses produtos, quando eles retornarem ao mercado, já não terão
o apelo de produtos de ponta, que é um fator importante de atração de compradores.
38
A cultura do descarte está cada vez mais internalizada na sociedade,
enquanto a cultura de consertar um aparelho quebrado se perdeu muito
com o passar do tempo. Como você se comporta em relação a isso?
Dessa forma, para produtos com essas características (alto valor e rápida
depreciação), o tempo de retorno é fundamental para a recuperação de valor. Dessa
forma, os custos de retorno envolvem os custos de processo da Logística Reversa e a
perda de valor devido ao tempo entre a sua introdução na cadeia reversa e o seu
retorno ao mercado (GARCIA, 2006).
Matematicamente, ficaria assim representado:
Custo de Retorno para produtos pós-venda = Valor de Retorno + Custo LR
– Valor Recuperado
Em que:
Valor de retorno: valor do produto no mercado considerando o efeito de
depreciação no tempo.
Custo LR: custo da Logística Reversa. Envolve todo o processo para torná-lo
disponível ao mercado novamente.
Valor Recuperado: valor que o mercado aceita pagar pelo produto retornado
considerando a depreciação no momento de seu retorno.
Num estudo do Reverse Logistics Executive Concil, foi constatado que o custo de um
OEM (Original Equipment Manufacturer) pode ser reduzido em 35%, considerando que
de 10% a 20% dos computadores ou produtos eletrônicos retornam, e que esses
produtos se depreciam a uma taxa de 3% por semana.
39
Gráfico 1 - Valor de Retorno em Função do Tempo
Fonte: Blackburn et al. (2004)
Outro ponto a considerar é que os atrasos no retorno dos produtos deixam os
clientes insatisfeitos e podem resultar em impactos na participação de mercado das
empresas (GARCIA, 2006).
O gráfico 1 demonstra a questão do impacto do fator tempo na possibilidade de
retorno de valor no processo de Logística Reversa.
Perceba no gráfico 1 que há uma relação direta entre a variável tempo e o valor do
produto retornado para o mercado. Evidentemente, este valor fica muito menor
quanto maior o tempo decorrido da entrada do material no processo logístico, sua
adequação e disponibilização novamente ao mercado.
40
Outro fator importante a ser considerado na composição dos custos da Logística
Reversa é o reaproveitamento do material, ou de parte dele, na forma de
reciclagem. A reciclagem possibilita o ingresso de numerário para as empresas e pode
ser contabilizado como Receita Ambiental, nas Contas de Resultados, Receitas
(Vendas de Resíduos) e na Redução de Custos e Despesas Ambientais (Recuperação
de Resíduos).
Na atuação da Logística Reversa, desde o início do processo de fabricação, já se
estabelecem algumas medidas que visam evitar ou diminuir a quantidade de material
descartável, com ações como: reduzir os resíduos na origem; reutilizar os materiais,
maximizando o nível de rotação e implementar sistemas de recuperação. Os números
podem ser impactantes:
Reciclar uma tonelada de plástico economiza 130 quilos de petróleo;
para uma tonelada de vidro, se gasta 70% menos energia do que
fabricar, e para cada tonelada de papel reciclado, poupa-se 22
árvores, e consome-se 71% menos energia, além de poluir 74%
menos que fabricar o produto (IARIA, 2002 apud GARCIA, 2006, p. 5).
Impressionante, não é?
Há ainda outros fatores a serem considerados. Na questão de custos, o gestor deve
decidir entre a modelagem de logística mais adequada para lidar com diferentes tipos
de material.
Isso mesmo! Dependendo do tipo de material, conforme já vimos, o tempo é um fator
mais importante que outros fatores. Para produtos de menor valor, o custo do
retorno deve ser considerado.
Nesse ponto, podemos citar um trecho do trabalho de Leite 1999 e Felizardo et al.
(1999 apud GARCIA, 2006). Esses autores citam os principais fatores para a realização
de projetos de Cadeia de Distribuição Reversa (Reverse Supply Chain), bem como
fatores que podem modificar a estrutura e organização desses Canais Reversos:
Custos: ainda não bem definidos e de difícil avaliação.
Oferta: de materiais reciclados, permitindo a continuidade industrial necessária.
Qualidade: adequada ao processo industrial e constante para garantir
rendimentos operacionais economicamente competitivos.
Tecnologia: a tecnologia e o teor de determinada matéria-prima podem variar
em função do produto de pós-consumo utilizado, redundando em custos
41
diferentes e orientando o mercado de pós-consumo para aquele que se
apresente mais conveniente.
Logística: a característica logística das matérias de pós-consumo, em particular
a transportabilidade, revela-se de enorme importância na estruturação e
eficiência dos canais reversos.
Mercado: é necessário que haja quantitativa e qualitativamente mercado para
os produtos fabricados com materiais reciclados.
Ecologia: novos comportamentos passam a exigir novas posições estratégicas
das empresas sobre o impacto de seus produtos e processos industriais.
Governo: legislação, subsídios que afetam o interesse da área dos materiais
reciclados.
Responsabilidade Social: valorização social e possibilidade de produção e
consumo de produtos ecologicamente corretos.
Na questão do valor dos produtos que têm origem na Logística Reversa, um conceito
com o qual você vai se deparar é o de – MVT (Marginal Value of Time for Returns, ou,
traduzido em português: Valor Marginal do Tempo de Retorno). Esse conceito é
trazido por Blackburn (2004), que destaca que, como grande parte da perda
recuperável de ativos no fluxo de retorno é devido a atrasos no processamento, os
administradores devem ser sensíveis ao valor do tempo de retorno de produtos e
usá-lo como uma ferramenta para (re)desenho da cadeia de suprimentos reversa
para recuperação de ativos.
Então, uma simples, mas eficaz métrica para medir o custo da demora é o valor
marginal do produto no tempo, ou seja, a perda de valor por unidade de tempo de
espera para a conclusão do processo de recuperação.
Voltando à questão da modelagem logística, basicamente há duas alternativas
apresentadas, conforme Garcia (2005):
1. Cadeia Eficiente – cadeia desenhada para entregar o produto a baixo custo.
2. Cadeia responsiva (Ágil) – cadeia desenhada para dar velocidade de resposta.
Blackburn (2004) sugere a seguinte matriz de decisão para a modelagem logística:
42
Figura 2 - Matriz de DecisãoFonte: Blackburn et al. (2004)
Também devemos considerar que um produto não pode entrar no processo de
logística reversa sem uma prévia inspeção. Agora, imagine que existem muitos
produtos a serem inspecionados. Forma-se, naturalmente, uma fila para inspeção,
para teste até a destinação final que se dará ao material, conforme a figura 3
demonstra:
43
Figura 3 - Destinação Final aos Materiais da Logística Reversa
Fonte: Blackburn (2004)
Percebeu, na figura, o tempo decorrido da chegada do material até a entrada na
inspeção? Inacreditáveis 100 dias. Dependendo do tipo de material, esse tempo pode
determinar o grau de retorno que a empresa terá na volta do material ao mercado ou
partes dele ao processo produtivo.
Podemos colocar o que aconteceu na figura em forma de equação matemática:
TDD = (TPL + TINSP)
Em que:
TDD: Tempo de tomada decisão da destinação.
TPL: Tempo dos produtos no funil de retorno (pipeline) até a chegada da inspeção.
TINSP: Tempo na fila de inspeção + Tempo dos testes.
44
Assim, no exemplo, temos:
TPL = 2 meses (ou 60 dias).
TINSP = 40 dias.
Então, pela fórmula: TDD = (60 + 40).
TDD = 100 dias.
Não é tão complicado, não é mesmo?
Na figura 4, em um exemplo hipotético proposto por Blackburn (2004), podemos
perceber as perdas no processo de logística reversa, considerando um fluxo de 1000
unidades monetárias. Você pode notar que alguns materiais e produtos podem voltar
como novos ao mercado (algo em torno de 20%). Existe uma perda aceita de
aproximadamente 45%.
Note também que sempre há alguma forma de retorno, seja qual destino for dado ao
produto/material retornado. O funil serve para representar o fator tempo, que é
muito importante no processo, como você já viu. Quanto maior o tempo (ou seja,
mais próximo do final do funil), o valor é menor, podendo ser igual a zero, quando o
produto/material for transformado em sucata sem destinação determinada.
O impacto disso no canal reverso pode ser visualizado na figura 4, que demonstra o
fluxo reverso com as possíveis recuperações de valor. Veja um detalhe interessante
na figura, que está em seu formato, dando a noção clara de afunilamento, ou seja,
quando mais próximo do final do fluxo, menos é possível recuperar.
45
Figura 4 - Funil de Retorno dos Materiais no Fluxo Reverso
Fonte: Blackburn (2004)
Essa figura ilustra bem que, se compararmos um produto retornado em relação ao
valor produto novo, há uma perda no valor do ativo de mais de 45% e somente 20%
pode retornar como produtos novos. Porém, considerando que se não houver
nenhuma ação gerencial sobre o retorno dos itens na cadeia reversa o prejuízo é
total, há que se considerar que a empresa recupera valor, ou seja, tem entrada de
recursos em seu caixa pelo tratamento correto de produtos retornados.
Acesse o link: Disponível aqui
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o principal responsável
pelas políticas ambientais no país. No portal do MMA encontramos algumas
informações muito úteis sobre Logística Reversa.
Por fim, é interessante observar alguns apontamentos quanto aos custos da Logística
Reversa que são destacados por Leite (2014, p.66) quando afirma que:
46
https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/logistica-reversa
Embora os custos de reaproveitamento, realizados com escala,
qualidade e com processos adequados sejam compensadores de
uma forma geral, os custos de Logística Reversa propriamente dita,
ou seja, os custos operacionais de coleta, transporte, manuseio etc.
são por natureza altos, quando comparados com a logística direta.
Neste sentido, embora se saiba que alguns dos desafios acima
mencionados sejam de longo prazo, algumas oportunidades existem,
como por exemplo:
• Adequação dos projetos dos produtos às necessidades de
reaproveitamento reduzindo os custos envolvidos. Isto envolve
uniformização de materiais, redução de soldas e ligações
permanentes, identificação das partes, uso dos conceitos de
rastreabilidade etc.
• Organização eficiente da rede de atividades da Logística Reversa:
formas de coleta, transportes, localização destas atividades,
processamentos intermediários etc.
• Aumento das escalas de atividades em todas as áreas das cadeias
reversas de pós-consumo propiciando melhores tecnologias,
consistência e qualidade nas atividades.
• Implantação tecnologias de tratamento de resíduos sólidos com
alto desempenho para escalas maiores.
• Destinação de recursos adequados para capacitação de mão de
obra qualificada e recursos em equipamentos.  
• Adequação de soluções e incentivos governamentais para áreas
industriais e comerciais que estejam envolvidas com a execução de
programas de Logística Reversa. Este aspecto é de vital importância
na medida em que, além das conhecidas tributações redundantes
que oneram muito os produtos reaproveitados e o seu uso posterior,
seriam necessários incentivos em forma de financiamentos para
melhorias tecnológicas, condições especiais de transporte, entre
outras providencias e inovações necessárias a esta área, que poderá
gerar um PIB de economia reversa considerável, além de apreciável
quantidade de empregos.
Então, prezado aluno, fica muito claro, dessa forma, que o gerenciamento dos custos
da logística reversa está implícito no planejamento das ações dos gestores
organizacionais.
47
48
05
A Classificação dos Bens de 
Pós-Consumo e os Canais de 
Distribuição Reversos de Pós-
Consumo – CDR PC
Olá a todos!
Ao iniciar a consideração dos CDR PC (Canais de Distribuição Reverso de Pós-
Consumo), gostaria de trazer novamente à sua atenção que as empresas formatam
seus canais de distribuição por razões objetivas, que são elencadas por ordem de
importância em:
Aumentar a competitividade;
“Limpar” o canal através da redução de estoques parados;
Respeitar legislações existentes;
Revalorização econômica; e
Recuperar valor de ativos (ROGERS; TIBBEN-LEMBCKE, 1998 apud
RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013, p. 80).
Note que, dos motivos listados acima, a maior parte se relaciona aos aspectos
econômicos – ou pelo aumento da receita ou pela recuperação de valor. No caso da
revalorização econômica, isto se dá quando o bem retornado no processo de logística
reversa pode ser destinado a canais reversos alternativos, dessa forma, gerando
valores chamados de “residuais” que podem ser importantes para a companhia.
Isso acontece em virtude de que, apesar de sempre imaginarmos a logística reversa
como um movimento a montante na cadeia de suprimentos, ou seja, como um
movimento contrário ao fornecimento, nem sempre é assim que ocorre na prática.
Por vezes, o bem retornado pode, de fato, ser inserido novamente de alguma forma
no processo produtivo, por exemplo, tornando-se novamente uma matéria-prima no
processo na própria empresa. Nem sempre isso é possível, porém, ainda pode gerar
receitas pela venda a outras empresas que poderiam absorver o material como
matéria-prima ou componente de seus processos.
Outra pontuação importante é que, quando se fala de logística de pós-consumo,
evidentemente trataremos de materiais que são, na maioria das vezes, descartados
como lixo. Para nós, o que é considerado lixo, pode ter potencial econômico. Então,
elevaremos esses materiais do nível de lixo para o nível de resíduos. Não é apenas
uma mudança semântica. Trata-se de uma alteração da visão gerencial. Só
chamaremos de lixo o que de fato não puder ser aproveitado de alguma maneira em
processos produtivos.
50
Vimos anteriormente que uma classificação possível para produtos é quanto à sua
durabilidade. Vimos também a questão do ciclo de vida para os produtos. Ou seja, um
produto, mesmo durável, em certo momento, cumpre o seu propósito, ou por tornar-
se inútil para o seu usuário (lembra-se do 3 em 1?), ou por, após o período de
garantia, apresentar um defeito cujo conserto não compense o gasto. Somando-se a
esse tipo de produto, temos ainda as embalagens, nas quais os produtos foram
acondicionados, e os resíduos industriais provenientes dos processos produtivos.
Temos, então, o cenário paraa atuação de um canal de distribuição reverso de pós-
consumo. Para fins de conceituação, usaremos a definição de Leite (2017, p. 100), que
assim classifica os canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo:
Constituem-se nas diversas etapas de comercialização e
industrialização pelas quais fluem os resíduos industriais e os
diferentes tipos de utilidade ou seus materiais constituintes, até sua
reintegração ao processo produtivo, por meio de subsistemas de
reuso, remanufatura ou reciclagem.
Há uma similaridade global com respeito à estrutura básica dos canais reversos,
apesar de algumas especificidades em alguns países devido às legislações distintas e
diferentes fontes de resíduos de pós consumo (LEITE, 2017). Para que você tenha
noção da constituição dos bens de pós-consumo, te recomendo visitar a área
destinada ao lixo urbano de sua cidade. Será uma experiência muito rica, pois você
terá um verdadeiro laboratório diante de você. Trataremos do assunto legal
relacionado ao lixo urbano e ao descarte na Unidade IV.
Algumas constatações, no entanto, podemos fazer desde já. A ABRELPE - Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais traz alguns dados
preocupantes no seu relatório sobre os RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), do período
de 2018/2019:
51
Os dados revelam que, em 2018, foram geradas no Brasil 79
milhões de toneladas, um aumento de pouco menos de 1% em
relação ao ano anterior. Desse montante, 92% (72,7 milhões) foi
coletado. Por um lado, isso significa uma alta de 1,66% em
comparação a 2017: ou seja, a coleta aumentou num ritmo um
pouco maior que a geração. Por outro, evidencia que 6,3 milhões de
toneladas de resíduos não foram recolhidas junto aos locais de
geração.
A destinação adequada em aterros sanitários recebeu 59,5% dos
resíduos sólidos urbanos coletados: 43,3 milhões de toneladas, um
pequeno avanço em relação ao cenário do ano anterior.
O restante (40,5%) foi despejado em locais inadequados por
3.001 municípios. Ou seja, 29,5 milhões de toneladas de RSU
acabaram indo para lixões ou aterros controlados, que não contam
com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a
saúde das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações.
A situação da coleta dos resíduos sólidos urbanos também é bastante irregular no
Brasil, se considerarmos suas regiões. Veja, na Figura 1, como se apresenta a
realidade desse serviço público:
52
Figura 1 - Panorama da Coleta de Rsu no Brasil por Regiões
Fonte: ABRELPE (2019, p. 13)
Há, sem dúvida, um longo caminho a percorrer. Trataremos disso mais adiante na
nossa disciplina. O fato é que todos os materiais que são classificados como bens de
pós-consumo (duráveis, semiduráveis, descartáveis e resíduos industriais) podem ser
descartados ou disponibilizados pelos consumidores e, dessa forma, dar início aos
processos no canal de distribuição reverso de bens de pós-consumo.
Alguns fluxos possíveis, após esse ingresso do item na cadeia reversa, estão ilustrados
na Figura 2:
53
Figura 1 - Canais de Distribuição de Pós-Consumo Direto e Reverso
Fonte: Leite (2017, p. 102)
Leite (2017) classifica os canais de distribuição reversos em dois tipos:
1. Canais de distribuição reversos de ciclo aberto;
2. Canais de distribuição reversos de ciclo fechado.
Veja no Quadro 1 as principais características de cada tipo de canal reverso.
54
Figura 3 - Exemplos de Ciclo Reverso Aberto
Fonte: Leite (2017, p. 89)
Quadro 1 - Características dos Canais Reversos de Ciclo Aberto e Fechado
Fonte: baseado em Leite (2017)
Tipo Características Exemplos de materiais
Ciclo
aberto
Foco na matéria-prima.
Substituem matérias-primas
novas na fabricação de
diferentes produtos.
Metais (ferro, alumínio, cobre
etc.), plásticos (polímeros como
polietilenos, polipropilenos, etc.),
vidros, papéis.
Ciclo
fechado
Foco no produto. Os materiais
constituintes são extraídos para
fabricação de um produto
similar ao de origem.
Latas de alumínio, baterias de
automóveis, óleos lubrificantes.
Na Figura 3, temos exemplificado o ciclo reverso aberto:
No caso dos canais reversos de ciclo fechado, o Quadro 2 demonstra a lógica deste
processo.
55
Quadro 2 - Canais Reversos de Ciclo Fechado
Fonte: Leite (2017, p. 90)
Produto de origem de pós-
consumo
Principais materiais
extraídos
Novo produto
Óleos lubrificantes usados
Eliminação de impurezas e
acréscimo de aditivos
Óleos
lubrificantes
novos
Baterias de veículos
descartadas
Plástico e extração do
chumbo
Baterias de
veículos novos
Latas de alumínio de
embalagens descartáveis
Extração da liga de alumínio
Latas de
alumínio novas
Uma pontuação relevante que Leite (2017) faz é em relação ao equilíbrio entre o fluxo
direto e o fluxo reverso. Entendemos que o fluxo direto é aquele em direção ao
mercado, enquanto o fluxo reverso é o retorno do bem após seu ciclo de vida. Nessa
lógica, o autor destaca que há um equilíbrio quando o fluxo direto é igual ao fluxo
reverso. Podemos visualizar essa relação na Figura 4, a seguir:
56
Figura 4 - Relação entre o Fluxo Direto e o Fluxo Reverso
Fonte: Leite (2017, p. 85)
Conforme demonstrado na Figura, a balança mostraria um equilíbrio se o fluxo
reverso fosse igual ao fluxo reverso. Esse seria o melhor dos mundos, significando
que os materiais de pós-consumo estariam integralmente sendo reaproveitados em
novos processos produtivos. Outra situação possível é o fluxo direto ser maior que o
ciclo reverso. Neste caso de desequilíbrio, há a formação de depósitos (nem sempre
adequados) de sucatas e resíduos, ocasionando muitas vezes poluição.
Conheça mais clicando no link: Disponível aqui
A cadeia de recuperação de embalagens PET tornou-se robusta no Brasil nos
últimos anos. O retorno das embalagens possibilitou a alimentação de
processos produtivos importantes, como a indústria têxtil. Cerca de 1/3 do
faturamento da indústria de PET no Brasil advém do retorno de materiais.
57
http://goo.gl/WPI1yT
Como os países desenvolvidos têm uma taxa de substituição de produtos maior, em
decorrência do maior poder aquisitivo, sua produção de produtos em descarte tende
também a ser maior. A recuperação econômica dos produtos para os canais de
logística reversa de pós-consumo não dá conta de todo o material produzido, gerando
um movimento de troca internacional de materiais secundários entre países (LEITE,
2017).
