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diagnostico_do_desmatamento_na_caatinga_203_2_203_1

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Subsídios para a Elaboração do Plano 
de Ação para a Prevenção e Controle 
do Desmatamento na Caatinga
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Brasília, dezembro de 2010
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
VICE-PRESIDÊNCIA
José Alencar Gomes da Silva
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Izabella Mônica Vieira Teixeira
Ministra
José Machado
Secretário Executivo
Mauro Oliveira Pires
Diretor do Departamento de Políticas para o Combate ao Desmatamento
Bráulio Ferreira de Souza Dias
Secretário de Biodiversidade e Florestas
Daniela América Suarez de Oliveira
Diretora do Departamento de Conservação da Biodiversidade
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Subsídios para a Elaboração do Plano 
de Ação para a Prevenção e Controle 
do Desmatamento na Caatinga
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Brasília, dezembro de 2010
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Equipe Técnica do Ministério do Meio Ambiente
Departamento de Políticas para o Combate ao Desmatamento
Juliana Ferreira Simões (Gerente de Projetos)
Daiene Santos Bittencourt
Lívia Marques Borges 
Rafael Buratto 
Rejane Ennes Cicerelli 
Rodrigo Afonso Guimarães
Núcleo Caatinga do Departamento de Conservação da Biodiversidade
João Arthur Soccal Seyffarth (Coordenador do Núcleo Caatinga) 
Jader Oliveira
Consultoria técnica 
Júlio Paupitz
Apoio 
GTZ
Projeto de Consolidação dos Instrumentos Políticos e Institucionais para 
Implementação do Programa Nacional de Floresta–UFT/BRA/062
Equipe editorial
Larissa Malty
Diagramação e Impressão
Cidade Gráfica e Editora Ltda
Tiragem: 1.000 exemplares
B823s 
Brasil. Ministério do Meio Ambiente
Subsídios para a elaboração do plano de ação para a prevenção e 
controle do desmatamento na Caatinga / Ministério do Meio Ambiente. - 
Brasília, 2011. 
128 p. : il. color. 
1. Bioma Caatinga. 2. Desmatamento. 3. Conservação da 
biodiversidade. I. Secretaria Executiva. II. Secretaria de Biodiversidade e 
Florestas. III. Título 
CDU: 502.35 
Catalogação na fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
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Sumário
1. Introdução...................................................................................................................... 7
2. Metodologia.................................................................................................................. 9
3. O Bioma Caatinga......................................................................................................... 12
3.1. Localização geográfica............................................................................................ 12
3.2. Aspectos ambientais............................................................................................... 15
3.2.1. Ecorregiões...................................................................................................... 15
3.2.2. Vegetação........................................................................................................ 21
3.2.3. Clima................................................................................................................ 22
3.2.4. Geomorfologia e solos..................................................................................... 23
3.2.5. Hidrografia....................................................................................................... 26
3.3. Aspectos socioeconômicos..................................................................................... 29
3.3.1. População......................................................................................................... 29
3.3.2. Situação econômica e social............................................................................ 30
3.3.3. Estrutura fundiária.......................................................................................... 33
4. Diagnóstico do Problema........................................................................................... 35
4.1. Monitoramento da cobertura vegetal.................................................................... 35
4.2. O Modelo Lógico aplicado ao combate ao desmatamento na Caatinga............. 46
4.3. Desmatamento, degradação e atividades produtivas........................................... 49
4.3.1. Agricultura........................................................................................................ 49
4.3.2. Pecuária........................................................................................................... 51
4.3.3. O consumo insustentável de lenha e carvão vegetal...................................... 53
4.4. Consequências do desmatamento........................................................................ 61
4.4.1. Mudanças climáticas....................................................................................... 61
4.4.2. Desertificação................................................................................................. 62
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5. Instrumentos de Prevenção e Controle do Desmatamento 67
5.1. Áreas protegidas ...................................................................................................... 67
5.2. Gestão florestal e fiscalização................................................................................. 73
5.3. Gestão territorial.................................................................................................... 79
5.4. O Manejo Florestal Sustentável............................................................................. 80
5.4.1. O Manejo Florestal Sustentável e os produtos da 
sociobiodiversidade............................................................................................ 85
5.4.2. O manejo florestal como estratégia de apoio à agricultura 
familiar............................................................................................................ 87
5.4.3. O manejo florestal e os assentamentos da reforma agrária........................... 90
5.5. Assistência técnica, capacitação e disseminação de práticas sustentáveis......... 93
6. Uma política pública para a prevenção e controle do desmatamento na 
Caatinga......................................................................................................................... 95
6.1. Articulação com outras políticas............................................................................. 96
6.1.1. Programa Caatinga sustentável........................................................................ 96
6.1.2. Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da 
Seca................................................................................................................. 97
6.1.3. Política Nacional sobre Mudança do Clima...................................................... 98
6.1.4. Política Nacional da Biodiversidade................................................................. 101
6.1.5. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas............................................. 105
6.1.6. Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da 
Sociobiodiversidade .......................................................................................108
6.2. Propostas coletadas nas oficinas............................................................................ 109
6.3. Diretrizes estratégicas............................................................................................. 112
6.4. Focos de atuação prioritária................................................................................... 115
Lista de Siglas e Abreviaturas......................................................................................... 118
Bibliografia........................................................................................................................ 122
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71. Introdução
O bioma Caatinga conforma-se 
numa situação única frente às demais 
regiões semiáridas do planeta. Dentre 
estas, é a mais biodiversa e concomitan-
temente a mais densamente povoada, 
numa área em que se confunde com o 
semiárido brasileiro. Em seu território, 
a convivência humana com o meio na-
tural é marcada pela dependência dos 
recursos naturais, sem os quais a sobre-
vivência de uma população superior a 27 
milhões de habitantes não seria possível, 
em vista das dificuldades impostas pelas 
condições climáticas.
Os indicadores socioeconômicos 
das unidades territoriais que se encon-
tram no Bioma refletem a necessidade 
de mudanças que possam alterar o pano-
rama social e econômico da região mais 
afetada pelas desigualdades do País. Em 
2007, na região Nordeste, os moradores 
rurais representavam quase 50% de toda 
a população do campo brasileiro e, ao 
mesmo tempo, essa região apresentava 
os piores índices de desenvolvimento 
humano do País, com taxas elevadas de 
analfabetismo, níveis baixos de sanea-
mento e a menor expectativa de vida.
É nesse contexto social que se en-
contra o bioma Caatinga, cuja vegetação 
nativa é altamente resiliente e largamen-
te utilizada pela população do Semiárido. 
As áreas de sua ocorrência encontram-se 
sob intensa exploração desde os primór-
dios da colonização no século XVI e com 
boa parte de suas áreas profundamen-
te antropizadas. A vegetação do Bioma 
sustenta a economia da região por meio 
da participação da lenha e do carvão na 
matriz energética e de uma grande quan-
tidade de produtos florestais não-madei-
reiros que dão um caráter único às ativi-
dades humanas dentro de uma forte cul-
tura regional. Direta ou indiretamente, as 
florestas da Caatinga são utilizadas para 
sustentar atividades tradicionais como 
a pecuária extensiva adaptada às condi-
ções naturais do Semiárido. Também são 
igualmente importantes alguns produ-
tos florestais, como cascas e raízes para 
a produção de tanino, extração de fibras 
e a coleta de frutos.
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8 A degradação ambiental generali-
zada na Caatinga tem origem no desma-
tamento, que ocorre de forma pulveriza-
da. Isto se deve ao fato de que o vetor 
mais importante do desmatamento é a 
exploração predatória para satisfazer de-
mandas por carvão vegetal e lenha para 
fins energéticos. Os insumos energéticos 
provenientes da vegetação natural aten-
dem às necessidades domésticas e indus-
triais, sobretudo para satisfação das de-
mandas dos polos de produção de gesso, 
cal, cerâmica e ferro-gusa.
Segundo os dados do Projeto de 
Monitoramento do Desmatamento nos 
Biomas Brasileiros, realizado pelo Centro 
de Sensoriamento Remoto do Instituto 
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos 
Naturais Renováveis, entre 2002 e 2008 
foram perdidos mais de 16 mil km² de áre-
as nativas, o equivalente a 2% da superfí-
cie total do Bioma.
O presente documento vem apre-
sentar um conjunto de informações so-
bre o bioma Caatinga, o desmatamento 
e suas causas e consequências. A partir 
dessas informações, pretende-se subsi-
diar o governo federal na proposição de 
ações para reduzir a taxa do desmata-
mento e assim contribuir para estabele-
cer um modelo de desenvolvimento sus-
tentável nesse Bioma.
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92. Metodologia
O processo de elaboração deste 
diagnóstico iniciou-se com a contratação 
de consultor especializado no tema con-
servação e uso sustentável da Caatinga. 
Paralelamente, os diversos ministérios 
e órgãos vinculados, que já estavam en-
volvidos com os planos de prevenção e 
controle do desmatamento nos biomas 
Amazônia e Cerrado, foram convidados a 
participar da construção do modelo lógi-
co do que viria a ser o Plano de Ação para a 
Prevenção e Controle do Desmatamento 
na Caatinga – PPCaatinga.
Em 6 e 7 de abril de 2010, foi realizada 
a Oficina de Validação do Modelo Lógico 
do PPCaatinga, com o apoio do Ministério 
do Planejamento, Orçamento e Gestão 
– MP, via Secretaria de Planejamento 
e Investimentos Estratégicos – SPI. A 
Oficina, que reuniu representantes de 
seis ministérios e oito órgãos vinculados, 
visava dar início ao planejamento estraté-
gico das ações que constituiriam o Plano 
de Ação para a Prevenção e Controle do 
Desmatamento na Caatinga – PPCaatinga.
Concebido para subsidiar a constru-
ção, avaliação e revisão de programas de 
governo, o Modelo Lógico prevê inicialmen-
te a coleta de informações em referências 
bibliográficas, bem como junto a atores 
relevantes que lidam com o problema em 
questão. Após análise dessas informações, 
procede-se à pré-montagem do Modelo 
Lógico, que é composto por três partes: 
(1) Explicação do problema (árvore de 
problemas) e referências básicas do 
programa (objetivo, público-alvo e 
beneficiários);
(2) Estruturação do programa para alcan-
ce dos resultados; e
(3) Identificação de fatores de contexto.
