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LESÕES MICROBIANAS 07/11/2023 I Profa. Cristiane DOENÇAS INFECCIOSAS: Bacterianas: sífilis tuberculose Fúngicas: candidíase/candidose paracoccidioidomicose Virais: papiloma condiloma acuminado verruga vulgar herpes simples herpes zoster leucoplasia pilosa PAPILOMA: doença viral da família HPV (6 e 11). Baixa virulência (não causa grandes estragos, lesões geralmente pequenas – até 0,5 cm – e únicas) e baixa infectividade (não são facilmente contagiosas). Não tem prevalência por sexo. Idade: 30 a 50 anos. Mais frequente em crianças, mas porque crianças não tem muitas doenças bucais. Localizações principais: lábio, língua e palato mole (locais que tem mais contato com o vírus, mas pode ter em qualquer região). Geralmente a lesão forma projeções afiladas, e a superfície é branca. Tem base pediculada na maioria das vezes, mas pode ser séssil e sem as projeções. Características histopatológicas: atua no ciclo celular das células epiteliais, promovendo sua proliferação > hiperplasia do epitélio > mais espesso (acantose) e com dobras (projeções). Aumenta também a adesão intercelular, para que o epitélio não descame facilmente, causando hiperqueratose (queratina mais espessa > cor branca da lesão). Epitélio paraqueratinizado. Há também um tecido conjuntivo (trave) formando a estrutura afilada no meio das projeções. Hibridização in situ: evidencia o vírus (células com bastante vírus apresenta cor acastanhada). Tratamento: remoção cirúrgica (para biópsia > remover pedaço maior), crioterapia (nitrogênio líquido), eletrocirurgia (bisturi elétrico). VERRUGA VULGAR: da família HPV, sendo o 2 o mais envolvido. Lesão contagiosa (comum ter várias perto uma da outra). Não há prevalência por sexo. Predominante em crianças. Localizações: pele (mãos), lábio, língua (região anterior). Lesões assintomáticas, pequenas, de crescimento autolimitado, séssil, superfície com projeções curtas e arredondadas, superfície esbranquiçada (na boca é mais branca ainda devido a saliva que umedece a queratina). O sistema imune resolve, e é mais comum em crianças porque ainda não é muito maduro. Características histopatológicas: hiperplasia do epitélio (acantose, hiperqueratose e projeções em direção à superfície). Em geral, o epitélio é ortoqueratinizado com hipergranulose. Células com núcleo picnótico (pequeno e hipercromático) com halo claro > coilócito. Tratamento: excisão cirúrgica (como são várias, não faz muito), crioterapia, eletrocirurgia. Pode ter remissão espontânea. CONDILOMA ACUMINADO: crista de galo, verruga venérea. HPV 6 e 11 são os mais envolvidos, de baixo risco. HPV 16 e 18 também podem causar, e são os de alto risco (quando infecta a célula, entra no material genético e vira câncer). Doença sexualmente transmissível (20% lesões micrõbianas das DSTs). Não tem preferência por sexo. 1 a 3 meses de incubação. Autoinoculação > é contagiosa (não ficar mexendo na lesão). Idade: adolescentes e jovens adultos. Localizações: genitália, região perianal, boca (lábio, palato mole, freio lingual), laringe. Lesões maiores, que podem crescer mais (não são autolimitadas), não é esbranquiçada (cor de mucosa), projeções arredondadas, múltiplas, séssil ou pediculada dependendo do tamanho Característica histopatológicas: hiperplasia de epitélio (acantose, projeções mais discretas, pouco elevadas e mais arredondadas), pouca queratina. Tecido conjuntivo sustentando as projeções. Tratamento: excisão cirúrgica, crioterapia, laser (não é muito recomendado porque pode dispersar o vírus no ar), agentes tópicos (podofilina). Transformação maligna: lesões anogenitais e lesões orais > carcinomas espinocelulares. HERPESVIRUS HUMANO (HHV): • HSV 1 e 2 (vírus do herpes simples) ou HHV 1 e 2. • VZV ou HHV-3 (varicela-zóster vírus). • EBV ou HHV-4 (Epstein-Barr vírus). • CMV ou HHV-5 (citomegalovírus). • HHV-6, HHV-7 e HHV-8. HERPES SIMPLES: agentes etiológicos, sítio de infecção e contágio: • HSV-1: regiões facial, oral, ocular, faringe e pele acima da cintura. Conteúdo da vesícula e saliva. • HSV-2: região genital e pele abaixo da cintura. Contato sexual. História natural da doença: incubação de 3-9 dias. Infecção primária: assintomática ou com faringotonsilite ou