Buscar

info-780-stf1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Processo excluído deste informativo por não ter sido concluído em virtude de pedido de vista: Inq 3305 AgR/RS. 
 
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em 
peculiaridades do caso concreto: PSV 109/DF; Inq 3847 AgR/GO. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 Impossibilidade de reabertura da discussão sobre a modulação se o Plenário já discutiu e rejeitou a proposta, 
proclamando o resultado. 
 
NORMAS DE CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS PELO STF 
 Modelo de fiscalização exacerbado sobre titulares de cargos públicos do Executivo. 
 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
 Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas 
de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. 
 
TRIBUNAL DE CONTAS 
 Anulação de acordo extrajudicial pelo TCU. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
LICITAÇÕES 
 É constitucional lei estadual que determina que a Administração Pública irá, preferencialmente, utilizar 
“softwares” livres. 
 
CONCURSO PÚBLICO 
 Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, 
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na 
qual anteriormente investido. 
 É inconstitucional lei estadual que cria Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual. 
 Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
 Inconstitucionalidade de subsídio vitalício a ex-governador. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PROGRESSÃO DE REGIME 
 Novo requisito para progressão de regime: pagamento integral da pena de multa. 
 
DIREITO INTERNACIONAL 
EXTRADIÇÃO 
 Não é possível conceder a extradição de estrangeiro se o crime está prescrito no Brasil 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Impossibilidade de reabertura da discussão sobre a modulação se o Plenário já discutiu e 
rejeitou a proposta, proclamando o resultado 
 
Importante!!! 
O STF, ao apreciar uma ADI, julgou que determinada lei é inconstitucional. No dia que ocorreu 
o julgamento, havia apenas 10 Ministros presentes. Na oportunidade, discutiu-se se deveria 
haver ou não a modulação dos efeitos da decisão. 7 Ministros votaram a favor, mas como são 
necessários, no mínimo, 8 votos, a proposta de modulação foi rejeitada e o resultado final do 
julgamento foi proclamado. No dia seguinte, o Ministro que estava ausente compareceu à 
sessão e afirmou que era favorável à modulação dos efeitos da decisão que declarou a lei 
inconstitucional no dia anterior. 
Diante disso, indaga-se: é possível que o Plenário reabra a discussão sobre a modulação? 
NÃO. Depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e 
encerrado e, por isso, mostra-se inviável a sua reabertura para discutir novamente a 
modulação dos efeitos da decisão proferida. 
A análise da ação direta de inconstitucionalidade é realizada de maneira bifásica: 
a) primeiro, o Plenário decide se a lei é constitucional ou não; e 
b) em seguida, se a lei foi declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade de modulação 
dos efeitos. 
Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com a votação sobre a 
modulação (que não foi alcançada), não há como reabrir o caso, ficando preclusa a 
possibilidade de reabertura para deliberação sobre a modulação dos efeitos. 
STF. Plenário. ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 
julgado em 8/4/2015 (Info 780). 
 
MODULAÇÃO DOS EFEITOS EM PROCESSOS OBJETIVOS DE CONSTITUCIONALIDADE 
No julgamento de ADI, ADC ou ADPF, a Lei prevê expressamente que o STF poderá modular os efeitos da 
decisão que julga determinado ato contrário à CF. 
Em outras palavras, a Lei permite que o STF determine que os efeitos da declaração de 
inconstitucionalidade somente valham a partir da decisão proferida (ex nunc) ou ainda a partir de 
determinada data futura (efeitos prospectivos). 
 
Lei 9.868/99: 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança 
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços 
de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de 
seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
 
Mesma regra pode ser encontrada no art. 11 da Lei n. 9.882/99. 
 
Regra: efeitos EX TUNC (retroativos) 
Excepcionalmente o STF pode, pelo voto de, no mínimo, 8 Ministros (2/3): 
* restringir os efeitos da declaração; ou 
* decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado; ou 
* de outro momento que venha a ser fixado. 
Desde que haja razões de: 
* segurança jurídica; ou 
* excepcional interesse social. 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
 
MODULAÇÃO DOS EFEITOS DO JULGADO EM PROCESSOS SUBJETIVOS 
É possível a modulação dos efeitos do julgado no caso de processos subjetivos, como na hipótese da 
decisão proferida em um recurso extraordinário (controle difuso)? 
SIM. O STF consagrou entendimento no sentido de que, excepcionalmente, admite-se, em caso de 
controle difuso de constitucionalidade, a modulação temporal dos efeitos da decisão proferida. 
Com o objetivo de seguir o mesmo modelo previsto no art. 27 da Lei n. 9.868/99, o STF decidiu que é 
necessário o quórum de 2/3 para que ocorra a modulação de efeitos em sede de recurso extraordinário 
com repercussão geral reconhecida. Entendeu-se que essa maioria qualificada seria necessária para 
conferir eficácia objetiva ao instrumento. 
STF. Plenário. RE 586453/SE, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 20/2/2013 
(Info 695). 
 
MOMENTO-LIMITE DA MODULAÇÃO DOS EFEITOS 
Feitos os esclarecimentos acima, imagine a seguinte situação: 
O STF, ao apreciar uma ADI, julgou que a lei “ZZZ” é inconstitucional. 
No dia que ocorreu o julgamento, havia apenas 10 Ministros presentes. 
Na oportunidade, discutiu-se se deveria haver ou não a modulação dos efeitos da decisão. 
7 Ministros votaram a favor, mas, como são necessários, no mínimo 8 votos, a proposta de modulação foi 
rejeitada e o resultado final do julgamento foi proclamado. 
No dia seguinte, o Ministro que estava ausente compareceu à sessão e afirmou que era favorável à 
modulação dos efeitos da decisão que declarou a lei “ZZZ” inconstitucional no dia anterior. 
 
Diante disso, indaga-se: é possível que o Plenário reabra a discussão sobre a modulação? 
NÃO. Depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e encerrado 
e, por isso, mostra-se inviável a sua reabertura para discutir novamente a modulação dos efeitos da 
decisão proferida. 
 
Análise da ADI ocorre de forma bifásica: 
A análise da ação direta de inconstitucionalidade é realizada de maneira bifásica: 
a) primeiro, o Plenário decide se a lei é constitucional ou não; e 
b) em seguida, se a lei foi declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade de modulação dos efeitos. 
 
Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com a votação sobre a modulação 
(que não foi alcançada), não há como reabrir o caso, ficando preclusa a possibilidade de reabertura para 
deliberação sobre a modulação dos efeitos. 
 
 
 
NORMAS DE CONSTITUIÇÕESESTADUAIS DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS PELO STF 
Modelo de fiscalização exacerbado sobre titulares de cargos públicos do Executivo 
 
A Assembleia Legislativa do Estado de Roraima editou emenda, de iniciativa parlamentar, à 
Constituição do Estado prevendo duas regras: 
1) O Governador seria obrigado a submeter à análise da ALE os nomes que ele escolheu para 
serem nomeados como membros do TCE, Defensor Público-Geral, Procurador-Geral do Estado, 
diretores de fundações e autarquias e Presidentes de sociedade de economia mista e empresas 
públicas. 
2) Os titulares da Universidade Estadual, da Companhia de Águas do Estado, da Companhia 
Energética do Estado e inúmeras outras autoridades deveriam comparecer anualmente à ALE 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
para apresentar relatório de atividades, que seria referendado ou não pelos Deputados e, 
caso fosse rejeitado, isso implicaria o afastamento imediato do titular do cargo. 
Sob o ponto de vista formal, essa emenda é inconstitucional porque como trata sobre regime 
jurídico de servidores públicos não poderia ser de iniciativa parlamentar (art. 61, § 1º, “c”, da 
CF/88). 
Sob o aspecto material, quanto à regra 1, o STF entendeu que a nomeação do Procurador-Geral 
do Estado e dos Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas não podem 
ser submetidas ao crivo da ALE. O cargo de Procurador-Geral do Estado é de livre nomeação e 
exoneração, sendo um cargo de confiança do chefe do Poder Executivo. As empresas públicas e 
sociedades de economia mista submetem-se a regras de direito privado e não podem sofrer 
ingerência por parte do Legislativo. 
Quanto à regra 2, esta também é materialmente inconstitucional porque institui um modelo de 
fiscalização exacerbado e, desse modo, viola o princípio da separação de Poderes. 
STF. Plenário. ADI 4284/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/4/2015 (Info 780). 
 
APROVAÇÃO PELA ALE DE SERVIDORES NOMEADOS PELO GOVERNADOR 
Imagine a seguinte situação: 
A Assembleia Legislativa do Estado de Roraima editou uma emenda à Constituição do Estado 
determinando ao Governador a obrigação de submeter à análise da ALE os nomes que ele escolheu para 
serem nomeados como membros do TCE, Defensor Público-Geral, Procurador-Geral do Estado, diretores 
de fundações e autarquias e Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas. 
Segundo o dispositivo (art. 33, XXXI), os nomeados, ainda que interinamente, que não forem 
encaminhados para apreciação e votação pela Assembleia Legislativa, nos 30 dias seguintes, serão 
considerados afastados e seus atos serão anulados. 
Vale ressaltar que essa emenda foi apresentada por um grupo de Deputados, ou seja, trata-se de uma 
emenda constitucional de iniciativa parlamentar. 
 
