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INFECÇÕES FÚNGICAS, BACTERIANAS E VIRAIS Diagnóstico, prevenção, aspectos clínicos, histológicos e radiográficos Prof Me Lorem Morais Roteiro da aula Infecções de origem fúngica; Infecções de origem bacteriana; Infecções de origem viral. Infecções de origem fúngica • Candidíase • Paracoccidiodomicose Candidíase Causada por Candida albicans (componente de microflora oral); Presente na boca de 60% com dentes acima de 60 anos; Fatores que determinam a evidência clínica da infecção: 1. Estado imunológico do paciente; 2. O ambiente da mucosa oral; 3. A cepa de C. Albicans. Candidíase (Características clínicas) Citopatologia: Presença de hifas e leveduras de Candida (cor vermelha e intensa do corante); Histopatologia: hiperparaceratinização e alongamento das projeções epiteliais Diagnóstico: Achados clínicos e citopatologia; Meio de cultura; Resposta ao tratamento (candidíase crônica hiperplásica); Tratamento: Antifúngicos Nistatina (suspensão oral) Fluconazol: (dois tabletes (200 mg) no primeiro dia e depois 1 tablete (100 mg) diariamente por 1 a 2 semana) Atenção: Potencializa efeitos da fenitoína, varfarínicos e sulfonilureias. Alternativa: Nistatina, Itraconazol. Suplementar: Pomada de acetonido de triancinolona (queilite angular); Paracoccidioidomicose Causada pelo Paracoccidioides brasiliensis; Comum na América do Sul (principalmente Brasil, Colômbia, Venezuela, Uruguai e Argentina); Predileção para homens de 15:1 (proteção dos hormônios femininos inibem a transformação das hifas para a forma patógena); Pacientes de meia-idade.; trabalhadores rurais. Características clínicas: Infecção pulmonar inicial; Espalhasse por via hematogênica e linfática; Lesões orais: Úlceras moriformes, acometem a mucosa alveolar, gengiva e palato; Os lábios, língua, orofaringe e mucosa jugal também podem ser envolvidos; Características histopatológicas Histopatologia: Coleções de macrófagos epitelioides e células gigantes multinucleadas; hiperplasia pseudoepiteliomatosa. Os micro-organismos mostram múltiplos brotamentos filhos ligados à célula mãe, resultando em uma aparência descrita como semelhante às “orelhas de Mickey Mouse” Diagnóstico e tratamento Diagnóstico: A demonstração dos brotamentos múltiplos característicos das leveduras, com características clínicas compatíveis; Tratamento: Leves à moderados: sulfametoxazol e trimetoprima, mas o itraconazol é a melhor droga Graves: anfotericina B intravenosa; Infecções de origem bacteriana Sífilis Gonorréia Tuberculose Actinomicose Hanseníase Sífilis Causada pelo Treponema pallidum; Principais vias de transmissão: o contato sexual e transplacentária; Evolução: 3 estágios, estágio 1 e 2 é onde ocorre contágio; Pode ser transmitido ao feto no estágio 3, se ocorrer no 1 ou 3 resulta em morte fetal. Sífilis Primária Cancro (área de inoculação); 2% em regiões extragenitais (cavidade oral); lábios, língua, palato, gengiva e amígdalas; Lábio superior em homens e inferior nas mulheres; Úlcera de base clara e indolor ou como uma proliferação vascular semelhante a um granuloma piogênico; A linfadenopatia regional bilateral; Caso não seja tratada, a lesão inicial cicatriza dentro de 3 a 8 semanas; Extremamente infecciosa: testes sorológicos podem dar negativo; Sífilis Secundária 4 a 10 semanas após a infecção inicial; Sintomas sistêmicos:linfadenopatia indolor,dor de garganta, mal-estar, cefaleia, perda de peso, febre e dor músculo-esquelética ; Erupção cutânea maculopapular difusa e indolor, disseminada; Extramamente infecciosa e testes sorológicos sempre positivos; Cavidade oral: Áreas maculopapulares vermelhas; Áreas focais de exocitose e espongiose intensa da mucosa oral: placas mucosas; Caminho do caracol: língua, lábios, mucosa jugal e palato; Pápulas fendidas (comissura labial); Condiloma lata: lesões papilares; Resolução espontânea de 3 a 12 semanas, mas há recidivas anuais; Lues maligna: Pacientes imunocomprometidos. Sífilis Terciária A partir da sífilis latente: 1 a 30 anos; Complicações mais sérias: Sistema vascular; SNC; Lesões