Uma vez montado, o Modelo 
Lógico deve ser validado em oficina, pas-
sando pelo crivo dos participantes (ge-
ralmente os atores inicialmente entrevis-
tados) nos seguintes procedimentos:
 9 Checagem dos componentes;
 9 Teste de consistência;
 9 Análise de vulnerabilidade; 
 9 Análise da pertinência e suficiência das 
ações;
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10 9 Definição dos indicadores de desem-
penho; e
 9 Verificação final.
Por fim, elabora-se um Plano de 
Avaliação do programa (BRASIL, 2007).
Embora o Modelo Lógico apresen-
te limitações na tarefa de planejar a so-
lução de um problema de tamanha com-
plexidade, decidiu-se por sua aplicação 
porque incorpora o conhecimento, a ex-
periência e os pontos de vista de setores 
diversos do governo no que diz respeito 
à problemática estabelecida.
De início, foi realizada a coleta e 
análise de informações, por meio de 
entrevistas e revisão bibliográfica, que 
possibilitou a pré-montagem da chama-
da “Árvore de Problemas” e a enumera-
ção de causas críticas do desmatamento 
(itens do componente “Explicação do 
problema” do Modelo Lógico).
Durante o encontro de dois dias, 
foram discutidas as principais causas do 
desmatamento na Caatinga, bem como 
suas consequências, resultando em uma 
versão validada da explicação do proble-
ma, ou seja, da Árvore de Problemas e da 
lista de causas críticas. Além disso, o gru-
po chegou a esboçar os demais compo-
nentes do Modelo Lógico (“Estruturação 
do programa para alcance dos resul-
tados” e “Identificação de fatores de 
contexto”).
O trabalho de construção do 
Modelo Lógico culminou em um relató-
rio elaborado em conjunto pelo MP e 
MMA e enviado a todos os órgãos parti-
cipantes da Oficina, bem como aos que 
não puderam participar.
Paralelamente, apoiando-se nas 
entrevistas realizadas com atores do 
governo federal de atuação relevante 
na Caatinga, nas discussões da Oficina 
e em revisão bibliográfica, concluiu-se o 
diagnóstico preliminar sobre o desmata-
mento na Caatinga, o qual também foi 
encaminhado a todos os órgãos envolvi-
dos, juntamente como relatório final da 
Oficina. 
A partir desse marco, as articula-
ções setoriais dentro do governo federal 
foram aprofundadas. Nos dias 4 e 5 de 
novembro de 2010, houve nova oficina, 
reunindo representantes de nove mi-
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11nistérios, sete órgãos vinculados e duas 
organizações da sociedade civil. Nessa, 
reforçou-se a articulação interministe-
rial, nivelaram-se as informações e foram 
discutidas possíveis ações estratégicas. 
Resultou desse encontro uma lista de re-
sultados a serem alcançados pelo Plano 
de prevenção e o controle do desmata-
mento na Caatinga a ser construído.
O presente diagnóstico sobre a 
dinâmica do desmatamento consiste 
em versão revista e atualizada do texto 
base produzido pela consultoria técnica, 
acrescido da contextualização sobre ins-
trumentos e diretrizes políticas existen-
tes que podem contribuir para uma es-
tratégia de atuação focada na redução e 
controle do desmatamento na Caatinga.
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12 3. O Bioma Caatinga
3.1. Localização geográfica
O bioma Caatinga estende-se por 
praticamente todo o estado do Ceará 
(quase 100%), mais de metade dos es-
tados do Rio Grande do Norte (95%), 
Paraíba (92%), Pernambuco (83%), Piauí 
(63%) e Bahia (54%), e quase a metade de 
Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de 
pequenas porções de Minas Gerais (2%) 
e do Maranhão (1%). Ao norte, a Caatinga 
encontra o Oceano Atlântico, a oeste 
e sudoeste tem como limite o bioma 
Cerrado e a leste e sudeste encontra-se 
com a Mata Atlântica. A Figura 1 define 
a área ocupada pelo bioma Caatinga, se-
gundo o Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística – IBGE.
O MMA considera, para o monito-
ramento do desmatamento na Caatinga, 
uma área de 826.411 km², conforme 
consta no relatório “Monitoramento da 
Caatinga - 2002 a 2008,” elaborado pelo 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente 
e dos Recursos Naturais Renováveis 
– Ibama, no âmbito do Projeto de 
Monitoramento do Desmatamento dos 
Biomas Brasileiros por Satélite. O IBGE 
publicou em 2004 o “Mapa de Biomas do 
Brasil, primeira aproximação”, que consi-
dera uma área de 844.453 km². 
O bioma Caatinga ocupa um ter-
ritório predominantemente coinciden-
te com a região denominada Semiárido 
Brasileiro (Figura 2), a qual foi redefini-
da em 2004, com base em três critérios 
técnicos:
 9 precipitação média anual inferior a 
800 milímetros;
 9 índice de aridez de até 0,5 calculado 
pelo balanço hídrico que relaciona as 
precipitações e a evapotranspiração 
potencial, no período entre 1961 e 
1990;
 9 risco de seca maior que 60%, tomando 
por base o período entre 1970 e 1990.
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Figura 1. Localização do bioma Caatinga, segundo definição do IBGE (2004).
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Figura 2. Localização do Semiárido brasileiro e do bioma Caatinga na Região Nordeste.
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15Essa nova delimitação foi estabele-
cida por meio da Portaria Interministerial 
nº 1, de 9 de março de 2005, como resulta-
do do Grupo de Trabalho Interministerial 
instituído também por Portaria entre o 
Ministério do Meio Ambiente – MMA 
e o Ministério da Integração Nacional – 
MI, em 2004, para rever a área definida 
como Semiárido brasileiro.
Desse modo, a área do Semiárido 
brasileiro totaliza 969.589 km² e 1.133 mu-
nicípios que são foco prioritário de atuação 
da Superintendência de Desenvolvimento 
do Nordeste – Sudene e de iniciativas 
no âmbito do Fundo Constitucional de 
Financiamento do Nordeste – FNE.
3.2. Aspectos ambientais
As espécies típicas da Caatinga são 
essencialmente aquelas adaptadas ao 
clima semiárido. Os municípios perten-
centes ao Semiárido integram áreas de 
ocorrência de Caatinga e todos apresen-
tam fragilidade socioeconômica e vulne-
rabilidades decorrentes da escassez de 
água e da distribuição irregular das chu-
vas. Em vista dessa peculiaridade, cabe 
observar que muitas vezes é inevitável 
fazer referência ao Semiárido Brasileiro 
(ou simplesmente Semiárido), entenden-
do-o como referência direta ao bioma 
Caatinga.
3.2.1. Ecorregiões
A situação das águas do Semiárido 
pode ser esboçada através de uma ca-
racterização da sua participação nos fe-
nômenos físicos das Grandes Unidades 
de Paisagem definidas pelo Zoneamento 
Agroecológico do Nordeste – Zane 
(SILVA et al., 1994). Esse Zoneamento 
estabelece as seguintes Unidades de 
Paisagem do Semiárido:
 9 Depressão Sertaneja;
 9 Chapadas Altas;
 9 Superfícies Dissecadas dos Vales 
do Gurguéia, Parnaíba, Itapecuru e 
Tocantins;
 9 Superfícies Retrabalhadas;
 9 Chapada Diamantina;
 9 Superfícies Cársticas;
 9 Planalto da Borborena;
 9 Bacias Sedimentares;
 9Maciços e Serras Baixas;
 9 Áreas de Dunas Continentais.
A mais representativa delas é 
a Depressão Sertaneja, seguida das 
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16 Unidades de Paisagem relacionadas 
com as porções do Semiárido situadas 
em áreas elevadas como aquelas de-
nominadas Chapadas Altas e Chapada 
Diamantina, localizadas nos estados do 
Ceará (Serra da Ibiapaba e Chapada do 
Araripe) e Pernambuco (Chapada do 
Araripe) (Figura 3).
A Unidade de Paisagem denomina-
da Chapadas Altas conta com uma rede 
fluvial de elevado potencial hídrico, pois 
muitos de seus rios são importantes 
afluentes do rio São Francisco, apesar 
de terem cabeceiras fora do Semiárido, 
como o Corrente e o Carinhanha que 
se originam na porção planáltica do 
Noroeste de Minas Gerais. A Chapada 
Diamantina, com exceção do rio Pardo, 
com origem na porção Sul, não tem rios 
de maior importância.
A Tabela 1 resume as principais ca-
racterísticas das Unidades de Paisagem 
com maior participação no bioma 
Caatinga e de sua hidrografia.
A conservação das águas no 
Semiárido é questão essencial, com a 
qual os processos de prevenção e con-
trole do desmatamento e queimadas 
têm interfaces diversas. No encaminha-
mento de propostas de ação, se fará 
necessário identificar áreas críticas com 
base nos instrumentos de planejamento 
disponíveis, como são, por exemplo, as 
Ecorregiões, definidas no Seminário de 
Planejamento Ecorregional de 2001, com 
a contribuição da Associação Plantas do 
Nordeste – APNE e da organização não 
governamental The Nature Conservancy 
– TNC (Figura 4).
A Depressão Sertaneja consti-
tui a paisagem típica do Semiárido e da 
Caatinga, conformada pela baixa pluvio-
sidade e abrigando formações de vege-
tação hiperxerófila nas áreas mais secas 
e hipoxerófila nas áreas de maior precipi-
tação (TABARELLI et al., 2004). A Tabela 
2 apresenta dados de pluviometria para 
as dez ecorregiões consideradas pelo 
Zoneamento Agroecológico do Nordeste 
Brasileiro – Zane (SILVA et al., 1994).
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Figura 3. Grandes Unidades da Paisagem da Região Nordeste, segundo 
o Zoneamento Agroecológico do Nordeste (Zane). Fonte: Silva et al. 
(1994).
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18 Tabela 1. Grandes Unidades de Paisagem do Semiárido e seus rios principais.
