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Info-756-STF

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Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em 
peculiaridades do caso concreto: EP 23 AgR/DF; ADI 1798/BA; ADI 2294/RS; ADI 251/CE; RE 677730/RS; ARE 721001 
RG-ED/RJ; Inq 3752/DF. Leia-os ao final. 
 
ÍNDICE 
 
Direito Constitucional 
 Emenda parlamentar a proposições legislativas de iniciativa privativa do chefe do Executivo. 
 Análise do art. 102, I, “f”, da CF/88. 
 Recurso contra a prova oral nos concursos da magistratura. 
 
Direito Administrativo 
 Impossibilidade de concessão de aumentos para servidores com base no princípio da isonomia. 
 Contratação pela Administração Pública sem concurso público e ausência de efeitos trabalhistas. 
 
Direito Penal 
 Princípio da insignificância e condenação anterior por lesão corporal. 
 Art. 89 da Lei 8.666/93. 
 
Direito Previdenciário 
 Necessidade de prévio requerimento administrativo para a concessão de benefício previdenciário na vida judicial. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Emenda parlamentar a proposições legislativas de iniciativa privativa do chefe do Executivo 
 
O parlamentar poderá apresentar emendas em um projeto de lei que seja de iniciativa 
privativa do chefe do Poder Executivo? Em outras palavras, o projeto de lei que trata sobre 
uma das matérias do art. 61, § 1º da CF/88 e que esteja tramitando no Parlamento poderá ser 
alterado pelos parlamentares? 
SIM. É possível que haja emenda parlamentar em um projeto de lei de iniciativa reservada ao 
Chefe do Poder Executivo, desde que cumpridos dois requisitos: 
a) haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto original); e 
b) a emenda não acarrete aumento de despesas (art. 63, I, da CF/88). 
 
Diante disso, o STF considerou inconstitucional a emenda apresentada por parlamentar a uma 
PEC de iniciativa do Governador que instituía o teto do funcionalismo estadual. A emenda do 
Deputado previa exceções ao teto de forma que acabava criando despesas, o que viola o art. 63, 
I, da CF/88 aplicável ao processo legislativo estadual com base no princípio da simetria. 
STF. Plenário. ADI 5087 MC/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2014 (Info 756). 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
 
Projetos de lei de iniciativa do chefe do Poder Executivo 
A CF/88 prevê que determinados projetos de lei que tratam sobre certas matérias somente poderão ser 
propostos pelo chefe do Poder Executivo. Essa relação de assuntos está no § 1º do art. 61 da CF/88 e é 
importante que você conheça por ser cobrada com frequência nas provas: 
Art. 61 (...) 
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de 
sua remuneração; 
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da 
administração dos Territórios; 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e 
aposentadoria; 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a 
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios; 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; 
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, 
remuneração, reforma e transferência para a reserva. 
 
O § 1º do art. 63 acima transcrito fala em “Presidente da República” e não em “Governador”. Apesar 
disso, podemos aplicar esse dispositivo também no caso de projetos de lei apresentados na Assembleia 
Legislativa? 
SIM. Essa regra é aplicada também no âmbito estadual por força do princípio da simetria. 
Segundo o princípio ou regra da simetria, o legislador constituinte estadual, ao elaborar as normas da 
Constituição estadual sobre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e sobre as regras do pacto 
federativo, deverá observar, em linhas gerais, o mesmo modelo imposto pela Constituição Federal, a fim 
de manter a harmonia e independência entre eles. 
Ex: a CE não pode estabelecer que o projeto de lei para a criação de cargos na Administração Pública 
estadual seja de iniciativa parlamentar. Tal previsão violaria o princípio da simetria, já que iria de encontro 
ao modelo federal imposto pelo art. 61, § 1º, I, “b”, da CF/88. 
O princípio da simetria não está previsto de forma expressa na CF/88. Foi uma criação pretoriana, ou seja, 
idealizado pela jurisprudência do STF. 
Alguns Ministros invocam como fundamento normativo para a sua existência, o art. 25 da CF e o art. 11 do 
ADCT, que determinam aos Estados-membros a observância dos princípios da Constituição da República. 
As regras de processo legislativo previstas na CF/88 são normas de reprodução obrigatória pelos Estados-
membros, ou seja, estão submetidas ao princípio da simetria. 
 
O parlamentar poderá apresentar emendas em um projeto de lei que seja de iniciativa privativa do chefe 
do Poder Executivo? Em outras palavras, o projeto de lei que trata sobre uma das matérias do art. 61, § 
1º da CF/88 e que esteja tramitando no Parlamento poderá ser alterado pelos parlamentares? 
SIM. É possível que haja emenda parlamentar em um projeto de lei de iniciativa reservada ao Chefe do 
Poder Executivo, desde que cumpridos dois requisitos: 
a) haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto original); e 
b) a emenda não acarrete aumento de despesas (art. 63, I, da CF/88). 
 
Assim, nos projeto de lei de iniciativa do Chefe do Executivo, o parlamentar pode até propor emendas, 
mas estas deverão respeitar as restrições trazidas pelo art. 63, I, da CF/88. 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: 
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; 
Obs: os §§ 3º e 4º tratam sobre os projetos de lei orçamentária e da LDO; nesses dois casos é possível que a 
emenda parlamentar acarrete aumento de despesas. 
 
Veja um precedente antigo do Supremo nesse sentido: 
(...) A atuação dos integrantes da Assembleia Legislativa dos Estados-membros acha-se submetida, no 
processo de formação das leis, à limitação imposta pelo art. 63 da Constituição, que veda - ressalvadas as 
proposições de natureza orçamentária - o oferecimento de emendas parlamentares de que resulte o 
aumento da despesa prevista nos projetos sujeitos ao exclusivo poder de iniciativa do Governador do 
Estado ou referentes à organização administrativa dos Poderes Legislativo e Judiciário locais, bem assim do 
Ministério Público estadual. 
(...) 
O poder de emendar - que não constitui derivação do poder de iniciar o processo de formação das leis - 
qualifica-se como prerrogativa deferida aos parlamentares, que se sujeitam, no entanto, quanto ao seu 
exercício, às restrições impostas, em “numerus clausus”, pela Constituição Federal. 
(...) 
Revela-se plenamente legítimo, desse modo, o exercício do poder de emenda pelos parlamentares, 
mesmo quando se tratar de projetos de lei sujeitos à reserva de iniciativa de outros órgãos e Poderes do 
Estado, incidindo, no entanto, sobre essa prerrogativa parlamentar - que é inerente à atividade legislativa -
, as restrições decorrentes do próprio texto constitucional (CF, art. 63, I e II), bem assim aquela fundada na 
exigência de que as emendas de iniciativa parlamentar sempre guardem relação de pertinência (“afinidade 
lógica”) com o objeto da proposição legislativa. Doutrina. 
(...) 
STF.Plenário. ADI 2681 MC, Rel. Min. Celso De Mello, julgado em 11/09/2002. 
 
Os Deputados poderão apresentar uma proposta de emenda constitucional tratando sobre algum dos 
assuntos mencionados no art. 61, § 1º da CF/88? 
NÃO. O STF entende que, se houver uma emenda constitucional tratando sobre alguma dos assuntos 
listados no art. 61, § 1º da CF/88 essa emenda deve ter sido proposta pelo chefe do Poder Executivo. 
Assim, é incabível que os parlamentares proponham uma emenda constitucional dispondo sobre o regime 
jurídico dos servidores públicos, por exemplo (art. 61, § 1º, II, “c”). Se isso fosse permitido, seria uma 
forma de burlar a regra do art. 61, § 1º da CF/88. 
Em suma, “matéria restrita à iniciativa do Poder Executivo não pode ser regulada por emenda 
constitucional de origem parlamentar” (STF. Plenário. ADI 2.966, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 
06/04/2005). 
 
Se o chefe do Executivo enviar uma PEC tratando sobre um dos temas do § 1º do art. 61 da CF/88, os 
parlamentares poderão propor emendas alterando essa proposição? 
SIM, desde que: 
c) haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto original); e 
d) não acarrete aumento de despesas (art. 63, I, da CF/88). 
 
Perceba, portanto, que incidirão as mesmas restrições que haveria caso tivesse sido proposto um projeto 
de lei. 
 
Feitos esses esclarecimentos, vejamos o que foi julgado pelo STF: 
O Governador de determinado Estado enviou à ALE uma proposta de emenda à Constituição Estadual 
(PEC) fixando o teto remuneratório aos servidores públicos estaduais, ou seja, matéria que se enquadra no 
art. 61, § 1º, II, “a”. 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
Os Deputados apresentaram uma emenda a essa PEC prevendo, em um parágrafo, que determinadas 
verbas estariam fora do teto do funcionalismo. 
A PEC foi aprovada, inclusive com a alteração inserida pela emenda parlamentar. 
O STF entendeu que o parágrafo inserido pela emenda parlamentar é inconstitucional por violar o art. 63, 
I, da CF/88. Isso porque a emenda parlamentar aumentou despesas. 
Segundo afirmou o Min. Relator Teori Zavascki, ao criar hipóteses de exceção à incidência do teto 
remuneratório do serviço público estadual e, consequentemente, exceder o prognóstico de despesas 
contemplado no texto original do projeto encaminhado pelo Chefe do Poder Executivo estadual, a 
Assembleia Legislativa atuou em domínio temático sobre o qual não lhe seria permitido interferir, de 
modo a configurar abuso de poder legislativo. 
 