oculares; Goma: lesão endurecida, nodular ou ulcerada; Lesões intraorais : Palato: a ulceração com frequência o perfura em direção à cavidade nasal; A língua: gomas, apresenta-se aumentada, lobulada e com formato irregular( glossite intersticial); A atrofia difusa e perda das papilas do dorso lingual produzem uma condição chamada de glossite luética Sífilis Congênita Sinais de 2 a 3 semanas após o Nascimento: incluem retardo no crescimento, febre, icterícia, anemia, erupções cutânea; Se não tratadas: Tríade de Hutchinson: Dentes de Hutchinson Ceratite ocular intersticial Surdez associada ao comprometimento do oitavo par de nervos cranianos Diagnóstico e tratamento Diagnóstico: histopatológico (exame de campo escuro) e sorológico Tratamento: Abordagem terapêutica individualizada; Penicilina benzatina. Gonorreia Causada pela Neisseria gonorrhoeae; Dissemina-se pelo contato sexual; Período de incubação: 2 a 5 dias e pode ser assintomático; Homens: Uretra; Mulheres: colo uterino (doenças inflamatória pélvica); Doenças disseminada: lesões cutâneas (pápulas hemorrágicas); Oral: Lesões no palato mole e orofaringe; Gonorreia oral; região oro faringiana (faringe, amigdalas e úvula); Raro: região anterior da cavidade oral: Diagnóstico e tratamento Diagnóstico: Cultura. Tratamento: fluoroquinolonas, como a ciprofloxacina, levofloxacina ou ofloxacina; Oral ou intramuscular; Tuberculose Doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium tuberculosis; Tuberculose primária: ocorre em indivíduos não expostos previamente ao MO; Inicialmente resposta inflamatória crônica inespecífica; Nódulo localizado fibrocalcificado no sítio inicial do envolvimento (latência); Apenas 5% a 10% evoluem para doença ativa; Reativação tardia: Tuberculose secundária (paciente imunocomprometidos); Características clínicas e radiográficas Assintomática, ocasionalmente febre e efusão pleural; Febre baixa, mal-estar, anorexia, perda de peso e sudorese noturna Lesões no ápise pulmonar que podem se espalhar; Hemoptise e dor toráxica; Consumação; Extrapulmunar: sistema linfático, esquelético, SN, TGI e pele (lúpus vulgar); Lesões orais: 0,5% a 5,0%; Osteomielite secundária; Úlcera que possui forma de cratera de tamanho variável e cor amarelo acizentada. Pode ser rodeada por um halo inflamatório e geralmente é acompanhada por adenopatia. A língua, a gengiva e o palato também podem estar comprometidos1 Histopatológico: Presença de tubérculo; Diagnóstico: teste cutâneo do derivado proteico purificado (PPD), mediado pela reação de hipersensibilidade (2 a 4 semanas após exposição) Tratamento Terapia com múltiplos agentes: consiste em oito semanas de isoniazida, rifampicina e pirazinamida, seguidas por 16 semanas de isoniazida e rifampicina; Actinomicose Causada por bactérias anaeróbias gram-positivas, filamentosas e ramificadas, normalmente Actinomyces israelli; Criptas amigdalianas, placa dental e cálculo, dentina cariada, sulco gengival e bolsas periodontais. Características clínicas: infecção aguda, com progressão rápida, ou como uma infecção crônica, de disseminação lenta associada à fibrose; 55% ocorrem na região cervicofacial; Associado à área de trauma prévio: lesão de tecido mole, bolsa periodontal, dente desvitalizado, alvéolo dentário pós-extração ou amígdala infectada. Grânulos sulfúricos: reação supurativa com presença das bactérias; Área endurecida de fibrose que forma uma área central mais macia de abscesso; A infecção pode estender-se para a superfície, formando um trajeto fistuloso; A dor geralmente é mínima; Os tecidos moles da região submandibular, submentonianae geniana são sítios comuns de envolvimento, sendo a área sobrejacente ao ângulo da mandíbula, o local mais afetado; Língua; Envolvimento das glândulas salivares; Ostemioelite; Diagnóstico e tratamento Diagnóstico: cultura e biópsia da lesão (punção); Tratamento: Antibioticoterapia (Amoxicilina) por tempo prolongados, associado à drenagem do abscesso e excisão da fístula; Remoção cirúrgica do tecido infectado; Hanseníase Causada pelo Mycobacterium leprae; MO precisa de baixa