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MÓDULO II MÓDULO II Coordenação Alcance.Enem Dione Soares Coordenação Pedagógica Eridiana Macêdo Fábio Frota Supervisão Adelaide Oliveira Davi Félix Equipe Técnica Designer: Valdo Costa Diagramador: C. Junior Mídias Digitais: Lucas Almeida Natália Ribeiro Alcance Virtual: Janete Batista Nazareth Magalhães Wládia Moreira Núcleos Municipais: Anangélica Damasceno Expediente Supervisão Alcance.Enem Eridiana Macêdo Davi Félix Equipe Técnica Diagramador: C. Junior Designer: Valdo Costa Mídias Digitais: Natália Ribeiro Lucas Almeida Alcance Virtual: Nazareth Magalhães Janete Batista Wládia Moreira Núcleos Municipais: Anangélica Damasceno Coordenação Alcance.Enem Dione Soares Adelaide Oliveira Fábio Frota alcancevirtual.al.ce.gov.br alcance@al.ce.gov.br @alcance.enemoficial | /alcancenem2019 Av. Desembargador Moreira, 2807 Dionísio Torres, Fortaleza-Ce (85) 3277.2500 Av. Barbosa de Freitas, 2674, Anexo II Dionísio Torres, Fortaleza-Ce (85) 3277.2590 Expediente Apresentação O acesso ao ensino superior tem sido um grande desafio para os jovens que concluíram o ensino médio, principalmente para os egressos da escola pública. Ciente desta dificuldade e preocupados com a formação de milhares de jovens, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, dá continuidade e amplia o Alcance. Enem que, desde o seu início em 2012, tem buscado oportunizar aos estudantes cearenses o acesso ao ensino superior. Dessa forma, estamos disponibilizando as apostilas produzidas pelos pro- fessores do Alcance.Enem, em formato físico e virtual para que os alunos de For- taleza e dos municípios cearenses possam acompanhar as aulas que são minis- tradas de forma presencial no Auditório do Anexo II da Assembleia Legislativa e transmitidas, em tempo real, pela internet e TV Assembleia. Acreditamos que esse material didático servirá para facilitar o ingresso nas instituições de ensino superior aos nossos alunos, permitindo que isso seja rever- tido em sucesso profissional e ascensão social para todos que participam de tão valorosa ação social da Assembleia Legislativa. Deputado Evandro Leitão Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará Deputado Elmano Freitas Dirigente Programa Alcance.Enem Grandes desafi os são realizados com grandes apoiadores. Acreditar na con- scientização de um projeto que ajuda a milhares de jovens a conquistar seus sonhos é mérito dos nossos parceiros. Parceiros Linguagens e Códigos Matemática Ciências Humanas Ciências da Natureza EQUIPE PEDAGÓGICA: Sumário Linguagens e Códigos: Steller de Paula | Vicente Jr | Walmir neto MateMátiCa: angêlo Victor | Fábio Frota | robério bacelar CiênCias HuManas: andré roSa | artur bruno | eciliano CiênCias da natureza: andré braSilino | laércio caValcante | douglaS redação: Karoline matoS | Samuel de FreitaS Coesão e Coerência................................................................................................................................................... As Funções da Arte.................................................................................................................................................... Redação......................................................................................................................................................................... Geometria Plana........................................................................................................................................................ Grandezas e Medidas............................................................................................................................................... Razão e Proporção..................................................................................................................................................... História.......................................................................................................................................................................... Geografia.................................................................................................................................................................... Sociologia..................................................................................................................................................................... Física .............................................................................................................................................................................. Química ........................................................................................................................................................................ Biologia ......................................................................................................................................................................... 09 a 13 14 a 19 20 a 21 23 a 30 31 a 39 40 a 42 44 a 53 54 a 64 65 a 69 71 a 76 77 a 82 83 a 91 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS MÓDULO II 11 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br COESÃO E COERÊNCIA H15 – relação entre texto e momento de produção (contexto histórico, social e político) H18 – elementos que concorrem para a progressão te- mática, organização e estruturação de textos de dife- rentes gêneros e tipos. H20 – patrimônio linguístico e preservação da memó- ria e da identidade nacional H22 – relação de opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos em diferentes textos. H23 – objetivos do autor e público alvo H24 – estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público (intimidação, sedução, co- moção, chantagem) TEORIA DE BASE - CONCEITO DE TEXTO: A palavra texto, do latim “tex- tum”, abriga a ideia de tecer, entrelaçar, pensar e opinar. Para a compreensão da mensagem, é importante que se cumpram os princípios da COESÃO e da COERÊNCIA. HABILIDADE LEITORA - Veja como é interessante: Noã imortpa a oderm das ltreas drtneo de uma pvarala, bsata que a pmrireia e a úmtila etjasem no lguar crteo praa que vcoê enednta tduo. Mais interessante ainda é perceber que mesmo quando são misturados letras e números, também é F4C1L L3R QU4LQU3R M3N5AG3M S3M MU170 35F0RÇ0. 35T3 T3XT0 M05TR4 C0M0 N0554 C4B3Ç4 C0N53GU3 F4ZER C01545 1MPR35510N4NT35, D3C1FR4ND0 CÓD1G05 4UT0M4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4RM05 P3N54R MU1T0. HABILIDADE INTERPRETATIVA - NA VIDA _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ COESÃO (conexão harmoniosa entre os componen- tes textuais): envolve os mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre pala- vras, frases e parágrafos que compõem um texto. Repetições podem ser evitadas, usando-se sinônimos, pronomes ou ocultando termos desnecessários: COERÊNCIA: encadeamento de ideias sem contradi- ção. Observe a frase a seguir: A aluna teve febre porque não estava doente. Há elementos coesivos no texto acima, como a conjun- ção, a sequência lógica dos verbos, enfi m, do ponto de vista da COESÃO, a frase não tem problema. Contudo, ao ler a mensagem, percebe-se facilmente que há uma incoerência, pois se a garota teve febre, é porque não estava saudável. Não estar doente não é o motivo de a aluna ter febre. O texto está incoerente. DICAS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: 1. Faça uma leitura geral de cada trecho para alcan- çar uma visão geral do assunto. 2. Prossiga a leitura independentemente de que haja alguma palavra desconhecida. 3. Antes de começar um novo período, refl ita se você captou a ideia principal do período anterior e estabeleça relações entre eles. 4. Localize no texto cada declaração proposta; para isso são apresentadas, nas questões, entre pa- rênteses, as referências com número de linhas. 5. Leia, procurando compreender o objetivo do autor, o destinatário da mensagem e os proce- dimentos argumentativos usados na defesa dasideias. 6. Organize, no pensamento, as opiniões expostas pelo autor, defi nindo o tema, a mensagem e a quem o texto se destina. 5. Diante de duas ou mais alternativas que lhe pare- çam corretas, opte pela a que melhor se enqua- dre no sentido do texto e no enunciado propos- to. 6. Mesmo que a questão de interpretação seja vol- tada para um trecho específi co (às vezes uma ou 12 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br COESÃO E COERÊNCIA duas linhas), leia todo o parágrafo em que ele se situa. 7. Algumas questões pressupõem um conheci- mento prévio de mundo, por isso leia bastante diversos textos, assista a noticiários, amplie seus conhecimentos. 8. Ao relacionar textos, perceba semelhanças e dife- renças entre gêneros textuais a que pertencem, temas abordados, níveis de linguagem, estra- tégias argumentativas, estruturas linguísticas e contextos. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM - QUESTÃO 01 - A coerência é uma característica textual que depende da interação do texto, do seu produtor e daquele que procura compreendê-lo. Muito depende do receptor, de seu conhecimento de mundo, da situação de produção do texto e do grau de domínio dos elementos linguísti- cos nele constantes. A propósito dessa imagem fotogra- fada de um outdoor, um cartaz afixado na frente de uma loja é composto pela mensagem “ABERTO TODOS OS DIAS, MAS FECHAMOS SEMANALMENTE NA SEGUNDA- -FEIRA”. Essa mensagem está incoerente por: a) quebra da lógica. b) recorrência de tautologia. c) irrelevância de assuntos. d) inadequação da conjunção. e) acréscimo de informação irrelevante. QUESTÃO 02 - JORNAL DO BAIRRO - “Há dois dias atrás, repetiu-se de novo o protesto para que as duas me- tades iguais da rua Fim de Mundo fossem recuperadas. A razão é porque os buracos do calçamento dificultam o trân- sito. Detalhes minuciosos da solicitação foram documenta- dos e anexados junto ao presente e-mail. O político do bairro foi o elo de ligação entre o povo e o órgão responsável.” Para que um texto seja coerente é necessário que haja harmonia de sentido e relação entre as partes que o compõem. A notícia destacada do Jornal do Bairro peca contra a coerência por: a) falta de lógica. b) recorrência de tautologia. c) irrelevância de assuntos. d) descontinuidade temática. e) ausência de paralelismo. QUESTÃO 03 - A mensagem verbal contida na imagem exemplifica a falta de coerência textual por: a) quebra da estrutura sintática nas orações. b) presença indevida de tautologia. c) irrelevância entre os assuntos coordenados. d) inadequação do emprego da conjunção aditiva. e) ausência de vírgula entre as orações. QUESTÃO 04 - Açúcar O branco açúcar que adoçará meu café Nesta manhã de Ipanema Não foi produzido por mim Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. [...] Em lugares distantes, Onde não há hospital, Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome Aos 27 anos Plantaram e colheram a cana Que viraria açúcar. Em usinas escuras, homens de vida amarga E dura Produziram este açúcar Branco e puro Com que adoço meu café esta manhã Em Ipanema. GULLAR, F. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1980 (fragmento). A Literatura Brasileira desempenha papel importante ao suscitar reflexões inerentes ao momento de produ- ção do texto, situando aspectos do contexto histórico, social e político. No fragmento, há uma reflexão sobre desigualdades sociais quando o eu lírico: a) descreve as propriedades do açúcar. b) se revela mero consumidor de açúcar. c) destaca o modo de produção do açúcar. d) exalta o trabalho dos cortadores de cana. e) explicita a exploração dos trabalhadores. QUESTÃO 05 - Onde está a honestidade? Você tem palacete reluzente Tem joias e criados à vontade Sem ter nenhuma herança ou parente Só anda de automóvel na cidade... E o povo pergunta com maldade: Onde está a honestidade? Onde está a honestidade? 13 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br COESÃO E COERÊNCIA O seu dinheiro nasce de repente E embora não se saiba se é verdade Você acha nas ruas diariamente Anéis, dinheiro e felicidade... Vassoura dos salões da sociedade Que varre o que encontrar em sua frente Promove festivais de caridade Em nome de qualquer defunto ausente... ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010 Noel Rosa contribuiu com um acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se tivessem sido escritas no século XXI. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010. Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é atualizável, na medida em que ele se refere a valores e situações de um povo. A atualidade da canção “Onde está a honestidade?”, de Noel Rosa, evidencia-se: a) no enriquecimento de origem duvidosa de alguns. b) no acúmulo de joias pelos ricos. c) na ganância do povo em acumular riquezas. d) na incoerência dos que clamam pela honestidade. e) na promoção de eventos beneficentes. QUESTÃO 06 - Quino,Mafalda.http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=15269 - Acessadoem 10/04/2015 Nos quadrinhos, existem dois códigos que interagem em um sistema narrativo: o visual e o verbal. Para que a mensagem seja entendida por completo, cada um desses códigos tem função especial que precisa ser ob- servada em conjunto. Desse modo, para a progressão temática nesse texto de Quino, é necessário o conheci- mento de um recurso muito comum desse gênero, que se faz representar por: a) cacofonia. b) neologismo. c) onomatopeia. d) polissemia. e) redundância. QUESTÃO 7 - O Bicho (Manuel Bandeira) - Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Disponível em: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/bicho.htm, acesso em 10/05/2019 A progressão temática em um poema envolve os ele- mentos que foram utilizados para se chegar à organi- zação geral das ideias. Em “O Bicho”, de Manuel Ban- deira, o elemento fundamental para criar o efeito de suspense na transmissão da mensagem é: a) A locução adverbial de lugar “na imundície do pátio”. b) O pronome indefinido “alguma” em “alguma coisa”. c) A sequência ver, achar, examinar, engolir e ser no pretérito imperfeito. d) O adverbio de negação recorrente e a posterior ausência dele. e) A presença do vocativo deslocado, no meio do último verso. QUESTÃO 08 - Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contá- gios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano in- fluenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agar- rar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado. RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011. Para se entender o trecho como uma unidade de sen- tido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é: a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.” b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”. c) “O primeiro era um termo derivado do latim me- dieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.” d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...]”. e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.” 14 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br COESÃO E COERÊNCIAQUESTÃO 09 - Páris, filho de Tróia, raptou Helena, mu- lher de um rei grego. Isso provocou um sangrento con- flito de dez anos, entre os séculos XIII e XII a. C. Foi o primeiro choque entre o ocidente e o oriente. Mas os gregos conseguiram enganar os troianos. Deixaram à porta de seus muros fortificados um imenso cavalo de madeira. Os troianos, felizes com o presente, puseram- -no para dentro. À noite, os soldados gregos, que esta- vam escondidos no cavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza para a invasão. Daí surgiu a expressão “presente de grego”. (DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das letras, 1995.) O pronome oblíquo átono “no” retoma o termo: a) “gregos” b) “choque” c) “rei grego” d) “muros fortificados” e) “cavalo de madeira” QUESTÃO 10 - Ruas da cidade Guaicurus, Caetés, Goitacazes Tupinambás, Aimorés Todos no chão Guajajaras, Tamoios, Tapuias Todos Timbiras, Tupis Todos no chão A parede das ruas não devolveu Os abismos que se rolou Horizonte perdido no meio da selva Cresceu o arraial, arraial Passa bonde, passa boiada Passa trator, avião Ruas e reis [...] A cidade plantou no coração Tantos nomes de quem morreu Horizonte perdido no meio da selva Cresceu o arraial, arraial [...] BORGES, L.; BORGES, M. In: NASCIMENTO, M. Clube da esquina 2. Rio de Janeiro: EMI, 1978 (fragmento) O projeto urbanístico que o engenheiro paraense Aa- rão Reis elaborou para Belo Horizonte causou curiosi- dade e entusiasmo. Os nomes dados às ruas de Belo Horizonte eram de estados brasileiros, tribos indíge- nas, rios... Entretanto, foi grande o contraste entre a nova capital e as antigas vilas coloniais mineiras, nas- cidas das necessidades das populações do século XVIII. Nesse fragmento da poesia “Ruas da cidade”, abordan- do a preservação da memória e da identidade nacio- nal, quais versos contestam o projeto de Aarão? a) “Guaicurus, Caetés, Goitacazes” / “Tupinambás, Aimorés”. b) “A parede das ruas não devolveu” / “Os abismos que se rolou”. c) “Passa bonde, passa boiada” / “Passa trator, avião” / “Ruas e reis” d) “A cidade plantou no coração” / “Tantos nomes de quem morreu”. e) “Horizonte perdido no meio da selva” / “Cresceu o arraial, arraial” QUESTÃO 11 - TEXTO I - TEXTO II - http://chebolas.blogspot.com.br/2013/09/charge-foto-e-frase-do-dia_25.html, acessado em 13/09/2017 A ideia resultante da interseção das imagens que com- põem a máxima de René Descartes (Texto I) e as da paráfrase do ditado português (Texto II) compõem a mensagem de que: a) o silêncio fala mais alto que qualquer discurso. b) o olhar traduz nossa percepção dos fatos do cotidiano. c) A boca deve reclamar das injustiças que a mente percebe. d) o discurso humano deve prescindir de reflexão. e) os olhos devem ser mais usados do que a boca e o ouvido. QUESTÃO 12 - MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É ME- LHOR DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006. Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo configurações es- pecíficas, formais e de conteúdo. Considerando o con- texto em que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é: a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo. 15 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br COESÃO E COERÊNCIA b) definir regras de comportamento social pauta- das no combate ao consumismo exagerado. c) defender a importância do conhecimento de infor- mática pela população de baixo poder aquisitivo. d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes sociais economicamente desfavorecidas. e) questionar o fato de o homem ser mais inteligen- te que a máquina, mesmo a mais moderna. QUESTÃO 13 - http://www.google.com.br - Acesso em 18/4/2021. Diante do quadro de pandemia que o mundo enfren- ta, essa imagem faz uso de um recurso argumentativo, o qual concorre para o fortalecimento da mensagem que pretende veicular, alicerçado em: a) exemplificação, já que cita uma dentre outras ações necessárias. b) estatística, porque pretende salvar o maior nú- mero possível de vidas. c) causa/efeito, por associar a vacina à imunização da sociedade. d) contradição, por a vacina matar o vírus o qual mata as pessoas . e) fato histórico, pois os índices de contaminação nunca foram tão elevados. GABARITO - EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 A B C E A D D E E B 11 12 13 C A C 16 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br AS FUNÇÕES DA ARTE O QUE É ARTE E AS FUNÇÕES DA ARTE Introdução: Há bem pouco tempo, não havia aula de Artes na escola, não se falava de pintura, de escultura, de arquitetura, de movimentos musicais. O conteúdo artístico era restrito à Literatura, e as aulas eram, em sua maioria, concentradas na teoria, ou seja, em expor ou copiar um conteúdo para que o aluno decorasse as características da escola literária e do autor. “Decorar” porque a maioria das questões dos vestibu- lares da época cobrava apenas a teoria, muitas vezes em questões sem texto, ou que traziam o texto apenas como pretexto, pois não exigiam que o aluno fizesse al- gum esforço de interpretação para responder à questão. Isso empobrecia a aula de Literatura. O aluno decora- va as características, pois elas eram vistas como o “fim”: a finalidade da aula era sair com as características na ponta da língua para resolver as questões. Passou a prova, passou o vestibular, o aluno esquecia as carac- terísticas e, muitas vezes, a Literatura, que era apenas “mais uma matéria chata e inútil”. Felizmente as coisas mudaram. Os professores, muitos deles, e os vestibulares entenderam que a Arte é uma ferramenta para que o indivíduo pense, reflita, ques- tione, critique. A Arte tem o poder de fazer o sujeito refletir sobre a na- tureza humana, sua própria natureza; sobre a sociedade e como ela se constrói; sobre as ideologias que predomi- nam e sobre aquelas que estão à margem; sobre o nos- so passado e sobre como queremos construir o futuro; enfim, a Arte nos permite refletir sobre nosso contexto histórico, político, social, cultural e econômico. Observem como o ENEM cobra Arte em sua prova: Competência de área 4 - Compreender a arte como sa- ber cultural e estético gerador de significação e integra- dor da organização do mundo e da própria identidade. H12 - Reconhecer diferentes funções da arte, do traba- lho da produção dos artistas em seus meios culturais. H13 - Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos. H14 - Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos. Competência de área 5 - Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando tex- tos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. H15 - Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do con- texto histórico, social e político. H16 - Relacionar informações sobre concepções artís- ticas e procedimentos de construção do texto literário. H17 - Reconhecer a presença de valores sociais e hu- manos atualizáveis e permanentes no patrimônio lite- rário nacional. Diante disso, não adianta o professor ficar apenas co- piando características no quadro para o aluno decorar. As características da escola e do autor são ferramentas para que o aluno interprete melhor o TEXTO (que pode ser um poema, um conto, uma crônica, uma pintura, uma escultura, um monumento, uma composição mu- sical, um texto teatral etc). E o texto é uma ferramen- ta para que o aluno problematize TUDO – o contexto histórico, a sociedade, a natureza humana, a função do artista e até a própria arte. O texto deve fazer o aluno pensar, mobilizarseus co- nhecimentos, sua bagagem cultural, seus preconcei- tos, sua experiência de vida para, após esse proces- so, após esse encontro com a Arte, sair mudado, sair melhor, sair mais consciente. A Arte é uma ferramenta para o esclarecimento do sujeito. Através do contato com a Arte eu me penso, me penso como ser huma- no, como ser social, como cidadão, como filho, como irmão, como amigo, como amante... A arte nos humaniza. Através dela deixamos um lega- do para as próximas gerações, entramos em contato com os valores e com a forma de encarar o mundo das gerações que nos precederam; através dela fugimos da nossa rotina, escapamos dos nossos problemas, mani- festamos nossas inquietações, nossa subjetividade; através dela nos conhecemos melhor, entendemos me- lhor nossos sentimentos, conhecemos melhor aqueles com quem convivemos – a arte nos reflete, reflete o ser humano; através dela desenvolvemos empatia, apren- demos a nos colocar no lugar do outro, a sofrer com a dor do outro, a vibrar com a vitória do outro; através dela aprendemos, ampliamos nossos conhecimentos, assimilamos os valores que nossa sociedade elegeu como positivos. Não dá, portanto, para mensurar a im- portância da arte. 17 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br AS FUNÇÕES DA ARTE A partir dessa aula, nós, professores e alunos, vamos passear pela História da Arte, da arte produzida pe- los nossos antepassados pré-históricos até a arte fei- ta hoje, pelos nossos contemporâneos. Sim, vamos aprender características, de cada Escola e dos princi- pais artistas, vamos fazer muitas questões de diversos vestibulares e, principalmente do Enem; mas, antes de tudo, vamos encarar a Arte como uma ferramenta a ser usada por nós em nosso processo de crescimento, va- mos permitir que a Arte nos instigue, nos faça pensar sobre o nosso papel como seres humanos e sociais, in- seridos em um determinado contexto histórico, vamos permitir que Arte nos humanize! O que é arte, afinal? As muitas respostas possíveis para a pergunta sobre o que define arte variam imen- samente ao longo da história. Durante muito tempo, a arte foi entendida como a re- presentação do belo. Mas o que é o belo? O que essa palavra significa para nós, ocidentais, hoje, e o que significou para os povos do Oriente ou para os euro- peus que viveram na Idade Média?Antiguidade, por exemplo, o belo estava condicionado ao conceito de harmonia e proporção entre as formas. Por esse moti- vo, o ideal de beleza entre os gregos ganha forma na representação dos seres humanos, vistos como mode- lo de perfeição. No século XIX, o Romantismo adotará os sentimentos e a imaginação como princípio da criação artística. O belo desvincula-se da harmonia das formas. Do século XX em diante, diferentes formas de conce- ber o significado e o modo do fazer artístico impuse- ram novas reflexões ao campo da arte. Desde então, ela deixa de ser apenas a representação do belo e pas- sa a expressar também o movimento, a luz, ou a inter- pretação geométrica das formas existentes, ou até a recriá-las. Em alguns casos, chega a enfrentar o desafio de representar o inconsciente humano. Por tudo isso, a arte pode ser entendida como a permanente recriação de uma linguagem. Afirma-se também, entre tantas outras possibilidades, como meio de provocar a reflexão no observador so- bre o lugar da própria arte na sociedade de consumo ou sobre a relação entre o próprio observador e o ob- jeto observado. Ou seja, a arte pode ser uma provoca- ção, um espaço de reflexão e de interrogação. Toda criação pressupõe um criador que filtra e recria a realidade e nos permite sua interpretação. A arte, desse ponto de vista, é também o reflexo do artista, de seus ideais, de seu modo de ver e de compreender o mundo. Ou seja, como todo artista está sempre inse- rido em um tempo, em uma cultura, com sua história e suas tradições, a obra que produz será sempre, em certa medida, a expressão de sua época, de sua cultura. Seria possível acrescentar outras observações, sobre os diversos significados que pode assumir a arte, a cada obra analisada. No entanto, a reflexão feita até aqui é suficiente para dar a medida dos muitos horizontes que a arte nos abre e das realizações que ela possibilita como forma de representação. (Maria Luiza M. Abaurre; Marcela Pontara. Literatura Brasileira – tempos leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005, pp., 5-6). Teóricos e críticos contemporâneos, diante das mu- danças ocorridas ao longo do século XX, ampliaram ainda mais a lista, incluindo a fotografia, as histórias em quadrinho, os jogos de computador e vídeo, a arte digital, de modo que a lista atual inclui: - Música - Dança/Coreografia - Pintura - Escultura - Teatro - Literatura - Cinema - Fotografia - Histórias em Quadrinhos - Jogos de Computador e de Vídeo - Arte digital Essa lista, porém, não esgota a questão sobre o que é arte ou o que pode ser considerado uma obra de arte. Como veremos, há manifestações artísticas que não se encaixam completamente em uma dessas categorias, que trazem elementos de mais de uma das categorias, ou mesmo que não se encaixam em nenhuma delas. As possibilidades, hoje, são inumeráveis, e qualquer classificação não passa de uma tentativa de facilitar a nossa compreensão do fenômeno Arte. PROPOSTA DE REDAÇÃO – Fuvest 2018 - Em 2018, diante de algumas polêmicas motivadas por manifes- tações artísticas no Brasil, a Fuvest trouxe o seguinte tema na sua prova de Redação: Devem existir limites para a arte? Veja a proposta: Leia os textos para fazer sua redação. As obras de arte assumem a função da representação da cultura de um povo desde os tempos mais remo- tos da história das civilizações. É através delas que o ser humano transmite uma ideia ou expressão sensí- 18 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br AS FUNÇÕES DA ARTE vel. Contudo algumas obras de arte fogem do conceito de retratação do belo e do sensível, parecendo terem sido feitas para chocar e causar polêmicas. A principal obra do escultor inglês contemporâneo Marc Quinn é uma réplica de sua cabeça feita com cerca de 4,5 litros de seu próprio sangue – extraído ao longo de cinco meses. Uma peça nova é feita a cada cinco anos, e elas ficam armazenadas em um recipiente de refrigeração especialmente desenvolvido para elas. http://gente.ig.com.br/cultura. Adaptado. Graças aos seus três urubus, a obra “Bandeira Branca” é o acontecimento mais movimentado da 29ª Bienal [2010]. No dia da abertura, manifestantes de ONGs de proteção aos animais se posicionaram diante da insta- lação segurando cartazes com dizeres que pediam a libertação das aves. Chegaram a ser confundidos com a própria obra. “Me entristece o fato de que apenas os animais estejam sendo ressaltados. Espalharam infor- mações erradas sobre como os urubus estão sendo tra- tados”, lamenta Nuno Ramos. Na obra, os urubus estão cercados por uma rede de proteção e têm como po- leiro várias caixas de som que, de tempos em tempos, tocam uma tradicional marchinha de carnaval. As aves tinham a permanência na Bienal autorizada pelo pró- prio Ibama, que, depois, voltou atrás, alegando que as instalações estavam inapropriadas para a manutenção dos animais. Denúncias e proibições à parte, a obra de Nuno Ramos ganha sentido e fundamentação apenas na presença dos animais. Sem eles, a obra perde seu estatuto artístico e vira mero cenário, já que os animais são seus principais atores. IstoÉ. 08/10/2010. Adaptado. A exposição “Queermuseu - Cartografias da Diferen- ça na Arte Brasileira”, realizada desde 15 de agosto no Santander Cultural, em Porto Alegre, foi cancelada após protestos em redes sociais. A mostra ficaria em cartaz até 8 de outubro, mas o espaço cultural cedeu às pressões de internautas. A seleção contava com 270 obras que tratavam de questões de gênero e diferença. Os trabalhos, em diferentes formatos, abordam a te- mática sexual de formas distintas, por vezes abstratas, noutras, mais explícitas. Sãoassinados por 85 artistas, como Adriana Varejão, Candido Portinari, Ligia Clark, Yuri Firmesa e Leonilson. Folha de S.Paulo. 10/09/2017. Adaptado. Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição “Queermuseu – Cartografias da diferença na Arte Brasileira”. Ouvimos as manifesta- ções e entendemos que algumas das obras da exposi- ção “Queermuseu” desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perdeu seu propósito maior, que é elevar a condição humana. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a pro- moção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos. https://www.facebook.com/SantanderCUltural/posts. Adaptado. A arte é um exercício contínuo de transgressão, prin- cipalmente a partir das vanguardas do começo do século 20. Isso dá a ela uma importância social muito grande porque, ao transgredir, ela aponta para novos caminhos e para soluções que ainda não tínhamos imaginado para problemas que muitas vezes sequer conhecíamos. A seleção dos trabalhos dos artistas para a próxima edição do festival [Videobrasil], por exem- plo, me fez ver que os artistas estão muito antenados com as diversas crises que estamos vivendo e ofere- cem uma visão inovadora para o nosso cotidiano e acho que isso é um bom exemplo. Solange Farkas. https://www.nexojornal.com.br. Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dis- sertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vis- ta sobre o tema: Devem existir limites para a arte? Instruções: • A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa. • Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação. • Dê um título a sua redação. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM QUESTÃO 01 - Texto I GRIMBERG, N. Estrutura Vertical Dupla. Disponível em: www.normagrimberg.com.br. Acesso em: 13 dez. 2017 Texto II 19 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br AS FUNÇÕES DA ARTE Urna cerimonial marajoara. Cerâmica. 1400 a.C. 81 cm. Museu Nacional do Rio de Janeiro. Disponível em: www.museunacional.ufrj.br. Acesso em: 11 dez. 2017 As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria prima. A obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária marajoara ao: a) evidenciar a simetria na disposição das peças. b) materializar a técnica sem função utilitária. c) abandonar a regularidade na composição. d) anular possibilidades de leituras afetivas. e) integrar o suporte em sua constituição. QUESTÃO 02 (Enem) - Erico Verissimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influ- ência significativa em sua carreira de escritor. “Lembro- -me de que certa noite (eu teria uns quatorze anos, quan- do muito) encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam ‘carneado’ [...] Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde esta- va, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguen- tar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? [...] Desde que, adulto, co- mecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa épo- ca de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos la- drões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâm- pada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.” VERISSIMO, Erico. Solo de clarineta. Porto Alegre: Editora Globo, 1978. tomo I. Nesse texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilu- mina a escuridão, Erico Verissimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura: a) criar a fantasia. b) permitir o sonho. c) denunciar o real. d) criar o belo. e) fugir da náusea. QUESTÃO 03 (Enem Digital 2020) - Texto - Ao lado da indústria da moda, a do rock é o melhor exemplo da vendabilidade elástica do passado cultural, com suas reciclagens regulares de sua própria história na forma de retomadas e releituras, retornos e versões cover. Nos últimos anos, o desenvolvimento de novas tecnologias acelerou e, de certa maneira, democratizou esse pro- cesso a ponto de permitir que as evidências culturais do rock sejam fisicamente desmanteladas e remonta- das como pastiche e colagem, com mais rapidez e falta de controle do que em qualquer época. CONNOR, S. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1989. O rock personifica o paradoxo da cultura de massas (pós-moderna), visto que seu alcance e influência glo- bais, combinados com a sua tolerância, criam uma: a) subversão ao sistema cultural vigente. b) identificação de pluralidade de estilos e mídias. c) homogeneização dos ritmos nas novas criações. d) desvinculação identitária nos hábitos de escuta. e) formação de confluência de métodos e pensamento. QUESTÃO 04 (Uerj 2012) - O quadro produz um estranhamento em relação ao que se poderia esperar de um pintor que observa um modelo para sua obra. Esse estranhamento contribui para a reflexão principalmente sobre o seguinte aspec- to da criação artística: a) perfeição da obra b) precisão da forma c) representação do real d) importância da técnica e) despreocupação com a técnica QUESTÃO 05 (Enem 2012) - Texto - Só é meu O país que trago dentro da alma. Entro nele sem passaporte Como em minha casa. (...) As ruas me pertencem. Mas não há casas nas ruas. 20 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br AS FUNÇÕES DA ARTE As casas foram destruídas desde a minha infância. Os seus habitantes vagueiam no espaço À procura de um lar. (...) Só é meu o mundo que trago dentro da alma. BANDEIRA, M. Um poema de Chagal. In: Estrela da vida inteira. Chagal, Eu e a aldeia A arte, em suas diversas manifestações, desperta sen- timentos que atravessam fronteiras culturais. Relacio- nando a temática do texto com a imagem, percebe-se a ligação entre a: a) alegria e a satisfação na produção das obras modernistas. b) memória e a lembrança passadas no íntimo do enunciador. c) saudade e o refúgio encontrados pelo homem na natureza. d) lembrança e o rancor relacionados ao seu ofício original. e) exaustão e o medo impostos ao corpo de todo artista. QUESTÃO 06 (Uema 2010) - Ernst Fischer (A necessi- dade da arte. Rio: Zahar, 1983.), considera a arte como o elemento essencial para a compreensão da realidade, na medida em que ajuda o homem, não apenas nessa compreensão, mas também porque possibilita o su- porte necessário para o aumento da “determinação de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a hu- manidade.” A partir dessa afirmação, entende-se que: a) a obra de arte, além de favorecer a interpretação do mundo, reivindica transformações. b) não importa o nível de letargia da arte, o que interessa é que funcione como bálsamo para espíritos exaustos. c) se arte acompanha as transformações do mundo, e se vivemos em uma época explicitamente mer- cadológica, então a obra de arte deve adequar- -se às exigências de mercado. d) a força transformadora da arte, assim como numa perspectiva místico-espiritualista, prescinde de conotações socio-políticas e históricas. e) os seres humanos que não buscam uma forma de expressão através da arte têm mais capacidade de compreender a si mesmo e a realidade. QUESTÃO 07 (Enem 2013) - Fonte: http://capu.pl/node/271?page=3 O artista gráficopolonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustra- ções. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Ku- czynskiego usa sua arte para: a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. c) provocar a reflexão sobre essa realidade. d) propor alternativas para solucionar esse problema. e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo. QUESTÃO 08 (Enem 2010) - Onde ficam os “artistas”? Onde ficam os “artesãos”? Submergidos no interior da sociedade, sem reconhecimento formal, esses grupos passam a ser vistos de diferentes perspectivas pelos seus intérpretes, a maioria das vezes, engajados em discussões que se polarizam entre artesanato, cultura erudita e cultura popular. PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985 (adaptado). O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre o que é arte. Artesanato é arte ou não? De acor- do com uma tendência inclusiva sobre a relação entre arte e educação: a) o artesanato é algo do passado e tem sua sobre- vivência fadada à extinção por se tratar de traba- lho estático produzido por poucos. b) os artistas populares não têm capacidade de pensar e conceber a arte intelectual, visto que muitos deles sequer dominam a leitura. c) o artista popular e o artesão, portadores de saber cultural, têm a capacidade de exprimir, em seus trabalhos, determinada formação cultural. d) os artistas populares produzem suas obras pau- tados em normas técnicas e educacionais rígi- das, aprendidas em escolas preparatórias. e) o artesanato tem seu sentido limitado à região em que está inserido como uma produção parti- cular, sem expansão de seu caráter cultural. 21 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br AS FUNÇÕES DA ARTE QUESTÃO 09 (Fuvest 2018) - TEXTO - Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objetivos e esforços, dotamo-la de um significado que tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de pensar. 1Numa pa- lavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna- -se, deste modo, arte moderna. As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. Não nos dirigimos a elas dire- tamente, mas contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria, que não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está perdido porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores. Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado. De acordo com o texto, a compreensão do significado de uma obra de arte pressupõe: a) o reconhecimento de seu significado intrínseco. b) a exclusividade do ponto de vista mais recente. c) a consideração de seu caráter imutável. d) o acúmulo de interpretações anteriores. e) a explicação definitiva de seu sentido. 10. (Unesp 2016) - Nenhum dos filmes que vi, e me divertiram tanto, me ajudou a compreender o labirin- to da psicologia humana como os romances de Dos- toievski – ou os mecanismos da vida social como os livros de Tolstói e de Balzac, ou os abismos e os pontos altos que podem coexistir no ser humano, como me ensinaram as sagas literárias de um Thomas Mann, um Faulkner, um Kafka, um Joyce ou um Proust. As ficções apresentadas nas telas são intensas por seu imediatis- mo e efêmeras por seus resultados. Prendem-nos e nos desencarceram quase de imediato, mas das ficções li- terárias nos tornamos prisioneiros pela vida toda. Ao menos é o que acontece comigo, porque, sem elas, para o bem ou para o mal, eu não seria como sou, não acreditaria no que acredito nem teria as dúvidas e as certezas que me fazem viver. (Mario Vargas Llosa. “Dinossauros em tempos difíceis”. www.valinor.com.br. O Estado de S. Paulo, 1996. Adaptado.) Segundo o autor, sobre cinema e literatura é correto afirmar que: a) a ficção literária é considerada qualitativamente superior devido a seu maior elitismo intelectual. b) suas diferenças estão relacionadas, sobretudo, às modalidades de público que visam atingir. c) as obras literárias desencadeiam processos inte- lectualmente e esteticamente formativos. d) a escrita literária apresenta maior afinidade com os padrões da sociedade do espetáculo. e) as duas formas de arte mobilizam processos men- tais imediatos e limitados ao entretenimento. GABARITO - EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 A B C E A D D E E B 22 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br REDAÇÃO Na aula de hoje abordaremos a COMPETÊNCIA 1. A caracterização dos erros e quais são os erros mais ana- lisados pelos corretores. C1 - Erros de Gramática: Domínio das normas da Gra- mática Tradicional. Os corretores buscam os erros quanto ao uso da língua vernácula. Os erros são di- vididos em leves, medianos, graves e muito graves. Analisados por ocorrência em: pontuais (acontecem várias vezes e demonstram o despreparo do candida- to) e eventuais (acontecem poucas vezes e não são tão significativos quanto ao conteúdo). A crase, por exem- plo, pode ser eventual quando o candidato erra ape- nas uma vez, mas em um daqueles casos especiais, e pontual quando erra mais de uma vez e nos casos mais esdrúxulos como: diante de masculino ou de um verbo no infinitivo. Os corretores procuram imediatamente erros de: Concordância, Regência, Crase, Colocação de pronomes, Grafia de palavras, Acentuação, Pontuação e Adequação vocabular. Esta competência é exclusiva para avaliar o conheci- mento do estudante perante a Gramática Tradicional, ou seja, os erros quanto à escrita correta das palavras que incluem acentuação, grafia e o uso de letras maiús- culas e minúsculas. Há tópicos importantes como a co- locação dos pronomes, o uso da crase, concordância, regência e uso de vocábulos inadequados. O candidato, durante a sua rotina de estudos, deve atentar-se aos erros pontuais, aqueles os quais o alu- no erra várias vezes, e aos erros eventuais, com pouca recorrência e insignificantes para a banca. Por isso, trei- nar a escrita é importante para corrigir algum hábito equivocado de escrita. Muitos alunos ficam na dúvida quanto ao pronome usado para conduzir a dissertação. O que a grande maioria sabe é que o texto não pode ser escrito na pri- meira pessoa do singular (Eu), mas na primeira pessoa do plural (Nós) ou na 3ª pessoa. Além disso, o estudan- te também poderá escrever de modo impessoal com verbo intransitivo ou transitivo indireto ou de ligação + pronome “se”. Sob hipótese nenhuma, o texto poderá se escrito alterando entre o discurso inclusivo e a im- pessoalidade. Devido ao grande número de redações, os corretores são bem exatos quanto à busca dos seguintes erros: A escrita correta das palavras que inclui a acentuação, ou seja, se a sílaba foi grafada corretamente, a grafia, por exemplo, se não trocou g por j, e se durante o tex- to, os substantivos próprios foram escritos com a inicial maiúscula, ou se o candidato intercala entre letra mai- úscula e minúscula no texto; A aplicação correta dos pronomes corresponde aos ca- sos de próclise, ênclise e mesóclise; A crase, que pode ser caracterizada como um erro even- tual, se o candidato errar somente uma vez e este equi- voco for dentro da especialidade da crase, não sendo o caso de erro mediante o uso de masculino ou de um verbo no infinitivo o que permite ser um erro pontual; A concordância verbal muitas vezes não é estabelecida com o núcleo do sujeito, ou quando os verbos não per- mitem o plural e é escrito no plural. Já a concordância nominal é correta quando à relação entre um prono- me, um numeral ou um substantivo e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numeraisadjetivos e particípios); As regências verbal e nominal são outros fatores de alerta, pois a verbal requer que a relação entre o verbo e os termos que os complementam e nominal quando os substantivos, adjetivos ou advérbios exigem outras palavras para completar o sentido; A oralidade é condenada, ou seja, o uso indevido de gírias, expressões usadas por falante de uma profissão, classe ou de lugares específicos. ALGUNS ERROS PROCURADOS PELOS CORRETORES 1 – Crase Ex. Quando o ser humano passa à ignorar o próximo tudo está errado. Comentário: A pessoa que coloca o sinal de crase dian- te de um verbo no infinitivo normalmente não aprendeu este tópico de gramática. (... passa a ignorar o próximo) 2 – Concordância Ex. O pessoal concordaram com minhas ideias. Comentário: Palavras de natureza coletiva ( povo, gente galera, pessoal etc) mantém o verbo no singular. É comum esse tipo de erro para quem não conhece ca- sos especiais de concordância. (O pessoal concordou) 3 – Colocação pronominal Ex. Toda vez que o Governo se omite, se faz necessária a revolta do povo. Comentário: Utilizar pronome oblíquo para abrir ora- ção é bastante frequente na escrita de pessoas que não conhecem as regras de colocação pronominal, por exemplo, de Ênclise (faz-se). 4 – Pontuação 23 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br REDAÇÃO Ex. Os Estados Unidos da América, são detentores de várias patentes sobre produtos brasileiros. Comentário: Algumas pessoas costumam separar o sujeito do verbo utilizando vírgula. Isso ocorre com quem desconhece a estrutura do sintagma (Sujeito + Verbo + Complemento + Acessórios). Algumas bancas consideram este caso como um erro de sintaxe, não apenas de pontuação. 5 – Flexão de nomes Ex. Somos todos cidadões participativos. Comentário: Flexionar indevidamente as palavras (verbos ou nomes) é resultado da assimilação ruim das regras de flexão de gênero, número e grau. 6 – Regência Ex. O atraso acarreta em punição exemplar O homem do campo tem medo do Governo ignorá-lo. Comentário: O verbo acarretar é TD. Então o certo é “acarretar algo” e não “em algo”. O substantivo medo , no exemplo seguinte, é abstrato e regido pela reposição “de”. Como o substantivo a diante é masculino (governo) há uma contração (de+o) que faz surgir um adjunto adno- minal causando a ideia de posse que não é pertinente. 7 – Escrita errada de palavra ou expressão. Ex. É preciso analizar corretamente a situasão. Analizar, Porisso, Derrepente, Concerteza... Comentário: Os erros de ortografia estão ligados principalmente a falhas no processo de aquisição da linguagem quanto a processos morfológicos. Tem-se como causa ainda a “falta de leitura” de alguns candi- datos que não arquivaram em sua memória a grafia correta de certos vocábulos. 24 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS MÓDULO II 25 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA TEOREMA DE TALES E SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS - Tales de Mileto viveu entre os anos de 640 a.c e 560 a.c. em uma região situada no litoral das colônias gre- gas, onde fundou a escola Jônica de fi losofi a. Além de fi lósofo, Tales era também astrônomo e geômetra. Um de seus maiores feitos foi prever um eclipse solar em 585 a.c. Em meio a tantos estudos e ideias revolucionárias para a época, os grandes feitos de Tales chegaram ao co- nhecimento dos egípcios. Para esta época não era pos- sível medir a altura das pirâmides do Egito com algum instrumento ou coisa parecida, por isso os egípcios pe- diram a Tales que desenvolvesse uma forma de medir a altura das pirâmides. E assim, nasceu o Teorema de Tales: “Se duas retas são transversais a um conjunto de três ou mais retas paralelas, então a razão entre os comprimentos de dois segmentos quaisquer determinados sobre uma delas é igual a razão entre os comprimentos dos segmen- tos correspondentes determinados sobre a outra.” Para esta fi gura, o Teorema de Tales nos diz o seguinte: A razão entre AB e BC é igual a razão entre DE e EF, ou seja, a razão entre os seguimentos é uma constante k, chamada também de constante de proporcionalidade. Exemplo 01 - Sendo a // b // c, calcule o valor de x. Cálculo de X Cálculo de y 4x = 20 4y =24 y x = 5 y = 6 Exemplo 02 - Nesta fi gura, os segmentos de retas AO, BP, CQ e DR são paralelos. A medida do segmento OP, PQ, QR em metros, é: 90. OP 4800 OP = 53,3 90. PQ 3600 PQ = 40 90. QR 2400 QR = 26,7 TRIÂNGULOS: Chamamos triângulos a fi gura obtida ao traçarmos os três segmentos que unem três pontos não colineares. Usamos como notação o símbolo: ∆ [letra grega delta, maiúscula], seguida das extremidades dos três segmentos (vértices): ∆ABC (Lemos: Triângulo ABC) 26 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA Ângulos internos de um triângulo - A soma dos ân- gulos internos de um triângulo é 180º. Classifi cação dos triângulos - • Quanto aos lados Equilátero: possuem os três la- dos e medidas congruentes. • Isósceles: possuem dois lados de medidas con- gruentes. • Escalenos: cada um dos lados possui medida dis- tinta dos demais. RELAÇÃO ENTRE LADOS E ÂNGULOS DE UM TRIÂNGULO Sejam a, b e c lados de um triângulo qualquer no qual a é o lado de maior medida, então nesse triângulo será válida uma das seguintes relações: SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS - Seja dois triângu- los ABC e A’B’C’, eles são semelhantes se, e somente se, as medidas dos ângulos sejam congruentes (medidas iguais) e as medidas dos lados respectivos sejam pro- porcionais. Usamos o símbolo ~ para indicar que dois triângulos são semelhantes. Para saber quais são os lados proporcionais, primeiro devemos identifi car os ângulos de mesma medida. Os lados homólogos (correspondentes) serão os lados opostos a esses ângulos Razão de Proporcionalidade - Como nos triângulos semelhantes os lados homólogos são proporcionais, o resultado da divisão desses lados será um valor cons- tante. Esse valor é chamado de razão de proporcionali- dade. Considere os triângulos ABC e EFG semelhantes, representados na fi gura abaixo: Os lados a e e, b e g, c e f são homólogos, sendo assim, temos as seguintes proporções: Onde k é a razão de proporcionalidade. TEOREMA FUNDAMENTAL DA SEMELHANÇA - Quando uma reta paralela a um lado de um triângu- lo intersecta os outros dois lados em pontos distintos, forma um triângulo que é semelhante ao primeiro. Na fi gura, representamos o triângulo ABC e a reta r pa- ralela ao lado BC. Observando, notamos que os ângulos são congruentes, assim como os ângulos , pois a reta r é paralela ao lado . Assim, os triângulos ABC e ADE são semelhantes. Exemplo 03 (G1 1996) - Na fi gura a seguir, os triângu- los são semelhantes. Então, o valor de x é: O ∆HIJ ~ ∆EFG logo, 60x = 48x + 120 60x – 48x = 120 12x = 120 x = 10 27 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA Exemplo 04 (Ufrgs 2001) - Na fi gura a seguir AB, CD e EF são paralelos, AB e CD medem, respectivamente, 10 cm e 5 cm. No ∆BAC EF.AC = 10 CE (Eq. I) No ∆ACD EF.AC = 5AE 5AE = 10 CE (Eq. II) AE = 2 CE AC = AE + CE AC = 2CE + CE AC=3CE Substituindo na Equação I fi ca: • EF. AC = 10. CE • EF. 3CE = 10. CE • EF = 10/3 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS - 3.1 - HOMOTETIA - Homotetia é a ampliação positiva ou negativa de fi guras semelhantes. Temos sempre um centro de razão, de onde partem linhas que irão passar por todos os pontos das outras fi guras ampliadas ou reduzidas. A seguir temos uma fi gura dando o exemplo da homotetia:A seguir temos uma fi gura dando o exemplo da homotetia: Repare como a fi gura original é ampliada, assim fi can- do reduzida ou ampliada com as mesmas medidas, po- rém com estas multiplicadas por um número. Repare também que o ângulo é sempre o mesmo Como vemos a homotetia hoje no dia a dia? A homote- tia está muito presente no dia a dia, por exemplo, quan- do estamos trabalhando com uma foto,no celular ou computador, a trabalho ou para compartilhar em uma rede social, e queremos ampliá-la de forma semelhante, arrastamos sua diagonal, que é o centro de razão. Acima notamos que o ponto F é o ponto em comum à todas, ou seja, o centro; a fi gura em laranja a original, em amarelo a reduzida e azul a ampliada. LEMBRE-SE, FIGURAS SEMELHANTES NEM SEMPRE SÃO HOMOTÉ- TICAS. Não confunda também fi guras distorcidas com homotéticas, as distorcidas não são igualmente am- pliadas, tendo assim, cada lado uma medida diferente da fi gura original, assim como fi cariam seus ângulos. A HOMOTETIA LEVA POLÍGONOS EM POLÍGONOS SE- MELHANTES E COM LADOS PARALELOS 3.2 - ISOMETRIAS – REFLEXÃO, ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO - A isometria tem sido usada pelo Homem nas suas cria- ções desde os tempos mais primitivos. Povos antigos utilizaram fi guras geométricas como elementos deco- rativos e, com o desenvolvimento das civilizações, as fi guras adquiriram disposições mais complexas. Sur- giram assim os ornamentos com repetições de uma mesma fi gura geométrica, tais como rosáceas, frisos ou pavimentações. Os azulejos do palácio de Alham- bra (Espanha) são uma referência mundial, DEFINIÇÃO - Uma Isometria é uma transfor- mação geométrica em que são conservados as medidas de comprimento dos segmentos de reta e as medidas de amplitude dos ângulos. Isometria é uma palavra de origem grega. Isos = igual metria = medida Existem quatro tipo de Isometrias: 28 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA -Refl exões -Translações - Rotações - Refl exão deslizante 3.2.1 - REFLEXÃO - Numa refl exão, cada ponto da fi gu- ra original e o correspondente da fi gura refl etida estão sobre uma reta perpendicular ao eixo de refl exão e a igual distância desse eixo. 3.2.2 – ROTAÇÃO - Numa rotação a fi gura inicial vai rodando em diferentes ângulos segundo um ponto central, o centro de rotação, ou seja, a fi gura fi nal é obtida através de uma fi gura inicial, onde é mantido fi xo um ponto (o centro da rotação) e todos os outros sofrem deslocações ao longo de ângulos de uma certa amplitude e em torno do ponto fi xo. Pode ser positiva, quando se move ao contrário do sentido dos ponteiros do relógio, ou negativa, quando se move no mesmo sentido dos ponteiros dos relógios. 3.2.3 – TRANSLAÇÃO - Uma translação é uma transformação geométrica asso- ciada a um vetor que desloca a fi gura original, segundo uma direção, um sentido e um comprimento. A transla- ção transforma uma fi gura noutra fi gura. As fi guras são geometricamente iguais. As translações conservam a direção e o comprimento de segmentos de reta, e as amplitudes dos ângulos. 3.3 – PROJEÇÕES ORTOGONAIS - A projeção ortogo- nal das fi guras geométricas sobre um plano pode ser comparada à sombra desse mesmo objeto no horário em que o sol está mais alto no dia. Nesse horário, a sombra possui dimensões iguais às do objeto, mas não possui profundidade alguma. 3.3.1- Projeção do ponto sobre o plano - A fi gura for- mada pela projeção ortogonal de um ponto P sobre o plano é o ponto P’. Essa projeção é defi nida como a ex- tremidade do segmento de reta perpendicular ao pla- no cuja outra extremidade seja o ponto P. Observe que um segmento de reta é perpendicular a um plano quando, dado o ponto P’ de intersecção en- tre os dois, todas as retas pertencentes a esse plano que passam por esse ponto P’ são perpendiculares ao segmento de reta dado. Para verifi car isso, é sufi ciente observar duas retas perpendiculares contidas no plano. 3.3.2 - Projeção da reta sobre o plano - A fi gura forma- da pela projeção ortogonal de uma reta r sobre o plano é outra reta s. Essa projeção é defi nida como a intersec- ção entre o plano que contém a reta r e o plano que con- tém a reta s quando os dois são perpendiculares. No caso particular em que a reta r já é perpendicular ao plano, a sua projeção sobre esse plano é apenas um ponto. 3.3.3 Projeção do segmento de reta sobre o plano - A fi gura formada pela projeção ortogonal de um seg- mento de reta sobre o plano é outro segmento de reta. Essa projeção é defi nida como o segmento de reta cujas extremidades são as projeções ortogonais dos pontos extremos do segmento de reta inicial. A ima- gem a seguir ilustra essa situação. Os segmentos de reta também possuem uma particu- laridade: se o segmento for perpendicular ao plano, 29 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA sua projeção ortogonal será apenas um ponto. 3.3.4 - Projeção de uma fi gura sobre o plano - A pro- jeção ortogonal de uma fi gura geométrica qualquer sobre o plano é o conjunto das projeções ortogonais de seus pontos sobre o plano. Sendo assim, cada pon- to dessa fi gura representa a extremidade de um seg- mento de reta. A outra extremidade está no plano, e a fi gura formada por todas essas últimas é a projeção ortogonal da fi gura geométrica. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM - QUESTÃO 01 (Enem 2014) - Uma criança deseja criar triângulos utilizando palitos de fósforo de mesmo comprimento. Cada triângulo será construído com exatamente 17 palitos e pelo menos um dos lados do triângulo deve ter o comprimento de exatamente 6 palitos. A fi gura ilustra um triângulo construído com essas características. A quantidade máxima de triângulos não congruentes dois a dois que podem ser construídos é: a) 3. b) 5. c) 6. d) 8. e) 10. QUESTÃO 02 (Enem 2020) - Azulejo designa peça de cerâmica vitrifi cada e/ou esmaltada usada, sobretudo, no revestimento de paredes. A origem das técnicas de fabricação de azulejos é oriental, mas sua expansão pela Europa traz consigo uma diversifi cação de estilos, padrões e usos, que podem ser decorativos, utilitários e arquitetônicos. Disponível em: www.itaucultural.org.br. Acesso em: 31 jul. 2012. Azulejos no formato de octógonos regulares serão utilizados para cobrir um painel retangular conforme ilustrado na fi gura. ilustrado na fi gura. Entre os octógonos e na borda lateral dessa área, será necessária a colocação de 15 azulejos de outros forma- tos para preencher os 15 espaços em branco do painel. Uma loja oferece azulejos nos seguintes formatos: 1 – Triângulo retângulo isósceles; 2 – Triângulo equilátero; 3 – Quadrado. Os azulejos necessários para o devido preenchimento das áreas em branco desse painel são os de formato: a) 1. b) 3. c) 1 e 2. d) 1 e 3. e) 2 e 3. QUESTÃO 03 - João propôs um desafi o a Bruno, seu co- lega de classe: ele iria descrever um deslocamento pela pirâmide a seguir e Bruno deveria desenhar a projeção desse deslocamento no plano da base da pirâmide. O deslocamento descrito por João foi: mova-se pela pi- râmide, sempre em linha reta, do ponto A ao ponto E, a seguir do ponto E ao ponto M, e depois de M a C. O desenho que Bruno deve fazer é a) b) c) d) e) QUESTÃO 04 - O acesso entre os dois andares de uma casa é feito através de uma escada circular (escada ca- 30 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA racol), representada na fi gura. Os cinco pontos A, B, C, D, E sobre o corrimão estão igualmente espaçados, e os pontos P, A e E estão em uma mesma reta. Nessa escada, uma pessoa caminha deslizando a mão sobre o corrimão do ponto A até o ponto D. A fi gura que melhor representa a projeção ortogonal, sobre o piso da casa (plano), do caminho percorrido pela mão dessa pessoa é a) b) c) d) e) QUESTÃO 05 (Enem 2020) - Em um jogo desenvolvido para uso no computador, objetos tridimensionais vão descendo do alto da tela até alcançarem o plano da base. O usuário pode mover ou girar cada objeto du- rante sua descida para posicioná-lo convenientemente no plano horizontal. Um desses objetos é formado pela justaposição de quatro cubos idênticos, formando as- sim um sólido rígido, como ilustrado na fi gura.sim um sólido rígido, como ilustrado na fi gura. Para facilitar a movimentação do objeto pelousuário, o programa projeta ortogonalmente esse sólido em três planos quadriculados perpendiculares entre si, durante sua descida. A fi gura que apresenta uma possível posição desse sólido, com suas respectivas projeções ortogonais sobre os três planos citados, durante sua descida é: a) b) c) d) e) 31 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA QUESTÃO 06 (Ufu 2018) - Uma área delimitada pelas Ruas 1 e 2 e pelas Avenidas A e B tem a forma de um trapézio ADD'A', com AD 90 m= e A 'D' 135 m,= como mostra o esquema da fi gura abaixo. Tal área foi dividida em terrenos ABB'A ', BCC'B' e CDD'C', todos na forma trapezoidal, com bases pa- ralelas às avenidas tais que AB 40 m, BC 30 m= = e CD 20 m.= De acordo com essas informações, a dife- rença, em metros, A 'B' C'D'− é igual a a) 20. b) 30. c) 15. d) 45. QUESTÃO 07 (Enem 2ª aplicação 2016) - Pretende- -se construir um mosaico com o formato de um triân- gulo retângulo, dispondo-se de três peças, sendo duas delas triângulos congruentes e a terceira um triângulo isósceles. A fi gura apresenta cinco mosaicos formados por três peças. Na fi gura, o mosaico que tem as características daque- le que se pretende construir é o: a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5. QUESTÃO 08 (Enem 2013) - O dono de um sítio preten- de colocar uma haste de sustentação para melhor fi rmar dois postes de comprimentos iguais a 6m e 4m. A fi gura representa a situação real na qual os postes são descri- tos pelos segmentos AC e BD e a haste é representada pelo EF, todos perpendiculares ao solo, que é indicado pelo segmento de reta AB. Os segmentos AD e BC repre- sentam cabos de aço que serão instalados. Qual deve ser o valor do comprimento da haste EF? a) 1m. b) 2m. c) 2,4m. d) m. e) 2√6 m. QUESTÃO 09 (Uefs 2018) - Os pontos D, E e F perten- cem aos lados de um triângulo retângulo ABC, deter- minando o retângulo BFDE, com BF = 6 cm. conforme mostra a fi gura. Dadas as medidas AB = 8 cm e BC = 10 cm, o compri- mento do segmento BE é: a) 2,4 cm. b) 2,7 cm. c) 3 cm. d) 3,2 cm. e) 3,5 cm. QUESTÃO 10 (Enem Digital 2020) - Considere o guin- daste mostrado nas fi guras, em duas posições (1 e 2). Na posição 1, o braço de movimentação forma um ân- gulo reto com o cabo de aço CB que sustenta uma es- fera metálica na sua extremidade inferior. Na posição 2, o guindaste elevou seu braço de movimentação e o novo ângulo formado entre o braço e o cabo de aço ED, que sustenta a bola metálica, é agora igual a 60°. 32 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOMETRIA PLANA Assuma que os pontos A, B e C, na posição 1, formam o triângulo T1 e que os pontos A, D e E, na posição 2, for- mam o triângulo T2, os quais podem ser classifi cados em obtusângulo, retângulo ou acutângulo, e também em equilátero, isósceles ou escaleno. Segundo as clas- sifi cações citadas, os triângulos T1 e T2 são identifi ca- dos, respectivamente, como: a) retângulo escaleno e retângulo isósceles. b) acutângulo escaleno e retângulo isósceles. c) retângulo escaleno e acutângulo escaleno. d) acutângulo escaleno e acutângulo equilátero. e) retângulo escaleno e acutângulo equilátero GABARITO - EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 A D C C E B B C D E 33 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS 01. O PROBLEMA DE MEDIR O MUNDO (as grande- zas e as suas unidades básicas de medida) - Na bus- ca pela compreensão dos fenômenos naturais e sociais que ocorrem no mundo, o ser humano tem uma ten- dência natural de se guiar por aquilo neles consegue visualizar, pelo seu ponto de vista sobre os aconteci- mentos, por aquilo que entende ser relevante na análi- se, sempre registrando as suas sensações e percepções através da identificação de algumas propriedades, qualitativas ou quantitativas, que resolve destacar. Fonte:https://obloghumanista.blogspot.com/2007/07/um-novo-olhar-sobre-o-mundo.html?m=1 Nesse sentido, bons exemplos de PROPRIEDADES QUALITATIVAS são a cor, o sabor, o odor, o timbre de um instrumento musical e a textura sentida ao toque, as quais estão ligadas, respectivamente, aos sentidos da visão, do paladar, do olfato e do tato. Por sinal, em Química, tais propriedades qualitativas que se re- ferem diretamente aos sentidos humanos recebem até uma nomenclatura específica, sendo chamadas de propriedades organolépticas. Mas as propriedades qualitativas vão além dessas e correspondem ao conjunto de todas as características que podem ser descritas por CATEGORIAS NÃO NUMÉ- RICAS (NOMINAIS OU ORDINAIS). Quando alguém pergunta o tipo de habitação e a res- posta dada é casa, apartamento, pensionato, hotel ou qualquer outro tipo de moradia, tem-se que o tipo de habitação se revela como uma propriedade qualitativa nominal da moradia do entrevistado. Da mesma forma, quando se pergunta qual a colocação de um candidato em um concurso e este responde que foi o terceiro co- locado, tem-se que a posição do candidato no concurso também se revela como outra propriedade qualitativa. O problema das propriedades qualitativas é justamen- te o fato de, por vezes, carregarem uma dose de subje- tividade, da avaliação humana envolvida, já que decor- rem de uma interpretação consciente ou inconsciente de um entrevistado ou de um observador. Para se minimizar a influência da subjetividade desse fator humano, os fenômenos científicos costumam ser caracterizados por PROPRIEDADES QUE SEJAM MEN- SURADAS NUMERICAMENTE através de adequados processos de medição realizados com o uso dos seus correspondentes instrumentos de medida, de forma a que sejam descritas por indicadores quantitativos. Tais PROPRIEDADES QUANTITATIVAS são justamente o que se convencionou chamar de GRANDEZAS. Vejamos alguns dos instrumentos de medida utilizados para identificar as suas correspondentes grandezas: A expressão GRANDEZA é um sinônimo de PROPRIE- DADE QUANTITATIVA, ou seja, de propriedade que pode ser utilizada para CARACTERIZAR A EXTENSÃO DE UM FENÔMENO, de forma mais objetiva, através de INDICADORES ESPECÍFICOS que correspondem a IN- FORMAÇÕES NUMÉRICAS e/ou GEOMÉTRICAS, obtidas após responsáveis processos de medição realizados com uso de adequados instrumentos de medida. EXEMPLOS: TEMPO, MASSA, DISTÂNCIA, ÁREA, VOLU- ME, TEMPERATURA, VOLTAGEM, FORÇA, ENERGIA ETC. Em análises preliminares, há situações em que alguém pode se contentar com uma comparação simples entre as percepções relativas à extensão das grandezas, acei- tando simplesmente que um objeto seja identificado 34 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS como detentor de um comprimento maior ou menor do que o outro, que um local seja percebido como mais quente ou mais frio do que o outro, que uma pessoa seja referida como mais pesada ou mais leve do que a outra, ou que um fenômeno seja visualizado como mais rápido ou mais lento que o outro. No entanto, para uma análise mais detalhada, tem- -se como fundamental que seja providenciada uma caracterização mais precisa do valor da grandeza. Ou seja, há a necessidade de se ir além de dizer que algo é maior ou menor, para se obter um indicador numérico que possa ser anotado com objetividade e que per- mita aferir se uma propriedade é o dobro, o triplo, um múltiplo ou mesmo uma fração da mesma proprieda- de em outro fenômeno. É nesse momento que se percebe a essencialidade da submissão da análise dos fenômenos a um processo de MEDIÇÃO DAS GRANDEZAS ENVOLVIDAS, impondo a determinação de DADOS QUANTITATIVOS que sirvam de REFERÊNCIA para as devidas comparações e para a formulação de leis que correlacionem os resultados. Aliás, como consequência natural dos processos de medição da extensão das grandezas, surge também a necessidade de serem definidas as correspondentes UNIDADES DE MEDIDA. GRANDEZA UNIDADES BÁSICAS DE MEDIDA MAIS COMUNS Tempo segundos, minutos, ho- ras, dias, semanas, meses, anos etc. Temperatura graus Celsius (°C), grausFahrenheit (°F), Kelvins (K) Massa gramas (g), libras (lb) Dinheiro Real (R$), Dólar (U$), Euro (€) Intensidade sonora Decibels (dB) Tensão Elétrica Volts (V) Corrente elétrica Ampere (A) Distância metro (m), polegadas (in), milhas, ano-luz Área metro quadrado (m2), hectare (ha) Volume metro cúbico (m3), litro (L) Quantidade de dados em informática Bits, Bytes Densidade demográfica (número de habitantes)/km2 Frequência Hertz (Hz), Rotações por minuto (rpm) Conhecendo a unidade de medida, em vez de dizer que um objeto é quente ou de dizer que ele é mais quente que outro, passa-se a dizer qual é a medida exata de sua temperatura na escala termométrica de sua preferência, o que permite uma comparação bem mais abrangente e qualificada. Percebam a diferença nas falas abaixo: Na cinemática, em vez de se dizer que um carro está andando muito rápido, se diz a velocidade exata em que ele está e a conclusão de que isso é rápido ou lento passa a ser tomada com critérios mais objetivos, sem achismos. Afinal, enquanto o conceito de velocidade é objetivamente definido com base em unidades de medida de distância e de tempo, os conceitos de rápi- do e lento são relativos à sensibilidade de quem avalia e dependem das circunstâncias comparadas. Por mais rápido que um carro ande, ainda será lento quando comparado a um avião ou a uma nave espacial e tal comparação só será feita com precisão se definirmos a medida exata da sua velocidade. Em especial, na geometria, existem 3 grandezas bási- cas que se prestam a registrar a percepção humana so- bre o tamanho de um objeto, são elas: COMPRIMENTO, ÁREA E VOLUME. E o interessante é que a medida de 1 metro não só pode ser tomada como parâmetro de referência para a medi- 35 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS da de comprimentos (dimensão linear), como também pode servir de referência para a medida de áreas (di- mensão superficial) e volumes (dimensão especial). Partindo-se do metro (m) como unidade de medida do comprimento, podem ser definidas as unidades de medida de área e de volume como metro quadrado (m2) e metro cúbico (m3), respectivamente. 