 
 
Análise do art. 102, I, “f”, da CF/88 
 
Segundo o art. 102, I, “f”, da CF/88, compete ao STF processar e julgar “as causas e os conflitos 
entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as 
respectivas entidades da administração indireta”. 
O STF confere interpretação restritiva a esse dispositivo e entende que, para se caracterizar a 
hipótese do art. 102, I, “f”, da CF/88 é indispensável que, além de haver uma causa envolvendo 
União e Estado, essa demanda tenha densidade suficiente para abalar o pacto federativo. Em 
outras palavras, não é qualquer causa envolvendo União contra Estado que irá ser julgada pelo 
STF, mas somente quando essa disputa puder resultar em ofensa às regras do sistema 
federativo. 
STF. 1ª Turma. Rcl 12957/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/8/2014 (Info 756). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
Na cidade de Manaus existe um monumento natural chamado de “Encontro das Águas” e que consiste na 
confluência (encontro) do rio Negro (que tem águas pretas) com o rio Solimões (que tem coloração 
barrenta). 
Trata-se de um importante ponto turístico da cidade porque as águas dos dois rios correm lado a lado sem 
se misturarem por uma extensão de mais de 6 km, gerando um belo e interessante visual. 
Veja abaixo uma imagem do fenômeno: 
 
 
 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
Em 2008, iniciou-se um projeto para a construção de um Terminal Portuário nas proximidades do 
“Encontro das Águas”. 
O Governo do Estado e a autarquia ambiental estadual (IPAAM) foram favoráveis ao projeto por não 
vislumbrarem danos ambientais ao “Encontro das Águas”. 
O IPHAN (autarquia federal), por sua vez, a partir de uma ação civil pública do MPF, declarou o 
tombamento do “Encontro das Águas” e, por concluir que o novo porto iria afetar esse patrimônio 
histórico natural, determinou a paralisação das obras. 
A continuidade ou não das obras e a validade ou não do tombamento ficaram sendo discutidas na vara 
ambiental federal de Manaus. De um lado, estava o MPF e o IPHAN, e de outro a empresa responsável 
pelo projeto do porto, o Estado do Amazonas e o IPAAM. 
 
O juiz federal determinou a anulação do tombamento por vícios formais. 
Contra essa decisão, o Procurador Geral da República propôs uma reclamação no STF alegando que o juiz 
federal usurpou a competência da Corte considerando que se estava diante de um conflito federativo, o 
que atrai a hipótese do art. 102, I, “f”, da CF/88: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, 
inclusive as respectivas entidades da administração indireta; 
 
O STF concordou com o pedido? 
SIM. A 1ª Turma julgou procedente a reclamação e determinou ao juiz federal da vara ambiental do 
Amazonas que remeta ao STF as três ações que tratam sobre o tema para serem julgadas pela Corte 
Constitucional. 
 
O STF, inicialmente, afirmou que, para se caracterizar a hipótese do art. 102, I, “f”, da CF/88 é 
indispensável que, além de haver uma causa envolvendo União e Estado, essa demanda tenha densidade 
suficiente para abalar o pacto federativo. Em outras palavras, não é qualquer causa envolvendo União 
contra Estado que irá ser julgada pelo STF, mas somente quando essa disputa puder resultar em ofensa às 
regras do sistema federativo. Confira: 
“Diferença entre conflito entre entes federados e conflito federativo: enquanto no primeiro, pelo prisma 
subjetivo, observa-se a litigância judicial promovida pelos membros da Federação, no segundo, para além 
da participação desses na lide, a conflituosidade da causa importa em potencial desestabilização do 
próprio pacto federativo. Há, portanto, distinção de magnitude nas hipóteses aventadas, sendo que o 
legislador constitucional restringiu a atuação da Corte à última delas, nos moldes fixados no Texto Magno, 
e não incluiu os litígios e as causas envolvendo Municípios como ensejadores de conflito federativo apto a 
exigir a competência originária da Corte.” (STF. Plenário. ACO 1.295-AgR-segundo, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 14/10/2010). 
 
Mero conflito entre entes federados Conflito federativo 
Trata-se da disputa judicial envolvendo União (ou 
suas entidades) contra Estado-membro (ou suas 
entidades). 
Trata-se da disputa judicial envolvendo União (ou 
suas entidades) contra Estado-membro (ou suas 
entidades) e que, em razão da magnitude do tema 
discutido, pode gerar uma desestabilização do 
próprio pacto federativo. 
Em regra, é julgado pelo juiz federal de 1ª instância. É julgado pelo STF (art. 102, I, “f” da CF/88). 
 
No caso concreto, a 1ª Turma do STF entendeu que, além do mero conflito entre entes federados, havia 
verdadeiro conflito federativo, o que justifica o deslocamento da competência para o STF. 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
 
Recurso contra a prova oral nos concursos da magistratura 
 
Cabe recurso administrativo contra a prova oral nos concursos da magistratura? 
Depende: 
• Se o recurso tiver por objetivo impugnar os critérios de correção aplicados pelo 
examinador para as respostas dadas (discutir o acerto das respostas): NÃO 
• Se o recurso tiverpor objetivo impugnar alguma questão que esteja fora do conteúdo 
programático ou suscitar outras violações formais ao edital ou à Resolução: SIM. 
STF. 2ª Turma. MS 32042/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/8/2014 (Info 756). 
 
Resolução 75/2009-CNJ 
Os concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura são regidos pela Resolução 75/2009 do 
Conselho Nacional de Justiça, que traz regras sobre todas as etapas do certame, inclusive sobre a prova oral. 
 
Prova oral 
Segundo a Resolução, a prova oral deverá ser prestada em sessão pública, na presença de todos os 
membros da Comissão Examinadora, sendo examinado um candidato por vez. 
A prova oral deverá ser gravada em áudio ou por qualquer outro meio que possibilite a sua posterior 
reprodução. 
Os temas e disciplinas que serão perguntados na prova oral são os mesmos das provas discursivas e serão 
agrupados em pontos que serão sorteados 24 horas antes da arguição. 
 
Vedação do § 1º do art. 70 
O § 1º do art. 70 da Resolução traz a seguinte regra: 
§ 1º É irretratável em sede recursal a nota atribuída na prova oral. 
 
É preciso ter cautela para evitar uma interpretação rápida e equivocada dessa previsão. 
 
Para entender melhor esse dispositivo, vejamos o seguinte exemplo: 
João e Pedro estavam fazendo concurso para juiz de direito. 
Ambos foram reprovados na prova oral por terem tirado nota 5,9 (o mínimo é 6) na prova de Direito Penal. 
João apresentou recurso alegando que as respostas dadas por ele ao examinador de Direito Penal foram 
todas corretas ou, pelo menos, deveriam receber nota acima de 6. 
Pedro, por sua vez, recorreu argumentando que uma das perguntas feitas pelo examinador de Direito 
Penal (e que ele não soube responder) foi sobre um crime que não estava dentro do ponto a ele sorteado 
para a prova oral. Logo, segundo Pedro, essa pergunta deveria ser anulada e os pontos das demais 
questões serem redistribuídos, o que faria com que sua nota aumentasse. 
 
Os recursos administrativos interpostos pelos candidatos poderão ser conhecidos? 
O recurso de João não poderá ser conhecido pela comissão, mas o de Pedro sim. 
O recurso de João encontra realmente óbice no § 1º do art. 70 da Resolução, mas o de Pedro não. 
 
É preciso entender a correta interpretação da regra do § 1º do art. 70. O que a Resolução veda é que o 
candidato recorra contra o juízo de mérito feito pelo examinador sobre as respostas apresentadas pelo 
examinando. Os critérios de avaliação das respostas e a nota atribuída a cada uma delas estão dentro da 
independência do avaliador e não podem ser questionadas no recurso. 
 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
De outro lado, é plenamente possível que o candidato recorra contra a prova oral caso esta descumpra as 
regras do edital ou da Resolução, como na hipótese em que o examinador formula perguntas que não 
estão no programa sorteado para aquele candidato. Isso pode ser objeto de recurso considerando que se 
trata do controle da própria legalidade do ato. 
 
Esse foi o entendimento da 2ª Turma do STF no MS 32042/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
26/8/2014 (Info 756). 
 
Como explica a Min. Cármen Lúcia: 
“O entendimento externado na decisão impugnada, segundo o qual a irretratabilidade da nota atribuída 
ao candidato no exame oral redundaria no não cabimento de recurso administrativo, não prospera. Essa 
proposição, se admitida, equivaleria à irreversibilidade, pela via administrativa, de todos os atos praticados 
pela comissão examinadora do concurso, não apenas aqueles relacionados ao mérito das questões 
formuladas e à valoração das respostas apresentadas pelos candidatos, que, por certo, justificam essa 
proteção. Seria criado, com isso, campo fértil para a prática de toda sorte de irregularidades e abusos, 
pois, escudada na pretensa irrecorribilidade de seus atos e na soberania de sua avaliação, poderia a 
comissão examinadora favorecer candidatos ou mesmo praticar graves perseguições. Não é isso, contudo, 
que se tem presente. 
(...) 
Ressalte-se que a inquirição sobre pontos jurídicos diversos daqueles atribuídos previamente por sorteio 
frustra a previsibilidade dos candidatos, desestabilizando-os e colocando-os em situação de desigualdade 
em relação aos demais. Não se pode, portanto, a pretexto de assegurar a independência da comissão 
examinadora do concurso, desviar o olhar da ilegalidade apontada.” 
 