Essa previsão é constitucional? 
NÃO. O STF entendeu que essa emenda trata sobre regime jurídico de servidores públicos, matéria que é 
de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo, nos termos do art. 61, § 1º, “c”, da CF/88. 
Logo, a proposta, de iniciativa parlamentar, ao versar sobre regime jurídico de servidores, violou a reserva 
de iniciativa legislativa privativa do Governador do Estado. 
 
Mas o art. 61, § 1º, fala em “leis” e o ato impugnado era uma emenda constitucional... 
O STF entende que, se houver uma emenda constitucional tratando sobre algum dos assuntos listados no 
art. 61, § 1º, da CF/88, essa emenda deve ter sido proposta pelo chefe do Poder Executivo. Assim, é 
incabível que os parlamentares proponham uma emenda constitucional dispondo sobre o regime jurídico 
dos servidores públicos, por exemplo (art. 61, § 1º, II, “c”). Se isso fosse permitido, seria uma forma de 
burlar a regra do art. 61, § 1º, da CF/88. 
Em suma, “matéria restrita à iniciativa do Poder Executivo não pode ser regulada por emenda constitucional de 
origem parlamentar” (STF. Plenário. ADI 2.966, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 06/04/2005). 
 
Tudo bem. Entendi que a emenda proposta foi formalmente inconstitucional. Mas e sob o ponto de vista 
material, seria possível que as autoridades indicadas pelo Governador do Estado fossem obrigadas a se 
submeter à aprovação da ALE? 
 Quanto aos dirigentes de autarquias e fundações e quanto ao Defensor Público-Geral: 
Se não fosse o vício formal, seria possível que a Constituição do Estado exigisse que tais nomes fossem 
aprovados pela ALE. Isso porque a CF/88 permite que a legislação condicione a nomeação de 
determinados titulares de cargos públicos à prévia aprovação do Senado Federal, a teor do art. 52, III. 
Logo, em homenagem ao princípio da simetria, essa mesma previsão do art. 52 pode ser repetida na 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
Constituição ou mesmo na legislação infraconstitucional estadual. Nesse sentido: STF. Plenário. ADI 
1949/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/9/2014 (Info 759). 
 
 Quanto ao Procurador-Geral do Estado: não. Mesmo que não houvesse inconstitucionalidade formal, 
haveria material. Isso porque o STF possui entendimento pacífico no sentido de que o Advogado-Geral 
é cargo de confiança do Presidente da República, sendo de livre nomeação pelo Chefe do Poder 
Executivo, não precisando passar por sabatina no Senado. 
 
 Quanto aos dirigentes das empresas públicas e sociedades de economia mista: não. Mesmo que não 
houvesse inconstitucionalidade formal, haveria material. Isso porque tais entidades se sujeitam ao regime 
das empresas privadas e, portanto, não podem sofrer nenhuma ingerência por parte do Legislativo. 
 
 
PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL PARA A ALE 
Além da regra acima explicada, a Assembleia Legislativa de Roraima também acrescentou na Constituição 
Estadual a obrigação de que os Titulares da Universidade Estadual de Roraima - UERR; da Companhia de 
Águas e Esgotos de Roraima - CAER; da Companhia Energética de Roraima – CER e inúmeras outras 
autoridades que não vale a pena listar deveriam comparecer anualmente ao Poder Legislativo, em data 
fixada por este, para apresentação de relatório anual de atividades desenvolvidas e plano de metas 
para o ano seguinte, as quais serão referendadas por maioria absoluta em turno único e em votação 
secreta, e cuja rejeição implicará o afastamento imediato do titular do cargo (art. 33, XXXI, da CE/RR). 
 
Inconstitucionalidade formal 
Assim como já expliquei acima, essa previsão é formalmente inconstitucional porque trata sobre regime 
jurídico de servidores públicos e foi acrescentada por emenda constitucional de iniciativa parlamentar. 
 
Inconstitucionalidade material 
A obrigação acima é também inconstitucional sob o ponto de vista material porque institui um modelo de 
fiscalização exacerbado, exagerado, extremo. Desse modo, isso viola o princípio da separação de Poderes. 
 
 
 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
Súmula vinculante 46 
 
Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das 
respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. 
STF. Plenário. Aprovada em 09/04/2015 (Info 780). 
 
CRIMES DE RESPONSABILIDADE 
O que são crimes de responsabilidade? 
Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas praticadas por pessoas que ocupam 
determinados cargos públicos. 
Caso o agente seja condenado por crime de responsabilidade, ele não receberá sanções penais (prisão ou 
multa), mas sim sanções político-administrativas (perda do cargo e inabilitação para o exercício de função 
pública). 
Os crimes de responsabilidade estão previstos: 
 Quanto ao Presidente da República: no art. 85 da CF/88 e Lei n. 1.079/50. 
 Quanto aos Governadores de Estado: na Lei n. 1.079/50. 
 Quanto aos Prefeitos: no DL 201/67. 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015)– Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE CRIMES DE RESPONSABILIDADE 
Muitas Constituições estaduais tratam sobre o procedimento a ser aplicado quando o Governador do 
Estado pratica um crime de responsabilidade. As Cartas estaduais podem dispor sobre isso? 
NÃO. O STF entende que o Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda que 
seja na Constituição estadual. Isso porque a competência para legislar sobre crime de responsabilidade é 
privativa da União. 
 
Por que é privativa da União? 
Porque o STF entende que definir o que seja crime de responsabilidade e prever as regras de processo e 
julgamento dessas infrações significa legislar sobre Direito Penal e Processual Penal, matérias que são de 
competência privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85, parágrafo único, da CF: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a 
Constituição Federal e, especialmente, contra: 
(...) 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e 
julgamento. 
 
Repare que a doutrina conceitua os crimes de responsabilidade como sendo “infrações político-
administrativas”. No entanto, o STF entende que, para fins de competência legislativa, isso é matéria que 
se insere no direito penal e processual, de forma que a competência é da União. 
 
Daí o Supremo ter editado um enunciado destacando essa conclusão: 
Súmula vinculante 46-STF: São da competência legislativa da União a definição dos crimes de 
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. 
 
Dessa forma, a Constituição Estadual deve seguir rigorosamente os termos da legislação federal sobre 
crimes de responsabilidade. 
 
 
 
TRIBUNAL DE CONTAS 
Anulação de acordo extrajudicial pelo TCU 
 
O TCU tem legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a 
Administração Pública, quando não homologado judicialmente. 
Se o acordo foi homologado judicialmente, o TCU não pode anulá-lo porque a questão já 
passou a ser de mérito da decisão judicial, o que não pode ser revisto pelo Tribunal de Contas. 
Contudo, sendo o acordo apenas extrajudicial, a situação está apenas no âmbito 
administrativo, de sorte que o TCU tem legitimidade para anular o ajuste celebrado. 
STF. 1ª Turma. MS 24379/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2015 (Info 780). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Determinada empresa privada sofreu um dano causado por um órgão federal. 
Foi celebrado, então, um acordo extrajudicial entre a empresa e o órgão por meio do qual a Administração 
Pública comprometeu-se a pagar indenização de R$ 7 milhões. 
Vale ressaltar que esse acordo não foi homologado judicialmente. 
O TCU, analisando a prestação de contas desse órgão, entendeu que o valor pago a título de indenização 
foi exacerbado considerando que o prejuízo comprovado da empresa foi de apenas R$ 500 mil. 
Diante disso, o TCU anulou o acordo celebrado, determinou a devolução dos valores pagos e aplicou multa 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
ao administrador do órgão. 
 
O TCU poderia ter adotado tal providência? O TCU pode anular acordos extrajudiciais envolvendo a 
Administração Pública federal? 
SIM. O TCU tem legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a Administração 
Pública, quando não homologado judicialmente. 
Se o acordo tivesse sido homologado judicialmente, o TCU não poderia anulá-lo porque a questão já 
passaria a ser de mérito da decisão judicial, o que não pode ser revisto pelo Tribunal de Contas. 
No caso, contudo, como o acordo foi apenas extrajudicial, a situação estava apenas no âmbito 
administrativo, de sorte que o TCU tem legitimidade para anular o ajuste celebrado. 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
LICITAÇÕES 
É constitucional lei estadual que determina que a Administração Pública 
irá, preferencialmente, utilizar “softwares” livres 
 
O Governo do Rio Grande do Sul editou uma lei estadual determinando que a administração 
pública do Estado, assim como os órgãos autônomos e empresas sob o controle do Estado 
utilizarão preferencialmente em seus sistemas e equipamentos de informática programas 
abertos, livres de restrições proprietárias quanto à sua cessão, alteração e distribuição 
(“softwares” livres). 
Determinado partido político ajuizou uma ADI contra essa lei afirmando que ela teria 
inconstitucionalidades materiais e formais. 
O STF julgou improcedente a ADI e afirmou que a lei é constitucional. 
A preferência pelo “software” livre, longe de afrontar os princípios constitucionais da 
impessoalidade, da eficiência e da economicidade, promove e prestigia esses postulados, além 
de viabilizar a autonomia tecnológica do País. 
Não houve violação à competência da União para legislar sobre licitações e contratos porque a 
competência da União para legislar sobre licitações e contratos fica restrita às normas gerais, 
podendo os Estados complementar as normas gerais federais. 
A referida lei também não viola o art. 61, II, “b”, da CF/88 porque a competência para legislar 
sobre “licitação” não é de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo, podendo ser 
apresentada por um parlamentar, como foi o caso dessa lei. 
STF. Plenário. ADI 3059/RS, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado m 
9/4/2015 (Info 780). 
 