Grandes Unidades de 
Paisagem
Área 
(km2)
% do 
Nordeste
Localização es-
tadual dos rios Principais Rios
Depressão Sertaneja 368.216 22,16 BA, MG, PE, AL e SE Rio São Francisco
Chapadas Altas 147.059 8,84 -
Rios perenes com grande po-
tencial hídrico, afluentes do São 
Francisco e quenascem fora do 
Semiárido
Superfícies 
Retrabalhadas 110.120 6,66 BA
Rios Acari, Arrojado, Bom Jesus, 
Corrente, Formoso, Grande, Bora, 
Branco e Calindo
Superfícies Dissecadas 
dos Vales do Gurguéia, 
Parnaíba e Tocantins
110.782 6,63 BA
Rios Carnaíba de Dentro, Carnaíba 
de Fora, Coloço, Cas Velha e rio 
das Rãs
Chapada Diamantina 91.199 5,48 BA
Poucos rios de vazão importante, 
exceto o rio Pardo. Rios Jacuípe, 
Juazeiro e Paraguaçu
Superfícies Cársticas 76.917 4,62 BA Rio Casa Velha
Planalto da Borborema 43.460 2,61
AL Rios Canapi, Ipanema.
PB Rios Cotovelo, Jacaré, Jacu, Mamanguape
PE Rios Mimoso, Mossoró, Una, Ipojuca e Itapicuru
Bacias Sedimentares 40.262 2,42 BA Rios Jacuípe e Joanes
Maciços e Serras 
Baixas 35.439 2,13
PE Rios Capibaribe e Salobro
BA Rios Caiçara e Ipueira
Áreas e Dunas 
Continentais 9.846 0,59 BA Rio Icatu
Fonte: Adaptação MMA (2004) (Adaptação de acordo com o ZANE).
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Figura 4. A Caatinga e suas Ecorregiões.
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20 Tabela 2. Pluviometria nas Unidades de Paisagem do Nordeste.
Unidades de Paisagem Área (km2) NE %
Ocorrências precipitação
Área Geográfica Precipitação (mm) Período
Chapadas Altas 147.059 8,84
Serra da Ibiapaba (CE) >1000 Dez. a Jun.
Planalto da Borborema e 
Chapada do Araripe (CE/PE) 600 - 900 Dez. a Maio
Oeste da BA e Norte de MG >1000 Out. a Abril
Chapada Diamantina 91.199 5,48
Norte de MG e Seabra na BA 700 - 1100 Out. a Abril
Apiramutá na BA 1100 Jan. a Dez.
Planalto da Borborema 43.600 2,61 Sul de AL ao Rio Grande do Norte (Cariris / Curimataú na PB) 400 - 650 Fev. a Mar
Superfícies 
Retrabalhadas 110.120 6,63
Bacia do Rio Contas 650 Nov. a Abril
Norte de MG 850 Out. a Abril
Zona da Mata da BA 1200 Jan. a Set.
Depressão Sertaneja 368.216 22,16
Grandes partes do CE, RN, PB, PE 
e BA / Feira de Santana
Toda calha do São Francisco até 
Pirapora - MG
500 - 800 Jan. a Jun.
Superfícies de Secadas 
do Gurguéia, Parnaíba 
Itapecúru e Tocantins
110.782 6,66
Vales do Gurguéia, do Médio 
e Baixo Parnaíba, Meio e Alto 
Itapecúru e do Médio Tocantins
900 - 1500 Out. a Maio
Bacias Sedimentares 40.262 2,42
De Salvador, sentido norte, até a 
calha do São Francisco 1450 a 1800 Jan. a Dez.
Raso da Catarina, BA 650 Dez. a Jul.
Bacia do Jatobá, PE 450 Jan. a Abril
Superfícies Carsticas 76.917 2,61
De Natal, RN a Pirapora, MG
Norte de MG 1000 Out. a Abril
Irecê, BA 650 Nov. a Abril
Apodí, RN 550 Jan. a Jun.
Curaçá e Juazeiro, BA 450 Dez. a Abril
Áreas de Dunas 
Continentais 9.846 0,59 Casa Nova e Pilão Arcado, BA 800 Out. a Abril
Maciço e Serras Baixas 35.439 2,13 Ocupa partes do CE, PE, PB, BA e RN 700 a 900 Jan. a Maio
Fonte: Adaptado de MMA (2004).
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213.2.2. Vegetação
Em conformidade com as classifica-
ções atualizadas das tipologias vegeta-
cionais, a cobertura vegetal da Caatinga 
é classificada como savana estépica e 
representa a maior extensão fitogeográ-
fica da região Nordeste. A paisagem é 
recortada por rios intermitentes, tendo 
seus cursos interrompidos durante a es-
tação seca. A vegetação é xerofítica, ca-
ducifoliar e bem adaptada para suportar 
longos períodos de estiagem. Adaptada 
ao clima seco, a vegetação é constituída 
por formações de baixa densidade de 
plantas e árvores que resistem à perda 
de água graças à ajuda de sistemas folia-
res de folhas pequenas, coriáceas, além 
de raízes fortemente adaptadas para a 
absorção da escassa umidade.
A parte aérea lenhosa estrutura-
-se em três estratos: a parte arbórea (8 
a 12 metros), a arbustiva (2 a 5 metros) 
e a herbácea (abaixo de 2 metros). Essas 
formações se organizam sobre solos cris-
talinos e assumem formas de florestas 
apresentando um estrato arbóreo de 
baixa densidade, com alturas variáveis e 
um sub-bosque constituído por bromé-
lias e espécies espinhosas. Em suma, a 
vegetação que define a Caatinga atende 
às seguintes características básicas:
 9 É uma vegetação que cobre uma área 
mais ou menos contínua, submetida a 
um clima quente e semiárido, bordea-
do por áreas de clima mais úmido1 
 9 É uma vegetação com plantas que 
apresentem características relaciona-
das a deficiência hídrica (caducifólia, 
herbáceas anuais, suculência, acúleos 
e espinhos, predominância de arbus-
tos e árvores de pequeno porte e co-
bertura descontínua de copas);
 9 Constitui-se de uma flora com algumas 
espécies endêmicas e outras que tam-
bém ocorrem em outras áreas secas, 
mas não nas áreas mais úmidas que 
fazem limite com o Semiárido.
O Bioma é bastante heterogêneo, 
apresentando grande diversidade de es-
pécies vegetais, inclusive endêmicas, o 
que lhe confere um valor biológico ines-
timável e um enorme potencial para uso 
econômico sustentável de suas riquezas, 
para fins de alimentação humana, uso 
medicinal, forragem animal e uso ener-
gético (lenha e carvão vegetal).
No âmbito dos óleos, por exemplo, 
sobressai a oiticica (Licania rigida), que 
teve grande expressão na produção re-
1 Esta área seca está, na maior parte, restrita à região 
politicamente definida como Nordeste, sendo que uma 
pequena porção pode estar no Norte de Minas Gerais, dentro 
da área também definida politicamente como polígono das 
secas.
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22 gional de sabões e de óleo para indústria 
farmacêutica e, atualmente, seu manejo 
adequado pode significar uma oportuni-
dade tanto para o desenvolvimento de 
atividades extrativistas como para a con-
servação da vegetação nativa. O mesmo 
ocorre com muitas palmeiras como o li-
curi ou ouricuri (Syagrus coronata), am-
plamente utilizado na produção de cera, 
pó e palha.
A lista é grande e outras espécies 
despontam como insumos para a produ-
ção de biocombustíveis, como o pinhão 
bravo. Outros produtos como ceras e lá-
tex dependem de espécies da Caatinga 
como a carnaúba, da qual se extrai cera, 
pó e óleo. O látex também é produzido 
a partir de gomas de mangabeira e de 
maniçoba, principalmente no estado da 
Bahia. O tanino, extraído principalmente 
de espécies de angico, serve à indústria 
de beneficiamento de couro. À lista ainda 
pode-se agregar uma infinidade de pro-
dutos naturais que servem diretamente à 
alimentação humana, na forma de tubér-
culos, frutos, folhas raízes e sementes, 
cabendo destacar o umbu, o cajá, murici 
e diferentes espécies de maracujá.
3.2.3. Clima
O clima nas áreas semiáridas da 
Caatinga contrasta muito com as con-
dições de maior umidade dos demais 
biomas brasileiros. As temperaturas mé-
dias diárias são elevadas e variam pouco 
ao longo do ano, entre 25°C e 29°C (AB’ 
SABER, 2003). As variações diárias de 
temperatura são mais intensas nas áreas 
de maior altitude e de relevo acidentado, 
apresentando marcadas diferenças en-
tre as observações diurnas e noturnas e 
afetando a composição florística.
A seca estende-se de 7 a 10 meses, 
podendo ficar até 12 meses sem chover 
em certas regiões. Desse modo, nas áre-
as mais secas, as chuvas concentram-se 
em períodos de até três meses, ocorren-
do de forma bastante intensa. Os perí-
odos de estiagem são mais longos nas 
planícies do que nas áreas mais elevadas 
(planálticas), onde a precipitação costu-
ma exceder 800 mm anuais, podendo 
atingir extremos de até 1.200 mm em de-
terminados locais, enquanto que a preci-
pitação anual nas planícies fica entre 400 
e 700 mm. Nas áreas de formações não tí-
picas, a precipitação é bastante variável.
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23A distribuição das chuvasna Caatinga 
tem suma importância no planejamento 
do uso do solo, no desenho de medidas 
preventivas para reduzir a vulnerabilidade 
da produção agropecuária e, sobretudo, 
no controle do fogo. Nas ecorregiões do 
Bioma, a variabilidade climática é eleva-
da, com exceção da Depressão Sertaneja, 
que ocupa 22% da região Nordeste.
3.2.4. Geomorfologia e solos
O bioma Caatinga apóia-se sobre 
dois tipos principais de formação geo-
lógica: o embasamento cristalino, que 
ocorre em 70% da região semiárida, e as 
bacias sedimentares. Sobre a base crista-
lina, os solos geralmente são rasos (cer-
ca de 0,60m), com baixa capacidade de 
infiltração, alto escoamento superficial 
e reduzida drenagem natural. Nas bacias 
sedimentares, os solos geralmente são 
profundos (superiores a 2m, podendo 
ultrapassar 6m), com alta capacidade de 
infiltração, baixo escoamento superficial 
e boa drenagem natural.