gengivoestomatite herpética aguda. Depois o vírus em estado de latência nos gânglios sensitivos. Infecção secundária ou recorrente: herpes labial, herpes simples recorrente. Faringotonsilite: exposição ao HSV-1 em idade mais avançada. Dor de garganta, febre, mal estar e cefaleia. Numerosas vesículas nas tonsilas e parede posterior da faringe. Ulcerações rasas pelo rompimento das vesículas que podem coalescer e formar exsudato amarelado. Gengivoestomatite herpética aguda: 6 meses a 5 anos. Linfadenopatia cervical anterior, febre, calafrios, náusea, anorexia, irritabilidade. Lesões bucais (mucosa queratinizada e não): vesículas puntiformes, pequenas lesões avermelhadas, inúmeras úlceras pequenas, aumento de tamanho e área central com fibrina amarelada, lesões coalescem, muito dolorosas. Gengiva: dolorosa, aumentada, eritematosa com erosões e ulceras. Resolução: 5-7 dias ou até 2 semanas. Diagnóstico: clínico (anamnese e exame clínico). Tratamento: resolução espontânea ou com antivirais (aciclovir) iniciado nos três primeiros dias. Tratamento de suporte. Autoinoculação*. HERPES SECUNDÁRIA: herpes labial, herpes simples recorrente. Reativação do vírus por idade avançada, luz ultravioleta, estresse físico e emocional, menstruação, gravidez, alergia, traumatismo, tratamento odontológico, doenças sistemas ou neoplásicas. No local da inoculação primária ou em áreas supridas pelo gânglio envolvido. Mais comum na borda do vermelhão e na pele adjacente aos lábios. Lesões bucais menos comuns (gengiva inserida e palato duro). Sinais e sintomas prodrômicos: dor, ardência, prurido, formigamento, calor localizado, eritema do epitélio envolvido (6 a 24 horas antes). Múltiplas pápulas eritematosas > vesículas > máculas eritematosas > área de ulceração central > cicatrização (7-10 dias). Vírus seguem para os gânglios (latência). Contagio é na fase ativa (vesículas) e assintomática. Características histopatológicas – primária, secundária, varicela e zoster: são semelhantes, o que diferencia é o quadro clínico. Doenças vesiculares que quando rompidas formam úlceras. Como os vírus infectam o epitélio, as alterações são no tecido epitelial. Vesícula cheia de vírus. Diagnóstico: clínico, HP e citologia esfoliativa. Imuno-histoquímica, PCR, imunofluorescência, hibridização in situ. Imunocomprometidos > lesões mais exacerbadas. Tratamento: resolução espontânea, antivirais tópicos (aciclovir e penciclovir em creme), antivirais sistêmicos preventivos (recidivas associadas a evento conhecidos/de duração longa: múltiplas recidivas, desencadeante de eritema polimorfo, imunocomprometidos). HERPES ZOSTER: vírus varicela zoster (VZV ou HHV-3). Infecção primária: catapora (varicela). Latência no gânglio espinhal dorsal. Única recorrência (como herpes zoster). 20% dos indivíduos, 50% acima de 85 anos. Não apresenta prevalência por sexo. Idade: adultos de meia- idade e idosos (imunossupressão). Localização: dermátomo (não cruza linha média – caminho do nervo do gânglio em que está latente). Patogênese: • Prodrômica: dor prodrômica, febre, mal estar e cefaleia (1-4 dias). • Aguda: vesículas, pústulas e úlcera (3-4 dias), crosta (7-10 dias), resolução (2-3 semanas). • Crônica: neuralgia pós-herpética (15%). Diagnóstico:clínico, HP e citologia esfoliativa, imunofluorescência, hibridização in situ, PCR. Casos atípicos*. Tratamento: resolução espontânea, antivirais (aciclovir, valaciclovir, fanciclovir), suporte de analgésico, antitérmico, corticoide, antibiótico e antipruriginoso (infecção secundária). Prevenção: vacina. LEUCOPLASIA PILOSA: é infecciosa, não vira câncer. Agente etiológico: Epstein-Barr vírus (EBV ou HHV-4). Transmissão pela saliva, ligada a imunossupressão. Estrias brancas verticais na lateral da língua, não removíveis à raspagem. Geralmente associado a AIDS. Características histopatológicas: acontece e hiperparaqueratose. Células balonizantes: são as células modificadas pelo vírus > volumosas e de citoplasma claro, geralmente na superfície da camada espinhosa. Cromatina na periferia lembrando colar de pérolas. Diagnóstico: características clínicas, HP, imunofluorescência, hibridização in situ, PCR. Não necessita de tratamento, não tem potencial de malignização. Mas é necessário investigar a causa. 