Em suma: cabe recurso contra a prova oral nos concursos da magistratura? 
Depende: 
 Se o recurso tiver por objetivo impugnar os critérios de correção aplicados pelo examinador para as 
respostas dadas (discutir o acerto das respostas): NÃO (§ 1º do art. 70 da Resolução n. 75/2009-CNJ). 
 Se o recurso tiver por objetivo impugnar alguma questão que esteja fora do conteúdo programático 
ou suscitar outras violações formais ao edital ou à Resolução: SIM. 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Impossibilidade de concessão de aumentos para servidores com base no princípio da isonomia 
 
O Poder Judiciário não tem poder para conceder aumentos para servidores regidos pelo 
regime estatutário com base no princípio da isonomia. 
Súmula 339-STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar 
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. 
STF. Plenário. RE 592317/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2014 (repercussão geral) 
(Info 756). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
A Lei 2.377/1995, do Município do Rio de Janeiro, concedeu gratificação a servidores lotados e em 
exercício na Secretaria Municipal de Administração. 
João, servidor que estava lotado em outra Secretaria, ajuizou ação pedindo que fosse reconhecido seu 
direito de também receber a referida gratificação, com base no princípio da isonomia. 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
 
O pedido do servidor deve ser aceito? 
NÃO. Esse pedido, caso fosse deferido, violaria o princípio da reserva legal, prevista no art. 37, X, da C/88 
segundo o qual a remuneração dos servidores públicos somente pode ser fixada por lei específica. 
 
Além disso, o STF tem entendimento sumulado no sentido de que o Poder Judiciário não tem poder para 
conceder aumentos para servidores regidos pelo regime estatutário com base no princípio da isonomia: 
Súmula 339-STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de 
servidores públicos sob fundamento de isonomia. 
 
 
 
Contratação pela Administração Pública sem concurso público e ausência de efeitos trabalhistas 
 
Importante!!! 
É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de prévia 
aprovação em concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos 
em relação ao empregado eventualmente contratado, ressalvados: 
 o direito de ele receber os salários referentes ao período trabalhado; e 
 o direito de ele levantar os depósitos do FGTS (art. 19-A da Lei 8.036/90). 
STF. Plenário. RE 705140/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/8/2014 (repercussão geral) 
(Info 756). 
 
Regra do concurso público 
O art. 37, II, da CF/88 estabelece que, para a pessoa assumir um cargo ou emprego na administração 
pública, ela precisa antes ser aprovada em concurso público: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
(...) 
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de 
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma 
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e 
exoneração; 
 
Caso uma pessoa assuma cargo ou emprego público sem concurso público (fora dashipóteses permitidas 
pela Constituição), qual será a consequência? 
O § 2º do art. 37 determina que: 
 o ato de investidura seja declarado nulo; e 
 a autoridade responsável pelo ato seja punida, nos termos da lei (ex: improbidade). 
 
Imagine agora a seguinte situação: 
João foi contratado, sem concurso, para trabalhar em uma autarquia pública estadual (emprego público). 
Quando mudou a direção dessa autarquia, o novo diretor declarou que esse contrato de trabalho era nulo 
e dispensou o funcionário. 
João procurou a Justiça do Trabalho e ajuizou reclamação trabalhista contra essa autarquia pedindo sua 
reintegração ao emprego ou, subsidiariamente, o pagamento de todas as verbas trabalhistas referentes ao 
período em que laborou (aviso prévio, gratificação natalina, férias, adicional etc.). 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
João poderá ser reintegrado ao emprego público? 
NÃO, considerando que o contrato de trabalho que tinha com a autarquia era nulo, por violação ao art. 37, 
II, da CF/88. 
 
João terá direito a receber todas as verbas trabalhistas que ele está pleiteando? 
NÃO. Ele terá direito apenas a duas verbas: 
 
Verba Fundamento 
1) O saldo de salário pelo número de horas 
trabalhadas. 
Princípio que veda o enriquecimento sem causa do 
Poder Público. Como ele trabalhou, tem direito de 
ser ressarcido por isso. 
2) Os valores referentes aos depósitos do FGTS. Art. 19-A da Lei nº 8.036/90. 
 
Obs: João não terá direito a receber as demais verbas trabalhistas como 13º salário, férias acrescidas de 
1/3, FGTS acrescido de 40%, adicionais legais etc. 
 
O TST também adota esse entendimento? 
SIM, está expresso na súmula 363: 
Contratação de Servidor Público sem Concurso – Efeitos e Direitos 
A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra 
óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação 
pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos 
valores referentes aos depósitos do FGTS. 
 
Vejamos o que diz o art. 19-A da Lei nº 8.036/90: 
Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo contrato de trabalho seja 
declarado nulo nas hipóteses previstas no art. 37, § 2º, da Constituição Federal, quando mantido o direito 
ao salário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) 
 
Discussão sobre a constitucionalidade desse entendimento: 
Como vimos acima, a pessoa contratada sem concurso público tem direito apenas aos salários do período 
trabalhado e ao levantamento do FGTS. 
Esse entendimento era bastante questionado tanto pelos trabalhadores como pela Fazenda Pública. 
De um lado, os trabalhadores defendiam a tese de que tinham direito às demais verbas trabalhistas. 
De outro, a Fazenda Pública afirmava que o art. 19-A da Lei nº 8.036/90 seria inconstitucional por violar o 
art. 37, II e § 2º da CF/88. Para ela, se a CF/88 determinou que o ato de contratar sem concurso é nulo, 
não poderia a lei prever a produção de efeitos, como o pagamento do FGTS. 
 
O STF acatou a tese dos trabalhadores ou a tese da Fazenda Pública? 
NÃO. Nenhuma das duas. 
 
Tese dos trabalhadores de que seriam devidas outras verbas 
Para o STF, não é possível reconhecer a existência de vínculo empregatício nem conceder ao contratado os 
respectivos direitos trabalhistas porque o art. 37, § 2º, da CF/88 atribui às contratações sem concurso 
“uma espécie de nulidade jurídica qualificada”, cuja consequência é não só o desfazimento imediato da 
relação, mas também a punição da autoridade responsável. 
“Daí afirmar-se que o dispositivo impõe a ascendência do concurso no cenário do direito público brasileiro, 
cuja prevalência é garantida mesmo diante de interesses de valor social considerável, como aqueles 
protegidos pelas verbas rescisórias nos contratos por tempo indeterminado, considerado inexigíveis em 
face da nulidade do pacto celebrado contra a Constituição”, assinalou o Min. Teori Zavascki. 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Assim, o único efeito jurídico válido, nessas circunstâncias, é o direito aos salários correspondentes aos 
serviços efetivamente prestados e a possibilidade de recebimento dos valores depositados na conta 
vinculada do trabalhador no FGTS. Este último, inclusive, só passou a ser admitido após a introdução, em 
2001, do artigo 19-A na Lei 8.036/1990, que regulamenta o FGTS, contendo previsão expressa nesse 
sentido. 
STF. Plenário. RE 705140/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/8/2014. 
 
Tese da Fazenda Pública de que o art. 19-A seria inconstitucional 
O STF, em apertado julgamento, entendeu que o art. 19-A da Lei nº 8.036/90 não afronta a CF/88. Isso 
porque mesmo sendo declarada a nulidade da contratação, nos termos do § 2º do art. 37 da CF/88, é certo 
que este fato jurídico existiu e produziu efeitos residuais. 
O STF tem levado em consideração a necessidade de se garantir a fatos nulos, mas existentes 
juridicamente, os seus efeitos. 
Não é possível aplicar, neste caso, a teoria civilista das nulidades, de modo a retroagir todos os efeitos 
desconstitutivos dessa relação. 
Se houver irregularidade na contratação de servidor sem concurso público, o responsável, comprovado 
dolo ou culpa, deve responder regressivamente, nos termos do art. 37 da CF/88, de forma que não haja 
prejuízo para os cofres públicos. 
STF. Plenário. RE 596478/RR, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 13/6/2012. 
 