“Software” livre x “Software” proprietário 
“Software” é o nome que se dá aos programas de computador. 
“Software” proprietário (também chamado de fechado ou privativo) é aquele que é licenciado com 
direitos exclusivos para o seu produtor. Seu uso, redistribuição ou modificação é proibido, ou requer uma 
autorização do produtor. Os “softwares” proprietários (também conhecidos como fechados) somente 
podem ser usados pelo seu destinatário. 
Os “softwares” livres, por sua vez, que também são chamados de abertos, além de poderem ser utilizados, 
podem também ser copiados, alterados e redistribuídos para outros usuários. Ex: o Governo compra 
determinado “software” livre para ser usado na Secretaria de Saúde, significa que poderá ser instalado em 
todas as máquinas deste órgão e também em outras Secretarias, por exemplo. 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
 
Lei gaúcha 
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul editou uma lei estadual (Lei 11.871/2002) determinando que a 
administração pública do Estado, assim como os órgãos autônomos e empresas sob o controle do Estado 
utilizarão preferencialmente em seus sistemas e equipamentos de informática programas abertos, livres 
de restrições proprietárias quanto à sua cessão, alteração e distribuição. 
 
ADI 
Determinado partido político ajuizou uma ADI contra essa lei afirmando que ela teria 
inconstitucionalidades materiais e formais. 
Segundo o autor, a lei violaria os princípios da impessoalidade, eficiência e economicidade. Além disso, 
seria formalmente inconstitucional porque a competência para legislar sobre licitações e contratos seria 
privativa da União (art. 22, XXVII, da CF/88) bem como pelo fato de o projeto que deu origem à lei ter sido 
apresentado por um parlamentar (e não pelo Governador), o que afrontaria o art. 61, § 1º da CF/88. 
 
O STF concordou com a ADI? A referida lei é inconstitucional? 
NÃO. 
 
Ausência de inconstitucionalidade material 
Quanto ao primeiro argumento, o STF entendeu que a preferência pelo “software” livre, longe de afrontar 
os princípios constitucionais da impessoalidade, da eficiência e da economicidade,promove e prestigia 
esses postulados, além de viabilizar a autonomia tecnológica do País. 
Todos os que tenham desenvolvido algum “software” e que tenham interesse em contratar com a 
Administração Pública podem competir em igualdade de condições, sem que a preferência por um 
programa livre constitua obstáculo. Basta que, para tanto, os donos dos “softwares” disponibilizem o 
código-fonte para a Administração Pública. 
Também não houve afronta aos princípios da eficiência e da economicidade (arts. 37, “caput” e 70, “caput, 
da CF/88) porque, ao optar por um “software” livre, a Administração Pública sai ganhando, já que ela terá 
liberdade para: a) executar o programa para qualquer propósito; b) poder estudar o funcionamento do 
programa e adaptá-lo livremente às suas necessidades; e c) compartilhar o “software” com os demais 
órgãos e entidades da Administração haja vista que uma única cópia do programa pode ser utilizada por 
todos os funcionários de um mesmo órgão público ou por qualquer outro ente, seja ele pessoa física ou 
jurídica, sem custos adicionais. 
Vale ressaltar também que a referida lei estadual confere preferência aos “softwares” livres, no entanto, 
essa preferência não é absoluta porque a própria Lei 11.871/2002, em seu art. 3º, admite a contratação de 
programas de computador com restrições proprietárias, nas seguintes hipóteses específicas: a) quando o 
“software” analisado atender a contento o objetivo licitado ou contratado; e b) quando a utilização de 
programa livre e/ou código fonte aberto causar incompatibilidade operacional com outros programas 
utilizados pela Administração. 
 
Ausência de ofensa à competência da União 
No que tange à suposta violação à competência, o STF entendeu que não houve ofensa ao art. 22, XXVII, 
da CF/88, uma vez que a competência da União para legislar sobre licitações e contratos fica restrita às 
normas gerais. Veja o dispositivo: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações 
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o 
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 
173, § 1°, III; 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
Assim, mesmo não estando no art. 24, o assunto “licitação e contratação” pode ser objeto de leis 
estaduais desde que estas apenas complementem e não contrariem as normas gerais fixadas pela União. 
 
Ausência de ofensa à iniciativa privativa do Governador do Estado 
Como visto acima, o autor da ADI argumentou que a lei teria violado o art. 61, II, “b”, da CF/88: 
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
(...) 
II - disponham sobre: 
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da 
administração dos Territórios; 
 
O STF entendeu que a lei não afronta esse dispositivo porque, na verdade, a lei versa sobre “licitação” no 
âmbito da Administração Pública estadual, e não sobre nenhuma das matérias previstas nesse art. 61, II, 
“b”, da CF/88. Ademais, a iniciativa legislativa prevista no aludido dispositivo constitucional teria sido 
reservada ao Presidente da República apenas por se tratar de matéria adstrita aos Territórios. 
 
 
 
CONCURSO PÚBLICO 
Súmula vinculante 43 
 
Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao 
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, 
em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. 
STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780). 
 
Conversão da súmula 685 do STF 
A conclusão exposta nesta SV 43 já era prevista em uma súmula “comum” do STF, a súmula 685 do STF (de 
24/09/2003) e que tem a mesma redação. O Plenário do STF tem convertido em súmulas vinculantes algumas 
súmulas “comuns” com o objetivo de agilizar os processos e pacificar os temas. Essa foi uma das escolhidas. 
 
Provimento 
Provimento é o ato pelo qual o cargo público é preenchido, com a designação de seu titular (Hely Lopes 
Meirelles). Existem duas formas de provimento: originário e derivado. 
 
Ascensão funcional 
O que a SV 43 do STF proíbe é a chamada ascensão funcional (também conhecida como acesso ou 
transposição). 
A ascensão funcional é a progressão funcional do servidor público entre cargos de carreiras distintas. 
Ocorre quando o servidor é promovido para um cargo melhor, sendo este, no entanto, integrante de uma 
carreira diferente. 
A ascensão funcional era extremamente comum antes da CF/88. Quando o servidor chegava ao último 
nível de uma carreira, ele ascendia para o primeiro nível de carreira diversa (e superior) sem necessidade 
de concurso público. 
Ex.1: o indivíduo é servidor público e ocupa o cargo de técnico judiciário; a lei previa que, se ele chegasse à 
última classe de técnico judiciário, poderia ser promovido à analista judiciário. 
Ex.2: o agente de polícia de último nível tornava-se delegado de polícia de nível inicial. 
Antes da CF/88, somente se exigia o concurso público para o ato da primeira investidura. 
 
 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
A ascensão funcional é compatível com a CF/88? 
NÃO. A promoção do servidor por ascensão funcional constitui uma forma de “provimento derivado 
vertical”, ou seja, a pessoa assume um outro cargo (provimento) em virtude de já ocupar um anterior (ou 
seja, derivado do primeiro), subindo no nível funcional para um cargo melhor (vertical). 
A ascensão funcional é inconstitucional porque a CF/88 afirma que a pessoa somente pode assumir um 
cargo público após aprovação em concurso público (art. 37, II), salvo as hipóteses excepcionais previstas 
no texto constitucional. Desse modo, a ascensão viola o princípio do concurso público. 
Veja esta ementa bem elucidativa: 
(...) O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de banir o acesso ou ascensão, que 
constitui forma de provimento de cargo em carreira diversa daquela para a qual o servidor ingressou no 
serviço público. (...) STF. 2ª Turma. RE 602795 AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 16/03/2010). 
 
A SV 43-STF veda a promoção no serviço público? 
NÃO. A SV 43-STF não veda a promoção, desde que seja na mesma carreira. 
A promoção é a passagem (desenvolvimento funcional) do servidor público de um cargo para outro 
melhor, tudo dentro da mesma carreira. Ex.: a Lei prevê que a carreira de Defensor Público é dividida em 3 
classes; a pessoa ingressa como Defensor Público de 3ª classe e, após determinado tempo e cumpridos 
certos requisitos, poderá ser promovida, por antiguidade e merecimento, alternadamente, a Defensor 
Público de 2ª classe e depois a Defensor Público de 1ª classe. 
A promoção é constitucional, não sendo proibida pela SV 43-STF. 
 
Pode-se dizer que a A SV 43-STF proíbe todas as formas de provimento vertical? 
NÃO. Vamos com calma. Existem duas formas de provimento: originário e derivado. 
 
1) Provimento originário: ocorre quando o indivíduo passa a ocupar o cargo público sem que existisse 
qualquer vínculo anterior com o Estado. Ex.: João prestou concurso público e foi aprovado para o cargo de 
técnico judiciário do TRF, sendo nomeado. Trata-se de um provimento originário. Alguns anos depois, João 
fez novo concurso público e foi aprovado, desta vez, para analista judiciário do TRF. Ao ser nomeado para 
o cargo de analista, houve novo provimento originário, uma vez que seu vínculo não decorreu do anterior. 
 
