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Seção 4 ESPELHO DE CORREÇÃO DIREITO CONSTITUCIONAL P A G Caro estudante, Você já identificou que a peça a ser proposta é uma contrarrazão ao recurso especial apresentado pela empresa impetrada contra a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça que confirmou a procedência da ação de habeas data. Lembre-se de que a ação ajuizada foi um habeas data, proposto em uma das varas cíveis da Comarca da Capital de São Paulo, neste caso, a 8ª Vara Cível Central da Capital. As Contrarrazões ao Recurso especial devem ser apresentadas por uma petição de interposição endereçada ao Tribunal recorrido (TJSP), com um pedido de encaminhamento das contrarrazões de apelação ao Superior Tribunal de Justiça. Vamos ler novamente o caso e conferir o espelho da peça elaborada. Tenha em mente que se trata de um caso fictício apenas destinado à prática jurídica. Renata, designer, casada, brasileira e domiciliada na capital do estado de São Paulo, é uma cliente regular de uma grande rede de supermercados chamada Pão de Sal. Ela usava os serviços da loja on-line e das lojas físicas, fazendo diversas transações. No entanto, ela percebeu que o mercado Pão de Sal havia começado a enviar mensagens publicitárias não solicitadas para o seu celular, oferecendo produtos e serviços pelos quais ela não estava interessada. Um dia, Renata recebeu um material publicitário parabenizando-a por sua gravidez, fato que até então ela não havia revelado a absolutamente ninguém. Nesse material foram enviados cupons de desconto para diversos produtos para gestantes e para crianças recém-nascidas, com uma frase: “Descontos especiais para você Renata, futura mamãe!”. Irritada e intrigada pela absurda invasão de privacidade, Renata procurou o seu escritório para entrar com uma ação para ter acesso aos dados que a Rede Pão de Sal tinha a seu respeito, e para que fossem suprimidos. Ela sabia que tinha o direito de proteger seus dados Seção 4 DIREITO CONSTITUCIONAL Na prática! P A G pessoais e evitar que o mercado usasse suas informações para fins comerciais sem o seu consentimento, mas não tem o interesse de receber qualquer indenização por esse transtorno. Ela também não deseja ter gastos com os honorários e demais custas processuais; somente deseja saber quais são os seus dados que constam do banco de dados da rede de supermercados e impedir que sejam compartilhados com terceiros sem o seu consentimento. Renata procurou o advogado Dr. Luiz Augusto, que notificou extrajudicialmente a Rede Pão de Sal para que fornecesse todas as informações que coletou a respeito da cliente. No entanto, a rede resistiu a fornecer os dados, alegando que tinha o direito de usar as informações dos clientes para fins comerciais, e se recusou a fornecer as informações. Figurando como o advogado Luiz Augusto você apresentou uma petição inicial, propondo uma ação de Habeas Data em face da Rede Pão de Sal com a finalidade de obter acesso às informações e dados que essa empresa tem a respeito da impetrante Renata. A causa foi ganha em primeiro grau, tendo a empresa apelado da decisão para o Tribunal de Justiça paulista. A empresa impetrada não se conformou com a condenação da sentença e dela apelou, alegando que seus dados são seu patrimônio e a forma pela qual eles são processados e analisados são segredo comercial. Também alegou que não haveria interesse processual na propositura da ação, pois não se negou a fornecer informações à impetrada, só não os tinha em disponibilidade para imediata entrega na forma solicitada. O recurso de apelação foi julgado improvido, tendo sido acolhidas as suas contrarrazões, inclusive com a indicação de que foi juntado aos autos, com a inicial, documento comprobatório de que houve negativa de entrega das informações por parte da empresa, realizado de forma escrita. Contudo, a empresa impetrada, sem a anterior oposição dos embargos de declaração, interpôs recurso especial perante o Superior Tribunal de Justiça alegando o descumprimento da Súmula nº 2 daquele tribunal superior. “SÚMULA nº 2 - Não cabe o habeas data (CF, art. 5.0., LXXII, letra a) se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa” Houve a intimação do advogado Luiz Augusto para que se manifeste nos autos. P A G Qual a peça processual cabível que você terá que apresentar em nome do advogado Luiz Augusto? EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO/SP [5 linhas] Renata, brasileira, casada, CPF xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliada na [endereço completo], vem, por meio de seu advogado, Luiz Augusto, inscrito na OAB/SP sob o nº [número