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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Daisy Assmann Lima OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer as razões do comércio internacional. > Identificar as limitações da teoria das vantagens comparativas. > Relacionar as principais medidas comerciais protecionistas. Introdução O comércio internacional proporciona ao país ganhos advindos das trocas entre os países. Como nem sempre produzimos tudo da melhor maneira possível, as relações comerciais proporcionam vantagens. Assim, podemos focar naquilo que realmente somos bons em produzir. Porém, como mensurar o quão bom somos em produzir algo? Quando falamos do comércio entre países, queremos que haja vantagem na troca de mercadorias. Por isso, foram desenvolvidos modelos teóricos para explicar como o país deve agir para obter a maior vantagem. Neste capítulo, você vai identificar os motivos pelos quais os países parti- cipam do comércio internacional. Uma das principais teorias é a das vantagens comparativas, de David Ricardo. Além disso, você vai estudar as limitações desse modelo em explicar o comércio entre os países. Por fim, vai relacionar as principais medidas comerciais protecionistas. Industrialização do Brasil e a crise na década de 60 Daisy Assmann Lima Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 Benefícios do comércio internacional O comércio internacional é uma forma de as nações trocarem mercadorias. Isso só acontece se o interesse dos países envolvidos na negociação for mútuo. Como cada nação não produz todos os bens consumidos dentro de suas fronteiras, então, em geral, o comércio é benéfico para os países. Outro ponto essencial para ocorrer a negociação é os termos ficarem claros entre as partes envolvidas. Isso nem sempre é possível, o que gera uma das complexidades do comércio. Os interesses das nações devem ser respeitados. Para conferir dados do comércio exterior brasileiro, acesse o site do Governo Federal (BRASIL, 2021). Quase sempre as nações se beneficiam do comércio internacional. Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) apontam que mesmo nações diferentes entre si podem se beneficiar do comércio. Essa análise é feita segundo o modelo das vantagens comparativas, que aponta que as nações podem se beneficiar do comércio mesmo quando um dos países é mais eficiente que o outro (EAPPLEYARD; FIELD JR.; COBB, 2010). Isso pode acontecer, por exemplo, quando um dos países paga salários mais baixos que o outro, o que não significa que o país seja mais eficiente, mas sim que o custo é menor. Outro benefício é que a troca pode se expandir para bens não tangíveis, como no caso dos empréstimos internacionais ou de trocas de mercadorias por serviços e vice-versa. Também existe o comércio no âmbito do mercado financeiro, com a negociação de títulos e ações. Esse tipo de troca permite que haja uma redução do risco da nação e que o portfólio seja mais diversificado (KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015). A Figura 1 mostra como o comércio pode beneficiar a todos os países. Industrialização do Brasil e a crise na década de 602 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 Figura 1. Demonstração de como o comércio internacional é benéfico a todos. Fonte: Adaptada de Kishtainy et al. (2013). Ambos os países se bene� ciam da vantagem comparativa, que faz o uso mais e� ciente de seu tempo e de seus recursos. No geral, mais bens são produ- zidos, dando aos consumidores uma gama maior de produtos por preços mais baixos. O comércio é bené� co a todos. Isso deixa o País B, que faz bem (mas não é o melhor do mundo) o que o País A não faz, uma chance de fazê-lo sem concorrência acirrada. Fazer um produto implica custos. Um desses custos é o tempo. Mesmo que o País A faça tudo melhor que o País B, ele lucrará mais concentrando-se no que faz melhor. É muito custoso sacri� car tempo no que ele não faz tão bem. Outro aspecto a ser observado é a modificação da relação de interesses entre grupos específicos dentro do país. Esse ponto influencia na distribui- ção de renda. Como o comércio afeta setores específicos, então se altera as relações de comércio dentro do país. Consequentemente, isso afeta a distribuição de renda na medida em que beneficia um grupo e prejudica outro. Krugman, Obstfeld e Melitz (2015, p. 4) apontam sobre essa análise na distribuição de renda: O comércio internacional pode