2) Provimento derivado: provimento derivado ocorre quando o indivíduo passa a ocupar determinado 
cargo público em virtude do fato de ter um vínculoanterior com a Administração Pública. O 
preenchimento do cargo decorre de vínculo anterior entre o servidor e o Poder Público. 
 
Existem, por sua vez, três espécies de provimento derivado: 
2.1) Provimento derivado vertical: ocorre quando o servidor muda para um cargo melhor. 
Há dois exemplos de provimento derivado vertical: 
 a ascensão funcional (transposição/acesso) e; 
 a promoção. 
 
A ascensão funcional, como vimos, é inconstitucional, sendo proibida pela SV 43-STF. Assim, atualmente, a 
única hipótese permitida de provimento derivado vertical é a promoção. 
 
2.2) Provimento derivado horizontal: ocorre quando o servidor muda para outro cargo com atribuições, 
responsabilidades e remuneração semelhantes. É o caso da readaptação (art. 24 da Lei nº 8.112/90). 
 
3) Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servidor havia se desligado do serviço público e 
retorna em virtude do vínculo anterior. Exs.: reintegração, recondução, aproveitamento e reversão. 
 
Desse modo, concluindo, a SV 43-STF não proíbe todas as formas de provimento derivado. Na verdade, ela 
só veda uma espécie de provimento derivado vertical, que é a ascensão funcional. 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
 
CONCURSO PÚBLICO 
É inconstitucional lei estadual que cria Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual 
 
O Estado de Goiás editou uma lei criando algo que ele chamou de Serviço de Interesse Militar 
Voluntário Estadual (SIMVE). Esse SIMVE funcionaria, em linhas gerais, da seguinte forma: as 
pessoas poderiam se alistar para trabalhar “voluntariamente” como soldado na Polícia Militar 
ou no Corpo de Bombeiros Militar. Haveria uma espécie de seleção (menos rigorosa que um 
concurso público) e, se a pessoa fosse escolhida, ela receberia, como contraprestação pelo 
trabalho desempenhado, um subsídio e atuaria como se fosse um soldado. Esse contrato seria 
por um prazo determinado. 
O STF entendeu que esse SIMVE é formal e materialmente inconstitucional. 
O SIMVE viola a regra do concurso público (art. 37, II, da CF/88). 
Além disso, o STF afirmou ainda que a Lei estadual possui um vício formal, já que trata sobre 
prestação voluntária de serviços na PM e Corpo de Bombeiros de forma diametralmente 
oposta ao que diz a Lei federal 10.029/2000. 
STF. Plenário. ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/3/2015 (Infos 880 e 881). 
 
Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual – SIMVE 
O Estado de Goiás editou uma lei criando algo que ele chamou de Serviço de Interesse Militar Voluntário 
Estadual (SIMVE). 
Esse SIMVE, previsto na Lei estadual 17.882/2012, funcionaria, em linhas gerais, da seguinte forma: as 
pessoas (homens ou mulheres) com idade entre 19 a 27 anos poderiam se alistar para trabalhar 
“voluntariamente” como soldado na Polícia Militar ou no Corpo de Bombeiros Militar. 
Haveria uma espécie de seleção (menos rigorosa que um concurso público) e se a pessoa fosse escolhida, 
ela receberia, como contraprestação pelo trabalho desempenhado, um subsídio de aproximadamente R$ 
1.300. 
As pessoas admitidas no SIMVE prestariam serviço durante 12 meses, podendo ser prorrogado até o limite 
máximo de permanência, que seria de 33 meses. 
O argumento do Governo foi o de que o SIMVE seria uma espécie de serviço militar facultativo a nível 
estadual, em termos semelhante ao serviço militar obrigatório que existe para as Forças Armadas e que é 
regulado pela Lei n. 4.735/64 (Lei do Serviço Militar). 
 
O PGR ajuizou ADI contra essa lei. O que o STF decidiu? A Lei do SIMVE é constitucional? 
NÃO. O STF decidiu que a Lei que instituiu o SIMVE é formal e materialmente inconstitucional. 
 
Inconstitucionalidade material 
A Lei estadual n. 17.882/2012, a pretexto de ter fundamento de validade na Lei n. 4.735/64 (Lei do 
Serviço Militar), instituiu uma classe de policiais temporários, cujos integrantes, após serem aprovados em 
seleção e em curso de formação, passariam a ocupar cargo de natureza policial militar. Esses temporários 
seriam remunerados por subsídio, sujeitos à legislação militar e às normas específicas da Polícia Militar e 
do Corpo de Bombeiros Militar estaduais. 
 
O objetivo do Governo foi o de cortar gastos relacionados com a segurança pública. No entanto, ao 
possibilitar que voluntários tivessem função de policiamento preventivo e repressivo, além de terem o 
direito de usar os uniformes, insígnias e emblemas utilizados pela corporação, com a designação “SV”, 
recebendo subsídio, a lei criou policiais temporários, disfarçados sob a classificação de voluntários, para a 
execução de atividades militares, em detrimento da exigência constitucional de concurso público. 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
O concurso público é uma forma de a Administração assegurar os princípios da isonomia e da 
impessoalidade na concorrência dos candidatos aos cargos públicos. 
A CF/88 previu algumas hipóteses excepcionais em que o concurso público não é obrigatório. No entanto, tais 
situações são taxativas e entre elas não está incluída a possibilidade de contratação de policiais militares. 
 
Ademais, a lei impugnada não se amolda à contratação temporária do art. 37, IX, da CF/88. Não estão 
presentes os requisitos e limites para esse tipo de contratação. 
 
Desse modo, o SIMVE viola frontalmente a regra do concurso público (art. 37, II, da CF/88). 
 
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar são instituições estaduais destinadas à função de 
segurança pública e não seguem o mesmo regime constitucional alusivo às Forças Armadas. Essa diferença 
diz respeito a inúmeros aspectos, dentre eles a forma de ingresso na carreira. Enquanto a admissão nas 
Forças Armadas ocorre tanto pela via compulsória do recrutamento oficial quanto pela via voluntária de 
ingresso nos cursos de formação, os servidores militares estaduais são submetidos, sempre 
voluntariamente, a concurso público. 
 
A Lei goiana possuía ainda outro vício: a lei do SIMVE permite a contratação de 2.400 policiais 
temporários, mas existem cerca de 1.400 concursados aprovados regularmente no concurso da Polícia 
Militar e que estão em cadastro reserva aguardando convocação. 
 
Inconstitucionalidade formal 
O STF afirmou ainda que a Lei possui um vício formal, já que viola o art. 24 da CF/88, ao usurpar a 
competência da União para legislar sobre o tema. Isso porque a União já editou uma Lei prevendo a 
prestação voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares de saúde e de defesa civil nas 
Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares. Trata-se da Lei federal n. 10.029/2000. 
A Lei estadual goiana, ao tratar sobre o mesmo tema (prestação de serviços voluntários) na PM e Corpo de 
Bombeiros, violou o que diz a Lei n. 10.029/2000 ao dizer que os serviços voluntários podem ser 
prestados não apenas para atividades administrativas ou serviços auxiliares, mas sim para a atividade-fim 
(policiamento), o que não é possível. 
 
 
 
CONCURSO PÚBLICO 
Súmula vinculante 44 
 
Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de 
candidato a cargo público. 
STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780). 
 
Conversão da súmula 686 do STF 
A conclusão exposta nesta SV 43 já era prevista em uma súmula “comum” do STF, a súmula 686 do STF (de 
24/09/2003) e que tem a mesma redação. 
O Plenário do STF tem convertido em súmulas vinculantes algumas súmulas “comuns” com o objetivo de 
agilizar os processos e pacificar os temas. Essa foi uma das escolhidas. 
 
É válida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos? 
SIM. O STF afirma que é admitida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos, desde que a 
lei da carreira preveja expressamente esse testecomo um dos requisitos para acesso ao cargo. 
 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Princípio da legalidade 
O fundamento principal da súmula é o princípio da legalidade, aplicável aos concursos públicos, nos 
termos do art. 37, I da CF/88. Confira: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos 
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; 
 
O mencionado art. 37, I afirma claramente que os requisitos de acesso a cargos, empregos e funções 
sejam previstos em lei. Assim, as exigências contidas no edital do concurso público devem ter previsão na 
lei. Em outras palavras, o edital não pode fixar exigências que não tenham amparo legal. 
 
Requisitos do exame psicotécnico 
Além da previsão em lei, o STJ e o STF exige outros requisitos à validade do teste psicotécnico. Cuidado, 
portanto, porque a redação da SV 44-STF é “incompleta” em relação ao atual cenário da jurisprudência. 
 
Assim, para que seja válido em concursos públicos, o exame psicotécnico deverá cumprir os seguintes 
requisitos: 
a) o exame precisa estar previsto em lei e no edital; 
b) deverão ser adotados critérios objetivos no teste; 
c) deverá haver a possibilidade de o candidato prejudicado apresentar recurso contra o resultado. 
 
Nesse sentido: STF. Plenário. AI 758.533-QO-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 13/8/2010; STJ. 2ª 
Turma. AgRg no REsp 1404261/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 11/02/2014. 
 