temperatura corporal do hospedeiro para sobreviver; Forma de transmissão não exata, mas sugere sitio inicial de infecção a mucosa nasal ou orofaringiana; Lepra tuberculoide e Lepra lepromatosa; Características clínicas Paucibacilar (LT): pequeno número de lesões cutâneas bem circunscritas e hipopigmentada; Área envolvida anestesiada; Raramente envolvimento oral. Multibacilar (LL): Numerosas máculas ou pápulas, hipopigmentadas, maldefinidas na pele, que com o tempo torna-se espessada; Face comumente envolvida – fáceis leonina; Lesões orais de 19% a 60% das situações; Lesões orais Lesões orais: pápulas firmes, amareladas ou vermelhas, sésseis, de tamanho crescente, que ulceram e necrosam, sendo seguidas por uma tentativa de cicatrização por segunda intenção; Lesões linguais: no terço anterior; áreas de erosão, que podem resultar em grandes nódulos. Fácies leprosa: atrofia da espinha nasal anterior, atrofia do rebordo alveolar anterior superior e alterações inflamatórias endonasais Diagnóstico e tratamento Diagnóstico: aspecto clínico; M. leprae pode ser identificado pelas técnicas de biologia molecular; Tratamento: A hanseníase paucibacilar : esquema de 6 meses de rifampicina e dapsona; Hanseníase multibacilar : 24 meses de rifampicina, dapsona e clofazimina; Alérgicos à rifampicina : 24 meses com clofazimina, ofloxacina e minociclina Reconstrução dos danos, apoio psicológico e acompanhamento; Infecções de origem viral Herpes Vírushumano Herpes virus humano A família do herpesvírus humano (HHV) é oficialmente reconhecida como Herpetoviridae e a compõem, dentre outros: (HSV): Herpes Vírus Simples; Tipo I (HSV-1 ou HHV-1) e tipo 2 (HSV-2 ou HHV-2). Vírus varicela-zoster (VZV ou HHV-3),; Vírus Epstein-Barr (EBV ou HHV-4); Ciitomegalovírus (CMV ou HHV-5); HHV- 6 e HHV- 7 HHV-8 (Sarcoma de kaposi e doença de Castleman). Herpesvírus Simples Os dois tipos são estruturalmente semelhantes, porém diferem antigenicamente e epidemiologicamente: HSV-1: Disseminação através da saliva infectada ou de lesões periorais ativas. Locais frequentemente envolvidos: faringe, regiões intraoral, lábios, olhos e pele acima da cintura; HSV-2: Dissemina-se através do contato sexual e envolve caracteristicamente a genitália e a pele abaixo da cintura; Obs: Expecionalmente, eles podem exibir o padrão do outro; Lesões clínicas teciduais dos tipos são idênticas; Anticorpos de um podem reagir contra o outro. HSV-1 Infecção primária: exposição inicial de um indivíduo sem anticorpos contra o vírus; Faixas etárias jovens Frequentemente assintomática; Vírus segue para os gânglios autonômicos e fica latente; Nos casos sintomáticos, os indivíduos expostos ao HSV-1 em idades precoces tendem a apresentar gengivoestomatite; Aqueles com exposição inicial em uma faixa etária mais avançada frequentemente manifestam faringotonsilite. obs: Baixas condições socioeconômicas estão relacionadas à exposição precoce Gengivoestomatite herpética primária aguda É o padrão mais comum de infecção primária sintomática pelo HSV; Ocorre entre os 6 meses e 5 anos de idade; Linfadenopatia cervical anterior, calafrios, febre, náusea, anorexia, irritabilidade e lesões orais dolorosas; A autoinoculação para os dedos, olhos e áreas genitais pode ocorrer; Leves 5-7 dias; Severos 2 semanas; Vesículas que se rompem e formam inúmeras lesões pequenas, avermelhadas, que aumentam e desenvolvem áreas centrais de ulceração recobertas por uma fibrina amarela; Tanto a mucosa oral móvel quanto a aderida podem ser afetadas Gengiva apresenta-se aumentada, dolorosa e extremamente eritematosa; Pode afetar lábios; Faringotonsilites: Infecção primária que ocorrer em adultos; Desenvolve-se nas amígdalas e na parede posterior da faringe; Início: dor de garganta, febre e mal estar e cefaleia; Vesículas pequenas que se rompem e forma úlceras; Exsudado amarelo-acinzentado dífuso sobre as úlceras; Pode estar associada à HSV-2 também. Infecção pelo HSV-1 secundária, recorrente ou recrudescente: reativação do vírus Paciente pode apenas apresentar liberação do vírus na saliva ou pode apresentar recidiva