Em suma: 
É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de prévia aprovação em 
concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos empregados 
eventualmente contratados, ressalvados os direitos à percepção dos salários referentes ao período 
trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no 
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
Princípio da insignificância e condenação anterior por lesão corporal 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para réus reincidentes ou que respondam 
a outros inquéritos ou ações penais? 
Em regra NÃO. 
No entanto, o STF reconheceu a aplicação do princípio a um réu que praticou um furto de 16 
reais, mesmo já tendo sido condenado por lesão corporal anteriormente. 
Entendeu-se que é possível aplicar o princípio da insignificância mesmo havendo essa 
condenação, porque a contumácia de infrações penais que não têm o patrimônio como bem 
jurídico tutelado pela norma penal (a exemplo da lesão corporal) não pode ser valorada como 
fator impeditivo à aplicação do princípio da insignificância. 
STF. 2ª Turma. HC 114723/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/8/2014 (Info 756). 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para réus reincidentes ou que respondam a outros 
inquéritos ou ações penais? 
Em regra NÃO. É a posição que atualmente prevalece, sendo adotada pela 5ª Turma do STJ e pelo STF. 
 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
(...) A reiteração delitiva, comprovada pela certidão de antecedentes criminais do paciente, impossibilita a 
aplicação do princípio da insignificância. (...) 
(STF. 1ª Turma. HC 109705, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 22/04/2014). 
 
(...) Sentenciados reincidentes na prática de crimes contra o patrimônio. Precedentes do STF no sentido de 
afastar a aplicação do princípio da insignificância aos acusados reincidentes ou de habitualidade delitiva 
comprovada. (...) (STF. 2° Turma. HC 117083, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/02/2014). 
 
"o princípio da insignificância não foi estruturado para resguardar e legitimar constantes condutas desvirtuadas, 
mas para impedir que desvios de condutas ínfimas, isoladas, sejam sancionados pelodireito penal, fazendo-se 
justiça no caso concreto. Comportamentos contrários à lei penal, mesmo que insignificantes, quando 
constantes, devido a sua reprovabilidade, perdem a característica de bagatela e devem se submeter ao direito 
penal" (STF. 1ª Turma. HC 102.088/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 21/05/2010). 
 
Caso concreto 
Apesar do entendimento acima exposto, em um caso concreto o STF aplicou o princípio da insignificância 
mesmo o réu já tendo em seus antecedentes uma condenação transitada em julgado. 
No caso concreto, o réu estava sendo acusado da prática de furto (art. 155 do CP), em virtude de ter 
subtraído um engradado com 23 garrafas de cerveja e 6 de refrigerante, todos vazios, avaliados em 16 
reais. 
O Tribunal de Justiça havia negado a aplicação do princípio da insignificância sob o argumento de que ele 
já tinha uma condenação anterior, com trânsito em julgado, pela prática de lesão corporal (art. 129 do CP). 
Mesmo já possuindo essa condenação, o STF concluiu que poderia ser aplicado o princípio da 
insignificância, considerando a chamada “teoria da reiteração não cumulativa de condutas de gêneros 
distintos”. O que significa isso? É possível aplicar o princípio da insignificância mesmo havendo essa 
condenação, porque a contumácia de infrações penais que não têm o patrimônio como bem jurídico 
tutelado pela norma penal (a exemplo da lesão corporal) não pode ser valorada como fator impeditivo à 
aplicação do princípio da insignificância. 
 
Apesar de esta ter sido a decisão do STF nesse caso concreto, é importante ressaltar que existem inúmeros 
precedentes da Corte afirmando que não é possível a aplicação do princípio da insignificância para réus 
reincidentes ou que respondem a outros inquéritos ou ações penais. 
 
 
 
Art. 89 da Lei n. 8.666/93 
 
O STF julgou denúncia contra ex-prefeito pela prática do delito previsto no art. 89 da Lei n. 
8.666/93. 
Para ser válida, a contratação direta de escritório de advocacia por inexigibilidade de licitação 
precisa atender aos seguintes requisitos: 
a) é necessário que se instaure um procedimento administrativo formal; 
b) deverá ser demonstrada a notória especialização do profissional a ser contratado; 
c) deverá ser demonstrada a natureza singular do serviço; 
d) deverá ser demonstrado que é inadequado que o serviço a ser contratado seja prestado 
pelos integrantes do Poder Público (no caso, pela PGM); e 
e) o preço cobrado pelo profissional contratado deve ser compatível com o praticado pelo 
mercado. 
Sendo cumpridos esses requisitos, não há que se falar em crime do art. 89 da Lei n. 8.666/93. 
STF. 1ª Turma. Inq 3074/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 26/8/2014 (Info 756). 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
 
A Lei de Licitação (Lei n. 8.666/93) prevê alguns tipos penais. 
 
No caso julgado pelo STF, estava sendo analisada a prática ou não do crime previsto no art. 89: 
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as 
formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a 
consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com 
o Poder Público. 
 
Antes de analisarmos o que foi decidido, vejamos algumas noções sobre este tipo penal: 
 
OBRIGATORIEDADE DE LICITAÇÃO 
 
Regra: obrigatoriedade de licitação 
Como regra, a CF/88 impõe que a Administração Pública somente pode contratar obras, serviços, compras 
e alienações se realizar uma licitação prévia para escolher o contratante (art. 37, XXI). 
 
Exceção: contratação direta nos casos especificados na legislação 
O inciso XXI afirma que a lei poderá especificar casos em que os contratos administrativos poderão ser 
celebrados sem esta prévia licitação. A isso, a doutrina denomina “contratação direta”. 
 
Resumindo: a regra na Administração Pública é a contratação precedida de licitação. Contudo, a legislação 
poderá prever casos excepcionais em que será possível a contratação direta sem licitação. 
 
LEI Nº 8.666/93 
A Lei de Licitações e Contratos prevê três grupos de situações em que a contratação ocorrerá sem licitação 
prévia. Trata-se das chamadas licitações dispensadas, dispensáveis e inexigíveis. Vejamos o quadro 
comparativo abaixo: 
 
Dispensada Dispensável Inexigível 
Art. 17 Art. 24 Art. 25 
Rol taxativo Rol taxativo Rol exemplificativo 
A lei determina a não realização 
da licitação, obrigando a 
contratação direta. 
A lei autoriza a não realização da 
licitação. Mesmo sendo 
dispensável, a Administração 
pode decidir realizar a licitação 
(discricionariedade). 
Como a licitação é uma disputa, 
é indispensável que haja 
pluralidade de objetos e 
pluralidade de ofertantes para 
que ela possa ocorrer. Assim, a 
lei prevê alguns casos em que a 
inexigibilidade se verifica porque 
há impossibilidade jurídica de 
competição. 
Ex: alienação de bens imóveis 
provenientes de dação em 
pagamento. 
Ex: compras de até 8.000 reais. Ex: contratação de artista 
consagrado pela crítica 
especializada ou pela opinião 
pública para fazer o show do 
aniversário da cidade. 
 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
PROCEDIMENTO DE JUSTIFICAÇÃO 
Mesmo nas hipóteses em que a legislação permite a contratação direta, é necessário que o administrador 
público observe algumas formalidades e instaure um processo administrativo de justificação. 
 
CRIME DO ART. 89 
Se o administrador público... 
 Dispensar a licitação fora das hipóteses previstas em lei; 
 Inexigir (deixar de exigir) licitação fora das hipóteses previstas em lei; ou 
 Deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade (as formalidades estão 
previstas especialmente no art. 26 da Lei). 
... ele praticará o crime previsto no art. 89 da Lei nº 8.666/93. 
 
CASO CONCRETO JULGADO PELO STF 
Imagine a seguinte situação: 
O réu, na época prefeito de Joinville (SC), contratou diretamente, mediante inexigibilidade de licitação, 
determinado escritório de advocacia para que este prestasse consultoria jurídica e propusesse ação 
judicial para a retomada dos serviços de abastecimento de água e esgoto do Município. 
O Ministério Público entendeu que não havia singularidade no objeto do contrato, pois o trabalho jurídico 
tinha natureza ordinária e não seria dotado de complexidade que justificasse a contratação de profissional 
com notória especialização a justificar a inexigibilidade de licitação. 
 
O STF concordou com a denúncia? 
NÃO. O STF rejeitou a denúncia por ausência de justa causa (art. 395, III, do CPP). 
 
O Min. Relator Roberto Barroso explicou que, para ser válida, a contratação direta de escritório de 
advocacia por inexigibilidade de licitação precisa atender aos seguintes requisitos: 
a) é necessário que se instaure um procedimento administrativo formal; 
b) deverá ser demonstrada a notória especialização do profissional a ser contratado; 
c) deverá ser demonstrada a natureza singular do serviço; 
d) deverá ser demonstrado que é inadequado que o serviço a ser contratado seja prestado pelos 
integrantes do Poder Público (no caso, pela PGM); e 
e) o preço cobrado pelo profissional contratado deve ser compatível com o praticado pelo mercado. 
 