Em termos de relevo e de forma-
ções rochosas, o aspecto típico e predo-
minante do Semiárido é o das depres-
sões interplanálticas, que consistem em 
extensas planícies secas em processo de 
erosão, entremeadas por maciços antigos 
e chapadas esporádicas. Destacam-se ne-
las formações areníticas ricas em óxido 
férreo, que formam solos ácidos e em-
pobrecidos. Em geral, os solos são pouco 
profundos, com exceção dos pontos em 
que a topografia permite o aparecimento 
de depósitos arenosos ou pedregosos. 
Conforme o relevo se eleva, tornam-se 
mais frequentes as conformações rocho-
sas, caracterizadas por fissuras que faci-
litam o desenvolvimento de várias espé-
cies de cactáceas. Mesmo quando chove, 
o solo raso e pedregoso não consegue 
armazenar a água que cai e a temperatura 
elevada provoca intensa evaporação. Por 
isso, somente em algumas áreas próximas 
às serras, onde a abundância de chuvas é 
maior, a agricultura se torna possível.
A região planáltica é composta de 
arenito metamorfoseado derivado de 
rochas sedimentares areníticas e quart-
zíticas; com uma concentração alta de 
óxido férreo dá a estas rochas uma cor 
de rosa a avermelhada. Afloramentos 
rochosos são uma característica comum 
das áreas mais altas. A Tabela 3 descreve 
os principais tipos de solo do Semiárido, 
informando, para cada classe de solo, o 
percentual de área ocupada no Bioma, 
suas potencialidades e limitações de uso.
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24 Tabela 3. Classes de solos do Semiárido, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação dos 
Solos.
Classe de solo Área(1.000 ha)
% do bioma 
Caatinga Potencialidades Limitações
Latossolos 
Amarelos e 
Vermelho-
Amarelos (LA, 
LV)
14.997,7 19,4
Profundidade, dre-
nagem, relevo, plano 
suave a suave ondula-
do, erodibilidade fraca
Acidez, baixa fertilidade natural, 
baixo teores de matéria orgânica.
Latossolos 
Vermelho-
Escuros 
Eutróficos e 
Distróficos (LE) 
1.175,0 1,6
Profundidade, drena-
gem, relevo, plano a 
suave ondulado, ferti-
lidade nos eutróficos
Acidez moderada a alta, baixa 
fertilidade nos distróficos.
Solos Litólicos 
(R) 14.337,4 19,2 Ausentes
Pequena profundidade, relevo 
predominantemente forte ondula-
do, acidez, pedregosidade, mode-
rada a alta erodibilidade.
Pozólico 
Vermelho 
Amarelos 
Eutrófico e 
Distróficos (PV, 
PE, PA)
11.000,0 14,7
Profundidade, fertili-
dade nos eutróficos, 
relevo plano a suave 
ondulado
Erodibilidade, baixo teores de ma-
téria orgânica, deficiência de umi-
dade, baixa fertilidade nos distró-
ficos, áreas com forte declividade, 
fragipans, plintitas, erodibilidade 
alta para os eutróficos.
Brunos Não 
Cálcico (NC) 9.893,8 13,3
Boa fertilidade e pre-
dominância de relevo 
suave ondulado
Alta erodibilidade, baixa profun-
didade, deficiência de umidade, 
pedregosidade e B textural, além 
de, em alguns casos, a forte 
declividade.
Areias 
Quartizosas 
(AQ)
6.962,5 9,3
Profundidade, re-
levo plano a suave 
ondulado
Textura arenosa, baixa retenção 
de umidade, baixa fertilidade, 
acidez.
Planossolos 
(PL, PLS) 6.818,8 9,1
Relevo plano a suave 
ondulado
Saturação por sódio trocável entre 
8 e 20%, má drenagem, camada 
adensada, pequena profundidade 
na maioria das áreas.
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25
Classe de solo Área(1.000 ha)
% do bioma 
Caatinga Potencialidades Limitações
Solonetz 
Solodizados 
(SS)
1.031,2 1,4 Ausente
Saturação por sódio trocável > 
20%, compactação, pequena pro-
fundidade e má drenagem.
Solonchaks 
(SK) 162,5 0,2 Ausente
Saturação por sódio trocável entre 
15 e 57%, má drenagem, pequena 
profundidade.
Regossolos 
(RE) 3.275,0 4,4
Profundos em algu-
mas áreas
Erodibilidade, deficiência de umi-
dade, baixo teor de matéria orgâ-
nica, textura arenosa.
Cambissolos 
(C) 2.750,0 3,6
Fertilidade, predomi-
nância de relevo pla-
no a suave ondulado, 
boa drenagem
Profundidade, forte declividade 
em algumas áreas, deficiência de 
umidade.
Solos Aluviais 
(A) 1.593,7 2,0
Fertilidade em algu-
mas áreas e umidade
Riscos de inundação, salinidade, 
camadas estratificadas e má per-
meabilidade em algumas áreas.
Vertissolos (V) 1.018,7 1,3
Fertilidade, rele-
vo plano a suave 
ondulado
Erodibilidade, má drenagem, ar-
gilas expansivas, deficiência de 
umidade.
Rendizinas 
(RZ) 212,5 0,3 Ausentes
Pequena profundidade, má drena-
gem, alcalinidade, plasticidade.
Brunizéns 
Avermelhados 
(BV)
131,2 0,2
Fertilidade, modera-
do teor de matéria 
orgânica
Erodibilidade, deficiência de umi-
dade, forte declividade.
 Fonte: Adaptado de Silva (2000).
Continuação Tabela 3
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26 Embora ocorram na Caatinga diver-
sos tipos de solos com vocação agrícola, 
grande parte deles, que ocupam quase 
25 milhões de hectares, isto é, quase 30% 
do Bioma, apresentam problemas de fer-
tilidade (CNRBC, 2004) ou limitações de 
uso que, quando não observadas ade-
quadamente, incidem sobre a produtivi-
dade e sobre sua conservação. Os princi-
pais tipos de solo são os brunos-não-cál-
cicos, os planossolos, os solos litólicos e 
os regossolos, todos inadequados para a 
agricultura convencional.
Ocorre que práticas agrícolas con-
vencionais promovidas desde o início da 
ocupação e difundidas até hoje contri-
buem para acelerar a degradação de mui-
tas áreas vulneráveis do Bioma, tornando 
sua recuperação inviável (SILVA, 2000). 
O uso indiscriminado dos recursos flores-
tais através da supressão da vegetação 
em grandes extensões para a conversão 
em áreas de agricultura e pastagens, da 
prática de queimadas, da extração de 
lenha sem planejamento, da abertura 
de áreas para mineração ou do excesso 
de carga animal em áreas de vegetação 
natural da Caatinga, têm efeitos negati-
vos sobre a estabilidade e a capacidade 
regenerativa dos solos e da vegetação, 
prejudicando a regeneração natural e di-
ficultando a permeabilidade dos solos.
3.2.5. Hidrografia
Entre os poucos cursos d’água 
perenes na Caatinga estão os rios São 
Francisco e Parnaíba, ambos com nas-
centes situadas fora do Semiárido (Figura 
5). O rio São Francisco atravessa prati-
camente toda a Depressão Sertaneja e 
se estima que mais de 50% de sua bacia 
hidrográfica esteja localizada dentro do 
Bioma. De suma importância para a re-
gião Nordeste, a região hidrográfica do 
São Francisco abrange 521 municípios em 
seis unidades da federação: Bahia, Minas 
Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, 
Goiás e Distrito Federal.
Segundo a Agência Nacional de 
Águas – ANA, o rio São Francisco possui 
extensão de 2.700 km, nascendo na Serra 
da Canastra (MG) e escoando no sentido 
norte-sul pela Bahia e Pernambuco até 
chegar ao Oceano Atlântico na divisa entre 
Alagoas e Sergipe. Essa região hidrográfi-
ca de suma importância para o Semiárido 
tem uma área de drenagem que ocupa 8% 
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27do território nacional, sendo sua cobertu-
ra vegetal formada por uma grande varie-
dade de vegetação, como Cerrado (alto e 
médio São Francisco), Caatinga (médio e 
submédio) e Mata Atlântica (nas cabecei-
ras do rio São Francisco).
O rio São Francisco tem grande po-
tencial hidrelétrico, cujo aproveitamen-
to totaliza uma potência instalada de 
10.367,5 MW, distribuída entre as usinas 
de Três Marias, Sobradinho, Luiz Gonzaga 
(Itaparica), Apolônio Sales (Moxotó), 
Paulo Afonso I, II, III e IV e Xingó. A ener-
gia que as usinas podem gerar está inti-
mamente ligada à quantidade de água ar-
mazenada nos reservatórios, sobretudo 
no lago de Sobradinho. A degradação das 
margens dos reservatórios, bem como 
das áreas de preservação permanente do 
rio São Francisco e seus tributários, causa 
assoreamento e, por conseguinte, perda 
de disponibilidade hídrica, de modo que a 
cota dos reservatórios pode induzir à su-
perestimativa da energia armazenada.
A degradação das condições do rio 
São Francisco e demais cursos d’água 
de sua bacia resulta dos processos de 
ocupação e uso da terra desordenados, 
da descarga descontrolada de efluentes 
não tratados, assim como do uso da água 
para irrigação, uso humano e industrial. 
Dentro dessa lógica, o desmatamento 
das áreas próximas ao rio contribui com 
esses processos em razão da relação que 
guarda com o histórico da ocupação dos 
espaços da Caatinga para a pecuária e 
a agricultura. Além disso, constitui fato 
reconhecido a degradação das matas ci-
liares do rio São Francisco, como conse-
qüência da ativa e insustentável extração 
de lenha da Caatinga, que por décadas 
proliferou na região com o objetivo de 
abastecimento dos vapores que aten-
diam à navegação regional.
Após a região hidrográfica do 
São Francisco, a região hidrográfica do 
Parnaíba é a segunda mais importante 
da região Nordeste. É considerada a re-
gião hidrográfica mais extensa dentre as 
25 bacias da Vertente Nordeste, ocupan-
do uma área de 344.112 km² (equivalente 
a 3,9% do território nacional) na quase 
totalidade do estado do Piauí (99%), par-
te do Maranhão (19%) e parte do Ceará 
(10%). Os principais afluentes do Parnaíba 
são os rios Balsas (MA), Poti e Portinho 
(nascentes no Ceará) e Canindé, Piauí, 
Uruçui-Preto, Gurguéia e Longa (todos 
no Piauí).