02. COMO FAZER PARA MEDIR O MUNDO SE HÁ COI- SAS TÃO DIFERENTES? A tarefa de compreender o universo é realmente mui- to complexa, afinal como se pode estudar simultanea- mente os fenômenos microscópicos que ocorrem em nível celular e os fenômenos astronômicos que ocor- rem na dimensão espacial, sem deixar de lado o estu- do dos fenômenos daquela realidade que ocorre na dimensão dos nossos sentidos humanos? Como se pode comparar a realidade atômica e mo- lecular em que se trabalha com a noção de mols de elemento químico com a realidade computacional em que se trabalha com as noções de bits e bytes? Claramente, não podem ser usados os mesmos processos de medição, nem os mesmos instrumentos de medição, ou as mesmas formas de apresentação destas medidas. E é justamente aqui que estará o verdadeiro objetivo na aula de matemática de hoje!!! De início, apresentamos o conceito de GRANDEZA, tra- zendo alguns de seus exemplos, mas, agora, no que nos importa de forma mais direta, trabalharemos com a FORMA CIENTÍFICA DE APRESENTAÇÃO DAS MEDIÇÕES, valendo-se da ideia de NOTAÇÃO CIENTÍFICA e de uma complementação das unidades básicas de medida com o USO DE PREFIXOS, tudo para que, ao final, se possa trabalhar com a ideia de CONVERSÃO DE UNIDADES. Ou seja, ultrapassaremos o conceito de GRANDEZA e de UNIDADE BÁSICA DE MEDIDA DE UMA GRANDEZA, para compreender a necessidade de se valer de prefixos indicadores da ordem de grandeza e de se valer de uma notação científica para representar o resultado de certa medição, vencendo a disparidade existente nas dimen- sões das medidas com o uso das potências de 10. E, por fim, ainda aprenderemos a fazer a conversão de unidades de medida com o método da substituição dos prefixos por potências de 10 e com o método das frações unitárias. 03. AS UNIDADES E OS SEUS PREFIXOS - No ambien- te em que vivemos, nem tudo tem o mesmo tamanho e, muitas vezes, sequer tem a mesma ordem de gran- deza (mesma dimensão). No mundo atômico e celular, por exemplo, há objetos de comprimento correspondente a frações muito pequenas de 1 metro, enquanto, na perspectiva astronômica, algu- mas medidas são muito superiores a 1 milhão de metros. Para se lidar com essa discrepância sem sair criando novas unidades de medida para a mesma grande- za, foram concebidas as ideias de MÚLTIPLOS e SUB- MÚLTIPLOS das unidades de referência, valendo-se da utilização de PREFIXOS que indicariam a ORDEM DE GRANDEZA dos valores em uma ESCALA DECIMAL de aumento ou de redução. Vejamos a seguinte escala padrão de prefixos e de seus valores relativos segundo potências de 10. Tal sistemática é bem semelhante àquela que é utiliza- da na construção de um SISTEMA DE NUMERAÇÃO DE- CIMAL em que se define o valor relativo dos números e, 36 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS bem assim, a sua ordem de grandeza, segundo potências de 10, a partir da posição de cada um de seus algarismos. A única diferença é que, enquanto no sistema de nu- meração a variação se dava com uso de novas palavras (milhar, centena, dezena, décimo, centésimo, milésimo), no sistema de prefixos, mantemos a palavra indicativa da unidade de referência (por exemplo, o metro) e a ela ape- nas acrescentamos PREFIXOS indicativos da mudança da ordem de grandeza de acordo com as potências de 10. Vejamos como ficam os múltiplos e submúltiplos do metro: Estes 6 prefixos utilizados ao lado da palavra “metro” podem ser utilizados ao lado de qualquer unidade de medida, sendo assim entendidos como possuidores de vida própria na análise dimensional dos resultados medidos, mantendo o mesmo significado em qualquer sistema de medição. Por isso, ao mesmo tempo em que falamos em qui- lômetro (km), podemos também falar em quilowatt (kW), quilograma (kg), quilojoule (kJ) etc., com o prefi- xo “quilo” sempre valendo por 1000 vezes a unidade de medida e sempre indicando um avanço corresponden- te na ordem de grandeza. Aliás, diante da variedade de ordens de grandeza pos- síveis, com valores que variam da dimensão atômica e da dimensão celular (muitíssimo pequena) para a dimensão astronômica (muitíssimo grande), tem-se como certo que a quantidade de prefixos necessários para representar as análises científicas acabou preci- sando se tornar muito maior do que aquela constante na tabela anteriormente apresentada. Por isso, apesar de ter surgido em 1795 reconhecen- do apenas os 6 prefixos citados acima, desde 1960, o Sistema Internacional de Unidades (SI) vem reconhe- cendo o uso de outros 6 prefixos referentes aos múlti- plos da ordem de milhão (Mega), bilhão (Giga), trilhão (Tera), bem como aos submúltiplos da ordem de 1 mi- lionésima parte (micro), 1 bilionésima parte (nano) e 1 trilionésia parte (pico), perfazendo um conjunto de 12 prefixos possíveis. Em resumo, tem-se a seguinte tabela de prefixos bási- cos com as potências de 10 que devem ser utilizadas nas substituições dos prefixos: MUITO CUIDADO!!!! Os prefixos sempre são aplicados nas unidades básicas de medida, ANTES de sofrerem a incidência das POTÊNCIAS, ou seja, os prefixos devem ser substituídos pelas correspondentes potências de 10 dentro de parênteses para que, depois, estas mes- mas potências de 10 sejam elevadas aos expoentes da unidade de medida de referência. Por exemplo: - Quando falarmos em 1km2, NÃO estaremos falando simplesmente em 1000 m2, mas SIM em: 1 km2 = 1 . (km)2 = (1000 m)2 = (1000)2.m2 = (103)2.m2 = 106 m2 = 1.000.000 m2 - Quando falarmos em 1km3, NÃO estaremos falando simplesmente em 1000 m3, mas SIM em: 1 km3 = 1 . (km)3 = (1000 m)3 = (1000)3.m3 = (103)3.m2 = 109 m3 = 1.000.000.000 m3 Em suma, o prefixo quilo (indicativo de 103) também esta- rá elevado às potências 2 e 3 indicativas de área e volume. As grandes fazendas e o hectare (ha) - Uma unidade de áreabastante comum na zona rural é o HECTARE (ha), que nada mais é do que uma denominação mais usual para 1 hectômetro quadrado. Por isso: 1ha = 1hm2 = (1hm)2 = (100m)2 = 104 m2 = 10.000 m2 Para se ter a exata noção do que representa um hecta- re, basta se imaginar a dimensão da área de um qua- drado cujo lado mede 1hm (100m). Na prática, um bom referencial disso é a associação de hectare à medida da área ocupada por um quarteirão urbano quadrado de 100m de lado. Daí, para se ter uma percepção do que representa uma fazenda de 4000 ha, basta se imaginar a extensão territorial de 4000 quar- teirões quadrados com 100 m de lado. Paralelamente ao hectare (ha), define-se outra unidade 37 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS de medida de área chamada de ARE (a), a qual pode ser vista como unidade básica de referência para o hectare (considerando o significado do prefixo) ou como a área ocupada por um quadrado de medida 1dam2. Nos seus dois sentidos, tem-se: 1 ha = 100 a ou 1 a = 1dam2 = 1. (dam)2 = 1. (10m)2 = 1. 102 m2 = 100 m2 Perceba que 1 ha = 1hm2 e que 1 a = 1dam2. As medidas usuais de volume dadas em LITRO (L) - No sistema internacional de medidas (SI), a unidade pa- drão de volume é o metro cúbico (m3). Entretanto, se observarmos as garrafas e as caixas nas quais são comercializados os diversos produtos que consumimos em nossa casa, observaremos que suas dimensões possuem uma ordem de grandeza imedia- tamente inferior ao metro, sendo em sua maioria da ordem de 1 dm (10 cm). Em virtude disso, nada mais razoável do que criar uma nomenclatura mais usual para denominar a unidade de volume correspondente a 1 dm3, surgindo assim o conceito de litro. 1 litro (L) = 1 dm3 Como 1dm equivale a 10cm, tem-se: 1 litro = 1 dm3 = 1. (10 cm)3 = 1. (10)3.cm3 = 1000 cm3 1 litro (L) = 1000 cm3 Dividindo-se ambos os membros por 1000, surge o conceito de mililitro (ml) como equivalente ao concei- to de cm3, senão vejamos: 1 litro = 1000 cm3 1/1000 litro = 1 cm3 1 mililitro (ml) = 1 cm3 Nesse tom, para se ter uma noção do que representa um ml, basta imaginar um recipiente cúbico com 1cm de aresta. Pequeno, né? Mas é isso mesmo!!! 03. NOTAÇÃO CIENTIFÍCA - Ao se recorrer às potên- cias de base 10 como parâmetro para definir a ordem de grandeza do resultado de uma medida, passa a ser possível a escrita de números muito grandes ou mui- to pequenos, indo inclusive além dos limites trazidos pelo conjunto de prefixos predefinidos, ou seja, indo além do Tera (1012) e aquém do pico (10-12). Enfatizando a posição do algarismo que possui o maior valor relativo como um indicador da sua ORDEM DE GRANDEZA e destacando tal informação através de uma potência de 10, constrói-se aquilo que se chama de NOTAÇÃO CIENTÍFICA. Nesta forma de apresenta- ção do resultado, cada número passa a ser escrito atra- vés de um produto da seguinte forma: Notação científica de uma medida = a.10n, onde 1≤ < 10 e n € Z. Veja que, na notação científica, sempre temos um coeficien- te (a) e um expoente de uma potência de 10, o qual serve de parâmetro para indicar a ordem de grandeza da medida. Exemplos: • Distância da terra ao sol = 150.000.000 km = 1,5 x 108 km. • Velocidade da luz = 300.000 km/s = 3 x 105 km/s. • Um ano-luz = 9.460.000.000.000 km = 9,46 x 1012 km • Carga elétrica fundamental = 0,00000000000000000016 C =1,6 x 10 – 19 C 04. CONVERTENDO UNIDADES COM O USO DE FRA- ÇÕES UNITÁRIAS - O número 1 é o elemento neutro da multiplicação. Isso significa que, se multiplicarmos um valor qualquer (X) por ele, nada muda no valor original. X . (1) = X Baseando-se nesse fato, vamos criar o conceito de FRAÇÃO UNITÁRIA, como sendo uma fração que tem no numerador e no denominador valores equivalentes que, se cancelados, redundariam numa fração equiva- lente a 1 (elemento neutro na multiplicação). X . (u/u) = X O detalhe é que, ao se montar a fração unitária, vamos co- locar no numerador e no denominador valores que sejam iguais, mas em unidades de medida diferentes, sendo o valor do denominador apresentado na unidade em que o valor original se apresenta e o valor do numerador apre- sentado na unidade em que se pretende chegar. Agora, basta multiplicar o valor original pela fração unitária para se obter o valor original convertido para a unidade desejada. Vamos a alguns exemplos: a) Converta 4,5 km2 em metros quadrados. Solução: É fácil construir a seguinte equivalência: 1km2 = 1. (km)2 = 1. (1000 m)2 = 1.000.000 m2. Assim, a fração unitária a utilizar será: Fração unitária = Multiplicando-se o valor original pela fração unitária, a 38 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS unidade km2 é cancelada, fazendo com que se tenha: b) Converta 0,12 m3 em litros Solução: É fácil construir a seguinte equivalência: 1m3 = 1. (m)3 = 1.(10 dm)3 = 103 dm3 = 1000 L Assim, a fração unitária a utilizar será: Fração unitária = Multiplicando-se o valor original pela fração unitária, a unidade m3 é cancelada, fazendo com que se tenha: 0,12 c) Converta 250 m2 em hectare Solução: É fácil construir a seguinte equivalência: 1 ha = 1 . (hm)2 = 1. (100m)2 = 10.000 m2 Assim, a fração unitária a utilizar será: Fração unitária = Multiplicando-se o valor original pela fração unitária, a unidade m2 é cancelada, fazendo com que se tenha: d) Converta 300 rpm em Hz Solução: Considerando-se que “rpm” significa “rota- ções por minuto” e que Hertz (Hz) indicam “rotações por segundo”, é fácil construir a seguinte equivalência entre os tempos: 1 minuto = 60 segundos Assim, a fração unitária a utilizar será: Fração unitária = Multiplicando-se o valor original pela fração unitária, a unidade m2 é cancelada, fazendo com que se tenha: 05. A LINGUAGEM DOS BITS E BYTES - O armazenamento de dados em informática se dá através do uso de um sistema binário, em que a cada conjunto de zeros (0’s) e uns (1’s) escolhidos se atribui um sig- nificado específico. “Bit” é o nome dado a cada dígito binário (“BIna- ry digiT”). Ele é a menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida em um sistema computacional. O bit pode assumir apenas dois valo- res: 0 ou 1, correspondentes aos valores da corrente elétrica, ligada ou desligada, respectivamente, em cada ponto de passagem de um circuito eletrônico. Como os bits são muito pequenos, raramente se trabalha com informações bit a bit, geralmente eles são montados em grupamentos de oito bits que formam um Byte. Por ser o resultado de um processo de escolha binária (entre 0’s e 1’s) feita em cada uma das suas 8 posições (feita em cada um de seus 8 bits), cada Byte pode ser montado de 28 = 256 maneiras, o que lhe permite se associar a cada um único dos caracteres de escrita no código ASCII, tais como os números, as letras maiúscu- las, as letras minúsculas, os sinais de acentuação e os sinais de pontuação, por exemplo. O código ASCII (do inglês American Standard Code for Information Interchange; que pode ser traduzido como “Código Padrão Americano para o Intercâmbio de Informação”) é um código binário que codifica um conjunto de 128 sinais: 95 sinais gráficos (letras do alfa- beto latino, sinais de pontuação e sinais matemáticos) e 33 sinais de controle, utilizando, portanto, apenas 7 bits para representar todos os seus símbolos. Note que como cada byte possui 8 bits, o bit não utiliza- do pela tabela ASCII pode ser utilizado de formas dife- rentes, gerando outras funções além da mera digitação. Para quem for mais curioso, uma tabela completa dos sinais do Código ASCII está disponível no link https:// pt.wikipedia.org/wiki/ASCII . Agora, pensemos um pouco.... Um detalhe extremamente importante diz respeito ao NOVO SIGNIFICADO QUE OS PREFIXOS GANHAM NO SISTEMA BINÁRIO. Como a ordem de grandeza do ar- mazenamento de informações passa a ser definida por escolhas binárias (com 2 opções entre 0’s e 1’s), deve-se fazer uma adaptação do sistema de prefixos baseado nas potênciasde 10, convertendo-o num sistema de 39 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS prefixos baseado em potências de 2. E, para tal adaptação, basta se fazer uso da seguinte aproximação: Graças a esta pequena diferença de resultados, um kilobyte (KB) passa a ser compreendido como sendo formado por 1024 Bytes e não por 1000 Bytes como seria de se esperar no sistema decimal de prefixos. Aplicando-se a mesma lógica binária aos demais prefixos, tem-se os seguintes valores: Múltiplo do Byte 1 KB 1 MB 1 GB 1 TB Quantidade de dados 1024 Bytes 1024 KB = (1024)2 Bytes 1024 MB = (1024)3 Bytes 1024 GB = (1024)4 Bytes É fácil ver que, como 210 = 1024 é um pouco maior do que 103 = 1000, acaba surgindo um pequeno ganho em cada novo significado dos prefixos. O problema é que os fabricantes de HD (discos rígidos que armazenam os dados) se aproveitam da falta de in- formação da população e aferem o armazenamento de seus equipamentos com base no significado decimal dos prefixos, não entregando todos os bytes que deve- riam estar presentes nas memórias dos equipamentos. Memória indi- cada na emba- lagem e que deveria ter sido fornecida (prefixo com sig- nificado binário) Memória efetivamente fornecida (prefixo com significado de- cimal) Perda de memó- ria decorrente da mudança de significado do prefixo 1 KB = 1024 Bytes 1 KB = 1.000 Bytes 24 Bytes ou 24/1024 = 2,34% 1 MB = 1024 x 1024 Bytes = 1.048.576 Bytes 1 MB = 1.000.000 Bytes 48.576 Bytes ou (48.576)/ (1.048.576) = 4,63% 1 GB = 1024 x 1024 x 1024 Bytes = 1.073.741.824 Bytes 1 GB = 1.000.000.000 Bytes 73741824 Bytes ou (73741824/ (1.073.741.824) = 6,87% Ou seja, quanto mais avançamos no tamanho da me- mória dos aparelhos, mais as embalagens dos apare- lhos estão distorcendo o valor real da quantidade de dados que deveriam estar entregando. AGORA, VOCÊ JÁ ESTÁ PREPARADO PARA CONFERIR A MEMÓRIA DO SEU DISPOSITIVO... Em todos os computadores e celulares, os sistemas ope- racionais são estruturados para reconhecer a memória efetivamente fornecida a partir do sistema binário de significação dos prefixos, tornando visível a discrepância em relação à capacidade anunciada pelos fabricantes. Um HD externo que é anunciado como sendo de 500 GB, deveria ser capaz de armazenar 500x(1.024)3 Bytes por conta do significado do prefixo GIGA no sistema binário, mas, na verdade só se mostra capaz de arma- zenar 500.000.000.000 bytes, por conta do uso do sis- tema decimal no anúncio. Montando-se a proporção entre a quantidade anun- ciada e a fornecida, tem-se: Como resultado, em vez de reconhecer 500 GB, o computador vai reconhecer apenas: x = 465,66 GB, demonstrando que houve uma perda de 34,34 GB, ou seja, de 6,87% em relação ao que foi anunciado. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM QUESTÃO 01 (ENEM 2021) - Pesquisadores da Universi- dade de Tecnologia de Viena, na Áustria, produziram mi- niaturas de objetos em impressoras 3D de alta precisão. Ao serem ativadas, tais impressoras lançam feixes de laser sobre um tipo de resina, esculpindo o objeto desejado. O produto final da impressão é uma escultura microscópica de três dimensões, como visto na imagem ampliada. A escultura apresentada é uma miniatura de um carro de Fórmula 1, com 100 micrômetros de comprimento. Um micrômetro é a milionésima parte de um metro. Usando notação científica, qual é a representação do comprimento dessa miniatura, em metro? a) 1,0 × 10−1 b) 1,0 × 10−3 40 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS c) 1,0 × 10−4 d) 1,0 × 10−6 e) 1,0 × 10−7 QUESTÃO 02 (ENEM 2021) - Um pé de eucalipto em idade adequada para o corte rende, em média, 20 mil folhas de papel A4. A densidade superficial do papel A4, medida pela razão da massa de uma folha desse papel por sua área, é de 75 gramas por metro quadrado, e a área de uma folha de A4 é 0,062 metro quadrado. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 28 fev. 2013 (adaptado). Nessas condições, quantos quilogramas de papel ren- de, em média, um pé de eucalipto? a) 4.301 b) 1.500 c) 930 d) 267 e) 93 QUESTÃO 03 (FUVEST 2009 - adaptada) - As célu- las da bactéria Escherichia coli têm formato cilíndrico, com 8 x 10−5 cm de diâmetro. O diâmetro de um fio de cabelo é de aproximadamente 0,1 mm. Dividindo-se o diâmetro de um fio de cabelo pelo diâmetro de uma célula de Escherichia coli, obtém-se, como resultado: a) 125 b) 250 c) 500 d) 1000 e) 8000 QUESTÃO 04 (AUTORAL) - Considere o texto abaixo: “Dentre os diversos tipos de medidas agrária existentes, várias delas já caíram em desuso, atualmente as mais utilizadas no Brasil são: hectare (ha) e alqueire. O alquei- re é utilizado há muitos anos pelos brasileiros, sua ori- gem é relacionada à quantidade de área de plantio ne- cessária para preencher um determinado volume que era chamado de alqueire. Porém, o grande problema do alqueire é que ele não possui um valor exato, podendo variar de acordo com o estado brasileiro. Por exemplo, o alqueire paulista corresponde a 24.200 m², enquan- to o alqueire mineiro é igual a 48.400 m² hectares. Há também o alqueire baiano (96.800 m²) e o Alqueirão (193.600 m²). Tendo em vista essa variação de valores, para evitar esse tipo de conflito com os tamanhos das propriedades em alqueires, existe uma tendência de se padronizar a unidade de medida para o hectare (ha) que corresponde a 10.000 m², e seu valor se mantém fixo in- dependente da região do Brasil ou do mundo.” (http://fazendasavenda.net/2016/08/10/diferenca-entre-hectare-e-alqueire/) Um fazendeiro possui uma área rural de 25 alqueires paulistas e resolveu comprar um terreno vizinho de 0,25 km2. Se não houver qualquer restrição quanto ao aproveitamento do solo para o plantio e ele disponi- bilizar 15000 m2 para a construção do escritório e dos alojamentos dos funcionários, terá disponibilidade de plantar em: a) 0,84 ha b) 5,9025 ha c) 10,25 ha d) 84 ha e) 5902,5 ha QUESTÃO 05 (AUTORAL) - A massa em gramas de um elétron é dada por um número que pode ser representado por: 0,000...00091, no qual temos 27 zeros depois da vírgu- la. Escrevendo esta massa em notação científica, tem-se: a) 0,91 x 10-27 kg b) 0,91 x 10-30 kg c) 9,1 x 10-27 kg d) 9,1 x 10-31 kg e) 91 x 10-29 kg QUESTÃO 06 (Enem – 2013) - Nos Estados Unidos, a unidade de medida de volume mais utilizada em latas de refrigerante é a onça fluida (fl oz), que equivale a aproximadamente 2,95 centilitros (cL). Sabe-se que o centilitro é a centésima parte do litro e que a lata de refrigerante usualmente comercializada no Brasil tem capacidade de 355mL. Assim, a medida do volume da lata de refrigerante de 355mL, em onça fluida (fl oz), é mais próxima de: a) 0,83 b) 1,20 c) 12,03 d) 104,73 e) 120,34 QUESTÃO 07 (Enem 2017) - Em uma embalagem de farinha encontra-se a receita de um bolo, sendo parte dela reproduzida a seguir: Possuindo apenas a colher de medida indicada na re- ceita, uma dona de casa teve que fazer algumas con- versões para poder medir com precisão a farinha. Con- sidere que a farinha e o fermento possuem densidades iguais. Cada xícara indicada na receita é equivalente a quantas colheres medidas? a) 10 b) 20 c) 40 d) 80 e) 320 QUESTÃO 08 (ENEM 2021) - Uma torneira está gote- jando água em um balde com capacidade de 18 litros. No instante atual, o balde se encontra com ocupação de 50% de sua capacidade. A cada segundo caem 5 go- tas de água da torneira, e uma gota é formada, em mé- dia, por 5 × 10−2 mL de água. Quanto tempo, em hora, será necessário para encher completamente o balde, partindo do instante atual? a) 2 × 101 b) 1 × 101 c) 2 × 10−2 d) 1 × 10−2 e) 1 × 10−3 QUESTÃO 09 (Enem 2009) - O quadro apresenta infor- mações da área aproximada de cada bioma brasileiro. 41 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GRANDEZAS E MEDIDAS Biomas Continentais Brasileiros área aproximada (Km2)Área / total Brasil Amazônia 4.196.943 49,29% Cerrado 2.036.448 23,92% Mata atlântica 1.110.182 13,04% Caantiga 844.453 9,92% Pampa 176.496 2,07% Pantanal 150.355 1,76% Área Total Brasil 8.514.877 Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 10 jul. 2009 (adaptado). É comum em conversas informais, ou mesmo em no- ticiários, o uso de múltiplos da área de um campo de futebol (com as medidas de 120m x 90m) para auxiliar a visualização de áreas consideradas extensas. Nesse caso, qual é o número de campos de futebol corres- pondente à área aproximada do bioma Pantanal? a) 1.400 b) 14.000 c) 140.000 d) 1.400.000 e) 14.000.000 QUESTÃO 10 (Autoral) - Qual é a capacidade real, no sistema binário, de um pen drive que foi anunciado pelo fabricante como sendo de 16GB, no sistema decimal? a) 14,9 GB b) 15,1 GB c) 15,3 GB d) 15,5 GB e) 15,7 GB GABARITO - EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 - - A D D C B - E A 42 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br RAZÃO E PROPORÇÃO Razão - Se a e b são dois números racionais, e b é dife- rente de zero, dizemos que a : b ou é a razão entre a e b, nessa ordem. Lemos: "Razão de a para b" ou "a está para b" Razões Especiais - Velocidade Média Densidade Absoluta ou Massa específica de um Material - Escala - É a razão constante entre qualquer grandeza fí- sica ou química que permite uma comparação. No caso de um desenho ou mapa, chamamos de escala carto- gráfica a relação matemática entre as dimensões apre- sentadas no desenho e o objeto real por ele represen- tado. Estas dimensões devem ser sempre tomadas na mesma unidade. A forma de representação é a seguinte: Por exemplo, se um mapa apresenta a escala 1:50, sig- nifica que cada unidade do mapa é cinquenta vezes menor que na área real, ou então, cada unidade do mapa medirá cinquenta vezes mais na área real. Se quisermos indicar que cada centímetro de um mapa representa 1 metro na área real, utilizamos a escala 1:100. Repare que convertemos 1 metro para centímetros (100 centímetros), pois ambas as medidas precisam estar na mesma unidade. Tipos de Escala - Escala natural: representada numericamente como 1:1 ou 1/1. Ocorre quando o tamanho físico do objeto representado no plano coincide com a realidade; Escala reduzida: quando o tamanho real é maior do que a área representada. Costuma ser usada em mapas de territórios ou plantas de habitações. Exemplos: 1:2, 1:5, 1:10, 1:20, 1:50, 1:100, 1:500, 1:1000, 1:5000, 1:20000; Escala ampliada: quando o tamanho gráfico é maior do que o real. É usada para mostrar detalhes mínimos de determinada área, principalmente de espaços de ta- manhos reduzidos. Exemplos: 50:1, 100:1, 400:1, 1000:1. Observações Importantes: 1ª) Quando comparamos áreas, devemos elevar a es- cala ao quadrado, pois ela modifica tanto o compri- mento quanto a largura da figura; 2ª) Quando comparamos volumes, devemos elevar a escala ao cubo, pois ela modifica tanto o compri- mento, quanto a largura quanto a altura da figura. Proporção - é uma igualdade entre duas razões. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01(Fmp) - O álcool 70º é um produto no qual qualquer quantidade contém 70% de álcool etílico puro e 30% de água. Esse álcool é indicado para uso profissional como, por exemplo, nos hospitais. Para fins domésticos, utiliza- -se o álcool 40º que é eficiente para limpeza e muito mais seguro. Nesse contexto, consi- dere litro de álcool. Qual a quantidade de água, em mL, que deve ser acrescentada a esse produto para obter álcool: a) 450 b) 600 c) 850 d) 500 e) 750 QUESTÃO 02 (Enem) - Uma empresa de ônibus utiliza um sistema de vendas de passagens que fornece a ima- gem de todos os assentos do ônibus, diferenciando os assentos já vendidos, por uma cor mais escura, dos as- sentos ainda disponíveis. A empresa monitora, perma- nentemente, o número de assentos já vendidos e com- para-o com o número total de assentos do ônibus para avaliar a necessidade de alocação de veículos extras. Na 43 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br RAZÃO E PROPORÇÃO imagem tem-se a informação dos assentos já vendidos e dos ainda disponíveis em um determinado instante. A razão entre o número de assentos já vendidos e o total de assentos desse ônibus, no instante considerado na imagem, é: a) b) c) d) e) QUESTÃO 03 (Unioeste) - Quatro países vizinhos pos- suem cada um sua moeda oficial. Estas quatro moedas são o real, o peso, a coroa e a libra. Os habitantes des- tes quatro países usam livremente as quatro moedas de acordo com a seguinte taxa de conversão: 2 reais equivalem a 5 pesos; 3 pesos equivalem a 4 coroas; 5 coroas equivalem a 6 libras. Quantas libras equivalem a 2 reais? a) 24 libras. b) 12 libras. c) 10 libras. d) 8 libras. e) 4 libras. QUESTÃO 04 (Enem) - Um dos conceitos mais utiliza- dos nos estudos sobre a dinâmica de populações é o de densidade demográfica. Esta grandeza, para um local, é a razão entre o seu número de habitantes e a medida da área do seu território. Quanto maior essa razão, expressa em habitante por quilometro quadrado, se diz que mais densamente povoado é o local. Querendo fazer uma vi- sita de estudos ao local mais densamente povoado, en- tre um grupo de cinco escolhidos, um geógrafo coletou as informações sobre população e área territorial dos locais de seu interesse, obtendo os dados apresentados no quadro, referentes ao ano de 2014. População (Nº habitantes) Área Malta 400.000 300 Brasil 200.000.000 9.000.000 México 120.000.000 2.000.000 Namíbia 2.000.000 820.000 Ilha Norfolk 1.841 35 Disponível em: www.indexmundi.com.Acesso em: 13 nov. 2015 (adaptado). Para cumprir seu objetivo de visita, qual dos locais apresentados deverá ser o escolhido pelo geógrafo? a) Malta. b) Brasil. c) México. d) Namíbia. e) Ilha Norfolk. QUESTÃO 05 (Enem) - Em um país, as infrações de trânsito são classificadas de acordo com sua gravidade. Infrações dos tipos leves e médias acrescentam, res- pectivamente, 3 e 4 pontos na carteira de habilitação do infrator, além de multas a serem pagas. Um moto- rista cometeu 5 infrações de trânsito. Em consequên- cia teve 17 pontos acrescentados em sua carteira de habilitação. Qual é a razão entre o número de infrações do tipo leve e o número de infrações do tipo média co- metidas por esse motorista? a) b) c) d) e) QUESTÃO 06 (Enem) - A caixa-d’água de um edifício terá a forma de um paralelepípedo retângulo reto com volume igual a litros. Em uma maquete que representa o edifício, a caixa-d’água tem dimensões 2 cm x 3,51 cm x 4 cm. (Dado: 1 dm3 = 1 L.) A escala usada pelo arquiteto foi: a) 1 : 10 b) 1 : 100 c) 1 : 1000 d) 1: 10000 e) 1 : 100000 QUESTÃO 07 (Enem) - Para chegar à universidade, um estudante utiliza um metrô e, depois, tem duas opções: - seguir num ônibus, percorrendo 2,0km; - alugar uma bicicleta, ao lado da estação do metrô, se- guindo 3,0 km pela ciclovia. O quadro fornece as velocidades médias do ônibus e da bicicleta, em no trajeto metrô-universidade. Dia da semana Velocidade média Ônibus Bicicleta Segunda-feira 9 15 Terça-feira 20 22 Quarta-feira 15 24 Quinta-feira 12 15 Sexta-feira 10 18 Sábado 30 16 A fim de poupar tempo no deslocamento para a univer- sidade, em quais dias o aluno deve seguir pela ciclovia? a) Às segundas, quintas e sextas-feiras. b) Às terças e quintas-feiras e aos sábados. c) Às segundas, quartas e sextas-feiras. d) Às terças, quartas e sextas-feiras. e) Às terças e quartas-feiras e aos sábados. QUESTÃO 08 (Enem) - Comum em lançamentos de empreendimentos imobiliários, as maquetes de con- domínios funcionam como uma ótima ferramenta de marketing para as construtoras, pois, além de encantar clientes, auxiliam de maneira significativa os correto- res na negociação e venda de imóveis. Um condomínio está sendo lançado em um novo bairro de uma cidade. Na maquete projetada pela construtora, em escala de 1 : 200 existe um reservatório de água com capacidade44 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br RAZÃO E PROPORÇÃO de 45 cm3. Quando todas as famílias estiverem residin- do no condomínio, a estimativa é que, por dia, sejam consumidos 30.000 litros de água. Em uma eventual falta de água, o reservatório cheio será sufi ciente para abastecer o condomínio por quantos dias? a) 30 b) 15 c) 12 d) 6 e) 3 QUESTÃO 9 (Enem) - Os exercícios físicos são recomen- dados para o bom funcionamento do organismo, pois aceleram o metabolismo e, em consequência, elevam o consumo de calorias. No gráfi co, estão registrados os valores calóricos, em kcal gastos em cinco diferentes atividades físicas, em função do tempo dedicado às ati- vidades, contado em minuto. Qual dessas atividades físicas proporciona o maior consumo de quilocalorias por minuto? a) I b) II c) III d) IV e) V QUESTÃO 10 (Enem) - Numa atividade de treinamen- to realizada no Exército de um determinado país, três equipes – Alpha, Beta e Gama – foram designadas a percorrer diferentes caminhos, todos com os mesmos pontos de partida e de chegada. - A equipe Alpha realizou seu percurso em minutos com uma velocidade média de - A equipe Beta também percorreu sua trajetória em minutos, mas sua velocidade média foi de - Com uma velocidade média de a equipe Gama con- cluiu seu caminho em minutos. Com base nesses dados, foram comparadas as distân- cias e percorridas pelas três equipes. A ordem das dis- tâncias percorridas pelas equipes Alpha, Beta e Gama é : a) dGama < dBeta < dAlpha b) dAlpha = dBeta < dGama c) dGama < dBeta = dAlpha d) dBeta < dAlpha < dGama e) dGama < dAlpha < dBeta GABARITO - EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 E A D A B B C C B A CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 45 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS MÓDULO II 46 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA Ocupação e povoamento do litoral - Durante o perí- odo colonial (séculos XVI a XVIII), a ocupação das terras brasileiras pelos portugueses fez-se através de distintas atividades econômicas. Nos primeiros tempos, foram ocupados apenas alguns pontos do litoral, onde era extraído o pau-brasil. A partir de meados do século XVI, com o início do cultivo da cana-de-açúcar, intensificou- -se a ocupação do litoral nordestino, seguida pela ex- pansão para o Agreste e o Sertão, com a atividade pe- cuária. No mesmo período, parte das atuais regiões Sul e Cen- tro-Oeste do Brasil era explorada pelo bandeirismo apre- sador. Iniciava-se, também, a colonização do interior da Região Sul, patrocinada pela Metrópole portuguesa. No final do século XVII, o bandeirismo prospector deu início à ocupação da região das minas de ouro. Simul- taneamente, a metrópole iniciou o esforço de explo- ração da Região Amazônica. A seguir, veremos, mais detalhadamente, todos os passos dessa expansão. Cana-de-açúcar - Diante das ameaças de perda do ter- ritório pelas pressões políticas e invasões promovidas pela Inglaterra, Holanda e França, Portugal resolveu realizar uma ocupação mais efetiva das terras recém- -conquistadas. Animado com a experiência de explo- ração econômica em suas colônias das costas e ilhas africanas, e pelos altos preços do açúcar na Europa, Portugal decidiu introduzir o cultivo da cana-de-açú- car no litoral brasileiro. A preferência portuguesa pelos pontos litorâneo explicava-se por três razões: • As condições naturais do litoral nordestino (solo de massapê, clima quente e úmido, madeira abun- dante para as fornalhas e rios que favoreciam o transporte) facilitavam a instalação de empreen- dimentos agrícolas de grande envergadura; • O litoral era o ponto do território brasileiro mais pró- ximo dos mercados europeus. Isso tornava mais barato o frete dos produtos exportados, conferin- do maiores lucros aos colonos e comerciantes; • O litoral propiciava as melhores condições para defesa da terra, frequentemente ameaçada pelo estrangeiros. Economia canavieira - A atividade açucareira exigiu a as- sociação da experiência técnica portuguesa na produção com os capitais holandeses na comercialização. Lembre- mos que esse tipo de empreendimento comercial exigia o investimento de grande soma de dinheiro de que os ca- pitalistas portugueses, na época, não dispunham. Para resolver o problema da mão-de-obra, isto é, reunir pes- soas que trabalhassem nos engenhos, Portugal optou pela utilização do trabalho escravo dos negros africanos. Esta pre- ferência pode ser compreendida se atentarmos para o fato de que o tráfico de escravos abria um novo e importante setor do comércio, ou seja, de uma só vez resolvia-se o pro- blema do trabalho e abria-se mais uma fonte de lucros. A exploração teve início com a fundação da Capitania de São Vicente, em 1532. O povoamento litorâneo am- pliou-se com os sistemas das capitanias hereditárias e do governo-geral. No final do século XVI, eram três principais cidades do Brasil: • Salvador, a capital. • São Sebastião do Rio de Janeiro. • Filipéia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa. Em 1570: já existiam no Brasil 60 engenhos. Em fins do século XVI, o número tinha duplicado para 120 en- genhos, dos quais 62 estavam em Pernambuco, 36 na Bahia, e os restantes nas demais capitanias. Na Capitania de São Vicente, o cultivo cana-de-açúcar não progrediu devido às condições desfavoráveis do litoral paulista. Nessa região, a cana logo substituída pela policultura de subsistência, com mão-de-obra escrava indígena, e a economia açucareira ficou mais concentrada rio litoral do Nordeste. Engenho era o nome da grande propriedade voltada para a produção do açúcar. Compunha-se de algumas construções básicas: • Casa grande – residência do senhor-de-engenho. Nela moravam o senhor e toda sua família, além de empregados de confiança (capatazes), que cuidavam de sua segurança pessoal. A casa- -grande era o centro de comando de toda ativi- dade econômica e social do engenho. • Capela – nos domingos e dias santos, era o centro de reunião de toda a comunidade, assim como nos batizados, casamentos e funerais. • Senzala – era a habitação pobre dos escravos. • Casa-de-engenho – abrangia todas as instalações destinadas ao preparo do açúcar. Entre elas, cita- se a moenda onde se moia a cana para extração do caldo; as fornalhas ou caldeiras, onde o caldo era devidamente fervido e purificado em gran- des tachos de cobre; a casa-de-purgar, onde o açúcar, depois de refinado e condensado, era le- vado para ser branqueado — e os galpões, onde os blocos de açúcar eram quebrados em várias 47 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA partes e reduzidos a pó. Características da sociedade açucareira - Sociedade rural - A vida econômica baseava-se pre- dominante na agricultura, com quase toda a popula- ção habitando o campo. Sociedade aristocrática - Era dominada pelos ricos proprie- tários e donos de todas as riquezas materiais da Colônia. Sociedade patriarcal - O proprietário rural plenos po- deres sobre sua família e seus escravos. Esses poderes eram estendidos para toda a sociedade próxima: como dono das riquezas materiais (terra, lavoura, gado, es- cravos etc.), o senhor considerava toda a população não-proprietária dependente dele. Sociedade escravista - A força de trabalho baseava- -se no escravo, no índio e no negro. A acumulação de riquezas do senhor, provinha da exploração realizada sobre o trabalho escravo. A sociedade era formada, basicamente, por duas clas- ses antagônicas: a dos senhores proprietários e a dos trabalhadores escravos. Entre essas classes, circula- vam um contingente populacional menos numeroso, composto de forros, mestiços, mascates, rendeiros e agregados, todos sem posição definida. Ainda que os escravos pudessem comprar ou ganhar a liberdade, a ascenção econômica era quase impossível. Base da colônia de exploração monocultura- • Escravidão • Latifúndio • Mercado externo Ocupação do interior pecuária - No Brasil, a pecuária foi responsável pela ocupação de duas importantes re- giões: o interior do Nordeste e o Interior do Sul. No Nordeste, o gado bovino foi introduzido em 1549. No início, era criado nas próprias terras ocupadas pe- los engenhos e plantações. Com a expansão da lavou- ra canavieira e o crescimento natural dos rebanhos, a coexistência dessas duas atividades, em uma mesma propriedade ficou inviável. Lentamente, os rebanhos penetraram em direção ao interior da região. O avanço para o agreste foi facilitado pelas seguintes condições: • Pastagens naturais oferecidas pela vegetação de cerrado e de caatinga. • Existência de sal-gema no solo e subsolo, o qual supria as necessidades do gado, abundância e perenidade das águas do rio São Francisco favo- recendo a formação de fazendas. • Clima quente durante todo o ano, dispensando gastos com a construção de estábulos para o pe- ríodos frios. O fenômeno do bandeirantismo - Bandeirismo apresador - Após o fracasso da produ- ção de cana-de-açúcar no litoral paulista, os colonos tiveram que procurar outros recursos para comple- mentar a sobrevivência. Ávidos de riquezas minerais, os colonos de São Vicente, de Santos e, mais tarde, de São Paulo, avançaram para o interior. A interiorização iniciou-se com a fundação, em 1533, de Santo André da Borda do Campo. Em 1554, os padres jesuítas Ma- nuel de Nóbrega e José de Anchieta fundaram o colé- gio que originou São Paulo de Piratininga. As primeiras bandeiras a saírem pelo sertão perse- guiam apenas os índios, selvagens que não manti- nham contato com o homem branco. Logo depois, elas passaram a atacar também os índios já catequizados, que habitavam os aldeamentos religiosos organizados pelos jesuítas. Os compradores de escravos paulistas, vicentinos e baianos preferiam os índios vindos das missões, pois já sabiam trabalhar na lavoura e realizar uma série de outros ofícios aprendidos com os jesuítas. As missões ou reduções jesuíticas, estavam localizadas nos atuais Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Eram verdadeiros “viveiros de índios”. Quando os bandeirantes ali chegavam, as aldeias eram destruídas e os índios escravizados. Sertanismo de contrato - O sertanismo (ou bandei- rismo) de contrato era formado por expedições con- tratadas por grandes proprietários de engenhos ou de gado para capturar escravos fugido das lavouras, arra- sar quilombos e submeter as populações indígenas. Por aniquilarem milhares de índios que resistiam ao avanço da pecuária no sertão nordestino (Ceará, Piauí e Maranháo) e destruírem quilombos da região, o ser- tanismo de contrato assegurou aos grandes proprietá- rios a posse de largas extensões das terras. Os índios foram expulsos para regiões mais remotas e, os negros e mestiços sobreviventes ao massacre dos quilombos retomaram à condição de cativos. Bandeirismo prospector - Com a decadência da pro- dução da cana-de-açúcar no Nordeste (final do século XVII), os senhores-de-engenho pararam de comprar escravos negros e índios. Com isso, o bandeirismo apresador perdeu seu principal comprador. Foi, então, paulatinamente, desativado e canalizado para a procu- ra de metais preciosos. Encontrar ouro no Brasil sempre foi um ardente desejo de Portugal, principalmente depois que os espanhóis encontraram ouro e prata em suas colônias da Amé- rica. Com o fim da União Ibérica (1641), Portugal atra- vessava grave crise econômica. O próprio rei chegou, 48 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA em 1574, a redigir cartas aos bandeirantes paulistas, encorajando-os, a procurar riquezas minerais, e ofere- cendo prêmio, privilégios e honrarias àqueles que en- contrassem metais preciosos. No início do século XVII, o ouro já tinha sido encontra- do na Vila, de São Vicente, em São Paulo, na região de Curitiba e Paranaguá, porém em quantidades reduzi- das. Diante disso, os bandeirantes resolveram entrar no sertão à procura de jazidas mais fecundas. Com o bandeirismo prospector, a exploração dos rios Paranapanema e Tietê, principais canais de penetração do bandeirismo apresador, foi substituída pela o Rio de Paraíba do Sul. Seguindo o curso deste rio, os bandei- rantes atingiram o Rio das Velhas (Minas Gerais), onde realizaram as primeiras descobertas de ouro, em 1693. Monções - Com a notícia da descoberta do ouro, mi- lhares de pessoas dirigiram-se para áreas do interior do Brasil, cujo acesso era dificílimo. Formaram-se ex- pedições fluviais, denominadas “monções”, que percor- riam o sertão matogrossense, seguindo os cursos dos rios Paraná, Pardo, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá. As monções, ao mesmo tempo que procuravam ouro, comerciavam com as populações estabelecidas na re- gião. O roteiro dessas expedições, que iam do Rio Tietê (Porto Feliz) até o Rio Cuiabá, era interrompido por cer- ca de 113 cachoeiras, e eram gastos pelo menos cinco meses de viagem para percorrê-lo. A mineração no Brasil colônia - Depois da descoberta de jazidas de ouro e de diamantes, no final do século XVII, Portugal iniciou a exploração dessas riquezas no Brasil. A região mineradora ia da Serra da Mantiqueira até Cuiabá, atraindo correntes de povoamento espontâ- neo de várias regiões da Colônia e da Metrópole. O ouro era extraído de duas maneiras: • faiscação – extração do ouro realizada nas areias dos rios e dos riachos. O faisqueiro trabalhava sozinho ali com poucos ajudantes. A mão-de- -obra era geralmente livre. • lavra – extração do ouro nas grandes jazidas. Pre- dominava uso da mão-de-obra escrava. A intendência das Minas era o órgão responsável pelo policiamento da mineração, pela fiscalização e direção da exploração das jazidas. Funcionava como tribunal e realizava a cobrança dos impostos. Pela lei portuguesa, toda descoberta de jazida deveria ser comunicada à In- tendência para, mais tarde, os lotes serem distribuídos. O descobridor da jazida tinha o direito de escolher os dois primeiros lotes, o terceiro cabia à Coroa, e os restantes eram sorteados entre as pessoas interessadas que faziam seu pedido junto à intendência. Para estes, o tamanho do lote variava de acordo com o número de escravos que o interessado possuía para trabalhar na jazida. Pela extração do ouro, Portugal também cobrava o quinto. Mas, após 1750, o governo português substi- tuiu a cobrança do quinto pela de uma taxa fixa anual de 100 arrobas de ouro (1500 quilos). Com a decadên- cia da mineração, esta taxa criou sérios problemas para a população mineira. Nas casas de fundição, como o próprio nome explica, fundia-se em barras todo o ouro extraído. De cada cinco barras, uma pertencia a Por- tugal (como cobrança do quinto). Outro objetivo das casas de fundição era conter o contrabando do ouro em pó que circulava na colônia, principalmente, na compra de mercadorias de primeira necessidade como alimentos, vestimentas e calçados. A exploração de diamantes, cujas jazidas eram muito modesta, era livre, Portugal cobrava o quinto (20%) do que fosse encontrado. A partir de 1740, o diamante só pôde ser extraído por aqueles que faziam um contrato com o governo português (os contratadores). Depois de 1771, a extração passou a ser monopólio da Coroa. Contando com os metais preciosos, Portugal superou, temporariamente, a crise de sua economia, sem rom- per com a dependência inglesa. Mas, a partir de 1703, com o Tratado de Methuen (abertura dos mercados ingleses ao vinho português. em troca da abertura dos mercados lusitanos aos tecidos ingleses), aprofun- douse o déficit comercial português e a dependência em relação à Inglaterra. Para cobrir este déficit, grande parte do ouro e dos diamantes explorados no Brasil foi transferido para os cofres ingleses. No final do século XVIII, teve início a decadência da produção do ouro, provocada pelo esgotamento das jazidas e pelo uso de técnicas precárias e rudimentares. Ainda quetenha sido uma economia de caráter mais regional, foi a mineração que, na colônia, promoveu um relativo progresso. Gerou uma incipiente urbaniza- ção, formou um mercado interno e promoveu um ra- zoável desenvolvimento cultural. Foi na região de mi- neração que se formou a primeira elite intelectualizada da colônia, a qual, influenciada pelas Ideias Iluministas, se opôs à exploração metropolitana. Outro resultado da mineração foi a transferência da sede do governo de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763. Como nesta cidade estava o porto pelo qual o ouro brasileiro era exportado para a Europa, a intenção do governo era melhor administrar e fiscalizar a circulação de metais preciosos. Movimentos Nativistas - A função básica do sistema colonial implantado no Brasil era explorar ao máximo as riquezas da possessão e promover o enriquecimento da Metrópole. Aqui, as classes proprietárias não esboçavam qualquer reação contrária à exploração metropolitana, 49 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA contentando-se com as poucas riquezas que ficavam na colônia e que lhes asseguravam a acumulação. Essas classes somente se rebelaram quando se senti- ram prejudicadas pelo boicote do desenvolvimento da Colônia, através de medidas como: • Proibição do ofício de ourives, para evitar extravio do ouro (1751); • Proibição de todas as manufaturas têxteis, exceto aquelas que produziam panos grosseiros de algo- dão, destinados à vestimenta dos escravos (1785); • Proibição da instalação de indústria de ferro, obri- gando os colonos a importar as ferramentas de que necessitavam (1795). Portanto as primeiras manifestações nativistas represen- tavam a luta de uma parcela da população nascida na Colônia — as elites proprietárias — em defesa de seus bens materiais (a terra, as propriedades e o comércio). Analisando essas revoltas ou rebeliões, podemos dividi-las em: • Rebeliões de natureza econômica e política con- tra a Metrópole: Aclamação de Amador Bueno (SP1641 ); Revolta de Beckman (MA-1684); Re- volta de Filipe dos Santos (MG-1720); • Rebeliões de cunho regionalista e econômico: Guerra dos Emboabas (MG-1708), Guerra dos Mascates (PE-1710); • Rebeliões com objetivo de separação política: Con- juração Mineira (MG-1789) e Conjuração Baiana (BA-1798), Revolução Pernambucana (PE-1817). Aclamação de Amador Bueno (1641) - Em meados do século XVII, a população de São Paulo sobrevivia da agricultura de subsistência, contando com a mão-de- -obra indígena. Pressionada pelos jesuítas, a Metrópo- le passou a reprimir a escravização dos índios. Neste sentido, o Governador-geral Dom Jorge de Mas- carenhas tentou um acordo com os colonos paulista- nos para que não mais se utilizasse o trabalho escravo indígena. Reunidos na Câmara Municipal, os colonos rejeitaram a intervenção metropolitana e decidiram transformar a Vila de São Paulo em reino, aclamando Amador Bueno da Ribeira seu primeiro rei. Declarando-se fiel ao rei de Portugal, Amador Bueno não aceitou a coroa que lhe era oferecida. Dois dias de- pois as autoridades pacificaram a população. Revolta de Beckman (1684) - Em 1680, a coroa portu- guesa proibiu a escravização de índios no Brasil. Mas, no Maranhão, a indústria açucareira via tempos difíceis e não havia recursos para realizar a necessária reposição da mão-de-obra escrava negra. Optou-se pela compra de índios capturados pelas tropas de resgate nas missões religiosas do norte, apesar da forte oposição aos Jesuítas. Para tentar resolver o problema e melhorar o abaste- cimento de gêneros naquela região, o governo portu- guês criou, em 1682, a Companhia de Comércio do Es- tado do Maranhão. Essa empresa recebeu o monopólio do comércio da região e se obrigaria a abastecer de escravos negros os empreendimentos agrícolas. Dona do monopólio do trigo, vinho, bacalhau e azeite, a em- presa aumentou o preço desses produtos e deixou de cumprir o trato do fornecimento da mão-deobra. Liderados pelos irmãos Beckman, comerciantes e pro- prietários rurais rebelaram-se e criaram uma junta de go- verno composta por dois membros de cada classe social. O novo governo extinguiu a Companhia de Comércio, abolindo o direito exclusivo do Estado português de explorar o comércio de certas mercadorias com sua colônia (estando), expulsou os jesuítas e enviou Tomás Beckman para negociar com o rei, em Lisboa. O emis- sário foi aprisionado e reconduzido ao Maranhão, vi- sando a atrair os rebeldes e facilitar a repressão. O comando da repressão foi entregue a Gomes Freire de Andrade, nomeado também novo governador do Maranhão. Este, depois de prender os principais líderes da rebelião e autorizar a execução de Jorge Sampaio e Manuel Beckman, restabeleceu a autoridade metropo- litana, restaurando a Companhia de Comércio e autori- zando o retorno dos jesuítas. Guerra dos Emboabas (1709) - A descoberta de me- tais preciosos na região das Minas provocou um rápi- do povoamento nessa região. Construíram se vilarejos que logo se transformaram em filas e cidades. Foi em uma dessas cidades, Vila Rica (maior centro populacio- nal das Minas), que eclodiu a Guerra dos Emboabas. Foi uma rebelião de interesses econômicos e políticos que envolveu os paulistas descobridores e primeiros povoadores e os forasteiros ou emboabas. Cada um dos de grupos queria exclusividade sobre a exploração mineral e comercial da região mineira. Depois de vários conflitos vencidos pelos emboabas, Ma- nuel Nunes Viana foi aclamado Governador das Minas e os paulistas abandonaram a região em busca de novas jazidas. Para evitar novos conflitos, o rei Dom João V, em 1709, separou a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro da jurisdição do Rio de Janeiro e nomeou Antônio de Al- buquerque seu primeiro governador. Esse momento coincidiu com a época das monções, a última fase da expansão bandeirante em direção ao centro-oeste. Expulsos das Minas Gerais, muitos paulis- tas, participando das monções, descobriram ouro em Goiás e Mato Grosso. 50 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA Guerra dos Mascates (1710) - A expulsão dos holan- deses do Nordeste e a competição antilhana criaram muitas dificuldades para as empresas açucareiras nor- destinas. Sofrendo a crise dos preços do açúcar, os se- nhores-de-engenho de Olinda começaram a recorrer aos comerciantes portugueses do vizinho povoado do Recife, os quais lhes faziam empréstimos a juros altos. Enquanto os comerciantes portugueses de Recife (mascates) prosperavam em seus negócios, os senho- res-de-engenho tornavam-se, dia-a-dia, mais endivi- dados, até chegarem a perder parte de suas proprieda- des rurais para os mascates recifenses. O rei de Portugal, Dom João V, atendendo o pedido dos comerciantes, elevou Recite, até então comarca subordi- nada à câmara municipal de Olinda, à condição de vila. Insatisfeitos, os senhores-de-engenho de Olinda organi- zaram uma rebelião e, liderados por Bernardo Vieira de Melo, invadiram Recife, derrubando o pelourinho da cida- de. Com esse ato, Recife retomou à condição de comarca. Com a invasão, os comerciantes de Recife fugiram para não serem capturados. O bispo Manuel Álvares da Costa foi indicado governador pelos revoltos e encarregado de encaminhar suas exigências ao governo de Portugal. Os mascates, apoiados por forças da Paraíba e coman- dados por João da mata, contra-atacaram invadindo Olinda e prendendo o bispo. Depois de fugir da prisão e renunciar ao cargo de governador, o bispo nomeou uma junta governativa para substituí-lo. Somente em 1711, com a chegada do novo governa- dor indicado pela coroa portuguesa, Félix José Ma- chado de Mendonça, o cerco terminou. O novo gover- nador comandou violenta repressão aos revoltosos. Bernardo Vieira de Melo e outros líderes foram presos e condenados ao exílio. Os mascates reassumiram suas posições e Recife retornou à condição de vila indepen- dente. Como centro principal da 1ª Capitania de Per- nambuco, Recife passou a capital. Revoltade Vila Rica (1720) - A implantação das casas de fundição, em 1719, visando a controlar a economia mineradora e aumentar a arrecadação fiscal, descon- tentou a classe proprietária das Minas, já insatisfeita com os altos impostos. A revolta eclodiu em 1720, na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto). Chefiada por Manuel Mosqueira da Rosa, Se- bastião da Veiga Cabral e Filipe dos Santos, entre outros. A revolta tinha como objetivos: • Extinguir as casas de fundição; • Revogar a proibição do uso do ouro em pó; • Reduzir os impostos; • Extinguir o monopólio da Coroa sobre o sal, o gado, o fumo e a aguardente. Cerca de dois mil revoltos dirigiram-se para Ribeirão do Carmo (atual Mariana), afim de pressionar o governa- dor das Minas, Dom Pedro de Almeida — Conde de As- sumar — a atender suas exigências. No entanto, alguns dias depois, a população de Vila Rica foi surpreendida com a repressão dos “dragões da cavalaria” e a prisão dos principais líderes: Filipe dos Santos (enforcado e esquartejado), Manuel Mosqueira da Rosa, Sebastião da Veiga Cabral e Tomé Afonso Pereira. Mais uma vez, o governo metropolitano resolvia as ques- tões coloniais de forma arbitrária, sem levar em conta as reivindicações cada vez mais explosivas da população. Movimentos Emancipacionistas (séc. XVIII) - A Inconfidência Mineira (1789) - Dentre as rebeliões ocorridas nos séculos XVII e XVIII, a que mais repercutiu foi a Inconfidência Mineira, tanto pela amplitude, pois envolveu numerosos setores da população, quanto pelo caráter de contestação do próprio sistema colo- nial. Na época, as minas já se esgotavam e o governo insistia em medidas antipáticas e prejudiciais à popu- lação e aos mineradores: • Queria todos trabalhando nas minas, ambicionan- do por mais ouro; • Proibia engenhos na região, para não deslocar es- cravos da extração do metal; • Mantinha o monopólio do sal nas mãos de alguns comerciantes; • Fechou fábricas de tecidos; os brasileiros tinham de comprar tecidos de Portugal; • Proibia o uso de estradas para o litoral, temendo o contrabando de ouro; • Cobrava quintos atrasados, mesmo diante da que- da da produção. Tais medidas fortaleciam o sentimento de liberdade, independência, cada vez mais forte. Contribuíam para alimentar tal sentimento as ideias vindas do norte, das colônias inglesas recém-libertadas da Inglaterra (Esta- dos Unidos, 1776), e da Europa, trazidas por estudantes brasileiros que de lá voltavam. O descontentamento se generaliza, mas faltava a organi- zação do movimento. Para isso, uniram-se poetas, escrito- res, mineradores, militares, padres e populares. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, era um militante desta- cado: vivia viajando pela região, para conquistar adeptos. O que pretendiam os conspiradores? Os planos esta- beleciam que o movimento armado eclodiria no dia em que começasse a cobrança de impostos atrasados. Vitoriosos, os conspiradores proclamariam a Repúbli- ca, criariam uma Universidade em Vila Rica e fundariam fábricas por todo o país. Um traidor infiltrado, avisou o governador, que suspendeu a derrama e mandou prender os principais líderes. 51 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA Conjuração Baiana (1798) - Na Bahia também cres- cia a insatisfação com a carestia, a falta de produtos, os baixos soldos etc. E também corriam de boca em boca as ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, que ecoavam da recente Revolução Francesa (1789). Para discutir e divulgar essas ideias, a burguesia baiana fun- dou a loja maçônica Cavaleiros da Luz. Em 12 de agosto de 1798, Salvador amanheceu com papeis afixados nas casas, exaltando o povo à revo- lução. Os panfletos falavam em República, liberdade, igualdade, melhores soldos para os soldados, promo- ção de oficiais, comércio com todos os povos etc. Um traidor denunciou ao governo dia, hora e local da reu- nião que daria início ao movimento. Alguns conspira- dores conseguiram fugir, mas 49 foram presos, entre eles nove escravos e três mulheres. Nenhum dos Cavaleiros da Luz estava entre os presos. Os advogados de defesa mostraram que a linguagem dos panfletos estava acima das possibilidade intelectuais dos acusados, homens simples. Mas quatro foram condena- dos à morte: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas de Amorim Torres, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos. Os outros foram expulsos do Brasil. Para o historiador Afonso Ruy, a conspiração de 1798 foi a primeira revolução social brasileira, por não se tra- tar de simples motim de quartel, inquietação de des- contentes ao levante de escravos, mas sim de “trabalho lento, persistente, de massas doutrinada”, que pleitea- va um governo “onde todas as classes colaborassem”, prometendo extinguir “privilégios e restrições à pro- priedade dos produtos comerciáveis com escoadouro franco nos portos, abertos a todas as nações, além da independência espiritual, com a fundação da igreja brasileira América, desligada da Cúria romana”. A Conjuração também ficou conhecida como Revolta dos Alfaiates, pelo grande número desses profissionais envolvidos, ao lado de homens letrados e padres, tam- bém participaram homens simples, como mulatos, ne- gros libertos e mesmo escravos. A vinda da família real para o Brasil e a conjuntura europeia no século XIX - Em 1807, a Europa estava, praticamente sob o jugo napoleônico. A Inglaterra, contudo, apresentava-se irredutível, e em torno dela aglutinavam-se todas as forças que resistiam ao predo- mínio do imperador francês. Portugal, tradicional aliado da Inglaterra, viu-se ameaçado pela França no sentido de aceitar o bloqueio continental. A exigência francesa chegou ao extremo: no dia 30 de novembro de 1807, o exército francês, comandado por Junot, ocupou Lisboa. Porém, no dia anterior, a Família Real portuguesa, cerca de 10.000 pessoas da aristocra- cia portuguesa, havia embarcado para o Brasil. A decisão de transferir a Corte para o Brasil foi tomada após um período de hesitação do regente, pois este pretendia manter-se neutro com relação a competição anglo-francesa. Contudo, a ideia não era nova. Desde o século XVIII ha- via em Portugal partidários da solução brasileira, isto é, da ideia de se dar uma nova estrutura a organização do Reino português, instalando sua sede no Brasil, que era sua colônia mais rica e, por isso, a parte mais dinâmi- ca dos domínios portugueses afinal, desde a época de Pombal, se reconhecia que Portugal, sem o Brasil, seria uma insignificante potência. Assim, ante essa competição internacional, polariza- da pelas duas nações mais prominentes, a ideia de se transferir a Corte para o Brasil foi logo lembrada. A primeira medida de D. João: a abertura dos portos - Logo após o desembarque, ainda em Salvador o go- vernante português declarou abertos, em caráter pro- visório, os portos da colônia a “todas as nações amigas”, franqueando-os ao comércio internacional (Carta Ré- gia de 28 de janeiro de 1808). Essa medida, aconselhada por José da Silva Lisboa (fu- turo Visconde de Cairu), correspondeu a uma imposição da nova realidade implantada com o advento da Corte lusa, ou seja, à necessidade de fornecer recursos ao erá- rio público para a montagem de um aparelho adminis- trativo no Brasil. Dessa necessidade resultou a principal consequência da abertura dos portos: a fixação da tarifa alfandegária única de 2% a 24%. A abertura dos portos teve ainda outras consequ- ências importantes: • Fez diminuir consideravelmente o contrabando, atividade até então em franco progresso na colônia brasileira; • Forneceu recursos à real fazenda; • Estimulou as trocas internacionais; • Impossibilitou, em virtude do grande fluxo de mercadorias estrangeiras, o surgimento de ma- nufaturas brasileiras; • Deu status de cidade aos portos instituídos oficial- mente (além disso, a grande afluência de naus estrangeiras aumentou a importância dos portos do Rio de Janeiro, Salvador, Recife. São Luís, Belém em menor escala, Desterro,Rio Grande e Santos). Em decorrência do ato de abertura dos portos, a Ingla- terra, cujas manufaturas inundaram o mercado da co- lônia, praticamente excluiu a burguesia portuguesa do comércio brasileiro. Eliminadas as restrições monopo- listas do Pacto Colonial (o “exclusivo”), base em que se assentara a dominação metropolitara, Portugal, e sua camada mercantil passaram a não dispor de condições 52 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA para enfrentar a concorrência estrangeira. Além disso, a Grã-Bretanha logo cuidaria, de preservar a liberdade comercial de que se fizera a grande beneficiária. Em 1810, Lord Strangford — apoiada na maciça presen- ça naval inglesa em águas brasileiras — e Rodrigo de Sousa Coutinho, líder de facção anglófila que cercava o príncipe regente, firmaram dois tratados. Um deles dispunha sobre comércio e navegação, e o outro sobre amizade e alianças. Ambos confirmaram o controle bri- tânico sobre a vida econômica e financeira do Brasil. Dentre as obrigações que compunha esses acordos destacavam-se as seguintes: • Tarifas alfandegárias preferencias para as merca- dorias inglêsas (no decreto de abertura dos por- tos fixa-se um direito geral de importação para todas 18 nações de 24% ad valorem. As merca- dorias portuguesas seriam beneficiadas pouco depois, com uma taxa reduzida de 160%). Pelo Tratado de 1810, a Inglaterra obteve a tarifa pre- ferencial de 15%, mais favorável, portanto, a pró- pria outorgada a Portugal.” (Caio Prado Júnior) • D. João obrigava-se a não permitir o estabeleci- mento da Inquisição da América portuguesa. • O príncipe regente comprometia-se a abolir gradu- almente o tráfico de escravos negros para o Brasil. • Os súditos ingleses residentes no Brasil escolhe- riam seus próprios juízes: entretanto, nos domí- nios britânicos, os cidadãos luso-brasileiros esta- riam sujeitos à legislação britânica. Brasil, reino unido a Portugal - Os mapas políticos da Europa, que haviam sido profundamente alterados com as campanhas militares francesas, deveriam ser reorganizadas e as Dinastias depostas reconduzidas aos seus respectivos tronos. Com esses objetivos foi organizado o Congresso de Viena. Nele tiveram maior destaque Talleyrand, repre- sentante francês, defensor do “Princípio da Legitimi- dade” , segundo o qual as fronteiras deveriam voltar aos limites anteriores a Revolução Francesa. Com essa proposta os franceses, não queriam ganhar, mas evi- tar perder; e também Metternich, chanceler austríaco, autor da propositura do “Direito de Intervenção” dos regimes absolutistas nos países onde as ideias republi- canas os ameaçassem. Para Portugal ter representatividade no Congresso de Viena D. João elevou o Brasil à condição de Reino Uni- do. Dessa maneira terminou oficialmente o período colonial de nosso país (16/12/1815). Se na prática o Brasil deixara de ser colônia com a as- sinatura do Alvará de Abertura dos Portos (12/1/1808), que pôs fim ao monopólio comercial português sobre a economia brasileira, oficialmente, o Pacto Colonial só acabou em 1815. Realizações de D. João no Brasil • A criação do criação do Teatro Real de São João; • A fundação da Biblioteca Real; • A criação da Imprensa Régia; • A criação do jornal, a Gazeta do Rio de Janeiro; • A fundação da Escola de Medicina; • A criação da Academia Militar; • A fundação do Banco do Brasil; • A criação da Casa da Moeda. A Revolução do Porto - A característica principal de uma revolução é o fato de promover transformações estruturais, a ruptura comum modo de produção e a implantação de outro. Muitos dos episódios históricos denominados de revo- luções a rigor não são, a mudança de um governo por outro, mantendo-se os mesmos segmentos sociais no poder, representa muito mais um golpe de Estado do que uma revolução. Foi o caso do movimento contestador da cidade do Porto. Realizado pela burguesia comercial lusitana, prejudicada com a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional, ela escondia através de suas manifestações políticas liberais o seu real objetivo eco- nômico: a recolonização do Brasil. Querer voltar ao passado equivale a fazer a roda da his- tória a girar para trás. O passado só ocupa o espaço da memória, perde-se no labirinto dos neurônios. Tentar reeditá-lo não tem sentido, visto que essa seria uma nova situação, jamais igual a anterior. Pense um pouco, você está apaixonado(a) e por um dos enigmas da vida a pessoa que ama eclipsou-se, e naquele preciso instante em que a revê, sua adrenalina o(a) empurra a repetir aquele beijo inesquecível, aque- le momento inigualável; não será o mesmo e sim outro beijo, outro momento, até mesmo maravilhosos, mas de qualquer modo, uma outra situação. Fazemos coi- sas parecidas a cada dia, nunca iguais. Os objetivos da Revolução - A invasão francesa a Por- tugal havia pintado o país com o vermelho do sangue e o amarelo da fome. Sua economia declinou. Sem a grandeza do Brasil, sua principal colônia, Portugal as- sumiu sua pequenez. Voltar a sentir-se grande era para a burguesia portu- guesa mais do que um objetivo, uma questão de hon- ra. Em agosto de 1820, alguns burgueses integrantes de uma sociedade secreta chamada Sinédrio, se pro- puseram eleger uma Junta Provincial Preparatória das 53 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br HISTÓRIA Cortes, a qual se responsabilizaria pela elaboração de uma Constituição para Portugal. A imposição de uma lei acima do rei implica pôr fim ao regime absolutista, reduzindo a autoridade, do mo- narca. Assim o centro do poder decisório desloca-se do palácio real para o Parlamento. Expulsar o governante inglês Beresford e forçar o retor- no da Família Real para Lisboa foram outros objetivos do movimento liberal da cidade do Porto. Vale lembrar, liberal para Portugal, colonialista em relação ao Brasil. Entretanto o principal objetivo da burguesia portuguesa era de fechar os portos brasileiros ao comércio interna- cional e restabelecer a exclusividade de seu monopólio. Evidentemente, nem a aristocracia brasileira e muito menos a burguesia industrial inglesa concordavam com essa intenção portuguesa. Consequências da Revolução - Os três primeiros ob- jetivos da Revolução do porto foram alcançados, Be- resford foi expulso, a Corte retornou para Lisboa com os navios pesados de ouro e joias arrancados do Brasil, o rei foi submetido ao cabresto da Constituição, con- junto de leis identificadas com a vontade da burguesia, mas o seu principal objetivo teve efeito contrário, pro- vocou a Independência do Brasil. A Revolução do Porto foi um movimento que defen- deu a liberdade para o português e a opressão do bra- sileiro, o enriquecimento do primeiro seria conquista- do através da exploração comercial sobre o segundo. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM QUESTÃO 01 (Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) - “Na sua condição de propriedade, o escravo é uma coisa, um bem objetivo. (...) Daí ter sido usual a prática de marcar o escravo com ferro em brasa como se ferra o gado. Os negros eram marcados já na África, antes do embarque, e o mesmo se fazia no Brasil, até no final da escravidão. (...) Seu comportamento e sua consciência teriam de transcender a condição de coisa possuída no relacionamento com o senhor e com os homens livres em geral. E transcendiam, antes de tudo, pelo ato cri- minoso. O primeiro ato humano do escravo é o crime, desde o atentado contra o senhor à fuga do cativeiro. Em contrapartida, ao reconhecer a responsabilidade penal dos escravos, a sociedade escravista os reconhe- cia como homens: além de incluí-los no direito das coi- sas, submetia-os à legislação penal.” Jacob Gorender. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1992, p. 62-63. O texto indica: a) a ambiguidade no reconhecimento, pela socie- dade colonial e imperial brasileira, da condição dos africanos escravizados, que se manifestava sobretudo diante de algumas formas de resis- tência à exploração. b) a precocidade da legislação brasileira contracri- mes hediondos e contra o desrespeito, pelos africanos escravizados, às obrigações e deveres de todo trabalhador rural. c) o reconhecimento, pelos governantes brasilei- ros na colônia e no império, da necessidade de mediar e controlar as relações dos proprietários rurais com o amplo contingente de africanos es- cravizados. d) o descumprimento, pelos senhores de escravos no Brasil colonial e imperial, das leis que regu- lavam o trabalho compulsório e que impediam a aplicação da pena de morte aos africanos es- cravizados. QUESTÃO 02 (Fuvest 2016) - Eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acerca dos negócios da França, e isto por ver por conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos pontos mais aparentes, que consigo traziam muito prejuízo ao esta- do e aumento dos senhorios de V. A. E tudo se encerra- va em vós, Senhor, trabalhardes com modos honestos de fazer que esta gente não houvesse de entrar nem possuir coisa de vossas navegações, pelo grandíssimo dano que daí se podia seguir. Serafim Leite. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, 1954. O trecho acima foi extraído de uma carta dirigida pelo padre jesuíta Diogo de Gouveia ao Rei de Portugal D. João III, escrita em Paris, em 17/02/1538. Seu conteúdo mostra: a) a persistência dos ataques franceses contra a América, que Portugal vinha tentando colonizar de modo efetivo desde a adoção do sistema de capitanias hereditárias. b) os primórdios da aliança que logo se estabelece- ria entre as Coroas de Portugal e da França e que visava a combater as pretensões expansionistas da Espanha na América. c) a preocupação dos jesuítas portugueses com a expansão de jesuítas franceses, que, no Brasil, vinham exercendo grande influência sobre as populações nativas. d) o projeto de expansão territorial português na Europa, o qual, na época da carta, visava à do- minação de territórios franceses tanto na Europa quanto na América. e) a manifestação de um conflito entre a recém-cria- da ordem jesuíta e a Coroa portuguesa em torno do combate à pirataria francesa. QUESTÃO 03 (Fgv 2016) - Reverendo padre reitor, eu, Manoel Beckman, como procurador eleito por aquele povo aqui presente, venho intimar a vossa reverência, mais religiosos assistentes no Maranhão, como justa- mente alterados pelas vexações que padece por terem vossas paternidades o governo temporal dos índios 54 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA das aldeias, se tem resolvido a lançá-los fora assim do espiritual como do temporal, então e não tem falta ao mau exemplo de sua vida, que por esta parte não tem do que se queixar de vossas paternidades; portanto, notifico a alterado povo, que se deixem estar recolhi- dos ao Colégio, e não saiam para fora dele para evitar alterações e mortes, que por aquela via se poderiam ocasionar; e entretanto ponham vossas paternidades cobro em seus bens e fazendas, para deixá-las em mãos de seus procuradores que lhes forem dados, e estejam aparelhados para o todo tempo e hora se embarcarem para Pernambuco, em embarcações que para este efei- to lhes forem concedidas. João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. 2ª Edição, Belém: SECULT, 1990, p.360. O movimento liderado por Manuel Beckman no Mara- nhão, em 1684, foi motivado pela: a) proibição do ensino laico no Brasil colonial e pe- las pressões que os jesuítas realizavam para im- pedir a sua liberação. b) questão da mão de obra indígena e pela insatis- fação de colonos com as atividades da Compa- nhia de Comércio do Maranhão. c) ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e pela catequese dos povos indígenas sob a sua guarda. d) crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos jesuí- tas aos interesses espanhóis e holandeses na região. e) tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos escravos indígenas, contrariando os interesses dos colonos maranhenses. QUESTÃO 04 (Enem 2016) - O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situações de contes- tação política na América Portuguesa, é que o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na condi- ção, ou no instrumento, da integração subordinada das colônias no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avan- çou sobre a sua decorrência. JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000. A diferença entre as sedições abordadas no texto en- contrava-se na pretensão de: a) eliminar a hierarquia militar. b) abolir a escravidão africana. c) anular o domínio metropolitano. d) suprimir a propriedade fundiária. e) extinguir o absolutismo monárquico. QUESTÃO 05 (Unicamp 2016) - Os estudos históricos por muito tempo explicaram as relações entre Portugal e Brasil por meio da noção de pacto colonial ou exclusi- vo comercial. Sobre esse conceito, é correto afirmar que: a) Trata-se de uma característica central do sistema colonial moderno e um elemento constitutivo das práticas mercantilistas do Antigo Regime, que considera fundamental a dinâmica interna da economia colonial. b) Definia-se por um sistema baseado em dois po- los: um centro de decisão, a metrópole, e outro subordinado, a colônia. Esta submetia-se à pri- meira através de uma série de mecanismos polí- tico institucionais. c) Em mais de uma ocasião, os colonos reclamaram e foram insubordinados diante do pacto colonial, ao exigirem sua presença e atuação nas Cortes dos reis ou ao pedirem a presença do Marquês de Pombal na colônia. d) A noção de pacto colonial é um projeto embrio- nário de Estado que acomodava as tensões sur- gidas entre os interesses metropolitanos e colo- niais, ao privilegiar as experiências do “viver em colônia”. QUESTÃO 06 (Unesp 2016) - As “plantations da Amé- rica”, citadas no texto, correspondem a: a) um esforço de coordenação da colonização ao redor do Atlântico, com a aplicação de modelos econômicos idênticos nas colônias ibéricas da América e da costa africana. b) uma estratégia de valorização, na colonização da América e na África, das atividades agrícolas baseadas em mão de obra escrava, com a conse- quente eliminação de toda forma de artesanato e de comércio local. c) um modelo de organização da produção agrícola caracterizado pelo predomínio de grandes pro- priedades monocultoras, que utilizavam trabalho escravo e destinavam a maior parte de sua produ- ção ao mercado externo. d) uma forma de organização da produção agríco- la, implantada nas colônias africanas a partir do sucesso da experiência de povoamento das co- lônias inglesas na América do Norte. e) uma política de utilização sistemática de mão de obra de origem africana na pecuária, substituin- do o trabalho dos indígenas, que não se adapta- vam ao sedentarismo e à escravidão. QUESTÃO 07 (Unesp 2016) - O conceito de “guerra justa” foi empregado, durante a colonização portugue- sa do Brasil, para: a) justificar a captura, o aprisionamento e a escravi- zação de indígenas. b) justificar a instalação de missões jesuíticas em áreas de colonização francesa. c) impedir a prisão e o exílio de lideranças e comu- nidades nativas hostis à colonização. d) impedir o acesso de protestantes e judeus às áre- as de produção de açúcar. e) impedir que os nativos fossem utilizados como mão de obra na lavoura. 55 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA QUESTÃO 08 - (Unesp 2016) A partir do texto e de seus conhecimentos, é correto afirmar que: a) as experiências de canibalismo relatadas tinham significados opostos, pois representavam, entre os tupinambás, a rejeição ao catolicismo e, entre os franceses, a adesão à Igreja de Roma. b) o calvinista francês acusava os colonizadores portugueses de aceitar o canibalismo dos tupi- nambás, pois a prática fazia parte da tradição religiosa católica. c) o calvinista francês defendia a tolerância ao cani- balismo, pois o consideravauma forma adequa- da de derrotar e submeter os inimigos religiosos. d) as experiências de canibalismo relatadas tinham origem diversa, pois representavam, entre os tu- pinambás, um ritual religioso e, no caso dos fran- ceses, vingança. e) as experiências de canibalismo relatadas mos- tram que a antropofagia era prática religiosa comum na América e na Europa e, em virtude disso, os colonizadores erravam ao condenar os tupinambás. QUESTÃO 09 (Enem 2015) - A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espan- to, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida. GÂNDAVO, P M. A primeira historia do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado). A observação do cronista português Pero de Maga- lhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a: a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras. b) dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização. c) superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena. d) incompreensão dos valores socioculturais indí- genas pelos portugueses. e) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua nativa. QUESTÃO 10 (Fgv 2015) - Caracteriza a agricultura co- lonial no Brasil do final do século XVIII: a) a importância alcançada pela produção de taba- co em São Paulo e em Minas Gerais, que ocorreu após o Conselho Ultramarino ter permitido esse cultivo, o que favoreceu a sua troca com manu- faturas inglesas e francesas. b) um novo produto, o trigo, foi beneficiado pela es- trutura originada da Revolução Industrial, que aprofundou a divisão entre os papeis a serem exer- cidos pelas nações, isto é, as ricas, produtoras de industrializados e, as pobres, de matérias primas. c) o valor especial adquirido pelo extrativismo no Nor- te do Brasil, com o guaraná, que concorreu com os produtos agrícolas tradicionais, como o açúcar, permitiu um rápido desenvolvimento dessa região e a sua articulação com o restante da colônia. d) o revigoramento da produção de açúcar e o de- senvolvimento do cultivo do algodão decorren- tes, principalmente, de alguns fatos internacio- nais importantes, em especial, a independência das treze colônias inglesas e a Revolução Haitiana. e) o aparecimento do café na pauta de exportações coloniais, o que revolucionou as relações entre o Estado português e a elite escravista, pois a sustentação econômica da metrópole exigiu o abrandamento das restrições mercantilistas. GABARITO - EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 A A B B B C A D D D 56 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 – Identificar em fontes diversas o processo de ocu- pação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 – Analisar de maneira crítica as interações da so- ciedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos. H28 – Relacionar o uso das tecnologias com os im- pactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico geográficos. H29 – Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 – Avaliar as relações entre preservação e degrada Meio Ambiente e Sustentabilidade - 1. Introdução - O ambiente, que na terra abriga as formas de vida (a biosfera) é formada por uma cros- ta rochosa, parcialmente coberta por água e envol- ta em uma camada gasosa. Do total de 510 milhões de km² de sua superfície, as terras emersas são 29,2%, oceanos e mares 70,85. O meio ambiente abarca fato- res físicos (atmosfera, solo e água), a influência deles sobre organismos e mudanças impostas pelo homem a fatores físicos e bióticos. A desarmonia do meio ambiente e seus efeitos sen- tidos neste início de século fizeram com que o termo “ecologia” se transformasse no termo da moda. Quan- do surgem notícias de desastres naturais e começa- mos a ver e sentir os efeitos das mudanças climáticas, quando vemos e ouvimos a exploração do tema nas últimas eleições, quando surgem previsões de novas catástrofes exploradas pela mídia, pelos movimentos sociais e adivinhos, nos tocamos que precisamos fa- zer algo urgente quanto ao nosso planeta. O cresci- mento urbano, a poluição das águas, do ar e do solo, a devastação de florestas e o desmatamento são alguns dos grandes problemas ambientais. A Ecologia como ciência - A Ecologia é a ciência que estuda os ecossistemas, é o estudo científico da distri- buição e abundância dos seres vivos e das interações que determinam a sua distribuição. As interações po- dem ser entre seres vivos e / ou com o meio ambiente. A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos”, que sig- nifica casa, e “logos”, estudo. Logo, por extensão seria o estudo da casa, ou de forma mais genérica, do lugar onde se vive. O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço necessário à sua sobrevivência e reprodução, mas também às suas funções vitais, in- cluindo o seu comportamento, através do metabolis- mo. Por essa razão, o meio ambiente, e a sua qualida- de, determina o número de indivíduos e de espécies que podem vi- ver no mesmo habitat. Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o meio ambiente em que vivem. As relações entre os diversos seres vivos existentes num ecossistema também influenciam na distribuição e abundância deles próprios. Como exemplo, incluem a competi- ção pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros para a reprodução, a predação de organismos por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam para a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo e outras. Com a maior compreensão dos conceitos ecológicos e da verificação das alte- rações de vários ecossistemas pelo homem, chego use ao conceito da Ecologia Humana que estuda as re- lações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social. Há muitas aplicações práticas da ecologia como a biologia da conservação, gestão de zonas úmidas, gestão de recursos naturais (agricultura, silvicultura e pesca), planejamento da cida- de e aplicações na economia. Conceitos ecológicos importantes - Indivíduo: é a unidade de vida que se manifesta. É um representante de uma espécie. Espécie: é o conjunto de indivíduos altamente semelhantes, que na natureza são capazes de inter cruzarem, produzindo descendentes férteis. População: grupo de indivíduos de mesma espé cie. Genericamente, uma população é o conjunto de pesso- as ou organismos de uma mesma espécie que habitam uma determinada área, num espaço de tempo definido. Comunidade ou biocenose: conjunto de espécies diferentes que sofrem interferência umas nas outras. 57 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA Ecossistema: é o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em determi- nada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas comunidade. Biomas: são ecossistemas com características pró- prias, normalmente ditadas pela localização geográfica (latitude ou altitude), clima e tipo de solo. São divididos em: terrestres ou continentais e aquáticos. Biosfera: é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. É um conceito da Ecologia, relacionado com os conceitos de litosfera, hidrosfera e atmosfera. In- cluem-se na biosfera todos os organismos vivos que vivem no planeta, embora o conceito seja geralmen- te alargado para incluir também os seus habitats. Funcionamento do ecossistema: A base de um ecossistema são os produtores que são os organis- mos capazes de fazerfotossíntese ou quimiossíntese. Produzem e acumulam energia através de processos bio- químicos utilizando como matéria prima a água, gás carbônico e luz. Em ambientes afóticos (sem luz), tam- bém existem produtores, mas neste caso a fonte utilizada para a síntese de matéria orgânica não é luz mas a energia liberada nas reações químicas de oxi- dação efetuadas nas células (como por exemplo em reações de oxidação de compostos de enxofre). Este processo denominado quimiossíntese é realizado por muitas bactérias terrestres e aquáticas. Dentro de um ecossistema existem vários tipos de consumidores, que juntos formam uma cadeia alimentar. Sustentabilidade: O conceito do uso sustentável na natureza está na base das principais ações e programas que pretendem preservar o meio ambiente. Ele é defini- do em 1987, no documento Nosso Futuro Comum, da Organização das Nações Unidas – ONU, também conhecido como Relatório Brundtland. O conceito propõe utilizar recursos naturais de forma que a na- tureza os consiga repor, para garantir as necessidades das gerações futuras. Nas duas últimas décadas, a bus- ca de recursos renováveis e sustentáveis e a preocupa- ção como preservação desses recursos somaram-se à acelerada urbanização e levaram a mudanças em políticas públicas, em processos de produção e com- portamentos de cidadania. Nas cidades, foram ado- tados programas para diminuir todas as formas de poluição como a coleta e a reciclagem de lixo, e para reduzir o uso de automóveis e sua emissão de gases. Programas e tecnologias para diminuir o consumo de eletricidade e água passaram a ser adotados na agricultura, na indústria e em residências. No consumo, crescem a produção e a venda de produtos certifica- dos, como o de móveis e de alimentos orgânicos. Reciclagem: O termo reciclar significa transformar objetos materiais usados (ou lixo material) em novos produtos para o consumo. Esta necessidade foi des- pertada pelas pessoas comuns e governantes a par- tir do momento em que observaram-se os benefícios que a reciclagem apresenta para o nosso planeta. Desde a década de 1980, a produção de embalagens e produtos descartáveis cresceu significativamente, assim como a produção de lixo, principalmente nos países industrializados. Muitos governos e ONGs (Or- ganizações Não Governamentais) estão cobrando das indústrias atitudes responsáveis. Neste sentido, o desenvolvimen- to econômico deve estar aliado à preservação do meio ambiente. Atividades como cam- panhas de coleta seletiva de lixo e reciclagem de alu- mínio, plástico e papel, já são corriqueiras em várias cidades do mundo. Biodiversidade: Biodiversidade ou diversidade bio- lógica é a diversidade da natureza viva. Desde 1986, o conceito tem adquirido largo uso entre biólogos, am- bientalistas, líderes políticos e cidadãos informados no mundo todo. Este uso coincidiu com o aumento da preocupação com a extinção das espécies, observado nas últimas décadas do século XX. Pode ser definida como a variedade e a variabilidade existentes entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Ela pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecos- sistema, comunidade, espécies, populações e genes em uma área definida. A biodiversidade varia com as diferentes regiões ecológicas, sendo maior nas regiões tropicais do que nos climas temperados. Refere-se, portanto, à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das popu- lações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de microrganis- mos, a variedade de funções ecológicas desem- penhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos. A biodiversidade refere- se tanto ao número (riqueza) de diferentes catego- rias biológicas quanto à abundância relativa (equita- tividade) dessas categorias. E inclui variabilidade ao nível local , complementaridade biológica entre habi- tats e variabilida de entre paisagens. Ela inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes. A espécie 58 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA humana depende da biodiversidade para a sua sobre- vivência. O Brasil é país mais rico em biodiversidade: possui farta variedade de animais, plantas, microor- ganismos e ecossistemas. O país abriga grande número de espécies de mamífe- ros, peixes de água doce, anfíbios e aves, além de 50 mil espécies vegetais catalogadas. Segundo relatório de 2010 do Instituto Internacional para Exploração das Espécies há 1,9 milhão de espécies de seres vivos ca- talogados pelos cientistas, mas o Programa das Na- ções Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que haja pelo menos 14 milhões de espécies vivas. Exis- tem cálculos de especialistas que superam 50 milhões. Os problemas ecológicos: Buraco na camada de ozônio - O aparecimento de buracos na camada de ozônio (O3) da estratosfera é um processo natural, já que em certas épocas do ano, reações químicas na atmosfera produzem aberturas, que depois fecham. O fenômeno que ocorre somen- te durante uma determinada época do ano, entre agosto e início de novembro (primavera no hemisfério sul). O que conhecemos por “buraco na camada de ozônio” não se trata propriamente de um buraco na camada do gás ozônio, na verdade trata-se de uma rarefação (afinamento de espessura), que é explicada pelos ar- ranjos moleculares do comportamento dos gases em um meio natural, que não possibilitaria uma falha a ser denominada buraco. A atividade humana, porém, acentuou o processo. As reações que destroem o ozônio são intensificadas pelas emissões de substâncias químicas halogenadas artificiais, sobretudo os clorofluorcarbonos (CFC’s). Es- tes foram desenvolvidos na década de 1930 para se- rem usados como fluidos refrigerantes em geladeiras e aparelhos de ar condicionado. A camada de ozônio absorve parte da radiação ultravioleta B (UVB) emitida pelo sol. Sem ela, as plantas teriam uma redução na ca- pacidade de fotossíntese e haveria maior incidência de câncer de pele e catarata. O Protocolo de Montreal, em vigor desde 1989, levou à queda na emissão das substâncias nocivas à camada de ozônio. Mas, como os compostos demoraram décadas para su- mir, a redução do problema é lenta e depende das condições do clima. A Organização Meteorológica Mundial (WMO), no seu relatório de 2006, prevê que a redução na emissão de CFCs, resultante do Protocolo de Montreal, resultará numa diminuição gradual do buraco de ozônio. Efeito Estufa e Aquecimento Global - O fenômeno climático conhecido por efeito estufa tem contribuí- do com o aumento da temperatura no globo terres- tre, nas últimas décadas. Dados de pesquisas recen- tes mostram que o século XX foi o mais quente dos últimos 500 anos. Pesquisadores do clima mundial afirmam que, num futuro bem próximo, o aumento da temperatura, provocado pelo efeito estufa, poderá favorecer o derretimento do gelo das calotas polares e o aumento do nível das águas dos oceanos. Como consequência deste processo, muitas cidades locali- zadas no litoral poderão ser alagadas e desaparecer do mapa. O efeito estufa é ocasionado pela derrubada de flores- tas e pela queimada das mesmas, pois são elas que regulam a temperatura, os ventos e o nível de chuvas em várias regiões do planeta. Como as matas estão diminuindo no mundo, a temperatura terrestre tem aumentado na mesma proporção. Outro fator que está ocasionando o efeito estufa é o lançamento de gases poluentes na atmosfera, principalmente aqueles que resultam da queima de combustíveis fósseis. A queima do óleo diesel e da gasolina pelos veículos nas grandes cidades tem contribuído para o efeito estufa. O dióxido de carbono e o monóxido de carbono fi- cam concentrados em determinadas áreas da atmosfera, formando uma camada que bloqueia a dissipação do calor.Esta camada de poluentes, tão visível nos grandes centros urbanos, funciona como um “isolante térmico” do planeta Terra. O calor fica retido nas camadas mais bai- xas da atmosfera trazendo graves problemas climáticos e ecológicos ao planeta. Cientistas ligados aos temas do meio ambiente já estão prevendo os problemas futuros que poderão atingir nosso planeta caso esta situação continue. Vários ecossistemas poderão ser atingidos e espécies vegetais (plantas e árvores) e animais pode- rão ser extintos. Outras catástrofes ecológicas poderão ocorrer como, por exemplo, o derretimento de geleiras e alagamento de ilhas e regiões litorâneas, provocados pelo aquecimento global. Tufões, furacões, maremotos e en- chentes poderão devastar áreas com mais intensidade. Estas alterações climáticas influenciarão negativamen- te na produção agrícola de vários países, reduzindo a quantidade de alimentos em nosso planeta. A elevação da temperatura nos mares poderá oca- sionar o desvio de curso de correntes marítimas, pro- vocando a extinção de várias espécies de animais mari- nhos, desequilibrando o ecossistema litorâneo. As causas 59 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA apontadas pelos cientistas para justificar este fenômeno podem ser naturais ou provocadas pelo homem. Con- tudo, cada vez mais as pesquisas nesta área apontam o homem como o principal responsável. Fatores como a grande concentração de agentes po- luente na atmosfera contribui para um aumento bas- tante significativo do efeito estufa. No efeito estufa a radiação solar é normalmente devolvida pela Terra ao espaço em forma de radiação de calor, contudo, parte dela é absorvida pela atmosfera, e esta, envia quase o dobro da energia retida à superfície terrestre. Este efeito é o responsável pelas formas de vida de nosso planeta. Entretanto, os agentes poluentes presentes na atmosfera o intensificam ocasionando um aumento de temperatura bem acima do “normal”. O fator que evidenciou este aquecimento foi à investi- gação das medidas de temperatura em todo o plane- ta desde 1860. Alguns estudos mostram ser possível que a variação em irradiação solar tenha contribuído significativamente para o aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000. Dados recebidos de satélite indi- cam uma diminuição de 10% em áreas cobertas por neve desde os anos 60. A região da cobertura de gelo no hemisfério norte na primavera e verão também di- minuiu em cerca de 10% a 15% desde 1950. Estudos recentes mostraram que a maior intensida- de das tempestades ocorridas estava relacionada com o aumento da temperatura da superfície da faixa tropical do Atlântico. Esses fatores foram responsáveis, em gran- de parte, pela violenta temporada de furações registra- da nos Estados Unidos, México e países do Caribe. Chuva ácida - Ela é formada por diversos ácidos como, por exemplo, o óxido de nitrogênio e os dióxi- dos de enxofre, que são resultantes da queima de com- bustíveis fósseis. Quando chegam à terra no formato de chuva ou neve, estes ácidos danificam o solo, as plantas, as construções históricas, os animais mari- nhos e terrestres etc. A chuva ácida pode até mesmo causar o descontrole de ecossistemas, ao exterminar algumas espécies de ani- mais e vegetais. Causando a poluição de rios e fontes de água, a chuva pode também prejudicar direta- mente a saúde das pessoas, provocando doenças do sistema respiratório. Poluição - Poluição do ar: Desde a metade do século XVIII, com o início da Revolução Industrial na Inglaterra, cresceu significativamente a poluição do ar. A queima do carvão mineral (fonte de energia para as máqui- nas da época) jogava na atmosfera das cidades in- dustriais da Europa, toneladas de poluentes. A partir deste momento, o homem teve que conviver com o ar poluído e com todas os danos advindos deste “progresso” tecnológico. Nos dias de hoje, qua- se todas as grandes cidades mundiais sofrem com os efeitos da poluição do ar. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Tóquio, Nova Iorque e Cidade do Mé- xico estão na relação das mais poluídas do mundo. A poluição gerada nos centros urbanos de hoje é re- sultado, principalmente, da queima dos combustíveis fósseis como, por exemplo, carvão mineral e deriva- dos do petróleo (gasolina e diesel). A queima destes produtos tem lançado um alto nível de monóxido e dióxido de carbono na atmosfera terrestre. Estes dois combustíveis são responsáveis pela geração de ener- gia que alimenta os setores industrial, elétrico e de transportes de grande parte das economias do mundo. Portanto, colocá-los de lado atualmente é ex- tremamente complicado. Poluição do solo - a poluição do solo ocorre pela contaminação deste através de substâncias capa- zes de provocar alterações significativas em sua es- trutura natural. Substâncias como lixo, esgoto, agro- tóxicos e outros tipos de poluentes produzidos pela ação do homem, provocam sérios efeitos no meio ambiente. Os poluentes depositados no solo sem ne- nhum tipo de controle causam a contaminação dos lençóis freáticos (ocasionando também a poluição das águas), produzem gases tóxicos, além de provocar sé- rias alterações ambientais como, por exemplo, a chuva ácida. É do solo que retiramos a maior parte de nossa alimentação direta ou indiretamente, se este estiver contaminado, certamente nossa saúde estará em risco. Desertificação - A desertificação em solo brasileiro che- ga a 15% do território nacional. O fenômeno atinge cerca de 1.488 municípios e nove estados da região Nordeste, Norte, norte de Minas Gerais e do Espíri- to Santo. Alguns dos fatores que contribuem para o processo de desertificação é o extenso uso da mo- nocultura e o uso indiscriminado de agrotóxicos que terminam por degradar o solo. Entidades defensoras do semiárido ressaltam a difusão de tecnologias para combater o processo de desertificação no País, além do uso de técnicas agroecológicas que previnem o empobrecimento do solo. O Brasil, junto de outros 60 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA 192 países, é signatário da Convenção das Nações Uni- das para combate à desertificação, contudo, até hoje não possui uma política específica que trate do tema. Seca No Semiárido - 100 anos depois da icônica obra, O Quinze, o nordeste brasileiro passa atualmente pela pior estiagem dos últimos 50 anos. Desde 2010, as chuvas se tornaram mais raras, dificultando a vida de aproxi- madamente 10 milhões de pessoas que vivem basi- camente de pequenas culturas de subsistência. A seca no nordeste é histórica. Acredita-se que a maior ocorreu de 1877–1885, vitimando cerca de 500 mil pessoas. A estiagem de 1915 que inspirou o livro “O Quinze”, de Rachel de Queiroz também foi avassalado- ra. Com a proposta de amenizar os efeitos de tal fe- nômeno, o governo criou o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) em 1909. Atual- mente, o órgão ainda está em atividade e é vinculado ao Ministério de Desenvolvimento Regional. Entre as principais obras ligadas ao DNOCS po- demos citar os açudes de Orós e do Castanhão, no Ceará; e Açu, no Rio Grande do Norte, que possuem capacidade de armazenar mais de um bilhão de metros cúbicos de água. Como tentativa de amenizar a situação e os impactos provocados pela seca, o Governo Federal, por meio do Decreto nº 7535 de 26 de julho de 2011, instituiu o programa “Água para Todos”. O programa, que fazia parte do plano “Brasil Sem Misé- ria”, tem como objetivo o acesso e uso da água para as famílias que constam no Cadastro Único (CadÚnico). O “Água para Todos” fornece implantação de equi- pamentos hídricos, que vão de cisternas a pequenas barragens, além de kits de irrigação para famílias com renda de até meio salário mínimo por pessoa. Mais de 700 milhões de pessoas no mundo não contam com acesso à água potável, e 2,3 bilhões não contam com sistema de esgoto. Em pesquisas recentes, foi apontado que o Brasil des- perdiça, em uma média geral, 37% da água tratada,enquanto apenas a região Norte do país desperdiça 50% do recurso. O Polígono das Secas compreende os estados do Ma- ranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Per- nambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o norte de Minas Gerais e Espírito Santo. No total, 1.989 municípios estão inseridos no Polígono, de acordo com a Sudene. Protocolo De Kyoto - O protocolo, assinado em 1997 na cidade de Kyoto, no Japão, teve o propósito de colocar em prática os compromissos assumi- dos pelos países na Convenção sobre Mudança do Clima (ECO 92, que ocorreu no Rio de Janeiro). O documento estabelece que os países membros de- veriam reduzir sua emissão de gases (em especial CO2 e metano) em torno de 5% do que emitiam em 1990. As ressalvas do acordo visavam os Estados Unidos, Japão e nações da União Europeia. Sendo os maio- res responsáveis, esses países deveriam diminuir sua emissão de gases em 7%, 6% e 8%, respectivamente. A lógica é simples: são os países mais industrializa- dos e, portanto, poluem mais a atmosfera. O Protoco- lo de Kyoto ainda estabelece que os países pobres não precisariam cumprir com as metas obrigatórias referentes à redução de gases, mas solicita a colabo- ração. O acordo chega a ser considerado um fracasso, pois ele teria de ter a ratificação dos países que emi- tem pelo menos 55% dos gases. O maior impasse se gerou a partir da recusa dos Esta- dos Unidos em assinar os compromissos por não haver mtas obrigatórias de redução de gases para nações em desenvolvimento, como Brasil, Índia e China. Com o tempo, outros países tomaram a mesma posição ame- ricana, como Rússia, Canadá, Japão e Austrália. Dado ao desacordo entre as nações, o CO2 conti- nua a ser emitido em larga escala na atmosfera. De acordo com o Centro Comum de Investigação da União Europeia, a emissão de gases que contribui para o aumento do efeito estufa cresceu 45% entre 1990 e 2010. O efeito estufa é um dos fenômenos na- turais que garantem a vida na Terra. Ele funciona como um retentor de calor que prende parte da energia térmica emitida pelo Sol em nosso planeta. Tal efeito se dá graças aos gases em nossa at- mosfera. Com o aumento do CO2 na atmosfera, o ca- lor permanece em maior quantidade. Cerca de 70% da radiação solar é retida na Terra, o que garante uma temperatura média de 14 °C. O estudo ainda revela que, em 2010, foram liberados na atmosfera 33 bilhões de toneladas de carbono e que os principais respon- sáveis para o crescimento de tal índice de emissão fo- ram os países emergentes. Os Estados Unidos aumentaram sua emissão em 5%. Países como a China apresentaram uma taxa de aumento considerável, tendo em vista que de 1990 para 2000 aumentou 32% e, nos dez anos subse- 61 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA quentes, aumentou cerca de 200%. Na esperança de atingir um ponto comum entre nações e garantir medidas de redução de emissão, o prazo que seria até dezembro de 2012 para fechar a primeira fase do Protocolo de Kyoto foi revisto pela Conferência de Paris. Com a Revolução Industrial há cerca de 200 anos – e o uso massivo de combustíveis fósseis, pas- saram a emitir quantidades consideráveis de CO2. O gás liberado a partir da queima de combustíveis, ao chegar à atmosfera, interfere no efeito estufa e pro- move um maior aquecimento do planeta. Esse au- mento é conhecido como “aquecimento global”. De acordo com os especialistas do Painel Intergoverna- mental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão ligado à ONU e maior autoridade no que se refere a aqueci- mento global, caso a emissão de carbono não seja re- duzida de maneira eficiente, a temperatura média da terra pode ser elevada 4,5ºC até 2100. Tal elevação na temperatura significaria o derretimento de parte das calotas polares, elevação do nível do mar, inundação de zonas costeiras e ilhas, mudança nas correntes de ar, os regimes de chuva seriam fortemente abalados (implicações na agricultura). Em declaração em 2014, o IPCC relatou que os avan- ços foram mínimos nos 10 anos de vigor do Protoco- lo (2005-2015). Assim, segundo o IPCC, para evitar o aumento de até 4,5ºC até o fim deste século, os países deverão reduzir, até 2050, em 80% as emissões. Código Florestal - Define as áreas de vegetação na- tiva que devem ser preservadas e os locais permiti- dos para a exploração dos recursos naturais. O novo código promulgado em 2012 promoveu um avan- ço da área de Reserva Legal na região Amazônica de 50% para 80% e no Cerrado para 35%. Na Mata Atlântica e Caatinga, a exigência é de 20% de reserva. As novas regras determinam a área de mata ciliar a ser preservada nas margens de rios, nascentes e olhos d’água, assim como a preservação de vegetação em cumes de morros e montanhas com altura mínima de 100 metros e inclinação média acima de 25 graus. Regulamenta ainda a preservação de mangues, en- costas, chapadas e demais ecossistemas existentes no País (Áreas de Preservação Permanente – APPs). O novo Código Florestal foi aprovado após forte em- bate no Congresso Nacional travado entre ambienta- listas e a popularmente conhecida “bancada ruralista”. Inicialmente, o texto previa aumento da área de pro- dução agrícola em leitos de rios, redução das APPs e anistia a produtores que desmataram antes da va- lidade do novo código. Os ruralistas argumentavam que era necessário aumentar a área de produção do agronegócio para ampliar a produção alimentícia. RIO+20: O Brasil recebeu, entre 13 e 22 de junho de 2012, a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento Sustentável. A Rio+20 gerou expectativa pelo grande papel de destaque do Brasil, mas o resultado da conferência foi frustrante. O encontro foi marcado pela falta de con- senso entre os países que se encontraram para definir metas e apresentar resultados dos planos de redução de poluição e preservação do meio ambiente, além de debater questões ligadas a justiça social após a Eco– 92 (também sediada no Rio de Janeiro). A Rio+20 foi marcada por manifestações populares de grupos que reivindicavam participação oficial no encontro. Outro ponto que terminou por frustrar a conferência foi a ausência do presidente dos Estados Unidos, Ba- rack Obama. O fruto da Rio+20 foi o documento “O Futuro Que Queremos”, com temas ligados a cidades, transporte, comércio, turismo, agricultura, combate à pobreza, proteção do meio ambiente, entre outros. Representantes de ONGs e membros de encontros paralelos à Rio+20 como a Cúpula dos Povos con- feccionaram o documento “O futuro que não quere- mos”, em resposta às demonstrações de descaso com as questões ambientais e de justiça social. COP 21: Em dezembro de 2015 realizou-se a COP (Conferência das Partes) 21, em Paris. Conferência que tem como agenda principal um acordo global so- bre mudanças climáticas para entrar em vigor em 2020. O novo acordo busca substituir o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, que teve seus resultados considerados decepcionantes. Buscou-se a constru- ção de um tratado global que paute pela redução na emissão de gases que aceleram o aquecimento glo- bal. O documento, que foi feito de forma abrangen- te, atrelando todos os países em uma única causa, também substituirá o papel da Convenção do Clima, realizada em 1992, no Rio de Janeiro e que deu corpo à RIO +20. Apenas EUA e China representam cerca de quase 50% das emissões de gases-estufa. O Brasil se comprometeu a reduzir 43% das emissões em rela- ção a 2005. COP 21 e o Brasil: Durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, foi negociado e assinado dia 12 de dezembro de 2015, em Paris, um novo acordo, em subs- 62 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA tituição ao Protocolo de Kyoto com o obje- tivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças. O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países Parte da UNFCCC para reduzir emissõesde gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimen- to sustentável. O compromisso ocorre no sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da tempera- tura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Para que começasse a vigorar, (ratificação de pelo menos 55 países responsáveis por 55% das emissões de GEE.), o secretário-geral da ONU, numa cerimô- nia em Nova York, no dia 22 de abril de 2016, abriu o período para assinatura oficial do acordo, pelos paí- ses signatários. Este período se encerrou em 21 de abril de 2017. O Brasil concluiu sua ratificação ao Acordo de Paris em 12 de setembro de 2016. Para o alcance do obje- tivo final do Acordo, os governos se envolveram na construção de seus próprios compromissos, a par- tir das chamadas Pretendidas Contribuições Nacio- nalmente Determinadas (iNDC, na sigla em inglês). Por meio das iNDCs, cada nação apresentou sua contribuição de redução de emissões dos gases de efeito estufa, seguindo o que cada governo conside- ra viável a partir do cenário social e econômico local. Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o Brasil concluiu, em 12 de setembro de 2016, o processo de ratificação do Acordo de Paris. No dia 21 de setembro, o instrumento foi entregue às Nações Unidas. Com isso, as metas brasileiras deixaram de ser pretendidas e tornaram-se compromissos oficiais. Agora, portanto, a sigla perdeu a letra “i” (do inglês, intended) e passou a ser chamada apenas de NDC. A Contribuição Nacionalmente Determinada (inten- ded Nationally Determined Contribution – iNDC) ou NDC do Brasil comprometeu-se a reduzir as emis- sões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gasesde efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para isso, o país se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma parti- cipação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz ener- gética em 2030. A NDC do Brasil corresponde a uma redução esti- mada em 66% em termos de emissões de gases efeito de estufa por unidade do PIB (intensidade de emissões) em 2025 e em 75% em termos de intensidade de emissões em 2030, ambas em relação a 2005. O Brasil, portanto, reduzirá emissões de gases de efeito estufa no contexto de um aumento contínuo da população e do PIB, bem como da renda per capita, o que con- fere ambição a essas metas. Resumindo, em documento encaminhado à ONU, as metas brasileiras são: Reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025. Em sucessão, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. O mais recente acontecimento sobre o Acordo de Paris foi a saída dos Estados Unidos, anunciada em junho de 2017. Essa notícia foi recebida com bas- tante preocupação, pois os Estados Unidos é um dos maiores poluidores do planeta. Agenda 2030 - nova agenda de desenvolvimento sus- tentável: Os Objetivos de Desenvolvimento do Mi- lênio (ODM), que produziram o mais bem sucedido movimento antipobreza da História, serve como um trampolim para a nova agenda de desenvolvimen- to sustentável. Entre 25 e 27 de setembro, de 2015, na sede da ONU em Nova York, mais de 150 líderes mundiais que participaram da Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, adota- ram formalmente uma nova agenda de desenvol- vimento sustentável, a Agenda 2030. Esta agenda servirá como plataforma de ação da co- munidade internacional e dos governos nacionais na promoção da prosperidade comum e do bem-estar para todos ao longo dos próximos 15 anos. Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambien- te e Desenvolvimento de 1992 – a Cúpula da Terra – no Rio de Janeiro, o mundo identificou um novo caminho para o bem-estar humano, o do desenvolvi- mento sustentável. O conceito de desenvolvimento sustentável, apresentado na Agenda 21, reconhece que o desenvolvimento econômico deve ser equi- librado com um crescimento que responda às neces- sidades das pessoas e proteja o meio ambiente. Depois dos ODMs chegamos à Agenda 2030. Esta Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também busca 63 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA fortalecer a paz universal com mais liberdade. Reco- nhecemos que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Esta agenda, que segundo o então secretário geral da ONU, Ban Kimoon, “abrange uma agenda univer- sal, transformadora e integrada que anuncia um mo- mento decisivo histórico para nosso mundo”. Enfim, servirá como plataforma de ação da comunidade in- ternacional e dos governos nacionais na promoção da prosperidade comum e do bem-estar para todos ao longo dos próximos 15 anos. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas demonstram a escala e a ambição desta nova Agenda universal. Eles se constroem sobre o le- gado dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e concluirão o que estes não conseguiram alcançar. Eles buscam concretizar os direitos humanos de todos e al- cançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas. Eles são integrados e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. Os Objetivos e metas estimularão a ação para os pró- ximos 15 anos em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta. As áreas são as seguintes: Pessoas - “Estamos determinados a acabar com a po- breza e a fome, em todas as suas formas e dimensões, e garantir que todos os seres humanos possam realizar o seu potencial em dignidade e igualdade, em um ambiente saudável.” Planeta - Estamos determinados a proteger o planeta da degradação, sobretudo por meio do consumo e da produção sustentáveis, da gestão sustentável dos seus recursos naturais e tomando medidas urgentes sobre a mudança climática, para que ele possa supor- tar as necessidades das gerações presentes e futuras. Prosperidade - “Estamos determinados a assegu- rar que todos os seres humanos possam desfrutar de uma vida próspera e de plena realização pessoal, e que o progresso econômico, social e tecnológico ocorra em harmonia com a natureza.” Paz - “Estamos determinados a promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas que estão livres do medo e da violência. Não pode haver desenvolvimento sus- tentável sem paz e não há paz sem desenvolvimento sustentável.” Parceria - “Estamos determinados a mobilizar os meios necessários para implementar esta Agenda por meio de uma Parceria Global para o Desenvolvi- mento Sustentável revitalizada, com base num espírito de solidariedade global reforçada, concentrada em es- pecial nas necessidades dos mais pobres e mais vul- neráveis e com a participação de todos os países, todas as partes interessadas e todas as pessoas. Os vínculos e a natureza integrada dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são de importância crucial para assegurar que o propósito da nova Agen- da seja realizado. Se realizarmos as nossas ambições em toda a extensão da Agenda, a vida de todos será profundamente melhorada e nosso mundo será trans- formado para melhor.” Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS: Objetivo 1: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; Objetivo 2: Acabar com a fome, alcançar a seguran- ça alimentar e melhoria da nutrição e promover a agri- cultura sustentável; Objetivo 3: Assegurar uma vida saudável e promo- ver o bem-estar para todos, em todas as idades; Objetivo 4: Assegurara educação inclusiva e equi- tativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; Objetivo 5: Alcançar a igualdade de gênero e empo- derar todas as mulheres e meninas; Objetivo 6: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos; Objetivo 7: Assegurar o acesso confiável, sustentá- vel, moderno e a preço acessível à energia para todos; Objetivo 8: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos; Objetivo 9: Construir infraestruturas resilientes, pro- mover a industrialização inclusiva e sustentável e fo- mentar a inovação; Objetivo 10: Reduzir a desigualdade dentro dos pa- íses e entre eles; Objetivo 11: Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; Objetivo 12: Assegurar padrões de produção e de consumo, sustentáveis; 64 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA Objetivo 13: Tomar medidas urgentes para comba- ter a mudança climática e seus impactos; Objetivo 14: Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável; Objetivo 15: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertifica- ção, de ter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade; Objetivo 16: Promover sociedades pacíficas e inclu- sivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições efi- cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; Objetivo 17: Fortalecer os meios de implemen- tação e revitalizar a parceria global para o desenvolvi- mento sustentável. (*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] é o fórum internacional intergovernamental pri- mário para negociar a resposta global à mudança do clima. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES QUESTÃO 01 - À medida que a demanda por água aumenta, as reservas desse recurso vão se tornando imprevisíveis. Modelos matemáticos que analisam os efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilida- de de água no futuro indicam que haverá escassez em muitas regiões do planeta. São esperadas mu- danças nos padrões de precipitação, pois: a) o maior aquecimento implica menor forma- ção de nuvens e, consequentemente, a eli- minação de áreas úmidas e sub úmidas do globo. b) as chuvas frontais ficarão restritas ao tempo de permanência da frente em uma determinada lo- calidade, o que limitará a produtividade das ati- vidades agrícolas. c) as modificações decorrentes do aumento da tem- peratura do ar diminuirão a umidade e, portan- to, aumentarão a aridez em todo o pla- neta. d) a elevação do nível dos mares pelo derreti- mento das geleiras acarretará redução na ocorrência de chuvas nos continentes, o que implicará a escas- sez de água para abaste- cimento. e) a origem da chuva está diretamente relacionada com a temperatura do ar, sendo que atividades antropogênicas são capazes de provocar interfe- rências em escala local e global. QUESTÃO 02 - No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferen- tes áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instâncias nacionais, a refe- rência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas que deles emanam. A sustentabili- dade explica-se pela: a) incapacidade de se manter uma atividade econô- mica ao longo do tempo sem causar danos ao meio ambiente. b) incompatibilidade entre crescimento econômi- co acelerado e preservação de recursos natu- rais e de fontes não renováveis de energia. c) interação de todas as dimensões do bem-estar humano com o crescimento econômico, sem a preocupação com a conservação dos recursos naturais que estivera presente desde a Antiguidade. d) proteção da biodiversidade em face das ameaças de destruição que sofrem as florestas tropicais devido ao avanço de atividades como a mi- neração, a monocultura, o tráfico de madeira e de espécies selvagens. e) necessidade de se satisfazer as demandas atu- ais colocadas pelo desenvolvimento sem com- prometer a capacidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades nos campos econômico, social e ambiental. QUESTÃO 03 - O homem construiu sua histó- ria por meio do constante processo de ocupação e transformação do espaço natural. Na verdade, o que variou, nos diversos momentos da experiência humana, foi a intensidade dessa exploração. Uma das consequências que pode ser atribuída à crescente inten- sificação da exploração de recursos naturais, facilitada pelo desenvolvimento tecnológico ao longo da história, é: a) a diminuição do comércio entre países e regiões, que se tornaram autossuficientes na produção de bens e serviços. b) a ocorrência de desastres ambientais de gran- des proporções, como no caso de derrama- mento de óleo por navios petroleiros. c) a melhora generalizada das condições de vida da população mundial, a partir da eliminação 65 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA das desigualdades econômicas na atualidade. d) o desmatamento, que eliminou grandes exten- sões de diversos biomas improdutivos, cujas áre- as passaram a ser ocupadas por centros indus- triais modernos. e) o aumento demográfico mundial, sobretudo nos países mais desenvolvidos, que apresen- tam altas taxas de crescimento vegetativo. QUESTÃO 04 - Se a exploração descontrolada e pre- datória verificada atualmente continuar por mais al- guns anos, pode-se antecipar a extinção do mog- no. Essa madeira já desapareceu de extensas áreas do Pará, de Mato Grosso, de Rondônia, e há indícios de que a diversidade e o número de indivíduos existen- tes podem não ser suficientes para garantir a sobrevi- vência da espécie a longo prazo. A diversidade é um elemento fundamental na sobrevivência de qual- quer ser vivo. Sem ela, perde-se a capacidade de adap- tação ao ambiente, que muda tanto por interferência humana como por causas naturais. Com relação ao problema descrito no texto, é correto afirmar que: a) a baixa adaptação do mogno ao ambiente ama- zônico é causa da extinção dessa madeira. b) a extração predatória do mogno pode reduzir o número de indivíduos dessa espécie e prejudi- car sua diversidade genética. c) as causas naturais decorrentes das mudanças climáticas globais contribuem mais para a extin- ção do mogno que a interferência humana. d) a redução do número de árvores de mogno ocorre na mesma medida em que aumenta a diversida- de biológica dessa madeira na região amazônica. e) o desinteresse do mercado madeireiro interna- cional pelo mogno contribuiu para a redução da exploração predatória dessa espécie. QUESTÃO 05 - As florestas tropicais úmidas contri- buem muito para a manutenção da vida no plane- ta, por meio do chamado sequestro de carbono at- mosférico. Resultados de observações sucessivas, nas ultimas décadas, indicam que a floresta amazônica e capaz de absorver ate 300 milhões de toneladas de carbono por ano. Conclui-se, portanto, que as florestas exercem importante papel no controle: a) das chuvas acidas, que decorrem da liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono resultante dos desmatamentos por queimadas. b) das inversões térmicas, causadas pelo acu- mulo de dióxido de carbono resultante da não dispersão dos poluentes para as regiões mais altas da atmosfera. c) da destruição da camada de ozônio, causada pela liberação, na atmosfera, do dióxido de carbono contido nos gases do grupo dos clorofluorcar- bonos. d) do efeito estufa provocado pelo acumulo de car- bono na atmosfera, resultante da queima de com- bustíveis fosseis, como carvão mineral e petróleo. e) da eutrofização das águas, decorrente da dissolu- ção, nos rios, do excesso de dióxido de carbo- no presente na atmosfera. QUESTÃO 06 - Os plásticos,por sua versatilidade e me- nor custo relativo, têm seu uso cada vez mais crescente. Da produção anual brasileira de cerca de 2,5 milhões de toneladas, 40% destinam-se à indústria de embala- gens. Entretanto, este crescente aumento de produção e con- sumo resulta em lixo que só se reintegra ao ciclo natural ao longo de décadas ou mesmo de séculos. Para mini- mizar esse problema uma ação possível e adequada é: a) proibir a produção de plásticos e substituí-los por materiais renováveis como os metais. b) incinerar o lixo de modo que o gás carbônico e outros produtos resultantes da combustão vol- tem aos ciclos naturais. c) queimar o lixo para que os aditivos contidos na composição dos plásticos, tóxicos e não degra- dáveis sejam diluídos no ar. d) estimular a produção de plásticos recicláveis para reduzir a demanda de matéria prima não reno- vável e o acúmulo de lixo. e) reciclar o material para aumentar a qualida- de do produto e facilitar a sua comercializa- ção em larga escala. QUESTÃO 07 - A necessidade de água tem torna- do cada vez mais importante a reutilização planejada desse recurso. Entretanto, os processos de tratamento de águas para seu reaproveitamento nem sempre as tornam potáveis, o que leva a restrições em sua utiliza- ção. Assim, dentre os possíveis empregos para a de- nominada “água de reuso”, recomenda-se: a) o uso doméstico, para preparo de alimentos. b) o uso em laboratórios, para a produção de fármacos. c) o abastecimento de reservatórios e manan- 66 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br GEOGRAFIA ciais. d) o uso individual, para banho e higiene pes- soal. e) o uso urbano, para lavagem de ruas e áreas pú- blicas QUESTÃO 08 - A grande produção brasileira de soja, com expressiva participação na economia do país, vem avançando nas regiões do Cerrado brasileiro. Esse tipo de produção demanda grandes extensões de terra, o que gera preocupação, sobretudo: a) econômica, porque desestimula a mecanização. b) social, pois provoca o fluxo migratório para o campo. c) climática, porque diminui a insolação na região. d) política, pois deixa de atender ao mercado externo. e) ambiental, porque reduz a biodiversidade regional. QUESTÃO 09 - Um grupo de estudantes, saindo de uma escola, observou uma pessoa catando lati- nhas de alumínio jogadas na calçada. Um deles con- siderou curioso que a falta de civilidade de quem deixa lixo pelas ruas acaba sendo útil para a subsistência de um desempregado. Outro estudante comentou o significado econômico da sucata recolhida, pois ouvi- ra dizer que a maior parte do alumínio das latas estaria sendo reciclada. Tentando sintetizar o que estava sendo observado, um terceiro estudante fez três anotações, que apresentou em aula no dia seguinte: I) A catação de latinhas é prejudicial à indústria de alumínio; II) A situação observada nas ruas revela uma con- dição de duplo desequilíbrio: do ser humano com a natureza e dos seres humanos entre si; III) Atividades humanas resultantes de problemas so- ciais e ambientais podem gerar reflexos (refletir) na economia. Dessas afirmações, você tenderia a concordar, apenas, com: a) I e II b) I e III c) II e III d) II e) III QUESTÃO 10 - Considerando os custos e a importân- cia da preservação dos recursos hídricos, uma indús- tria decidiu purificar parte da água que consome para reutilizá-la no processo industrial. De uma perspectiva econômica e ambiental, a iniciativa é importante por- que esse processo: a) permite que toda água seja devolvida limpa aos mananciais. b) diminui a quantidade de água adquirida e com- prometida pelo uso industrial. c) reduz o prejuízo ambiental, aumentando o consumo de água. d) torna menor a evaporação da água e mantém o ciclo hidrológico inalterado. e) recupera o rio onde são lançadas as águas uti- lizadas. GABARITO - EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 E E B B D D E E C B 67 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br SOCIOLOGIA Sociologia Contemporânea - Os primeiros sociólogos foram divididos em dois grupos: os positivistas (fun- cionalistas) e os economistas. Desta forma, Augusto Comte e Émile Durkheim preocuparam-se em explicar as relações sociais baseadas em leis rígidas, como leis naturais; enquanto que Max Weber e Karl Marx preo- cuparam-se com as questões sociais relacionadas ao desenvolvimento econômico. Já os sociólogos contemporâneos, defensores de uma sociologia compreensiva, fundamentaram suas ideias em promover uma explicação centrada na individuali- dade humana. Assim, a sociedade é importante, mas o indivíduo é o principal responsável pelas ações na so- ciedade em que vive. Entre os vários sociólogos contemporâneos, destaca- mos: Norbert Elias, Pierre Bourdier e Zygmunt Bauman. O sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) foi res- ponsável pelo desenvolvimento de uma teoria social inovadora, que serviu para alargar o campo dos estu- dos sociológicos voltados à elucidação de processos sociais, ou seja, dos processos de interação humana no âmbito da sociedade. Elias não aceita qualquer tipo de concepção social “tota- lizadora” - e nem mesmo “individualista” - dos processos sociais. A teoria sociológica formulada por Elias concebe sua tarefa como a de analisar os processos sociais base- ados nas atividades dos indivíduos que, através de suas disposições básicas - ou seja, suas necessidades - são orientados uns para os outros e unidos uns aos outros das mais diferentes maneiras. Esses indivíduos constro- em teias de interdependência que dão origem a confi- gurações de muitos tipos: família, aldeia, cidade, estado, nações. O conceito de configuração pode ser aplicado onde quer que se formem conexões e teia. Pierre Bourdier - Pierre Bourdieu (1930-2002), fran- cês, é um dos grandes sociólogos do século XX. Ele se destaca por ter renovado as ideias de autores clássicos como Durkheim, Marx e Weber, criando um verdadeiro sistema teórico para interpretar a sociedade. Bourdieu resolveu essa crise demonstrando de que modo as estruturas sociais se conectam com a vida prática de cada indivíduo. ‘Não existem ideias puras’, portanto. Bourdieu apresenta, em suas teorias, como é que os gostos pessoais e os comportamentos das pessoas têm a ver com a posição que elas ocupam na sociedade – ou seja, na estrutura social. Ele criou um novo conceito de capital, confrontando as- sim o conceito marxista. O capital diz respeito aos recur- sos que um indivíduo possui que lhe fornece vantagens e privilégios em relação àqueles que não os tem. Ou seja, o capital são as “armas” herdadas ou adquiridas por alguém. Esses capitais podem ser econômicos, culturais ou sociais. O capital econômico pode ser considerado o mais ób- vio: é a quantidade de recursos financeiros que uma pessoa dispõe na forma de propriedades, dinheiro e bens materiais. Esse é o fator que é considerado geral- mente para explicar as desigualdades sociais. Entretanto, Bourdieu descobre, ao analisar a escola, outro tipo de capital: o cultural, que diz respeito a re- cursos adquiridos na instituição escolar como lingua- gem erudita, domínio da oratória, livros, diplomas e notas altas em provas, por exemplo. Além disso, existe o capital social que é a rede de rela- cionamentos sociais e contatos que uma pessoa possui que lhe confere vantagem sobre os demais. Outro conceito importante nas teorias de Bourdier é o conceito de violência simbólica. Ela visa apresentar de que maneira a autoridade e o poder de agentes ou instituições são naturalizadas, ou seja, consideradas “normais” em uma sociedade. Zygmunt Bauman - usa a ideia de fluidez, a qualidade de líquidos e gases, para fazer uma metáfora sobre o momento histórico em que vivemos. Nos tempos líqui- dos, as relações se tornam cada vez menos sólidas e es- táveis. Vivemos mudanças nas instituições, na política e nas identidades. No entanto, não existe uma mudança absoluta, ainda es- tamos no processode transformação. Segundo o sociólo- go, a marca da pós-modernidade é a própria vontade de liberdade individual, princípio que se opõe diretamente à segurança projetada em torno de uma vida estável. Bauman observa que o século 20 sofreu uma passa- gem da sociedade de produção para a sociedade de consumo. Isso não significa que não exista uma pro- dução, mas que o sentido do ato de consumir ganhou outro patamar. Além da satisfação de necessidades, o ato de consumir passou a ter um peso importante na construção das personalidades. Bauman afirma que vivemos em uma sociedade mar- cada pelo conflito ser versus ter. O homem passa a se expressar pelo que compra ou tem, elementos defini- dores de sua própria identidade. 68 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br SOCIOLOGIA EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM QUESTÃO 01 (Unicamp) - A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafoni- ce que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O ca- fona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Uni- dos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acon- tecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país. (Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas.Publicado em https://oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima- -coluna-fernanda-young-sent encia-cafonice-detesta-arte-23903168.Acessado em 27/05/2020.) *cafona: quem tem ou revela mau gosto (roupa cafona); que revela gosto ou atitude vulgares. (Adaptado de aulete.com.br.) Essa releitura do significado de “cafona” salienta: a) a importância das atitudes de determinado gru- po de pessoas em relação aos problemas que o país de fato enfrenta. b) o controle do poder político nas mãos de pesso- as desprovidas de ética e educação nas formas como se relacionam com o meio ambiente. c) a incorporação de padrões de comportamento e de convivência social baseada na vulnerabilida- de das classes minoritárias. d) o privilégio de uma parcela da sociedade em re- lação a outras e a forma como isso determina os dilemas enfrentados pelo país. QUESTÃO 02 (Enem digital) - Com tanta espionagem à solta, governantes sofrem para ter um smartphone, acessível aos cidadãos comuns, mas problemático para líderes políticos. O aparelho é também um potencial rastreador preciso, capaz de localizar o chefe de Esta- do no mapa e gravar as conversas mesmo sem estar fazendo uma chamada. Tentação e risco na forma de um smartphone. O Globo, 26 out. 2013 (adaptado). A situação retratada problematiza o uso dessa tecnolo- gia em relação ao(à): a) valorização das redes virtuais. b) aumento da prática consumista. c) crescimento da economia global. d) expansão dos espaços monitorados. e) ampliação dos meios comunicacionais. QUESTÃO 03 (Unesp) - O terrorismo atual utiliza as técnicas do espetáculo produzindo vídeos e monta- gens por vezes muito bem elaborados. O controle dos meios de difusão de conteúdo é certamente outra no- vidade, possibilitada pelo advento da internet [...]. Por mais chocante que possa ser o conteúdo difundido pelo Estado Islâmico, sua forma é já reveladora de que a violência está subordinada a uma lógica espetacular. (Gabriel F. Zacarias. No espelho do terror: jihad e espetáculo, 2018.) O texto caracteriza o terrorismo atual como peculiar, pois este: a) promove a inclusão digital de populações pobres e amplia o acesso às novas ferramentas de co- municação e divulgação. b) combate a centralização do poder financeiro no Ocidente e direciona sua propaganda apenas aos seguidores e simpatizantes. c) rejeita a cultura ocidental do espetáculo e reite- ra valores e princípios originários de sociedades tradicionais do Oriente próximo. d) recorre a estratégias de ação de forte impacto visual e divulga suas atividades por meio das no- vas tecnologias. e) valoriza a violência como instrumento de trans- formação política e rejeita a adesão de pessoas nascidas no Ocidente. QUESTÃO 04 (Enem digital) - É certo que entramos na era das sociedades de “controle”. Elas já não são exata- mente sociedades disciplinares, cuja técnica principal é o confinamento (não somente o hospital e a prisão, mas também a escola, a fábrica, o quartel). A sociedade de controle não funciona por confinamento, mas por controle contínuo e comunicação instantânea. É evi- dente que não deixamos de falar de prisão, de escola, de hospital: mas essas instituições estão em crise. DELEUZE, G. Entrevista a Toni Negri. In: O devir revolucionário e as criações políticas.Novos Estudos Cebrap, n. 28, out. 1990 (adaptado). No trecho, ao problematizar as sociedades contempo- râneas, Gilles Deleuze está enfatizando a ausência de: a) legitimidade nas redes de informação. b) autonomia nas ações individuais. c) sanções no ordenamento jurídico. d) padrões na sociedade de consumo. e) inovações nos sistemas educacionais. QUESTÃO 05 (Uel) - Leia a charge e o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir. 69 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br SOCIOLOGIA Texto - Assim como [...] [Mário de Andrade] reconhe- ce e afirma que há uma gota de sangue em cada poe- ma, assim também, parafraseando o poeta, queremos reconhecer e sustentar que há uma gota de sangue em cada museu. [...] Admitir a presença de sangue no museu significa também aceitá-lo como arena, como espaço de conflito, como campo de tradição e contra- dição. Toda a instituição museal apresenta um deter- minado discurso sobre a realidade. Este discurso, como é natural, não é natural e compõe-se de som e de silên- cio, de cheio e de vazio, de presença e de ausência, de lembrança e de esquecimento. CHAGAS, Mario Souza. Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de Mario de Andrade. 2. ed. Chapecó: Argos, 2015. v. 1. p.19. Com base na charge, no texto e na teoria de Pierre Bour- dieu, é correto afirmar que museus expressam, também: a) o poder da ideologia dos que se impõem econo- micamente pela posse dos meios de produção. b) a consciência coletiva do conjunto da sociedade e suas formas de solidariedade. c) o arbitrário cultural ou leitura de mundo proposta pelos dominantes em uma estrutura específica. d) a ação racional com relação a valores visando com- bater a anomia social e preservar as instituições. e) o esforço da burguesia em demonstrar a existência de vencidos e, sobretudo, vencedores na história. QUESTÃO 06 (Enem) - Em nenhuma outra época, o corpo magro adquiriu um sentido de corpo ideal e esteve tão em evidência como nos dias atuais: esse corpo, nu ou vestido, exposto em diversas revistas fe- mininas e masculinas, está na moda: é capa de revis- tas, matérias de jornais, manchetes publicitárias, e se transformou em um sonho de consumo para milhares de pessoas. Partindo dessa concepção, o gordo passa a ter um corpo visivelmente sem comedimento, sem saúde, um corpo estigmatizado pelo desvio, o desvio pelo excesso. Entretanto, como afirma a escritora Ma- rylin Wann, é perfeitamente possível ser gordo e sau- dável. Frequentemente os gordos adoecem não por causa da gordura, mas sim pelo estresse, pela opressão a que são submetidos. VASCONCELOS, N. A.; SUDO, I.; SUDO, N. Um peso na alma: o corpo gordo e a mídia. Revista Mal- -Estar e Subjetividade, n. 1, mar. 2004 (adaptado). No texto, o tratamento predominantena mídia sobre a relação entre saúde e corpo recebe a seguinte crítica: a) Difusão das estéticas antigas. b) Exaltação das crendices populares. c) Propagação das conclusões científicas. d) Reiteração dos discursos hegemônicos. e) Contestação dos estereótipos consolidados. QUESTÃO 07 (Enem PPL) - Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lu- gares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação interligados, mais as identidades se tornam desvin- culadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremen- te”. Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo apelos a diferentes partes de nós), dentre as quais parece possível fazer uma escolha. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. Do ponto de vista conceitual, a transformação identitá- ria descrita resulta na constituição de um sujeito a) altruísta. b) dependente. c) nacionalista. d) multifacetado. e) territorializado. QUESTÃO 08 (Ufu) - Desde o final do século passado, os cientistas sociais vêm afirmando que as transformações globais têm levado a uma nova forma de sociedade, de- finida por sociedade em rede. De acordo com as análises desse período, afirma-se que foram marcos importantes na emergência desse novo modelo de sociedade: a) a rede mundial de computadores e os novos mo- vimentos sociais. b) os fluxos globais de mão de obra e o capital in- dustrial. c) a revolução tecnológica da informação e a rees- truturação do capitalismo. d) o ciberespaço, as guerras e a fome que acelera- ram os fluxos migratórios. QUESTÃO 09 (Enem PPL) - De certo modo o toxicô- mano diz a verdade sobre nossa condição social atual, quer dizer, temos a tendência de tornarmo-nos todos adictos em relação a determinados objetos, cuja pre- sença se tornou para nós indispensável. Todas as nos- sas referências éticas ou morais não têm nada de sé- rio diante do toxicômano, porque fundamentalmente somos viciados como ele. MELMAN, C. Novas formas clínicas no início do terceiro milênio. Porto Alegre: CMC, 2003. No trecho, o autor propõe uma analogia entre o vício individual e as práticas de consumo sustentada no ar- 70 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br SOCIOLOGIA gumento da: a) exposição da vida privada. b) reinvenção dos valores tradicionais. c) dependência das novas tecnologias. d) recorrência de transtornos mentais. e) banalização de substâncias psicotrópicas. QUESTÃO 10 (Uel) - Leia a charge a seguir. A charge remete a discussões que têm marcado o pen- samento sociológico e a sociologia contemporânea. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o teor desses debates. a) O reconhecimento de que as classes sociais dei- xaram de existir com a implantação dos modos de produção comunistas na Europa e, desde en- tão, perderam sua importância histórica. b) As classes existiram apenas como um fenôme- no localizado historicamente no tempo, de tal modo que hoje mesmo os partidos de esquerda renunciaram a identificar sua permanência na sociedade contemporânea. c) As classes sociais, assim como a estrutura social, são construções conceituais ideológicas, de modo que não existem empiricamente na vida social. d) As lutas de classes existiram enquanto se man- tiveram os partidos de esquerda tradicionais e, com a morte desses, as lutas de classe foram substituídas por embates identitários. e) As classes deixaram de ser o referencial analítico privilegiado, mas conservam sua importância, pois as relações entre capital e trabalho no mun- do moderno se mantêm. QUESTÃO 11 (Enem) - A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social acarretou, no modo de definir toda realização humana, uma evidente de- gradação do ser para o ter. A fase atual, em que a vida social está totalmente tomada pelos resultados da economia, leva a um deslizamento generalizado do ter para o parecer, do qual todo ter efetivo deve extrair seu prestígio imediato e sua função última. Ao mesmo tempo, toda realidade individual tornou-se social, dire- tamente dependente da força social, moldada por ela. DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015. Uma manifestação contemporânea do fenômeno des- crito no texto é o(a): a) valorização dos conhecimentos acumulados. b) exposição nos meios de comunicação. c) aprofundamento da vivência espiritual. d) fortalecimento das relações interpessoais. e) reconhecimento na esfera artística. QUESTÃO 12 (Uel) - Leia a charge a seguir e responda à(s) questão(ões). Na figura, o “fim da linha” é também uma metáfora para interpretações como aquelas que defendem que a sociedade atual encontra-se no “fim da história”, tese popularizada por Francis Fukuyama, ou diante do “fim das utopias”, formulada por autores como Anthony Giddens e Zigmunt Baumann. Este debate teórico e social coloca no centro da reflexão temas como mo- dernidade, mudanças e movimentos sociais. Sobre o contexto sociopolítico e os fundamentos presentes nesse debate, assinale a alternativa correta. a) Os protestos coletivos urbanos, a partir dos anos 1990, quando ocorrem, demonstram ser uma fer- ramenta política empregada primordialmente pe- los indivíduos mais pobres e menos escolarizadas. b) Os novos movimentos sociais têm apresentado como grandes traços a heterogeneidade dos atores envolvidos, a valorização das adesões in- dividuais e as alianças pontuais independentes do pertencimento de classe. c) O liberalismo econômico é o referencial teórico dos movimentos contra a globalização, revelando a des- crença geral com os grandes projetos inspirados nos ideais socialistas e o fim das grandes narrativas. d) Para teóricos do “fim da linha” ou do “fim da his- tória”, a pós-modernidade está marcada pela 71 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br SOCIOLOGIA ausência de perspectivas para superar a crista- lização de valores, práticas e projetos sociais de- fendidos na época da modernidade. e) O “fim da linha” é o reconhecimento de que os valores criados pela modernidade foram cum- pridos, restando às novas gerações, garanti-los sem alterações significativas. QUESTÃO 13 (Enem) - O comércio soube extrair um bom proveito da interatividade própria do meio tec- nológico. A possibilidade de se obter um alto desenho do perfil de interesses do usuário, que deverá levar às últimas consequências o princípio da oferta como isca para o desejo consumista, foi o principal deles. SANTAELLA, L. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003 (adaptado). Do ponto de vista comercial, o avanço das novas tec- nologias indicado no texto está associado à: a) atuação dos consumidores como fiscalizadores da produção. b) exigência de consumidores conscientes de seus direitos. c) relação direta entre fabricantes e consumidores. d) individualização das mensagens publicitárias. e) manutenção das preferências de consumo. GABARITO - EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 A D D B C E D C C E 11 12 13 B B D 72 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS MÓDULO II 73 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br FÍSICA O QUE É FORÇA - TERCEIRA LEI DE NEWTON - FORÇA RESULTANTE OU RESULTANTE DAS FORÇAS -FORÇA RESULTANTE OU RESULTANTE DAS FORÇAS - SEGUNDA LEI DE NEWTON - PRIMEIRA LEI DE NEWTON - INTEGRANDO CONCEITOS: SEGUNDA E TERCEIRA LEIS - FORÇA PESO -FORÇA PESO - 74 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br FÍSICA FORÇA NORMAL: FORÇA DE CONTATO ENTRE DUAS SUPERFÍCIES SÓLIDAS LISAS - OBJETO APOIADO SOBRE UMA MESA - Frenagem de um ônibus e a primeira lei A pessoa percorre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais. O ônibus percorre distâncias cada vez menores. Observeas fi guras: Note que a pessoa, que no início encontrava-se no fun- do do ônibus, vai para a frente dele. CURVA DE UM VEÍCULO - FORÇA DE TRAÇÃO EM CORDAS - FORÇA DE TRAÇÃO EM CORDAS - 75 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br FÍSICA Uma corda ideal puxa com a mesma intensidade em ambos os extremos dela: VÍNCULOS GEOMÉTRICOS - FORÇA ELÁSTICA E LEI DE HOOK - FORÇA ELÁSTICA E LEI DE HOOK - 76 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br FÍSICA ASSOCIAÇÃO DE MOLASASSOCIAÇÃO DE MOLAS DINAMÔMETRO - O QUE MEDE UMA BALANÇA -O QUE MEDE UMA BALANÇA - FORÇA DE ATRITO ENTRE SUPERFÍCIES SÓLIDAS - A força de atrito é a componente tangencial da força de contato entre duas superfícies. Tal força existirá devido às asperezas existentes entre essas duas superfícies. É inte- ressante notar que, ao contrário do que o senso comum tende a observar o atrito independe da área de contato! ATRITO ESTÁTICO - Quando não há deslizamento entre as superfícies, o atrito é chamado estático, po- dendo equilibrar as forças que causam a tendência de deslizar até um certo limite máximo tolerado: O corpo fi ca na iminência de deslizar quando o atrito atinge seu valor máximo suportado. Tal valor máximo depende do quão pressionada uma superfície está contra a outra. Assim, depende da força normal de compressão entre as superfícies (FN) além de depen- der das asperezas, representadas pelo coefi ciente de atrito estático (mE). Emáx E NFat Fµ= ATRITO CINÉTICO (OU DINÂMICO) - Caso a força F da fi gura aumente ainda mais, o atrito não conseguirá “acompanhar” esse aumento, porque já terá atingido seu valor máximo. A partir daí ocorre o deslizamento e o coefi ciente de atrito se reduz, porque ocorre a perda 77 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br FÍSICA de aderência entre as superfícies. O atrito passa a ser chamado atrito cinético (ou dinâmico), sendo constan- te e dado pela expressão: C C NFat Fµ= Onde: C Eµ µ≤ EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM - QUESTÃO 01 (Enem 2017) - Em uma colisão frontal entre dois automóveis, a força que o cinto de seguran- ça exerce sobre o tórax e abdômen do motorista pode causar lesões graves nos órgãos internos. Pensando na segurança do seu produto, um fabricante de automó- veis realizou testes em cinco modelos diferentes de cinto. Os testes simularam uma colisão de 0,30 segun- do de duração, e os bonecos que representavam os ocupantes foram equipados com acelerômetros. Esse equipamento registra o módulo da desaceleração do boneco em função do tempo. Os parâmetros como massa dos bonecos, dimensões dos cintos e velocida- de imediatamente antes e após o impacto foram os mesmos para todos os testes. O resultado fi nal obtido está no gráfi co de aceleração por tempo. Qual modelo de cinto oferece menor risco de lesão in- terna ao motorista? a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 QUESTÃO 02 (Enem 2013) - Em um dia sem vento, ao saltar de um avião, um paraquedista cai verticalmente até atingir a velocidade limite. No instante em que o pa- raquedas é aberto (instante TA), ocorre a diminuição de sua velocidade de queda. Algum tempo após a abertu- ra do paraquedas, ele passa a ter velocidade de queda constante, que possibilita sua aterrissagem em seguran- ça. Que gráfi co representa a força resultante sobre o pa- raquedista, durante o seu movimento de queda? a) b) c) d) e) QUESTÃO 03 (Enem PPL 2012) - Em 1543, Nicolau Copérnico publicou um livro revolucionário em que propunha a Terra girando em torno do seu próprio eixo e rodando em torno do Sol. Isso contraria a con- cepção aristotélica, que acredita que a Terra é o cen- tro do universo. Para os aristotélicos, se a Terra gira do oeste para o leste, coisas como nuvens e pássaros, que não estão presas à Terra, pareceriam estar sempre se movendo do leste para o oeste, justamente como o Sol. Mas foi Galileu Galilei que, em 1632, baseando-se em experiências, rebateu a crítica aristotélica, confi r- mando assim o sistema de Copérnico. Seu argumen- to, adaptado para a nossa época, é se uma pessoa, dentro de um vagão de trem em repouso, solta uma bola, ela cai junto a seus pés. Mas se o vagão estiver se movendo com velocidade constante, a bola tam- bém cai junto a seus pés. Isto porque a bola, enquanto 78 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br FÍSICA cai, continua a compartilhar do movimento do vagão. O princípio físico usado por Galileu para rebater o ar- gumento aristotélico foi: a) a lei da inércia. b) ação e reação. c) a segunda lei de Newton. d) a conservação da energia. e) o princípio da equivalência. QUESTÃO 04 (Enem PPL 2012) - Durante uma fa- xina, a mãe pediu que o filho a ajudasse, deslocan- do um móvel para mudá-lo de lugar. Para escapar da tarefa, o filho disse ter aprendido na escola que não poderia puxar o móvel, pois a Terceira Lei de Newton define que se puxar o móvel, o móvel o puxa- rá igualmente de volta, e assim não conseguirá exer- cer uma força que possa colocá-lo em movimento. Qual argumento a mãe utilizará para apontar o erro de interpretação do garoto? a) A força de ação é aquela exercida pelo garoto. b) A força resultante sobre o móvel é sempre nula. c) As forças que o chão exerce sobre o garoto se anulam. d) A força de ação é um pouco maior que a força de reação. e) O par de forças de ação e reação não atua em um mesmo corpo. QUESTÃO 05 (Enem PPL 2011) - Segundo Aristóteles, uma vez deslocados de seu local natural, os elementos tendem espontaneamente a retornar a ele, realizando movimentos chamados de naturais. Já em um movimen- to denominado forçado, um corpo só permaneceria em movimento enquanto houvesse uma causa para que ele ocorresse. Cessada essa causa, o referido elemento entra- ria em repouso ou adquiriria um movimento natural. PORTO, C. M. A física de Aristóteles: uma construção ingênua? Revista Brasileira de Ensino de Física. V. 31, n° 4 (adaptado). Posteriormente, Newton confrontou a ideia de Aristó- teles sobre o movimento forçado através da lei da: a) inércia. b) ação e reação. c) gravitação universal. d) conservação da massa. e) conservação da energia. QUESTÃO 06 (Enem 2019) - Slackline é um esporte no qual o atleta deve se equilibrar e executar manobras estando sobre uma fita esticada. Para a prática do es- porte, as duas extremidades da fita são fixadas de for- ma que ela fique a alguns centímetros do solo. Quando uma atleta de massa igual a 80 kg está exata mente no meio da fita, essa se desloca verticalmente, formando um ângulo de 10º com a horizontal, como esquemati- zado na figura. Sabe-se que a aceleração da gravidade é igual a 10 m s -2, cos (10º) = 0,98 e sen (10º) = 0,17. Qual é a força que a fita exerce em cada uma das árvo- res por causa da presença da atleta? a) 4,0 x 10-2 b) 4,1 X 102 c) 8,0 X 102 d) 2,4 X 103 e) 4,7 X 102 QUESTÃO 07 (G1 - cftmg 2005) - Duas pessoas puxam as cordas de um dinamômetro na mesma direção e senti- dos opostos, com forças de mesma intensidade F=100 N. Nessas condições, a leitura do dinamômetro, em newtons, é: a) 0. b) 100. c) 200. d) 400. QUESTÃO 08 (Upf 2015) - A queda de um elevador em um prédio no centro de Porto Alegre no final de 2014 reforçou as ações de fiscalização nesses equipamentos, especialmente em relação à superlotação. A partir desse fato, um professor de Física resolve explorar o tema em sala de aula e apresenta aos alunos a seguinte situação: um homem de massa 70 kg está apoiado numa balança calibrada em newtons no interior de um elevador que desce à razão de 2 m / s2. Considerando g = 10 m / s2 po- de-se afirmar que a intensidade da força indicada pela balança será, em newtons, de: a) 560 b) 840 c) 700 d) 140 e) 480 GABARITO - EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 B B A E A D B A 79 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br QUÍMICA 1. INTRODUÇÃO- 2. SUBSTÂNCIA PURA - Possui todas as suas proprie- dades definidas, determinadas e praticamente invariá- veis nas mesmas condições de temperatura e pressão. Assim, podemos dizer que cada substância é identifi- cada por um conjunto de propriedades próprias. Não existem duas substâncias que tenham entre si todas as propriedades exatamente iguais. Como exemplos de substância, podemos citar: água destilada, álcool etílico anidro, oxigênio, gás carbônico, cloreto de sódio, mercúrio e ferro. Como identificar se uma amostra representa uma substân- cia pura? A grande característica de uma substância pura é o fato de nos processos de fusão e ebulição a temperatura é mantida constante como representado no gráfico. Detalhe importante: Alotropia - Alotropia é a pro- priedade que alguns elementos químicos têm de for- mar uma ou mais substâncias simples diferentes. São alótropos: carbono, oxigênio, fósforo e enxofre. O carbono possui dois alótropos naturais: o diamante e o grafite. O grafite é um sólido macio e cinzento, com fraco brilho metálico, conduz bem a eletricidade e ca- lor e é facilmente riscado. O diamante é sólido duro (o mais duro de todos), tem brilho adamantino e não conduz eletricidade. Mas as duas têm em comum a mesma composição química expressa pela fórmula Cn, sendo n um número muito grande e indeterminado, o que caracteriza um com- posto covalente. A principal diferença está no arranjo cristalino dos áto- mos de carbono. No grafite, formam-se hexágonos. Cada átomo de carbono é ligado a apenas três outros átomos de carbono, em lâminas planas, fracamente atraídas umas pelas outras. No diamante, cada átomo de carbono está ligado a quatro outros átomos tam- bém de carbono. O oxigênio tem dois alótropos, formando duas subs- tâncias simples: o gás oxigênio (O2) e o gás ozônio (O3). O gás oxigênio é incolor e inodoro. Faz parte da at- mosfera e é indispensável à vida dos seres aeróbicos. As plantas o devolvem para a atmosfera ao realizar a fotossíntese. O gás ozônio é um gás azulado de cheiro forte e de- sagradável. Como agente bactericida, ele é usado na purificação da água nos chamados ozonizadores. O ozônio está presente na estratosfera, a mais ou menos 20Km a 30Km da superfície da terrestre. Ele forma uma camada que absorve parte dos raios ultravioletas (UV) do Sol, impedindo que eles se tornem prejudiciais aos organismos vivos. O fósforo tem duas formas alotrópicas principais: o fósforo branco e o fósforo vermelho.O fósforo branco (P4) é um sólido branco com aspecto igual ao da cera. É muito reativo, tem densidade igual a 1,82g/mL e se 80 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br QUÍMICA funde a uma temperatura de 44°C e ferve a 280°C. Se aquecermos a 300°C na ausência de ar ele se transfor- ma em fósforo vermelho, que é mais estável (menos reativo). O fósforo vermelho é um pó vermelho-escuro, amorfo (que não tem estrutura cristalina). Tem den- sidade igual a 2,38g/mL, ponto de fusão 590°C. Cada grão de pó desta substância é formado por milhões de moléculas P4, unidas umas às outras originando uma molécula gigante (P4)n. O enxofre possui dois alótropos principais: o enxofre ortorrômbico ou simplesmente rômbico e o enxofre monocíclico. As duas formas são formadas por molé- culas em forma de anel com oito átomos de enxofre (S8). A diferença está no arranjo molecular no espaço. Produzem cristais diferentes. 3. Mistura homogênea - Quando o material não possui todas as propriedades definidas e bem determina das, ou quando as propriedades de um material variam mesmo com as condições de temperatura e pressão mantidas constantes, dizemos que esse material é uma mistura. Como exemplos de mistura, podemos citar: aço (98,5% de ferro e 1,5% de carbono em massa); petróleo (várias substâncias, como metano, etano, eteno, propano, buta- no, pentano, hexano, isoctano, em porcentagens variadas); madeira (celulose, lignina, álcool pirolenhoso, água, ácido acético e outras substâncias em porcentagens variadas). Como identificar se uma amostra representa uma mis- tura comum? A grande característica de uma mistura é o fato de nos processos de fusão e ebulição a tempera- tura não é mantida constante, ou seja, temos faixa de temperatura (Δt) como representado no gráfico. Detalhe 1: Casos especiais de misturas - Misturas homogêneas eutéticas: são misturas com composição definida que possuem ponto de fusão (ou de solidificação) constante, mas ponto de ebulição (ou de condensação) variável com o tempo. Por exemplo, uma liga metálica feita com 40% de cádmio e 60% de bismuto forma uma mistura eutética com ponto de fu- são constante igual a 140 °C, a 1 atm. Misturas homogêneas azeotrópicas: são misturas com composição definida que possuem ponto de ebulição (ou de condensação) constante, mas o ponto de fusão (ou de solidificação) variável com o tempo. Por exemplo, a mistura com exatamente 96% de álcool etílico e 4% de água (% em volume) tem ponto de fusão variável e ponto de ebulição constante, igual a 78,2 °C. Detalhe 2: as propriedades só são alteradas nas mis- turas homogêneas. Nas misturas heterogêneas como não há interação significativa entre os componentes não temos alterações das propriedades. 4. Propriedades da Matéria - 4.1. Propriedades Gerais: São aquelas que podemos observar em qualquer espécie de matéria. As principais são: - Massa: medida da quantidade de matéria que existe num corpo. - Extensão (volume): lugar no espaço ocupado pela matéria. - Impenetrabilidade: Você já tentou colocar dois ob- jetos no mesmo lugar? Ou um ficará ao lado do outro ou por cima ou na frente, mas nunca exatamente no mesmo lugar. Fazer com que ambos ocupem o mesmo espaço é totalmente impossível, pois duas porções de matéria não podem ocupar o mesmo lugar no espaço no mesmo tempo. Às vezes parece que essa propriedade não é válida. Quando dissolvemos açúcar no café, por exemplo, te- mos a impressão que ambos passam a ocupar o mesmo lugar. Mas isso, não é verdade: enchendo uma xícara de café até a borda, observamos que, à medida que o açú- car é colocado, o nível do café sobe e ele transborda. - Divisibilidade: Com o auxílio de um martelo, pode- 81 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br QUÍMICA mos reduzir a pó um pedaço de giz, de grafite, de gra- nito, de madeira, etc. Isso é possível porque a matéria pode ser dividida em pequenas partículas. Da mesma forma, com um gota de anilina podemos tingir a água contida num copo. Isso ocorre porque a anilina tem a propriedade de dividir-se em partículas muito peque- nas, que se espalham pela água. Toda matéria pode ser dividida sem alterar a sua constitui- ção, até um limite máximo ao qual chamamos de átomo. - Compressibilidade: Se você empurrar o êmbolo de uma seringa de injeção com o orifício de saída tapado, vai perceber que o êmbolo empurra até certo ponto o ar contido na seringa. Isso aconteceu porque o ar ao ser comprimido tem o seu volume reduzido. Portanto podemos definir compressibilidade como capacidade da matéria se submetida à ação de forças externas (pressão), o volume ocupado pode diminuir. Dependendo do tipo de matéria, a compressão pode ser maior ou menor. O ar, por exemplo, é altamente compressível; já a água se comprime muito pouco. Desta forma temos: - Os gases são facilmente comprimidos. - Os líquidos são comprimidos até um certo ponto. - Elasticidade: Podemos definir elasticidade como uma propriedade em que a matéria, dentro de um certo limite, se submetida à ação de uma força causando deformação, ela retornará à forma original, assim que essa força deixar de agir. Isto ocorre porque seus espaços interatômicos e intermoleculares diminuem ou aumentam. - Indestrutibilidade: Quando um pedaço de lenha é queimado, os materiais que fazem parte da compo- sição da madeira se transformam em cinza e fumaça. Essa transformação mostra que não houve destruição da matéria, mas sim a transformação em outra matéria. Desta forma podemos concluir quea matéria não pode ser criada nem destruída, apenas transformada. E esse fato, que é um dos princípios básicos da Química, se deve à característica de indestrutibilidade da matéria. 4.2. Propriedades Funcionais - São propriedades co- muns a determinados grupos de matérias, identifica- das pela função que desempenham. Exemplos: ácidos, bases, sais, óxidos, álcoois, éter, etc. 4.3. Propriedades Específicas: Além das proprieda- des gerais que acabamos de estudar, a matéria apre- senta outras propriedades, como cor, brilho e sabor. O sal, por exemplo, apresenta sabor, já a água destilada não. Portanto, as propriedades que são características de cada substância se denominam propriedades espe- cíficas da matéria. São classificadas em: físicas, químicas e organolépticas. Propriedades Físicas: São propriedades que carac- terizam fisicamente a matéria. As propriedades físicas importantes são: os pontos de fusão, solidificação, ebulição e liquefação da matéria; a condutividade; o magnetismo; a solubilidade; a dureza; a maleabilidade; a ductibilidade; a densidade; o calor específico. Pontos De Fusão E Solidificação: São as temperaturas nas quais a matéria passa da fase sólida para a fase líquida e da fase líquida para a fase sólida respectivamente, sem- pre em relação a uma determinada pressão atmosférica. Pontos De Ebulição E Condensação: São as temperaturas nas quais a matéria passa da fase líquida para a fase gasosa e da fase gasosa para a líquida respectivamente, sempre em relação a uma determinada pressão atmosférica. Condutividade: Certas matérias conduzem bem o calor e a eletricidade, como é o caso dos metais. O mesmo não acontece com outras substâncias, como o iodo, a água e o fósforo, que se apresentam resistentes na condução do calor e da eletricidade. Magnetismo: Quando uma determinada matéria tem a propriedade de atrair o ferro, significa que ela apre- senta propriedade magnética. Um exemplo de subs- tância magnética natural é a magnetita (pedra imã na- tural), um minério de ferro. Dureza: É a resistência que uma espécie de matéria apresenta ao ser riscada por outra. Quanto maior a re- sistência ao risco, mais dura é a matéria. O diamante é a matéria mais dura que se conhece, é utilizado em brocas que cortam o mármore e em estiletes de cortar vidro. Maleabilidade: A matéria que pode ser facilmente transformada em lâminas é considerada maleável. Exemplos: ferro, alumínio, prata, ouro e chumbo. Ductibilidade: É a propriedade que permite a maté- ria ser transformada em fio. É o que acontece com os metais: os fios de cobre, por exemplo, são usados para conduzir a eletricidade que chega em nossa casa. Brilho: É a capacidade que a matéria possui em refletir a luz que incide sobre ela. Quando a matéria não refle- te a luz, ou reflete muito pouco, dizemos que ela não tem brilho. Uma matéria que não possui brilho, não é necessariamente opaca e vice-versa. Matéria opaca é aquela que não deixa atravessar a luz. Assim, uma bar- ra de ouro é brilhante e opaca, pois reflete a luz sem se deixar atravessar por ela. Calor Específico: É a quantidade de calor necessária para aumentar em 1 grau Celsius (1ºC) a temperatura de 1 grama de massa de qualquer matéria. Por exem- plo, o que demoraria mais para ferver, 1 litro de água (que tem 1000 g de massa) ou 2 litros de água (que tem 2000 g de massa)? Logicamente, 1 litro de qualquer substância ferve antes que dois litros, pois seu volume 82 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br QUÍMICA é menor. Mas, em ambos os casos, o calor específico é o mesmo, ou seja, 1 cal/g 0ºC. Veja alguns valores que indicam o calor específico me- didos à 15ºC: • Água: 1,000 cal/gºC); • álcool etílico: 0,540 cal/gºC; • alumínio: 0,215 cal/gºC; • ferro: 0,110 cal/gºC; • zinco: 0,093 cal/gºC. Densidade: Também chamada de densidade absoluta ou massa específica (d) de um corpo definido como a relação entre a massa do material e o volume por ele ocupado. Essa definição é expressa da seguinte forma: D = m/V onde: m = massa do corpo (kg ou g); V = volume ocupa- do pelo corpo (cm3 ou mL e L ou dm3); D = densidade (kg/L ou g/L ou g/cm3); Para sólidos e líquidos, a den- sidade é normalmente expressa em g/cm3, para gases, costuma-se expressar a densidade em g/L. Quando di- zemos que o metal ouro apresenta densidade de 19,3 g/cm3 à 20ºC, isso significa que o volume de 1cm3 de ouro possui massa de 19,3 g. A densidade varia com a temperatura, pois os corpos geralmente dilatam-se (aumentam de volume) com o aumento da temperatura. Quando não se menciona a temperatura, fica subentendido que ela é de 20ºC. 4.4. Propriedades Químicas - Caracterizam quimicamen- te os materiais através de reações químicas. Por exemplo: Combustão: Quando a matéria queima (combustível), significa que ela está reagindo com o oxigênio do ar. Essa propriedade se chama combustão. Para que ocor- ra combustão, é fundamental a presença do oxigênio (comburente). Um exemplo disso é a queima da vela: se você colocar um copo virado sobre a vela acesa, a chama vai con- sumir o oxigênio contido no interior do copo e, nesse instante, a vela se apaga. 4.5. Propriedades Organolépticas - São as proprieda- des capazes de impressionar os nossos sentidos, como a cor, que impressiona a visão, o sabor e o odor, que impressionam o paladar e o olfato, respectivamente, e o estado de agregação da matéria (sólido, líquido, pó, pastoso), que impressionam o tato. 5. Transformações da Matéria - Uma transformação física é diferente de uma transformação química por- que: em uma transformação química novas substân- cias são formadas, já a transformação física altera a for- ma do material, mas sua composição é a mesma. Exemplos: Mudança de estado físico e dissolução de sal em água : fenômenos físicos Processo de combustão: fenômeno químico. Detalhe: EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM QUESTÃO 01 (C5 H17) - Cinco cremes dentais de dife- rentes marcas têm os mesmos componentes em suas formulações, diferindo, apenas, na porcentagem de água contida em cada um. A tabela a seguir apresenta massas e respectivos volumes (medidos a 25ºC) desses cremes dentais. Marca de creme dental Massa (g) Volume (mL) A 30 20 B 60 42 C 90 75 D 120 80 E 180 120 Supondo que a densidade desses cremes dentais va- rie apenas em função da porcentagem de água, em massa, contida em cada um, pode-se dizer que a mar- ca que apresenta maior porcentagem de água em sua composição é: Dado: densidade da água (a 25ºC) = 1,0 g / mL. a) A. b) B. c) C. d) D. e) E. QUESTÃO 02 (C5 H17) - Um estudante construiu um densímetro, esquematizado na figura, utilizando um canudinho e massa de modelar. O instrumento foi cali- brado com duas marcas de flutuação, utilizando água (marca A) e etanol (marca B) como referências. Em seguida, o densímetro foi usado para avaliar cinco amostras: vinagre, leite integral, gasolina (sem álcool anidro), soro fisiológico e álcool comercial (92,8°GL). Que amostra apresentará marca de flutuação entre os limites A e B? a)Vinagre. b) Gasolina. c) Leite Integral. d) Soro fisiológico. e) Álcool comercial. 83 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br QUÍMICA QUESTÃO 03 (C5 H18) - A grafita é uma variedade alo- trópica do carbono. Trata-se de um sólido preto, macio e escorregadio, que apresenta brilho característico e boa condutibilidade elétrica. Considerando essas proprieda- des, a grafita tem potencial de aplicabilidade em: a) Lubrificantes, condutores de eletricidade e cáto- dos de baterias alcalinas. b) Ferramentas para riscar ou cortar materiais, lubri- ficantes e condutores de eletricidade. c) Ferramentas para amolar ou polir materiais, bro- cas odontológicas e condutores de eletricidade. d) Lubrificantes, brocas odontológicas, condutores de eletricidade, captadores de radicais livres e cátodos de baterias alcalinas. e) Ferramentas para riscar ou cortar materiais, nanoes- truturascapazes de transportar drogas com efeito radioterápico e cátodos de baterias alcalinas. QUESTÃO 04 (C5 H18) - O principal componente do sal de cozinha é o cloreto de sódio, mas o produto pode ter aluminossilicato de sódio em pequenas concentra- ções. Esse sal, que é insolúvel em água, age como an- tiumectante, evitando que o sal de cozinha tenha um aspecto empedrado. O procedimento de laboratório adequado para verificar a presença do antiumectante em uma amostra de sal de cozinha é o(a): a) realização do teste de chama. b) medida do pH de uma solução aquosa. c) medida da turbidez de uma solução aquosa. d) ensaio da presença de substâncias orgânicas. e) verificação da presença de cátions monovalentes. QUESTÃO 05 (C7 H24) - Construir casas e edifícios exi- ge uma escolha criteriosa de materiais de construção, levando em conta aspectos de segurança, durabilida- de e custo adequado. Por exemplo, certos elementos, como vigas, colunas e paredes, precisam ter boas pro- priedades mecânicas; as partes expostas devem resis- tir à erosão causada pela água e pelo ar; o risco de in- cêndio deve ser minimizado pelo uso de materiais não inflamáveis. Consideradas essas exigências, duas subs- tâncias que poderiam estar presentes na composição desses materiais são: a) 2Na e H O b) 2CO e celulose. c) PVC e HC d) 3NaC e CaCO e) 2Fe e SiO QUESTÃO 06 (C5 H18) - Um laudo de análise de labo- ratório apontou que amostras de leite de uma usina de beneficiamento estavam em desacordo com os padrões estabelecidos pela legislação. Foi observado que a con- centração de sacarose era maior do que a permitida. Qual teste listado permite detectar a irregularidade descrita? a) Medida da turbidez. b) Determinação da cor. c) Determinação do pH. d) Medida da densidade. e) Medida da condutividade. QUESTÃO 07 (C5 H18) - As empresas que fabricam produtos de limpeza têm se preocupado cada vez mais com a satisfação do consumidor e a preservação dos materiais que estão sujeitos ao processo de limpeza. No caso do vestuário, é muito comum encontrarmos a recomendação para fazer o teste da firmeza das cores para garantir que a roupa não será danificada no pro- cesso de lavagem. Esse teste consiste em molhar uma pequena parte da roupa e colocá-la sobre uma super- fície plana; em seguida, coloca-se um pano branco de algodão sobre sua superfície e passa-se com um ferro bem quente. Se o pano branco ficar manchado, suge- re-se que essa roupa deve ser lavada separadamente, pois durante esse teste ocorreu um processo de: a) fusão do corante, e o ferro quente é utilizado para aumentar a pressão sobre o tecido. b) liquefação do corante, e o ferro quente é utiliza- do para acelerar o processo. c) condensação do corante, e o ferro quente é utilizado para ajudar a sua transferência para o pano branco. d) dissolução do corante, e o ferro quente é utiliza- do para acelerar o processo. QUESTÃO 08 (C5 H17) - Na tabela a seguir, são apre- sentadas informações contidas na bula de comprimi- dos sólidos de ibuprofeno. CADA COMPRIMIDO CONTÉM Ibuprofeno 300 mg Excipientes ácido cítrico, benzoato de sódio, dióxido de titânio e amido Assinale a opção que apresenta o gráfico que melhor representa a variação da temperatura em função do tempo para um comprimido que tenha a composição mostrada na tabela e tenha sido macerado e aquecido. a) b) c) d) 84 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br QUÍMICA QUESTÃO 09 (C5 H18) - Atualmente, é comum encon- trar, nas prateleiras de supermercados, alimentos desi- dratados, isto é, isentos de água em sua composição. O processo utilizado na desidratação dos alimentos é a liofilização. A liofilização consiste em congelar o alimento à temperatura de –197 °C e depois subme- ter o alimento congelado a pressões muito baixas. Na temperatura de –197 °C, a água contida no alimento encontra-se na fase sólida e, com o abaixamento de pressão, passa diretamente para a fase vapor, sendo então eliminada. Assinale a afirmação correta: a) No processo de liofilização, a água passa por uma transformação química, produzindo hidrogênio e oxigênio, que são gases. b) No processo de liofilização, a água passa por um processo físico conhecido como evaporação. c) No processo de liofilização, o alimento sofre de- composição, perdendo água. d) No processo de liofilização, a água sofre de- composição. e) No processo de liofilização, a água passa por uma transformação física denominada sublimação. QUESTÃO 10 (C5 H17) - O rótulo de uma garrafa de água mineral está reproduzido a seguir: Com base nessas informações, podemos classificar a água mineral como: a) substância pura. b) substância simples. c) mistura heterogênea. d) mistura homogênea. e) suspensão coloidal. GABARITO - EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 C E A C E D D C E D 85 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA Genética - Habilidade 13 da Competência de Área 4, reconhece mecanismos de transmissão da vida, pre- vendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos. Essa Habilidade relaciona-se aos se- guintes objetos do conhecimento da Biologia: genéti- ca, divisão celular, reprodução e embriologia. O TRABALHO DE MENDEL E A 1ª LEI - Mendel sele- cionou sete caracteres da planta de ervilha (Pisum sati- vum) e trabalhou com eles. Vamos usar o caráter “forma da semente” como exem- plos dos cruzamentos feitos por Mendel. Mendel iniciou seus trabalhos com plantas de linhagens puras, ou seja, plantas que produziam descendentes com aspecto que não variava, quando realizava autofecundação. Assim, com relação à forma da semente, separou plantas que, por autofecundação, produziam apenas sementes lisas e plantas que produziam apenas sementes rugosas. Com a germinação dessas sementes, formavam-se plantas sempre de linhagens puras, ou seja, plantas que, por autofecundação, formavam apenas sementes lisas, ou rugosas, conforme o caso. Todos esses indi- víduos de linhagem pura constituem a geração P, ou seja, geração de “pais” ou “parental”. Em seguida, Mendel fez cruzamentos entre as plantas de linhagens puras produtoras de sementes lisas e as plantas de linhagens puras produtoras de sementes rugosas. É indiferente usar pólen de qualquer uma das linha- gens para polinizar as flores da outra linhagem. Esse tipo de procedimento resulta em uma “fecundação cruzada”: O gameta masculino de um indivíduo (con- tido num grão de pólen) fecunda o gameta feminino contido na flor de outro indivíduo. No caso da autofecundação, os grãos de pólen de uma flor chegam ao sistema feminino dessa mesma flor ocorrendo, em seguida, a fecundação e a formação da semente. Como resultado do cruzamento entre plantas puras de ervilhas que por autofecundação dariam sementes lisas e plantas puras de ervilhas que por autofecunda- ção dariam sementes rugosas, todas as plantas polini- zadas formaram frutos com sementes lisas, constituin- do a geração F1 (veja quadro abaixo). A geração F1, portanto, não é pura, pois é formada pelo cruzamento de plantas que produzem sementes lisas com plantas que produzem sementes rugosas. Assim, os indivíduos da geração F1, são chamados híbridos. A característica que se manifesta nas gerações que formam linhagens puras é chamada de dominante, ao passo que a característica que não se manifesta é a re- cessiva. Sendo assim, quanto à forma das sementes de ervilhas, o caráter liso é dominante e o caráter rugoso é recessivo. Mas