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03 Direito Adm - Poderes Administrativos

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1. PODERES ADMINISTRATIVOS
Tem caráter instrumental, são instrumentos colocados à disposição do administrador público para atingir o interesse público.
A Administração tem o dever de valer-se de todos os poderes que estão à sua disposição.
Para decorar os deveres dos administradores públicos, basta lembra de PEPA:
· Prestar Contas
· Eficiência
· Probidade
· Agir
Resumindo cada ponto desse significa:
· Dever de Prestar Contas: tem o dever de ser transparente e prestar contas sobre a atividade
· Dever de Eficiência: prestar os serviços com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e economicidade.
· Dever de Probidade: autar com boa fé, ética e honestidade
· Dever de Agir: não pode ficar inerte diante de uma situação que deva executar o poder administrativo.
O Ato administrativo possui cinco elementos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Pra um ato ser válido ele precisa ter os cinco elementos e todos devem ter sido praticados conforme a lei.
Abuso de poder ocorre de duas formas por excesso de poder ou por Desvio de finalidade.
· Excesso de poder: ir além do permitido. VIOLA o requisito da competência
I. Autoridade ultrapassa o limite de suas atribuições
· Desvio de Finalidade ou Desvio de poder: Autoridade pratica o ato por motivos pessoais ou fins diversos dos objetivos. Viola o requisito da Finalidade.
I. Autoridade pratica ato visando interesse próprio ou atos para finalidade não previstas em lei.
***É possível o abuso de poder pela omissão!!!
Exemplo: o chefe da repartição, pela Lei n. 8.112/1990, somente pode aplicar, no máximo, a sanção de advertência ou suspensão por até 30 dias. Se ele aplica a demissão, comete excesso de poder. Ele tinha competência punitiva, mas avançou nas suas atribuições legais 
Exemplo: desapropriação para prejudicar desafeto político, remoção de servidor com caráter punitivo.
1.1 PODER HIERÁRQUICO
É o poder da administração para estabelecer hierarquia entre órgãos e agentes públicos.
Poder de Fiscalização e Revisão: órgãos superiores fazem a fiscalização e a revisão de atos praticados por órgãos inferiores para a verificação e posterior correção de atos se for o caso, revogando ou anulando atos ilegais (lembra do princípio da autotutela, é esse mesmo!)
Poder de delegação e avogação: Na delegação a autoridade transfere parte de suas atribuições para outro agente praticar o ato em seu lugar. Na avogação a autoridade chama para si o ato que seria de seu subordinado.
*A delegação pode ocorrer em situações não hierarquizadas também.
*Na avocação DEVE haver a relação de hierarquia.
Poder de Punir: O poder de punir exige relação hierarquizada. Lembre de uma situação onde o superior aplica uma punição ao subordinado.
1.1.1 Recurso Hierárquico Impróprio
· Recurso Hierárquico Próprio: é aquele interposto em uma relação que tem hierarquia
· Recurso Hierárquico Impróio: interposto em relação onde não há hierarquia
1.2 Poder Disciplinar
É o poder de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas a relação com a Adminstração Pública.
Exemplo: Advertência e Multa
A aplicação do poder disciplinar também vale para particulares que tem relação com a adminstração pública como concessionários e permissionários. Geralmente esta aplicação é feita através do poder de polícia.
Exemplo: Uma multa ao atravessar o sinal vermelho é feita pelo poder de polícia. Já a sanção que uma universidade pública faz há um aluno poder disciplinar.
Aplicação de sanção em relação de vínculo especial – PODER DISCIPLINAR.
Aplicação de sanção em relação que há vínculo geral – PODER DE POLÍCIA.
A característica do poder disciplinar é a discricionariedade, ou seja, há margem de liberdade para se decidir sobre o ato mais adequado a ser proferido.
Com isso temos O art. 128 da Lei n. 8.112/1990 exige que, antes de ser aplicada a sanção, sejam analisados: a conduta do servidor; os seus antecedentes; a gravidade da situação; e os danos gerados ao serviço público. Ou seja, todo esse conjunto deve ser aferidopara que se possa aplicar uma penalidade.
Atipicidade da Infração Administrativa: Quando não há necessidade prévia em lei da infração administrativa. Não precisa ter uma lei dizendo que proibido por fogo em uma cadeira no orgão público para isto passar a ser ilegal. Existe uma séria de infrações administrativas que podem ser enquadradas dentro dos conceitos abertos na lei. Ex: insubordinação, conduta escandalosa, ato de improbidade administrativa.