21/11/2023 I Profa. Cristiane SÍFILIS: o agente etiológico é o Treponema pallidum. Pode ser transmitido sexualmente ou verticalmente (de mãe para filho). A bactéria vive em fluidos corporais (se não, não sobrevive), como a secreção vaginal. Sífilis primária > secundária > terciária. SÍFILIS PRIMÁRIA: se desenvolve 3-90 dias após a inoculação e a lesão ocorre no local da inoculação. A disseminação das bactérias é por via linfática e, ainda que não tratado, há cicatrização espontânea em 3-8 semanas (a lesão regride, mas ainda está lá). → Características clínicas: lesão única, cancro sifilítico (cancro duro), pápula (menor que 0,5 cm), nódulo ulcerado (entre 0,5 e 3 cm), endurecido, indolor. Lesão intraoral como úlcera de base clara e indolor. Altamente contaminante. Causa linfadenopatia regional (bilateral). SÍFILIS SECUNDÁRIA: ocorre de 4-10 semanas após a infecção secundária (mesmo antes da resolução da primária). São lesões disseminadas, com cicatrização espontânea de 3-12 semanas e pode haver recidivas. → Características clínicas: sintomas sistêmicos (febre, dor de garganta, mal estar, cefaleia). Linfadenopatia indolor em qualquer lugar do corpo. Lesões cutâneas maculopapulares indolores e difusas. Lesões bucais maculopapulares vermelhas e com placas mucosas. Altamente contaminante. Características histopatológicas das lesões primárias e secundárias: exocitose de neutrófilos (neutrófilos no epitélio), infiltrado inflamatório perivascular de linfócitos e plasmócitos, reação imuno-histoquímica anti-treponema. SÍFILIS LATENTE: período entre a sífilis primária, secundária e terciária, em que o indivíduo permanece sem manifestações clínicas, mas com reações sorológicas positivas, podendo ter contaminação vertical e dura de 1-30 anos. SÍFILIS TERCIÁRIA: 30% dos pacientes evoluem para ela. Há comprometimento cardiovascular, do SNC e lesões goma sifilíticas (pele, mucosa, tecido mole, ossos e órgãos internos). Em boca há goma sifilítica (nódulo endurecido ou úlcera com grande perda tecidual. No palato há perfuração – comunicação bucosinusal – e na língua há aumento lobular e irregular devido ao comprometimento da musculatura – glossite intersticial) e glossite luética (atrofia e perda das papilas). → Características histopatológicas: processo inflamatório crônico granulomatoso (células gigantes multinucleadas, macrófagos, linfócitos). É difícil evidenciar os microrganismos. Diagnóstico: demonstração do microrganismo e testes sorológicos (indicados de 7 a 10 dias depois da infecção primária). Exame sorológico não treponêmico: não são específicos e de pouca sensibilidade (positivo após 3 semanas). Exame sorológico treponêmico: são específicos e altamente sensíveis (por toda vida). Tratamento: é médico, com penicilina/doxiciclina e depende do estágio, envolvimento neurológico e estado imunológico. Na primária, secundária e latente é necessário fazer o acompanhamento sorológico de 6, 12, 18 e 24 meses. Em gestante, na 28° semana e no parto. Há 5% de chance de falha terapêutica devido aos microrganismos nos linfonodos e no SNC que não são mortos. SÍFILIS CONGÊNITA: transmissão vertical (gestação ou parto), também ocorre quando a mãe está no estado de latência e pode resultar em aborto, natimortos ou sífilis congênita. As manifestações ocorrem após o 4° mês IU (importância do pré-natal). Nas primeiras semanas de vida, o bebê apresenta retardo no crescimento, febre, icterícia, anemia, erupções cutâneas, hepatoesplenomegalia. Se não tratada, apresenta danos em dentes, olhos, ouvidos, osso e cérebro. Tratamento médico com penicilina IV, tem prevenção com tratamento da gestante antes do 4° mês. TUBERCULOSE: o agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis. Transmitido pelo ar (gotículas respiratórias de pacientes com a doença ativa). 1/3 da população contaminada. TUBERCULOSE PRIMÁRIA: primeiro contato com a doença, geralmente paciente jovem e sem muitas manifestações clinicas. Infecção inicial (sem exposição prévia), infecção pulmonar, curso subclínico, inflamação crônica não especifica e reparação por fibrose e calcificação (pode conter bactérias vivas). TUBERCULOSE SECUNDÁRIA: ativação do foco ou reinfecção (imunossupressão). 