Início do prazo para mandado de segurança contra reprovação em exame psicotécnico 
Se um candidato é eliminado no exame psicotécnico, o termo inicial do prazo decadencial para que ele 
impetre mandado de segurança é a data da publicação do resultado do teste e não a data da publicação 
do edital do certame (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 202.442-RO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 
julgado em 9/10/2012). 
 
Se o exame psicotécnico for anulado por falta de previsão legal, o que acontece? 
O candidato reprovado neste teste deverá ser considerado aprovado. 
 
Se o exame psicotécnico for anulado por ser subjetivo (faltar-lhe objetividade), o que acontece? 
O candidato reprovado neste teste deverá ser submetido a novo exame, desta vez adotando-se critérios 
objetivos (STJ AgRg no REsp 1437941/DF). Assim, uma vez anulado o exame psicotécnico por falta de 
objetividade, o candidato beneficiado com a decisão não pode prosseguir na disputa sem se submeter a 
novo exame, não sendo válida a nomeação e a posse efetuadas sob essa hipótese, sob pena de 
malferimento aos princípios da isonomia e da legalidade (STJ AgRg no AgRg no AREsp 566.853/SP). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Inconstitucionalidade de subsídio vitalício a ex-governador 
 
Algumas Constituições estaduais preveem que a pessoa que tiver exercido o cargo de 
Governador do Estado fará jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e vitalício. Alguns 
chamam isso de representação, outros de pensão vitalícia e outros de pensão civil. A previsão 
desse pagamento é compatível com a CF/88? 
NÃO. Essa regra fere o princípio da isonomia. Não há uma justificativa razoável para que seja 
prevista genericamente a concessão da “pensão” para ex-governadores, configurando um 
tratamento privilegiado sem haver fundamento legítimo. 
STF. Plenário. ADI 4552 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 9/4/2015 (Info 780). 
 
Subsídio vitalício a ex-Governador do Estado 
A Constituição do Estado do Pará previu, em seu art. 305, que a pessoa que tiver exercido o cargo de 
Governador do Estado, em caráter permanente, fará jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e 
vitalício igual à remuneração do cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça. 
Enfim, os ex-Governadores teriam direito de ficar recebendo, até morrerem, um valor mensal igual ao 
subsídio dos Desembargadores. 
 
Essa previsão é constitucional? 
NÃO. Essa regra fere o princípio da isonomia. Não há uma justificativa razoável para que seja prevista 
genericamente a concessão da “pensão” para ex-governadores, configurando um tratamento privilegiado 
sem haver fundamento legítimo. 
 
Natureza dessa verba 
Fica até difícil definir a natureza jurídica desse valor pago aos ex-Governadores. Ele não pode ser 
considerado “representação” uma vez que essa verba é recebida pela autoridade para custear as despesas 
de um gabinete com servidores etc., como é o caso dos Deputados e Senadores. Os ex-Governadores não 
são mais autoridades nem administram qualquer gabinete. 
Não se pode dizer que se trata “pensão previdenciária” considerando que, no serviço público, a pensão 
previdenciária é o benefício pago aos dependentes do agente público que faleceu (art. 40, § 7º, da CF/88), 
o que não tem nada a ver com a presente situação. 
De igual modo, não há possibilidade de enquadrar essa verba como “pensão civil”, haja vista que esta seria devida 
para o caso de lesão ou outra ofensa à saúde (art. 949 do CC), sendo paga pelo causador do dano à vítima. 
 
Outros precedentes 
O STF já havia se manifestado sobre o tema, conforme se pode inferir pela ementa a seguir: 
(...) Segundo a nova redação acrescentada ao Ato das Disposições Constitucionais Gerais e Transitórias da 
Constituição de Mato Grosso do Sul, introduzida pela Emenda Constitucional n. 35/2006, os ex-
Governadores sul-mato-grossenses que exerceram mandato integral, em 'caráter permanente', 
receberiam subsídio mensal e vitalício, igual ao percebido pelo Governador do Estado. Previsão de que 
esse benefício seria transferido ao cônjuge supérstite, reduzido à metade do valor devido ao titular. 
2. No vigente ordenamento republicano e democrático brasileiro, os cargos políticos de chefia do Poder 
Executivo não são exercidos nem ocupados 'em caráter permanente', por serem os mandatos temporários 
e seus ocupantes, transitórios. 
(...) 
4. Afronta o equilíbrio federativo e os princípios da igualdade, da impessoalidade, da moralidade pública e 
da responsabilidade dos gastos públicos (arts. 1º, 5º, caput, 25, § 1º, 37, caput e inc. XIII, 169, § 1º, inc. I e 
II, e 195, § 5º, da Constituição da República). (...) 
(STF. Plenário. ADI 3853, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/09/2007) 
 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
COMPETÊNCIA 
Súmula vinculante 45 
 
Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o 
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. 
STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780). 
 
Conversão da súmula 721 do STF 
A conclusão exposta nesta SV 45 já era prevista em uma súmula “comum” do STF, a súmula 721 do STF (de 
24/09/2003) e que tem a mesma redação. 
O Plenário do STF tem convertido em súmulas vinculantes algumas súmulas “comuns” com o objetivo de 
agilizar os processos e pacificar os temas. Essa foi uma das escolhidas. 
 
Competência constitucional do Tribunal do Júri 
Dizemos que a competência do Tribunal do Júri é constitucional porque ela é prevista na própria CF/88 (e 
não no CPP ou em qualquer lei ordinária). 
O art. 5º, XXXVIII, alínea “d”, da CF/88 afirma expressamente que o Tribunal do Júri terá competência para 
julgar os “crimes dolosos contra a vida”. 
 
Quais são os crimes dolosos contra a vida (de competência do Tribunal do Júri)? 
 homicídio (art. 121 do CP); 
 induzimento,instigação ou auxílio a suicídio (art. 122 do CP); 
 infanticídio (art. 123 do CP); 
 aborto em suas três espécies (arts. 124, 125 e 126 do CP). 
 
Desse modo, em regra, ocorrendo a prática de um desses crimes, o autor será julgado pelo Tribunal do Júri 
(e não por um juízo singular). 
 
O que é o foro por prerrogativa de função? 
Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição segundo a qual as pessoas ocupantes de 
determinados cargos ou funções somente serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba 
processos cíveis) em foros privativos colegiados (TJ, TRF, STJ, STF). 
A Constituição Federal prevê diversos casos de foro por prerrogativa de função. Ex: os Senadores deverão 
ser julgados criminalmente pelo STF (art. 102, I, “b” da CF/88). 
A CF/88 previu que determinadas autoridades deveriam ser julgadas pelo Tribunal de Justiça e, como o 
tema interessa aos Estados, as Constituições estaduais acabaram repetindo essas regras. Ex.1: a CF/88 
afirma que os Prefeitos devem ser julgados pelo TJ (art. 29, X, da CF/88). Mesmo sendo desnecessário, 
todas as Constituições Estaduais decidiram repetir, em seus textos, essa regra. Assim, você irá encontrar 
tanto na CF/88 como nas Constituições Estaduais que a competência para julgar os Prefeitos é do TJ. 
 
Surge, por fim, uma dúvida: a Constituição Estadual pode estabelecer que determinadas autoridades 
deverão ser julgadas pelo Tribunal de Justiça mesmo isso não estando previsto na CF/88? É possível foro 
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual? 
SIM. A CF/88 autoriza que a competência dos Tribunais de Justiça seja definida na Constituição do Estado 
(art. 125, § 1º). No entanto, essa liberdade de definição não é absoluta. Quando a Constituição Estadual 
for definir quais são as autoridades que serão julgadas pelo TJ ela deverá respeitar o princípio da simetria 
ou paralelismo com a CF/88. Explicando melhor: as autoridades estaduais que podem ter foro privativo 
são aquelas que, se comparadas com as mesmas autoridades em nível federal, teriam direito de foro por 
prerrogativa de função na CF/88. 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
Ex.1: a CE pode prever que o Vice-Governador terá foro por prerrogativa de função no TJ. Isso porque a 
autoridade correspondente em nível federal (Vice-Presidente) também possui foro privativo no STF. 
Ex.2: a CE pode prever que os Secretários de Estado terão foro por prerrogativa de função no TJ. Isso 
porque a autoridade correspondente em nível federal (Ministros de Estado) também possuem foro 
privativo no STF. 
 
Obs: existem ainda algumas polêmicas envolvendo o tema, mas, para fins de concurso, a resposta mais 
adequada é o que foi explicado acima. 
 
Desse modo, podemos concluir que existem hipóteses em que o foro por prerrogativa de função é 
estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. Exs: Vice-Governador, Secretários de Estado. 
 
Feitos esses esclarecimentos, imagine o seguinte exemplo hipotético: 
A Constituição do Estado do Amazonas prevê que os Secretários de Estado, se praticarem algum crime, 
deverão ser julgados pelo Tribunal de Justiça (e não pelo juízo de 1ª instância). Em outras palavras, a 
Constituição do Estado confere aos Secretários de Estado foro por prerrogativa de função. 
Pode-se dizer que esse foro por prerrogativa de função é estabelecido exclusivamente pela Constituição 
Estadual (a CF/88 não traz uma regra prevendo isso). 
Suponha, então, que um Secretário do Estado do Amazonas cometa homicídio doloso contra alguém. 
 