da inscrição], com escritório profissional na [endereço completo], onde recebe intimações e notificações, à presença de Vossa Excelência consoante procuração já constante dos autos, apresentar suas CONTRARRAZÕES DE RECURSO ESPECIAL com fundamento no art. 105, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, tempestivamente, requerendo o encaminhamento das contrarrazões anexas ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Nestes termos, Pede deferimento. Local, data. (QUEBRA PÁGINA) CONTRARRAZÕES DE RECURSO ESPECIAL PROCESSO Nº RECORRENTE: Grupo Pão de Sal. RECORRIDA: Renata. Origem: 8ª Vara Cível de São Paulo – Capital. Questão de ordem! P A G Egrégio Superior Tribunal de Justiça, Preclaros Ministros! As presentes contrarrazões se destinam a contrapor os fundamentos apresentados no recurso especial apresentado pela empresa Rede Pão de Sal contra o inconformismo desta em sua condenação na ação de habeas data pela indevida manutenção e utilização de informações e dados a respeito da impetrante, inclusive sem a sua permissão. O remédio constitucional foi usado em razão da certeza de que a empresa ré mantém em seus arquivos informações sensíveis da vida íntima da impetrante, das quais ela mesma desconhece o conteúdo e a sua forma de utilização. O juiz de primeiro grau julgou a causa procedente e ordenou que a empresa fornecesse à impetrante todas as informações disponíveis da recorrida Renata constantes de seus bancos de dados, e que as excluísse se ela assim desejasse, sob pena de multa diária de R$ 500, sendo tal decisão confirmada pelo Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo. Contra essa decisão se opôs a empresa impetrada e, sem a anterior oposição dos embargos de declaração, interpôs recurso especial perante o Superior Tribunal de Justiça alegando o descumprimento da Súmula nº 2 daquele tribunal superior. “SÚMULA nº 2 - Não cabe o habeas data (CF, art. 5.0., LXXII, letra a) se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa”. Tal fato não pode ser admitido, pois salta aos olhos que não houve o ferimento à referida Súmula, pelo contrário, ela foi absolutamente satisfeita com a apresentação dos documentos que comprovam a negativa da impetrada ao fornecer as informações junto à petição inicial, conforme constam das páginas (doc. x) do processo. DO MÉRITO RECURSAL Irreparáveis as decisões do magistrado de primeiro grau ao conceder a ordem de habeas data e do Tribunal de Justiça ao mantê-la, para obtenção de acesso a informações constantes do banco de dados da impetrada. Ambas as decisões devem ser mantidas por seus próprios fundamentos. P A G De forma totalmente descabida, a apelante alegou que não pode ser obrigada a fornecer as informações a respeito da impetrante, vez que os dados por ela coletados fazem parte de seu patrimônio, e a forma pela qual são processados e analisados constituem segredo comercial. Ora, os dados pessoais da impetrante são um desdobramento de sua personalidade, não um patrimônio da impetrada, sendo uma obrigação legal– inclusive por meio da LGPD e da própria Constituição – que esses direitos fundamentais sejam protegidos nos termos como forma de defesa da inviolabilidade da vida privada e da intimidade (art. 5º, X). Além disso, o direito fundamental à proteção de dados pessoais tem por objeto o processamento e a utilização dos dados e informações pessoais em geral, coleta, processamento, utilização e circulação dos dados pessoais e na atribuição ao indivíduo da garantia de controlar o fluxo de seus dados na sociedade, não podendo haver violação a esse direito pela simples alegação de que se trata de um segredo comercial. Também alegou que não haveria interesse processual na propositura da ação, pois não se negou a fornecer informações à impetrada, só não os tinha em disponibilidade para imediata entrega na forma solicitada. Tais alegações são falaciosas, vez que restam claras nos autos a tentativa de a parte obter as informações por meio de notificação extrajudicial, que consta expressamente dos presentes autos como documento comprobatório. A negativa de fornecimento de informações consta dos autos e não é nem mesmo crível que a impetrada não as tenha de forma instantânea em seus arquivos eletrônicos, não as tendo fornecido por mera vontade e não por questões de ordem técnica. É evidente, e basta a simples análise dos documentos constantes dos autos para perceber que não houve o descumprimento da Súmula 2 deste Tribunal Superior, muito pelo contrário, houve o pleno cumprimento de seu mandamento, sendo juntada a negativa de atendimento já com a inicial, como prova incontroversa de que houve