A forma como esse movimento é feito é duramente criticada pelos movimentos
ambientalistas. O argumento desses movimentos é o de que os países mais ricos
“livram-se” de seus entulhos, transferindo esses materiais para países periféricos
(países pobres) que não conseguem fazer o aproveitamento adequado desses
materiais, acumulando-os em montanhas e montanhas de sucata e lixo eletrônico.
De qualquer forma, precisamos encarar a situação pelo que de fato é: um desafio aos
gestores logísticos que precisa de alguma maneira ser enfrentado. Por conta disso, a
partir de agora, analisaremos com atenção a questão da descartabilidade na Logística
Reversa.
58
06
A Descartabilidade na Logística 
Reversa e a Disposição de Bens de 
Pós-Consumo
Como dito no tópico anterior, vários itens, os quais podemos classificar como bens de
pós-consumo, são simplesmente descartados, nem sempre de forma correta. Preste
atenção aos itens que são descartados.
Com a evolução tecnológica cada vez mais rápida e a filosofia da obsolescência
programada – estratégia de lançamento de produtos com obsolescência conhecida
antecipadamente, porque outro produto já está programado para ser lançado e
substituirá o anterior - adotada por um número cada vez maior de empresas, os
produtos deixam de ser úteis aos clientes com velocidade espantosa. Um bem
durável, como um aparelho de TV, por exemplo, que na época de nossos pais era
quase para vida toda, é rapidamente substituído por modelos mais modernos e com
mais funcionalidades. A cultura do conserto de aparelhos eletroeletrônicos está se
desfazendo. Como resultado, é muito comum encontrarmos esse tipo de aparelhos
abandonadosem caçambas de lixo ou em lixões a céu aberto. 
A ONU – Organização das Nações Unidas – tem sede em Nova York (EUA), e é
composta de 193 países-membros. Em sua composição, diversos programas
são patrocinados e gerenciados pela ONU. Entre eles o PNUMA – Programa
das Nações Unidas para o Meio-Ambiente.
Traçando um panorama do chamado lixo eletrônico no Brasil e no mundo, os
números são assustadores. Estudos de Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), mostram que a China e os Estados Unidos são os 2 maiores
produtores de lixo eletrônico no mundo. O mundo todo produziu 53,6 milhões de
toneladas de lixo eletrônico em 2019 e esses 2 países foram responsáveis,
respectivamente, por 10,1 milhões de toneladas e 6,9 milhões de toneladas. Ainda de
acordo com esse relatório,
60
[...] o mundo gerou 53,6 mega toneladas de lixo eletrônico, uma
média de 7,3 kg por pessoa. O total do lixo eletrônico gerado
aumentou 9,2 milhões de toneladas desde 2014 e deve crescer para
74,7 milhões de toneladas em 2030. Esse crescimento corresponde a
quase o dobro em 16 anos (Fonte:
<https://news.un.org/pt/story/2020/07/1719142> - Acesso em
05.08.2020).
Esse crescimento é preocupante. A grande incógnita é justamente o retorno desses
itens aos processos reversos, se há algum tipo de aproveitamento a ser aplicado a
esses materiais. Veremos algumas possibilidades nesse sentido mais adiante em
nossa disciplina.
Para as empresas, esse retorno não deve ser tratado com amadorismo. Tanto é assim
que no desenvolvimento dos processos de Logística Reversa instaurou-se um
mecanismo de gestão em relação aos produtos retornados. Trata-se do Product
Recovery Management (PRM) ou, traduzido, Administração da Recuperação de
Produtos. Mas o que é PRM?
De acordo com Daher et al. (2006, p. 59), PRM pode ser definido como “o
gerenciamento de todos os produtos, componentes e materiais usados e descartados
pelos quais uma empresa fabricante é responsável legalmente, contratualmente ou
por qualquer outra maneira”.
É importante frisar que o PRM lida com diversos problemas administrativos, entre os
quais está a Logística Reversa. Na Tabela 1, você vai conhecer as 6 (seis) áreas
principais da PRM:
61
https://news.un.org/pt/story/2020/07/1719142
Tabela 1 - Abrangência das Áreas do PRM
Fonte: baseada em Daher et al. (2006)
ÁREA ABRANGÊNCIA
Tecnologia
Desenho do produto, tecnologia de recuperação,
adaptação de processos primários.
Marketing
Criação de boas condições de mercado para quem está
descartando o produto e para os mercados secundários.
Informação
Previsão de oferta e demanda e adaptação dos sistemas
de informação nas empresas.
Organização
Distribuição de tarefas aos vários membros da organização
de acordo com sua posição na cadeia de suprimentos e
estratégia de negócios.
Finanças
Financiamento das atividades da cadeia e avaliação dos
fluxos de retorno.
Logística Reversa e
Administração de
Operações
Definição de fluxos independentes para a Logística
Reversa. 
Integração ao SCM (Supply Chain Management).
Qual seria o foco principal da PRM? Parece claro, mas convém destacar que o foco
principal está na recuperação de valor econômico e ecológico dos produtos,
componentes e materiais, o máximo possível.
62
Acesse o link: Disponível aqui
Um dos maiores motivadores para qualquer negócio é a possibilidade de
gerar receita (ganhar dinheiro!) com a atividade. É possível ganhar dinheiro
com Logística Reversa? Leia o artigo do prof. Paulo Roberto Leite.
Esta é a proposta de Krikke (1998, p. 33-35 apud DAHER et al., 2006) que ainda
estabelece quatro níveis em que os materiais e produtos retornados podem ser
recuperados: nível de produto, módulo, partes e material. Considerando esses níveis,
a reciclagem é a recuperação ao nível de material, sendo este considerado o nível
mais baixo.
Seguindo esta linha de raciocínio, Krikke (1998 apud DAHER et al., 2006) descreve o
seguinte esquema para recuperação de materiais, conforme Quadro 3:
63
https://www.clrb-log-reversa.com/single-post/2019/05/16/COMO-GANHAR-DINHEIRO-COM-A-LOG%C3%8DSTICA-REVERSA-1%C2%AA-parte
Quadro 3 - Opções de PRM Aplicadas aos Materiais Recuperados
Fonte: Krikke (1998, p. 35 apud DAHER et al., 2006, p. 3).
Opções de
PRM
Nível de
desmontagem
Exigências de
qualidade
Produto resultante
Reparo Produto
Restaurar o
produto para
pleno
funcionamento.
Algumas partes
reparadas ou
substituídas.
Renovação Módulo
Inspecionar e
atualizar
módulos
críticos.
Alguns módulos
reparados ou
substituídos.
Remanufatura Parte
Inspecionar
todos os
módulos/partes
e atualizar.
Módulos/partes usadas
e novos em novo
produto.
Canibalização
Recuperação
seletiva de
partes
Dependência do
uso em outras
opções de PRM.
Algumas partes
reutilizadas, outras
descartadas ou para
reciclagem.
Reciclagem Material
Dependo do uso
em
remanufatura.
Materiais utilizados em
novos produtos.
Conforme destacam Razzolini Filho e Berté (2013), há ganhos significativos no
gerenciamento da Cadeia de Suprimentos com a adoção das estratégias do PRM,
entre as quais citam:
Práticas de comércio colaborativo, possibilitando aumento de vendas;
Melhor gerenciamento dos canais diretos e reversos;
64
Figura 5 - Sistema de Gerenciamento de Recuperação de Produtos
Fonte: BERNARDO; SOUZA; DEMAJOROVIC (2020, p. 250)
Relacionamentos de confiança entre os membros do canal, pela melhoria dos
processos de comunicação;
Aumento da rentabilidade pela recuperação de valor econômico;
Ganhos de imagem pela recuperação de valor ecológico. 
(RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013, p. 99)
Perceba que são estratégias bastante claras e distintas, a depender do tipo de
material a receber o tratamento na logística reversa, visando recuperar valor
econômico no processo.
Você talvez tenha se dado conta, ao analisar a Tabela 1 que, por abranger várias áreas
que impactam no resultado econômico final do processo de retorno de materiais, não
é possível que essa gestão seja feita sem um sistema gerenciamento informatizado. É
o que chamamos de PRMS (sigla em inglês para Sistema de Gerenciamento de
Recuperação de Produtos). Na figura 5 você pode visualizar como esse sistema é
constituído:
Perceba que o PRMS integra informações provenientes de diversas fontes, em uma
infraestrutura de informações que baliza a tomada de decisões, de acordo com o ciclo
de vida do produto retornado. Sugere-se, inclusive, o uso de tags (etiquetas)
65
eletrônicas para leitura por equipamento de RFID (Radio Frequency Identification, ou,
traduzido, Identificação por Rádio Frequência). Conforme Bernardo, Souza e
Demajorovic (2020, p. 251) destacam:
O uso de tecnologia RFID, para fazer o acompanhamento, começa
definindo em qual estágio do ciclo de vida se encontra o produto, se
está em Beginning of Life (BOL) – Começo da vida do produto, Middle
of Life (MOL) – Meia-vida do ciclo, ou End of Life (EOL) – Fim de vida
do produto. Essa definição sobre o ciclo de vida do produto
possibilita selecionar sua destinação entre as alternativas de reúso,
remanufatura ou reciclagem. Se um produto está no BOL,
provavelmente pode ser encaminhado ao reúso, bastando que seja
consertado. Se está no MOL, a destinação provável é a remanufatura,
e, em EOL, seria destinado a reciclagem.
Veja que a decisão sobre destinação tem a ver com o estado do produto, o seu ciclo
de vida, porém, de toda forma, algum valor econômico é recuperado, cumprindo
assim a função principal da Logística Reversa.
66
07
Objetivos Econômicos da 
Logística de Pós-Consumo
Quando abordamos a questão dos objetivos econômicos da logística de pós-
consumo, é sempre bom retomarmos também a abordagem das condições para que
um canal reverso possa ser viável. Muitas vezes a questão econômica deverá ser
tratada unicamente pelo seu aspecto legal, de possibilidades de sanções se não
implementado o canal reverso. Neste caso, não há nenhuma recuperação de valor no
processo, porém, o simples fato de não ser imputadas multas à organização já se
consideraria um ganho financeiro.
A produção de materiaisque serão descartados parece natural nos atuais
processos de produção. E se fosse possível pensar no reaproveitamento dos
materiais desde o momento da concepção/projeto do produto?
Porém, ampliando o nosso campo de visão, o desejável seria que, além de evitar
aplicações de sanções legais, também houvesse ganhos financeiros oriundos dos
próprios itens de pós-consumo. Leite (2017) desenvolveu um modelo relacional em
que apresenta as condições para que um fluxo reverso de materiais de pós-consumo
se estabeleça. Vela isso na figura 6:
68
Figura 6 - Condições para o Fluxo Reverso de Pós-Consumo
Fonte: Leite (2017, p. 132)
Observe que diversos fatores afetam o estabelecimento dos fluxos reversos, inclusive
aspectos ecológicos e legais que abordaremos mais à frente em nossa disciplina.
Mas algo que chama à atenção na Figura 6 é a questão da remuneração dos
participantes do fluxo reverso. Esse talvez seja um dos maiores desafios, pois garantir
que esses atores sejam pagos por sua atividade não é um processo simples,
especialmente se considerarmos os diversos tipos de materiais que podem ser
inseridos em um fluxo reverso.
No caso de matérias-primas, a indústria tem a possibilidade de utilizar-se de duas
origens:
1. Matérias-primas primárias: aquelas extraídas diretamente da fonte (muitas
vezes a própria natureza).
2. Matérias-primas secundárias: aquelas obtidas por meio de processos de logística
reversa.
A opção mais lógica do ponto de vista econômico, sem dúvida, é utilizar-se daquela
que apresenta menor custo de aquisição. A matéria-prima secundária será uma opção
interessante caso haja escala de fornecimento, ou seja, garantia de que o
69
fornecimento não será interrompido e que os custos compensem sua adoção em
substituição à matéria-prima nova. A questão da escassez da matéria-prima nova
também é um fator relevante em muitos processos.
No caso específico da remuneração dos participantes da cadeia reversa, Leite (2017,
p. 150) destaca que:
Tratando-se de uma cadeia de distribuição no sentido reverso,
constituída pela coleta de pós-consumo, pelos processamentos
diversos de consolidação e separação, pela reciclagem ou
remanufatura industrial, pela reintegração ao ciclo produtivo ou de
negócios por meio de um produto aceito pelo mercado, torna-se
necessário que esses objetivos econômicos sejam obtidos em todas as
etapas reversas para a existência do fluxo reverso. A falta de ganho
em um ou em alguns dos elos da cadeia reversa provocará
interrupção ou simplesmente não haverá fluxo reverso, resultando
em desequilíbrios entre os fluxos diretos e reversos e suas
consequências, já examinadas.
Perceba a importância da remuneração dos participantes do canal reverso, sob pena
de inviabilizar o processo. Considerando o fator remuneração, é uma conclusão lógica
que os materiais que proporcionem maior retorno financeiro aos membros do canal
reverso sejam os preferidos e que, dependendo dos participantes do canal
(cooperativas de catadores, catadores individuais, empresas de reciclagem etc.), se
estabelecerá uma concorrência pela obtenção desses materiais. Também contribuirá
para esse interesse maior a facilidade de obtenção e extração dos materiais a serem
retornados ao canal.
70
Veja a destinação correta dos medicamentos descartados em:
Disponível aqui
Um drama em muitas famílias é sobre o que fazer com os medicamentos
que sobram nas cartelas. É muito comum descartar no lixo doméstico ou
jogar no vaso sanitário. Será que esses são os melhores destinos?
Sobre isso, Leite (2017) destaca que as condições de mercado favoreceram o
desenvolvimento expressivo de canais de certos materiais cuja demanda e
remuneração são relevantes no mundo todo. É o caso dos metais ferrosos e não
ferrosos, papéis, sobras de gorduras de restaurantes, entre outros. Nesses casos
citados, foi quase exclusivamente a possibilidade de ganhos financeiros aos
participantes do canal que incentivou o estabelecimento do fluxo reverso e não
necessariamente uma exigência legal ou ambiental.
Sobre isso, Henion (1995 apud LEITE, 2017, p. 170) afirma que
mantendo constantes os demais fatores, a demanda por reciclados é
função dos preços de mercado [...] Historicamente, o desempenho
dos sistemas de canais reversos para pós-consumo recicláveis tem
sido impedido pelos altos custos, pobres lucros projetados.
A precificação de um material de pós-consumo até chegar à etapa final de inserção no
ciclo produtivo segue uma lógica bem clara e aplicável a quase todos os itens, com
exceção de algum material que possua alguma especificidade. Essa lógica pode ser
visualizada na Figura 7 a seguir:
71
http://www.descarteconsciente.com.br/
Figura 7 - Formação de Preços de Materiais Recuperados de Pós-Consumo
Fonte: o autor, baseado em Leite (2017)
Quanto maior o nível de aproveitamento do material coletado, maiores serão os
benefícios, tanto em relação à remuneração dos agentes participantes do canal
reverso, como para a indústria que aproveitará os itens para constituição de outras
matérias-primas ou para transformação em outros produtos.
Acesse o link: Disponível aqui
Logística Verde Versus Logística Reversa
Uma expressão que você talvez se depare nos seus estudos sobre logística e
sustentabilidade é a de Logística Verde. Há um questionamento sobre o
quão perto esse conceito se aproxima da Logística Reversa.
Para entender melhor sobre Logística Verde, recomendo a leitura de um
interessante artigo sobre o tema: Reflexões sobre a logística verde na
redução dos impactos ambientais.
72
http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/TECCEN/article/view/1262
08
Canais de Distribuição 
Reversos de Pós-Venda – 
CDR PV
Ao tratarmos do tópico de canais de distribuição reversos de pós-venda, faz-se
necessário que entendamos ou relembremos alguns fundamentos da importância da
logística para a competitividade empresarial na atualidade.
Você talvez já tenha ouvido ou lido muitas vezes sobre a necessidade de diferenciar-se
por oferecer um nível superior de serviços aos clientes. Entre os fatores que
compõem esse nível de serviço superior, sem dúvida, estão fatores como a rapidez e
confiabilidade na entrega, políticas de flexibilidade, oferta de assistência técnica, entre
outros.
Quando se pensa em flexibilidade, entende-se que as necessidades e preferências do
cliente podem mudar e essas mudanças devem ser acompanhadas pelos
fornecedores, adaptando-se a essas novas circunstâncias. Pode ser preciso alterar o
prazo de entrega, local onde os produtos deverão ser disponibilizados,
fracionamentos exclusivos de cargas, e outras tantas demandas que podem surgir.
Pense, por exemplo, em uma rede de lojas de varejo que compra grandes
quantidades de um produto eletrônico de um determinado fabricante. Para ambos, é
importante que essa parceria seja sólida e ao mesmo tempo flexível, ou melhor, é
preciso que a indústria tenha esse canal de distribuição de seus produtos
funcionando de forma saudável, oferecendo seus produtos aos clientes finais e
alimentando a indústria de informações quanto à demanda, preferências de clientes,
anunciando os produtos em mídias diversas, demonstrando os atributos dos seus
produtos de forma correta.
Para a rede de varejo, é importante ter o produto para venda na sua rede de lojas, a
um preço competitivo, parcerias em investimentos em mídia, treinamento de sua
força de vendas pela indústria, e uma flexibilidade de entregas para atender
demandas não previstas. Completa-se a expectativa da rede quando a indústria
oferece uma rede de assistência técnica aos clientes, um SAC (Serviço de Atendimento
ao Cliente), para sanar dúvidas sobre operação dos produtos, recebe produtos
devolvidos pelos clientes que se arrependem da compra dentro do prazo legal ou
mesmo por grande interesse comercial.
Embora cada vez mais raros, há casos em que os despachos da indústria para os
distribuidores são efetuados de forma incorreta, quanto às especificações do pedido
em termos de quantidade, modelos, cores e outros atributos que podemnão ser
aceitos pelo revendedor. Neste caso, espera-se que não haja dificuldade em retornar
74
esses produtos novamente à indústria. Estabelece-se, assim, um fluxo reverso de
produtos de pouco ou nenhum uso, em bom estado ou com defeitos de fabricação,
que forma o que se entende por logística reversa de pós-venda.
Para Leite (2017, p. 276), podemos entender logística reversa de pós-venda como
A área específica de atuação da logística reversa que se ocupa do
planejamento, da operação e do controle do fluxo físico e das
informações logísticas correspondentes de bens de pós-venda, sem
uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam pelos
elos da cadeia de distribuição direta. [...] os produtos denominados
de pós-venda em seu retorno entrarão nos canais reversos pelos
canais diretos, mas poderão ser dirigidos para canais de pós-
consumo após selecionados os seus destinos. Seu objetivo estratégico
é agregar valor a um produto logístico devolvido por razões
comerciais, erros no processamento de pedidos, garantia dada pelo
fabricante, defeitos ou falhas de funcionamento do produto, avarias
no transporte, entre outros. Esse fluxo de retorno se estabelecerá
entre os diversos elos da cadeia de distribuição direta, dependendo
do objetivo estratégico ou do motivo do retorno.
Por essa explicação, fica claro para nós que o objetivo é proporcionar condições de
fidelização aos clientes, abrindo a possibilidade de retorno dos produtos à cadeia
logística, em quaisquer dos pontos disponíveis de contato. Pode ser que os produtos
retornados não cheguem até o ponto de voltarem fisicamente ao ponto de origem.
Muitas situações preveem um tratamento por outras vias, como até direcionar esses
produtos para outros aproveitamentos, que podem ser inclusive em canais de pós-
consumo, diretamente pelos membros diretos da cadeia ou por terceirizados, não
importa. O importante é que o tratamento seja eficiente e eficaz, proporcionando
satisfação aos clientes, sejam pessoas físicas ou corporativas.
Complementando o conceito de logística reversa de pós-venda, Robles e La Fuente
(2019, p. 105-106), informam que,
75
A logística reversa de pós-venda busca agregar valor a produtos
devolvidos pelos consumidores. Por agregar valor entendemos o
processo de valorização do produto descartado, que passa a ter
valor comercial, mesmo que não na forma original de
comercialização. São exemplos: devolução de produtos com defeitos,
devolução de produtos após comunicações de venda irreais ou em
razão de redação pouco clara dos manuais de funcionamento. Além
desses casos, há os bens comercializados em consignação, o retorno
de pontas de estoque (sobras de estação, introdução de novos
modelos) para comercialização de produtos novos.
