Prévia do material em texto
1 Fernanda E. Bocutti T6 Conferência 1 Antiepiléticos - Distúrbio no funcionamento cerebral caracterizado por ocorrência de convulsões periódicas e não previsíveis Atuação dos fármacos não está totalmente elucidada Carbamazepina, ácido valproico, gabapentina, lamotrignina, tiagabina, topiramato, zonisamida. Fase tônica -contração em forma de ponte Fase clônica – contração abdominal Registros eletroencefálicos (EEG) na epilepsia. A. EEG normal registrado de pontos frontais (F), temporais (T) e occipitais (O) em ambos os lados, conforme mostrado nos diagramas em detalhes. O ritmo α (10/s) pode ser visto na região occipital. B. Partes de EEG registrado durante uma crise tônico-clônica generalizada (grande mal): 1, registro normal; 2, início da fase tônica; 3, fase clônica; 4, coma pós-convulsivo C. Crise de ausência generalizada (pequeno mal), mostrando episódio breve e súbito de despolarização de “pico e onda” a 3/s D. Crise parcial com despolarizações anormais síncronas nas regiões frontal e temporal esquerdas. Principais causas - Infecções (meningites) - Febre alta em crianças - - Traumas mecânicos – pode levar à convulsões pelo corpo buscar a homeostasia - Hipóxia - Abstinência Papel do GABA (neurotransmissor inibitório – controla os impulsos nervosos): diminuição do GABA leva a manifestações convulsivas. E o aumento leva a ações antiepiléticas.. Ex: ácido valproico aumenta os níveis desse NT (GABA). Vigabratina age inibindo a enzima que degrada GABA. Tiagabina reduz a recaptação neuronal de GABA. – Vão tentar aumentar o nível de GABA nas fendas sinápticas. Inibição das funções dos canais de sódio e cálcio: Carbamazepina, lamotrignina, ácido valproico e Fenitoína inibem potenciais de ação de alta frequência. Mecanismos de ação Os mecanismos de ação desses medicamentos são aqueles que inibem os canais de Na+ dependentes de voltagem, estendendo seu estado inativo (Fenitoína, carbamazepina, oxcarbazepina, lamotrigina), aqueles que afetam os canais de cálcio tipo T (etossuzemida), aqueles que aumentam a neurotransmissão de ácido y- aminobutírico (GABA) (benxodiaxapínicos, fenobarbital), fármacos com múltiplos mecanismos de ação (ácido valproico, topiramato) e aqueles que têm outros mecanismos de ação (Gabapentina/ pregabalina, levetiracetam). Os fármacos antiepiléticos têm como objetivo inibir a despolarização neuronal anômala, sem impedir a função Fmacologia 2 Fernanda E. Bocutti T6 normal. Três mecanismos de ação principais parecem ser importantes: 1. Potencialização da ação do GABA Vários antiepilépticos (fenobarbital e benzodiazepínicos) potencializam a ativação dos receptores GABAA, assim facilitando a abertura dos canais de cloreto mediados pelo GABAA. A vigabatrina atua inibindo irreversivelmente a enzima GABA transaminase, responsável pela inativação do GABA. A tiagabina é um inibidor do transportador GABA “neuronal” GAT1, inibindo, assim, a remoção do GABA da sinapse. 2. Inibição da função dos canais de sódio Muitos fármacos antiepilépticos (p. ex., carbamazepina, fenitoína e lamotrigina) afetam a excitabilidade da membrana por ação sobre os canais de sódio dependentes de voltagem, que contêm a corrente de entrada necessária para a geração de um potencial de ação. A lacosamida potencializa a inativação dos canais de sódio, mas, ao contrário de outros fármacos antiepilépticos, parece afetar os processos de inativação lentos em vez dos rápidos. 3. Inibição da função dos canais de cálcio Todos os fármacos que são usados para tratar crises de ausência (p. ex., etossuximida e valproato) compartilham a capacidade de bloquear os canais de cálcio ativados por baixa voltagem do tipo T. A atividade do canal do tipo T é importante para a determinação da despolarização rítmica dos neurônios do tálamo associados às crises de ausência. A gabapentina, embora desenhada como um simples análogo de GABA, que seria suficientemente lipossolúvel para penetrar a barreira hematencefálica, deve seu efeito antiepilético principalmente à ação sobre os canais de cálcio do tipo P/Q. Ao ligar-se a uma subunidade em particular do canal (α2δ1). A gabapentina e a pregabalina (um análogo relacionado) reduzem o tráfego para a membrana plasmática dos canais de cálcio contêm essa subunidade, diminuindo a entrada de cálcio nos terminais nervosos e reduzindo a liberação de diferentes neurotransmissores e moduladores Fármacos antiepiléticos (indicações) A carbamazepina, o valproato e a lamotrigina possuem menos efeitos adversos que o lítio e mostraram-se