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AlexandreCardosoFernandesDissertacao2018

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Lista de Figuras e Gráficos 
FIGURA 1 - Pilares do Acordo de Basileia II .........................................................................11 
GRÁFICO 1 - Concessão de Crédito Veículo Pessoa Física ...................................................22 
GRÁFICO 2 - Alíquota compulsória deposito à Vista e a Prazo .............................................23 
GRÁFICO 3 – Resíduos das séries ..........................................................................................28 
GRÁFICO 4 - Concessão de Crédito x Produção de Veículos: janeiro/2008 a dezembro/2010 
...................................................................................................................................................42 
GRÁFICO 5 - Concessão de Crédito x Produção de Veículos: janeiro/2012 a dezembro/2014 
...................................................................................................................................................43 
 
Pró-Reitoria Acadêmica 
Escola de Gestão e Negócios 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em 
Economia 
REGULAÇÃO BANCÁRIA E A CONCESSÃO DE CRÉDITO 
VEÍCULO NO BRASIL 
Brasília - DF 
2018 
Autor: Alexandre Cardoso Fernandes 
Orientador: Prof. Dr. José Angelo Divino 
ALEXANDRE CARDOSO FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
REGULAÇÃO BANCÁRIA E A CONCESSÃO DE CRÉDITO VEÍCULO NO BRASIL 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Economia da 
Universidade Católica de Brasília, como 
requisito parcial para obtenção do Título de 
Mestre em Economia. 
Orientador: Prof. Dr. José Angelo Divino 
 
 
 
 
Brasília 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Católica de Brasília (SIBI/UCB) 
Bibliotecária Debora Carvalho CRB1/2.156 
 
 
 
 
 
 
F363r Fernandes , Alexandre Cardoso. 
Regulação bancária e a concessão de crédito veículo no Brasil / 
Alexandre Cardoso Fernandes – 2018. 
64 f.: il. ; 30 cm 
 
Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2018. 
 Orientação: Prof. Dr. José Angelo Divino 
 
1. Política macroprudencial. 2. Crédito veículo. 3. Regressão. I. Divino, 
José Angelo, orient. II. Título. 
 
 
CDU 33 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço em primeiro lugar, à DEUS, já que Ele colocou pessoas tão especiais ao meu 
lado, sem as quais certamente teria sido muito mais difícil. 
A minha amada esposa, Ana Paula, por ser tão importante na minha vida. Sempre ao 
meu lado, me pondo para cima e me fazendo acreditar que posso mais que imagino. Devido ao 
seu companheirismo, amizade, paciência, compreensão, apoio, alegria e amor, este trabalho foi 
concretizado. 
Ao meu filho, Arthur, que chegou a esse mundo no meio do mestrado e me trousse 
muita felicidade e motivação para concluir essa etapa da minha vida. 
A meus pais, Roberto e Eliana, meu infinito agradecimento. Mesmo com toda 
dificuldade, nunca mediram esforços em me criar e educar, transmitindo os seus valores para 
que eu me tornasse uma pessoa digna e ética. 
A todos os professores e colegas do mestrado, especialmente, aos colegas de turma, 
Cíntia Leal, Daniel Lopes e Vivileine, aos quais pude compartilhar momentos de alegrias e 
dificuldades durante essa trajetória. 
Ao meu orientador, Dr. José Angelo Divino, muito obrigado pela atenção e auxílio na 
conclusão desse trabalho. 
Aos colegas do Banco do Brasil da Diretoria de Finanças, Fernando Sabbi, Flávio 
Alexandre, Valter Alberto, Elder, João Marcelo, Pedro, Angelo, Ricardo, Sabrina, Júlio 
e Paula, sei que estive um pouco ausente nesses últimos 2 anos por conta do mestrado, mas 
mesmo assim nunca me criticaram e sempre me apoiaram. 
Muito obrigado a todos. 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo central do trabalho, é analisar os efeitos das políticas macroprudenciais, adotadas 
pelo Brasil após a crise de 2008, sobre a concessão de crédito para financiamento de veículos 
para pessoas físicas. Serão estudadas as alterações nas exigibilidades de compulsório sobre 
depósitos a prazo e à vista, mudança na exigência de capital e alterações nas alíquotas do 
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 
Na parte empírica, será estimada uma regressão múltipla para identificar os principais 
determinantes da concessão de crédito veículo para pessoas físicas no Brasil. Será feita uma 
revisão da literatura sobre trajetória da regulação bancária de Basileia I a Basileia III, bem como 
da regulação Micro e Macroprudencial. 
 
 
Palavras-chaves: política macroprudencial. Crédito veículo. Regressão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The main objective of this study is to analyze the effects of macroprudential policies, adopted 
by Brazil after the 2008 crisis, on the granting of credit to finance vehicles for individuals. The 
changes in the compulsory liabilities on time deposits and demand deposits, changes in the 
capital requirement and changes in the Tax on Financial Transactions (IOF) and Industrialized 
Products Tax (IPI) rates will be studied. In the empirical part, a multiple regression will be 
estimated to identify the main determinants of vehicle credit for individuals in Brazil. A review 
will be made of the literature on the trajectory of banking regulation from Basel I to Basel III, 
as well as the Micro and Macroprudential regulation. 
 
 
Keywords: macroprudential policy. Vehicle credit. Regression 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Figuras e Gráficos 
FIGURA 1 - Pilares do Acordo de Basileia II .........................................................................19 
GRÁFICO 1 - Concessão de Crédito Veículo Pessoa Física ...................................................30 
GRÁFICO 2 - Alíquota compulsória deposito à Vista e a Prazo .............................................31 
GRÁFICO 3 – Séries de Dados (CONCVC, IPI e PRODAUTO) ...........................................48 
GRÁFICO 4 – Resíduos das séries ..........................................................................................52 
GRÁFICO 5 - Concessão de Crédito x Produção de Veículos: janeiro/2008 a dezembro/2010 
...................................................................................................................................................56 
GRÁFICO 6 - Concessão de Crédito x Produção de Veículos: janeiro/2012 a dezembro/2014 
...................................................................................................................................................57 
 