Veja que, tanto no caso da logística reversa de pós-consumo quanto na logística
reversa de pós-venda, tem-se como objetivo retornar valor à cadeia de suprimentos.
O tratamento que é dado aos bens, no entanto, são diferentes e a forma de agregar
valor também segue outra lógica.
A figura 1 demonstra como a logística reversa de pós-venda pode agregar valor a
esses clientes.
76
Figura 1 - Agregando Valor pela Logística Reversa
Fonte: Leite (2009, p. 188).
Perceba, na Figura 1, que os objetivos são semelhantes, tanto da logística reversa de
pós-consumo quanto da logística reversa de pós-venda, que se traduzirão em
melhoria da imagem corporativa, competitividade e redução de custos, porém, como
se percebe na coluna da direta, os ganhos para os clientes da cadeia de suprimentos,
no caso da logística reversa de pós-venda, são outros, diferentes dos ganhos da
logística reversa de pós consumo.
Algo que marca a diferença entre um canal de distribuição reverso de pós-venda de
um canal de distribuição reverso de pós-consumo é que, nesse último, temos a
presença de diversos agentes especificamente dedicados aos canais reversos, como
empresas de reciclagem, cooperativas de catadores, revendedores de sucatas, entre
outros. Já para o canal reverso de pós-venda, na grande maioria dos casos, são os
próprios participantes do canal direto (ou alguém contratado por eles) que fazem o
tratamento ou manuseio dos materiais de pós-venda.
Como dito acima, podemos apresentar várias possibilidades de destinação aos
produtos retornados de pós-venda. Na Figura 2, demonstram-se essas possibilidades.
77
Figura 2 - Fluxos Reversos de Pós-Venda
Fonte: Leite (2017, p. 279).
Ficou muito marcante na figura acima que os produtos de pós-venda podem ter
destinos bem distintos, dependendo de sua constituição, estado ou interesse
econômico. Leite (2017) amplia esse entendimento, categorizando os retornos de pós-
venda, conforme demonstrado na Figura 3:
78
Figura 3 - Categorias de Retorno de Pós-Venda
Fonte: Leite (2017, p. 283).
A figura acima nos informa que pode haver motivos diferentes para a devolução dos
produtos classificados como de pós-venda, e esses motivos foram agrupados nas
categorias “comerciais”, ou seja, foram devolvidos por interesse comercial, por conta
do interesse de manter/estreitar os laços entre parceiros como indústria e varejo, por
exemplo; categoria “garantia/qualidade” que agrupa os produtos que apresentaram
alguma disfunção de funcionamento e categoria “substituição de componentes”,
quando há substituição de um ou mais componentes dos produtos e, dessa forma,
concedem uma extensão da vida útil do produto, sendo vendidos em canais reversos
de remanufaturados.
Em outra visão muito próxima ao esquema apresentado por Leite (2017), está a que
vincula as categorias de retorno aos motivos de retorno, apresentada no Quadro 1:
79
Quadro 1 - Principais Motivos de Retorno de Produtos de Pós-Venda
Categoria
comercial
Motivo de retorno
Retornos não
contratuais
Erros de expedição do pedido, erros na recepção
Retornos
comerciais
contratuais
Retorno de produtos em consignação
Retorno de ajuste
de estoques de
canal
Excesso de estoque no canal, baixa rotação do estoque,
introdução de novos produtos, efeitos sazonais de
produtos
Categoria
garantia
/qualidade
Motivo de retorno
Qualidade
intrínseca
Produto na garantia, defeituosos ou danificados
Validade de
produto
Expiração da validade
Fim de vida do
produto
Expiração da utilidade
Recall de produtos Manutenção e recolhimento de produto no mercado
Fonte: Leite e Brito (2005, p.5).
Perceba, pelo Quadro 1, que, quando falamos de devolução das categorias 
“comercial” e “garantia/qualidade”, os motivos do retorno dos bens de pós-venda ficam 
muito claros.
Porém, a destinação dos bens retornados depende da etapa em que esse bem está na 
cadeia de suprimentos. Isso fica claro no Quadro 2, a seguir:
80
Quadro 2 - Destinação dos Produtos de Pós-Venda de Acordo com sua Etapa na
Cadeia de Suprimentos.
Retorno de produtos
Origem Causas Destinação
Etapa de
fabricação do
produto
>> Matérias-primas fora de
especificação
>> Devolução ao
fornecedor
>> Produtos fora de especificação
>> Sobras do processo produtivo
>>
Reprocessamento
ou reciclagem
Etapa da
distribuição
>> Recalls (garantia de venda)
>> Danos no transporte
>> Reparos e
retorno para
comercialização
primária ou
secundária
>> Reciclagem
>> Retornos por acordos comerciais
(B2B): produtos não comercializados;
sobras/ajustes de estoque; liberação
dos canais de venda
>> Venda no
mercado
secundário
>> Devolução de embalagens e
contentores retornáveis
>> Limpeza e
reuso
>> Reciclagem dos
materiais das
embalagens
>> Preenchimento errado do destino
>> Inspeção e
retorno aos canais
de venda
Consumidores >> Produtos para teste de clientes >>
Competitividade e
81
Fonte: Robles e La Fuente (2019, pp. 109-110).
política de vendas
>> Reembolsos e garantias (B2C)
>> Retornos por garantias legais
>> Retornos por assistência técnica
>> Reparos e
retorno para
comercialização
primária ou
secundária
>> Reciclagem
Retornos pelo fim da validade
>> Legislação
>> Reciclagem
Note que, pelo Quadro 2, demonstra-se até mesmo uma matéria-prima pode ser
considerado um item de pós-venda (pense, porexemplo, em uma indústria
metalúrgica que é cliente do fornecedor de metais para processamento). Repare que,
até chegar ao consumidor final, vários são os destinos possíveis, mas todos eles,
igualmente, devem ser tratados com os cuidados necessários para que se cumpra o
objetivo de revalorização, atendimento à legislação e satisfação dos clientes do canal
de distribuição.
Leite e Brito (2005, p. 6) reconhecem que
Embora não possa cobrir os custos decorrentes de produtos não
vendidos, o gerenciamento do processo de logística reversa pode ter
resultados significativos. A importância econômica da logística
reversa deve-se à oportunidade de recuperação de parte do valor
empregado no processo de produção, proporcionando economias de
custo.
A cobertura parcial dos custos dos processos de produção já seria um grande
incentivador para a adoção de mecanismos de logística reversa, pois cada centavo
economizado representa um aumento da competitividade da empresa no mercado.
Para os eventuais agentes que participam exclusivamente dos canais reversos, os
produtos retornados representam 100% das possibilidades de faturamento e mantêm
uma cadeia de apoio relevante em relação à oferta de emprego e renda, conforme
veremos mais adiante neste livro.
82
Figura 4 - Fluxo do Produto e da Informação nas Cadeias Reversas de Pós-Venda.
Fonte: Robles e La Fuente (2019, p. 111).
Podemos também verificar, na Figura 4, a seguir, de uma forma bastante simplificada,
como se dá o fluxo do produto e da informação nas cadeias reversas de pós-venda:
É perceptível, pela Figura 4, que a informação deve acompanhar o fluxo reverso, para
que os gestores possam ter mecanismos de atuação em caso de desvios e estabelecer
indicadores de desempenho, que os auxiliarão na tomada de decisão, de forma a
tornar o fluxo mais efetivo.
83
09
Objetivos Estratégicos 
da Logística Reversa 
de Pós-venda
Prezado aluno,                    
Conforme ficou bem estabelecido até agora, as empresas que instituem canais
reversos os fazem por diversas exigências, sejam comerciais, legais ou ecológicas.
Evidentemente, que isso traz algumas vantagens diretas e indiretas. Como vantagem
direta, podemos citar a recuperação econômica no processo logístico reverso. Como
vantagem indireta, podemos citar os ganhos de imagem às organizações.
Vamos detalhar mais, a partir de agora, o que incentiva as ações da logística reversa,
especialmente de pós-venda. Qualquer empresa precisa se posicionar
estrategicamente para ganhar competitividade. A adoção da logística reversa deve
fazer parte dessa estratégia.
Leite (2009) oferece uma forma de entendermos como essa estratégia se aplica na
prática, classificando-a por objetivos. O primeiro objetivo seria o econômico, o
segundo seria o objetivo da competitividade, o terceiro seria o objetivo de
competitividade pela prestação de serviços pós-venda, e o quarto, o objetivo legal do
retorno de produtos de pós-venda.
Objetivo Econômico no Fluxo
Reverso de Pós-venda
Já compreendemos que os canais reversos visam à recuperação econômica de valor
nos materiais de pós-venda. Agora, precisamos focar em como isso acontece.
Primeiramente, devemos ter em mente que o fator tempo é fundamental no
processo. Conforme vimos nas Unidades anteriores, no canal de retorno, quanto mais
tempo se passa, menos valor é possível recuperar.
No Quadro 1, podemos visualizar três possíveis destinações aos produtos de pós-
venda. 
85
Quadro 1: Possibilidades de destinação nos produtos de pós-venda
Fonte: o autor, baseado em Leite (2017).
DESTINO DETALHAMENTO
Revenda no
mercado
primário
Possibilidade de colocação dos produtos retornados em outros
mercados nas mesmas condições da oferta original. Pode-se
tentar no mercado interno e até em mercados estrangeiros.
Aplicável especialmente para bens duráveis ou com vendas em
consignação.
Venda no
mercado
secundário
Vendas em outros canais fora dos canais originais. Exemplo:
outlets, lojas de preços populares (do tipo Tudo por XX Reais),
pontas de estoque, etc.
Desmanche,
manufatura,
reciclagem,
destinação
final
Semelhante aos bens de pós-consumo, buscam mercados de
segunda mão, recuperação de valor dos componentes do bem,
destinação à reciclagem industrial ou destinação final para
produção de energia.
Ainda, sobre essas destinações possíveis, a figura 1 apresenta visualmente as
possibilidades de destino tanto de produtos de pós-venda como de pós-consumo.
86
Figura 1: Origens e destinos de produtos da logística reversa
Fonte: Oliveira e Sousa (2014, p. 69).
Perceba, pela Figura 1, que as origens dos produtos têm a ver com a posição com que
o produto se encontra no ciclo de vida. As destinações podem ser equivalentes,
independentemente das origens.
Quando se fala em objetivos econômicos, a relação entre parceiros é um destaque
importante. Diversos formatos de parceria são possíveis, como os destacados abaixo:
1. Contrato de parceria que prevê a compra pelo fornecedor de produtos
remanescentes: ocorre quando o fornecedor garante a recompra de produtos
remanescentes no estoque do distribuidor a um preço maior que o custo
residual das mercadorias.
2. Contrato de flexibilidade nas quantidades: possibilita que o comprador altere as
quantidades de produtos a serem adquiridos, por conta de oscilações de
demanda, porém, não garante a recompra ou devolução.
3. Contrato de gerenciamento do estoque do cliente (VMI – Vendor Managed
Inventories): o gerenciamento de estoques no cliente é feito pelo fornecedor,
87
https://uploads-ssl.webflow.com/5f7bb63f311b47a93c8f6497/5f8f24b9f15d3655843ea3a4_a09-fig01.svg
evitando faltas ou excessos (LEITE, 2017, p. 304). 
Normalmente, as empresas – especialmente os grandes fornecedores que focam o
varejo e as próprias grandes cadeias de varejo – preveem esses contratos que
permitem devolução, flexibilização de quantidades e de gerenciamento de estoques,
visto que a parceria entre essas empresas não é momentânea, pontual, mas sim,
duradoura e de ganhos mútuos.
Objetivo Estratégico da
Competiti�dade
Conforme você já constatou, a busca pela preferência do cliente em ambientes de
extrema competição faz com que as empresas tentem encontrar maneiras de marcar
seu posicionamento como diferenciado. Isso não é fácil em relação aos produtos, que
podem ser muito parecidos, nem apenas com uma eficaz logística direta, que pode
ser alcançada por muitos competidores ao mesmo tempo.
88
Resta então a busca pela competitividade pelos canais reversos, em que serviços
agregados são ofertados, tanto para clientes corporativos como para consumidores
finais. Quando se oferece a possibilidade de retorno de excedentes de estoque nos
parceiros do canal, isso tende a aumentar o estreitamento das parcerias de longo
prazo e reduzir custos de inventário nos distribuidores.
Além disso, o parceiro distribuidor terá mais espaço nos seus depósitos para
produtos de alto giro. Para os clientes pessoa física, políticas como “satisfação
garantida ou seu dinheiro de volta” são estratégias adotadas por algumas empresas.
Algumas empresas americanas chegam ao ponto de estabelecer a política de
devolução sem perguntas, ou seja, o consumidor pode simplesmente devolver o
produto que este será aceito sem qualquer questionamento (LEITE, 2009).
Duas pesquisas entre empresas que adotam a logística reversa como prática
comprovaram que a competitividade é o fator mais importante no estabelecimento
dos canais reversos.
Por exemplo, na pesquisa entre empresas norte-americanas promovida por Rogers e
Tibben-Lembke (1999 apud LEITE, 2009), apresentada na Tabela 1, é destacado esse
fato.
Tabela 1: Objetivos estratégicos de empresas que operam canais reversos
Fonte: LEITE, 2017, p. 305.
Motivo Estratégico Porcentagem de empresas que a adotaram
Aumento da competitividade 36,8%
Cumprir a lei 21,1%
Ecologia 19,3%
Limpeza do canal 17,5%
Recuperação de valor 17,5%
89
Figura 02: Retorno de produtos ao sistema de pós-venda – garantia ou assistência
técnica
Fonte: Leite (2017, p. 307).
Competiti�dadepor Meio de
Prestação de Ser�ços de Pós-
venda
Especificamente, quando falamos em serviços de pós-venda, nos referimos àqueles
que são oferecidos pelas empresas para dar assistência aos seus clientes em caso de
defeitos ou mau funcionamento, que acionem o sistema de garantia da companhia,
dentro ou fora do prazo contratual.
Na Figura 2, apresenta-se esquematicamente como isso acontece. 
90
É importante reconhecer que nenhuma empresa está isenta de que seus produtos
apresentem algum tipo de mau funcionamento ou defeitos. O consumidor também
sabe disso. É na resposta rápida da empresa em solucionar possíveis disfunções que
residirá o diferencial de satisfação (ou insatisfação) do cliente. Na prática, o cliente
não pode encontrar nenhum tipo de dificuldade para acionar os mecanismos de
garantia ou assistência técnica. Deve ser facilmente encontrada a rede de prestadores
de serviço em manuais ou portais da internet.
Os relatos de mau atendimento, descaso ou serviços deficientes na rede de
assistência técnica têm se acumulado no Brasil. Alguns portais tentam demonstrar
aos consumidores aquelas empresas que são consideradas ruins em termos de oferta
de serviços de pós-venda e isso tem um impacto extremamente negativo na imagem
da empresa e na comercialização de seus produtos.
91
Os Serviços de Atendimento ao Cliente (ou Consumidor), conhecidos como
SAC, têm sido adotados por empresas de diversos segmentos. A ideia é que
o cliente tenha um mecanismo de acionar os canais responsáveis por dar
informações ou soluções de problemas que os consumidores possam ter.
Em sua opinião, esses serviços estão cumprindo esse propósito?
Objetivos Legais de Produtos
de Pós-venda
A facilidade em adquirir produtos de qualquer lugar do mundo possibilitada pela
tecnologia, a velocidade das comunicações, a popularização das redes sociais, tudo
isso trouxe uma espécie de “supervisão” às atividades empresariais, pois qualquer
desvio no atendimento aos clientes pode ser imediatamente socializado para milhares
de pessoas e arranhar de forma muito intensa a imagem da organização. Essa já seria
uma grande arma nas mãos dos clientes, mas, felizmente, essa não é a única arma.
As demandas da sociedade por qualidade de serviços e de produtos acionam também
mecanismos legais na forma de regulamentações que buscam dar segurança jurídica
na relação empresa-cliente.
No Brasil, desde 1990, temos em vigor a Lei 8078/1990, promulgada em 11 de
setembro do mesmo ano, que procura regulamentar as relações de consumo no país.
Um grande avanço que a legislação estabeleceu foi a composição do Procon. O
Procon é um órgão de proteção e defesa do consumidor, público e estadual, que visa
garantir os direitos do consumidor contra abusos e prejuízos por práticas comerciais
lesivas.
92
Se você buscar no portal do Procon do seu Estado, provavelmente encontrará
algumas estatísticas muito interessantes, como as que dão conta do número de
atendimentos e os tipos de reclamações mais comuns. Você constatará que
reclamações relacionadas a produtos e serviços quase sempre encabeçam essas
listas. 
Voltando um pouco mais a atenção para a Lei 8078/1990, no seu capítulo III, Art. 6º,
teremos a seguinte redação:
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados
perigosos ou nocivos; 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos
produtos e serviços, asseguradas à liberdade de escolha e à
igualdade nas contratações; 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre
os riscos que apresentem; 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
93
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços; 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos; 
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados; 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências; 
IX - (Vetado); 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Outro artigo que merece destaque é o Art. 8º que declara:
Art. 8° - Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo
não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores,
exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer
hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu
respeito. 
Parágrafo único - Em se tratando de produto industrial, ao fabricante
cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de
impressos apropriados que devam acompanhar o produto.
Veja que o cerne da lei no Brasil é a informação como direito básico e o adequado
tratamento de produtos colocados à disposição dos consumidores.
Não há como as empresas não darem atenção a essas demandas comerciais e legais
que se apresentam.    
94
Acesse o link: Disponível aqui
A prática do recall (ou chamamento) no Brasil foi instituída legalmente no
CDC (Código de Defesa do Consumidor). É muito comum nos depararmos
com recalls na indústria automobilística, mas não é exclusivo deste
segmento. Recentemente, até indústrias farmacêuticas, de cadeirinhas para
bebês, entre outras, o publicaram.
Conheça mais sobre o assunto fazendo o download de um interessante
manual publicado pelo Ministério da Justiça.
95
https://www.justica.gov.br/seus-direitos/consumidor/saude-e-seguranca/anexos/recall-guia-pratico-do-fornecedor.pdf
10
Seleção e Destinação dos 
Produtos em Devolução
Prezado aluno,
Vimos que um grande desafio aos gestores é justamente tomar decisões assertivas
em relação aos produtos retornados. Mesmo com as imposições legais, econômicas e
ecológicas sendo consideradas, que deixam pouca margem para a empresa esquivar-
se de absorver este produto na cadeia de suprimentos, há de se considerar opções
que tornem viável esse processo e, se possível, ainda produzam resultados positivos.
Dessa forma, implementar processos de seleção e destinação dos produtos em
devolução torna-se um requisito para determinar o sucesso dos fluxos reversos.
Estudaremos, oportunamente, com mais detalhes, o caso de alguns produtos
específicos, mas já podemos, neste momento, resumir os possíveis destinos dos
materiais de pós-venda retornados aos canais logísticos.
Para isso, vamos nos valer de uma classificação proposta por Leite (2009) e
condensadas no Quadro 1: 
97
Quadro 1: Possíveis tratamentos nos produtos de pós-venda
DESTINAÇÃO DETALHAMENTO
Venda no
mercado
primário
Os produtos de retorno, devido a ajustes nos canais de
distribuição diretos, normalmente, possuem condições gerais
de reenvio ao mercado primário, ou seja, o mercado original,
com a marca do fabricante, e por meio de redistribuição.
Reparações e
consertos
Os produtos de retorno serão destinados às reparações
necessárias e poderão ser comercializados no mercado
primário ou, mais frequentemente, no secundário.
Doação
É a opção quando existe interesse em fixação da imagem por
parte do fabricante e, em geral, é associada a produtos com
certo grau de obsolescência. É muito comum com produtos de
informática, que por natureza possuem ciclo de vida curto, mas
que podem ser úteis a alguns públicosno país ou em países
periféricos.
Desmanche
(canibalização)
Quando o produto não mais se apresenta em funcionamento
para o propósito original, mas contém componentes de valor.
Neste caso, empresas especializadas podem comprar
diretamente ou em leilões produtos individuais ou lotes desses
produtos, e, na sequência, podem destiná-los ao mercado
secundário de peças de reposição ou de módulos
(subconjuntos) ou enviá-los para processos de remanufatura.
Um exemplo muito marcante no Brasil e em muitos países são
os veículos salvados de seguradoras.
Remanufatura
Peças ou subconjuntos de bens recuperados são refeitos e
destinados ao mercado secundário. Exemplo: transformadores
elétricos para sistemas de distribuição de energia, peças de
reposição de automóveis.