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Figura 5. Regiões hidrográficas do bioma Caatinga. Fonte: ANA (2010).
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293.3. Aspectos 
socioeconômicos
3.3.1. População
A população da área do Bioma al-
cança 28 milhões de habitantes, que 
equivale a quase 15% da população bra-
sileira, com densidades populacionais de 
até 20 hab./km2, sendo uma das regiões 
semiáridas mais densamente povoadas 
no planeta. A maior parte dessa popu-
lação vive sob grande vulnerabilidade 
social e econômica, causando pressão 
crescente sobre os recursos naturais da 
região, tornando-a extremamente propí-
cia à desertificação e a outros danos am-
bientais. O bioma Caatinga faz parte da 
região mais empobrecida do País, com 
índices de desenvolvimento inferiores às 
médias nacionais, o que torna evidente a 
necessidade de utilizar os recursos natu-
rais de modo sustentável como forma de 
promover a inclusão social.
Na Tabela 4, são mostrados dados 
socioeconômicos dos estados da região 
Nordeste, mais especificamente o PIB 
(Produto Interno Bruto) e a população. 
Destaca-se o caso da Bahia, que é o maior 
Estado da região e detém a maior popu-
lação e o maior PIB do Nordeste.
Tabela 4. Dados Socioeconômicos de Identificação Regional.
Descrição Unidade
Estados do Nordeste
AL BA CE MA PB PE PI RN SE Total
Área
mil km² 27,8 564,7 148,8 332 56,4 98,3 251,5 52,8 21,9 1.554,2
% no Brasil 0,3 6,6 1,7 3,9 0,7 1,2 3 0,6 0,3 18,3
% no Nordeste 1,8 36,3 9,6 21,4 3,6 6,3 16,2 3,4 1,4 100
População
Milhões habitantes 3,2 14,1 8,3 6,2 3,7 8,6 3,0 3,0 2,2 52,3
% no Brasil 1,6 7,5 4,4 3,3 1,9 4,6 1,6 1,6 1,1 27,6
% no Nordeste 5,9 27,0 15,9 12,0 7,0 16,5 5,9 5,9 3,9 100,0
PIB
PIB bilhões 15,8 96,6 46,3 28,6 20,0 55,5 12,8 20,6 15,1 311,1
% PIB no Brasil 0,7 4,1 2,0 1,2 0,8 2,3 0,5 0,9 0,6 13,1
% PIB no Nordeste 5,1 31,0 14,9 9,2 6,4 17,8 4,1 6,6 4,9 100,0
Fonte: IBGE, 2006.
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30 3.3.2. Situação econômica e 
social
A atividade agropecuária é a ativi-
dade econômica mais disseminada no 
Semiárido, seguida da prestação de ser-
viços e da produção industrial. No Bioma, 
as formas culturais e tradicionais de or-
ganização e produção contribuem para a 
conformação de uma economia regional 
bem definida, com concentração de ter-
ras e recursos. Os impactos desse mode-
lo de desenvolvimento geram grandes 
desigualdades, que caracterizam a re-
gião Nordeste e são notavelmente mais 
acentuadas no Semiárido.
Os baixos níveis de desenvolvimen-
to humano influenciam na degradação 
ambiental da Caatinga que, conjunta-
mente, com a superutilização dos re-
cursos naturais em solos naturalmente 
pobres, através de práticas agrícolas ina-
dequadas, como o pastoreio excessivo, 
o uso indiscriminado do fogo, o desma-
tamento e a destruição de áreas de pro-
teção permanente, provocam o desapa-
recimento de muitas espécies animais e 
vegetais, dificultando a convivência hu-
mana com o Semiárido.
O Semiárido Brasileiro concentra os 
piores IDHs (Índices de Desenvolvimento 
Humano) do País e de acordo com o 
Relatório do Desenvolvimento Humano 
de 2003, entre os 500 municípios brasi-
leiros de menor índice, um total de 306 
estava em áreas da Caatinga. Estudos e 
levantamentos recentes da região con-
firmam a persitência do baixo nível de 
desenvolvimento humano como segura-
mente um dos grandes entraves para o 
desenvolvimento sustentável. A melho-
ria dos índices mencionados guarda uma 
estreita relação com as condições neces-
sárias e indispensáveis para o desenvolvi-
mento nacional e regional.
Em 2007, o Brasil ainda contava 
com 14,4 milhões de analfabetos en-
tre as pessoas com mais de 15 anos, ou 
cerca de 10%. No mesmo ano, os dados 
da Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílio – Pnad demonstraram que a re-
gião Nordeste, com menos de 30% da po-
pulação brasileira, tinha uma população 
de analfabetos estimada em 52% do total 
nacional de analfabetos do País (IBGE, 
2007). Apesar da redução nacional dos 
níveis de mortalidade infantil, os estados 
do Nordeste apresentam os índices mais 
elevados de mortalidade, chegando, em 
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31alguns casos, a representar o dobro da 
média nacional. No estado de Alagoas, 
por exemplo, em 2007 tinha-se a cifra 
de 50 óbitos por 1.000 crianças durante 
o primeiro ano de vida (IBGE, 2007). Os 
estados de maior precariedade dos ín-
dices de desenvolvimento humano são 
Alagoas e Piauí.
Com relação à estrutura fundiária, 
a terra permanece concentrada, ainda 
que seja grande o número de pequenos 
estabelecimentos ou unidades de produ-
ção familiar. A existência de um grande 
número de estabelecimentos rurais com 
grandes extensões, pouca capacidade 
de investimentos e baixo grau de tecni-
ficação continuam sendo entraves sérios 
para o pleno desenvolvimento.
Segundo o Censo Agropecuário 
(IBGE, 2006), os estados da Região 
Nordeste exprimem elevados níveis de 
concentração de terras na porção leste 
do Maranhão e em grande parte do Piauí, 
do Vale do São Francisco e do oeste da 
Bahia. Ainda, existem regiões de domí-
nio de pequenos produtores, posseiros 
e arrendatários, especialmente o Golfão 
Maranhense (extremo norte do estado 
do Maranhão), com marcada presença 
de estabelecimentos rurais com menos 
de5 hectares. Tal fato tem efeito nos 
municípios dessa região que apresentem 
baixo índice de concentração de terras 
em função da extrema fragmentação 
fundiária, configurando também um pro-
blema para geração de renda e sustenta-
bilidade do uso dos recursos naturais.
Apesar das muitas alterações posi-
tivas experimentadas pela região, como 
a universalização da educação funda-
mental e os aumentos efetivos da renda 
média familiar, ocorridos em parte gra-
ças a programas como o bolsa-família e a 
aposentadoria rural, as condições gerais 
da população são precárias. Os indicado-
res apresentados reforçam a necessida-
de da promoção de políticas públicas que 
possam transformar radicalmente mui-
tos aspectos do quadro existente, con-
siderado muito desigual em comparação 
às demais regiões do País.
A participação do PIB do Nordeste 
nas contas nacionais foi de 13,8 % em 
2000 (Tabela 5) e 12,9 % em 2007. Desde 
então esta proporção não tem sido mui-
to diferente. O PIB da região alcançou R$ 
335 bilhões em 2007, ao mesmo tempo 
em que o PIB do Semiárido chegou a R$ 
86,5 bilhões correspondendo a uma ren-
da per capita de R$ 4.500 ou cerca de 70 
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32 % do PIB per capita do Nordeste.
A economia do Nordeste apresen-
tou índices de crescimento superiores 
aos nacionais na década de 1970, quando 
a região alcançou 8,7 % de crescimento 
anual, não tendo posteriormente retor-
nado a estes níveis, embora, em geral, 
nos últimos anos, tenha se mantido su-
perior à média nacional (Tabela 5).
Tabela 5. Taxa média de crescimento anual 
do PIB do Nordeste e no Brasil.
Período Taxa Média do Nordeste (%)
Taxa Média do 
Brasil (%)
1979-1980 8,7 8,6
1980-1990 2,3 1,6
1990-2000 2,0 2,5
2000-2005 4,1 2,8
2006 4,8 4,0
20071 5,7 5,7
20081 5,9 5,1
Fontes: Fundação Getúlio Vargas – FGV/ Instituto Brasileiro 
de Economia – IBRE/Centro de Contas Nacionais (1970 a 
1984) para o Brasil. Superintendência do Desenvolvimento do 
Nordeste – Sudene/DPG/PSE (1970 a 1984) para o Nordeste. 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Contas 
Regionais (2003 - 2006) - IBGE. (1) Valores estimados pela 
Central de Informações do BNB/ETENE. Valores atualizados a 
preços de 2008 pelo Deflator. Implícito do PIB até 2006, adap-
tado às respectivas mudanças ocorridas no padrão monetário 
ao longo do período em estudo, exceto 1939. Utilizou-se o IGP-
DI para a atualização de 2008.
A economia regional vem se modifi-
cando ao longo dos anos com uma parti-
cipação cada vez maior do item serviços 
e indústria na formação do PIB regional. 
Em 1970, o maior item de composição 
eram serviços com 59,3% de participação, 
a indústria com 18,3 % e o setor agropecu-
ário com 22,4%. Em 2006, a conformação 
do PIB tem uma nova distribuição, com o 
item serviços participando com 66,8 %, o 
setor industrial com 25,3% e o setor agro-
pecuário 7,9%.
As mudanças no quadro regional 
afetam a economia do Semiárido de 
forma severa em razão do colapso da 
cultura do algodão herbáceo e das suas 
articulações com a pecuária e a produ-
ção agrícola de subsistência. Dentro do 
setor industrial tem expressão a emer-
gência de segmentos relacionados 
com a produção petroquímica, auto-
motores, extração mineral e a indústria 
metal-mecânica. Mais recentemente, 
tem sido notória a ampliação do setor 
de serviços para o turismo, áreas de 
tecnologia de informação e consulto-
ria. Entre 2005 e 2006, a região foi a 
de maior crescimento da renda familiar 
média, com um crescimento de 12%.
