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Sifilis também conhecida como Lues, é uma infecção bacteriana, crônica e curável, imunossexualmente transmissível, causada por uma bactéria espiroqueta anaeróbia (Treponema Pallidum). O Treponema pallidum é uma espiroqueta anaeróbia que penetra na pele lesada e nas mucosas. Essa bactéria tem muita afinidade por região úmida é por isso que as lesões em que vão penetrar são regiões como regiões genitoanais e boca. A transmissão pode ser feita de dois modos: - Via sexual: através do sexo anal, vaginal, oral. - Transmissão vertical: da mãe para o bebê através da placenta. Ao penetrar na pele, forma-se uma lesão inicial, conhecida como CANCRO DURO ou protossifiloma. A classificação evolutiva da sífilis funciona do seguinte modo. Primeiramente ela é subdividida em dois tipos: Congenita : adquirida pelo feto Adquirida : esse tipo pode ser subdvidido em dois tipos - Recente: infecção até 1 ano de evolução ( 1º | 2° e latente recente ) - Tardia: infecção > 1 ano de evolução ( latente tardia e 3º ) As formas clínicas são subdivididas em sífilis primária, sífilis secundária, sífilis terciária. Entre essas formas clínicas temos então as formas latentes assintomáticas. Tempo de incubação: 10 a 90 dias Ulcera: bordos bem definidos, regulares, dura, fundo limpo, geralmente indolor e única Linfonodopatia: aumento dos linfonodos e dor na região regional Essa clinica geralmente evolui bem, sem o uso de medicação, o que faz o paciente ignorar os sintomas, dificultando o diagnóstico precoce. Tempo de incubação: 6 semanas – 6 meses após o cancro. Possui cronologia típica e pode ocorrer em casos excepcionais concomitantemente com a sífilis primária. Primeiras lesões - Roseolas: maculas ou pápulas eritematosas que surgem principalmente em tronco e raízes dos membros. Pode aparecer sob a forma de exantema morbiliforme. - Sifílides papulosas: pápulas eritemato-acastanhadas, com bordos em colar descamativo, predominando em mucosas e palmo-plantares. Segundas lesões - Condiloma plano: lesões vegetantes e úmidas, em regiões de dobras de mucosas, principalmente genital. Possuem caráter acinzentado. - Alopecia em clareira e madarose: perda dos fâneros. - Microlinfonodopatia: palpação dos linfonodos epitrocleares É um período em que não ocorre sintomas. O diagnóstico é feito por meio dos testes treponemicos e não-treponemicos. Dividida em: - Latente Recente: menos que 1 ano - Latente Tardia: mais que 1 ano Nesse intermédio, pode haver intercalação de sintomas de sífilis secundária com latência. Periodo de incubação: 2 – 40 anos A inflamação causada pela sífilis vai provocar lesões mucocutâneas e sistêmicas: - Gomas ou tumorações: acometem região mucosa e cutânea, gerando deformidades. (15% dos casos) - Neurossífilis: tabes dorsalis, mielite transversa, demência - Cardiológicas: aneurisma de aorta, insuficiência aórtica, oclusao coronária - Osseas: artropatia de Charcot, periostite, sinovite ACOMETIMENTO DE SISTEMA NERVOSO CENTRAL PODE ACONTECER EM QUALQUER ESTÁGIO!!! Devemos colher o LCR obrigatoriamente nos seguintes casos: Sintomas neurológicos e oftalmológicos Sifilis terciária ativa evidente clinicamente Falha ao tratamento sem re- exposição sexual. Nos casos de HIV+, falha ao tratamento mesmo sem re- exposição sexual É importante explicar às pacientes gestantes que 80% das gestações na patencia de sílis vão apresentar complicações: - Morte prematura - Parto prematuro - Morte ao nascer - Baixo crescimento intrauterino - Anomalias Os métodos diagnósticos podem ser diretos ou imunológicos. Microscopia de campo escuro Indicação: sífilis primária e secundária Método: exsudato seroso das lesões a fresco Exceção: na cavidade oral existem outras espiroquetas, logo NÃO ESTÁ INDICADO. O exame direto negativo não afasta a infecção, pois pode haver poucas bactérias, ou o paciente tratou ou a lesão está em cura. Os testes imunológicos vão identificar anticorpos no soro, plasma ou sangue. TREPONEMICOS: são ótimos para diagnóstico, pois ficam positivos mais cedo, mas não são tão quantificáveis. Por isso, não são para avaliar resposta terapêutica. NÃO-TREPONEMICO: são quantificáveis, indicados para avaliar resposta terapêutica. TESTES TREPONEMICOS Primeiros a ficarem positivos Detectam anticorpos específicos para o T. pallidum, sendo indicados como primeira opção. Podem ficar o resto da vida positivo, não sendo indicado para monitoramento terapêutico. - Teste rápido: é o indicado como primeira opção. Utiliza a técnica de imunocromatografia. - Testes de hemaglutinação: TPPA (aglutinação de particular), TPHA (hemoaglutinação), MHA-TP (micro- hemoaglutinação). - Testes de imunoflorescencia: FTA- Abs - Teste imunoenzimático: ELISA TESTES NÃO-TREPONEMICOS 1-6 semanas após cancro duro Os testes não-treponemicos avaliam a formação de anticorpos anti- cardiolipina. Nunca devemos avalia-lo como amostra única, a razão é simples: - Um título isolado alto, pode ser baixo quando comparado com um titulo