Reciclagem
industrial
Partes dos produtos ou o produto inteiro são destinados a
processos de reciclagem industrial visando à retirada de
98
Fonte: o autor, baseado em Leite (2009).
materiais que se tornarão matérias-primas ou insumos em
processos industriais.
Disposição
final
Não havendo outra solução para agregar valor de qualquer
natureza ao produto retornado ou a suas partes ou materiais
constituintes, eles são destinados a aterros sanitários ou ao
processo de incineração, dependendo das peculiaridades de
cada país ou região.
Quaisquer que sejam os destinos possíveis, é importantíssimo que os gestores
encarregados pelos canais reversos verifiquem o atendimento de legislações
aplicáveis, sob o risco de sofrer sanções que coloquem todo o planejamento a perder.
Mercados Secundários para
Produtos de Pós-venda
Conforme estudamos em aulas anteriores, uma destinação possível para produtos
retornados (tanto de pós-venda como de pós-consumo) é o mercado secundário.
Como é constituído e como opera esse mercado? Leite (2009) destaca que é possível
identificar a presença de diversas atividades no mercado secundário como atacadistas
especializados, exportadores, intermediários, liquidadores e varejistas. Os produtos
negociados podem ser novos, mas que, por alguma razão, não podem mais ser
comercializados no mercado primário, produtos com pouco uso, produtos que
tenham muito uso, mas que ainda são funcionais, produtos não funcionais, mas que
tenham valor por seus componentes ou materiais constituintes. 
99
Os negociadores do mercado secundário adquirem seus materiais e itens de diversas
maneiras: uma possibilidade é adquirir junto às indústrias restos de processos de
produção. Também o varejo pode ser fonte de materiais, quando disponibiliza
excessos de estoque ou produtos fora de estação ou obsoletos. As seguradoras
também são fonte para os negociadores, que adquirem delas produtos salvados de
acidentes.
As empresas interessadas em formar um canal reverso podem valer-se desses
negociantes para destinar seus materiais recuperados. Grandes empresas preparam
lotes com características bem definidas, que são, então, comercializados por venda
direta, leilões virtuais ou presenciais ou por intermediadores. 
100
Alguns cuidados nesse mercado devem ser tomados. Por exemplo, o mercado de
peças usadas para automóveis no Brasil é muito aquecido, conforme pode ser
observado em qualquer cidade de porte médio para grande, nas lojas especializadas
nesses materiais. Porém, vale destacar que alguns estados brasileiros, visando coibir
o mercado ilegal de peças, estabeleceram algumas exigências para essas lojas, como
é o caso do estado de São Paulo com a lei n.º 15.276, de 02 de janeiro de 2014. Essa
lei, em seu Artigo 1º, inciso III § 1, reza que:
Os veículos em fim de vida útil definidos nos incisos I a III deste artigo
somente poderão ser destinados aos estabelecimentos credenciados
pelo DETRAN-SP, nos termos do artigo 2º desta lei.
Essa mesma legislação do estado de São Paulo disciplina mais detalhadamente a
questão do credenciamento obrigatório das empresas que comprarão os veículos
para fins de obtenção de partes ou peças.
Outros estados possuem legislação semelhante. Tanto o consumidor quanto o lojista
têm a obrigação de zelar pela transparência do processo de compra e venda desses
produtos.
101
Já no mercado de veículos usados, historicamente, o Brasil sempre teve números
muito expressivos. Isto talvez decorra do fato de que os veículos novos terem sido
inacessíveis para uma parcela importante da população durante um bom tempo. Se
analisarmos os dias atuais, os veículos nacionais são muito caros em relação a
similares vendidos em outros países, mesmo os ditos “carros populares”. Mesmo
tendo um aumento nas vendas por facilitação do crédito, o mercado de usados,
apesar de oscilações pontuais, ainda é muito forte.
De acordo com as associações de classe do setor automotivo e revistas especializadas
do setor, o mercado de usados é cerca de 4 vezes maior do que o de carros novos. Ou
seja, para cada carro novo vendido, 4 veículos usados trocam de proprietário. Aliás, a
facilidade de revenda é um dos fatores de atração dos consumidores até para
comprar um carro novo.
Outro mercado existente no Brasil e, muitas vezes, não reconhecido em toda a sua
importância é o chamado “ferro velho”. A presença dessas empresas nas cidades é
uma realidade bem marcante. As pessoas, em geral, viram as costas a essa atividade,
mas, para se ter ideia de sua pujança, saiba que no Brasil são produzidas mais de 35
milhões de toneladas de aço todos os anos. Estima-se que 9 milhões de toneladas, ou
cerca de 26% de toda a produção, vêm de sucatas. Claro que essa atividade tem
102
problemas, sendo o mais grave deles o ambiental. Sucatas a céu aberto são um
criadouro natural para o mosquito da dengue, proliferação de insetos e roedores.
Mas, se bem cuidados, são uma importante fonte de renda.
É interessante observar também a representatividade dos mercados secundários
brasileiros se comparados aos países onde a prática é mais consolidada. Para fins
ilustrativos, veja uma comparação entre o mercado no Brasil e dos EUA, na figura 01,
a seguir:
103
Figura 1: Potencial de mercados da logística reversa Brasil x EUA
Fonte: Oliveira e Sousa (2014, p. 72).
A figura comprova o grande potencial de aumento dos mercados para os produtos da
logística reversa no Brasil.
104
Fonte: Freepik.
Mercado de pulgas (flea market): derivado de uma prática francesa de bazar
a céu aberto de roupas usadas (que muitas vezes vinham com um “mimo” de
infestação de pulgas, daí o nome), esse tipo de venda de usados em feiras e
estabelecimentos se popularizou nos Estados Unidos e especialmente no Sul
do Brasil. Trocam-se roupas, brinquedos, gibis, materiais escolares,
figurinhas, etc. Muitas crianças gostam de fazer isso nos Estados Unidos, nas
famosas “vendas de garagem” (garage sale), que estimula o desapego e a não
acumulação de bens.
Outro mercado muito forte em países europeus e nos Estados Unidos é o de produtos
refurbished. Já ouviu falar desses produtos?
105
Um amigo foi ao Paraguai, há algum tempo, interessado em comprar um notebook
para uso doméstico e, em uma loja bem-conceituada, foi apresentado a diversos
produtos novos com garantia e a um preço razoável (acredito que não tão vantajoso
em relação a um produto comprado no Brasil). Mas o que causou surpresa a este
meu amigo foi quando o vendedor disse que teria um modelo idêntico por um preço
bem menor: tratava-se de um equipamento refurbished.
Meu amigo nunca tinha ouvido essa palavra na vida e talvez você também não. Por
isso, como estamos tratando de logística reversa de pós-venda, achei interessante
resgatar este caso e trazer para você este conceito. Veja esse pequeno trecho de um
artigo publicado por Azevedo Filho e Costa (2007):
A tradução para um equipamento considerado refurbished
aproxima-se da ideia de recondicionado ou renovado. Há
interpretações de que pejorativamente poderia ser traduzido como
“maquiado” ou “lustrado”. Trata-se de um procedimento de
readequação e reaproveitamento de itens eletrônicos, praticado por
várias empresas que fabricam ou montam eletrônicos. 
Existem dois tipos de procedimento refurbished,denominados
incompany e return to company. O primeiro tipo ocorre ainda no
processo de montagem, quando são detectados problemas de
colocação de hardware que desqualificam as máquinas segundo os
padrões de qualidade ISO, estabelecidos pela indústria da
informática. Diante da desqualificação, tais equipamentos são
retirados da linha de montagem e passam por uma minuciosa
revisão com técnicos altamente capacitados, sendo ajustados ao
mesmo padrão que os demais inicialmente aprovados pelo controle
de qualidade. 
Porém, as normas ISO não permitem que um aparelho retirado no
meio da linha de montagem receba a mesma certificação que os
demais, tendo estabelecido a denominação refurbished (sigla RB)
para diferenciar produtos submetidos a essa espécie de “revisão
extra” e respectivos reajustes de montagem. 
Já o tipo RB return to company refere-se a equipamentos que
concluíram o processo normal de montagem e chegaram a ser
expedidos como produtos aprovados, mas que por algum motivo
tiveram que retornar à empresa para um novo processo de revisão.
As razões podem ser muitas: devolução após permanência em
106
estoque durante período de consignação; insatisfação do consumidor
com o produto gerando devolução no varejista que o comercializou;
entre outras. Qualquer aparelho que volta para o fabricante depois
de ser expedido uma primeira vez também deve receber a sigla RB
quando expedido novamente (AZEVEDO FILHO; COSTA, 2007, p. 5, 6).
Sobre a conveniência ou não de adquirir produtos refurbished, é importante que você
saiba que o maior atrativo são os preços. Nos EUA, a oferta desse tipo de produto é
bastante comum. Os próprios fabricantes costumam oferecer em seus portais
produtos de suas linhas como refurbisheds. No Brasil, existe pouca oferta pelas
indústrias e poucos sites especializados. A maior parte das compras feitas por
brasileiros acontece em sites estrangeiros. Você deve ter o cuidado de ver a
confiabilidade do fornecedor (como em qualquer compra pela internet) e se haverá
assistência (mesmo reduzida) no Brasil. Também convém averiguar a existência de
alguma lei que restringe ou proíbe a importação desse tipo de produto.
107
11
O Fator Legal como 
Motivador da Logística 
Reversa
Prezado aluno,
Em um sistema capitalista como o que vivemos, é natural os empresários desejarem
liberdade total para suas atividades, na filosofia de que o mercado se autorregula, ou
seja, se deixado livre, o mercado encontra soluções para seus próprios desequilíbrios.
Essa premissa, infelizmente, tem se mostrado falha quando o assunto é o impacto das
atividades empresariais sobre o meio ambiente. É só observarmos à nossa volta que
comprovaremos os imensos desequilíbrios entre o fluxo direto de produtos e o
retorno destes às cadeias logísticas, ocasionando o acúmulo indesejado e
inapropriado de sobras e descartes.
Muito tempo já se passou desde que a atividade industrial se tornou o motor da
economia mundial e o que assistimos é a busca por cada vez mais lucros sem uma
contrapartida em relação aos cuidados com o meio ambiente. 
Acesse o link: Disponível aqui
O princípio do poluidor-pagador mudou as relações de produção e suas
responsabilidades. Vários estudos têm sido feitos para compreender o real
impacto desse princípio na vida das empresas. Leia esse interessante artigo
científico sobre o tema.
Em razão desses desequilíbrios, a sociedade – representada por setores como os
ambientalistas, a academia, entre outros – se mobilizou para que o poder público, que
detém a legitimidade como representante do povo, interviesse nas relações dos
agentes de mercado produtores e consumidores visando ao bem maior que é a
sustentabilidade ambiental.
109
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rdc/article/view/25492/19150
Na maioria dos países democráticos, a legislação ambiental passou a regulamentar as
relações dos agentes de mercado, estimulando ações de tratamento de descarte e
destinação de produtos, ao mesmo tempo, tomando ação coercitiva contra aqueles
que não se adequarem ao que são consideradas boas práticas socioambientais.
Um dos grandes avanços da legislação em âmbito mundial – e não é diferente no
Brasil – é a imposição de pagamento do ônus dos impactos ambientais para seus
causadores, o que ficou conhecido como princípio do poluidor-pagador. Esta ação
parece mais justa do que impor à inteira sociedade desses ônus, quando o benefício
pela atividade produtiva na forma de lucros fica restrito a poucos. Assim, quem tem o
bônus do lucro e do usufruto do bem ou serviço – inclusive o consumidor – deve
também arcar com o ônus ambiental provocado por estes.
Quando o governo intervém nas atividades produtivas, algumas consequências
lógicas podem ser percebidas, entre elas estão as ações das empresas para evitar
punições. Assim, projetos de tratamento são colocados em prática para tratar os
materiais ou grupos de produtos de pós-consumo. Geralmente, nesses casos, criam-
se oportunidades de negócio para agentes prestadores de serviço que, em parceria
com indústrias e distribuidores, passam a fazer parte da cadeia reversa e assumem
tarefas que não são econômica ou administrativamente viáveis para os outros
participantes.
110
O procedimento mais indicado para as empresas é anteciparem-se a eventuais
legislações que, porventura, estejam em estudo pelos órgãos governamentais.
Frisando o impacto da legislação sobre as atividades empresariais, Leite (2009, p. 138)
comenta que:
A revalorização legal dos bens de pós-consumo, operacionalizada
pela logística reversa, é entendida como o equacionamento das
condições dos canais reversos, de modo que se garanta o retorno ao
ciclo produtivo ou de negócios dos bens em fim de vida e obedecendo
às leis vigentes. Empresas fabricantes de produtos que, de alguma
maneira, impactem negativamente o meio ambiente serão
certamente afetadas por legislações que de algum modo restrinjam
suas operações, contabilizando novos custos de origem ecológica aos
seus produtos, em cumprimento às novas legislações.
Considerando o ambiente altamente mutável em que as organizações estão inseridas
e as crescentes exigências de correto tratamento das questões ambientais, por parte
das empresas feitas pela sociedade e pelo mercado em particular, é muito
conveniente que as empresas se engajem em ações em cumprimento de legislações
em vigor ou que estejam em processo de aprovação.
111
A atual legislação ambiental brasileira é considerada uma das mais modernas do
mundo. Essa afirmação não é exagero, principalmente, se compararmos nossa
legislação com a de países como a China, por exemplo, que apesar de ser o motor do
mundo em relação à produção, é também uma das principais responsáveis pela
emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e de poluição do ar e da água naquela
região do mundo.
A (boa) história do Brasil em relação à legislação ambiental começa nas últimas
décadas com a promulgação da Constituição Federal em 1988, que já prevê um
tratamento abrangente às questões ambientais. Por exemplo, no Capítulo I, que trata
dos direitos e deveres individuais e coletivos, o Art. 5 Inciso LXXIII reza que:
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus de
sucumbência.
112
No Art. 23, determina-se que é competência comum da União, Estados, Municípios e
Distrito Federal, entre outras obrigações, o que está contido nos incisos VI e VII que
rezam:
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
Complementando, no Art. 24, temos que:
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: 
[...] 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambientee controle
da poluição; 
[...] 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.
Quando se trata dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, o Artigo 170 expressa
que
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios: 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e
de seus processos de elaboração e prestação.
Veja que o legislador não deixou simplesmente ao mercado a autonomia de defender
o meio ambiente, até mesmo porque se essa prerrogativa fosse estabelecida,
deveríamos contar com a boa vontade pura e simples do empresariado em promover
113
ações de conservação ambiental. Considerando que nem todos têm essa elevada
índole, já se previu que a atividade econômica deve defender o meio ambiente e
tratar dos impactos ambientais.
Principalmente no Capítulo VI da CF, no Título “Do meio ambiente”, temos no Artigo
225, o princípio norteador de toda a legislação ambiental brasileira, quando expressa
que:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Perceba que conseguimos extrair deste artigo a filosofia expressa no próprio conceito
de sustentabilidade contida no Relatório Brundtland, que estudamos anteriormente.
Incentivo fortemente a você, que leia ao menos o inteiro teor deste Capítulo VI da
Constituição Federal.
Acesse o link: Disponível aqui
Em um interessante e conciso artigo sobre a Constituição Federal e o Meio
Ambiente, você entenderá um pouco mais sobre a intenção dos legisladores
ao formular a Carta Magna do Brasil.
Após a promulgação da Constituição Federal, houve a aprovação de várias outras leis,
com objetivos específicos, mas todas dentro do escopo da preservação e
sustentabilidade ambiental.
114
https://jus.com.br/artigos/73694/a-constituicao-federal-de-1988-e-o-meio-ambiente
Por exemplo, a Lei 9605, de 12 de fevereiro de 1998, que tipifica os crimes ambientais,
lei que ficou conhecida como Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza. Esta lei é
um marco, pois a partir de então pode-se imputar penas aos infratores, que vão
desde multas até prisão.
De qualquer forma, é importante que você saiba que a legislação visa regulamentar
uma relação complexa do ser humano com o meio ambiente, especialmente no que
concerne ao modo de exploração de recursos naturais e da destinação dos resíduos
produzidos pelas próprias pessoas.
115
12
Tendências Regulatórias 
nas Questões Ambientais
Prezado aluno,
Avaliando o teor da legislação em vigor e das sempre presentes discussões sobre o
tema regulamentação, pode-se concluir que o acompanhamento do estado e da
sociedade tenderá a se intensificar ainda mais, à medida que o modo de consumo e
de produção se consolida com o do descartável. Como vimos nas aulas anteriores, o
modo de vida “fast” (tudo rápido) e a evolução tecnológica com ciclos de vida cada vez
menores dos produtos, leva à produção crescente de materiais que em um curto
período de tempo (às vezes poucos minutos) são jogados fora.
Leite (2009) salienta que a tendência – e já pontuamos isso – é que a responsabilidade
seja atribuída aos fabricantes, direta ou indiretamente. A legislação volta-se a
regulamentar a reciclagem e reaproveitamento dos materiais, proibições de
destinação indevidas dos inservíveis, cuidados com embalagens e estruturação de
canais reversos. Essa regulamentação vem ao encontro do princípio de Extensão da
Responsabilidade do Produtor ou EPR (Extended Producer Responsability). 
Inservível = aquilo que não serve mais, imprestável, inútil. Trata-se também
daquilo que é descartado pelo usuário, por não vislumbrar serventia para o
item.
117
Sobre o EPR, Lopes (2011 apud LUZ e BOOSTEL, 2019, p. 127) explana:
Princípio da Extensão da Responsabilidade do Produtor estabelece
que os atores envolvidos na cadeia produtiva devam compartilhar
responsabilidade pelos impactos ambientais decorrentes de todo o
ciclo de vida do produto, incluindo nesse sentido, os impactos
compreendidos pela seleção dos materiais de tais produtos, os
impactos provocados pelo processo de produção em si e os impactos
gerados pela destinação dos produtos após o consumo. Com fulcro
em tal princípio, poder-se-ia não apenas determinar que o produtor
receba o seu produto fabricado após o consumo, mas, também,
metas de reciclagem.
Sendo este o caso, vejamos algumas tendências de legislações aplicadas aos resíduos
sólidos que são encontradas na literatura internacional sobre o assunto, conforme
Quadro 1:
118
Quadro 1: Legislações aplicáveis aos resíduos sólidos
Tipo de Legislação: Coleta e disposição final
Tipo Detalhamento
Proibições de
aterros sanitários
e incineradores
Visa impedir a instalação de novos aterros sanitários e
incineradores de lixo, partindo do pressuposto de que a
sociedade não deseja ter nas vizinhanças esse tipo de
instalações, por conta de risco de proliferação de doenças,
mau cheiro, roedores e outros inconvenientes.
Implantação de
coleta seletiva
Vista como forma de reduzir quantidades de materiais
destinados aos aterros e incineradores, tornando
obrigatória a coleta seletiva domiciliar e empresarial. Cria
condições para o estabelecimento de novas atividades
empresariais nas comunidades e grande quantidade de
parcerias entre empresas.
Responsabilização
do fabricante
sobre o canal
reverso dos
produtos (product
take back)
Normalmente, dirigida a produtos duráveis e embalagens.
Tem como objetivo fomentar ações na cadeia produtiva
desses bens, de modo a permitir o retorno após sua vida
útil. Permite progressos importantes no reverse supply
chain (cadeia de suprimentos reversa).
Proibição de
disposição em
aterros sanitários
de certos
produtos
Visa coibir a destinação para aterros sanitários de produtos
que podem ser danosos, por exemplo, pilhas e baterias,
óleos lubrificantes, eletrodomésticos, entre outros.
Depósito de valor
antecipado por
embalagem
Regulamenta o pagamento por disposição de embalagem
ou depósito antecipado (uma espécie de caução) por
embalagem até sua devolução.
Índices mínimos
de reciclagem
Exigência para certos produtos de quantidade determinada
de constituintes reciclados.
119
Fonte: baseado em Leite (2017).
Tipo de Legislação: Marketing
Tipo Detalhamento
Incentivo ao
conteúdo de
reciclados nos
produtos
Geralmente, utilizadas pelo governo em suas compras junto
aos fornecedores, como forma de incentivo ao uso de
reciclados e para dar exemplo à sociedade.
Proibição de
venda ou uso
de produtos
Quando há impossibilidade de controle e melhoria no
equilíbrio dos fluxos reverso e direto de certos produtos, o
governo promulga lei que impede sua comercialização ou seu
uso.