afetar adversamente os proprietários de recursos que são “específicos” de indústrias que competem com importações, ou seja, não podem encontrar emprego alternativo em outras indústrias. Os exemplos incluem os maquinários especializados, como os teares manuais que se tornaram menos Industrialização do Brasil e a crise na década de 60 3 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 valiosos por causa das importações de tecidos, e os trabalhadores com habilidades especializadas, como os pescadores que têm o valor de sua pesca reduzido pelos frutos do mar importados. O comércio também pode alterar a distribuição de renda entre grupos amplos, como os trabalhadores e os donos do capital. Em relação aos interesses, devemos analisar esse ponto sob dois aspectos: setores da economia interna do país e a economia do país em conjunto. Uma negociação internacional pode beneficiar um setor específico e não beneficiar a economia daquele país como um todo. Outra possibilidade é a negociação beneficiar a economia do país como um todo, mas existir setores que saiam prejudicados na negociação. Note que começamos a identificar elementos que complicam a análise dos efeitos do comércio internacional. A Figura 2 mostra a situação do comércio exterior brasileiro em maio de 2021. Figura 2. Situação do comércio exterior brasileiro em maio de 2021. Fonte: Brasil (2021, documento on-line). O comércio internacional tem diminuído o salário das pessoas com baixa qualificação mesmo em países desenvolvidos como os Estados Unidos. Uma das explicações para esse fenômeno é que os salários em países menos desenvolvidos são menores, e eles frequentemente exportam bens para países como os EUA. Assim, temos uma situação em que mesmo que o país como um todo se beneficie, as pessoas naquele país com baixa qualificação acabam prejudicadas. Limitações da teoria das vantagens comparativas A teoria das vantagens comparativas foi idealizada por David Ricardo (1972‒1823). Basicamente, Ricardo percebeu que a teoria das vantagens absolutas, apresentada por Adam Smith, não estava explicando o comércio Industrialização do Brasil e a crise na década de 604 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 entre nações. A teoria das vantagens absolutas dizia que o país tinha van- tagem no comércio quando possuía um custo de produção menor. Então, se o país tivesse o menor custo de produção em um conjunto de mercadorias, ele produziria todas e negociaria com as demais economias apenas outras mercadorias de seu interesse, não produzidas dentro de suas fronteiras. A ideia básica desse modelo é a atuação da mão invisível do mercado. A Figura 3 mostra o raciocínio das ideias de Adam Smith. Figura 3. A mão invisível do mercado. Fonte: Adaptada de Kishtainy et al. (2013). Todo indivíduo age em interesse próprio. Se um vendedor cobra caro demais... ... outro vai reduzir o seu preço, e o primeiro vendedor não venderá seus produtos. Isso pode levar a uma mistura caó- tica de produtos e preços, mas... Se um empregador paga salários baixos demais... ... outro vai pegar os empregados dele, e sua empresa falirá. ... outras pessoas interesseiras fazem a competição - elas tiram proveito da ganância alheia. As empresas vão à falência ao não pagarem os salários de mercado e não � zerem os produtos que o mercado exige, pelo preço que as pessoas se dispõem a pagar. A mão invisível do mercado impõe ordem. Entretanto, os países estavam comercializando mesmo bens em que tinham vantagem absoluta de produção. Isso significa que o modelo das vantagens absolutas, sozinho, não estava explicandoo comércio entre as nações. Nesse cenário, David Ricardo introduziu a noção das vantagens comparativas. Industrialização do Brasil e a crise na década de 60 5 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 Ricardo apontava que um país tem vantagem comparativa se puder pro- duzir um bem a um custo de oportunidade menor do que qualquer outro país. Isto é, se o país sacrificar menos na produção do bem ou serviço (tangível ou não tangível), terá vantagem comparativa na produção desse bem (EAP- PLEYARD; FIELD JR.; COBB, 2010). A ideia central da teoria das vantagens comparativas é que, se um produtor possui vantagem em produzir chapéus ou sapatos, ele deve se especializar na produção somente daquele bem em que é melhor. Se for o sapato, pois produz 50% mais rápido do que o seu colega, então deve deixar para o seu colega a produção de chapéus, já