Quem julgará esse Secretário Estadual pelo homicídio por ele praticado? 
Temos aqui um impasse: a CF/88 determina que esse réu seja julgado pelo Tribunal do Júri e a 
Constituição Estadual preconiza que o foro competente é o Tribunal de Justiça. 
 
Qual dos dois comandos deverá prevalecer? 
A Constituição Federal, por ser hierarquicamente superior. 
 
Logo, qual é a conclusão: 
Se determinada pessoa possui por foro prerrogativa de função previsto na Constituição Estadual e comete 
crime doloso contra a vida, deverá ser julgada pelo Tribunal do Júri, não prevalecendo o foro privativo 
estabelecido na Constituição Estadual. 
 
Este é o entendimento sumulado do STF: 
Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por 
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. 
 
Imaginemos outra seguinte situação hipotética para verificar se você entendeu: 
“BB” é Vice-Governador do Estado “XX” 
A Constituição do Estado “XX” prevê que os Vice-Governadores serão julgados criminalmente pelo TJ. 
 
“BB” pratica crime contra licitação 
(art. 89, da Lei n. 8.666/93). 
“BB” será julgado pelo Tribunal de Justiça 
“BB” pratica crime doloso contra a vida 
(arts. 121 a 126 do CP). 
“BB” será julgado pelo Tribunal do Júri 
 
Vale ressaltar que esta diferença entre crimes dolosos contra a vida e demais delitos somente se aplica 
para os casos em que o foro por prerrogativa de função for previsto apenas na Constituição Estadual. 
 
Se o foro por prerrogativa de função for previsto na Constituição Federal, a pessoa será julgada no foro 
privativo mesmo que o crime seja doloso contra a vida. Vamos a mais um exemplo: 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
“BB” é Prefeito de uma cidade do interior. 
 
“BB” pratica crime contra licitação 
(art. 89, da Lei n. 8.666/93). 
“BB” será julgado pelo Tribunal de Justiça 
“BB” pratica crime doloso contra a vida 
(arts. 121 a 126 do CP). 
“BB” será julgado pelo Tribunal de Justiça 
(e não pelo Tribunal do Júri) 
 
Por quê? 
Porque o foro por prerrogativa de função dos prefeitos é previsto na própria Constituição Federal (art. 29, X). 
 
Logo, temos a previsão da CF/88 dizendo que as pessoas que cometem crimes dolosos contra a vida serão 
julgadas pelo Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, d). E temos a previsão, também da CF/88, dizendo que os 
Prefeitos serão julgados pelo Tribunal de Justiça (art. 29, X). As duas normas são de mesma hierarquia (as 
duas são da CF/88). 
 
Qual deve ser aplicada então? 
A norma mais específica, ou seja, a norma que prevê o foro por prerrogativa de função (os crimes 
cometidos por Prefeito serão julgados pelo Tribunal de Justiça). 
 
Vale ressaltar, no entanto, que o Prefeito será julgado pelo TJ se o crime for de competência da Justiça 
Estadual. Se for da competência da Justiça Federal, será julgado pelo TRF e se for da Justiça Eleitoral, pelo 
TRE. Este é o entendimento sumulado do STF. Confira: 
 
Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de 
competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo 
tribunal de segundo grau. 
 
Crime comum praticado por Prefeito: 
 Crime estadual: TJ 
 Crime federal: TRF 
 Crime eleitoral: TRE 
 
 
 
PROGRESSÃO DE REGIME 
Novo requisito para progressão de regime: pagamento integral da pena de multa 
 
Importante!!! 
Não tem nos livros!!! 
O não pagamento voluntário da pena de multa impede a progressão no regime prisional? 
SIM. O Plenário do STF decidiu o seguinte: 
• Regra: o inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao 
sentenciado impede a progressão no regime prisional. 
• Exceção: mesmo sem ter pago, pode ser permitida a progressão de regime se ficar 
comprovada a absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa, ainda que 
parceladamente. 
STF. Plenário. EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/4/2015 (Info 780). 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
PROGRESSÃO DE REGIME 
 
Existemtrês regimes de cumprimento de pena: 
a) Fechado: a pena é cumprida na Penitenciária. 
b) Semiaberto: a pena é cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. 
c) Aberto: a pena é cumprida na Casa do Albergado. 
 
Progressão de regime 
No Brasil, adota-se o sistema progressivo (ou inglês), ainda que de maneira não pura. 
Assim, de acordo com o CP e com a LEP, as penas privativas de liberdade deverão ser executadas 
(cumpridas) em forma progressiva, com a transferência do apenado de regime mais gravoso para menos 
gravoso tão logo ele preencha os requisitos legais. 
 
Requisitos para a progressão 
Os requisitos para que a pessoa tenha direito à progressão de regime estão previstos na Lei n. 7.210/84 e 
também no Código Penal. Veja um resumo: 
 
 
 
Requisitos para a progressão do regime FECHADO para o SEMIABERTO: 
Requisito 
OBJETIVO 
Crimes comuns: cumprimento de 1/6 da pena aplicada. 
Crimes hediondos ou equiparados 
(se cometidos após a Lei 11.464/07): 
 Cumprimento de 2/5 da pena se for primário. 
 Cumprimento de 3/5 da pena se for reincidente. 
Requisito 
SUBJETIVO 
Bom comportamento carcerário durante a execução (mérito). 
Requisito 
FORMAL 
Oitiva prévia do MP e do defensor do apenado (§ 1ºA do art. 112 da LEP). 
 
 
Requisitos para a progressão do regime SEMIABERTO para o ABERTO: 
Requisito 
OBJETIVO 
Crimes comuns: cumprimento de 1/6 da pena RESTANTE. 
Crimes hediondos ou equiparados 
(se cometidos após a Lei 11.464/07): 
 Cumprimento de 2/5 da pena se for primário. 
 Cumprimento de 3/5 da pena se for reincidente. 
Requisito 
SUBJETIVO 
Bom comportamento carcerário durante a execução (mérito). 
Requisito 
FORMAL 
Oitiva prévia do MP e do defensor do apenado (§ 1ºA do art. 112 da LEP). 
Requisitos 
ESPECÍFICOS 
do regime 
aberto 
Além dos requisitos acima expostos, o reeducando deve: 
a) Aceitar o programa do regime aberto (art. 115 da LEP) e as condições especiais 
impostas pelo Juiz (art. 116 da LEP); 
b) Estar trabalhando ou comprovar a possibilidade de trabalhar imediatamente quando 
for para o regime aberto (inciso I do art. 114); 
c) Apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi 
submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de 
responsabilidade, ao novo regime (inciso II do art. 114). 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
 
Requisito OBJETIVO adicional no caso de condenados por crime contra a Administração Pública: 
No caso de crime contra a Administração Pública, para que haja a progressão será necessária ainda: 
 a reparação do dano causado; ou 
 a devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
 
Isso está previsto no § 4º do art. 33 do Código Penal: 
§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento 
da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, 
com os acréscimos legais. 
 
CONSTITUCIONALIDADE DO § 4º DO ART. 33 DO CP 
A defesa de um dos condenados no “Mensalão” alegou que esse requisito exigido pelo § 4º do art. 33 do 
CP seria inconstitucional por representar uma espécie de “prisão por dívida”. O STF concordou com o 
argumento? Esse dispositivo viola a CF/88? 
NÃO. O § 4º do art. 33 do CP é CONSTITUCIONAL. 
Vale ressaltar, no entanto, que, mesmo sem previsão expressa, deve ser permitido que o condenado 
faça o parcelamento do valor da dívida. 
STF. Plenário. EP 22 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/12/2014 (Info 772). 
 
Feita essa breve revisão, imagine a seguinte situação: 
João, indivíduo muito rico, foi condenado, com trânsito em julgado, pela prática de corrupção passiva e 
lavagem de dinheiro. 
Na sentença, recebeu duas penas: 
 Pena privativa de liberdade de 6 anos de reclusão, em regime semiaberto. 
 Pena de multa de 330 dias-multa. 
 
Após cumprir 1/6 da pena (requisito objetivo) e tendo bom comportamento carcerário (requisito 
subjetivo), João pediu a progressão do regime semiaberto para o aberto. 
Depois de toda a tramitação, com a oitiva do MP, o juiz indeferiu o pedido porque o sentenciado, embora 
devidamente notificado, não efetuou o pagamento da pena de multa imposta na sentença. 
A defesa recorreu afirmando que o prévio pagamento da pena de multa não é requisito legal para a 
progressão de regime, tendo em vista que não há prisão por dívida (art. 5º, LXVII) e que o art. 51 do CP 
proíbe a conversão da multa em prisão. 
 
Diante disso, indaga-se: a decisão do juiz foi correta? O não pagamento voluntário da pena de multa 
impede a progressão no regime prisional? 
SIM. O Plenário do STF decidiu o seguinte: 
 Regra: o inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado 
impede a progressão no regime prisional. 
 Exceção: mesmo sem ter pago, pode ser permitida a progressão de regime se ficar comprovada a 
absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa, ainda que parceladamente. 
 