Proibição de
embalagens
descartáveis
Governo pode exigir o uso de embalagens retornáveis para
evitar excessos de pós-consumo.
Rótulos
ambientais
Normatiza os diversos tipos de rótulos de produtos, como
“biodegradáveis”, “amigável”, “reciclável”, entre outros.
Incentivos
fiscais
Trata de isenções com relação à utilização de produtos de
pós-consumo, incentivo à produção por meio de tributação
diferenciada para produtos com conteúdo de reciclados,
eliminação de incentivos tributários a certas matérias-primas,
eliminação de subsídios para produção de determinadas
matérias-primas, entre outros.
Redução na
fonte
Incentivos de diversas naturezas para empresas que reduzem
o consumo de recursos não renováveis ou que modificam
produtos para condições menos impactantes ao meio
ambiente.
120
Sobre legislação especificamente aplicada à logística reversa, há no mundo todo – e
no Brasil em particular – uma discussão muitointensa sobre a legislação tributária
aplicada aos materiais da logística reversa.
Uma das queixas dos empresários é que, ao reinserir materiais no canal reverso –
mesmo que a origem tenha sido o canal direto da empresa – novamente há incidência
de impostos, constituindo, na visão deles, uma bitributação. Esses tributos
desincentivam muitos empresários a reaproveitar esses materiais, pois em vários
casos, os materiais reabsorvidos no processo precisam passar por beneficiamentos
prévios antes de adquirir condições para se equiparar com a matéria-prima original,
onerando o processo.
Desde 2014, tramita no Congresso Nacional, uma proposta da Confederação Nacional
da Indústria (CNI) em que se apresentam alternativas a esse modelo de tributação
sobre o material oriundo da logística reversa. Basicamente, as propostas são:
Harmonização e ampliação do diferimento na cobrança do ICMS; 
Ampliação da suspensão da incidência de PIS/COFINS; 
Crédito presumido sobre uso de resíduos sólidos como matéria-
prima: é mais fácil conceder um crédito presumido, com base nas
aquisições de material reciclado pela indústria, do que identificar a
porcentagem efetivamente utilizada de material proveniente da
reciclagem na fabricação de cada produto da indústria. 
Serviços de terceiros: Desonerar de ICMS, ISS e PIS/COFINS os serviços
de gestão da logística reversa, transporte e processamento de
resíduos, prestados por terceiros. 
Incentivo direto ao investimento e financiamento da logística reversa:
parte dos gastos das empresas com logística reversa poderia ser
abatida do imposto de renda devido, a exemplo de incentivos já
existentes para a cultura e o esporte. 
Desoneração da folha de pagamento das cooperativas de catadores
(ROBLES e LA FUENTE, 2019, pp. 326-327).
É preciso acompanhar com muita atenção essa discussão, pois um avanço nesta
legislação, que desonere os produtos retornados de impostos, pode ser um ponto de
alavancagem para aumentar grandemente os empreendimentos relacionados à
logística reversa.
121
Acesse o link: Disponível aqui
O setor empresarial discute e reivindica soluções para os entraves
tributários da logística reversa. Veja como a FIEP (Federação das Indústrias
do Estado do Paraná) colocou isso em pauta, lendo a matéria a seguir.
122
https://agenciafiep.com.br/2018/11/13/tributacao-elevada-e-gargalos-financeiros-sao-desafios-para-ampliar-logistica-reversa/
13
A Legislação Ambiental 
e o Impacto na Logística 
Reversa
Nesta aula, gostaria de discutir com você um dos principais avanços quando se fala
em legislação aplicada à logística reversa.
O ano de 2010 marcou a introdução de uma nova legislação que considera
especificamente o papel da Logística Reversa no Brasil. Essa legislação era bastante
aguardada, pois vários especialistas apontavam um “vazio” de legislação quando se
falava sobre esse assunto. Essa legislação ficou conhecida dentro do Plano Nacional
de Resíduos Sólidos. Comemorada por alguns, criticada por outros, o fato é que a
legislação está vigente e deve direcionar as ações dos agentes econômicos no
território brasileiro.
Vamos conhecer os principais pontos dessa Legislação?
A Lei é a 12305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos. Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto 7404, de 23 de dezembro de 2010.
Este decreto foi importantíssimo, pois não adianta ter-se uma Lei, mesmo completa,
se não há um Decreto regulamentador. E isto foi providenciado pelo Decreto 7404.
Já nos primeiros artigos da Lei 12305, se observa:
Art. 1º - Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como
sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento
de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos
geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis. 
§ 1º Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou
jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou
indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que
desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao
gerenciamento de resíduos sólidos.
§ 2º Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados
por legislação específica.
Art. 2º - Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei,
nas Leis n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007, n.º 9.974, de 6 de junho
de 2000 e 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas estabelecidas
pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado
124
de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos demorou quase 20 anos desde sua proposta
por projeto de Lei até sua aprovação na forma da Lei 12305, em 2010. Que razões
podem ter contribuído para um tempo tão longo para a aprovação de uma lei com
essa importância? 
Notamos, então, a abrangência da Lei. A ideia do legislador foi trazer à
responsabilidade todos os setores da sociedade e vincular todos os órgãos
normatizadores e fiscalizados ao processo.
No artigo 3º, inciso XII, encontramos o que, para o legislador, é o conceito de Logística
Reversa:
XII - Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e
social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou
em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada.
125
Você percebeu como o legislador integra a noção de Logística Reversa com
“destinação final ambientalmente adequada”? Temos um grande avanço na Legislação
com esta definição.
No mesmo artigo, no inciso XIII, vemos um resgate na noção de Desenvolvimento
Sustentável, conforme definida pela ONU e avalizada pela maioria das nações:
XIII - padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e
consumo de bens e serviços de forma a atender às necessidades das
atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem
comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das
necessidades das gerações futuras.
Este é um conceito que não devemos ignorar, o do atendimento às necessidades
atuais e das gerações futuras. Pode parecer um conceito muito abstrato, afinal, as
gerações futuras ainda não existem, portanto, seria muito fácil esquecê-las, não é
verdade?
Note, ainda, nos próximos incisos do Artigo 3º, definições muito importantes, tanto do
ponto de vista ambiental como da Logística Reversa:
XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que
envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou
biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos
produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos
órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa; 
XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem
outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente
adequada; 
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja
destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado
a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos
126
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
Bastante interessante, não acha? Vem ao encontro de tudo o que vimos até agora e
isso mostra a conjunção dos esforços governamentais com as iniciativas das
empresas.
No decreto 7404, que, conforme visto, regulamenta a Lei 12305, existe a instituição de
um importante ator no processo. Vejao texto do decreto:
DO COMITÊ INTERMINISTERIAL DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS 
Art. 3º  Fica instituído o Comitê Interministerial da Política Nacional
de Resíduos Sólidos, com a finalidade de apoiar a estruturação e
implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, por meio da
articulação dos órgãos e entidades governamentais, de modo a
possibilitar o cumprimento das determinações e das metas previstas
na Lei n.º 12.305, de 2010, e neste Decreto, com um representante,
titular e suplente, de cada órgão a seguir indicado: 
I - Ministério do Meio Ambiente, que o coordenará; 
II - Casa Civil da Presidência da República; 
127
III - Ministério das Cidades; 
IV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; 
V - Ministério da Saúde; 
VI - Ministério de Minas e Energia; 
VII - Ministério da Fazenda; 
VIII - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; 
IX - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; 
X - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 
XI - Ministério da Ciência e Tecnologia; e 
XII - Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da
República.
Este Comitê, estabelecido no Decreto, frisa ainda mais para nós a intenção das inter-
relações e interdependências quando o assunto é a gestão ambiental, da qual a
Logística Reversa é parte fundamental.
A partir desta Legislação, todos são envolvidos no processo, desde os fabricantes até
os consumidores. Isso mesmo! Os consumidores têm obrigações claras, que são
definidas em lei. Veja estes aspectos no Decreto, nos artigos 5º ao 7º:
Art. 5º - Os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, 
consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e 
de manejo de resíduos sólidos são responsáveis pelo ciclo de vida dos 
produtos. 
Parágrafo único.   A responsabilidade compartilhada será 
implementada de forma individualizada e encadeada. 
Art. 6º - Os consumidores são obrigados, sempre que estabelecido 
sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de gestão integrada 
de resíduos sólidos ou quando instituídos sistemas de logística 
reversa na forma do art. 15, a acondicionar adequadamente e de 
forma diferenciada os resíduos sólidos gerados e a disponibilizar 
adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para 
coleta ou devolução. 
Parágrafo único - A obrigação referida no caput não isenta os 
consumidores de observar as regras de acondicionamento, 
segregação e destinação final dos resíduos previstas na legislação do 
titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos 
sólidos. 
128
Art. 7º - O Poder Público, o setor empresarial e a coletividade são 
responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a 
observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes 
e determinações estabelecidas na Lei n.º 12.305, de 2010, e neste 
Decreto.
Um dos trechos mais importantes deste Decreto é a seção II, que reza:
Dos Instrumentos e da Forma de Implantação da Logística Reversa 
Art. 15º - Os sistemas de logística reversa serão implementados e
operacionalizados por meio dos seguintes instrumentos: 
I - acordos setoriais; 
II - regulamentos expedidos pelo Poder Público; ou 
III - termos de compromisso. 
§ 1º Os acordos setoriais firmados com menor abrangência
geográfica podem ampliar, mas não abrandar, as medidas de
proteção ambiental constantes dos acordos setoriais e termos de
compromisso firmados com maior abrangência geográfica.
§ 2º Com o objetivo de verificar a necessidade de sua revisão, os
acordos setoriais, os regulamentos e os termos de compromisso que
disciplinam a logística reversa no âmbito federal deverão ser
avaliados pelo Comitê Orientador referido na Seção III em até cinco
anos contados da sua entrada em vigor.
Art. 16º -  Os sistemas de logística reversa dos produtos e embalagens
previstos no art. 33, incisos I a IV, da Lei n.º 12.305, de 2010, cujas
medidas de proteção ambiental podem ser ampliadas mas não
abrandadas, deverão observar as exigências específicas previstas em: 
I - lei ou regulamento; 
II - normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária -
SNVS, do Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária - SUASA
e em outras normas aplicáveis; ou 
III - acordos setoriais e termos de compromisso. 
Art. 17º - Os sistemas de logística reversa serão estendidos, por meio
da utilização dos instrumentos previstos no art. 15, a produtos
comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e
aos demais produtos e embalagens, considerando prioritariamente o
grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente
dos resíduos gerados. 
129
Parágrafo único.   A definição dos produtos e embalagens a que se
refere o caput deverá considerar a viabilidade técnica e econômica
da logística reversa, a ser aferida pelo Comitê Orientador. 
Art. 18º -  Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
dos produtos referidos nos incisos II, III, V e VI do art. 33 da Lei n.º
12.305, de 2010, bem como dos produtos e embalagens referidos nos
incisos I e IV e no § 1o  do art. 33 daquela Lei, deverão estruturar e
implementar sistemas de logística reversa, mediante o retorno dos
produtos e embalagens após o uso pelo consumidor. 
§ 1º Na implementação e operacionalização do sistema de logística
reversa poderão ser adotados procedimentos de compra de produtos
ou embalagens usadas e instituídos postos de entrega de resíduos
reutilizáveis e recicláveis, devendo ser priorizada, especialmente no
caso de embalagens pós-consumo, a participação de cooperativas ou
outras formas de associações de catadores de materiais recicláveis
ou reutilizáveis.
§ 2º Para o cumprimento do disposto no caput, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes ficam responsáveis pela
realização da logística reversa no limite da proporção dos produtos
que colocarem no mercado interno, conforme metas progressivas,
intermediárias e finais, estabelecidas no instrumento que determinar
a implementação da logística reversa.
O legislador também previu e incluiu no texto da Lei a necessidade de estabelecerem-
se diretrizes para a Educação Ambiental no país, talvez o grande segredo para
mudanças significativas da nossa realidade.
130
Veja como a Lei (Decreto 7404) prevê isto:
TÍTULO IX 
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 
Art. 77º -   A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos é
parte integrante da Política Nacional de Resíduos Sólidos e tem como
objetivo o aprimoramento do conhecimento, dos valores, dos
comportamentos e do estilo de vida relacionados com a gestão e o
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.
§1º A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos obedecerá 
às diretrizes gerais fixadas na Lei n.º 9795, de 1999, e no Decreto n.o 
4.281, de 25 de junho de 2002, bem como às regras específicas 
estabelecidas na Lei n.o 12.305, de 2010, e neste Decreto.
§2º O Poder Público deverá adotar as seguintes medidas, entre 
outras, visando o cumprimento do objetivo previsto no caput:
I - incentivar atividades de caráter educativo e pedagógico, em 
colaboração com entidades do setor empresarial e da sociedade civil 
organizada;
II - promover a articulação da educação ambiental na gestão dos 
resíduos sólidos com a Política Nacional de Educação Ambiental;
III - realizar ações educativas voltadas aos fabricantes, importadores, 
comerciantes e distribuidores, com enfoque diferenciado para os 
agentes envolvidos direta e indiretamente com os sistemas de coleta 
seletiva e logística reversa; 
131
IV - desenvolver ações educativas voltadas à conscientização dos 
consumidores com relação ao consumo sustentável e às suas 
responsabilidades no âmbito da responsabilidade compartilhada de 
que trata a Lei n.º 12.305, de 2010; 
V - apoiar as pesquisas realizadas por órgãos oficiais, pelas 
universidades, por organizações não governamentais e por setores 
empresariais, bem como aelaboração de estudos, a coleta de dados e 
de informações sobre o comportamento do consumidor brasileiro; VI - 
elaborar e implementar planos de produção e consumo sustentável; 
VII - promover a capacitação dos gestores públicos para que atuem 
como multiplicadores nos diversos aspectos da gestão integrada dos 
resíduos sólidos; e 
VIII - divulgar os conceitos relacionados com a coleta seletiva, com a 
logística reversa, com o consumo consciente e com a minimização da 
geração de resíduos sólidos. 
§3º As ações de educação ambiental previstas neste artigo não 
excluem as responsabilidades dos fornecedores referentes ao dever 
de informar o consumidor para o cumprimento dos sistemas de 
logística reversa e coleta seletiva instituídos.
Como implementar a logística reversa
Um dos principais desafios da logística reversa é implementá-la em setores
específicos da economia. Os interesses não são coincidentes. Na verdade, na
maior parte são muito conflitantes. Mesmo com uma legislação abrangente,
como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é preciso orquestrar as
discussões para que possam ser feitos acordos setoriais com os integrantes
das diversas cadeias. Por isso, como resultado da Lei 12305/10 (PNRS),
diversos grupos de trabalho foram constituídos visando discutir e
implementar acordos dos setores envolvidos. São grupos de trabalho
relacionados a descarte de medicamentos, embalagens em geral,
embalagens de óleos e lubrificantes e seus resíduos, eletroeletrônicos, e
lâmpadas fluorescentes, de mercúrio e de luz mista.
Fonte: o autor.
132
Você pode ter achado os princípios da ISO muito interessantes e talvez até 
esteja pensando em implantar sistemas de gestão em sua empresa (seja um 
sistema de garantia da qualidade, da série ISO 9000, ou um sistema de 
gestão ambiental, como os da série ISO 14000, ou algum outro relevante 
para sua organização).
Mas como funciona o pedido de certificação?
A adesão a uma certificação da série ISO é voluntária, ou seja, deve ser uma 
decisão da empresa, após uma análise dos possíveis benefícios (inclusive 
financeiros) que essa certificação poderá proporcionar. Saiba que há custos 
envolvidos e, dependendo do porte da organização, esses custos podem ser 
bastante significativos. Por isso, a decisão de adotar ou não uma certificação 
deve ser uma decisão estratégica, visando um resultado maior em termos 
de retorno de investimento e ganhos de mercado, além, é claro, de um 
intangível, mas valioso ganho em termos de imagem corporativa.
Depois de tomada a decisão, o passo seguinte é buscar uma empresa 
especializada em consultorias de certificação. Essa consultoria auxiliará a 
organização a adequar seus processos às normas, promovendo os 
treinamentos necessários e, uma parte importante, orientando a “colocar no 
papel” o que a empresa de fato faz. Isto porque as certificações respeitam as 
estruturas e os processos da organização, desde que estes estejam 
alinhados aos princípios da norma para a qual se buscará a certificação, ou 
seja, as normas dizem o que fazer, mas não a maneira como se deve fazer. 
Então, um princípio básico nesse assunto é: “escrever o que se faz e fazer o 
que está escrito”. Simples, não?
Ao examinar o teor da lei – proponho que você leia a Lei 12305, de 02/08/2010, e o
decreto regulamentador 7404, de 23/12/2010, na íntegra –, verificamos que o avanço
regulamentar foi gigantesco. Porém, uma lei pode tornar-se inócua, sem efeito, com
muita facilidade. Cabe também à sociedade inteirar-se sobre esse tema e cobrar a
efetiva aplicação da legislação no dia a dia. Somente assim teremos, de fato, ganhos
em relação à preservação ambiental.
133
Fonte: Freepik.
Caso a empresa que busca a certificação for de pequeno porte, pode-se 
dispensar a contratação de uma consultoria (que envolve custos), neste 
caso, todas as adequações ficarão ao encargo de seus gestores.
Uma vez que a empresa tenha adequado seus processos ao que preconiza a 
norma certificadora, é preciso contratar um organismo certificador 
(conhecido como organismo de terceira parte, por não ter qualquer vínculo 
com a organização a ser certificada). Esse organismo certificador deve estar 
acreditado por um órgão oficial que lhe dê poderes para emitir a 
certificação. No Brasil, o órgão acreditador dos organismos certificadores é o 
INMETRO (mais especificamente sua Coordenação Geral de Acreditação –
CGCRE), cujos poderes executivos foram estabelecidos por lei (Decreto 
6.275, de 28/11/2007).
Uma vez realizada a auditoria pelo organismo certificador e estando os 
processos em conformidade com os princípios da norma, a organização 
passa a ser certificada, podendo exibir o selo de certificação perante o 
mercado.
134
Um alerta importante! Se a intenção da empresa é somente comprovar suas 
boas práticas no mercado local, um organismo certificador nacional dará 
conta de sua demanda, com custos acessíveis até para pequenas empresas. 
Porém, se o objetivo for o mercado internacional, uma recomendação é que 
a entidade certificadora tenha representação nos países para os quais se 
pretenda exportar ou que seja de tal modo reconhecido internacionalmente, 
para que não seja questionada a legitimidade da certificação obtida.
Acesse o link: Disponível aqui
Temos uma lista bastante extensa de leis ambientais no Brasil, o que é bom
por um lado, pois contempla praticamente todas as atividades que possam
impactar de alguma forma o meio ambiente, porém, por outro, esse
arcabouço jurídico é criticado justamente pela sua extensão, que, segundo
os críticos, dificulta o pleno entendimento e pode criar interpretações
enviesadas. De toda forma, é importante conhecer as principais leis que se
aplicam ao tema. Por isso, recomendo que você acesse o link abaixo para
conhecer as principais leis ambientais.
135
http://planetaorganico.com.br/site/index.php/meio-ambiente-as-17-leis-ambientais-do-brasil/
14
As Bases para a Economia 
Circular - Uma Nova 
Fronteira para o Consumo
Conforme vimos nas aulas anteriores, a forma como foi estabelecido nosso modelo
econômico, fortemente baseado no consumo, determinou a maneira como os
sistemas produtivos foram planejados. Com o pensamento de transformação de
matéria-prima em produto, que é utilizado pelo consumidor até seu ponto de
descarte, estabelece-se uma forma linear de consumo.
Essa ideia está intimamente ligada ao conceito do que chamamos de “ciclo de vida”
dos produtos. Nós temos esse conceito tão internalizado que, na maior parte do
tempo, nem lembramos dele. É o caso quando nos livramos de um monitor de
computador, aquele do tipo “tubo”, lembra? De quantos aparelhos você já se desfez
assim, não é verdade?
O que aconteceu com esse produto é que ele cumpriu seu Ciclo de Vida. Para onde foi
esse produto que deixa de ter utilidade para o consumidor? Ele provavelmente será
descartado.