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333.3.3. Estrutura fundiária
Os dados da distribuição fundiária 
do Semiárido evidenciam algumas mu-
danças na forma tradicional de posse de 
terras, em que um grande número de 
pequenos imóveis rurais ocupa uma por-
ção relativamente pequena das terras 
existentes, enquanto a maior parte das 
extensões de terras é ocupada por um 
número pequeno de imóveis. Esta situa-
ção é mostrada na Tabela 6, que ilustra o 
número de estabelecimentos agropecu-
ários em relação às áreas exploradas do 
Semiárido em cada um dos estados da 
região Nordeste.
Entre 1996 e 2006, o total de estabe-
lecimentos agropecuários do Semiárido 
aumentou em cerca de 37 mil unidades e 
as extensões ocupadas pelos estabeleci-
mentos diminuíram em quase 2 milhões 
de hectares. A Figura 6 apresenta uma 
comparação da distribuição dos estabe-
lecimentos agropecuários entre 1996 e 
2006, segundo dados do IBGE.
Tabela 6. Estabelecimentos agropecuários no Semiárido.
Ano 1996 2006
Estados Nº de estabelecimentos
Área total 
(ha)
% da área 
total
Nº de 
estabelecimentos
Área total 
(ha)
% da área 
total
Alagoas 76.384 953.306 2 73.048 877.889 2
Bahia 545.752 19.880.018 45 563.468 18.396.718 44
Ceará 294.032 8.035.496 18 287.390 6.718.328 16
Paraíba 111.614 3.616.584 8 120.666 3.017.866 7
Pernambuco 228.497 1.284.155 3 240.486 4.306.970 10
Piauí 112.905 5.581.311 13 130.056 5.061.106 12
Rio Grande 
do Norte 83.527 3.519.299 8 73.636 2.642.204 6
Sergipe 38.835 933.261 2 40.197 789.376 2
Total 1.491.546 43.803.428 100 1.528.947 41.810.457 100
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário (1996 e 2006).
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Figura 6. Percentual de distribuição da terra por 
tamanho de estabelecimento agropecuário em 
1996 (a) e 2006 (b). 
Além de confirmar a tendência de 
ampliação de minifúndios, os dados do 
Censo Agropecuário 2006 mostram que 
dos estabelecimentos de superfície supe-
rior a 1.000 hectares, que representavam 
cerca de 25% do total em 1996 ocupam 19% 
da superfície sob exploração em 2006.
Um dos impactos desta nova dis-
tribuição é o surgimento de um número 
maior de estabelecimentos com área en-
tre 10 e 100 ha e de uma maior proporção 
de pequenos e medianos proprietários 
rurais que terão necessidade de expan-
dir suas áreas de lavouras e de capitalizar 
os novos estabelecimentos. Com base 
nessas novas necessidades, é possível su-
gerir um avanço sobre as áreas remanes-
centes da Caatinga com o propósito de 
gerar renda com a produção de lenha e 
carvão vegetal. As alternativas mais ime-
diatas para esse avanço se resumem à 
supressão de vegetação para agricultura 
comercial, ao estabelecimento de pasta-
gens, à abertura de áreas para agricultu-
ra irrigada e principalmente à produção 
de lenha e carvão vegetal.
Entretanto, essas informações são 
bastante recentes e necessitam ser con-
frontadas com os dados do uso do solo 
nas áreas do Semiárido, principalmente 
naquelas próximas às frentes de expan-
são das culturas comerciais e áreas de 
irrigação. Nessas áreas, a grande expan-
são de lavouras se deve à instalação de 
cultivos comerciais, principalmente nos 
estados do Maranhão e do Piauí com as 
culturas da soja e, em menor escala, da 
cana-de-açúcar para a produção de eta-
nol situada nos municípios fora da delimi-
tação do Semiárido. Da mesma maneira, 
foram constatados grandes aumentos 
nas áreas de lavouras nos estados da 
Bahia e do Ceará.
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354. Diagnóstico do Problema
bioma Caatinga. Entre 2002 e 2008, fo-
ram desmatados 16.576 km², que equi-
valem a 2% da superfície do Bioma e cor-
respondem a uma taxa anual média de 
2.763 km².
A Tabela 7 mostra em termos per-
centuais2 o desmatamento em todo o 
Bioma. Em 2002, a Caatinga já se encon-
trava com 43,38% de sua cobertura vege-
tal original suprimida. De 2002 a 2008, a 
supressão de mais 16.576 km² contribuiu 
para um desmatamento acumulado de 
aproximadamente 375 mil km², que cor-
respondem a 45,39% da área do Bioma, 
ou seja, 53,62% de vegetação nativa 
remanescente.
2 Esses percentuais tomam como referência a área de análise 
do Projeto,igual a 826.411 km².
4.1. Monitoramento da co-
bertura vegetal
Um dos meios mais aceitos para 
se quantificar a dimensão do problema 
do desmatamento provém da análise de 
imagens de satélite. Com metodologia 
e periodicidade adequadas, o monitora-
mento da cobertura vegetal sistemático 
é capaz de indicar o avanço das ativida-
des humanas sobre o meio natural.
A partir da cooperação entre MMA, 
Ibama, Agência Brasileira de Cooperação 
– ABC e Programa das Nações Unidas 
para o Desenvolvimento – PNUD, iniciou-
-se em 2008 o Projeto de Monitoramento 
do Desmatamento dos Biomas 
Brasileiros por Satélite, coordenado 
pelo MMA e executado pelo Centro de 
Sensoriamento Remoto – CSR do Ibama 
e voltado aos biomas Cerrado, Caatinga, 
Pantanal, Pampa e Mata Atlântica.
Em março de 2010, o Ibama divul-
gou os valores do desmatamento no 
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36 Tabela 7. Dados do monitoramento da 
Caatinga referentes a 2002 e 2008.
Bioma 
Caatinga
2002 2008
km² % km² %
Área 
desmatada 358.540 43,38 375.108 45,39
Área rema-
nescente 460.063 55,67 443.121 53,62
Corpos 
d´água 7.851 0,95 8.182 0,99
Fonte: IBAMA (2010).
A Tabela 8, por sua vez, apresenta 
dados levantados pelo Projeto, mostran-
do que os estados que mais desmataram 
entre 2002 e 2008 foram Bahia e Ceará. 
Em termos absolutos, o que afeta os es-
tados de maior dimensão, a análise dos 
números mostra que os quatro estados 
que mais desmataram entre 2002 e 2008 
são os mesmos que mais desmataram 
em toda a história, na mesma ordem, e 
são também os que possuem maior ex-
tensão de Caatinga. Por outro lado, em 
termos relativos, observa-se que Alagoas 
e Sergipe são os líderes em desmatamen-
to acumulado, já tendo convertido, res-
pectivamente, 82% e 68% de suas áreas 
de Caatinga.
A Figura 7 retrata o desmatamento 
acumulado3 até 2008, enquanto que a 
Figura 8 realça as áreas que foram desma-
tadas entre 2002 e 2008. Nota-se que o 
desmatamento mais recente tem aspec-
to pulverizado e não aparenta avançar 
em frentes de expansão agropecuária, 
como tipicamente ocorre na Amazônia e 
no Cerrado. Essa configuração reforça o 
diagnóstico de que o principal vetor do 
desmatamento na Caatinga é o consumo 
de lenha e carvão vegetal.
O monitoramento permitiu ainda 
relacionar os 20 municípios que mais des-
mataram, em termos absolutos, entre 
2002 e 2008, estando oito deles locali-
zados no noroeste e centro da Bahia e 
seis situados na região central do Ceará, 
conforme indicam a Tabela 9 e a Figura 
9. O desmatamento entre 2002 e 2008 
nesses 20 municípios totalizou uma área 
de 2.371 km², o que representa 14,3% do 
desmatamento no período monitorado, 
comprovando a pulverização da prática 
de supressão da vegetação.
3 A análise e detecção dos desmatamentos tiveram como 
área útil de trabalho o Mapa de Cobertura Vegetal dos 
Biomas Brasileiros, escala 1:250.000, ano base 2002 (MMA, 
2007a) elaborado no âmbito do Projeto de Conservação e 
Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – 
Probio, considerando-se como “mapa de tempo zero” para 
início do monitoramento feito pelo Ibama em 2008. Esse 
monitoramento não distingue desmatamento legal e ilegal, 
nem avalia áreas sob regeneração natural.
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37Tabela 8. Desmatamento no Bioma Caatinga por Estado.
Estado
Área de 
Caatinga 
Original 
(km2)
Desmatamento 
acumulado até 
2002 (km2)
Desmatamento 
entre 2002 e 
2008 (km2)
Desmatamento 
entre 2002 
e 2008 (% da 
Caatinga total)
Desmatamento 
acumulado até 
2008 (km2)
Desmatamento 
acumulado 
até 2008 (% da 
Caatinga no 
Estado)
Bahia 300.967 149.619 4.527 0,55% 154.146 51,22%
Ceará 147.675 54.735 4.132 0,50% 58.867 39,86%
Piauí 157.985 45.754 2.586 0,31% 48.340 30,60%
Pernambuco 81.141 41.159 2.204 0,27% 43.363 53,44%
Rio Grande 
do Norte
49.402 21.418 1.142 0,14% 22.560 45,67%
Paraíba 51.357 22.342 1.013 0,12% 23.355 45,48%
Minas Gerais 11.100 5.371 359 0,04% 5.730 51,62%
Alagoas 13.000 10.320 353 0,04% 10.673 82,10%
Sergipe 10.027 6.683 157 0,02% 6.840 68,22%
Maranhão 3.753 1.134 97 0,01% 1.231 32,80%
TOTAL 826.411 358.540 16.576 2,00% 375.105
Fonte: Adaptado de IBAMA (2010).
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38 Tabela 9. Municípios da Caatinga (20) com maior área desmatada no período de 2002 a 2008.