Lista de Tabelas 
TABELA 1 - Basileia III - Etapas de Transição ........................................................................23 
TABELA 2 - Instrumentos Macroprudenciais ..........................................................................28 
TABELA 3 - Diferenças de enfoque entre as medidas de regulação prudencial ......................29 
TABELA 4 - Alíquota do IPI Antes e Depois da Redução (Veículos Nacionais) entre 
dezembro/2008 a março/2010 ...................................................................................................33 
TABELA 5 - Requerimento Mínimo de Capital Aquisição de Veículo Circular nº 3.515 .........35 
TABELA 6 - Alíquota do IPI Antes e Depois da Redução (Veículos Nacionais) entre maio/2012 
e dezembro/2014 .......................................................................................................................38TABELA 7 - Principais Alterações Circular nº 3.714 ...............................................................38 
TABELA 8 - Principais Alterações Circular nº 3.715 ...............................................................39 
TABELA 9 – Variáveis do Modelo ...........................................................................................45 
TABELA 10 - Estatísticas descritivas das séries estudadas ......................................................46 
TABELA 11 - Resultados dos Testes de Raiz Unitária para Séries de Tempo ...........................48 
TABELA 12 - Resultados dos Testes de Raiz Unitária para Séries de Tempo com Quebra 
Estrutural ..................................................................................................................................49 
TABELA 13 - Especificação da defasagem do modelo VAR....................................................50 
TABELA 14 - Teste LM de correlação serial dos Resíduos VAR (Defasagens = 1) .................51 
TABELA 15 - Teste LM de correlação serial dos Resíduos VAR (Defasagens = 4) .................51 
TABELA 16 - Teste de cointegração de Johansen (traço) .........................................................51 
TABELA 17 - Teste de cointegração de Johansen (max. Autovalor) ........................................52 
TABELA 18 - Teste de Johansen (traço) com Quebra: Outubro/2008 e Setembro/2012...........53 
TABELA 19 - Teste de Saikkonen e Lütkepohl ........................................................................53 
TABELA 20 - Concessão de Crédito para Financiamento de Veic. Pessoa Física ....................54 
TABELA 21 - Teste LM de Breusch-Godfrey de autocorrelação serial ....................................55 
TABELA 22 - Teste de White para heterocedasticidade ...........................................................55 
TABELA 23 - Heterocedasticidade Corrigida: Erro padrão e covariância consistentes 
...................................................................................................................................................55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 12 
2 – REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................................... 15 
2.1 – Regulação Bancária .................................................................................................................. 15 
2.1.1 – Acordo de Basileia I ............................................................................................................16 
2.1.2 – Acordo de Basileia II ...........................................................................................................18 
2.1.3 – Acordo de Basileia III ..........................................................................................................21 
2.2 – Regulação Microprudencial ..................................................................................................... 23 
2.3 – Regulação Macroprudencial .................................................................................................... 25 
2.4 – Regulação Microprudencial versus Macroprudencial .............................................................. 28 
3 – O USO DAS MEDIDAS MACROPRUDENCIAIS NO BRASIL PÓS-CRISE DE 2008 .............................. 29 
3.1 – Medidas Macroprudenciais no período de 2008 a 2009 ......................................................... 30 
3.2 – Medidas Macroprudenciais no período de 2010 a 2011 ......................................................... 34 
3.3 – Medidas Macroprudenciais no período de 2012 a 2014 ......................................................... 36 
4 – METODOLOGIA ............................................................................................................................... 39 
4.1 – Testes de Raiz Unitária ............................................................................................................. 40 
4.2 – Testes de Cointegração ............................................................................................................ 41 
5 – RESULTADOS ................................................................................................................................... 43 
5.1 – Dados ........................................................................................................................................ 43 
5.2 – Testes de Raiz Unitária ............................................................................................................. 47 
5.3 – Testes de Cointegração ............................................................................................................ 49 
5.4 – Modelo de Correção de Erros (MCE) ........................................................................................ 53 
6 – CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 60 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 63 
ANEXO ................................................................................................................................................... 66 
 
 
12 
 
1 – INTRODUÇÃO 
 
A crise de 2008, que teve início nos EUA com a expansão da demanda por imóveis e a 
valorização dos preços destes até 2006, através dos empréstimos denominados hipotecas 
subprime, levou o mundo a uma grande recessão, de acordo com Torres Filho (2008). Parte 
relevante da crise foi causada pelo baixo grau de regulamentação nos mercados financeiros 
mundiais, que possibilitaram, não somente, o surgimento da crise, mas sua expansão por todo 
o mundo. 
Houve também uma grande discussão a respeito da regulação do sistema financeiro. 
Desde o final da década de 1980, existia uma certa harmonia em relação ao equilíbrio dos 
mercados financeiros, conforme Clement (2010). O acordo de supervisão e regulação até então 
vigente, tinha foco no equilíbrio da empresa individual. Caso todas estivessem em equilíbrio, o 
mercado como um todo também estaria. A questão da interconectividade entre os mercados era 
pouco explorada. Ainda de acordo com Clement (2010), a regulação e supervisão bancária era 
fundamentada em medidas microprudenciais. 
Com a crise, um grande debate sobre a regulação bancária aconteceu na academia e em 
organismos internacionais, como Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco da Inglaterra 
e o Bank of International Settlements (BIS). O quadro de regulação e supervisão dos 
intermediários financeiros foi mudando de uma orientação microprudencial para uma 
orientação macroprudencial (ou sistêmica). Consequentemente, a atenção mudou da 
estabilidade das instituições individuais para a do sistema como um todo, e de uma análise 
parcial para de equilíbrio geral. Com isso, fez-se necessário a definição de normas mais 
rigorosas a serem seguidas pelas instituições financeiras, objetivando restaurar a confiança 
destas instituições, essencialmente, no que tange a solvência e à liquidez do sistema financeiro. 
Neste contexto surgiu o Acordo de Basileia III. 
Com o agravamento da crise, muitos países, desenvolvidos e em desenvolvimento, 
fizeram uso de medidas macroprudenciais no intuito de regularizar os mercados, principalmente 
o de crédito. Essas medidas se referem a regulação e supervisão do sistema financeiro, que 
visam manter de um ambiente de estabilidade em seu sentido mais amplo, que transcende os 
agentes individuais e buscam fortalecer o sistema financeiro, combatendo seu caráter pró-
cíclico, portanto, tem um caráter sistêmico. Com elas, a autoridade monetária busca evitar e/ou 
administraros efeitos de crises financeiras. 
13 
 