anterior, não necessariamente uma terapêutica ineficaz. - Um título isolado baixo não descarta uma infecção. Possuem uma análise qualitativa e quantitativa: Qualitativa: o teste qualitativo inicia a análise da diluição a partir de uma amostra já diluída (1:8/1:16). Isso é feito para evitar o efeito prozona Quantitativo: deve ser realizado quando o qualitativo for positivo. Vai quantificar o titulo da amostra: 1/8; 1/16; 1/32, etc. EFEITO PROZONA: ocorre quando há uma quantidade muito grande de anticorpos. O antígeno marcado inserido pelo teste forma imunocomplexos solúveis indetectáveis ao teste. Testes não-treponemicos VDRL (Pesquisa laboratorial de doença venerea) RPR (Rapid Plasma Reagin) Primeiro Teste:: treponemico+ Segundo Teste: não-treponemico+ - Diagnóstico confirmado - Cicatriz sorológica Primeiro Teste:: treponemico+ Segundo Teste: não-treponemico- - Solicitar mais um treponemico - positivo: diagnostico ou cicatriz - negativo: primeiro teste falso-positivo Primeiro Teste:: não-treponemico+ Segundo Teste: treponemico- - Solicitar mais um treponemico - positivo: diagnostico ou cicatriz - negativo: primeiro teste falso-positivo Primeiro Teste:: não-treponemico+ Segundo Teste: treponemico+ - Diagnóstico confirmado - Cicatriz sorológica Se o primeiro teste for negativo, independente da escolha, não realizar segundo teste, pois ou o paciente tá em janela ou não tem a infecção. Deve haver repetição do segundo teste 30 dias depois em caso de suspeita. Mas o tratamento pode ser iniciado se não houver outra hipótese e se houver clinica. CICATRIZ SOROLOGICA: tratamento anterior de sífilis com queda da sorologia de pelo menos 2 diluições, sem reinfecção. Tratamento imediato pós-primeiro teste nos seguintes casos: Gestantes Violência sexual Paciente sem seguimento Sífilis primária ou secundária visível Pacientes sem diagnóstico prévio Nesses pacientes, inicia-se o tratamento já após o primeiro teste positivo, devido à epidemiologia no Brasil. Contudo, não exclui a obrigatoriedade do segundo teste. Não pude fazer o primeiro teste? Se a clinica for favorável, tratam-se empiricamente, inclusive as parceiras. Tipo 1 opção 2 opção* Recente Penicilina Benzativa 1,2 milhão UI em cada glúteo dose única Doxiciclina 100mg 12/12h por 15 dias Tardia Penicilina Benzatina 1,2 milhão UI em cada glúteo 1x por semana por 3 semanas Doxiciclina 100mg 12/12h por 30 dias Neurosífilis Penicilina cristalina/potássica 3-4 milhão UI IV de 4 em 4 horas por 14 dias Ceftriaxone 2g 1x ao dia por 14 dias *NÃO SERVE PARA GESTANTEAcompanhamento: trimestral com não-treponêmico (mensal em caso de gestante). Neurosifilis: LCR a cada 6 meses E se o paciente interromper ou faltar a consulta? - Gestante: se demorar mais que 7 dias para o retorno, deve recomeçar o tratamento - Não gestante: se demorar mais que 14 dias para o retorno, deve recomeçar o tratamento Essa reação acontece dentro de 24 horas após a aplicação da penicilina. Devemos estar atentos para orientar o paciente, pois pode parecer quadro alérgico. É uma reação em que aparece exantema, urticaria dor, mal-estar, e que passa dentro de 24h. Nas gestantes pode haver parto prematuro, mas estamos respaldados quanto a isso, pois o risco da sífilis é maior. Na maioria das vezes, o paciente não é alérgico, mas relata como alergia alguns sintomas. Nesse caso, nem são necessários os testes de sensibilidade. Historia compatível com quadro alérgico (0,002%): realiza-se o teste de sensibilidade! Prick test Coloca-se 1 gota de solução de penicilina cristalina 10.000UI/ml no antebraço, e pressiona-se levemente a pele com agulha fina sem perfurar. Aguarda-se 30 minutos. Se for negativo, devemos realizar o teste intradermico. Teste intradermico Aplica-se 0,02ml de solução de penicilina cristalina 10.000UI/ml com agulha na derme no antebraço. PACIENTES COM TESTES POSITIVOS DEVEM SER DESSENSIBILIZADOS Dessensibilização: deve ser feita em ambiente hospitalar, com penicilina V via oral em diluições menores e volumes maiores. O acompanhamento com testes não- treponemicos deve ser realizado por 1 ano. Gestantes: devem receber acompanhamento mensal Não-gestantes: devem receber acompanhamento trimestral ADEQUADA: queda de até 2 diluições em até 6 meses para sífilis recente e em até 12 meses para sífilis tardia Pode haver cicatriz sorológica após termino do tratamento. Deve ser feito o retratamento nos seguintes casos: - Refratariedade a queda de duas diluições em 6 meses (recente) ou 12 meses (tardia); - Aumento da diluição em 2 diluições entre os testes; - Recorrencia dos sintomas e sinais clínicos. Se houver refratariedade ao tratamento, não havendo re- exposição, deve-se colher o LCR. Nos pacientes HIV+ colhe-se o LCR mesmo com re-exposição. Toda parceira sexual exposta em até 90 dias com pacientes com sífilis devem receber: - Penicilina Benzatina 1,2milhão UI em cada glúteo em dose ÚNICA. Deve também ser feito os testes para sífilis e tratar caso positivos.
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