Ordem Município UF
Área Original 
de Caatinga no 
município (km²)
Área desmata-
da 2002-2008 
(km²)
Área desmatada
2002-2008 (%)
1 Acopiara CE 2.264 183 8,0
2 Tauá CE 4.020 173 4,3
3 Bom Jesus da Lapa BA 2.648 158 5,9
4 Campo Formoso BA 6.806 137 2,0
5 Boa Viagem CE 2.840 135 4,7
6 Tucano BA 2.802 130 4,6
7 Mucugê BA 2.483 127 5,1
8 Serra Talhada PE 2.981 122 4,1
9 Crateús CE 2.985 121 4,0
10 São José do Belmonte PE 1.481 115 7,7
11 Morro do Chapéu BA 5.531 112 2,0
12 Casa Nova BA 9.658 110 1,1
13 Santa Quitéria CE 4.260 99 2,3
14 Petrolina PE 4.558 99 2,1
15 Barro CE 710 98 13,9
16 Mossoró RN 2.110 95 4,5
17 Saboeiro CE 1.383 91 6,5
18 Touros RN 603 90 14,9
19 Euclides da Cunha BA 2.331 85 3,6
20 Pedra PE 802 84 10,5
Total 63.266 2.371
Fonte: IBAMA (2010).
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Figura 7. Desmatamento na Caatinga acumulado até 2008. 
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Figura 8. Áreas desmatadas na Caatinga entre 2002 e 2008.
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Figura 9. Municípios mais desmatados entre 2002 e 2008.
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42 O desmatamento causa impactos 
negativos à conservação dos recursos hí-
dricos. A Tabela 10 apresenta o desmata-
mento por região hidrográfica e mostra 
que as áreas mais suprimidas estão nas 
regiões hidrográficas do São Francisco e 
do Atlântico Nordeste Oriental.
A Tabela 11 traça um quadro com-
parativo entre as taxas de desmata-
mento dos biomas brasileiros. Embora 
a Caatinga não figure entre os biomas 
sendo mais desmatados atualmente, a 
sua fragilidade ecológica, edáfica, climá-
tica e social requer atenção especial, 
seja porque o Semiárido é uma das regi-
ões que mais preocupam no tocante aos 
impactos negativos das mudanças do cli-
ma, seja porque a conservação e o uso 
sustentável dos recursos naturais dessa 
região é condição sine qua non de inclu-
são social e geração de renda para a sua 
população.
O Projeto de Monitoramento do 
Desmatamento nos Biomas Brasileiros 
por Satélite analisou o desmatamento 
em 77 Unidades de Conservação – UCs 
do bioma Caatinga, incluindo 48 UCs es-
taduais, 26 UCs federais e 3 UCs munici-
pais, e verificando um desmatamento to-
tal de 864,1 km2 no período entre 2002 e 
2008. A Tabela 12 sintetiza a distribuição 
da supressão vegetal pelas diversas cate-
gorias de UC. 
Tabela 10. Situação do desmatamento da Caatinga por Região Hidrográfica.
Região
Área de 
Caatinga 
Original (km²)
Área desmatada 
até 2002 (km²)
Área desmatada 
2002-2008 (km²)
Área desmatada 
2002-2008 (%)
Atlântico Leste 152.493 89.921 3.062 2,01
Atlântico Nordeste Oriental 245.999 101.569 6.335 2,58
Parnaíba 176.506 52.955 2.984 1,69
São Francisco 251.357 114.241 4.193 1,67
Total 358.697 16.576 2,0
Fonte: CSR/IBAMA (2010) 
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43Tabela 11. Desmatamento nos biomas Cerrado, Caatinga, Pantanal, Amazônia e Pampa 
entre 2002 e 2008.
Bioma Área total (km²)4
Área desmatada en-
tre 2002 e2008 (km²)
Taxa anual de desma-
tamento (km²/ano)
Taxa anual de desma-
tamento (%)
Cerrado 2.047.146 85.074 14.179 0,69
Caatinga 826.411 16.576 2.763 0,33
Pantanal 151.313 4.279 713 0,47
Amazônia 4.196.943 110.068 18.344 0,42
Pampa 177.767 2.183 364 0,20
Fonte: MMA e Ibama (2010).
A primeira coisa que se depreen-
de da Tabela 12 é o acelerado processo 
de degradação nas Áreas de Proteção 
Ambiental – APAs, dentro das quais se en-
contram mais de 5% de todo o desmata-
mento na Caatinga, o que corresponde a 
mais de 97% do desmatamento total nas 
UCs do Bioma. Nessas áreas, o desmata-
mento ocorre à revelia do fato de se tratar 
de uma Unidade de Conservação. Na prá-
tica, as APAs não estão cumprindo seu pa-
pel de conservação, devido à intensa ocu-
pação humana sem um controle efetivo, 
baseado em um Plano de Manejo capaz 
de definir regras e garantir a conservação 
e o uso sustentável da unidade.
4 Extensões dos biomas segundo o Projeto de Monitoramento 
dos Biomas Brasileiros (CSR/Ibama).
Note-se também que 82,4% de 
todo o desmatamento nas UCs situam-
-se em três grandes APAs: APA Lago do 
Sobradinho (estadual), APA da Chapada 
do Araripe e APA Serra da Ibiapaba (fe-
derais). Esse valor corresponde a 4,3% do 
desmatamento na Caatinga entre 2002 e 
2008. Na Chapada do Araripe, a vegeta-
ção nativa tem sido suprimida predato-
riamente para fornecer lenha para a pro-
dução de gesso. A região é muito rica em 
gipsita, de modo que o Polo Gesseiro do 
Araripe chega a abastecer quase a totali-
dade do mercado nacional de gesso.
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44 Tabela 12. Desmatamento nas Unidades de Conservação da Caatinga entre 2002 e 2008.
Categoria Nº
Área
desmatada 
(km²)
% em relação ao desma-
tamento total de 864,1 
km² nas UCs da Caatinga
% em relação ao desmata-
mento total de 16.576 km² 
no bioma Caatinga
APA Lago do Sobradinho 1 105,6 12,2 0,64
Demais APAs Estaduais 25 99,9 11,6 0,60
APA da Chapada do 
Araripe 1 289,7 33,5 1,75
APA Serra da Ibiapaba 1 316,9 36,7 1,91
Demais APAs Federais 2 23,4 2,7 0,14
APAs Municipais 1 4,6 0,5 0,03
Total APAs 31 840,0 97,2 5,07
Demais UCs de Uso 
Sustentável5 13 6,6 0,8 0,04
Total UCs de Uso 
Sustentável 44 846,7 98,0 5,11
Parque Nacional 8 9,2 1,1 0,06
Parque Estadual 10 3,3 0,4 0,02
Estação Ecológica Federal 4 2,6 0,3 0,02
Demais UCs de Proteção 
Integral 11 2,4 0,3 0,01
Total UCs de Proteção 
Integral 33 17,4 2,0 0,10
Total 77 864,1 100 5,21
Fonte: MMA
5 Não estão consideradas as UCs da categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN
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45Nas Terras Indígenas, o desmata-
mento foi de 60,91 km² entre 2002 e 2008, 
configurando uma perda de vegetação 
nativa em torno de 3% dos 2.040 km² de 
Terras Indígenas do bioma Caatinga.
Histórico do monitoramento da 
Caatinga
Em 1984, a cobertura vegetal na-
tiva do bioma Caatinga foi estimada em 
cerca de 68%, sendo 32% de áreas an-
tropizadas, ou seja, espaços ocupados 
por agricultura ou alterados pela ação 
humana (CNRBC, 2004). Em 1990, com 
base nos trabalhos do Projeto Radam 
Brasil, foram atualizadas as informações 
existentes na Sudene e no Ibama, confir-
mando uma redução da cobertura flores-
tal remanescente de 65%, em 1984, para 
47%, em 1990.
Na sequência dos estudos realiza-
dos, cabe ainda destacar os levantamen-
tos realizados pelo Projeto PNUD/FAO/
IBDF/087-007 em 1990. Esses estudos 
limitaram-se à avaliação da cobertura 
florestal do Bioma nos estados do Rio 
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco 
e Ceará. Embora restritos aos quatro 
estados, o estudo provê elementos que 
ajudam na percepção da evolução da co-
bertura florestal e da ocupação de uma 
importante porção do Bioma. Estimou-se 
para o conjunto desses estados uma co-
bertura florestal remanescente de 41,5% 
(MMA, 2007c).
Em 2004, o mapeamento da 
Caatinga foi retomado por meio do 
Projeto de Conservação e Utilização 
Sustentável da Diversidade Biológica 
Brasileira – Probio, no âmbito do qual foi 
publicado, em 2007, o Mapeamento de 
Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros 
(MMA, 2007c). Colaboraram na exe-
cução do mapeamento da Caatinga a 
Universidade de Feira de Santana e a 
Associação Plantas do Nordeste (APNE), 
entre outras instituições. 
Os levantamentos do Probio veri-
ficaram as áreas de remanescentes de 
fitofisionomias típicas da Caatinga, os 
encraves mapeáveis de fitofisionomias 
de Cerrado e Mata Atlântica, bem como 
as áreas de tensão ecológica (florestas 
de transição ou ecótonos e encraves não 
mapeáveis). Foram incluídas entre as 
áreas remanescentes aquelas com sinais 
de atividade antrópica, mas que apresen-
tam chances de regeneração ou possibi-
lidade de convivência com intervenções 
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46 de baixo impacto. As análises do Probio 
utilizaram imagens de satélite Landsat 
de 2002 na escala de 1:250.000 e foram 
realizados sobre uma área de 825.750km² 
(MMA, 2007c), um pouco menor que a 
definida pelo IBGE (844.453 km²), que 
utilizou escala de 1:5.000.000, gerando 
diferença de 2%.
Os resultados do Probio revelaram 
uma área de vegetação remanescente 
de 62,69% da área total do Bioma em 
2002, contra 55,67% calculados no âm-
bito do Projeto de Monitoramento do 
Desmatamento nos Biomas Brasileiros 
por Satélite – PMDBBS sobre uma área 
total quase igual (826.411 km²). Os da-
dos diferem-se em razão da diferença 
entre as escalas de trabalho. Enquanto o 
Probio mapeou os polígonos do desma-
tamento em uma escala de 1:250.000, o 
PMDBBS trabalhou com uma escala de 
1:50.000, com maior detalhamento, o 
que permitiu detectar pequenos polígo-
nos não diferenciáveis na escala anterior 
de monitoramento.