Na situação concreta, o relator entendeu que todos esses requisitos foram cumpridos: 
 O procedimento formal foi regularmente observado, inclusive com a oitiva do Procurador-Geral do 
Município. 
 Houve publicação no Diário Oficial com um resumo do ato justificativo de inexigibilidade. 
 As provas dos autos demonstram que estava presente a notória especialização, pois o escritório 
contratado já havia atuado em serviços de advocacia relacionados com a concessão de saneamento 
básico de diversos Municípios e Estados-Membros. A causa jurídica envolvida não era trivial, havendo certo grau de sofisticação, razão pela qual a 
hipótese era de singularidade do objeto. 
 Por fim, concluiu que o preço cobrado pelo escritório foi módico, uma vez que o serviço envolvia a 
retomada de uma concessão de valor vultoso e a ação judicial certamente se prolongaria por muito 
tempo. 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
Necessidade de prévio requerimento administrativo para a concessão de benefício 
previdenciário na via judicial 
 
Importante!!! 
O STF decidiu que, em regra, o segurado/dependente somente pode propor a ação pleiteando 
a concessão do benefício previdenciário se anteriormente formulou requerimento 
administrativo junto ao INSS e este foi negado. 
Para que proponha a ação pleiteando a concessão do benefício previdenciário, é preciso que, 
antes, tenha ocorrido uma das três situações abaixo: 
1) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado pelo INSS 
(total ou parcialmente); 
2) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu uma decisão 
em um prazo máximo de 45 dias; 
3) O interessado não requereu administrativamente o benefício, mas é notório que, sobre esse 
tema, o INSS tem posição contrária ao pedido feito pelo segurado. 
STF. Plenário. RE 631240/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/8/2014 (repercussão geral) 
(Info 756). 
 
A grande maioria das ações propostas contra o INSS objetivando benefícios previdenciários é de 
competência dos Juizados Especiais Federais (JEF). 
 
No JEF, em 1ª instância, o autor não precisa de advogado e não paga custas. 
 
Diante disso, é muito comum que o segurado, sem que antes requeira administrativamente o benefício 
previdenciário em um dos postos do INSS, opte por já ajuizar direto uma ação no JEF pedindo a concessão 
da aposentadoria, por exemplo. 
 
A prática acima explicada é admitida? O segurado ou dependente pode ingressar com a ação judicial 
pleiteando a prestação previdenciária mesmo sem ter feito previamente requerimento administrativo no INSS? 
Formaram-se duas correntes principais sobre o tema: 
 
SIM NÃO 
 
É DESNECESSÁRIO o prévio requerimento 
administrativo como condição para a propositura 
de ação que vise à concessão de benefício 
previdenciário. 
 
O autor pode procurar direto o Judiciário sem 
antes ter requerido o benefício no INSS. 
 
Para essa primeira corrente, exigir prévio 
requerimento administrativo viola o princípio da 
inafastabilidade da jurisdição, previsto no art. 5º, 
XXXV, da CF/88. 
 
 
 
Em regra, é INDISPENSÁVEL o prévio 
requerimento administrativo para que o 
segurado/dependente possa ajuizar a ação 
pleiteando o benefício previdenciário. 
 
Se o interessado propõe a ação sem que tenha 
havido prévio requerimento administrativo, não 
há, em regra, interesse de agir (uma das condições 
da ação) já que havia a possibilidade de seu 
pedido ter sido atendido pelo INSS na via 
administrativa. 
 
 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
Essa ERA a posição até então majoritária no STJ 
(AgRg no AREsp 119.366/RS) e no STF (RE 549055 
AgR). 
 
 
 
 
É a posição institucional da DPU. 
 
Em situações excepcionais, seria permitida a ação 
judicial mesmo sem prévio requerimento 
administrativo. 
 
Havia julgados da 2ª Turma do STJ nesse sentido: 
AgRg no AREsp 283.743/AL. 
 
É a tese da Procuradoria Federal. 
 
 
 
Qual entendimento prevaleceu? Qual é a posição do STF? O que vigora hoje em dia? 
 
O STF decidiu que, em regra, o segurado/dependente somente pode propor a ação pleiteando a concessão 
do benefício previdenciário, se anteriormente formulou requerimento administrativo junto ao INSS e este 
foi negado. 
 
Caso seja ajuizada a ação sem que tenha havido prévio requerimento administrativo e sem que este 
pedido tenha sido indeferido, deverá o juiz extinguir o processo sem resolução do mérito por ausência de 
interesse de agir, considerando que havia a possibilidade de o pedido ter sido atendido pelo INSS na via 
administrativa. 
 
Para o STF, a exigência de que seja feito prévio requerimento administrativo NÃO viola o princípio da 
inafastabilidade da jurisdição. O art. 5º, XXXV, da CF/88 estabelece que “a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Ora, se não houve pedido administrativo anterior e negativa 
por parte do INSS no prazo legal, não está caracterizada nenhuma lesão ou ameaça de direito. 
 
Em seu voto, o Min. Relator Luís Roberto Barroso afirmou: 
“Não há como caracterizar lesão ou ameaça de direito sem que tenha havido um prévio requerimento do 
segurado. O INSS não tem o dever de conceder o benefício de ofício. Para que a parte possa alegar que seu 
direito foi desrespeitado é preciso que o segurado vá ao INSS e apresente seu pedido”. 
 
Para que proponha a ação pleiteando a concessão do benefício previdenciário é preciso que, antes, tenha 
ocorrido uma das três situações abaixo: 
 
1) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado pelo INSS (total ou 
parcialmente); 
 
2) O interessado requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu uma decisão em um 
prazo máximo de 45 dias; 
 
3) O interessado não requereu administrativamente o benefício, mas é notório que, sobre essa matéria, o 
INSS tem posição contrária ao pedido feito pelo segurado. É o caso das situações em que a matéria está 
pacificada no âmbito da autarquia por meio de instrução normativa ou súmula administrativa. Ex: existe 
uma instrução normativa do INSS proibindo a renúncia à aposentadoria e consequentemente vedando a 
desaposentação. Logo, o segurado poderá ajuizar a ação pedindo a desaposentação mesmo que não tenha 
feito prévio requerimento administrativo. 
 
 
 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
No procedimento administrativo realizado no INSS, se o requerimento do benefício previdenciário é 
negado, existe a possibilidade de o interessado interpor recurso administrativo contra essa decisão. 
Antes de ajuizar a ação judicial, o segurado precisa interpor esse recurso administrativo e aguardar o 
seu julgamento? Em outras palavras, é necessário que o interessado esgote todas as instâncias 
administrativas para ajuizar a ação? 
NÃO. O Min. Luís Roberto Barroso esclareceu que a exigência do prévio requerimento administrativo não 
significa o exaurimento de todas as instâncias administrativas. Em suma, ele não precisa recorrer 
administrativamente antes de ajuizar a ação. 
Assim, negado o benefício, não há impedimento ao segurado para que ingresse no Judiciário antes que 
eventual recurso seja examinado pelo INSS. 
 
A exigência do prévio requerimento administrativo vale tanto para os casos em que a parte quer a 
concessão inicial do benefício como também para as hipóteses de revisão do benefício que já é recebido? 
NÃO. O STF afirmou que a exigência de prévio requerimento administrativo só existe para as ações que 
buscam a concessão inicial do benefício. 
Em regra, para a propositura de ação pleiteando a revisão do benefício não se exige o prévio requerimento 
administrativo. 
 
Como funciona no caso de ação judicial pedindo a REVISÃO de benefício previdenciário? 
EM REGRA: 
NÃO há necessidade de prévio requerimento administrativo para que o segurado ingresse judicialmente 
com pedido de REVISÃO de benefício previdenciário já recebido. Isso porque se o INSS já examinou a 
situação daquele segurado e forneceu o benefício naqueles moldes, essa é a posição oficial da autarquia. 
Além disso, se a Administração Pública mudar de entendimento sobre alguma interpretação jurídica da 
legislação previdenciária, ela tem o dever de fazer a revisão de todos os benefícios de ofício. Ex: o INSS 
muda seu posicionamento administrativo e passa a entender que as pessoas que se aposentaram atédeterminado ano têm direito a um cálculo diferenciado. A autarquia deverá aplicar, de ofício, esse novo 
cálculo para todos os que estiverem na mesma situação. Se não fizer isso, já estará violando o direito do 
segurado, podendo ele ajuizar a ação, sem prévio pedido de revisão administrativa. 
 
EXCEÇÃO: 
Antes de ajuizar a ação pedindo a revisão do benefício previdenciário, o segurado precisará formular 
requerimento administrativo se essa revisão é baseada em novos fatos que não haviam sido examinados 
pelo INSS. 
Ex: a aposentadoria foi concedida pelo INSS sem que o segurado tenha apresentado à autarquia 
determinado comprovante de que ele trabalhou durante 5 anos em condições insalubres. Após já estar 
aposentado, o segurado encontrou esse documento. Caso esse tempo seja computado, o valor dos 
proventos será aumentado. Antes de ajuizar a ação pedindo a revisão da aposentadoria, o segurado 
deverá formular pedido administrativo ao INSS considerando que é necessária a apreciação dessa matéria 
de fato, que não poderia ter sido feita de ofício pela autarquia. 
 
Repercussão geral 
A decisão do STF foi tomada no dia 27/08/2014, pelo Plenário da Corte, no RE 631.240/MG. 
Como foi proferida sob a sistemática da repercussão geral, todos os processos sobrestados aguardando 
uma posição do STF deverão agora voltar a tramitar, adotando o entendimento da Corte. 
O STJ que tinha posição majoritária em sentido contrário provavelmente irá realinhar seu posicionamento. 
Isso porque, apesar de os julgados proferidos em repercussão geral não terem efeitos vinculantes, na 
prática, eles acabam tendo uma enorme força e os Tribunais em geral têm seguido o que é decidido. 
 