Dentre as diversas medidas macroprudenciais, a que possui maior destaque por ser 
utilizada em grande parte dos países no mundo ao longo de muitos anos, são os depósitos 
compulsórios. Essa medida busca regular a liquidez e reduzir o risco no mercado de crédito. 
 No Brasil, o uso dessas medidas foi intensificado a partir de 2008, com o objetivo de 
garantir a estabilidade do sistema financeiro. Devido ao temor de uma redução na oferta de 
crédito na economia, o Banco Central realizou uma redução nos depósitos compulsórios à vista 
e a prazo e na exigibilidade adicional. Com a recuperação da economia no ano de 2010, parte 
dessas medidas foram revertidas e outras medidas macroprudenciais foram adotadas para evitar 
uma elevada expansão do crédito que colocasse em risco o sistema financeiro. No final de 2012, 
com a economia já mostrando sinais de desaquecimento, novas medidas de incentivo foram 
implementas. 
O objetivo central do trabalho, é analisar os efeitos das políticas macroprudenciais, 
adotadas pelo Brasil após a crise de 2008, sobre a concessão de crédito para financiamento de 
veículos para pessoas físicas. Serão estudadas as alterações nas exigibilidades de compulsório 
sobre depósitos a prazo e à vista, mudança na exigência de capital e alterações nas alíquotas do 
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 
Na parte empírica, será estimada uma regressão múltipla para identificar os principais 
determinantes da concessão de crédito veículo para pessoas físicas no Brasil. Será feita uma 
revisão da literatura sobre trajetória da regulação bancária de Basileia I a Basileia III, bem como 
da regulação Micro e Macroprudencial. 
Na literatura, já há alguns trabalhos empíricos sobre o assunto. Donelian (2012), por 
exemplo, analisou como as modificações realizadas nos depósitos compulsórios à vista e a 
prazo em 2008, impactaram as concessões de crédito para financiamento de veículos para 
pessoas físicas. Como resultado, o autor obteve que a redução nos compulsórios nos depósitos 
a prazo em 2008 teve um efeito estatisticamente significante no aumento da oferta nas 
operações de crédito. Ao verificar como as modificações realizadas no compulsório e no 
requerimento de capital, entre 2010 e 2011, impactaram as concessões de crédito para 
financiamento de veículos para pessoas físicas, encontrou que o aumento no compulsório 
realizado em 2010 levou a uma redução na oferta dessas operações. Ademais, o aumento no 
requerimento de capital reduziu a oferta de crédito para as operações de financiamento de 
carros, além de reduzir o prazo médio, reduzindo o risco do sistema. 
14 
 
Nessa mesma linha, Mendonça e Sachsida (2014) estudaram a demanda por crédito para 
veículos no Brasil, com base no modelo com mudança de regime tipo Markov-Switching (MS), 
no período de 2000 a dezembro de 2012. Os resultados mostraram que a demanda por 
financiamento esteve sujeita a três estados distintos. No período entre 2004 e 2008, a condição 
da economia permitiu um avanço constante e sustentável do crédito, em um ciclo de forte e 
contínua expansão que foi interrompido em com a crise financeira de 2008. Já o ciclo entre 
dezembro de 2008 e outubro de 2010, aconteceu em decorrência das políticas anticíclicas 
adotadas pelo Banco Central e pelo governo federal, com destaque para redução da base de 
recolhimento do compulsório e da alíquota do IPI. Essas providências promoveram a imediata 
expansão do crédito e levaram a um processo de formação de bolha, que culminou com a 
necessidade de introdução das chamadas medidas macroprudenciais, de modo mais incisivo a 
partir de dezembro de 2010. 
Em estudo sobre o mercado de crédito para pessoas físicas, Vartanian e Almeida (2015) 
mostraram que as medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central do Brasil em 
dezembro de 2010, caracterizada em grande parte pelo aumento das taxas de depósitos 
compulsórios exigidas dos bancos comerciais, aumentou o spread bancário no período. Isso 
ocasionou redução na concessão de crédito a pessoas físicas no primeiro trimestre de 2011. Que 
foi impactada, em razão do aumento das taxas de juros praticadas pelos bancos comerciais em 
financiamentos de longo prazo, mais especificamente os relacionados a financiamento de 
veículos e crédito consignado. 
Outros autores também avaliaram o impacto da redução do IPI sobre as vendas de 
veículos. Alvarenga et al. (2010) em estudo empírico que abrangeu o período de janeiro a 
novembro de 2009, verificou em que medida a recuperação do setor pode ser creditada à 
redução do imposto. Adotou-se um modelo econométrico de cointegração em que as vendas 
são uma função do preço, da renda e do crédito para a aquisição de veículos. O resultado do 
estudo aponta que a redução do IPI foi importante para a recuperação das vendas, sendo 
responsável por 20,7% das vendas no período analisado, mas que a concessão de crédito para a 
compra de veículos não pode ser desprezada. Da mesma forma, Franzoi (2012) analisou o 
impacto da redução do IPI dos veículos automotores, em virtude da crise financeira de 2008, e 
concluiu, por meio de uma análise exploratória de dados relacionados à venda de veículos e a 
arrecadação do IPI, que as vendas de veículos novos no ano de 2009 sofreu um aumento de 
11,35% em relação ao ano de 2008, o que mostra que a redução da alíquota do IPI dos veículos 
automotores realmente fez com que o mercado se aquecesse e as pessoas comprassem mais. 
15 
 
Como resultado da parte empírica deste trabalho, a concessão de crédito veículo para 
pessoas físicas será explicada pela taxa da operação, taxa de inadimplência com mais de 90 
dias, produção de veículos, pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e as variáveis 
macroeconômicas, taxa Selic, PIB, taxa de desemprego, Dívida Bruta do Governo Geral e a 
alíquota do depósito compulsório. De acordo com os resultados, a concessão de crédito veículo 
é impactada negativamente pela taxa das operações, inadimplência com mais de 90 dias, taxa 
Selic, desemprego e IPI. Já as variáveis produção de veículos, PIB, Dívida Bruta do Governo 
Geral e Alíquota do deposito compulsório, impactam de forma positiva a concessão de crédito. 
Apesar do aumento da Dívida Bruta do Governo Geral ter contribuído para o aumento 
da concessão do credito no período analisado, a política fiscal expansionista, que teve início na 
crise de 2008 e permaneceu até o final de 2014, gerou desequilíbrio nas contas públicas. De 
acordo com dados do Banco Central do Brasil, a dívida bateu recorde e alcançou 74,4% do PIB 
em novembro/2017. 
Tendo em vista que o tema está sempre no centro das discussões, por ser o mercado de 
veículos um setor estratégico da economia, o presente trabalho contribui para literatura ao 
estimar um modelo de concessão de crédito mais robusto, com a inclusão de novas variáveis 
macroeconômicas e microeconômicas ao modelo. 
2 – REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 – Regulação Bancária 
 