que produz apenas 20% mais rápido do que ele. Perceba que o trabalhador A tem vantagem absoluta em produzir sapatos e chapéus, mas, ao produzir sapatos, tem maior vantagem relativa/ comparativa. A Figura 4 mostra essa lógica de análise do modelo das van- tagens comparativas. Figura 4. Modelo da vantagem competitiva. Fonte: Adaptada de Kishtainy et al. (2013). No entanto, esse modelo apresenta limitações. O modelo das vanta- gens comparativas não expandiu para aumentar a quantidade de fatores de produção, o que se tornou uma limitação. Outra limitação é que o modelo Industrialização do Brasil e a crise na década de 606 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 não apresenta um grau de especialização muito alto, conforme ocorre na prática. Existe também a questão da distribuição de renda, que não pode ser explorada por causa das limitações do modelo. Além disso, outro ponto é a diferença de dotação que há entre os países. Esse é um fator relevante que interfere no comércio internacional, mas que não é considerado pelo modelo das vantagens comparativas. Por fim, temos a questão da escala que os países possuem na produção, o que tem relação direta com as causas do comércio internacional. Quando aplicamos esse arcabouço teórico ao contexto da industrializa- ção brasileira, temos, por exemplo, a corrente teórica latino-americana que apontava a direção da teoria das vantagens comparativas (GIAMBIAGI et al., 2021). Raul Prebish, segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017), afirmava que os países em desenvolvimento se especializavam na produção e exportação de bens primários, pois tinham menor custo relativo de produção. Esse ponto somente seria superado com a industrialização do país, que foi induzida por meio da política de substituição de importações. Segundo Abreu (1990), no período de 1903 a 1913, tivemos o início do processo de industrialização no Brasil. Primeiramente, tivemos o aumento da capacidade produtiva (até 1895) e o aumento das exportações. Nesse período, também houve uma ampliação dos produtos importados que refletiu na produção nacional de forma positiva (ABREU, 1990). Isso aconteceu porque houve uma facilidade na importação de insumos produtivos em decorrência do aumento do crédito no mercado internacional. Nesse período, ocorreu a denominada teoria dos choques adversos, pois a expansão do setor agrícola propiciou o surgimento de uma indústria, mesmo que ainda incipiente (GIAMBIAGI et al., 2021). O choque seria adverso, pois a indústria se desenvolve em decorrência de uma dificuldade de se importar produtos manufaturados, e não necessariamente de um processo de desen- volvimento do parque industrial. Veja a seguir o trecho de Fonseca e Salomão (2017, p. 89-90), sobre a teoria dos choques adversos: A parte da obra de Peláez de maior impacto diz respeito ao período anterior à Grande Depressão, pois encontrou evidências de crescimento da indústria nas três primeiras décadas do século XX, as quais lhe permitiram sustentar que havia complementaridade — e não contradição — entre indústria e agroexportação. Esta fora capaz de gerar um efeito renda ou riqueza com impacto no conjunto da econo- mia, irradiada a partir do principal polo exportador: São Paulo. Por isso, contribuiu para rotular a interpretação de Furtado de “teoria dos choques adversos”, ironia à tese de que a indústria florescia nas crises: ao buscar dados do período anterior à Primeira Guerra, Peláez torna de difícil contestação o aparecimento de fábricas em um período de auge da economia cafeeira. Já suas análises para o período posterior Industrialização do Brasil e a crise na década de 60 7 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 a 1930 são bem menos robustas. Peláez argumenta, de um lado, que a política não fora tão keynesiana quanto postulara Furtado, pois o governo financiou seus gastos não apenas com expansão monetária, mas com novos impostos, inclusive sobre o café — o que é verdade, mas não exclusivamente [...]