Essa questão do ciclo de vida gerou uma preocupação das empresas produtoras, pois,
de acordo com a legislação ambiental de seus países, inclusive no Brasil, e também as
exigências de consumidores conscientes, ambientalmente falando, não se pode
simplesmente depositar esse produto inservível em qualquer lugar. Origina-se, então,
o que ficou conhecido como Análise do Ciclo de Vida – ACV, originado da expressão
em inglês Life Cycle Assesment (LCA). O objetivo da ACV é
minimizar os impactos ao meio ambiente gerados pelos produtos das
organizações. Sob essa perspectiva, é necessário que tudo seja
considerado para que os impactos ambientais sejam mínimos, ou de
preferência, nulos (RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013, p. 80).
Todo produto provoca impactos no meio ambiente, em maior ou menor grau. Pode
ser que o produto em si mesmo não seja poluente (por exemplo, o gelo que é vendido
para diversos fins, basicamente é feito de água limpa, e água não é poluente), mas o
processo de produção pode ser, consumindo, por exemplo, energia que vem de
usinas que causam o impacto. Não há como fugir dessa realidade.
Essa noção de Ciclo de Vida dos produtos é, defato, muito semelhante ao ciclo de
vida dos organismos. Um produto nasce, tem um período de demanda e depois
morre. Para os produtos, houve um refinamento desse conceito, que ficou conhecido
como “do berço ao túmulo”, em que não se expira a responsabilidade da empresa no
137
Figura 2: Conceito “do berço ao túmulo” dos produtos
Fonte: baseada em Razzolini Filho e Berté (2013).
momento da venda ao cliente final, mas sim, essa responsabilidade vai literalmente
até o túmulo, ou seja, até depois que o produto não tenha mais utilidade para o
consumidor e precisa ter uma destinação final.
Na Figura 2, essa ideia é mais facilmente visualizada. 
Perceba que, após o consumo ou utilização, o produto pode ir diretamente à
destinação final (túmulo) ou voltar ao processo econômico por meio de reciclagem ou
recuperação, tornando-se novamente parte de um ciclo, por “n” vezes, até que,
138
finalmente, não terá mais utilização, sendo, portanto, direcionado para destinação
final.
No entanto, apesar de ser uma evolução no tratamento do produto e seus
componentes, ainda permanece o fato de que estamos consumindo os recursos
naturais em uma velocidade que não é possível sua reposição pelos próprios ciclos da
natureza. Com essa preocupação, muitos governos e empresas iniciaram, no final do
século XX, e início do século XXI, um movimento para mudar a lógica linear da
economia e estabelecer uma economia com lógica circular, a economia circular.
Berardi e Dias (2018, p. 35) destacam que, “em 2015, a União Europeia adotou a
economia circular (EC) como modelo a suportar e viabilizar o alcance das metas
estabelecidas até 2050. Também na China, desde o início dos anos 2000, a EC vem
sendo incorporada nos planos governamentais”.
Mas o que vem a ser isso?
A Economia Circular (EC) é uma nova forma de pensar a economia e os modos de
produção. Lembre-se de que a humanidade foi profundamente impactada com o
advento da Revolução Industrial, que alterou a lógica de produção artesanal para uma
de produção massificada, que temos até hoje. No entanto, esse modo de produção é
insustentável, visto que muitos recursos naturais não são renováveis, e os que são, os
ciclos de reposição não estão dando conta de atender às nossas necessidades. E a
Economia Circular pretende propor uma mudança nessa relação de consumo de
matérias-primas e até na forma como os produtos são desenhados. É uma mudança
cultural e tanto, não concorda?
Mas repare bem, que muitas pessoas já não sonham mais em “ter”, como se a posse
de um produto se tornasse uma realização. Especialmente as gerações mais jovens
pensam no valor de utilização do bem, e não no bem em si. Por exemplo, em uma
grande cidade, abarrotada de carros e de trânsito caótico, se o transporte público
fosse eficiente e confiável, muitos estariam dispostos a deixar de possuir um carro
para usar essa modalidade. A “posse” do carro, para essas pessoas, não é importante,
e sim, a mobilidade que ele proporciona. Isso ajuda a explicar o aumento vertiginoso
nos serviços de transporte por aplicativo e os aluguéis de bicicleta como um serviço.
Essa tendência é chamada de “servitização”.
A servitização acontece quando o serviço tem um valor maior que o bem em si, para
aquele que o desfruta ou consome. As empresas mais focadas no consumidor já
entenderam isso, que não podem mais vender somente o produto, mas sim, a gama
de serviços a ele atrelado, até o ponto em que o produto passa a ser um serviço.
139
Figura 3: os princípios da Economia Circular
Fonte: Berardi e Dias (2018, p. 35-36).
Dentro dessa lógica de uso consciente, a Economia Circular propõe a mudança da
linearidade da economia (extração – transformação – descarte) para uma em que
todo o processo é pensado para maximizar o uso dos produtos, aumentar sua vida
útil e preparar esse produto – todo, ou seus componentes – para uma nova finalidade.
Berardi e Dias (2018) explicam assim os 3 pilares da Economia Circular:
140
Na Figura 3, é possível visualizarmos que se parte da ideia de que os recursos naturais
são finitos, passando pela otimização dos recursos de produção e fomentando a
eficácia do sistema e a eliminação dos efeitos negativos das externalidades dos
processos.
Externalidades: são eventos ou decisões que têm origem em terceiros, ou
seja, atores não participantes diretos do processo, mas que o afetam quer
positiva quer negativamente.
É verdade que os processos organizacionais tradicionais, e que dão origem à cadeia
convencional de suprimentos já prevê o princípio dos 3R’s, explicados assim por Viet
(2012 apud Abdalla e Sampaio, 2018, p. 87):  
REDUZIR: Utilizar técnicas de gerenciamento para diminuir a
quantidade de material consumido para determinado fim (ex. água,
energia, minerais, etc.); 
REUTILIZAR: Utilizar novamente um material, no mesmo uso para o
qual foi projetado, ou em outro uso compatível, aumentando assim a
vida útil do material, antes de ser descartado ou enviado para a
Reciclagem; 
RECICLAR: Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por
finalidade aproveitar os resíduos e colocá-los novamente no ciclo de
produção de que saíram. É o resultado de uma série de atividades,
pelas quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são
desviados, coletados, separados e processados para serem usados
como matéria-prima na manufatura de novos produtos.
Porém, a pretensão da Economia Circular é bem mais ambiciosa. É uma mudança
social, alterando o cerne da cultura do consumo, impactando toda a cadeia produtiva.
Não é uma proposta de simples implantação. Na verdade, é bem complexa e as
141
Figura 4: modelo do sistema circular de produção para o ciclo técnico: reúso,
reciclagem - upcycle
Fonte: Abdalla e Sampaio (2018, p. 89).
iniciativas para sua adoção têm partido de países que possuem uma cultura
ambiental mais apurada, como certos países europeus e, por incrível que pareça, em
algumas partes da China. A expectativa é que mais e mais setores da sociedade se
sensibilizem com seus preceitos e venham a adotá-la. O ideal da Economia Circular,
segundo Bonciu (2014, apud Abdalla e Sampaio, 2018), é apresentar:
[...] três princípios fundamentais, na defensa da melhoria dos
processos produtivos e da permanência mais duradoura dos
materiais, como estímulo à geração de ativos numa cadeia de valor.
Portanto, propõe: “o fim da sociedade do descarte” por meio da
“renúncia do padrão fazer, usar, descartar” como forma
alternativa de organizar a produção e a transição para uma
abordagem “reúso e reciclagem”.
A Figura 4, a seguir, apresenta um modelo esquemático do que se pretende alcançar
com a Economia Circular:
Acima, temos um ciclo de produção desde os recursos naturais até o uso ou consumo
dos produtos resultantes desse ciclo, porém, aponta os princípios da economia
circular inseridos em todas as fases, de modo a propiciar o reparo ou reúso, a
remanufatura e o upcycle (superciclagem).
142
Acesse o link: Disponível aqui
O tema da Economia Circular é debatido constantemente em vários setores
da sociedade. Assista ao vídeo acessando o link e saiba mais sobre esse
assunto.
Com a Economia Circular, pretende-se avançar do conceito “do berço ao túmulo”,
chegando-se ao conceito “do berço ao berço” (Cradle to Cradle, ou C2C), em que 3
princípios se destacam, quais sejam: os resíduos são considerados nutrientes,
alimentando outros processos, usam-se fontes de energia ilimitadas, como a energia
solar, e a celebração da diversidade, diversidade na biodiversidade, em que os
espaços se harmonizam com o meio ambiente, tornando-os espaços mais saudáveis,
menos poluídos e mais divertidos, além da diversidade de culturas e soluções, onde
se parte da premissa de que não há um único jeito certo de fazer as coisas, ou uma
solução única para os problemas, respeitando-se, dessa forma, contextos e culturas
locais (GEJER e TENNENBAUM, 2017 apud ABDALLA e SAMPAIO, 2018).
Lembre-se, estamos falando de dois ciclos, quando abordamos a Economia Circular: o
ciclo técnico e o ciclo biológico. Em ambos, procura-se não ficar restritoao ganho de
eficiência propalado pelos processos de Gestão da Qualidade, como as certificações
ISO, que são encarados como “atrasar o inevitável” pela ótica da Economia Circular.
Na verdade, esses ciclos buscam soluções efetivas, com ganhos para as gerações
atuais e futuras, princípio basilar do desenvolvimento sustentável. Na figura 5, vemos
essa proposta:
143
https://www.youtube.com/watch?v=eVKpgLlAsmo
Figura 5: os ciclos técnico e biológico da Economia Circular
Fonte: Abdalla e Sampaio (2018, p. 91).
A figura mostra os ciclos biológico e técnico da Economia Circular. No ciclo biológico,
os produtos de consumo são decompostos, tornam-se nutrientes para o solo, que
alimentam plantas e animais que, por sua vez, dão origem à manufatura e novos
produtos de consumo. No ciclo técnico, os produtos de serviço são decompostos em
materiais para reúso, dando origem a outros produtos em novos processos de
manufatura.
Até onde conseguiremos chegar com a implementação gradativa da filosofia da
Economia Circular, o tempo dirá. Algumas propostas envolvem setores que requerem
maior uso de tecnologia, impactando no design dos produtos, visando seu
reaproveitamento mais rápido, ou sua adaptação ou atualização tecnológica por meio
da troca de módulos. Enfim, é um mundo novo e cheio de possibilidades.
144
15
A Logística Reversa: da 
Construção Civil, dos Pneus 
e das Embalagens
Como você talvez saiba, a construção civil é um setor que recebe uma atenção toda
especial do governo e da própria sociedade. De fato, esse segmento econômico tem
uma cadeia muito extensa, sendo responsável pelo giro econômico de bilhões de
reais todos os anos, não só com a comercialização de materiais de construção, mas
pela própria absorção de mão de obra, oferecendo oportunidades até mesmo para
quem não tem grande qualificação.
O planejamento urbano da maioria das cidades prevê novos loteamentos que, por
consequência, incentivarão mais construções residenciais, comerciais e, em locais
específicos, também barracões industriais. A verticalização das cidades também é um
fato: mesmo cidades pequenas já têm seus “arranha-céus”.
Essa pujança toda esconde um fato preocupante: a construção civil é um dos
segmentos que mais produz resíduos em toda a cadeia produtiva. O Ministério do
Meio Ambiente publicou em seu portal a seguinte informação que nos faz pensar:
O Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indústria da
construção como o setor de atividades humanas que mais consome
recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando
consideráveis impactos ambientais. Além dos impactos relacionados
ao consumo de matéria e energia, há aqueles associados à geração
de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que mais de 50%
dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades
humanas sejam provenientes da construção. Tais aspectos
ambientais, somados à qualidade de vida que o ambiente construído
proporciona, sintetizam as relações entre construção e meio
ambiente. (BRASIL, s/d, on-line, grifo nosso)
Outro dado interessante vem de uma estimativa que dá conta de que, do total de
recursos naturais consumidos pela sociedade, o setor da construção civil seja
responsável entre 14% e 50%. De acordo com Santos e Marchesini (2018, p. 70), “no
Brasil, a quantidade estimada de geração de RCD por ano é de 100 milhões de
toneladas, sendo que apenas 20% são reciclados”.
Estatísticas do setor e dos órgãos oficiais do governo dão conta de que 75% de toda a
população do Brasil é urbana e, destes, 35% se concentram nas cinco maiores regiões
metropolitanas. Essas constatações nos levam a reflexões importantes: se por um
lado precisamos de moradias e em número cada vez maior, por outro, a cada vez que
146
construímos, tornamos a vida na terra mais insustentável. Mas talvez você se
pergunte o motivo de tanto impacto por parte da construção civil e o que a logística
reversa tem a ver com isso. Vamos estudar mais a fundo essas questões.
Em um primeiro momento, verificaremos o motivo da construção civil produzir um
impacto ambiental tão acentuado. Em uma construção típica, temos a presença de
materiais que empregam em essência matérias-primas retiradas do meio ambiente
de várias origens: 
Fonte: Disponível aqui  (Adaptado)
Temos a argila que é usada em grande quantidade na produção de tijolos,
por um processo de queima. Esse tipo de tijolo pode ter a forma de um
paralelepípedo ou ser furado (4, 6 ou 8 furos).
Temos também o cimento, que basicamente é uma mistura de argila e
calcário aquecida a uma temperatura de 1450º e depois acrescida de gipsita
- matéria-prima do gesso - e moída. Para uso, acrescenta-se água para
formar uma pasta. Esta pasta costuma quebrar-se com facilidade e, por
conta disso, acrescenta-se areia que evita essa quebra na maioria dos casos.
Desse processo, resulta a argamassa. Quando o volume é grande, utiliza-se
também pedra brita na mistura, formando o concreto.
O ferro passou a ser utilizado com intensidade na construção civil, especialmente na
Europa e nos Estados Unidos, já no século XVIII, e com mais intensidade no final do
século XIX e século XX. Grandes estruturas foram construídas à base desse material.
Com a adição de carvão e cal, temos o aço que forma os vergalhões – uma barra de
ferro com nervuras – que são amplamente utilizados para formar as estruturas de
concreto.
147
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/de-que-e-feito-o-cimento-por-que-e-misturado-com-areia-nas-construcoes
Foto 1: Vergalhão de aço
Fonte: Freepik.
A areia é um componente importante da construção civil e é composta de grânulos de
quartzo. O impacto ambiental da extração da areia é intenso e as áreas para retirada
estão muitas vezes distantes dos centros consumidores, o que faz com que a maior
parte do custo deste produto para o consumidor seja constituído por transporte
(alguns calculam que 2/3 do custo seja em decorrência desse custo logístico). No
Brasil, segundo dados do setor, a área com maior extração de areia natural é o
Sudeste, conforme indica a Figura 1, a seguir:
148
Figura 1: Produção estimada de areia para a construção civil no Brasil
Fonte: Luis Fernando Ramadon / Revista Mineração & Sustentabilidade. 
Disponível aqui
Os especialistas mencionam que é praticamente impossível a extração de areia
natural sem impacto ambiental e, por isso, e também devido ao custo de extração e
do frete, a indústria de construção civil tem se movimentado para substituir essa área
natural por outra industrializada, a chamada “areia de brita”, resultado de um
processo de aproveitamento de sobras da brita de pedras para o próprio setor.
Essa “areia de brita” tem algumas vantagens apontadas como granulometria uniforme
(ou seja, os grãos são do mesmo tamanho, visto ser resultado de processo industrial),
ausência de elementos contaminantes, homogeneidade, não necessidade de
peneiramento trazendo ganhos de mão de obra, além da redução do frete. Ao tempo
em que esse material está sendo produzido, a viabilidade econômica da produção da
“areia de brita” ainda não estava totalmente consolidada, mas os especialistas
apontam o uso desse material como um caminho sem volta.
Temos inúmeros outros materiais que são utilizados, como plástico (em tubos e
conexões), metais (em fios e cabos), misturas químicas como tintas e solventes, entre
tantos. Com essa rápida análise, fica muito fácil concluir que a retirada desses
materiais do meio ambiente muda paisagens, produz resíduos de queima, em
processos não renováveis.
149
https://revistamineracao.com.br/2016/12/22/extracao-ilegal-de-areia-no-brasil/
Outro lado da construção civil que traz grandes problemas ambientais é a produção
de resíduos na forma de entulhos. Mas, afinal, o que são entulhos?
De acordo com Razzolini Filho e Berté (2013, p. 129),
O entulho é o conjunto de fragmentos ou restos da construção civil,
provenientes de reformas ou da demolição de estruturas (prédios,
residências). Na formação do entulho entram os restos de grande
variedade de materiais deconstrução, possivelmente todos aqueles
utilizados pela indústria da construção civil. Entre eles: tintas, tijolos,
pedras, pedras brita, plásticos, papéis, metais, madeiras, materiais
cerâmicos, argamassas e areias.
A produção deste entulho todo chama à atenção, não é mesmo? Mas uma conclusão
é óbvia: se os materiais fossem racionalmente utilizados na fase da construção, uma
parte importante dos entulhos não seria produzida. Restariam os entulhos das
demolições e reformas. Será que desperdiçamos muitos materiais na fase da
construção? Os dados sobre isso não são precisos. Alguns trabalhos mais antigos
davam conta de que o Brasil já chegou ao absurdo de, a cada 3 prédios construídos, o
equivalente aos materiais de um edifício inteiro ser desperdiçado, ou seja,
literalmente ia para o lixo. Além disso,
Segundo levantamento do Sindicato da Construção Civil do Paraná
(SINDUSCON-PR), o setor da Construção Civil é responsável pela
geração de uma média de 200 quilos de resíduos para cada m² de
área construída, destes, 25% são produzidos pela construção formal,
outros 25% pela informal e 50% oriundos pelas reformas (SILVA;
PIMENTEL, 2019, p. 22).
Atualmente, esse cenário não é aceito nem reconhecido pelo segmento, pelo menos
não quando se fala em construções conduzidas pelas grandes construtoras do Brasil.
Também os programas de moradias populares do governo federal, que exigem o
cumprimento de orçamentos rígidos, forçaram as empresas a ganharem em
produtividade e reduzirem perdas de materiais.
Também, especialmente a partir dos anos 1990, começou a ser aplicado à construção
civil uma filosofia já bastante consolidada na indústria de automóveis e alguns outros
segmentos: o modelo japonês de gestão, com princípio do TQM (Gerenciamento pela
150
Qualidade Total), Just-in-Time (que você conhece muito bem nos seus estudos de
logística), que formavam a base da Lean Production ou Produção Enxuta, em
português. Na construção civil, o termo cunhado para esta prática é Lean Construction
(ou Construção Enxuta), que busca reduzir e, de preferência, eliminar desperdícios.
Um grande avanço, não acha?
Apesar desses avanços todos – principalmente na construção civil de grande porte – o
desperdício e a produção de entulhos permanecem.
Para comprovar isso, Razzolini Filho e Berté (2013, p. 135) apresentam os seguintes
dados:
Quadro 1: Estimativa da quantidade de entulhos gerados pela Construção Civil
Fonte: Razzolini Filho e Berté (2013, p. 135).
Região Quantidade produzida (estimativa)
São Paulo 372.000 toneladas/mês
Belo Horizonte 102.000 toneladas/mês
Brasília 85.000 toneladas/mês
Curitiba 74.000 toneladas/mês
Em razão disso, um grande esforço, tanto do próprio setor como dos órgãos
ambientais do poder público, foi empreendido para formular uma política de gestão
dos resíduos da construção civil. Algumas políticas promovidas por vários estados da
federação são muito abrangentes e instituem indicadores de acompanhamento de
gestão de resíduos (caso do Estado de São Paulo com a adoção do IGR – Índice de
Gestão de Resíduos Sólidos).
Em nível normativo, é considerado o marco legal de gestão de resíduos da construção
civil a Resolução Conama 307, de 05.07.2002.
Já no preâmbulo desta Resolução, entendemos o que moveu a formulação desta
normativa:
151
Considerando a necessidade de implementação de diretrizes para a
efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos
oriundos da construção civil; 
Considerando que a disposição de resíduos da construção civil em
locais inadequados contribui para a degradação da qualidade
ambiental; 
Considerando que os resíduos da construção civil representam um
significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas
urbanas; 
Considerando que os geradores de resíduos da construção civil
devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção,
reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como
por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de
solos; 
Considerando a viabilidade técnica e econômica de produção e uso
de materiais provenientes da reciclagem de resíduos da construção
civil; e 
Considerando que a gestão integrada de resíduos da construção civil
deverá proporcionar benefícios de ordem social, econômica e
ambiental (Resolução CONAMA 307/2002).