O que é um ato de improbidade que permite demissão?
R: É qualquer ato que viole a boa-fé e a honestidade, que devem ser características do servidor público.
Não é possível definir todos os atos de improbidade, por isso apenas lembre “quem comete ato de improbidade receberá demissão”.
Exemplos de algumas situações que podem ser consideradas atos de improbidade:
Servidor que mente dizendo ter alguma doença para ir viajar ou ficar em casa, utilizando atestados falso ou coisas semelhantes.
Servidor do INSS que participa de esquemas na previdência
Súmula n 611
Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. 
Súmula Vinculante n 5 do STF
A falta de defesa técnica por advogado no pro-cesso administrativo disciplinar não ofende a Constituição
Situação de Tipicidade Específica
Quando o legislador defini previamente o ílicito administrativo e a respectiva penalidade.
Exemplo: Conforme art. 138 lei 8.112/1990 prevê que o servidor público que se ausentar intecionalmente por mais de 30 dias consecutivos, irá caracterizar abandono do cargo, cabendo a demissão. Veja que nesta caso há a lei previamente ao caso.
O servidor pode ser púnido nas esferas Cível, Penal, e Administrativa?
Sim! Se a infração disciplinar praticada pelo servidor caracterizar ilícito criminal, ele responderá também na esfera penal. Pela responsabilidade administrativa, o servidor responde com o seu cargo, podendo resultar em advertência, suspensão ou demissão, como regra. Já em relação à responsabilidade penal, o servidor poderá responder com a sua liberdade. Pode responder, também, na esfera civil por ato de improbidade (perante o Poder Judiciário) ou ação de indenização. Art. 126 lei n 8112/1990 A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria
Se o servidor foi absolvido na esfera penal por “falta/ausência de provas”, essa hipótese não vincula a decisão administrativa. Uma coisa é ficar provado que o fato não aconteceu ou que não foi o servidor o autor; outra situação é uma decisão absolutória, na esfera penal, com fundamento de não terem sido reunidas provas suficientes para imputar o crime ao agente.
1.3 Poder Regulamentar ou Normativo
É o poder da Administração de editar atos normativos para a complementação de leis.
Decreto Regulamentar ou de Execução (Art. 84, IV da CF): é de competência privada do chefe do Poder Executivo editá-los para a fiel execução das leis, sendo assim não ampliar nem restringir o alcance da lei. Seu dever é dispor em como os direitos originados da lei serão exercidos.
Caso o ato normativo venha a exorbitar (extrapolar) a sua função de regulamentar a lei,o art. 49, V, da CF autoriza o Congresso Nacional a fazer a sustação desse ato e o órgão que faz isso é CONGRESSO NACIONAL.
Decreto autônomo ou Indepente (Art. 84 VI da CF): trata de matéria não regulada em lei. É atribuído ao Presidente da República para dispor mediante decreto:
a) organização e funcionamento da Administração federal, quando não implicar aumento de despesa, nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos
Ex: Se o presidente quiser retirar a atribuição de um Ministério e atribuir a outro, basta fazer um decreto. Não é necessário uma lei para isso.
1.4 Poder Discricionário e Poder Vinculado
Poder Discricionário:ao agentes administrativos é conferido o poder de elegerem a conduta que traz maior conveniência e oportunidade para o interesse público. Exemplo: prorrogar um concurso público ou autorização para uso de bem público.
Quando o agente tem liberdade de agir, a doutrina considera que ele esta exercendo seu Poder Discricionário, e quando o agente não tem liberdade, age conforme o que a lei determinou, ele este exercendo o Poder vinculado.
Exemplo: um servidor se aposentou com 75 anos, quando a lei determina que ele tem que se aposentar com 75 anos. Ele esta exercendo o Poder vinculado.
1.5 Poder de Polícia
O poder de polícia é o poder do Estado de restringir, limitar ou condicionar o exercício de direitos e da propriedade em benefício do interesse público.
O Estado pode cobrar TAXAS em razão de exercer o poder de polícia (memorize isso).
Cuidado! Somente TAXAS. Não pode ser imposto, tarifa ou contribuição.
O Estado poderá exercer seu poder de polícia em várias areas, conforme abaixo:
Formas pelas quais o Estado exerce o poder de polícia:
· Leis e Atos normativos: Exemplo - > Código de Trânsito ou Código Florestal
· Atos individuais/consentimento: aqueles que possuem destinatários determinados, incidindo sobre bens, direitos ou atividades de pessoa específica. 