O condenado tem o dever jurídico (e não a faculdade) de pagar integralmente o valor da multa. Pensar de 
modo diferente seria o mesmo que ignorar que esta espécie de pena é prevista, expressamente, de forma 
autônoma, no art. 5º, inciso XLVI, alínea “c” da CF/88. O não recolhimento da multa por condenado que 
tenha condições econômicas de pagá-la constitui deliberado descumprimento de decisão judicial e deve 
impedir a progressão de regime. Além disso, admitir-se o não pagamento da multa configuraria 
tratamento privilegiado em relação ao sentenciado que espontaneamente paga a sanção pecuniária. 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
Ressalte-se, ainda, que, em matéria de criminalidade econômica, a pena de multa desempenha um papel muito 
relevante, sendo mais importante até mesmo que a pena de prisão, que, nas condições atuais, é relativamente 
breve e não é capaz de promover a ressocialização. Desse modo, cabe à multa a função retributiva e preventiva 
geral da pena, desestimulando, no próprio infrator ou em infratores potenciais, a prática dos crimes. 
 
No caso concreto, a defesa não comprovou a impossibilidade do sentenciado de cumprir a pena de multa, 
de forma que é incabível aplicar a ele a exceção. 
 
O pagamento da multa está previsto no art. 112 da LEP como sendo um requisito para a progressão? 
NÃO. O pagamento da multa não está previsto expressamente no art. 112 como um dos requisitos 
necessários para a progressão de regime. Apesar disso, o STF entendeu que esse pagamento poderá ser 
exigido porque a análise dos requisitos necessários para a progressão de regime não se restringe ao 
referido art. 112 da LEP. Em outras palavras, outros elementos podem, e devem, ser considerados pelo 
julgador na decisão quanto à progressão. 
Assim, para o STF, o julgador, atento às finalidades da pena e de modo fundamentado, está autorizado a 
lançar mão de outros requisitos, não necessariamente enunciados no art. 112 da LEP, mas extraídos do 
ordenamento jurídico, para avaliar a possibilidade de progressão no regime prisional, tendo como 
objetivo, sobretudo, o exame do merecimento do sentenciado. 
 
Essa decisão não viola o art. 51 do CP, que proíbe a conversão da pena de multa em prisão? 
NÃO. O art. 51 do Código Penal previa que se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a pena de 
multa, ela deveria ser convertida em pena de detenção. Essa regra foi alterada pela Lei n. 9.268/96 e, 
atualmente, se a multa não for paga, ela será considerada dívida de valor e deverá ser cobrada do 
condenado pela Fazenda Pública por meio de execução fiscal. 
Importante, no entanto, esclarecer que, mesmo com essa mudança feita pela Lei n. 9.268/96, a multa 
continua tendocaráter de sanção criminal, ou seja, permanece sendo uma pena. 
 
Esse entendimento não viola a regra constitucional segundo a qual não existe prisão civil por dívida? 
NÃO. Não se está prendendo alguém por causa da dívida, mas apenas impedindo que ela tenha direito à 
progressão de regime em virtude do descumprimento de um dever imposto ao condenado. O benefício da 
progressão exige do sentenciado “autodisciplina e senso de responsabilidade” (art. 114, II da LEP), o que 
pressupõe o cumprimento das decisões judiciais que a ele são aplicadas. 
 
Mais um novo requisito objetivo: 
Desse modo, o STF “cria” um novo requisito objetivo para a progressão de regime: o apenado deverá 
pagar integralmente o valor da multa que foi imposta na condenação ou, então, provar a absoluta 
impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa, ainda que parceladamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
DIREITO INTERNACIONAL 
 
EXTRADIÇÃO 
Não é possível conceder a extradição de estrangeiro se o crime está prescrito no Brasil 
 
O Governo da Itália pediu a extradição de nacional italiano que está no Brasil em virtude de ele 
ter sido condenado por crimes de falência fraudulenta naquele país. 
O STF negou o pedido já que houve a prescrição da pretensão executória da pena do referido 
delito segundo a lei brasileira. 
Em outras palavras, estando o crime prescrito, não é possível conceder a extradição por faltar 
o requisito da dupla punibilidade (art. 77, VI, do Estatuto do Estrangeiro). 
STF. 2ª Turma. Ext 1324/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2015 (Info 780). 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) (Juiz TJ/CE 2012 CESPE) A definição de condutas típicas configuradoras da prática de crime de 
responsabilidade por parte de agentes estaduais e municipais está inserida no âmbito da competência 
legislativa do estado-membro e do município, respectivamente. ( ) 
2) (Juiz TJ/DF 2014 CESPE) Será constitucional lei distrital que defina as condutas típicas configuradoras de 
crimes de responsabilidade dos agentes políticos distritais e que discipline o correspondente processo. ( ) 
3) (DPE/TO 2013 CESPE) É constitucional norma inserida na constituição estadual que repute crime de 
responsabilidade a ausência injustificada de secretário do estado à convocação da assembleia 
legislativa para prestar esclarecimentos. ( ) 
 
Gabarito 
1. E 2. E 3. E 
 
JULGADOS NÃO COMENTADOS 
 
PSV: imunidade tributária e instituições de assistência social 
O Plenário rejeitou proposta de edição de enunciado de súmula vinculante, resultante da conversão do 
Enunciado 730 da Súmula do STF, e com o seguinte teor: “A imunidade tributária conferida a instituições de 
assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades 
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários”. Os Ministros Dias 
Toffoli, Marco Aurélio, Cármen Lúcia e Teori Zavascki, ao votar pela rejeição da proposta, consignaram que 
o art. 150, VI, c, da CF, não distinguiria as entidades de assistência social, ou seja, se apenas seriam 
beneficiárias da imunidade aquelas que não contassem com a contribuição dos beneficiários ou se todas as 
entidades. Ademais, o entendimento relativo à matéria não estaria pacificado a ponto de se tornar 
vinculante, preservado, no entanto, o Enunciado 730 da Súmula do STF. 
PSV 109/DF, 9.4.2015. (PSV-109) 
 
Arquivamento de inquérito e requerimento do PGR 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, negou provimento a agravo regimental em 
que se impugnava decisão monocrática que, com base no art. 21, XV, e, do RISTF, determinara o 
arquivamento de inquérito [“Art. 21. São atribuições do Relator: ... XV – determinar a instauração de 
inquérito a pedido do Procurador-Geral da República, da autoridade policial ou do ofendido, bem como o 
seu arquivamento, quando o requerer o Procurador-Geral da República, ou quando verificar: ... e) ausência 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
de indícios mínimos de autoria ou materialidade”]. O agravante apontava a ilegitimidade da decisão 
impugnada, porquanto o arquivamento de inquérito deveria decorrer de requerimento do PGR ou, quando 
menos, após a sua oitiva. Destacava, também, a aplicabilidade, no caso, do precedente firmado quando do 
julgamento do Inq 2.913 AgR/MT (DJe de 21.6.2012) no qual se afirmara que o dispositivo do regimento 
interno utilizado como fundamento da decisão ora agravada ofenderia o art. 3º, I, da Lei 8.038/1990 (“Art. 
3º - Compete ao relator: I - determinar o arquivamento do inquérito ou de peças informativas, quando o 
requerer o Ministério Público, ou submeter o requerimento à decisão competente do Tribunal”). A Turma 
asseverou que a questão relativa à legitimidade da determinação de arquivamento do inquérito estaria 
superada na hipótese em comento, dado que, com a interposição do agravo regimental, a matéria estaria 
sendo apreciada pelo Colegiado. Outrossim, não existiria justa causa para a instauração do inquérito. O 
Ministro Dias Toffoli (relator), embora também negasse provimento ao recurso, afirmara (na sessão de 
30.9.2014) que eventual agravo regimental, interposto em face de decisão monocrática que tivesse 
determinado o arquivamento de inquérito, levaria a matéria à apreciação do Colegiado, o que não 
subverteria o quanto disposto no art. 3º, I, da Lei 8.038/1990. Ademais, não haveria, na espécie, elementos 
suficientes para o prosseguimento do inquérito. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que dava provimento 
ao agravo. Afirmava que a Lei 8.038/1990 seria clara, não apresentando qualquer distinção no que junge a 
possibilidade de o relator arquivar o inquérito ao requerimento do Ministério Público. Ausente o 
requerimento, o inquérito deveria ir à Turma, em questão de ordem. Por outro lado, seria cabível 
investigação ante qualquer notícia de prática criminosa, devendo-se viabilizar a atuação do Ministério 
Público em defesa da sociedade. 
Inq 3847 AgR/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 7.4.2015. 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
C L I P P I N G D O D JE 
6 a 10 de abril de 2015 
 
HC N.120.678-PR 
RED/ O ACÓRDÃO: MIN. MARCO AURÉLIO 
EMENTA: CRIME – HOMICÍDIO E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO – EXCLUDENTE DE ILICITUDE – LEGÍTIMA DEFESA – 
EXTENSÃO – IMPROPRIEDADE. Não se comunica a excludente de ilicitude que é a legítima defesa, relativa ao homicídio, ao crime autônomo de 
porte ilegal de arma. 
*noticiado no Informativo 775 
 