Com a evolução da atividade bancária internacional, a partir da década de 1960, 
conforme dispõe Santos (2002), passou a existir uma grande preocupação de que falhas 
existentes em um único banco, de forma localizada, em decorrência da grande expansão dos 
depósitos interbancários, se refletissem tanto no país de origem, quanto em outras instituições 
de diferentes países, por conta das relações interbancárias cada vez mais interligadas. 
As transformações sucedidas entre os anos de 1960 e 1970, que marcaram uma maior 
expansão da liquidez dos mercados mundiais, produziram um processo de liberação financeira 
mundial. Segundo Corazza (2005), a maior autonomia operacional dos bancos ampliou a 
velocidade de inovações e atividades de maior risco, bem como maior alavancagem das 
instituições, o que desencadeou uma série de crises financeiras. Os distúrbios gerados por esse16 
 
processo exigiram que a regulação evoluísse da mesma forma no sentido de defender o sistema 
financeiro de mais crises que pudessem ser transmitidas à economia real. 
Diante de uma maior necessidade de cooperação internacional para evitar novas crises, 
em 1974 foi criado o Comitê de Basileia. O Comitê foi instituído em 1975 pelo Comitê de 
Governadores dos Bancos Centrais dos países-membros do G-10. Segundo Roberts (2000), com 
as substancias distorções nos mercados bancário e monetário, o Comitê de Basileia instituiu 
regras e práticas de controle das operações bancárias, visando proteger e reforçar a estabilidade 
financeira em nível internacional. 
De acordo com Mendonça (2004), foi elaborado pelo Comitê um sistema para 
mensuração e padronização dos requerimentos mínimos de capital nos países do G-10, que 
acabou por produzir o Acordo de Basileia de 1988, Basileia I, e o estabelecimento da 
convergência internacional dos mecanismos de adequação de capital. O objetivo da 
padronização era reforçar a solidez e a estabilidade do sistema bancário internacional e 
minimizar desigualdades competitivas entre Bancos internacionalmente ativos. 
Em 1999 iniciou-se a revisão pelo Comitê da Basileia das normas do acordo de capital. 
Em 2004 foi publicado o Segundo Acordo de Capital de Basileia, Basileia II, que em essência 
buscava um aprimoramento do acordo anterior e uma medida mais precisa dos riscos incorridos 
pelas Instituições Financeiras. 
Com o advento da crise em 2008, diversas falhas do sistema de supervisão bancário 
então vigente foram expostas. De acordo com Leite e Reis (2013), as duas rodadas de regulação 
internacional, Basiléia I e II, não foram capazes de inibir as práticas arriscadas dos bancos, que 
resultaram em uma enorme crise no sistema financeiro mundial em 2008. Nesse contexto, em 
2010, foram aprovadas novas regras prudenciais para serem adotadas através de algumas fases, 
a partir de 2013 e com implementação total até 2019. Essas modificações que foram feitas no 
Acordo de Basileia II, que acrescentou regulações macroprudenciais ao seu arcabouço e 
melhorou a qualidade das exigências microprudenciais já existentes, fiou conhecido como 
Acordo de Basileia III. 
2.1.1 – Acordo de Basileia I 
 
Em julho de 1988, oficialmente denominado de International Convergence of Capital 
Measurements and Capital Standards, é criado pelo G-10 (mais Espanha) o Acordo de Basileia 
17 
 
I. Segundo Balin (2008), inicialmente o acordo foi criado para promover a harmonização de 
regulação e adequação de padrões de capital apenas nos Estados membros do Comitê de 
Basileia. Como todos os estados do G-10 são considerados mercados desenvolvidos pela 
maioria (se não todas) das organizações internacionais, os padrões estabelecidos no Acordo de 
Basileia seriam para os bancos que operam em tais mercados. 
O principal objetivo deste Acordo, como dispõe Carvalho (2005), era igualar as 
condições de concorrência entre bancos internacionais, equiparando as regras regulatórias. 
Embora não fosse o ponto central do acordo, criado especialmente para combater desigualdades 
regulatórias internacionais, os novos requerimentos de capital foram um importante passo no 
caminho de uma regulação prudencial mais robusta. 
Porém, com o decorrer dos anos, Castro (2007) explica que o Acordo se tornou uma 
importante referência, seja para países desenvolvidos ou para países em desenvolvimento. O 
acordo passou a ser aplicado a todos os bancos, independentemente de seu tamanho, de sua 
atuação (exclusivamente nacional e/ou internacional) e do fato de as instituições reguladas se 
limitarem a atividades de curto prazo (bancos comerciais) ou de atuarem em todos os segmentos 
do crédito, como o fazem os bancos múltiplos. 
De acordo com Balin (2008), o Acordo se divide em quatro pilares: 
a) A divisão do capital em “Nível I” e “Nível II”; 
b) Fator de Ponderação de Risco (FPR); 
c) Alocação mínima de capital de 8%, sendo no mínimo 4% de capital “Nível I”; 
d) Acordos de transição e de aplicação. 
Quando Basiléia I foi implementado no Brasil em 1994, a relação Capital/Fator de 
Ponderação de Risco (FPR) seguiu o padrão internacional, ou seja, era de 8%. Porém, em 1997 
foi elevada para 11%. Obviamente, quanto maior o requerimento, menor a capacidade de 
alavancar o crédito dos bancos. Isso faz com que o sistema financeiro se torne mais seguro. 
Porém, desde o seu lançamento em 1988, algumas críticas ao acordo de Basileia I já se 
tornavam evidentes. Conforme enumera Castro (2007): 
1. O pequeno número das categorias de risco preestabelecidas provou-se inadequado 
em face da diversidade das operações bancárias. O capital exigido jamais refletiu 
adequadamente os distintos perfis de risco dos ativos das instituições. 
18 
 
2. O acordo permitia operações de arbitragem entre instituições financeiras não-
reguladas e bancos. 
3. Abria possibilidade de ganhos de arbitragem (regulatory arbitrage), ao classificar 
operações com ponderações de risco diversas daquelas observadas nos mercados. Ou 
seja, havia incentivos a desalinhar a razão risco-retorno apenas para cumprir 
formalmente os requerimentos estabelecidos pelo Banco Central. 
4. Não incentivava a adoção de técnicas de mitigação de risco (hedging), uma vez que 
os colaterais e as garantias não são ponderados em sua capacidade mitigadora efetiva; 
e 
5. Não considerava avaliação de correlações entre diferentes categorias de risco. 
(CASTRO, 2007: p. 5) 
Mudanças foram feitas ao Acordo em 1996, criando-se requerimentos de capital que 
considerassem também o risco de mercado, e um novo documento começou a ser discutido, 
sendo finalizado em 2004. 
2.1.2 – Acordo de Basileia II 
 