 
 
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Votos vencidos 
Ficaram vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cármem Lúcia, que entenderam que a exigência de prévio 
requerimento junto ao INSS para o ajuizamento de ação representa restrição à garantia de acesso 
universal à Justiça. 
 
QUADRO RESUMO: 
 
AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO 
 
 
CONCESSÃO de benefício previdenciário 
 
Para que a ação judicial proposta seja conhecida é necessário que fique comprovado que: 
a) o autor requereu administrativamente o benefício, mas este foi negado pelo INSS (total ou 
parcialmente); 
b) o autor requereu administrativamente o benefício, mas o INSS não deu uma decisão em um 
prazo máximo de 45 dias; 
c) o benefício pleiteado trata de matéria sobre a qual o INSS tem posição manifestamente contrária 
ao pedido feito pelo segurado. 
 
Logo, EM REGRA, é indispensável o prévio requerimento administrativo do benefício no INSS. 
 
Obs: não é necessário o esgotamento da via administrativa (o segurado não precisa interpor recurso 
administrativo contra a negativa do pedido). 
 
 
REVISÃO de benefício previdenciário 
 
REGRA: NÃO há necessidade de prévio requerimento administrativo. 
 
EXCEÇÃO: será necessário prévio requerimento administrativo se o pedido envolver apreciação de 
matéria de fato. 
 
 
Desdobramentos 
O STF fixou que a regra deve ser a exigência do prévio requerimento administrativo. No voto, o Min. Luís 
Roberto Barroso fez menção a existência de exceção no caso de o INSS ter posição manifestamente 
contrária ao pedido do segurado. 
É possível, no entanto, que, com o tempo, outras exceções acabem sendo aceitas pela jurisprudência. 
Exemplo: em diversos Municípios do interior da Amazônia não existe posto de atendimento do INSS. Em 
tais casos, me parece ser possível o ajuizamento da ação pleiteando o benefício previdenciário mesmo 
sem prévio requerimento administrativo. Isso porque não é razoável exigir que a parte viaje para outra 
cidade, algumas vezes bem distante, para dar entrada no pedido junto ao INSS. A simples ausência de 
posto de atendimento na localidade já representa uma violação ao direito do segurado aos benefícios 
previdenciários, podendo ele, por consequência lógica, valer-se do Poder Judiciário. 
 
Modulação dos efeitos 
Antes do julgamento do STF, inúmeras ações foram propostas sem prévio requerimento administrativo. 
Tais processos estavam sobrestados aguardando a decisão do Supremo em sede de repercussão geral. Isso 
porque o STF poderia decidir que o prévio requerimento não era necessário, situação em que essas ações 
poderiam continuar tramitando normalmente. De outro modo, o Supremo poderia decidir, como 
efetivamente o fez, que o prévio requerimento é, em regra, indispensável. 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
 
Agora que o STF finalmente decidiu o tema, indaga-se: o que fazer com os inúmeros processos 
sobrestados nos quais o autor propôs a ação sem ter requerido previamente o benefício junto ao INSS? 
Eles deverão ser extintos por falta de interesse de agir ou poderão voltar a tramitar normalmente? 
O STF modulou os efeitos de sua decisão e definiu três regras de transição a serem aplicadas aos processos 
judiciais sobrestados que envolvem pedidos de concessão de benefício ao INSS nos quais não houve 
requerimento administrativo prévio. 
 
1ª regra: 
Juizado itinerante. 
 
Se a ação foi proposta em um juizado itinerante, mesmo não tendo havido prévio 
requerimento administrativo, o curso do processo deve ser retomado e prosseguir 
normalmente (não será extinto sem resolução do mérito). Isso porque os juizados 
itinerantes ocorrem, basicamente, em lugares onde não há agência do INSS, de 
forma que não seria razoável exigir do autor prévio requerimento administrativo. 
 
2ª regra: 
INSS apresentou 
contestação de 
mérito. 
 
Se a ação foi proposta sem prévio requerimento administrativo, mas o INSS já 
apresentou contestação de mérito, o processo também deverá prosseguir 
normalmente (não será extinto). Isso porque o fato de o INSS ter contestado e de 
ter refutado o mérito da pretensão, demonstra que há resistência ao pedido (a 
autarquia não concorda com o pleito), de forma que existe interesse de agir por 
parte do autor. 
Se a contestação não enfrentou o mérito, mas apenas questões processuais, a 
situação irá se enquadrar na 3ª regra. 
 
3ª regra: 
Demais casos não 
enquadrados nas 
situações 
anteriores. 
 
Se a ação foi ajuizada sem prévio requerimento, não se trata de juizado itinerante 
e o INSS não apresentou contestação de mérito, o processo deverá continuar 
sobrestado (suspenso) e o juiz /Tribunal deverá tomar as seguintes providências: 
O autor será intimado para que, no prazo de 30 dias, dê entrada em 
requerimento administrativo junto ao INSS pedindo o benefício que está sendo 
pleiteado na via judicial. 
A partir daí, o INSS terá o prazo de até 90 dias para se manifestar. 
 
• Caso negue o benefício, a ação judicial continuará normalmente, uma vez que 
ficou demonstrado o interesse de agir. 
• Caso o benefício seja concedido administrativamente, o processo judicial será 
extinto. 
• Caso o autor não dê entrada no requerimento administrativo no prazo de 30 
dias, o processo também será extinto. 
 
Se o benefício for concedido (seja administrativamente, seja pela via judicial) a data 
do início da aquisição do benefício deverá retroagir à data em que teve início o 
processo judicial. Em outras palavras, a DIB será a data em que foi ajuizada a ação, 
devendo o INSS ser condenado a pagar as parcelas retroativamente a esse dia. 
 
 
Vale esclarecer mais uma vez que essas três regras acima valem para os processos que estavam 
sobrestados aguardando a decisão do STF. Para as novas ações que forem propostas após a decisão do 
STF, a regra é a necessidade de que tenha havido prévio requerimento. Em caso de sua ausência, haverá 
extinção sem resolução do mérito, salvo se o benefício pleiteado trata de matéria sobre a qual o INSS 
tenha posição manifestamente contrária ao pedido feito pelo segurado. 
 
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EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir:1) (Juiz Federal TRF2) O Presidente da República remete ao Congresso Nacional projeto de lei dispondo 
sobre criação de Ministério Extraordinário de Assuntos Especiais, estruturado em cinco departamentos. 
Emenda parlamentar suprime um dos departamentos, por considerá-lo desnecessário. Assinale a 
alternativa correta: 
A) A emenda é ofensiva à Constituição Federal, já que o controle do legislativo – quando a matéria é de 
iniciativa exclusiva do Executivo – ocorre com a apreciação plena do projeto, e a possibilidade de 
emenda parlamentar é admitida em taxativos casos, diferentes da hipótese citada. 
B) A emenda é ofensiva à Constituição Federal, que não admite emendas parlamentares em projetos 
de iniciativa exclusiva. 
C) A emenda está em conformidade com a Constituição Federal, que não cogita, em projetos de 
iniciativa exclusiva, de limites ao poder de emenda do parlamento. 
D) A emenda está em conformidade com a Constituição Federal, e o Presidente da República, na 
oportunidade da sanção, pode vetá-la e, assim, readequar o projeto ao seu teor original. 
E) A emenda está em conformidade com a Constituição Federal, já que, em projetos de iniciativa 
exclusiva do Presidente da República, a Constituição Federal veda é o aumento de despesa. ( ) 
 
2) (Juiz TJAM 2013 FGV) Nos projetos de leis submetidos à iniciativa exclusiva do Presidente da República, 
a apresentação de emendas deve guardar pertinência com o objeto do projeto de lei apresentado, sob 
pena de usurpação indireta da iniciativa atribuída com exclusividade. ( ) 
3) (Analista TJAM 2013 FGV) O vício de iniciativa no processo legislativo não enseja o controle de 
constitucionalidade da norma, porque a ofensa à Constituição dá-se de forma reflexa. ( ) 
4) (PGDF 2013 CESPE) Será considerado formalmente inconstitucional projeto de lei distrital de iniciativa 
parlamentar que confira aumento de remuneração aos servidores do governo do DF. ( ) 
5) (Procurador BACEN 2013 CESPE) A CF estabelece a iniciativa exclusiva do presidente da República para 
o processo legislativo em matéria de natureza tributária. ( ) 
 
 
Gabarito 
1. Letra E 2. C 3. E 4. C 5. E 
 
 
JULGADOS NÃO COMENTADOS 
 
Prisão domiciliar e doença grave 
O Plenário, por maioria, negou provimento a agravo regimental, interposto de decisão proferida em sede 
de execução penal, que indeferira pedido de conversão de regime semiaberto em prisão domiciliar 
humanitária. No caso, o agravante fora condenado à pena de 7 anos e 11 dias de reclusão em regime 
semiaberto pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa requerera a 
autorização para cumprimento da pena em regime domiciliar, tendo em conta o fato de o agravante sofrer 
de diabetes tipo II, hipertensão arterial sistêmica e histórico de obesidade mórbida, além de ter sido 
submetido à cirurgia oncológica para a remoção de parte do pâncreas. O Ministro Joaquim Barbosa (então 
Presidente e relator) indeferira o pedido pelos seguintes fundamentos: a) ausência de doença grave, 
atestada por junta médica oficial; e b) possibilidade de o sistema penitenciário oferecer a dieta e o 
acompanhamento médico e nutricional prescritos para o tratamento do sentenciado. O Tribunal afirmou 
que o laudo médico oficial, elaborado por médicos do Instituto Nacional do Câncer - INCA, ressaltara que o 
agravante não apresentaria qualquer evidência de doença neoplásica em atividade. Frisou que se teria 
 
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constatado que, embora o estado clínico do agravante exigisse o uso continuado de medicamentos, sua 
situação não demandaria permanência em prisão domiciliar fixa. Recordou que o juízo da vara de 
execuções penais teria informado ao STF não haver impedimentos para o fornecimento da dieta e 
medicação necessárias. Salientou que, assim como referido no parecer ministerial, não haveria vedação 
que a família encaminhasse à unidade prisional eventuais medicamentos ou gêneros alimentícios que 
integrassem a prescrição médica e que não estivessem disponíveis no sistema. Vencidos os Ministros Luiz 
Fux, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, que davam provimento ao agravo regimental por considerarem 
a situação do agravante notória. 
EP 23 AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 27.8.2014. 
 