resistência por parte da impetrada. DOS FATOS A impetrante é cliente da Rede Pão de Sal há muitos anos e utiliza tanto suas lojas físicas quanto eletrônicas. Contudo, atitudes adotadas pela empresa impetrada causaram muita estranheza e desconforto à autora, em especial com o envio de material publicitário específico para a residência da impetrante (documento X). P A G Esse material denota cabalmente que a ré mantém diversas informações a respeito da impetrante, inclusive sem a sua permissão, levando-a à certeza de que a empresa ré mantém em seus arquivos informações sensíveis da vida íntima da impetrante, das quais ela mesma desconhece o conteúdo e a sua forma de utilização. O motivo central para essa certeza é que a empresa ré mandou para a residência da impetrante uma comunicação com a informação de que ela estaria grávida, fato desconhecido por todos de seu núcleo familiar e de amizade, mas que chegou ao conhecimento da empresa por meios não revelados, comprometendo de forma absoluta a sua privacidade e segurança. Dessa forma, requereu-se que a Rede Pão de Sal proceda ao total acesso à impetrante dos seus dados pessoais em poder da impetrada, de acordo com as disposições da LGPD e demais legislações pertinentes. Por fim, requereu-se que sejam tomadas todas as medidas necessárias para assegurar a proteção dos dados pessoais da impetrante e garantir o direito à privacidade, intimidade e proteção de dados pessoais, nos termos da legislação vigente. DO PEDIDO Diante do exposto e fundamentado, requer-se que seja recebido e improvido o presente recurso especial, com a manutenção integral do julgado pelo MM Juízo de primeiro grau, confirmado em apelação pelo TJSP, que deu integral procedência ao pedido para que seja determinado que a impetrada Rede Pão de Sal forneça total acesso à impetrante dos seus dados pessoais em poder dela e que sejam tomadas todas as medidas necessárias para assegurar a proteção dos dados pessoais da impetrante e garantir o direito à privacidade, intimidade e proteção de dados pessoais. Nestes termos, pede e espera deferimento. São Paulo, (dia), (mês) (ano). LUIZ AUGUSTO ADVOGADO OAB n° …. SP P A G 1) O que são recursos em processo civil e para que servem? Os recursos em processo civil são mecanismos jurídicos que permitem às partes interessadas em uma decisão judicial recorrer a um tribunal superior para reverter ou modificar essa decisão. Eles são fundamentais para garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório, além de serem uma forma de corrigir eventuais erros ou injustiças cometidos na decisão inicial. 2) Quais são os tipos mais comuns de recursos utilizados em processo civil? Os tipos mais comuns de recursos usados em processo civil são: apelação, agravo de instrumento, agravo interno, embargos de declaração, recurso especial e recurso extraordinário. Cada um desses recursos tem características próprias e deve ser utilizado de acordo com as especificidades do caso em questão. 3) Qual é o prazo para interposição de recursos no processo civil? O CPC de 2015 padronizou muito os prazos processuais, sendo de 15 dias úteis na quase totalidade dos casos, com uma exceção: o prazo de oposição de embargos de declaração é de 5 dias úteis. Esses prazos são dobrados em alguns casos, como nas ações em que são partes o Ministério Público, a Defensoria e as Fazendas Públicas, e no caso de litisconsórcio com advogados distintos entre as partes. 4) Há requisitos formais necessários para interpor um recurso no processo civil? Para interpor um recurso no processo civil é necessário preencher alguns requisitos formais, como o pagamento das custas e do preparo (em alguns casos), a indicação clara da decisão que se pretende recorrer, e a exposição dos fatos e do direito que fundamentam o recurso. Além disso, é preciso observar as regras de distribuição e de competência. 5) Qual é a diferença entre recurso especial e recurso extraordinário? O recurso especial é usado para contestar decisões proferidas pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal que alegadamente contrariam normas federais (por exemplo, Código Civil, Código de Defesa do Consumidor, Lei de Propriedade Industrial etc.). Já o recurso extraordinário é usado para contestar decisões proferidas pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal que alegadamente contrariam normas constitucionais (por exemplo, a Constituição Federal ou tratados internacionais de direitos humanos). Ambos os Resolução comentada P A G recursos são julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), respectivamente.
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