Segundo Castro (2007), os requerimentos de capital do Acordo de Basileia I 
consideravam apenas o risco de crédito, e excluíam riscos cada vez mais importantes para o 
sistema bancário, em especial o risco de mercado. Isso foi corrigido em 1996, quando passou-
se a considerar o risco de mercado. 
Ainda de acordo com Castro (2007), os bancos passaram a empregar cada vez mais 
modelos estatísticos para apurar o risco de mercado, normalmente modelos do tipo VaR (Value 
at Risk). O VaR resume, em um número, o risco de um produto financeiro ou o risco de uma 
carteira de investimentos, de um montante financeiro. Esse número representa a pior perda 
esperada em um dado horizonte de tempo e é associado a um intervalo de confiança. O modelo 
visa quantificar o risco de mercado, ou seja, do risco de perdas monetárias decorrentes da 
variação de preços, de taxas de juros ou de taxas de câmbio. 
As críticas ao Acordo de Basileia I, conforme Balin (2008) explica, fizeram com que o 
Comitê de Basileia em 1999 apresentasse um novo acordo, formalmente conhecido como 
“Revised Framework on International Convergence of Capital Measurement and Capital 
Standards”, e informalmente como Basileia II. 
O acordo foi mais audacioso na tarefa de mitigar o risco sistêmico gerado pelos bancos. 
Segundo Leite e Reis (2013), o Acordo de Basiléia I focava no nivelamento das condições de 
concorrência entre bancos internacionalmente ativos, enquanto Basiléia II trata de riscos 
bancários, o que implica em uma análise mais particular, considerando o conjunto de riscos a 
que cada instituição financeira está exposta. 
19 
 
Para Carvalho (2005), o abandono da perspectiva tutelar da supervisão financeira 
representava um rompimento com uma tradição quase secular. Nas palavras de Carvalho 
(2005): 
O novo acordo da Basiléia, ou Basiléia II como tem sido conhecido, consagra esta 
reorientação estratégica ao estender a possibilidade do próprio banco definir e 
mensurar os riscos a que está sujeito também ao risco de crédito. (CARVALHO, 2005: 
p.23) 
Conforme Castro (2007), a visão de que as exigências de capital deveriam ser mais 
suscetíveis aos riscos efetivamente incorridos pelas instituições está no centrodas mudanças 
propostas em Basiléia II. Ainda de acordo com Castro (2007), passa-se definitivamente de uma 
estratégia de regulação tutelar para um método em que são dados incentivos às firmas para o 
controle de seus próprios riscos. 
De acordo com Balin (2008), o Acordo de Basileia II é baseado em três grandes pilares: 
i) Exigências Mínimas de Capital; ii) Supervisão Bancária e Governança; e iii) Disciplina de 
Mercado. O primeiro pilar ainda é dividido em três categorias de risco para as quais existem 
diferentes métodos de cômputo do capital regulatório: Risco de Crédito, Risco de Mercado e 
Risco Operacional. Na Figura 1 podemos observar os novos pilares de Basiléia II: 
FIGURA 1 – Acordo de Basiléia II 
 
 Fonte: Banco do Brasil: Análise do Desempenho 2T07. 
 
O primeiro pilar de Basileia “Exigências Mínimas de Capital” já era considerado em 
Basileia I, e na revisão foi incluído em seu escopo a exigência de capital para o risco operacional 
e houve modificações no cálculo do risco de crédito. O requisito mínimo de 8% do capital para 
ativos ponderados pelo risco foi mantido. 
20 
 
Conforme dispõe Leite e Reis (2013), existe a possibilidade de utilização de três 
métodos alternativos no cálculo da exposição ao risco de crédito: padronizado (Standard) e 
modelos internos de risco (IRB – Internal Ratings Aproach). Esses podem ser segmentados na 
versão básica (FIRB – fundation alinternal ratings aproach) e avançada (AIRB – advanced 
internal ratings aproach). O cerne das exigências de capital incide sobre a cobertura de perdas 
não esperadas, que devem estar adequadamente cobertas por provisões. 
Já o Risco de Mercado, segundo Castro (2007) passa a poder ser medido pelo Método 
“Padrão” ou dos “Ratings Internos”. No primeiro, a entidade reguladora define uma forma de 
cálculo simples, mas rígida, para determinar o capital exigido. Já no Método dos “Ratings 
Internos” é permitido o uso de modelos estatísticos. 
No que tange à inclusão do requerimento de capital para o risco operacional, conforme 
dispõem Leite e Reis (2013), objetivou-se, fundamentalmente, acrescentar uma prevenção 
contra possíveis perdas resultantes de erros ou falhas decorrentes de processos internos, ação 
humana, sistemas inadequados, ou ainda aquelas oriundas de eventos externos. Assim, buscou-
se uma proteção contra as fraudes internas e externas, danos a ativos físicos, problemas 
contábeis e utilização imprópria de softwares e hardwares. 
O Pilar II reafirma e fortalece a participação e o papel do regulador no processo de 
supervisão bancária, bem como a avaliação da governança de risco das instituições e como estas 
gerenciam o capital para fazer frente aos riscos incorridos. Segundo Santos (2002), estimula a 
revisão contínua da necessidade de capital mínimo disposta no Pilar I, além de possibilitar a 
opção de adoção de modelos internos pelas instituições, objetivando que a sofisticação dos 
modelos fosse adequada aos riscos incorridos por cada instituição. 
O terceiro Pilar de Basileia II, recomenda a criação de instrumentos e condições para 
reduzir o risco sistêmico gerado pela assimetria da informação, estimulando e favorecendo a 
disciplina de mercado e a transparência de informações sobre as práticas de gestão de riscos. 
Conforme dispõe Balin (2008), as divulgações de capital do banco e posição de risco assumido, 
que antes eram disponíveis apenas para os reguladores, recomenda-se agora que sejam 
divulgadas para o público em geral. 
Apesar de Basileia II ter mostrado um avanço regulatório em relação ao primeiro acordo, 
desde o seu lançamento, diversas críticas foram lançadas. Uma dessas críticas diz respeito a 
inclusão do risco operacional nos cálculos de coeficientes de capital mínimo, para o qual não 
21 
 
existem tantas séries de dados disponíveis. Outro ponto, conforme dispõe Leite e Reis (2013), 
é a sofisticação e a complexidade dos modelos de controle de risco que torna a regulação 
financeira mais custosa para a instituição supervisora e paras os bancos. Por último, a crítica 
recai sobre à natureza pró-cíclica do novo acordo. Conforme Castro (2007), já existe uma 
tendência de que em momentos expansivos do ciclo econômico ocorra uma abundância de 
crédito, seguida de contração nos momentos de baixa do ciclo, essa tendência seria, em 
princípio, reforçada pela nova regulação. 
2.1.3 – Acordo de Basileia III 
 