. Todavia, o menos convincente é, no afã de contrapor-se a Furtado, procurar diminuir a magnitude do crescimento industrial da década de 1930: 11,2% entre 1933 e 1939, avançando inclusive para setores não tradicionais, como os de papel e papelão, metalúrgica e minerais não metálicos; em adição, entre 1932 e 1937, a produção física de ferro gusa aumentou 240%, a de aço em lingotes, 123%, e a de laminados, 142%. Ao relacionar à teoria das vantagens comparativas de Ricardo, notamos que o Brasil tinha, nesse período, um custo relativo menor na produção do setor primário. A dificuldade de fortalecer o mercado industrial fez com que o Brasil perdesse capacidade produtiva (FONSECA; SALOMÃO, 2017). Essa situação perdura até a década de 1930. O Brasil especializou-se na produção de café por causa de sua vantagem em relação aos custos, mas a indústria nacional não recebia incentivos para se desenvolver. Nessa situação, é possível perceber que a tendência é a especialização da produção em bens primários, dado o custo de oportunidade. Porém, essa pauta exportadora no longo prazo deteriora os termos de troca. Isso acontece porque o país exporta produtos com baixo valor agregado e importa produ- tos com alto valor agregado. Nessa visão, a tendência natural dos países é promover a proteção das indústrias nacionais. Principais medidas protecionistas no contexto do comércio internacional No comércio internacional, existem os beneficiados e os prejudicados. Os prejudicados tendem a solicitar medidas para proteger o seu comércio. Aqui começamos a entender a razão de o comércio internacional não ser regido unicamente pelos princípios do livre comércio. Essa situação não é mérito dos dias atuais. Ela já ocorria nos tempos de Ricardo. A noção de que é necessário cobrar tarifas altera as relações comerciais. Um efeito direto é a redução da competitividade dos países que vão exportar mercadorias. Mill (2017, p. 15) descreve as tarifas em um contexto mais geral: Uma tarifa é um imposto sobre o comércio. As tarifas podem ser utilizadas para aumentar a receita para o governo ou para beneficiar um segmento da economia. Você pode pressionar o Congresso a promulgar uma tarifa sobre importações se a sua indústria estiver sujeita à concorrência externa. Por exemplo, por anos a Industrialização do Brasil e a crise na década de 608 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 indústria siderúrgica dos Estados Unidos ficou protegida contra a concorrência estrangeira barata por tarifas protecionistas. Em 2007, a Índia propôs uma tarifa sobre as exportações de arroz a fim de evitar a escassez de alimentos. A tarifa Smoot-Hawley de 1930 pretendia proteger a indústria norte-americana e aumentar a receita tributária tão necessária para o governo. As tarifas também têm desvantagens; veja a seguir (Mill, 2017). � Tarifas protecionistas geralmente impedem a concorrência e incentivam a ineficiência e o desperdício. � Tarifas sobre receitas geralmente não conseguem aumentar a arreca- dação fiscal, pois a população para de comprar as importações, que agora estãomais caras. � As tarifas sobre a exportação podem incentivar os produtores a não produzir. Veja, na Figura 5, as distorções geradas pela imposição de tarifas. Figura 5. Distorções geradas pela imposição de tarifas. Fonte: Krugman, Obstfeld e Melitz (2015, p. 185). Outra política é a adoção de subsídios para estimular a indústria local. Os efeitos são muito similares, pois pense que é uma tarifa às avessas (EAP- Industrialização do Brasil e a crise na década de 60 9 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 PLEYARD; FIELD JR.; COBB, 2010). Assim, considere as medidas protecionistas como a imposição de uma tarifa ou o fornecimento de um subsídio para um grupo do mercado que o governo quer proteger. Esse tipo de política existe porque o modelo das vantagens comparativas se baseia em um contexto de competição perfeita. No entanto, não é isso que acontece na realidade. No caso de investimentos em pesquisa e desenvolvi- mento, o país que investe nesse tipo de produção é beneficiado e beneficia toda a sociedade. Assim, temos o caso de uma externalidade positiva do protecionismo. Ainda, existe a questão da indústria nascente, que tem mais dificuldade de se estabelecer. Veja no Quadro 1 argumentos em defesa da abertura comercial e das medidas protecionistas. Quadro 1. Abertura comercial e protecionismo Argumentos em defesa da abertura comercial Argumentos em defesa das medidas protecionistas � Teoria das vantagens comparativas � Ganhos de escala � Ganhos de eficiência � Ampliação das possibilidades de consumo � Vantagens no processo de estabilização � A crítica estruturalista � A indústria nascente � Falhas de mercado � A vulnerabilidade externa e os problemas de balanço de pagamentos � Combate ao desemprego no curto prazo Fonte: Adaptado de Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017). No