4.2. O Modelo Lógico aplica-
do ao combate ao des-
matamento na Caatinga
Em 6 e 7 de abril de 2010, foi reali-
zada a Oficina de Validação do Modelo 
Lógico do PPCaatinga. Entre outras coisas, 
a Oficina resultou na Árvore de Problemas 
apresentada na Figura 10. Durante as 
discussões, diversas causas foram apon-
tadas para o problema central, que é o 
desmatamento na Caatinga, abrangendo 
fatores econômicos, políticos, territoriais 
e socioambientais. 
Das causas apontadas na Árvore 
de Problemas, o grupo participante da 
Oficina definiu como críticas aquelas con-
sideradas de maior impacto na solução 
do problema e que estão sob a governa-
bilidade do governo federal, a saber:
 9 Instrumentos de controle e punição 
dos ilícitos ambientais pouco efetivos;
 9 Uso insustentável de lenha e carvão 
vegetal como combustível nas ativida-
des produtivas;
 9 Legislação de Manejo Florestal com-
plexa e restritiva; e
 9 Assistência Técnica (florestal e rural) 
incipiente e pouco qualificada para 
práticas sustentáveis.
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48 Observa-se que três dessas cau-
sas estão relacionadas a deficiências da 
atuação do poder público. A pouca efe-
tividade dos instrumentos de controle 
e punição dos ilícitos ambientais reflete 
a dificuldade dos estados em realizar a 
fiscalização e o controle florestal, acen-
tuada pela definitiva descentralização 
da gestão florestal. A assistência técnica 
incipiente e pouco qualificada para práti-
cas sustentáveis indica a insuficiência da 
atuação do poder público em transferir 
conhecimento para a expansão das ati-
vidades que geram renda sem destruir a 
vegetação nativa. Ademais, embora na 
Oficina tenha havido consenso de que o 
Manejo Florestal constitui uma atividade 
econômica sustentável e capaz de aten-
der a demanda do mercado porinsumos 
energéticos (carvão vegetal e lenha), 
esta não se expande devido a instrumen-
tos legais e procedimentos burocráti-
cos que desencorajam a sua prática. Por 
fim, a outra causa crítica é o consumo 
do recurso florestal, mais barato por ser 
de origem insustentável, como insumo 
energético (lenha e carvão vegetal) para 
diferentes finalidades: produção de fer-
ro-gusa, gesso, cerâmica, uso em pada-
rias, queijarias, uso doméstico, etc.
Além das causas críticas, os partici-
pantes da Oficina identificaram também 
fatores de contexto, que mesmo estan-
do fora da governabilidade de um plano 
governamental de combate ao desma-
tamento, podem influenciar negativa ou 
positivamente o seu desempenho6. Os 
fatores elencados como sendo de possí-
vel impacto negativo foram:
 9 Planejamento e modelo de desenvolvi-
mento energético;
 9 Inserção da lenha de forma insustentá-
vel na matriz energética;
 9 Ausência de pacto nacional e regional 
para reduzir o desmatamento (estabe-
lecimento de meta);
 9 Solos do bioma predominantemente 
rasos e de fertilidade natural baixa;
 9 Preconceito contra o manejo florestal; e
 9 Pouco reconhecimento da importân-
cia da Caatinga.
Como fatores de contexto positi-
vos, foram elencados:
 9 Plano Nacional sobre Mudança do 
Clima (Decreto nº 6.263/2007) e Fundo 
Clima;
6 Alguns fatores de contexto podem fugir à concepção 
original e não estar totalmente fora da governabilidade da 
atuação do poder público.
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49 9 Lei nº 12.188/2010, que institui a 
Política Nacional de Assistência 
Técnica e Extensão Rural para a 
Agricultura Familiar e Reforma Agrária 
– Pnater e o Programa Nacional de 
Assistência Técnica e Extensão Rural 
na Agricultura Familiar e na Reforma 
Agrária – Pronater;
 9 Lei nº 11.284/2006, art. 83, que pro-
moveu a descentralização da gestão 
florestal, ao alterar o art. 19 da Lei nº 
4.771/1965 (Código Florestal);
 9 Programas de Ação Estadual de 
Combate à Desertificação – PAEs;
 9 Programas de transferência de renda;
 9 Decreto nº 6.874/2009, que insti-
tui, no âmbito do MMA e MDA, o 
Programa Federal de Manejo Florestal 
Comunitário e Familiar – PMCF;
 9 Apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de 
Apoio às Micro e Pequenas Empresas) 
ao manejo florestal sustentável nas ca-
deias produtivas da cerâmica e gesso; 
e
 9 ICMS (Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias e Serviços) ambiental em 
algumas regiões.
4.3. Desmatamento, de-
gradação e atividades 
produtivas
Historicamente, as políticas de de-
senvolvimento regional constituíram so-
luções imediatistas e paliativas despro-
vidas de componente ambiental. Em vez 
de melhorar definitivamente a qualidade 
de vida da população sertaneja, essas in-
tervenções contribuíram para diminuir 
os recursos naturais e por isso dificulta-
ram o desenvolvimento da organização 
socioespacial e socioeconômica.
A seguir são analisadas as princi-
pais atividades produtivas que têm cor-
relação com o desmatamento e a degra-
dação no bioma Caatinga.
4.3.1. Agricultura
Em geral, a produção agrícola na 
Caatinga caracteriza-se como de subsis-
tência, com baixos níveis de produtivida-
de, pequena absorção de insumos tecno-
lógicos e pouca assistência técnica. Além 
disso, está sujeita às vulnerabilidades 
climáticas acentuadas devido aos longos 
períodos de seca.
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50 No entanto, milhares de peque-
nos agricultores do Semiárido são ainda 
responsáveis por um fluxo importante 
de matérias-primas para a alimentação, 
vestuário, produtos medicinais e cons-
trução, abastecendo necessidades cres-
centes da população da região. O des-
matamento provocado pela agricultura 
de subsistência está disperso no Bioma 
e consiste principalmente na abertura de 
áreas destinadas ao cultivo de lavouras, 
denominadas “áreas de broca”. A broca, 
que consiste na retirada da vegetação, 
é feita em parte sobre áreas de pousio, 
mas também ocorre em pequenas fren-
tes que avançam sobre a vegetação na-
tiva primária. O pousio é o intervalo de 
até 7 ou 8 anos de espera, entre períodos 
de 3 a 4 anos de uso agrícola intensivo, a 
fim de deixar a vegetação nativa se rege-
nerar e o solo recuperar o seu potencial 
produtivo. Deve-se destacar, ademais, 
que a agricultura de subsistência no 
Semiárido é tradicionalmente realizada 
em margens de rios e açudes, que estão 
entre as poucas áreas propícias para a 
agricultura na região.
Ao longo dos anos, o panorama 
tradicional da agricultura de subsistên-
cia foi alterado em razão dos avanços 
da agricultura comercial, dependente da 
irrigação e de insumos externos, que se 
estrutura em torno da produção em lar-
ga escala, principalmente orientada para 
mercados de exportação. São exemplos 
desse modelo os cultivos de cebola e 
frutas tropicais. A produção irrigada das 
frutas tropicais é relevante para criação 
de emprego e renda, sobretudo em po-
los de produção como, por exemplo 
(CNRBC, 2004): 
 9 Vale do Submédio São Francisco 
(Juazeiro-Petrolina): manga, uva, ma-
racujá, mamão e banana; 
 9 Vales do Açu e Apodi (RN): melão; e 
 9 Vale do Rio Jaguaribe (CE): uva, melão, 
acerola, manga, graviola e caju.
Cultivos comerciais como a soja e 
a mamona participam de forma crescen-
te na economia da região. A mamona 
está integrada à produção de biocom-
bustíveis e faz o Nordeste responsável 
por cerca de 50% da produção nacional. 
A soja se destaca nos estados da Bahia, 
Maranhão e Piauí, acompanhada do al-
godão herbáceo, que tem a produção 
concentrada na Bahia. O avanço dessas 
culturas sobre a vegetação nativa do 
Bioma geralmente ocorre nas zonas de 
transição Caatinga-Cerrado das porções 
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51meridionais do Piauí, mais exatamente 
ao sul do complexo Serra da Capivara e 
da Serra das Confusões. Essas áreas de 
expansão agrícola são responsáveis por 
grande parte do fornecimento insusten-
tável de lenha e carvão vegetal, sobretu-
do para a produção de ferro-gusa, ainda 
que sejam oriundos de desmatamentos 
legais.
Ressalta-se que, em muitas loca-
lidades do Semiárido, a degradação do 
ambiente tem início com práticas agríco-
las ineficientes que retiram a cobertura 
vegetal, deixando o solo vulnerável aos 
processos erosivos. Muitas vezes, o de-
senvolvimento contínuo dessas práticas 
de retirada de produtos florestais sem a 
reposição de nutrientes acarreta a per-
da da fertilidade da terra. Levando em 
consideração o tipo de solo da região, 
isso pode intensificar os processos de 
degradação do Bioma. Adicionalmente, 
a contaminação pela utilização intensiva 
de agrotóxicos, aliada à remoção da co-
bertura florestal, produz fortes impactos 
sobre a biodiversidade e é processo re-
conhecido nas áreas de cultivos agríco-
las irrigados para a produção de frutas 
(CONTEXTO RURAL, 2003).
A agricultura irrigada, por exemplo, 
realizada sem levar em conta as caracte-
rísticas físicas da localidade e de medidas 
de correção da salinidade da água e da 
drenagem do solo, também pode acarre-
tar sérios problemas, como salinização, 
erosão e lixiviação. Segundo levanta-
mentos da Agência Nacional de Águas, 
a salinização é um grave problema en-
frentado no Nordeste, pois inviabiliza o 
uso do solo em poucos anos, causando 
danos sociais e econômicos.
Deve-se observar também que o 
potencial para irrigação na Caatinga é 
baixo. Devido aos recursos hídricos dis-
poníveis, à qualidade da água e às condi-
ções de solo e topografia, estima-se uma 
área irrigável de cerca de 3% da área total 
do Semiárido Brasileiro (MMA, 2005).
4.3.2. Pecuária
A pecuária extensiva, que inclui o 
manejo de bovinos, caprinos e ovinos, 
é adaptada às condições do Semiárido

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