 A crise internacional de 2008 revelou os problemas relativos à desregulamentação 
financeira. Por todas as críticas e com a eclosão da crise, Basileia II nunca chegou a ser 
totalmente implementado. Uma das lições aprendidas com a crise, é que a regulação financeira 
não pode ser focada no individuo, é preciso reconhecer que o sistema como um todo é maior 
que a soma de suas partes. Segundo Viñals (2010), os mecanismos até então vigentes não foram 
suficientes para controlar os riscos sistêmicos. Eles devem ser complementados por uma 
estrutura macroprudencial abrangente e um conjunto de novas ferramentas para enfrentar os 
riscos sistêmicos. 
 As diretrizes do terceiro acordo de capital, Basel Committee on Banking Supervision 
(2010), Basileia III, encontram-se inclusas nos documentos do Bank of International Settements 
(BIS) divulgados em dezembro de 2010 e denominados: Basel III A global regulatory 
framework for more resilient banks and banking systems e Basel III: International framework 
for liquidity risk measurement, standards and monitoring. 
 De acordo com Leite e Reis (2013), resumidamente, os principais pontos do Acordo 
passam por: 
Reforço dos requisitos de capital próprio das instituições de crédito; aumento 
considerável da qualidade desses fundos próprios; redução do risco sistêmico e um 
período de transição que seja suficiente para acomodar essas exigências. (LEITE e 
REIS, 2013: p. 14) 
 Conforme disposto em Basel Committee on Banking Supervision (2010) e Leite e Reis 
(2013), os objetivos mais importantes no novo acordo são os seguintes: 
i) Elevar a quantidade e a qualidade de capital provisional retido pelos bancos; 
22 
 
ii) Aumentar os requerimentos mínimos de capital. O capital principal passa de 2% 
para 4,5%; 
iii) Criar um colchão de conservação de capital e de um colchão anticíclico de capital, 
ambos em 2,5% cada; 
iv) Diversificar a cobertura do risco, incorporando as atividades de trading, 
securitizações, exposições fora do balanço e derivativos; 
v) Estabelecimento de uma taxa de alavancagem para o sistema e medidas sobre 
requerimentos mínimos de liquidez, tanto para o curto Liquidity Coverage Ratio 
(LCR) quanto para o longo prazo Net Stable Funding Ratio (NSFR); 
vi) Ampliar a importância dos pilares II e III de Basileia II no processo de supervisão e 
de transparência. 
Nas palavras de Leite e Reis (2013): 
As instituições serão obrigadas a deter um volume maior de capital e ativos de alta 
qualidade para limitar os riscos que estão relacionados à concessão de crédito, bem 
como à negociação de ativos. Ainda, terão que aprimorar seus processos de 
gerenciamento de risco, disponibilizar ativos de alta qualidade (“colchões” de 
segurança), aumentar a liquidez para prover a cobertura de desencaixes em períodos 
de estresse e ampliar a transparência e disponibilidade de informações. (LEITE e 
REIS, 2013: p. 14) 
Conforme dispõe Mendonça (2012), em relação aos requerimentos de capital, estes 
passam a ser divididos da seguinte maneira: 
i) Capital de nível 1 (Tier 1 Capital): deverá ser igual a 6% de todos os ativos 
ponderados pelo risco, sendo o capital principal (Common Equity Capital) igual a 
4,5%; 
ii) Capital de nível 2 (Tier 2 Capital): é o capital extra que pode ser aprisionado para 
momentos de estresse não planejado. 
No que tange o colchão de conservação de capital e o colchão anticíclico, esses serão de 
2,5% cada. O principal objetivo é aumentar a resistência do sistema em caso de desacelerações 
e formar estoquesde capital para cobrir perdas em momentos de estresse de todo o sistema. 
Podem ser considerados como a principal modificação macroprudencial de Basiléia III. 
No que diz respeito à gestão do risco de liquidez, a experiência advinda com a crise de 
2008 mostrou que requerimentos de capital maiores são necessários, porém não suficientes, 
para a manutenção da estabilidade financeira. Esta percepção fez com que o Comitê adicionasse 
23 
 
aos instrumentos de controle da solvência das instituições, mecanismos de controle da liquidez. 
Segundo Mendonça (2012), com o objetivo de tornar os bancos mais resistentes a dificuldades 
potenciais em captações de curto prazo, assim como enfrentar os desencontros estruturais de 
prazos de suas posições ativas e passivas, foram criados dois instrumentos complementares, 
que estabelecem requerimentos mínimos quantitativos de liquidez: índice de cobertura de 
liquidez (liquidity coverage ratio - LCR) e índice de captação estável líquida (net stable funding 
ratio - NSFR). Também foi criado um índice de alavancagem, que será de 3% e deverá impedir 
que os bancos cometam excessos na concessão de empréstimos de alto risco. 
As alterações impostas pelo Comitê de Basiléia ao acordo anterior demonstraram uma 
clara preocupação com a questão do risco sistêmico. A constituição de amortecedores 
anticíclicos e índices de liquidez e alavancagem, representam a incorporação do debate sobre 
regulação prudencial ocorrido após a crise. Ao considerar um arcabouço macroprudencial 
dentro do acordo de Basiléia II, o Comitê avança na direção de uma política macroeconômica 
que seja capaz de reduzir o risco sistêmico do mercado financeiro. 
 