Brasil, na década de 1960, a política de substituição de importações foi um desses casos em que a proteção da indústria nacional era voltada para o seu desenvolvimento. Veja a seguir como Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017, p. 388) desenvolvem essa ideia: O processo de industrialização por substituição de importações caracterizava-se pela ideia de “construção nacional”, ou seja, alcançar o desenvolvimento e a auto- nomia com base na industrialização, de forma a superar as restrições externas e a tendência à especialização na exportação de produtos primários. Nesse processo, a indústria vai-se diversificando e diminuem as necessidades de importação em relação ao abastecimento doméstico. Veja, no Quadro 2, a estrutura de produção doméstica e importação de produtos manufaturados em determinados anos daquele período. Industrialização do Brasil e a crise na década de 6010 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 Quadro 2. Estrutura de produção doméstica e importação de produtos manufaturados: 1949–1964 (bilhões de cruzeiros, a preços de 1955) Ano Bens de consumo não duráveis Bens de consumo duráveis Bens de produção intermediários Bens de capital Total de produtos manufaturados A) Importações 1949 5,4 8,9 18,2 15,8 48,3 1955 4,5 2,1 22,6 13,7 42,9 1959 2,8 2,9 21,2 29,2 56,1 1964 3,9 1,5 18,6 8,7 32,7 B) Produção doméstica 1949 140,0 4,9 52,1 9,0 206,0 1955 200,9 19,0 104,0 18,0 341,9 1959 258,0 43,1 159,6 59,5 520,2 1964 319,5 93,8 261,1 79,7 754,2 Importações sobre oferta total — A / (A + B) 1949 3,7 64,5 25,9 63,7 19,0 1955 2,2 10,0 17,9 43,2 11,1 1959 1,1 6,3 11,7 32,9 9,7 1964 1,2 1,6 6,6 9,8 4,2 Fonte: Adaptado de Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017). Segundo Abreu (1990), após a década de 1930, o Brasil passou a investir no aumento da capacidade produtiva. Esse processo perdurou até a década de 1960, por meio do aprofundamento da substituição de importações. Essa política consistiu em proteger a indústria nascente por meio de desvalorização cambial, controles cambiais, taxas múltiplas de câmbio e tarifas aduaneiras. Essas medidas impulsionaram a indústria nacional. O alvo eram os bens de consumo duráveis e não duráveis, os bens intermediários e os bens de capital (ABREU, 1990). Industrialização do Brasil e a crise na década de 60 11 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81 A política de substituição de importações perdurou até a década de 1960. No governo de Juscelino Kubitschek (1956‒1960), foi dada a continuidade na proteção na indústria nacional por meio da Lei do Similar Nacional. Assim, havia uma reserva de mercado para as compras públicas, de forma que as empresas brasileiras poderiam oferecer a um preço maior do que o estran- geiro e manter a competitividade. O setor que mais se beneficiou com essa política foi a indústria de equipamentos de material elétrico (ABREU, 1990). Referências ABREU, M. P. (org.). A ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana 1889-1989. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990. BRASIL. Ministério da Economia. Balança comercial e estatísticas de comércio exterior. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/ comercio-exterior/estatisticas. Acesso em: 13 jun. 2021. EAPPLEYARD, D. R.; FIELD JR., A. J.; COBB, S. L. Economia internacional. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. FONSECA, P. C. D.; SALOMÃO, I. C. Industrialização brasileira: notas sobre o debate historiográfico. Revista Tempo, v. 23, n. 1, p. 86-104, jan./abr. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tem/a/GKm7GnqxkbZTDxj9jh3BHrr/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 13 jun. 2021. GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2015. Rio de Janeiro: Elsevier, 2021. GREMAUD, A. P.; VASCONCELLOS, M. A. S.; TONETO JÚNIOR, R. Economia brasileira con- temporânea. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. KISHTAINY, N. et al. O livro da economia. São Paulo: Globo, 2013. KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M. J. Economia internacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. MILL, A. Tudo o que você precisa saber sobre economia. São Paulo: Gente, 2017. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Industrialização do Brasil e a crise na década de 6012 Identificação interna do documento Q7DMEEIW2G-DTBOS81
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