Aposentadoria: contagem recíproca e restrições indevidas 
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do 
art. 119, VI, da Lei 6.677/1994, do Estado da Bahia [“Art. 119. Contar-se-á para efeito de aposentadoria e 
disponibilidade: ... VI - até 10 (dez) anos do tempo de serviço em atividade privada vinculada à previdência 
social, desde que um decênio, pelo menos, no serviço público estadual, ressalvada a legislação federal 
regulamentadora da matéria”]. O Tribunal confirmou a liminar deferida e consignou que, na sua redação 
original, o § 2° do art. 202 da CF seria autoaplicável (“Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da 
lei, calculando-se o benefício sobre a média dos trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos 
monetariamente mês a mês, e comprovada a regularidade dos reajustes dos salários de contribuição de 
modo a preservar seus valores reais e obedecidas as seguintes condições: ... § 2º - Para efeito de 
aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na 
atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos sistemas de previdência social se 
compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei”). 
ADI 1798/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2014. 
 
ADI: Diário Oficial estadual e iniciativa de lei 
O Plenário confirmou medida cautelar e julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar 
a inconstitucionalidade da Lei 11.454/2000, do Estado do Rio Grande do Sul. A lei, de iniciativa parlamentar, 
disciplina as matérias suscetíveis de publicação pelo Diário Oficial do Estado, órgão vinculado ao Poder 
Executivo. O Tribunal consignou que, no caso, estaria configurada a inconstitucionalidade formal e material 
do ato normativo impugnado. Afirmou que a edição de regra que disciplinasse o modo de atuação de órgão 
integrante da Administração Indireta do Estado-membro somente poderia advir de ato do Chefe do Poder 
Executivo estadual. Haveria, ademais, na edição da norma em comento, nítida afronta ao princípio 
constitucional da separação dos Poderes, na medida em que, ao se restringir a proibição de publicações 
exclusivamente ao Poder Executivo, teria sido criada situação discriminatória em relação a um dos Poderes 
do Estado-membro. 
ADI 2294/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 27.8.2014. 
 
ADI: Diário Oficial estadual e iniciativa de lei 
O Plenário confirmou medida cautelar e julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar 
a inconstitucionalidade da Lei 11.454/2000, do Estado do Rio Grande do Sul. A lei, de iniciativa parlamentar, 
disciplina as matérias suscetíveis de publicação pelo Diário Oficial do Estado, órgão vinculado ao Poder 
Executivo. O Tribunal consignou que, no caso, estaria configurada a inconstitucionalidade formal e material 
do ato normativo impugnado. Afirmou que a edição de regra que disciplinasse o modo de atuação de órgão 
integrante da Administração Indireta do Estado-membro somente poderia advir de ato do Chefe do Poder 
Executivo estadual. Haveria, ademais, na edição da norma em comento, nítida afronta ao princípio 
constitucional da separação dos Poderes, na medida em que, ao se restringir a proibição de publicações 
exclusivamente ao Poder Executivo, teria sido criada situação discriminatória em relação a um dos Poderes 
do Estado-membro. 
ADI 2294/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 27.8.2014. 
 
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ADI e estrutura organizacional de tribunal de justiça 
O Plenário confirmou medida cautelar e julgouprocedente pedido formulado em ação direta para assentar 
a inconstitucionalidade de dispositivos da Constituição do Estado do Ceará e de seu ADCT. Na espécie, 
foram declarados inconstitucionais: a) a expressão “ou a determinação de abertura de tal procedimento 
contra o juiz acusado” contida no art. 96, II, f; b) o § 1º do art. 105; c) a expressão “vinte e um”, constante 
do art. 107; d) o art. 109, “caput” e parágrafos; e) os artigos 110 a 113; f) o § 5º do art. 11 do ADCT; e g) o 
art. 12 do ADCT. As normas questionadas alteram a estrutura organizacional do tribunal de justiça cearense 
e a carreira da magistratura. 
ADI 251/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2014. 
 
Inativos do DNER e Plano Especial de Cargos do DNIT 
Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas os efeitos financeiros decorrentes do 
enquadramento de servidores ativos do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, 
os quais passaram a gozar de benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial de Cargos do 
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a 
conclusão do Plenário, que negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia o direito de 
servidores aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela Lei 10.233/2001 — à paridade 
remuneratória em relação aos servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início, o Tribunal 
afastou a incidência do Enunciado 339 de sua Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no sentido de 
que o art. 40, § 8º, da CF, com a redação dada pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de 
vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria 
a edição de lei que promovesse a extensão das vantagens. Assim, o próprio texto constitucional, à luz do 
princípio da isonomia, estabeleceria essa extensão. Em seguida, no que se refere à reestruturação da 
carreira dos servidores ativos do DNER no Plano Especial de Cargos do DNIT, o Colegiado mencionou que, 
para se assegurar a inativos e pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo em conta a 
autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento, seria necessário apenas cogitar-se da: a) 
existência de lei que conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou benefício remuneratório; e 
b) natureza jurídica dos privilégios deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente verificar-se se os 
servidores aposentados e os pensionistas gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A Corte 
reconheceu a incidência da cláusula constitucional da paridade remuneratória, nos moldes previstos pela 
EC 20/1998, em favor dos inativos e pensionistas do DNER, haja vista a possibilidade inaugurada pela lei de 
que os servidores ativos do mencionado órgão pudessem ser alocados, por conta de suas atribuições, para 
o DNIT. 
RE 677730/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 28.8.2014. 
 
Embargos de declaração e provimento para subir o RE 
O Plenário proveu embargos de declaração para que o julgamento de recurso extraordinário tenha 
sequência, com a possibilidade de sustentação oral e deliberação presencial pelo Colegiado. No caso, o 
Tribunal reafirmara, por meio eletrônico (Plenário Virtual), jurisprudência dominante quanto à 
possibilidade da conversão de férias não gozadas em indenização pecuniária, por servidores que não 
podem mais delas usufruir. Sustentava o embargante a necessidade de esclarecimento da prestação 
jurisdicional e pedia a aplicação dos excepcionais efeitos infringentes ao acórdão questionado, sob 
argumento de que o servidor, ora embargado, encontra-se em atividade. De início, a Corte afastou a 
preliminar de incidência dos prazos e ritos dos juizados especiais perante o STF, porquanto o trâmite de 
recurso extraordinário subordina-se à Lei 8.038/1990. Por conseguinte, rejeitou a alegada intempestividade 
dos embargos declaratórios. Refutou, de igual modo, a aplicação do precedente firmado no julgamento do 
AI 855.810 RG-ED/RS (DJe de 1º.7.2013) e do art. 543-A do CPC, que afirmam a irrecorribilidade da decisão 
do Supremo quando não conhecer de recurso extraordinário por ausência de repercussão geral. O Tribunal 
consignou que, na situação dos autos, o acórdão embargado fora proferido no âmbito do Plenário Virtual, 
 
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com o reconhecimento da repercussão geral e a reafirmação de jurisprudência. Assim, reputou cabíveis os 
embargos. Em seguida, o Colegiado asseverou que a controvérsia relativa a eventual direito de servidor em 
atividade à conversão em pecúnia de férias vencidas e não gozadas deveria ser submetida à apreciação do 
Pleno, razão pela qual se deveria dar continuidade ao recurso extraordinário. 
ARE 721001 RG-ED/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 28.8.2014. 
 