HC N. 119.934-SP 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Habeas corpus. Processual Penal. Prisão em flagrante. Crimes de tráfico de drogas. Artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/06. 
Liberdade provisória. Possibilidade. Inconstitucionalidade incidenter tantum do art. 44, caput, da Lei nº 11.343/06 reconhecida. Precedente da 
Corte. Necessidade de comprovação da presença dos requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal. Inidoneidade dos 
fundamentos justificadores da custódia no caso concreto. Superação do enunciado da Súmula nº 691 do Supremo Tribunal. Ordem 
concedida. 
1. Em princípio, se o caso não é de flagrante constrangimento ilegal, segundo o enunciado da Súmula nº 691, não compete ao Supremo Tribunal 
Federal conhecer de habeas corpus contra decisão de relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere liminar. 
2. Entretanto, o caso evidencia situação de flagrante ilegalidade, apta a ensejar o afastamento, excepcional, do referido óbice processual. 
3. Diante do que foi decidido pelo Plenário da Corte no HC nº 104.339/SP, Relator o Ministro Gilmar Mendes, está reconhecida a 
inconstitucionalidade incidenter tantum do art. 44, caput, daLei nº 11.343/06, o qual vedava a possibilidade de concessão de liberdade provisória 
nos casos de prisão em flagrante pelo delito de tráfico de entorpecentes, sendo necessário, portanto, averiguar se o ato prisional apresenta, de modo 
fundamentado, os pressupostos autorizadores da constrição cautelar, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal. 
4. Na hipótese em análise, ao determinar a custódia do paciente, o Tribunal estadual não indicou elementos concretos e individualizados que 
comprovassem a necessidade da sua decretação, conforme a lei processual de regência, calcando-a em considerações a respeito da gravidade em 
abstrato do delito, que, segundo a jurisprudência da Corte, não a justificam. 
5. Ordem concedida. 
*noticiado no Informativo 773 
 
RHC N. 118.006-SP 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Recurso ordinário em habeas corpus. Processual Penal. Júri. Homicídio qualificado. Artigo 121, § 2º, II, c/c o art. 29, do Código 
Penal. Leitura pelo Ministério Público, nos debates, de sentença condenatória de corréu proferida em julgamento anterior. Alegação de sua 
 
Informativo 780-STF (16/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
utilização como argumento de autoridade, em prejuízo do recorrente. Nulidade. Não ocorrência. Sentença que não faz qualquer alusão a sua 
pessoa nem a sua suposta participação no crime. Inaptidão do documento para interferir no ânimo dos jurados em desfavor do recorrente. 
Peça que não se subsume na vedação do art. 478, I, do Código de Processo Penal. Possibilidade de sua leitura em plenário (art. 480, caput, 
CPP). Inexistência de comprovação de que o documento, de fato, foi empregado como argumento de autoridade e de que houve prejuízo 
insanável à defesa (art. 563, CPP). Recurso não provido. 
1. O art. 478, I, do Código de Processo Penal veda que as partes, nos debates, façam referência a decisão de pronúncia e a decisões posteriores em que 
se tenha julgado admissível a acusação como argumento de autoridade para beneficiar ou prejudicar o acusado. 
2. Esse dispositivo legal não veda a leitura, em plenário, da sentença condenatória de corréu, proferida em julgamento anterior, a qual é admitida pelo 
art. 480, caput, do Código de Processo Penal. 
3. A sentença, ademais, é desprovida de aptidão para interferir no ânimo dos jurados, como argumento de autoridade e em prejuízo do recorrente, uma 
vez que não faz qualquer alusão a sua pessoa nem a sua suposta participação no crime. 
4. Ausente a comprovação de que o documento, de fato, foi empregado como argumento de autoridade e que houve prejuízo insanável à defesa (art. 
563, CPP), não há nulidade a ser reconhecida. 
5. Recurso não provido. 
*noticiado no Informativo 774 
 
RHC N. 119.149-RS 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Recurso ordinário em habeas corpus. Impetração da qual não conheceu o Superior Tribunal de Justiça, por ser ela substitutiva de 
recurso especial. Entendimento que não se coaduna com o entendimento da Corte. Precedentes. Alegação de ofensa à vedação da reformatio 
in pejus e ao princípio da individualização da pena. Não ocorrência. Recurso não provido. 
1. A Corte não tem admitido a rejeição da impetração perante o Superior Tribunal de Justiça a pretexto de se cuidar de substitutivo de recurso 
especial cabível (HC nº 115.715/CE, Primeira Turma, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/6/13). 
2. Não há que se cogitar da reformatio in pejus, pois o Tribunal de Justiça gaúcho, ao negar provimento ao recurso criminal defensivo, 
não reconheceu, em desfavor do recorrente, circunstância fática não reconhecida em primeiro grau, apenas fazendo sua reclassificação dentre os 
vetores previstos no art. 59 do Código Penal. 
3. Recurso não provido. 
*noticiado no Informativo 774 
 
ADI N. 4.639-GO 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL. LEI 15.150/05, DO ESTADO DE GOIÁS. CRIAÇÃO DE REGIME DE PREVIDÊNCIA 
ALTERNATIVO EM BENEFÍCIO DE CATEGORIAS DE AGENTES PÚBLICOS NÃO REMUNERADOS PELOS COFRES PÚBLICOS. 
INADMISSIBILIDADE. CONTRASTE COM OS MODELOS DE PREVIDÊNCIA PREVISTOS NOS ARTS. 40 (RPPS) E 201 (RGPS) DA CF. 
1. A Lei estadual 15.150/05 estabeleceu regime previdenciário específico para três classes de agentes colaboradores do Estado de Goiás, a saber: (a) 
os delegatários de serviço notarial e registral, que tiveram seus direitos assegurados pelo art. 51 da Lei federal 8.935, de 18 de novembro de 1994; (b) 
os serventuários do foro judicial, admitidos antes da vigência da Lei federal 8.935, de 18 de novembro de 1994; e (c) os antigos segurados facultativos 
com contribuição em dobro, filiados ao regime próprio de previdência estadual antes da publicação da Lei 12.964, de 19 de novembro de 1996. 
2. No julgamento da ADI 3106, Rel. Min. Eros Grau, DJe de 29/9/10, o Plenário invalidou norma que autorizava Estado-membro a criar sistema 
previdenciário especial para amparar agentes públicos não efetivos, por entender que, além de atentatória ao conteúdo do art. 40, § 13, da Constituição 
Federal, tal medida estaria além da competência legislativa garantida ao ente federativo pelo art. 24, XII, do texto constitucional. 
3. Presente situação análoga, é irrecusável a conclusão de que, ao criar, no Estado de Goiás, um modelo de previdência extravagante – destinado a 
beneficiar agentes não remunerados pelos cofres públicos, cujo formato não é compatível com os fundamentos constitucionais do RPPS (art. 40), do 
RGPS (art. 201) e nem mesmo da previdência complementar (art. 202) – o poder legislativo local desviou-se do desenho institucional que deveria 
observar e, além disso, incorreu em episódio de usurpação de competência, atuando para além do que lhe cabia nos termos do art. 24, XII, da CF, o 
que resulta na invalidade de todo o conteúdo da Lei 15.150/05. 
4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, com modulação de efeitos, para declarar a inconstitucionalidade integral da Lei 
15.150/2005, do Estado de Goiás, ressalvados os direitos dos agentes que, até a data da publicação da ata deste julgamento, já houvessem reunido os 
requisitos necessários para obter os correspondentes benefícios de aposentadoria ou pensão. 
 
HC N. 119.984-SP 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
EMENTA: PRISÃO PREVENTIVA – CRIME HEDIONDO – AFASTAMENTO. Se a própria lei prevê que, em caso de sentença condenatória, o 
juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade, forçoso é concluir que o enquadramento do crime como hediondo não revela, 
por si só, base para a prisão. 
PRISÃO PREVENTIVA – GRAVIDADE DA IMPUTAÇÃO. A gravidade da imputação, presente o princípio da não culpabilidade, não é capaz de 
levar à prisão preventiva. 
PRISÃO PREVENTIVA – DISTRITO DA CULPA – ABANDONO. A interpretação sistemática do Código de Processo Penal conduz a afastar-se, 
como móvel para a preventiva, o fato de o acusado haver deixado o distrito da culpa. 
PRISÃO PREVENTIVA – INSTRUÇÃO CRIMINAL – TESTEMUNHAS – INFLUÊNCIA. Mostra-se extravagante presumir que, solto, o acusado 
poderá influenciar testemunhas, exigindo-se, para chegar-se à custódia preventiva, ato concreto sob tal ângulo. 
PRISÃO PREVENTIVA – TRIBUNAL DO JÚRI - PRESENÇA – Descabe prisão preventiva para assegurar a presença do acusado no Tribunal do 
Júri. 
 
ADI N. 4.641-SC 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL QUE INCLUIU NO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA 
SEGURADOS QUE NÃO SÃO SERVIDORES DE CARGOS EFETIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 40 DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. 
1. O art. 40 da Constituição de 1988, na redação hoje vigente após as Emendas Constitucionais 20/98 e 41/03, enquadra como segurados dos Regimes 
Próprios de Previdência Social apenas os servidores titulares

Continue navegando