5-10% progridem para doença ativa. Principal órgão é o pulmão, mas pode ter em outros locais do corpo. Febre baixa, mal-estar, anorexia, perda de peso, sudorese noturna. Tosse produtiva (com catarro) > hemoptise (com sangue) > dor torácica > consumação (perda de peso). Manifestação bucal: associada à lesão pulmonar, contaminação hematogênica ou escarro, língua, palato e lábio. Úlcera crônica, aumento de volume, granulação, inflamação difusa, eritematosas, contorno irregular, dolorida ou não. Características histopatológicas: necrose gaseosa central, histiócitos epitelióides, células gigantes tipos Langerhans, infiltrado mononuclear. Diagnóstico: teste tuberculínico cutâneo positivo para infeção doença ativa, histopatológico, cultura, PCR. Tratamento: médico com multiagentes de uso prolongado. CANDIDOSE: agente etiológico é a Candida albicans. Causado por imunossupressão ou desequilíbrio da flora. Há fatores favorecedores locais (umidade, maceração da pele/mucosa, redução da salivação) e gerais (endocrinopatias, desnutrição, estado debilitantes, fármacos). CANDIDÍASE PSEUDOMEMBRANOSA: antibióticos de amplo espectro (curso agudo) e imunossupressão (curso crônico). → Características clínicas: sapinho, placas branco-amareladas removíveis, local eritematoso ou hemorrágico, sintomas discretos como desconforto, queimação e gosto desagradável. CANDIDÍASE ERITEMATOSA: → Candidíase atrófica aguda: causada por antibiótico de amplo espectro prolongado. Sem pseudomembrana. Ardência, queimação. Na língua pode haver perda das papilas filiformes (língua vermelha e careca). Transmissão beijada > língua transmite para o palato no repouso e vice- versa. → Glossite romboidal mediana (atrofia papilar central): atrofia na região central (linha média) da língua com perda de papilas e alteração de cor e relevo. Candidíase X distúrbio de desenvolvimento (no passado tinha-se a suspeita de que a glossite romboidal mediana se tratava de um distúrbio do desenvolvimento da língua). → Queilite angular: causada pela redução da dimensão vertical (dobramento da comissura labial e suscetível a estagnação de saliva). Caracterizada por eritema, fissuras e descamação. Candida albicans + Staphylococcus aureus. → Candidíase atrófica crônica/ por dentadura: nas áreas encobertas pela base de PT ou da PPR superior. Caracterizada por eritema, petéquias hemorrágicas. Assintomáticano geral. Vários microrganismos. É diferente de desenho incorreto da prótese e alergia CANDIDÍASE HIPERPLÁSICA CRÔNICA: se apresenta como placa branca, irregular, de superfície rugosa, espessura variável. A placa à raspagem (é causada por hiperplasia do epitélio) Candidíase hiperplásica crônica X Leucoplasia + candidíase. Características histopatológicas: no HE não é possível. Hifas de cândida são visíveis a PAS (ácido periódico de Schiff) > é uma micose superficial pois a cândida infecta apenas a parte superficial do epitélio diferente da paracoccidioidomicose. Há também a coloração por impregnação pela prata que cora de marrom. Evidenciação do fungo na citologia esfoliativa ou no exame histopatológico. Tratamento: antifúngico tópico e eliminação da causa (refaz prótese, ensina a lavar, parar com remédio, descobrir se é imunossuprimido e a causa). PARACOCCIDIOIDOMICOSE: o agente etiológico é o Paracoccidioides brasiliensis. Micose profunda. Países latino-americanos. 29-40 anos (não quer dizer que não estava infectado antes). 25 homens: 1 mulher (o estrógeno evita que as mulheres fiquem doentes). Agricultores. Aspiração de esporos > lesão pulmonar. Disseminação linfática ou hematogênica. Lesões bucais: um ou mais sítios. Lesões erosivas ou ulceradas, com superfície granulosa e salpicada por pontos hemorrágicos (aspecto moriforme; semelhante a um cacho de uvas). Dor, sialorreia e macroqueilia. Características histopatológicas: inflamação granulomatosa, histiócitos epitelióides, células gigantes tipo Langerhans, infiltrado mononuclear. Pode-se fazer citologia esfoliativa porque o fungo fica perto da superfície e porque tem geralmente bastante locais ulcerados, então o conjuntivo exposto mostra a localização. Tratamento: médico. Casos leves e moderados > sulfonamidas ou itraconazol. Casos graves > anfotericina B (IV).
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