Exemplo -> Multas de Trânsito, apreensão de mercadoria, interdição de estabelecimento
· Atos de fiscalização: obrigação de suportar medidas administrativas que têm por finalidade averiguar o cumprimento das determinações expedidas pela Administração;
Exemplo -> Fiscalização de Lanchonetes, bares, estabelecimentos, casas de show.
· Atos de sanção: por meio de sanção o Estado pode exercer o Poder de Polícia se o administrado descumprir determinações impostas.
Ciclos do Poder de Polícia
Legislação -> Atos de Consentimento -> Fiscalização -> Sanção
Súmulas importantes:
Súmula n. 419 do STF
Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não
infrinjam leis estaduais ou federais válidas.
Súmula n. 645 do STF
É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial.
Súmula n. 646 do STF
Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos
comerciais do mesmo ramo em determinada área.
Súmula n. 19 do STJ
A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, e da competência da união.
Súmula n. 312 do STJ
No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as
notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.
Súmula n. 434 do STJ
O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do débito
1.5.1 Atributos, Prerrogativas ou Características do Poder de Polícia
Discricionário
O poder de polícia é discricionário porque há um certo grau de liberdade na sua atuação. O Estado tem liberdade para escolher a atividades a serem policiadas. Também é considerado discrionário porque em muitos casos o poder público exige que o administrado obtenha autorização do Estado para realizar a atividade pretendida. o poder de polícia também pode se manifestar de modo vinculado, quando o Estado exige licença para a realização de atividades.
Autoexecutoriedade
Imediata e direta execução dos atos pela própria Administração, independentemente de ordem judicial.
Exemplo: Interdição de atividades Ilegais
O Estado não precisa do Poder Judiciário para utilizar o Poder de Polícia, porém nem todas as medidas de polícia são dotadas de autoexecutoriedade. Em alguns casos a Adminstração depende de ordem judicial para implantação do ato, como a cobrança de multas.
Coercibilidade
Significa a imposição coativa das medidas adotadas até mesmo pelo uso da força.
Exemplo: Imagine um fiscal que manda tirar um barraquinha de vendas da rua, caso o particular não queira retirar o fiscal pode convocar a polícia e o uso da força para retirada.
1.6 Delegação do Poder de Polícia aos Particulares
Não é possível delegar poder de polícia aos particulares.
Podem haver alguns casos possíveis, ditas execessões, porém lembre-se que não é exatamente o poder de polícia, veja abaixo:
· Atos Materiais que precedem aos atos da polícia como a instação de Pardal podem ser feitos por particulares (empresas), operacionalização de máquinas como em aeroportos
É importante saber esta posição: José dos Santos Carvalho Filho (2011) entende que inexiste qualquer vedação constitucional para que pessoas administrativas de direito privado possam exercer o poder de polícia na modalidade fiscalizatória. Entende o autor que não lhes cabe, é claro, o poder de criação das normas restritivas de polícia. Mas deve ser verificado o preenchimento de três condições:
• a entidade deve integrar a estrutura da administração indireta;
• competência delegada conferida por lei;
• somente atos de natureza fiscalizatória
O poder de polícia não pode ser delegado a particulares, porém pode ser delegado a pessoa jurídica de direito público, por exemplo: as autarquias.
1.7 Polícia Administrativa e Polícia Judiciária
São expressos do poder de polícia sendo:
· Polícia Adminstrativa: Visa impedir ou paralisar atividades antisociais. Assegura os limites impostos pelo Estado por meio de fiscalização, prevenção ou represssão
Atua de Forma preventiva, incide sobre BENS, ATIVIDADE e DIREITOS
Também pode ser repressiva quando interditam estabelcimento comercial por exemplo.
· Polícia Judiciária: Visa reponsabilizar aqueles que cometem ilícito penal. Auxília a autuação do Poder Judiciário, quando por exemplo coleta provas e repassa ao Poder Judiciário ao qual aplicará a lei penal.
Atua de Forma repressiva
OBS:
· O STF entendeu que as guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas.
· A função de polícia judiciária das polícias das Casas Legislativas (ex.: polícia da Câmara edo Senado) é restrita aos crimes ocorridos internamente, conforme Súmula n. 397 do STF
1.8 Prescrição
Prescrição para punição decorrente do poder de polícia ocorre em CINCO ANOS contados da data da prática do ato, em se tratando de infração permanente ou continuada do dia em que tiver cessado.
Se o ato constituir crime o prazo será o mesmo atribuído pela lei penal conforme a lei 9.873/1999

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