152
A constatação da importância do tema levou à formulação de diretrizes específicas
para o setor, conforme podemos deduzir logo no início do texto da Resolução. Um
importante Artigo incluído nesta Resolução é o que especifica os tipos de resíduos da
construção civil, agrupando-os por classes:
No Art. 3º da Resolução, lemos:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, tais como: 
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e
de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem; 
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento etc.), argamassa e concreto; 
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas
em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros
de obras; 
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais
como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens
vazias de tintas imobiliárias e gesso; (Redação dada pela Resolução
n.º 469/2015). 
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a
sua reciclagem ou recuperação; (Redação dada pela Resolução n.º
431/11). 
IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles
contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições,
reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que
contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (Redação
dada pela Resolução n.º 348/04). 
§ 1º - No âmbito dessa resolução consideram-se embalagens vazias
de tintas imobiliárias, aquelas cujo recipiente apresenta apenas filme
seco de tinta em seu revestimento interno, sem acúmulo de resíduo
de tinta líquida. (Redação dada pela Resolução n.º 469/2015) 
§ 2º - As embalagens de tintas usadas na construção civil serão
submetidas a sistema de logística reversa, conforme requisitos da Lei
n.º 12.305/2010, que contemple a destinação ambientalmente
adequados dos resíduos de tintas presentes nas embalagens.
(Redação dada pela Resolução n.º 469/2015).
153
Essa classificação possibilita uma ação gerencial mais efetiva, que leva a logística
reversa a vincular-se definitivamente à busca de soluções inovadoras para toda a
cadeia da construção civil. Complementando essa ideia, a própria resolução preconiza
as destinações aos resíduos, conforme a classificação dos materiais que a norma
definiu no Artigo 3º. Essa destinação encontra-se no Artigo 10º, que reza:
Art. 10 - Os resíduos da construção civil, após triagem, deverão ser
destinados das seguintes formas: (nova redação dada pela Resolução
448/12) 
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de
agregados ou encaminhados a aterro de resíduos classe A de
reservação de material para usos futuros; (nova redação dada pela
Resolução 448/12) 
II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a
áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a
permitir a sua utilização ou reciclagem futura; 
III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados
em conformidade com as normas técnicas específicas. 
IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados e destinados
em conformidade com as normas técnicas específicas. (nova redação
dada pela Resolução 448/12)
Perceba, pelas ações elencadas pela Resolução, que a Logística Reversa está
fortemente ligada às soluções apresentadas, em atividades como triagem,
armazenamento, transporte, reciclagem, entre outras, paraos Resíduos da
Construção Civil (RCC). A inovação e a tecnologia auxiliam nessas soluções
apresentadas.
Na Figura 2, temos a demonstração do papel da logística reversa no segmento da
construção civil:
154
Figura 2: Papel da logística reversa na construção civil sob o aspecto da
sustentabilidade
Fonte: Marcondes e Cardoso (2005, p. 7).
As soluções, geralmente, estão ligadas ao reaproveitamento dos materiais, sendo a
reciclagem a parte importante deste processo.
Os objetivos da reciclagem são relevantes tanto no sentido econômico como nos
aspectos ecológicos. Pinto (1994 apud RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013, p. 137) elenca
esses objetivos:
Melhorar o meio ambiente por meio da redução do número de áreas
de depósitos clandestinos, o que resultará em uma diminuição dos
gastos da administração pública com gerenciamento de entulho; 
Aumento de vida útil de aterros por uma disposição dos resíduos,
que podem ser utilizados futuramente; 
Aumento da vida útil das jazidas de matéria-prima, na medida em
que são trocadas por materiais reciclados; 
Materiais de construção reciclados de baixo custo e excelente
desempenho sendo produzidos.
155
https://uploads-ssl.webflow.com/5f7bb63f311b47a93c8f6497/5fa01b8c9bbb4c6b8e5d5bad_a15-fig01.svg
Se você pesquisar em sites especializados, verá algumas propostas muito
interessantes, como as casas ecológicas, ecovilas, edifícios verdes, entre outras. Há
uma tendência de várias construtoras – principalmente em empreendimentos
maiores – de buscar a certificação ambiental por um sistema de origem norte-
americana: o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). A ideia dessas
certificações é reconhecer boas práticas desde a fase do projeto, utilização racional de
energia, água e materiais, uso da luz natural, ventilação, emprego de materiais
reciclados e não impactantes, entre outros critérios.
Casa ecológica
Trata-se de uma casa ecologicamente saudável, economicamente viável e
que responda às necessidades básicas de seus habitantes, integrando
tecnologias modernas a velhos conhecimentos, com o máximo possível de
conexão com o ambiente e menor impacto possível.
A casa deverá possuir alguns detalhes básicos, tais como:
Dispor as janelas de forma que se aproveite a luz ambiente;
Reduzir e gerenciar os resíduos gerados;
Aproveitar a água das chuvas e também reutilizar as águas da pia com
a utilização de filtros. 
Qual o diferencial das casas? Por que “casas ecológicas”?
156
Fonte: Freepik.
Nas ecovilas, temos:
a. Edificações (casas) autônomas de baixo consumo energético.
São casas solares, voltadas para o norte, com paredes duplas,
vidros duplos, dutos de ventilação e de convecção do ar da
lareira para um maior conforto térmico; sistema de energia
solar somado ao aquecimento a gás e serpentinas ligadas à
lareira para aquecimento de água;
b. Infraestrutura ecológica: poço artesiano, reúso das águas e
cinzas, baixo índice de ocupação com maximização de jardins,
preservação de áreas verdes e minimização de ruas;
c. Paisagismo produtivo: espirais de ervas e temperos, hortas
mandalas e outros, que, além da ornamentação, produzem
alimentos saudáveis para o consumo das famílias,
compensando o custo das equipes de manutenção e
segurança, o que chamamos de jardineiros produtivos
protetores. 
 
Fonte: Razzolini Filho e Berté (2013, p. 138-139).
157
Você talvez tenha visto outras iniciativas, como casas à base de garrafas PET, tijolos
ecológicos, uso de embalagens tipo Tetra Pak para isolamento térmico, entre outras.
Talvez um dos maiores impeditivos para a popularização deste tipo de construção
seja o preconceito em relação aos materiais alternativos e a própria questão
econômica, pois muitos temem não conseguir vender os imóveis fabricados com
esses materiais.
Porém, novas tecnologias construtivas estão sendo desenvolvidas, mesmo para
prédios de alto padrão, como as das lajes protendidas, que reduzem a utilização de
pilares e mão de obra. Também equipamentos de tecnologia como projetores de
argamassa que substituem o método tradicional de reboco com as famosas “colheres”
de pedreiro, reduzem o desperdício no canteiro de obras. A própria escassez de mão
de obra faz as construtoras buscarem as soluções para aumento da produtividade e
redução de desperdícios. Vamos acompanhar o desenvolvimento dessas iniciativas.
Acesse o link: Disponível aqui
Várias pesquisas e iniciativas acontecem tanto no meio empresarial como na
academia, visando o reaproveitamento de materiais de construção. Conheça
uma dessas iniciativas no link abaixo.
Trata-se de um tipo de tijolo ecológico que se propõe a reaproveitar até 80%
dos entulhos da construção civil.
158
https://www.sienge.com.br/blog/tijolo-ecologico/
Charles Goodyear
Fonte: Wikipedia.
A Logística Reversa dos Pneus
O mundo se move sobre rodas. E as rodas movem-se sobre pneus. Você pode até
achar esta afirmação exagerada, mas não é tanto assim. De fato, uma parte
importante do transporte de pessoas no mundo é feita sobre rodas e os automóveis e
ônibus são meios largamente utilizados.
A história dos pneus com a humanidade é relativamente nova, tem cerca de dois
séculos. Foi Charles Goodyear, um americano que no século XIX, aprimorou a
borracha de tal forma que pudesse ser utilizada para construção de um objeto, que
revolucionou o transporte: o pneu (abreviatura de pneumático, mas ninguém usa
essa palavra no dia a dia, não é mesmo)? 
Se o pneu foi e é tão importante para a humanidade, principalmente no transporte de
pessoas e cargas, por que foi alçado à condição de vilão do meio ambiente?
A culpa, é claro, cabe mais uma vez ao próprio homem. Quando o pneu se torna
inservível, ou seja, deixa de ser útil para rodar em veículos, geralmente começa sua
saga de prejuízo à natureza. Alguns números são surpreendentes! Por exemplo,
159
Christófani et al. (2017) destacam que, no Brasil, estima-se que 100 milhões de pneus
velhos estão espalhados em aterros, terrenos baldios, rios e lagos. E quais são os
malefícios dessa prática? Veja algumas:
• os pneus, por apresentarem baixa compressibilidade, associados à
sua degradação muito lenta, ao serem aterrados inteiros, podem
provocar o escorregamento das células de lixo, bem como reduzir a
vida útil dos aterros sanitários; 
• devido à sua forma, se for aterrado inteiro, poderá reter ar e outros
gases no seu interior, tornando-se volumoso, e podendo vir a flutuar
para superfície, quebrando a cobertura do aterro. Quando isso
ocorre, ocasiona a exposição do aterro a micro e macro vetores, a
fauna, além de possibilitar que os gases escapem para a atmosfera,
bem como haja o vazamento de líquidos; 
• os pneus ficam sujeitos à queima acidental ou provocada,
ocasionando prejuízos na qualidade do ar, face à liberação de
fumaça contendo alto teor de substâncias tóxicas; 
• do ponto de vista da saúde pública, o descarte de pneus em
terrenos baldios são igualmente danosos, pois devido ao seu
formato, tende a reter a água de chuva criando um ambiente
propício à proliferação de vetores, como, por exemplo, o mosquito
“Aedes aegypti” que é transmissor da dengue (CHRISTÓFANI et al.,
2017, p. 3-4).
Dentro dessa mesma linha de pensamento, Razzolini Filho e Berté (2013, p. 155)
destacam as dificuldades para o reúso dos pneus:
Os resíduos dos pneus ocupam grandes espaços para
armazenamento temporário, o que dificulta o seu manuseio, além
disso, é grande a quantidade gerada; 
Existem os problemas sanitários e de saúde pública, pois, quando
não armazenados adequadamente, os pneus se tornam dissipadores
de patologias e, principalmente, “berços de reprodução” para agentes
epidemiológicos, como é o caso do mosquito da dengue, o aedes
aegypti.
Como destacado, os problemas com os pneus ainda incluem a possibilidade de
contaminação da água quando queimados de forma imprópria, pois liberam um
material oleoso que, em contato com a água, torna-a inapropriada para uso.
160
O poder público, como no caso da construção civil, também se preocupou com a
destinação correta dos pneus inservíveis e elaborouuma normativa específica para
este material. A proposta concreta foi dada pela Resolução CONAMA 258, de
26.08.1999, que já no seu preâmbulo expunha seus objetivos:
Considerando que os pneumáticos inservíveis abandonados ou
dispostos inadequadamente constituem passivo ambiental, que
resulta em sério risco ao meio ambiente e à saúde pública; 
Considerando que não há possibilidade de reaproveitamento desses
pneumáticos inservíveis para uso veicular e nem para processos de
reforma, tais como recapagem, recauchutagem e remoldagem; 
Considerando que os pneumáticos novos, depois de usados, podem
ser utilizados em processos de reciclagem; (nova redação dada pela
Resolução n.º 301/02) 
Considerando a necessidade de dar destinação final, de forma
ambientalmente adequada e segura, aos pneumáticos inservíveis [...]
(Resolução CONAMA 258, preâmbulo).
A Resolução previa ações conjuntas da iniciativa privada (em especial) e do poder
público (em particular) para dar a destinação correta aos pneus inservíveis. Porém,
ações também eram previstas antes de os pneus se tornarem inservíveis, ou seja, não
poder mais rodar em nenhuma circunstância. Na Resolução CONAMA 258, previa-se
161
desde o início, a responsabilização dos fabricantes e importadores sobre a destinação
correta dos pneus inservíveis. Nesta normativa, publicada em 1999, e alterada
posteriormente pela Resolução n.º 301/02, as empresas envolvidas na
fabricação/importação receberam gradualmente maior carga de responsabilidade, em
anos específicos. O Art. 1º dessa resolução, determinava que,
Art.1º - As empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos
para uso em veículos automotores e bicicletas ficam obrigadas a
coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus
inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida
nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou
importadas. (nova redação dada pela Resolução n.º 301/02).
A determinação da Resolução é que as empresas recolhessem pneus inservíveis e
dessem destinação correta em proporções pré-determinadas em relação aos pneus
fabricados/importados ou montados em veículos importados.
O texto da Lei, no Art. 3º, definia que:
Art. 3º - Os prazos e quantidades para coleta e destinação final, de
forma ambientalmente adequada, dos pneumáticos inservíveis
resultantes de uso em veículos automotores e bicicletas de que trata
esta Resolução, são os seguintes: (nova redação dada pela Resolução
n.º 301/02) 
I - a partir de 1º de janeiro de 2002: para cada quatro pneus novos
fabricados no País ou pneus importados, novos ou reformados,
inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as
empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final
a um pneu inservível; (nova redação dada pela Resolução n.º 301/02) 
II - a partir de 1º de janeiro de 2003: para cada dois pneus novos
fabricados no País ou pneus importados, novos ou reformados,
inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as
empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final
a um pneu inservível; (nova redação dada pela Resolução n.º 301/02) 
III - a partir de 1º de janeiro de 2004: 
a) para cada um pneu novo fabricado no País ou pneu novo
importado, inclusive aqueles que acompanham os veículos
importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar
destinação final a um pneu inservível; 
b) para cada quatro pneus reformados importados, de qualquer tipo,
162
as empresas importadoras deverão dar destinação final a cinco
pneus inservíveis; 
IV - a partir de 1º de janeiro de 2005: 
a) para cada quatro pneus novos fabricados no País ou pneus novos
importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos
importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar
destinação final a cinco pneus inservíveis; 
b) para cada três pneus reformados importados, de qualquer tipo, as
empresas importadoras deverão dar destinação final a quatro pneus
inservíveis. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos
pneumáticos exportados ou aos que equipam veículos exportados
pelo País.
No ano de 2009, a Resolução 258 foi revogada pela Resolução 416, de 30 de setembro
de 2009. No mais lógico, visto que o horizonte de tempo previsto na Resolução 258 já
havia transcorrido, assim, a partir da Resolução 416, determina-se que,
Art. 3º - A partir da entrada em vigor desta resolução, para cada pneu
novo comercializado para o mercado de reposição, as empresas
fabricantes ou importadoras deverão dar destinação adequada a um
pneu inservível. 
§ 1º Para efeito de controle e fiscalização, a quantidade de que trata
o caput deverá ser convertida em peso de pneus inservíveis a serem
destinados. 
§ 2º Para que seja calculado o peso a ser destinado, aplicar-se-á o
fator de desgaste de 30% (trinta por cento) sobre o peso do pneu
novo produzido ou importado. 
Art. 4º - Os fabricantes, importadores, reformadores e os
destinadores de pneus inservíveis deverão se inscrever no Cadastro
Técnico Federal - CTF, junto ao IBAMA. 
Art. 5º - Os fabricantes e importadores de pneus novos deverão
declarar ao IBAMA, numa periodicidade máxima de 01 (um) ano, por
meio do CTF, a destinação adequada dos pneus inservíveis
estabelecida no Art. 3º.
Podemos resumir os direcionamentos dados por essa Resolução na Figura 2, a
 seguir:
163
Figura 2 – Possíveis destinações dos pneus no Brasil
Fonte: Rossi et al. (2019, p. 118).
O fluxograma acima apresenta os possíveis destinos dos pneus pós-consumo: os
pneus inservíveis podem ir para coprocessamento, laminação, asfalto ou artefatos,
enquanto os pneus em condições podem ir para remoldagem, reforma ou
recapagem, voltando ao mercado consumidor.
Além do que a figura 2 demonstra, a Resolução Conama 416/09 determina a
obrigatoriedade de instalação de ponto de coleta de pneus, por parte de fabricantes e
importadores, em municípios acima de 100 mil habitantes.
A Lei está em pleno vigor, porém, pelas montanhas de pneus em locais inadequados,
há ainda um grande trabalho a ser feito, principalmente com o legado de pneus
depositados em locais inadequados, do período anterior à legislação
regulamentadora.
Gardin, Figueiró e Nascimento (2010, p. 2) mencionam que
164
De acordo com a ANIP (Associação Nacional da Indústria de
Pneumáticos), entidade que representa os fabricantes de pneus
novos no Brasil, pneus inservíveis são aqueles que não podem mais
rodar em veículos automotivos, mesma terminologia utilizada para
este estudo. A ausência de dados sobre o destino de pneus inservíveis
no Brasil não permite determinar com exatidão o passivo ambiental
gerado. No entanto, uma estimativa baseada na frota de veículos
indica que são geradas mais de 44 milhões de carcaças de pneus
anualmente e que existem mais de 100 milhões de pneus
abandonados em todo o país. Já nos EUA, considerado o país que
mais produz pneus inservíveis, estima-se que sejam dispostos 273
milhões de pneus por ano, o que representa mais de um pneu por
habitante ao ano.
Alguns números da Logística Reversa dos pneus, porém, são animadores. De acordo
com a ABELPRE, entre 1999 e 2017,
cerca de 4,5 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram
coletadas e corretamente destinadas – o equivalente a 916 milhões
de pneus de carros de passeio. Os pontos de coleta eram 85 em 2004,
atingiram 1.718 em 2017. Entre 2016 e 2017, houve aumento de
0,22% na quantidade de pneus recuperados: de 457.000 toneladas
em 2016 para 458.000 em 2017.
Algumas propostas para esses pneus inservíveis são destacadas pela FAPESP -
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo:
Combustível para fornos de cimenteiras, cal, papel e celulose - O
pneu é um grande gerador de energia, seu poder calorífico é de 12
mil a 16 mil BTUs por quilo, superior ao do carvão. 
Pisos industriais, solados, tapetes de automóveis e borracha de
vedação – Depois do processo de desvulcanização e adição de óleos
aromáticos resulta uma pasta, a qual pode ser usada para produzir
estes produtos, entre outros. 
Recauchutagem ou fabricaçãode novos pneus – O pó de pneu é
reutilizado como parte da formulação de bandas de rodagem. 
Compostagem – O pneu não pode ser transformado em adubo, mas
sua borracha cortada em pedaços de 5 cm pode servir para adição
165
de compostos orgânicos. 
Pavimentação de estradas – Pó gerado pela recauchutagem e os
restos de pneus moídos podem ser misturados ao asfalto
aumentando sua elasticidade e durabilidade. 
Contenção de erosão do solo – Pneus inteiros associados a plantas
de raízes grandes podem ser utilizados para ajudar na contenção da
erosão do solo. 
Equipamentos para playground – Balanços e protetores de
brinquedos para amenizar as quedas e evitar acidentes. 
Reprodução de animais marinhos – No Brasil é utilizado como
estruturas de recifes artificiais no mar para criar ambiente adequado
para reprodução de animais marinhos (FAPESP, 2008, on-line).
Na reciclagem dos pneus busca-se, através de processos físicos e químicos, a
separação dos componentes que são a borracha, o nylon e o aço. A utilização da
borracha granulada tem obtido bons resultados em misturas asfálticas.
Note então, que um produto que na natureza provoca tantos danos pode ser utilizado
como insumo em outro ciclo produtivo, como o da construção civil. Esse é um dos
principais princípios da logística reversa.
Como outra alternativa aos pneus, está seu reúso através de técnicas de reforma ou
renovação. Razzolini Filho e Berté (2013, p. 159) descrevem duas possibilidades para
este tipo de aproveitamento:
1) Remoldagem: conhecida também como pneu remold, que é a
substituição da banda de rodagem e de toda a superfície do pneu.
2) Recauchutagem: o processo ocorre por meio de substituição
apenas da banda. Nesse caso, o pneu pode ser reaproveitado, desde
que não apresente falhas como cortes, furos, deformações, sulcos
etc. A recauchutagem não pode ser feita por mais de duas vezes.
O mercado de pneus remold e recauchutados no Brasil é bastante expressivo.
166
Acesse o link: Disponível aqui
A economia proporcionada pelo uso de pneus reformados, especialmente
no transporte de cargas no Brasil (cuja matriz de transporte é primariamente
baseada no modal rodoviário), é significativa. Veja mais sobre o assunto.