será que o aspecto “rugoso”, que é recessivo, desapareceu? Mendel teve a seguinte idéia para responder essa questão: deixar ocorrer a autofecundação entre indiví- duos da geração F1, obtendo a geração F2 (a segunda geração de filhos) – “se o caráter verde, recessivo, não deixou de existir, ele deverá reaparecer em F2”. Analisando as sementes resultantes desses cruzamen- tos, Mendel obteve, em suas primeiras observações, 5.474 sementes lisas e 1850 sementes rugosas. Para cadasemente rugosa, Mendel obteve 2,96 lisas, ou seja, aproximadamente, três sementes lisas para cada semente rugosa, o que significa uma taxa, aproximada, de 75% de sementes lisas e 25% de sementes rugosas. Essas taxas de 75% do caráter dominante e 25% do ca- ráter recessivo são as que se obtêm sempre na geração F2, em cruzamentos semelhantes, o que permite afir- mar que o caráter recessivo está presente na geração F1, embora oculto, ou seja, sem se manifestar. Veja, agora, os tipos de gametas formados pelas plan- tas da geração F1: E quanto a geração F2? A geração F2 é formada a partir do encontro de um gameta masculino com um feminino. Como tanto um como outro podem ser portadores de R ou de r. Mendel quando formulou suas idéias não sabia o que era gene, alelo, cromossomo e desconhecia a meiose. Apesar disso, chegou a interpretações corretas sobre o que estava acontecendo. Ele chamava de fatores o que hoje sabemos que são genes e formulou a conclusão de seus resultados, hoje conhecida como primeira lei de Mendel, do seguinte modo: Primeira Lei de Mendel - “Cada caráter é determina- do por um par de fatores, que se separam na forma- ção dos gametas, que são sempre puros”. Essa é prá você. Um resumo geral de conceitos básicos utilizados no nosso estudo de genética Gene - É a unidade hereditária presente nos cro- mossomas e que, agindo no ambiente, será respon- sável por determinados caracteres do indivíduo. Segmento do DNA responsável pela síntese de um RNA. 86 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA Cada gene é representado por uma letra. Ex: A, a, etc. Locus ou loco - É o local certo e invariável que cada gene ocupa no cromossoma. Loci é o plural de locus. O posiciona- mento de um gene fora do seu locus normal em determina- do cromossoma implica, quase sempre, uma mutação. Cromossomas Homólogos - São considerados homó- logos (homo = igual) entre si, os cromossomas que jun- tos formam um par. Esses pares só existem nas células somáticas, que são diplóides (2n). Num par, os dois homólogos possuem genes para os mesmos caracteres. Esses genes têm localiza- ção idêntica nos dois cromossomas (genes alelos). Na célula-ovo ou zigoto, um cromossoma é herdado do pai e outro da mãe e ficam emparelhados. Genes Alelos - São aqueles que formam par e se si- tuam em loci correspondentes nos cromossomas ho- mólogos. Respondem pelo mesmo caráter. Cada cará- ter é determinado pelo menos por um par de genes. Se num determinado local (locus) de um cro- mossoma houver um gene responsável pela manifestação da característica ‘cor do olho’, no cromossoma homólogo haverá um gene que deter- mina o mesmo caráter, em locus correspondente. Se, por exemplo, houver um gene ‘A’ num cro- mossoma, o gene ‘a’ localizado no homólogo correspondente será alelo de ‘A’. Da mesma for- ma ‘B’ é alelo de ‘b’; mas ‘A’ não é alelo de ‘b’. Cada par de genes vai determinar um caráter, podendo ser homozigoto (letras iguais – AA ou aa) ou heterozi- goto (letras diferentes – Aa). Existem, no homem, 46 cromossomas nas células so- máticas (do corpo). Cada um desses cromossomas tem um homólogo correspondente. Podemos dizer que o homem apresenta 23 pares de homólogos. Esses cromossomas homólogos sofrerão uma separa- ção (segregação) durante a formação dos espermato- zóides e dos óvulos (espermatogênese e ovulogéne- se), de tal forma que estas células sexuais apresentarão metade do número normal (células haplóides – n). Carácter Dominante - É o caráter resultante da pre- sença de um gene que, mesmo sozinho, em dose sim- ples ou heterozigota, encobre a manifestação de outro (chamado de recessivo). Os genes são representados por letras. Geralmente usa- mos a primeira letra do recessivo para representá-los. Para o gene recessivo usamos a letra em minúsculo, e para o gene dominante, a mesma letra, porém em maiúsculo. Exemplo: no homem existe um gene normal para a pig- mentação da pele que domina o gene para a ausência de pigmentação (albinismo). Representamos, pois, esse ca- ráter por A (gene normal) e por a (gene para albinismo). Um indivíduo Aa terá um fenótipo normal porque o gene A domina o gene a. Entretanto, esse indivíduo irá transmitir para alguns dos seus descendentes o gene a, podendo ter filhos ou netos albinos. Carácter Recessivo - É aquele que só se manifesta quando o gene está em dose dupla ou homozigota. Assim, só teremos indivíduos albinos quando o genóti- po for aa. Esses genes são chamados recessivos porque ele fica escondido (em recesso) quando o gene domi- nante está presente. No caso de herança ligada ou res- trita aos cromossomas sexuais, o gene recessivo pode se manifestar, mesmo em dose simples. Homozigoto e Heterozigoto - Quando os pa- res de alelos são iguais, dizemos que os indiví- duos são homozigotos (puros) para aquele ca- rácter, podendo ser dominantes ou recessivos. Quando os pares de alelos são diferentes, dizemos que os indivíduos são heterozigotos (híbridos) para aque- le carácter. Ex: são homozigotos – AA, aa, BB, bb, etc. são heterozigotos – Aa, Bb, etc. Genótipo - É a constituição genética de um indivíduo, a soma dos fatores hereditários (genes) que o indivíduo recebe dos pais, e que transmitirá aos seus próprios filhos. Não é visível, mas pode ser deduzido pela análise dos ascendentes e descendentes desse indivíduo. É repre- sentado por 2 letras para cada carácter. Fenótipo - É a expressão da atividade do genótipo, mostrando-se como a manifestação visível ou detectá- vel do carácter considerado. É a soma total de suas características de forma, tama- nho, cor, tipo sanguíneo, etc. Dois indivíduos podem apresentar o mesmo fe- nótipo embora possuam genótipos diferentes. Por exemplo, a cor do olho pode ser escura para os dois, sendo um homozigoto (puro) e o outro heterozigoto (híbrido). Externamente, porém, não podemos distin- gui-los, apresentando, portanto, o mesmo fenótipo. As características fenotípicas não são transmitidas dos pais para os filhos. Transmitem-se os genes que são os fa- tores potencialmente capazes de determinar o genótipo. CRUZAMENTO - TESTE - Para descobrir se um indiví- duo portador de um caráter dominante qualquer é puro ou híbrido, basta cruzá-lo com um indivíduo recessivo para a característica em questão. Se obtivermos apenas um tipo de descendente, ele é dominante puro; se ob- tivermos dois tipos de descendentes, ele é hibrido. Esse tipo de cruzamento é chamado de cruzamento-teste e foi usado, entre outros cruzamentos, por Mendel para testar suas hipóteses. Quando feito com um ascendente recessivo, é chamado também de retrocruzamento. AUSÊNCIA DE DOMINÃNCIA - As características estu- 87 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA dadas por Mendel apresentavam sempre o efeito de do- minância de um gene sobre seu alelo e, por isso, apenas duas alternativas fenotipicas para o caráter em estudo (semente amarelada ou verde; lisa ou rugosa, etc.). Mas há casos em que o aspecto do heterozigoto é di- ferente dos dois homozigotos por que há ausência de Dominância entre os genes alelos. No caso da flor ma- ravilha ( Mirabilis jalapa), o resultado do cruzamento de plantas com fores vermelhas e plantas com flores brancas é uma planta com flor rosa. Como não há dominância, representamos os genes por letras com índices, em vez de letras maiúsculas e minús- culas: a flor vermelha é CVCV( C de cor e V de vermelho); a branca, CBCB; a rosa CVCB (às vezes, essa notação é simplificada para VV,BB,VB). O cruzamento entre dois hí- bridos produz proporção genotípica igual à fenotípica. Esse tipo de ausência de dominância, em que o hetero- zigoto apresenta fenótipo intermediário em relação ao dos homozigotos, é chamado de dominância incom- pleta ou intermediária. Isso ocorre porque o gene alelo para cor vermelha leva a planta a produzir apenas me- tade do pigmento vermelho que ela produziria se esse gene estivesse em dose dupla. Como o alelo para cor branca não produz pigmento, a plantaserá rosa. No caso da ervilha de Mendel, a presença de apenas um alelo para amarelo, por exemplo, é suficiente para pro- duzir um fenótipo igual ao do homozigoto de cor ama- rela. Nesse caso, há dominância completa entre genes. O outro tipo de ausência de dominância, a co-dominân- cia, em que os dois alelos agem e o resultado aparece no fenótipo, como ocorre nos grupos sangüíneos ABO. GENES LETAIS - A pelagem amarelada de camundon- gos é determinada por um gene dominante e a pela- gem preta por um gene recessivo. Mas o cruzamento de dois camundongos amarelos heterozigotos resul- tam em uma descendência de 2 amarelos para 1 preto, e não a proporção esperada de 3 para 1. Qual a explicação para esse resultado? Os embriões amarelos homozigotos formam-se, mas não se de- senvolvem, pois o gene responsável por pêlo amare- lo em dose dupla e letal, ou seja, provoca a morte do embrião. Como o gene para amarelo (P) só mata o em- brião em dose dupla, dizemos que ele é recessivo para letalidade, apresar de ser dominante para cor do pêlo. Assim, os indivíduos pp são amarelos e sobrevivem; in- divíduos pp são pretos e indivíduos PP morrem. MONOIBRIDISMO NO SER HUMANO - A transmissão de algumas características humanas obedece à primei- ra lei de Mendel, o que significa que elas são condicio- nadas por um par de alelos. Trata-se, portanto, de um caso de monoibridismo ou de herança monogênica. Essas características são autossomos e não nos cro- mossomos sexuais. Várias características genéticas e algumas doenças são casos de monoibridismo. Elas surgem de genes nor- mais que sofrem mutações e são transmitidos aos des- cendentes. Quase sempre são muito raras; em geral, um caso em alguns milhares de indivíduos. Para algu- mas já há testes genéticos, que permitem saber se uma pessoa tem gene responsável por elas. Um exemplo de herança monogênica é o albinismo, falta do pigmento melanina, que dá cor à pele, aos olhos e aos cabelos, provocada por um gene que pro- duz uma hemoglobina anormal e hemácias em forma de meia-lua ou foice, que podem entupir os vasos san- güíneos e originar acidentes vasculares. HEREDOGRAMA - Uma forma de descobrir como ocor- re a herança das características humanas é elaborar heredograma ou árvores genealógicas, esquemas que apresentam, com uma série de símbolos, os indivíduos de uma família. Esses símbolos indicam o grau de pa- rentesco, o sexo, a geração, a ordem de nascimento, a presença de caráter afetado por determinada anomalia. 88 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA CASAMENTO CONSAGUÍNEO - Um caso que merece atenção especial no ser humano é o dos casamentos consangüíneos, ou seja, casamentos entre pessoas da mesma família. Suponha que um gene recessivo a de- terminante alguma malformação ou uma doença que seja um gene raro na população. Poucas pessoas serão portadoras desse gene, isto é, terão genótipo Aa. Como o gene defeituoso é recessivo, o individuo Aa é normal. Se esse indivíduo se casar com uma pessoa de outra fa- mília, essa pessoa, muito provavelmente, será AA, pois o gene a, sendo raro, é encontrado em poucas famílias. Esse casamento (Aa com AA). Se o indivíduo Aa se ca- sar com um parente próximo, a probabilidade de esse parente ser também Aa terá a probabilidade de ¼(25%) de filhos aa, portadores da malformação ou da doença. 2ª LEI DE MENDEL - Mendel cruzou ervilhas puras para semente amarela e para superfície lisa (caracteres do- minantes) com ervilhas de semente verde e superfície rugosa (caracteres recessivos). Constatou que F1 era totalmente constituída por indivíduos com sementes amarelas e lisas, o que era esperado, uma vez que es- ses caracteres são dominantes e os pais eram puros. Ao provocar a autofecundação de um indivíduo F1, obser- vou que a geração era composta de quatro tipos de semente; amarela e lisa, 9/16; amarela e rugosa, 3/16; verde e lisa, 3/16; verde e rugosa, 1/16. Os fenótipos “amarela e lisa” e “verde e rugosa” já eram conhecidos, mas os tipos “amarela e rugosa” e “verde e lisa” não estavam presentes na geração paterna nem na F1. O aparecimento desses fenótipos de recombinação de caracteres paternos e maternos permitiu a Mendel concluir que a herança da superfície da semente. O par de fatores para cor se distribuía entre os filhos sem in- fluir na distribuição do par de fatores para superfície. Essa também é a segunda lei de Mendel, também cha- mada de lei da recombinação ou lei da segregação independente, e pode ser assim enunciada: “Em um cruzamento em que estejam envolvidos dois ou mais caracteres, os fatores que determinam cada um se se- param (se segregam) de forma independente durante a formação dos gametas, se recombinam ao acaso e for- mam todas as combinações possíveis. INTERPRETAÇÃO DA SEGUNDA LEI DE MENDEL - Mendel passa a estudar simultaneamente a trans- missão de dois ou mais pares de genes ao longo de gerações de ervilhas Mendel concluiu que os dois fatores (genes) para os dois estados de uma característica não se misturam no híbrido, pois os descendentes do híbrido podem apa- recer um ou o outro estado. (Geração F2). No segundo experimento, Mendel utilizou sementes de F1 (primeira geração) e deixou as flores se autofe- cundarem. Mendel colheu 556 sementes de F2 (segun- da geração) e constatou 4 tipos (fenótipos) de semen- tes, com proporção de 9:3:3:1. Semente Lisa e amarela Semente Lisa e verde Semente Rugosa e Amarela 108 3 18,75 % 556 16 = = Semente Rugosa e Verde Semente Lisa e amarela: VVRR + VVRr + VvRr = 9 = 9/16 Semente Lisa e verde: vvRR + vvRr = 3 = 3/16 Semente Rugosa e amarela: VVrr + Vvrr = 3 = 3/16 Semente Rugosa e verde: vvrr = 1 = 1/16 Entendendo a segunda lei de Mendel Lei da segregação independente - Em F2 surgem se- mentes Amarelas Rugosas e Verdes Lisas diferentes de F1 mostrando que a transmissão de genes independe. Cada par de genes de cada alelo (V, R, v, e r) pode ser transmitido independentemente. Isto mostra que a cor da semente não está ligada ao mecanismo da trans- missão da superfície da semente. 89 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA Os Genes que transmitem dois caracteres separam-se durante a meiose, recombinando-se com os Genes do outro genitor estabelecendo todas as possíveis combi- nações entre si. POLIALELIA - CONCEITOS BÁSICOS - Até agora, consideramos que apenas um par de alelos é responsável pela determina- ção de uma característica, estando um alelo localizado em um cromossomo e o outro no cromossomo homó- logo. Assim, para cada loco gênico existem apenas dois alelos possíveis. Como os cromossomos homólogos formam pares, se chamarmos esses alelos de G e G1, podem, então, ocorrer três combinações: G – G; G – G1; G1 – G1. Mas será que sempre existem apenas dois ale- los para cada loco? Os três alelos não podem ocorrer em uma mesma célu- la ao mesmo tempo, pois os cromossomos reúnem-se em pares de homólogos. Assim, em um mesmo par só podem existir dois alelos para cada loco, sendo um em cada cromossomo homólogo. Você deve ter concluído que existem seis possibilida- des, que estão representadas no esquema a seguir. Como você observa, embora sejam seis as possibilidades, so- mente uma delas poderá ocorrer nas células de um indivíduo. Em todos esses casos em que há mais de dois alelos para um mesmo loco, fala-se em polialelia, ou alelos múltiplos. Esse termo é aplicado sempre que ocorrem mais de dois alelos para um mesmo loco, lembrando que eles somente podem ocorrer dois a dois, ou seja, aos pares. Dois exemplos que estudaremos de polialelia são a he- rança da cor de pêlos em coelhos e a transmissão dos grupos sanguíneos humanos, do sistema ABO. HERANÇA DA COR DA PELAGEM EM COELHOS - Coelhos podem apresentar quatro fenótipos, quanto à cor dos pêlos: Para compreender a relação entre fenótipo e genótipo na determinação da cor de pêlos em coelhos, é preciso saber a ordem de dominância desses alelos entresi. O alelo aguti (c+) domina todos, o albino (c) é recessivo em relação a todos e o chinchila (cch) é dominante em re- lação ao himalaia (ch). A ordem de dominância fica então: c + > c ch > c h > c São dez possibilidades de combinação entre esses quatro alelos, formando pares. HERANÇA DOS GRUPOS SANGUÍNEOS DO SISTEMA ABO - A presença ou ausência de determinadas proteínas nas hemácias permite classificar os indivíduos da espécie humana em alguns grupos sanguíneos. O sistema Rh, é um caso de monoibridismo, cuja transmissão se faz de acordo com a primeira lei de Mendel. Um outro sistema, cujo conhecimento também é de grande importância para a Medicina, é o sistema ABO, cuja transmissão se faz por três pares de alelos, consti- tuindo-se, portanto, um caso de polialelia. De acordo com esse sistema, as pessoas são distribuí- das por quatro grupos, denominados A, B, AB e O. Essa classificação baseia-se na presença ou ausência, l nas hemácias, de duas proteínas, conhecidas como A e B. Nas hemácias de um mesmo indivíduo podem ocorrer as duas proteínas, apenas uma ou não ocorrer nenhuma delas. Dizer que um indivíduo pertence ao grupo sanguíneo A, B, AB ou O significa dizer que ele possui em suas he- mácias, respectivamente, a proteína A, a proteína B, as duas (A e B) ou que não possui nenhuma das duas.Os quatro grupos possíveis estão colocados de forma es- quemática neste quadro: Proteínas nas hemácias Grupo sanguíneo possui A; não possui B A possui; não possui A B possui A e B AB não possui A nem B O Determinar o grupo sanguíneo a que pertence um in- divíduo implica pesquisar a presença das proteínas A e B em suas hemácias. Antes de aprender como é feita a pesquisa dessas pro- teínas no sangue para a determinação do grupo san- guíneo, você vai ver como é a herança dos grupos san- guíneos de pais para filhos. A presença da proteína A é condicionada por um ale- lo, que chamaremos de I A ; a produção da proteína B é condicionada pelo alelo que chamaremos de I B ; a não produção dessas proteínas A e B são condicionadas à presença de um alelo, aqui chamado de i. As pessoas possuem apenas dois desses alelos, loca- lizados em um par de cromossomos homólogos. Os alelos podem ser iguais ou não. Daí ocorre, então, seis possibilidades diferentes, que você pode observar na representação seguinte: 90 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA DETERMINAÇÃO DOS GRUPOS SANGUÍNEOS DO SIS- TEMA ABO - A determinação do grupo sangüíneo a que ima pessoa pertence é resultado, como já vimos da pesqui- sa sobre a presença das proteínas A e B em suas hemácias. Essa determinação deve ser realizada em laboratórios especializados e autorizados e baseia-se em um tipo de reação de aglutinação de um antígeno por ação de um anticorpo. Quando uma substância estranha é introduzida por via parenteral em um organismo, ocorre uma reação de defesa característica: o organismo produz, caso ainda não possua, uma proteína que reagirá especificamente a essa substância. A substância estranha introduzira no organismo é de- nominado antígeno e a proteína que reage com ela é o anticorpo. No caso dos grupos sanguíneos, a reação que ocorre entre antígenos e anticorpos é uma reação de agluti- nação: as hemácias portadoras dos antígenos são aglu- tinadas, amontoadas, formando grumos, por ação dos anticorpos que estão no plasma sangüíneo. Em casos como esse, em que a reação é de aglutinação, os an- tígenos são chamados aglutinogênios e os anticorpos aglutininas. Sendo assim, as proteínas A e B presentes nas hemá- cias, quando introduzidas em indivíduos que não pos- suem, funcionam como antígenos, do grupo dos aglu- tinogênios, e as proteínas do plasma que reagem com elas são as aglutininas. A aglutinina que reage ao antígeno A tem o nome de anti-A e a aglutinina que reage ao antígeno B é chama- da anti-B. As aglutininas anti-A e anti-B são anticorpos naturais, pois já existem no plasma sanguíneo mesmo que o indivíduo não tenha recebido o antígeno especí- fico em seu sangue. Assim, uma pessoa portadora do antígeno A em suas hemácias tem em seu plasma sanguíneo o anticorpo anti – B. Não é possível que um antígeno e seu anti- corpo correspondente, como A e anti-A, coexistam no mesmo sangue, pois aconteceria uma reação de aglu- tinação. Da mesma forma que os indivíduos do grupo A pos- suem anticorpos anti-B, os do grupo B possuem anti- corpos anti-A. E os indivíduos dos grupos AB não podem ter anti-A nem anti-B, pois apresentam os dois aglutinogênios em suas hemácias, ao passo que os do grupo O pos- suem esses dois anticorpos. Observe então, o quadro que mostra os grupos sanguí- neos do sistema ABO, com os aglutinogênios (antíge- nos) e as aglutininas (anticorpos) que possuem. A determinação do grupo sanguíneo é feita com a atu- alização de preparados de soros contendo anticorpos (aglutininas) anti-A e soros contendo anticorpos anti-B. Os resultados possíveis são: DETERMINAÇÃO DO FATOR RH - Ao contrário do que ocorre no caso do sistema ABO, no sistema Rh não há, no plasma de pessoas Rh negativo, anticorpos prontos 91 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA para reagir ao antígeno fator Rh presente nas hemácias das pessoas Rh positivo. Esse antígeno somente é pro- duzido quando a pessoa Rh negativo recebe sangue de uma pessoa Rh positivo. A determinação do fator Rh, que também só deve ser realizada em laboratórios especializados e autorizados, o sangue os mesmos princípios da determinação dos grupos do sistema ABO. A aglutinina que reage com o antígeno Rh denomina- -se anti-Rh e, como já comentado, é um anticorpo que só se forma quando um indivíduo Rh negativo (RH-) recebe sangue Rh positivo (Rh+). São dois os resultados possíveis: TRANSFUSÃO DE SANGUE - O conhecimento dos grupos sanguíneos é particularmente importante para as transfusões de sangue, pois deve haver compatibilidade entre o an- ticorpo presente no plasma do receptor presente em suas hemácias, de forma que não ocorra a aglutinação. Se ocorresse, por exemplo, a transfusão de sangue de um indivíduo do grupo A para um indivíduo do grupo B, ocorreria aglutinação do sangue doado, por ação da aglutinina anti-A presente no plasma do receptor. Para saber se uma transfusão é possível, basta, em prin- cípio, verificar se os antígenos presentes na hemácia do doador são compatíveis com os anticorpos presentes no plasma do receptor. Se houver compatibilidade, a doa- ção é possível, dentro de certos limites, pois o ideal é a transfusão entre os mesmos tipos sanguíneos. Sendo assim, pode-se montar um esquema para uma visualização rápida dessas possibilidades de transfusão: De acordo com esse esquema, os indivíduos do grupo O podem doar sangue para todos os grupos enquanto os indivíduos do grupo AB podem receber sangue de todos os grupos. Como podem doar sangue para todos os grupos, os indivíduos do grupo O são considerados doadores uni- versais. Podendo receber sangue de todos os grupos, os indivíduos do grupo AB são chamados de recepto- res universais. No entanto, o ideal é que a transfusão seja feita entre pessoas do mesmo grupo, devendo-se levar em conta também o sistema Rh e outros sistemas de classificação de grupos sanguíneos. Normalmente, em uma transfusão incompatível, as he- mácias do doador são aglutinadas no corpo do recep- tor pela ação dos anticorpos presentes no plasma. No entanto, pode ocorrer o inverso: as hemácias do indiví- duo receptor serem aglutinadas por ação dos anticor- pos presentes no plasma do doador. Essa possibilidade invalida os conceitos de doador e receptor universais, principalmente para transfusões de quantidades rela- tivamente grandes de sangue ou para indivíduos que necessitam de transfusões freqüentes. O fator Rh também precisa ser considerado em uma transfusão de sangue. Como uma pessoa Rh+ possui o antígeno Rh, ela pode doar para outra pessoa que tam- bém possua, ou seja, para outra Rh+. Já um indivíduo Rh- pode doar tantopara Rh+ como para Rh-, pois ele não possui antígeno Rh e não provocará a produção e ativação de anti-Rh. GRUPOS SANGUÍNEOS E EXCLUSÃO DE PATERNIDADE - Os cruzamentos relativos ao sistema sangüíneo ABO são de monoibridismo, pois, apesar de estarem em jogo alelos, cada indivíduo só apresenta um par de cro- mossomos homólogos portadores desses genes.. Com análise dos grupos sangüíneos é possível esclarecer casos de paternidade duvidosa ou de trocas de bebês em maternidade. Dependendo das circunstâncias, é possível provar que determinado indivíduo não pode ser o pai de uma criança. Entretanto, apenas pelos grupos sangüíne- os do sistema ABO nunca se pode provar que o homem é de fato o pai de uma criança, mesmo que seja. Para explicar melhor, vamos considerar o sangue caso: se um homem e uma mulher são do grupo O, jamais po- derão ter um filho dos grupos A,B e AB, mas, se a criança for do grupo O, não se prova que o homem é o pai, pois qualquer outro indivíduo do grupo O e mesmo do gru- po A ou B híbrido ( AO ou BO) poderia ser o pai. Atualmente, com o teste de DNA, a paternidade pode ser esclarecida com altíssimo grau de certeza. SISTEMA RH DE GRUPO SANGUÍNEO - Cerca de 85% das pessoas possuem em suas hemácias o antígeno Rh (iniciais de Rhesus, o gênero de macaco no qual esse antígeno foi descoberto inicialmente) e são chamadas de Rh positivas (Rh+). As que não têm esse antígeno são Rh negativas (Rh-). Embora vários pares de genes estejam envolvidos na herança do fator Rh, para efeitos de incompatibilidade de grupos sangüíneos, podemos considerar. Apenas um par de genes alelos: D (dominante, faz apa- 92 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA recer esse antígeno) e d (recessivo). Ao contrário dos antígenos do sistema ABO o antígeno Rh não é encontrado em bactérias intestinais, e, a prin- cípio, um indivíduo negativo não possui anticorpos no plasma. Em geral, os indivíduos Rh- produzem anticor- pos correspondentes quando recebe hemácias com o antígeno Rh, o que pode ocorrer durante a gravidez e no parto ou em transfusões. Veja o quadro abaixo. Quando uma mulher Rh- tem um filho com um homem Rh+, há duas possibilidades, dependendo de o homem ser puro ou híbrido. No primeiro caso, todos os filhos do casal serão Rh+; no segundo, podem nascer filhos Rh+ e Rh-. A eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém- -nascido (DHRN) pode ocorrer apenas em filhos de mãe Rh-. Se o filho for Rh-, terá o mesmo padrão da mãe e não haverá incompatibilidade entre eles. Se for Rh+, alguns dias antes do nascimento e principalmente durante o parto uma parte do sangue do feto escapa para o orga- nismo materno, que é estimulado a produzir anticorpo anti-Rh+. Como a produção não é imediata, esse primei- ro filho nascerá livre de problemas. Em uma segunda gestação, os anticorpos maternos, já concentrados no sangue, atravessam a placenta e podem provocar aglu- tinação das hemácias do feto, que serão fagocitadas e destruídas. Nesse caso, ao nascer à criança apresenta anemia e icterícia: a hemoglobina da hemácia destruída é transformada em bilirrubina (pigmento amarelo), que em quantidade excessiva se deposita nos tecidos e dá coloração amarelada à pele. Além disso, pode se depo- sitar no cérebro da criança e provocar surdez e defici- ência mental. A destruição das hemácias do feto e do recém-nascido leva seus órgãos produtores de sangue a lançarem na circulação hemácias ainda jovens – os eri- troblastos -, daí o nome da doença. Nos casos mais graves chega a ocorrer aborto involun- tário. Se a criança nascer, poderá ser salva com a troca gradativa de seu sangue por sangue Rh-. As novas he- mácias Rh- não serão destruídas em, após algum tempo quando forem substituídas naturalmente por hemácias Rh+ da própria criança, os anticorpos anti Rh da mãe que passaram para a criança já terão sido eliminados. Para prevenir a eritroblastose fetal, até três dias após o parto da primeira criança Rh+ (ou um pouco antes) a mãe Rh- deve receber uma aplicação de anticorpo anti-Rh. Provenientes do plasma de pessoas Rh- sensibilizadas, es- ses anticorpos destroem as hemácias Rh+ deixadas pelo feto no sangue da mãe, o que impede o desencadeamen- to da produção de anticorpos maternos. Com o tempo, esses anticorpos são eliminados. Como o organismo da mulher não aprendeu a fabricá-los, não os substitui e ela fica livre para uma nova gravidez. Se, novamente, acriança for Rh+, não haverá problema, pois será como se fosse o primeiro filho. No entanto, o tratamento tem de ser repetido para prevenir aciden- tes na gravidez seguinte, pois durante o parto a crian- ça, sendo positiva, pode lançar hemácias com antíge- nos no sangue materno. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM QUESTÃO 01 (ENEM) - O esquema anterior mostra uma experiência com um coelho himalaia. A mudança ocorrida na coloração do pêlo em função da queda de temperatura demonstra o efeito da: a) norma de reação. b) mutação gênica. c) expressividade de um gene. d) penetrância de um gene. e) alteração do genótipo pelo ambiente. QUESTÃO 02 - O albinismo, a ausência total de pigmen- to é devido a um gene recessivo. Um homem e uma mu- lher planejam se casar e desejam saber qual a probabili- dade de terem um filho albino. O que você lhes diria se ( a ) embora ambos tenham pigmentação normal, cada um tem um genitor albino; ( b ) o homem é um albino, a mulher é normal mas o pai dela é albino; ( c ) o homem é albino e na família da mulher não há albinos por mui- tas gerações. As respostas para estas três questões, na seqüência em que foram pedidas, são: a) 50%; 50%; 100% b) 25%; 50%; 0% c) 100%; 50%; 0%d) 0%; 25%; 100% e) 25%; 100%; 10% QUESTÃO 03 - Se um rato cinzento heterozigótico for cruzado com uma fêmea do mesmo genótipo e com ela tiver dezesseis descendentes, a proporção mais provável para os genótipos destes últimos deverá ser: a) 4 Cc : 8 Cc : 4 cc b) 4 CC : 8 Cc : 4 cc c) 4 Cc : 8 cc : 4 CC d) 4 cc : 8 CC : 4 Cc e) 4 CC : 8 cc : 4 Cc QUESTÃO 04 - Olhos castanhos são dominantes sobre os olhos azuis. Um homem de olhos castanhos, filho de pai de olhos castanhos e mãe de olhos azuis, casa-se com uma mulher de olhos azuis. A probabilidade de que tenham um filho de olhos azuis é de: 93 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br BIOLOGIA a) 25% b) 50% c) 0% d) 100% e) 75% QUESTÃO 05 - Se um macho aguti, filho de um aguti com um himalaio (ambos homozigotos), cruzar com uma fêmea chinchila (Cchc), produzirá coelhos com to- dos os fenótipos a seguir, exceto a) aguti. b) himalaio. c) chinchila. d) albino. e) himalaio e albino. QUESTÃO 06 - A polidactilia (presença de mais de 5 dedos em cada membro) é condicionada por um gene dominante. P. Se um homem com polidactilia, filho de mãe normal, casa-se com uma mulher normal, qual a probabilidade que têm de que em sucessivas gesta- ções venham a ter 6 filhos com polidactilia? a) 1/16 b) 1/32 c) 1/64 d) 1/128 e) 1/256 QUESTÃO 07 - Sabe-se que um homem e uma mulher são heterozigotos para um gene recessivo que causa o albinismo. Se eles tiverem dois fihos (não importa o sexo), a probabilidade de os dois serem normais é: a) 9/16. b) 3/16. c) 1/16. d) 3/4. e) 1/4. QUESTÃO 08 - Em urtigas o caráter denteado das fo- lhas domina o caráter liso. Numa experiência de po- linização cruzada, foi obtido o seguinte resultado: 89 denteadas e 29 lisas. A provável fórmula genética dos cruzantes é: a) Dd x dd b) DD x dd c) Dd x Dd d) DD x Dd e) DD x DD QUESTÃO 09 - Nos coelhos, a cor preta dos pelos é do- minante em relação à cor branca. Cruzaram-se coelhos pretos heterozigotos entre si e nasceram 360 filhotes. Destes, o número de heterozigotos provavelmente é: a) zero b)90 c) 180 d) 270 e) 360 QUESTÃO 10 - A Marabilis jalapa, uma flor vulgarmen- te conhecida por “maravilha”, apresenta plantas com flores vermelhas e plantas com flores brancas. Cru- zadas entre si, a geração F1 dará flores de coloração rósea. Intercruzando-se elementosdessa geração, na geração F2 aparecerão flores brancas, rosadas, e ver- melhas, na proporção de 1:2:1, respectivamente. De acordo com o enunciado, você pode concluir que se trata de um caso de: a) polimeria b) interação gênica c) pleiotropia d) recessividade e) codominância GABARITO - EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 A B - B D B D C C E 94 MÓDULO II alcancevirtual.al.ce.gov.br Acordo de Convivência Buscando a plena qualidade no processo ensino-aprendizagem, o curso prepa- ratório Alcance.Enem estabeleceu NORMAS DISCIPLINARES e COMPORTAMENTAIS ade- quadas para o bom andamento das atividades. A adesão às normas é obrigatória a partir do momento em que o aluno é inscrito no Alcance.Enem. Portanto, é importante ler atentamente todas as normas, pois será co- brado dos alunos o seu cumprimento integral. COMPORTAMENTO E CUMPRIMENTO DOS DEVERES DO ALUNO: • Ter ciência que a partir de 03 (três) faltas o aluno terá sua inscrição cancelada. • Respeitar à diversidade dos participantes do Alcance.Enem, não sendo permitidas ati- tudes excludentes e preconceituosas (“bullying”). • Usar permanentemente de diálogo respeitoso, evitando a agressividade nas discussões e atos. • Preservar o patrimônio, colaborando na manutenção, conservação e asseio do prédio onde ocorrem as aulas. • É proibido o uso de equipamentos eletrônicos, tais como: celular, tablet, jogos, etc., durante as aulas. • Cumprir com as orientações dos monitores e demais colaboradores do Alcance.Enem, acatando suas instruções. • É defeso comer ou beber nas salas de aula e no auditório. • É vedado a circulação de alunos nos andares onde não haja atividade do Alcance. Enem, sem acompanhamento de um monitor. • É, terminantemente, proibido consumir cigarros e fazer uso ou venda de qualquer tipo de droga e/ou bebida alcoólica no prédio onde acontecem as aulas do Alcance. Enem, bem como nas suas imediações. • Evitar brigas (discussões) dentro ou nas proximidades do prédio onde acontecem as aulas do Alcance.Enem, nem portar ou fazer uso de quaisquer objetos que ameacem a integridade física do próprio aluno ou de terceiros. A Coordenação do Alcance.Enem estará à disposição dos participantes para fazer cumprir o presente ACORDO DE CONVIVÊNCIA. EDIÇÕES INESP Ernandes do Carmo Coordenador da Gráfica Cleomarcio Alves (Márcio), Francisco de Moura, Hadson França e João Alfredo Equipe de Acabamento e Montagem Aurenir Lopes e Tiago Casal Equipe de Produção em Braile Mário Giffoni e Carol Molfese Diagramação José Gotardo Filho e Valdemice Costa (Valdo) Equipe de Design Gráfico Rachel Garcia Bastos de Araújo Redação Luzia Lêda Batista Rolim Assessoria de Comunicação/Imprensa Lúcia Maria Jacó Rocha e Vânia Monteiro Soares Rios Equipe de Revisão Marta Lêda Miranda Bezerra e Maria Marluce Studart Vieira Equipe Auxiliar de Revisão Site: https://al.ce.gov.br/index.php/institucional/inesp E-mail: presidenciainesp@al.ce.gov.br Fone: (85) 3277-3701 Assembleia Legislativa do Estado do Ceará Av. Desembargador Moreira 2807, Dionísio Torres, Fortaleza, Ceará Site: www.al.ce.gov.br Fone: (85) 3277-2500 João Milton Cunha de Miranda Presidente