2.2 – Regulação Microprudencial 
 
De acordo com Clement (2010), a essência da política microprudencial é diminuir os 
riscos de bancos individuais e existe para garantir a segurança dos ativos financeiros em 
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
A partir de 
Janeiro de 
2019
Índice Mínimo de Capital Próprio 3,500% 4,000% 4,500% 4,500% 4,500% 4,500% 4,500%
Capital de Conservação 0,625% 1,250% 1,875% 2,500%
Capital Prório mais Capital de 
Conservação
3,500% 4,000% 4,500% 5,125% 5,750% 6,375% 7,000%
Mínimo de Capital Nível 1 4,500% 5,500% 6,000% 6,000% 6,000% 6,000% 6,000%
Total Mínimo de Capital 8,000% 8,000% 8,000% 8,000% 8,000% 8,000% 8,000%
Capital Mínimo Total mais Conservação 8,000% 8,000% 8,000% 8,625% 9,250% 9,875% 10,500%
Liquidity Coverage Ratio - LCR
Início do 
Período de 
Observação
Padrão 
Mínimo
Net Stable Funding Ratio - NSFR
Início do 
Período de 
Observação
Padrão 
Mínimo
Fonte: Basel Committee on Banking Supervision. Basel III: A global regulatory framework for more resilient banks and banking systems (2010: p.77)
TABELA 1 - Basileia III - Etapas de Transição
24 
 
momentos de crise. Galati e Moessner (2011) argumentam também que a regulação 
microprudencial é utilizada para impedir a falência de instituições específicas e garantir a 
sustentabilidade dessas instituições. 
A década de 1970, foi marcada por uma falta de regulação financeira em várias 
economias de grande importância. Segundo Blanchard et al. (2010), a desregulamentação 
propiciou um afastamento da regulação e supervisão como uma ferramenta macroeconômica 
sobre a alegação da irrelevância teórica da intermediação financeira, amparada pela hipótese de 
neutralidade dos preços de ativos em relação às inferências macroeconômicas. Ainda de acordo 
com Blanchard et al. (2010), a regulação e supervisão bancária passou a ser operada de forma 
individualizada em mercados financeiros específicos, ou seja, com uma visão microprudencial. 
Conforme dispõe Blanchard et al. (2010), as instituições depositárias permaneceram sob 
a supervisão e regulação microprudencial, tendo em vista que elas poderiam afetar a atividade 
econômica por meio do canal de crédito. Assim, a autoridade monetária poderia dirimir 
eventuais riscos individuais dos bancos comerciais se valendo de instrumentos clássicos de 
política monetária, como por exemplo, depósitos compulsórios e empréstimos de liquidez. 
Porém, a desregulamentação dos mercados financeiros fez com que as instituições não 
depositárias ficassem sem qualquer forma de regulação e supervisão microprudencial. 
No entendimento de Clement (2010), a regulação microprudencial conceitua que o risco 
financeiro é um processo exógeno do sistema, ou seja, não depende da atuação coletiva das 
instituições financeiras. A suposição é de que em épocas de crise, quando um banco diminui 
sua base de ativos para evitar perdas, os outros agentes econômicos não fazem o mesmo. Borio 
(2011) também sustenta que perdas acontecem individualmente e por motivos únicos não 
antevisto. Assim, contendo os efeitos de instabilidades individuais é possível manter o sistema 
estável. Como argumenta Borio (2011): 
And prudential tools were calibrated exclusively with respect to the risk profile of 
individual institutions, assessed on a stand-alone basis, regardless of their relationship 
with other institutions. For example, when Basel II was developed, capital standards 
were in principle set so as to equate the probability of failure across banks (i.e., the 
solvency standard was the same for all banks), independently of their importance for 
the system. (BORIO, 2011: p.3) 
Por considerar o risco financeiro como individual, os controles microprudenciais 
utilizados anteriormente à crise não foram suficientes para minimizar a propagação do risco 
sistêmico. Nas palavras de Paula e Saraiva (2015): 
25 
 
Esta nova estrutura regulatória e de supervisão, cujo foco era microprudencial e 
dirigida ao mercado bancário, representou a principal vulnerabilidade da política 
econômica no período pré-crise, pois nenhuma entidade governamental, na maioria 
das economias avançadas, tinha autoridade macroprudencial que lhe permitisse adotar 
medidas de redução do risco sistêmico, seja do sistema bancário, mercado de capitais 
ou principalmente no sistema bancário “sombra” (shadow bank system). (PAULA e 
SARAIVA, 2015: p.20) 
As instituições não depositárias, “Shadow Banking System”, foram as grandes 
responsáveis pela crise de 2008. Bancos de investimento, seguradoras, fundos de hedge, fundos 
de pensão e agência hipotecárias ganharam peso no sistema financeiro, embora não jogassem 
com as mesmas regras dos bancos comerciais, conforme já explicado por Blanchard et al. 
(2010). Como não eram definidas como instituições bancárias, não existia qualquer forma de 
regulação e supervisão microprudencial, embora a atuação dessas instituições era bem parecida 
com a dos bancos comerciais, podiam inclusive conceder empréstimos. 
A crise de 2008 mostrou a fragilidade dos instrumentos microprudenciais utilizados na 
busca da estabilidade financeira. Minshkin (2011) dispõe que a visão microprudencial de 
supervisão e regulação bancária, com foco nas empresas individuais, deve permanecer, embora 
sozinha não seja mais suficiente para lidar um mercado interconectado, em que falhas de 
mercado podem gerar riscos de crédito e suscitar bolhas especulativas. É preciso uma 
abordagem sistêmica na criação da regulação prudencial. 
2.3 – Regulação Macroprudencial 
 
Apesar de ter ganho notoriedade com a crise americana de 2008, o conceito 
macroprudencial não surgiu na crise. A mais antiga alusão que ter tem registro sobre o conceito, 
aconteceu em 1979 em uma reunião do “Cooke Committee”, o comitê sobre regulação e práticas 
de supervisão bancária. O encontro foi promovido pelo Bank for International Settlements 
(BIS). Conforme Clement (2010): 
It is not easy to pinpoint exactly when the term “macroprudential” was first used. BIS 
records suggest that its first appearance in an international context dates back to 1979, 
at a meeting of the Cooke Committee (the forerunner of the present Basel Committee 
on Banking Supervision, BCBS). The meeting, which took placeon 28–29 June 1979, 
discussed the potential collection of data on maturity transformation in international 
bank lending. (CLEMENT, 2010: p.1) 
As autoridades estavam cada vez mais preocupadas com a estabilidade macroeconômica 
e financeira, devido ao ritmo acelerado de empréstimos para países em desenvolvimento. A 
estabilidade financeira começava a ganhar novo contorno, mudando do estado de saúde 
financeira de agentes econômicos autônomos para um sistema integrado. De acordo com 
26 
 