eficazes para o tratamento de distúrbio bipolar. É assumido que os mecanismos de ação dos fármacos anticonvulsivantes em reduzir os distúrbios bipolares estão relacionados com as suas atividades anticonvulsivantes. O valproato e a carbamazepina são eficazes no tratamento de crises agudas de mania e para o tratamento a longo prazo dessa patologia, embora a carbamazepina possa não ser tão eficaz para o tratamento na fase depressiva. Algumas vezes, o valproato é administrado junto com outro fármaco como o lítio. A lamotrigina é eficaz na prevenção de recorrência tanto da mania quanto da depressão. *Carmabazepina e Divalproato de sódio podem induzir teratogênese (má formação fetal) e possuem baixo índice terapêutico (janela terapêutica é estreita – taxa de variação é mais curta – tem que controlar a quantidade do medicamento no organismo pois caso a concentração seja alta, o medicamento se torna tóxico, caso seja baixa o paciente apresentará convulsões (baixa efetividade))* Indicações especiais 1. Crises refratárias e síndromes Algumas síndromes apresentam casos habituais de epilepsia refratária, como por exemplo a síndrome de Dravet, que corresponde a um tipo de epilepsia mioclônica grave, caracterizada por crises convulsivas que promovem um declínio no desenvolvimento neuropsicomotor, atraso de linguagem, ataxia e hiperreflexia. Incluída na mesma condição, a síndrome de Lennox-Gastaut consiste em uma forma grave de epilepsia, caracterizada por diferentes tipos de crises convulsivas recorrentes, frequentemente associadas a retardo mental. Já a síndrome de Doose refere-se a um tipo de epilepsia com crises mioclônico-astáticas, geralmente associadas ao atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, ataxia e retardo mental. Os principais fármacos indicados para estas condições, sobretudo para uso em crianças, são o topiramato, lamotrigina e valproato. 2. Gravidez Fenitoína, carbamazepina, valproato, lamotrigina e fenobarbital foram associados à teratogenia. Além disso, a maioria dos anticonvulsivantes atuam a nível hepáticos sobre 3 Fernanda E. Bocutti T6 o citocromo CYP 450 e proteínas plasmáticas diminuindo a atividade de anticoncepcionais orais. 3. Etossuximida Indicada para crises de ausência generalizadas 4. Canabinóides Mevatyl (Canabidiol) e Sativex (THC+Canabidiol) Têm sido utilizados em quadros irresponsivos a outros medicamentos. Outras classes e indicações - Barbitúricos (fenobarbital), benzodiazepínicos (Diazepam, clonazepam, lorazepam, midazolam) e prometazina – são hipnóticos e sedativos que podem ser usados em crises agudas convulsivas - Topiramato, carbazepina, oxcarbazepina, valproato e Divalproato de sódio – usados para dores neuropáticas. Caso clínico Um homem de 18 anos de idade com história clínica de epilepsia desde a infância apresenta-se via ambulância no pronto-socorro (PS) devido a esta- do de mal epiléptico. Ele foi estabilizado, finalmente, por doses repetidas de lorazepam por via IV. Sua mãe afirma que ele teve história de nascimento sem intercorrências, nenhum traumatismo craniano prévio e RM de crânio negativa no passado. Ele não se trata com antiepiléptico fenitoína. Sua última convulsão foi há três meses e, geralmente, é controlada se toma a medicação regularmente.No PS, o paciente encontra-se confuso, combativo, mas tem exames neurológico e cardiovascular normais. Também não há evidências de qualquer trauma. Seus exames laboratoriais iniciais, incluindo hemograma, painel metabólico abrangente e análise de urina para rastreamento de drogas, são negativos. Seu nível de fenitoína é indetectável. Você administra uma dose IV de fosfenitoína e prescreve a dose oral para tomar em casa. 1. Qual é o mecanismo de ação da fenitoína? A fenitoína vai agir inibindo os canais de Na+ voltagem- dependentes estendendo seu estado inativo 2. Quais são os principais efeitos adversos da fenitoína? Nistagmo, ataxia, confusão, hirsutismo, hiperplasia gengival em crianças, reações idiossincráticas (erupções cutâneas) e teratogenicidade. Resposta do professor Resposta 1- Mecanismo de ação da fenitoína: Bloqueia canais de sódio e inibe a geração de potenciais de ação. Resposta 2- Efeitos adversos da fenitoína: Os efeitos adversos comuns incluem nistagmo, ataxia, confusão, hirsutismo e hiperplasia gengival. Efeitos adversos raros, mas potencialmente fatais, incluem agranulocitose (falência da medula óssea) e síndrome de Stevens-Johnson (erupção fatal com descamação de pele e envolvimento das mucosas) e hepatotoxicidade. 4 Fernanda E. Bocutti T6