A Logística Reversa das
Embalagens
A maior parte do que consumimos chega até nossas mãos em embalagens. O
cumprimento de uma das funções logísticas, de fazer chegar o produto certo, nas
condições corretas ao consumidor, é também proporcionado por embalagens.
O Brasil é bem servido no que se refere à indústria de embalagens: 18 das 20 maiores
indústrias mundiais do segmento de embalagens atuam no país (MESTRINER, 2014). 
167
https://www.cnt.org.br/agencia-cnt/conheca-vantagens-utilizar-pneus-reformados
A pujança desta indústria é revelada por números expressivos:
Em 2013, a receita bruta dos fabricantes de embalagens foi de R$ 52,36 bilhões, maior
que os R$ 46,7 bilhões de 2012. A perspectiva de crescimento é de 1,7% em 2014
(MESTRINER, 2014).
Xavier (2014, p. 74) complementa esse cenário rentável por trazer os seguintes dados:
Os cinco maiores consumidores de embalagens do mundo – Estados
Unidos, China, Japão, Alemanha e França – gastaram US$ 361 bilhões
em acondicionamento dos produtos em 2011. Para 2016, as
projeções indicam um valor de US$ 439,6 bilhões. No Brasil, esses
gastos atingiram US$ 25 bilhões em 2011 no composto geral de
embalagens, com uma projeção de US$ 30,8 bilhões para 2016,
segundo a pesquisa Datamark/Brasil, Food Trends 2020, promovida
pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).
No gráfico 1, conseguimos visualizar, no caso do Brasil, a composição das matérias-
primas na indústria de embalagens:
168
Gráfico 1: Segmentação por tipo de matéria-prima em embalagens
Fonte: Xavier (2014, p. 74).
O gráfico indica o percentual de embalagem por tipo de material. O material
constituído por papel, papelão e cartão representa o percentual maior (33%), seguido
de plástico com 30%, metal com 26%, vidro com 9%, e madeira com 2%.
Também no setor de embalagens, escancara-se uma realidade incômoda: ao mesmo
tempo em que são absolutamente necessárias aos processos logísticos e na
disponibilização de produtos aos consumidores, também provocam um problema
ambiental muito sério. Para se ter ideia, veja este comentário de Mestriner (2014, p.
68):
Um fabricante de cereal matinal produz 45 milhões de caixas por
mês, ou um milhão e meio de embalagens por dia, uma única marca
de sabonete consome mais de 200 toneladas por mês de papel
cartão para suas caixinhas e um fabricante de doces coloca no
mercado mensalmente 4,5 milhões de quilos de balas embaladas
uma a uma.
A isso se somam as garrafas de vidro, PET, latas de alumínio, embalagens de produtos
farmacêuticos e hospitalares, entre tantos outros. As embalagens compõem o rol dos
materiais classificados como Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) cujo tratamento impacta
169
Mestriner (2014) traça um mapa da reciclagem onde destaca que:
a. 275.587 brasileiros produzem 190.000 toneladas de lixo por dia, onde: 
1) 87% são coletadas e 
2) 13% são jogadas na rua
b. Do que é coletado, a composição deste lixo é de: 
1) 51,4% resíduos orgânicos 
2) 16,7% outros resíduos e 
3) 28,9% de embalagens.
c. Das embalagens recolhidas: 
1) 34,7% vão para o lixão e 
2) 65,3% voltam para as fábricas. 
 
Um fato que chama a atenção – e que é, de certa forma, animador – é que a
indústria de embalagem tem interesse na reciclagem desses materiais e
procura, através de diversas ações, incentivar essa prática. Embalagens de
vidro, papéis, alumínio, tudo pode ser reaproveitado. Por exemplo, o vidro é
considerado um material que tem a possibilidade teórica de reciclagem
infinita, conforme mostra a Figura 3 a seguir:
diretamente no poder público municipal, por serem destinadas na maior parte ao lixo
urbano.
170
Figura 3: Ciclo de reciclagem do vidro
Fonte: Saiani, Dourado, Toneto Júnior (2014, p. 283).
A figura acima mostra o ciclo de reciclagem do vidro, considerado em teoria como um
ciclo infinito, passando da matéria-prima para as indústrias vidreiras, revendidos para
os envasadores como embalagens, distribuídos em todo o país, adquiridos pelos
consumidores   e depois coletados, no pós-consumo, sendo limpos, triturados e
tornando-se novamente matéria-prima.
171
Um dos grandes problemas para uma maior efetividade do retorno das embalagens
em processos reversos tem a ver com o custo de coleta destes materiais. Os
programas de coleta seletiva das prefeituras municipais custam em média 4 vezes
mais que a coleta convencional. Mestriner (2014) comprova esta dificuldade por
informar que, no Rio de Janeiro, apenas 1% do lixo coletado é pelo método de coleta
seletiva e, em São Paulo, cerca de 2%. Números insignificantes, não acha?
Alguns setores específicos, devido à própria legislação, conseguem números mais
expressivos de retorno das embalagens. No Brasil, um caso de sucesso é o das
embalagens de agrotóxicos. Sobre este setor, Xavier (2014, p. 75) destaca que
Atualmente, o Brasil ocupa o posto de país que mais recolhe
embalagens vazias de agrotóxicos. Em 2013, o mercado brasileiro
bateu novo recorde na categoria, ao promover o recolhimento de
94% das embalagens devolvidas pelos agricultores. Enquanto isso, a
França, por exemplo, recolheu 77% de suas embalagens vazias. Na
Alemanha, o índice foi de 67% (nota do autor: pelo menos nisso
ganhamos da Alemanha!). No Japão, o retorno gira em torno de 50%.
Já nos EUA, a média é de 33%.
A legislação estabelece a obrigação do produtor rural em devolver em até 1 ano as
embalagens dos defensivos agrícolas adquiridos.
O resultado de programas de recolhimento de embalagens tem sido promissor. Veja a
evolução desta performance no Gráfico 2:
172
Gráfico 2: Quantidades de embalagens vazias de agroquímicos recolhidas no Brasil
(em mil toneladas)
Fonte: Xavier (2014, p. 75).
O gráfico mostra a evolução da quantidade percentual de embalagens vazias de
agroquímicos recolhidas no Brasil, passando de 24,4% em 2008 para 40,4% em 2013.
Em materiaiscomo as embalagens PET (Tereftalato de Etileno), a cadeia reversa está
bem estabelecida. Xavier (2014) observa que o índice de reciclagem das embalagens
PET no Brasil já atingiu a casa dos 59%. Há uma preocupação com relação à falta de
matéria-prima para as indústrias de reciclagem, pois nem sempre o preço pago aos
participantes desta cadeia – especialmente os catadores e cooperativas – é
compensador.
A cadeia reversa do PET é bastante abrangente, conforme você pode perceber na
Figura 4:
173
Figura 4: Cadeias das embalagens PET no Brasil
Fonte: Formigoni, Santos e Medeiros (2014, p. 119).
Veja as cadeias direta e reversa das embalagens PET, sendo que na cadeia reversa
temos três etapas: recuperação, revalorização e transformação. A figura mostra o
papel importante do consumidor em dar destinação a esse tipo de embalagem.
174
Note, na Figura 4, as várias possibilidades e caminhos para esse tipo de embalagem,
tão utilizada pelas indústrias e que, de certa forma, é considerada prática pelos
próprios consumidores.
A Logística Reversa das
Embalagens de Alumínio
Um material que atrai um contingente muito grande de interessados é a embalagem
de alumínio. A expressão máxima deste material são as latinhas de alumínio, tão
populares em bebidas como refrigerantes, sucos e cervejas.
O que atrai tanto interesse neste material é seu aspecto de facilidade de recuperação
de valor e os preços pagos aos participantes da cadeia reversa. 
175
De acordo com Farha (2010, p. 4),
Devido às suas propriedades, o alumínio tornou-se um material
versátil e é utilizado de diversas formas na indústria. Seus
diferenciais ou vantagens vêm fazendo com que o alumínio seja
explorado cada vez mais nas indústrias de bebidas devido ao fato de
ser leve, atóxico, ter condutibilidade térmica, levando em conta que,
geralmente, as bebidas são consumidas geladas acaba sendo uma
conveniência ao consumidor, facilita para o consumidor, a
impermeabilidade e opacidade que faz com que o material não
permita a passagem de umidade, luz e oxigênio de forma que não
deteriore o produto, pois é um metal nobre e limpo e permite
aplicações de diferentes tipos de tintas podendo, assim, caracterizar
da forma que preferir, possui também uma enorme durabilidade. A
principal característica é o poder de reciclagem reaproveitando
praticamente todo o alumínio, pois a perda é insignificante, ou seja, é
considerado que 100% do alumínio pode ser reaproveitado.
Acompanhe, na Figura 5, a dinâmica do ciclo reverso das latas de alumínio.
176
Figura 5: Ciclo completo das latas de alumínio
Fonte: Farha (2010, p. 4).
A figura mostra as diversas etapas do processo de reciclagem das embalagens de
alumínio, partindo da etapa da compra pelo consumidor, o consumo, a coleta, a
prensagem, a fundição, o lingotamento, a laminação, a produção de novas latas e
encerrando no retorno ao consumo.
Este processo é altamente compensador para a indústria que gasta apenas 5% da
energia necessária para produzir a mesma quantidade de material em relação à
matéria-prima primária.
177
Gráfico 3: Índice de reciclagem da lata de alumínio para bebidas – 1991 a 2017
Fonte: Disponível aqui
No Gráfico 3, mede-se a eficiência da cadeia reversa das latas de alumínio.
O gráfico indica a evolução da reciclagem de latas de alumínio para bebidas,
comparando a performance do Brasil, em relação ao Japão, Argentina, EUA e Europa.
O Brasil tem a linha com maior performance entre essas regiões.
Estamos muito bem neste segmento, assim como no caso das embalagens de
agroquímicos, não concorda?
178
http://www.abralatas.org.br/grafico/grafico-8/
16
Aspectos Sociais da 
Logística Reversa no 
Brasil
A PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), já considerada neste livro, prevê, como
vimos, a inserção e participação da sociedade nos processos de tratamento dos
resíduos produzidos pelas próprias pessoas. Alguns segmentos são destacados, como
a participação de catadores e suas cooperativas na Logística Reversa dos resíduos
sólidos.
No Art. 7º, a lei preconiza que os processos devem estimular a “XII - integração dos
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” (Lei 12305 de
02.08.2010).
É evidente que, assim como qualquer atividade produtiva, a viabilidade da inserção de
pessoas e organizações (mesmo pequenas, como as cooperativas) acontece quando
há uma justa remuneração dos participantes. O mercado costuma impor suas regras
também neste caso. Dependendo da demanda pelos materiais reciclados, estes
podem ter valores mais ou menos compensadores.
No caso dos materiais coletados, os preços sendo, portanto, variáveis, não há como
estabelecer um referencial único.
É interessante observarmos o tamanho da cadeia reversa na coleta seletiva:
1. 86% da coleta vai para lixões e aterros;
2. 14% dos municípios brasileiros têm coleta seletiva;
3. Há 800.000 catadores no Brasil;
4. No país também existem 1200 cooperativas;
5. Temos 34.400 cooperados nas cooperativas de catadores no Brasil;
6. Foi de R$10 bilhões o faturamento com reciclagem em 2012.
Fonte: (XAVIER, 2014, p. 76).
180
A participação de um contingente de cerca de 800.000 pessoas institui um movimento
social que não pode passar despercebido pelo poder público e pela própria
sociedade. Esses trabalhadores buscam organizar-se em entidades representativas,
como o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Reciclados (MNCR), que já
tem 12 anos de história.
Algumas prefeituras aproximam-se desses movimentos e buscam, através de
parcerias, proporcionar condições para que a geração de renda possa realmente ser
um fator modificador das condições de vida dessas pessoas. Muitas prefeituras têm
feito um excelente trabalho nesse sentido, ao ponto de viabilizar a geração de renda
suficiente para sustentar um número expressivo de famílias que vivem dessa
atividade.
Alguns números chamam a atenção pelo trabalho realizado pelos trabalhadores que
coletam materiais no Brasil. No Gráfico 4, a seguir, mostra-se o volume coletado por
cooperativas e associações de catadores:
181
Gráfico 4: Volume total coletado pelas cooperativas e associações de catadores, por
tipo de material (toneladas e % do total)
Fonte: Abrelpe (2020, p. 56).
Vejam que comparando o volume coletado por cooperativas e associações de
catadores entre os anos de 2017 e 2018, por materiais coletados. O papel representa
o maior volume, mas teve queda de 2017 para 2018, o que aconteceu também com os
outros tipos de materiais, como plásticos, vidros, outros metais, alumínio e orgânicos.
182
Acesse o link: Disponível aqui
Uma possibilidade prática de viabilizar a atividade dos catadores é o
convênio com o poder público. Veja, no vídeo a seguir, como isso pode
acontecer.
O gráfico mostra que o trabalho realizado realmente é relevante, porém, uma ampla
discussão deve ser realizada quanto a essas iniciativas que, de forma alguma, são
uma unanimidade. Se, por um lado, considera-se louvável que o poder público e a
própria sociedade reconheçam o papel fundamental dos catadores nos processos de
logística reversa, por outro, há que se pensar em outros caminhos para essas famílias
que não envolvam o contato com materiais perigosos, poluentes e contaminantes.
Embora, como pesquisador da área, tenha minha posição sobre o assunto, gostaria
que você pensasse seriamente na questão e formasse seu próprio juízo de valor.
183
https://www.youtube.com/watch?v=r2I1Qqyk6nc
Primeiro mercado de créditos de logística reversa de embalagens do
Brasil está em operação
22 de maio de 2014
Segundo a definição do Ministério do Meio Ambiente (MMA), logística
reversa é um “instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados
a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial,
para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou
outra destinação”.
Com a promessa de ajudar naimplementação desse conceito, o Movimento
Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), em parceria com a
Bolsa Verde do Rio de Janeiro (BVRio), começou a comercializar os primeiros
créditos de logística reversa de embalagens do Brasil. A intenção desse novo
mercado é aproximar os catadores das empresas que precisam cumprir
metas na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
De acordo com a PNRS, criada em 2010, companhias devem promover a
logística reversa de embalagens pós-consumo envolvendo, neste processo,
os catadores brasileiros que hoje são mais de 800 mil pessoas.
O mercado funciona distribuindo créditos para os catadores depois de uma
análise de suas atividades, sendo que a quantidade e o valor deles variarão
conforme o material dos resíduos trabalhados. Em seguida, os créditos
podem ser vendidos para as empresas, facilitando, assim, a relação entre a
iniciativa privada e as cooperativas.
A primeira empresa interessada no mercado foi o Grupo Boticário, deve
adquirir o equivalente a 1.200 toneladas em créditos.
“Estamos alavancando o mercado de Créditos de Logística Reversa no país.
Esta ação está conectada ao nosso plano estratégico de longo prazo em
sustentabilidade. Nosso objetivo é contribuir, de forma efetiva, com o
desenvolvimento da sociedade e a proteção ao meio ambiente. E
acreditamos que uma das etapas importantes para a redução do impacto
ambiental é a destinação correta de embalagens pós-consumo”, disse Artur
Grynbaum, presidente do Grupo Boticário.
184
Fonte: Disponível aqui
O valor total das transações do Boticário não foi divulgado, mas pelo portal
da BVRio é possível ver a cotação dos vários tipos de créditos, que estão
atualmente avaliados na faixa de R$ 100 a unidade.
185
https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/noticias/120463157/primeiro-mercado-de-creditos-de-logistica-reversa-de-embalagens-do-brasil-esta-em-operacao?ref=feed
Conclusão
Prezado aluno,
Ao final dessa disciplina, gostaria de agradecer por ter se engajado em obter
conhecimentos tão relevantes, relacionados à sustentabilidade e aos processos
organizacionais, temas da Logística Reversa.
Conforme vimos ao longo de nossas aulas, há uma discussão acalorada sobre o
modelo econômico hegemônico e suas implicações para a continuidade da vida
humana na terra, visto que o modelo é altamente demandante de recursos naturais.
Não podemos fechar os olhos quanto aos impactos ambientais das atividades
humanas, ao mesmo tempo em que não podemos ter romantismos quanto às
facilidades proporcionadas pelo desenvolvimento tecnológico. Todos nós nos
beneficiamos com os avanços tecnológicos, em vários campos de nossas vidas,
passando da educação aos cuidados médicos, da alimentação à mobilidade. Porém,
fechar essa equação de desenvolvimento com preservação é desafiador.
Portanto, as empresas precisam pensar alternativas para seu modelo de produção e
repensar processos, design e distribuição para que os impactos sejam mitigados e se
estabeleça uma nova lógica produtiva, em que não se desperdice aquilo que já foi
obtido da natureza.
De forma prática, temos os processos da logística reversa retornando os bens de pós-
consumo e pós-venda para os canais de distribuição e, junto com isso, a arquitetura da
disposição correta desses bens. O mundo ideal seria aquele em que nada – ou ao
menos aquilo que não tenha uma degradação natural e rápida - precisasse ser
depositado em aterros e sim, que fosse reaproveitado como insumo, como matéria-
prima para outros processos de produção.
Estamos caminhando nessa direção. Vamos acompanhar com muito interesse as
iniciativas e pesquisas nesse sentido. No mais, quero te incentivar a ficar cada vez mais
conectado com as discussões que acontecem a todo momento na temática da
sustentabilidade. Todos estamos envolvidos, quer queiramos ou não. Nosso futuro e
de nossos filhos depende disso.
Sucesso!
Prof. Me. Paulo Pardo
186
Material Complementar 
Livro
Logística Reversa e Sustentabilidade
Autor: André Luis Pereira et al.
Editora: Cengage Learning
Sinopse: o tema Logística Reversa e Sustentabilidade
normalmente está associado às funções de pós-venda e pós-
consumo. Logo, esta área do conhecimento está associada a
temas já conhecidos pelo público-alvo desta obra.
No entanto, o objetivo deste livro é apresentar a logística
reversa, alinhando o seu conteúdo à sustentabilidade e ao
controle de resíduos nas organizações. Além disso, propõe
pensar e expor os conhecimentos sobre a logística reversa e
sustentabilidade de forma inovadora, com a adoção de novos
conceitos e instigando os leitores a gerir as organizações em
geral, em busca dos melhores resultados e benefícios para a
sociedade.
Filme
A Conspiração da Lâmpada
Ano: 2010
Sinopse: a história não contada da obsolescência planejada:
Era uma vez ... bens de consumo construídos para durar. Então,
em 1920, um grupo de empresários percebeu que quanto mais
tempo durasse seu produto, menos dinheiro ele faria, assim,
nasceu a obsolescência planejada e os produtos começaram a
falhar desde então.
Comentário: Documentário imperdível. Vivemos neste mundo e
nos inserimos na sociedade, às vezes, sem pensar em como
somos manipulados pelo status quo. Para quem é mais novo
então fica mais complicado.  Para minha geração, ou a dos meus
pais, adquirir produtos com alta durabilidade era comum, e sem
187
percebermos hoje vivemos a era do descartável.  Tudo bem que
há o lado da economia, do capitalismo, mas precisa ser assim
tão selvagem a ponto de perdermos nossos valores mais
importantes?  O mundo é grande o suficiente para satisfazer a
necessidade de todos, mas sempre será pequeno demais para
satisfazer a ganância individual.
188
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XAVIER, Coriolano. Logística reversa: acredite, é no Brasil! São Paulo: Revista HSM,
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192
	O Desafio da Sustentabilidade: O que Você tem a Ver com Isso?
	As Questões Logísticas e a Competitividade Empresarial
	Entendendo o Conceito de Logística Reversa
	Custos em Logística Reversa – O que Avaliar
	A Classificação dos Bens de Pós-Consumo e os Canais de Distribuição Reversos de Pós-Consumo – CDR PC
	A Descartabilidade na Logística Reversa e a Disposição de Bens de Pós-Consumo
	Objetivos Econômicos da Logística de Pós-Consumo
	Canais de Distribuição Reversos de Pós-Venda – CDR PV
	Objetivos Estratégicos da Logística Reversa de Pós-venda
	Seleção e Destinação dos Produtos em Devolução
	O Fator Legal como Motivador da Logística Reversa
	Tendências Regulatórias nas Questões Ambientais
	A Legislação Ambiental e o Impacto na Logística Reversa
	As Bases para a Economia Circular - Uma Nova Fronteira para o Consumo
	A Logística Reversa: da Construção Civil, dos Pneus e das Embalagens
	Aspectos Sociais da Logística Reversa no Brasil

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