Corrupção eleitoral e inépcia da denúncia 
A 2ª Turma rejeitou denúncia oferecida em face de deputados federais em razão da suposta prática do 
delito previsto no art. 299 do Código Eleitoral (“Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou 
para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou 
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de 
cinco a quinze dias-multa”). A Turma, ao considerar o quanto disposto no art. 41 do CPP (“A denúncia ou 
queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado 
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol 
das testemunhas”), considerou inepta a denúncia oferecida. Afirmou que, para ser apta, a referida peça 
deveria ter projetado ao caso concreto todos os elementos da figura típica em comento. Assim, deveria ter 
descrito: a) quem praticara o verbo típico — “dar, oferecer ou prometer” —; b) os meios empregados — 
“dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem” —; e c) a ligação da conduta ao fim especial de obter o voto 
de pessoa determinada ou, se indeterminada, a especificação dessa circunstância. Consignou, então, que a 
inicial acusatória sem a definição dos elementos estruturais que compusessem o tipo penal, e que não 
narrasse, com precisão e de maneira individualizada, os elementos, tanto essenciais como acidentais, 
pertinentes ao tipo, incidiria em afronta à Constituição. 
Inq 3752/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 26.8.2014. (Inq-3752) 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
R E P E R C U S S Ã O G E R A L 
DJe de 25 a 29 de agosto de 2014 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 729.011-RS 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS DÉBITOS JUDICIAIS. DEFLAÇÃO. 
APLICAÇÃO DOS ÍNDICES NEGATIVOS DO IGP-M. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
1. A controvérsia relativa à legitimidade da aplicação dos índices negativos do IGP-M para fins de correção monetária dos débitos judiciais é de 
natureza infraconstitucional (RE 735.634-AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe de 25/11/2013; e AI 858.419-AgR, 
Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 20/11/2013). 
2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando 
eventual ofensa à Carta Magna se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/03/2009). 
3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 753.681-SC 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ICMS SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. 
LEGITIMIDADE ATIVA DO CONSUMIDOR FINAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
1. A controvérsia relativa à legitimidade ativa do consumidor final para ajuizar ação de repetição de indébito de ICMS sobre a energia elétrica, 
fundada nainterpretação do art. 166 do CTN, é de natureza infraconstitucional. 
2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando 
eventual ofensa à Carta Magna se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/03/2009). 
3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC. 
 
Decisões Publicadas: 2 
 
C L I P P I N G D O D JE 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
25 a 29 de agosto de 2014 
 
ADI N. 3.461-ES 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Impugnação ao art. 1º da Lei 7.456/2003 do Estado do Espírito Santo. 3. Vinculação automática de subsídios 
de agentes políticos de distintos entes federativos. Norma estadual que estabelece ao subsídio mensal pago a deputados estaduais valor correspondente 
a 75% do subsídio mensal de deputados federais, de modo que qualquer aumento no valor dos subsídios destes resulte, automaticamente, aumento 
daqueles. Impossibilidade. 4. Violação ao princípio da autonomia dos entes federados. Precedentes. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
procedente. 
*noticiado no Informativo 747 
 
ADI N. 4.701-PE 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL QUE FIXA PRAZOS MÁXIMOS, SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA 
DOS USUÁRIOS, PARA A AUTORIZAÇÃO DE EXAMES PELAS OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE. 
1. Encontra-se caracterizado o direito de propositura. Os associados da requerente estão unidos pela comunhão de interesses em relação a um objeto 
específico (prestação do serviço de assistência suplementar à saúde na modalidade autogestão). Esse elemento caracteriza a unidade de propósito na 
representação associativa, afastando a excessiva generalidade que, segundo esta Corte, impediria o conhecimento da ação. 
2. Por mais ampla que seja, a competência legislativa concorrente em matéria de defesa do consumidor (CF/88, art. 24, V e VIII) não autoriza os 
Estados-membros a editarem normas acerca de relações contratuais, uma vez que essa atribuição está inserida na competência da União Federal para 
legislar sobre direito civil (CF/88, art. 22, I). 
3. Os arts. 22, VII e 21, VIII, da Constituição Federal atribuem à União competência para legislar sobre seguros e fiscalizar as operações relacionadas 
a essa matéria. Tais previsões alcançam os planos de saúde, tendo em vista a sua íntima afinidade com a lógica dos contratos de seguro, notadamente 
por conta do componente atuarial. 
4. Procedência do pedido. 
*noticiado no Informativo 754 
 
ADI N. 4.303-RN 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ART. 1º, CAPUT E § 1º DA LEI COMPLEMENTAR N. 372/2008 DO RIO GRANDE DO 
NORTE. 
1. A reestruturação convergente de carreiras análogas não contraria o art. 37, inc. II, da Constituição da República. Logo, a Lei Complementar 
potiguar n. 372/2008, ao manter exatamente a mesma estrutura de cargos e atribuições, é constitucional. 
2. A norma questionada autoriza a possibilidade de serem equiparadas as remunerações dos servidores auxiliares técnicos e assistentes em 
administração judiciária, aprovados em concurso público para o qual se exigiu diploma de nível médio, ao sistema remuneratório dos servidores 
aprovados em concurso para cargo de nível superior. 
3. A alegação de que existiriam diferenças entre as atribuições não pode ser objeto de ação de controle concentrado, porque exigiria a avaliação, de 
fato, de quais assistentes ou auxiliares técnicos foram redistribuídos para funções diferenciadas. Precedentes. 
4. Servidores que ocupam os mesmos cargos, com a mesma denominação e na mesma estrutura de carreira, devem ganhar igualmente (princípio da 
isonomia). 
5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente. 
*noticiado no Informativo 734 
 
Inq N. 3.344-DF 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: INQUÉRITO. IMPUTAÇÃO DO CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA PARA FINS ELEITORAIS. ART. 350 DO CÓDIGO 
ELEITORAL. INDÍCIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE DEMONSTRADOS. SUBSTRATO PROBATÓRIO MÍNIMO PRESENTE. 
DENÚNCIA RECEBIDA. 
1. Denúncia que contém a adequada indicação da conduta delituosa imputada ao acusado e aponta os elementos indiciários mínimos aptos a tornar 
plausível a acusação, o que permite o pleno exercício do direito de defesa. 
2. O dolo específico é questão que desafia a fase instrutória e, isoladamente, não se presta a desqualificar a denúncia. Precedentes. 
3. Denúncia recebida. 
Acórdãos Publicados: 531 
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Expulsão de Estrangeiro - HC - Limites do Controle Jurisdicional (Transcrições) 
 
HC 92.769/RJ* 
 
RELATOR: Ministro Celso de Mello 
 
 
Informativo 756-STF (09/09/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
EMENTA: “HABEAS CORPUS”. EXPULSÃO DE ESTRANGEIRO. ATO DISCRICIONÁRIO DO ESTADO BRASILEIRO. EXAME 
JUDICIAL LIMITADO À LEGITIMIDADE JURÍDICA DESSE ATO, CONSIDERADOS OS PRESSUPOSTOS LEGAIS DE 
INEXPULSABILIDADE (LEI Nº 6.815/80, ART. 75). DOUTRINA. PRECEDENTES (HC 87.053/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, 
PLENO, v.g.). INOCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE, DE CAUSA LEGAL OBSTATIVA DO ATO EXPULSÓRIO. PEDIDO 
INDEFERIDO. 
 
DECISÃO: Registro, preliminarmente, por necessário, que o Supremo Tribunal Federal, mediante edição da Emenda Regimental nº 30, de 29 de 
maio de 2009, delegou expressa competência ao Relator da causa, para, em sede de julgamento monocrático, denegar ou conceder a ordem de 
“habeas corpus”, “ainda que de ofício”, desde que a matéria versada no “writ” em questão constitua “objeto de jurisprudência consolidada do 
Tribunal” (RISTF, art. 192, “caput”, na redação dada pela ER nº 30/2009). 
Ao assim proceder, fazendo-o mediante interna delegação de atribuições jurisdicionais, esta Suprema Corte, atenta às exigências de 
celeridade e de racionalização do processo decisório, limitou-se a reafirmar princípio consagrado em nosso ordenamento positivo (RISTF, art. 21, 
§ 1º; Lei nº 8.038/90, art. 38; CPC, art. 557) que autoriza o Relator da causa a decidir, monocraticamente, o litígio, sempre que este referir-se a 
tema já definido em “jurisprudência dominante” no Supremo Tribunal Federal. 
Nem se alegue que essa orientação implicaria transgressão ao princípio da colegialidade, eis que o postulado em questão sempre restará 
preservado ante a possibilidade de submissão da decisão singular ao controle recursal dos órgãos colegiados no âmbito do Supremo Tribunal 
Federal, consoante esta Corte tem reiteradamente proclamado (RTJ 181/1133-1134, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – AI 159.892-AgR/SP, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO, v.g.). 
A legitimidade jurídica desse entendimento decorre da circunstância de o Relator da causa, no desempenho de seus poderes processuais, 
dispor de plena competência para exercer, monocraticamente, o controle das ações, pedidos ou recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal, 
justificando-se, em consequência, os atos decisórios que, nessa condição, venha a praticar (RTJ 139/53 – RTJ 168/174-175 – RTJ 173/948), 
valendo assinalar, quanto ao aspecto ora ressaltado, que este Tribunal, em decisões colegiadas (HC 96.821/SP, Rel. Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI – HC 104.241-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO), reafirmou a possibilidade processual do julgamento monocrático do 
próprio mérito da ação de “habeas corpus”, desde que observados os requisitos estabelecidos no art. 192 do RISTF, na redação dada pela Emenda 
Regimental nº 30/2009. 
Tendo em vista essa delegação regimental de competência ao Relator da causa, impõe-se reconhecer que a controvérsia ora em exame 
ajusta-se à jurisprudência

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