sintomática; Afeta epitélio inervado pelo gânglio; Pode ocorrer transmissão (um terço dos indivíduos com anticorpos HSV-1 ocasionalmente libera partículas virais infectantes, mesmo na ausência de lesões ativas). Causas da reativação; obs: Mais de 80% das infecções primárias se apresentam assintomáticas e a reativação assintomática da infecção viral é muito mais comum do que as recidivas clínicas evidentes; Período de incubação usual é de 3 a 9 dias. Herpes labial Área mais comum é a borda do vermelhão e a pele adjacente dos lábios; Em alguns pacientes, a luz ultravioleta ou o traumatismo podem desencadear as recidivas; Dor, ardência, prurido, formigamento, calor localizado aparecem de 6 a 24 horas antes do desenvolvimento das lesões; Múltiplas pápulas pequenas e eritematosas, que formamgrupamentos de vesículas preenchidas por líquido, que as se rompem e formam crostas dentro de 2 dias. Cicatrização usualmente ocorre entre 7 e 10 dias; Sintomas mais intensos nas primeiras 8 horas; O rompimento mecânico de vesículas intactas e a liberação do líquido contendo vírus podem resultar na disseminação das lesões; A maioria dos indivíduos afetados experimenta aproximadamente duas recidivas por ano, mas uma pequena porcentagem pode apresentar episódios mensais ou até mais frequentes. As recidivas também podem afetar a mucosa oral; As lesões se iniciam como vesículas com 1 a 3 mm, que se rompem rapidamente e formam grupos de máculas eritematosas, que podem coalescer ou aumentar ligeiramente de tamanho; O epitélio afetado é perdido, e desenvolve- se uma área de ulceração central amarelada; A cicatrização ocorre dentro de 7 a 10 dias. A infecção dos polegares ou de outros dedos é conhecida como panarício herpético (paroníquia herpética), que pode ocorrer como resultado da autoinoculação em crianças com herpes orofacial; Recidivas: incomum; Podem resultar em parestesia e cicatriz permanente; Eram comuns em profissionais antes do uso de luvas se tornar obrigatório. Diagnóstico e tratamento Diagnóstico: Manifestações clínicas; Biópsia do tecido; O esfregaço citológico; Tratamento: Antivirais Gengivoestomatíte herpética: Aciclovir em suspensão, bochechar e engolir 5 vezes ao dia por 5 dias (crianças: 15 mg/kg até a dose do adulto de 200 mg); Herpes simples: Aciclovir creme dermatológico: Aplicar 5 vezes ao dia durante 5 dias; Uso sistêmico (Pacientes imunocomprometidos): Aciclovir comprimido 200mg, tomar 5 vezes ao dia durante 5 dias. Varicela e Herpes-Zoster HHV-3; Entre 6-9 anos, sintomática; Presença de exantena pruriginoso; Cada lesão progride rapidamente através dos estágios de eritema, vesícula, pústula e crosta endurecida; Lesões orais são comuns (indolores); Diagnóstico: História da doença e Citopatologia; Tratamento: Tratar o desconforto e febre; Aciclovir oral reduz duração e gravidade da doença em pacientes imunocomprometidos; Herpes-Zoster Ocorre após a reativação do VZV (catapora), com o envolvimento da distribuição do nervo sensitivo afetado; Apenas uma recidiva; Face pandrômica, aguda e crônica; As lesões tendem a seguir o trajeto do nervo afetado e terminamna linha média; Regride em 2 a 3 semanas em indivíduos sadios, cicatriz comum. Complicações: necrose óssea com perda dos dentes envolvidos, paralisia facial e neuralgia pós-herpética. Diagnóstico: História clínica e Citopatologia; Tratamento: Antivirais orais. Mononucleose infecciosa (doença do beijo) HHV-4; Disseminação por saliva contaminada; Assintomática na infância; Jovens adultos: febre, linfadenopatia, fádiga, faringite e tonsilite; Aumento amigdaliano e presença de exsudato; Lesões orais: Petéquias transitórias no palato duro ou mole; Regressão em 4 a 6 semanas; Diagnóstico Manifestação clínica e testes laboratorias (leucograma aumentado); teste pela imunofluorescência indireta; Tratamento: Antipiréticos e AINES. Referências NEVILLE, B. W. Et al. Patologia Oral e Maxilofacial. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008; TOMMASI, A. F. Diagnóstico em patologia bucal. São Paulo: Pancast, 2002.
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