Clement (2010), esse processo teve início com a alta taxa de crescimento de empréstimos para 
países com baixo crescimento econômico durante a década de 1970. 
Uma segunda aparição do termo "macroprudencial", está em um documento produzido 
pelo Banco da Inglaterra. O documento, com data de outubro de 1979, examina o uso de 
medidas prudências como uma das formas de restringir os empréstimos para os países em 
desenvolvimento. Clement (2010) reproduziu esse documento: 
Prudential measures are primarily concerned with sound banking practice and the 
protection of depositors at the level of the individual bank. Much work has been done 
in this area – which could be described as the ‘micro-prudential’ aspect of banking 
supervision. […] However, this micro-prudential aspect may need to be matched by 
prudential considerations with a wider perspective. This ‘macro-prudential’ approach 
considers problems that bear upon the market as a whole as distinct from an individual 
bank, and which may not be obvious at the micro-prudential level. (CLEMENT, 2010: 
p.3) 
 Segundo Clement (2010), a política macroprudencial tem como principal objetivo a 
redução do risco sistêmico, fazendo com que os choques financeiros não se propaguem para a 
economia real. Deve-se impedir que os ciclos econômicos sejam potencializados e espalhem-
se para a economia real, afetando serviços essenciais. Esse risco não pode ser considerado 
apenas pelo agregado dos riscos de bancos individuais em um dado momento, pois é 
potencializado endogenamente pela interdependência entre os agentes financeiros em diversos 
pontos no tempo. 
 Galati e Moessner (2011) dispõem que a literatura separou os instrumentos 
macroprudenciais em dois grupos: os voltados para a dimensão temporal e os orientados para a 
dimensão cross-section. A dimensão da série temporal capta a evolução do risco ao longo do 
tempo, ou seja, a pró-ciclicidade do risco. Conforme Borio (2011), a fragilidade financeira 
aumenta e se propaga em momentos de boom do ciclo, ampliando o mecanismo de ligação entre 
o sistema financeiro e o produtivo. Esta fragilidade se acumula por períodos subsequentes e é 
altamente pró-cíclica, tornando a economia mais suscetível a choques. Segundo IMF (2011), 
durante a fase expansão econômica, a pró-ciclicidade torna o sistema financeiro e a economia 
mais vulnerável a choques, tanto endógenos como exógenos. A acumulação desse risco 
aumenta a probabilidade de crise financeira. 
 Já a dimensão cross-section, de acordo com IMF (2011), reflete a distribuição de risco 
no sistema financeiro em um determinado momento. Se a dimensão temporal configura o 
mecanismo desestabilizador em movimento, a cross-section proporciona um maior ímpeto e 
27 
 
amplia o impacto das dificuldades financeiras. O processo de contaminação depende do 
tamanho das instituições e do nível de exposição que as mesmas possuem entre si, fazendo com 
o risco agregado, mesmo que pequeno, seja repassado direta e indiretamente para todo o 
sistema. Nas palavras do IMF (2011): 
Linkages could arise due to intra-firm exposures (assets, funding) or their 
vulnerability to common shocks that create prime channels of contagion through 
spillovers between institutions. These direct and indirect linkages expose all firms to 
cascading effects of the risk of solvency or liquidity event in any one firm, leading to 
system-wide liquidity squeeze and runs, as well as fire-sales. (IMF, 2011: p. 8/9) 
Um ponto de discórdia em relação as políticas macroprudenciais se refere a forma mais 
eficiente de medir o risco sistêmico. Segundo IMF (2011), a definição do risco é extremamente 
abrangente e depende das condições de cada mercado. Porém, a crise de 2008 mostrou que 
existe uma variedade de canais de transmissão pelos quais a instabilidade financeira atinge a 
economia real e torna-se difícil escolher índices que avaliem todas as possiblidades. A ausência 
de longas e extensas séries de dados também é um empecilho nesta escolha. 
Segundo Borio (2010), existe também uma certa dificuldade em calibrar políticas 
baseadas apenas em índices quantitativos. Por conseguinte, instituições tais como o Fundo 
Monetário Internacional (FMI) e o Comitê de Basiléia recomendam que decisões de política 
macroprudencial sejam analisadas considerando-se também relatórios feitos pelo mercado. A 
instabilidade do sistema também aumenta a dificuldade de antecipação do risco. Conforme IMF 
(2011), o resultado é que muitas das decisões que concernem ao uso de políticas 
macroprudenciais possuem aspecto discricionário. 
Ainda de acordo com IMF (2011), uma clara delineação de instrumentos prudenciais 
como “micro” ou “macro”, é difícil, pois os mesmos instrumentos podem servir a múltiplos 
objetivos, dependendo de como eles são usados. Um bom exemplo é o capital contingencial, 
que se aplicado a todos os bancos e se ativado antes de um evento sistêmico seria 
microprudencial; se for aplicado sistemicamente a instituições importantes seria 
macroprudencial; e se for ativado em resposta a um evento sistêmico seria uma ferramenta de 
gestão de crises. Um resumo completo dos instrumentos macroprudenciais pode ser visto na 
Tabela 2, classificando-os de acordo com qual dimensão do risco buscam afetar. 
28 
 
 
2.4 – Regulação Microprudencial versus Macroprudencial 
 
Segundo Borio (2011) a abordagem microprudencial da regulação e supervisão 
financeira que prevalecia antes da crise de 2008 é melhor capturado pelo lema: "todo o sistema 
financeiro é sólido se somente se cada instituição for sólida”. A instituição individual é o ponto 
de partida e o ponto final da abordagem. 
Em contraste com a abordagem microprudencial, a regulação e supervisão 
macroprudencial tem como foco todo o sistema. Conforme Borio (2011), seu objetivo é limitar 
o risco de crises financeiras com graves consequências para a economia real (risco sistémico). 
Fonte: IMF 2011: p.23
TABELA 2 - Instrumentos Macroprudenciais
v) Provisão dinâmica;
vi) Testes de estresse VaR usados para criar 
colchões de garantia em momentos de boom;
vii) Reescalonamento da ponderação de risco, 
incorporando condições de recessão na 
probabilidade de default.
i) Empoderamento da autoridade regulatória para que possa 
desmantelar firmas financeiras por motivos sistêmicos;
ii) Encargos de capital para contas a pagar em derivativos;
iii) Prêmios de risco sensível ao risco sistêmico para 
depósitos;
iv) Restrições nas atividades permitidas.
v) Sobretaxas dinâmicas de liquidez.
Categoria 2. Instrumentos Recalibrados
i) Tetos máximos dinâmicos para Loan-To-Value 
(LTV), Debt-To-Income (DTI) e Loan-To-Income 
(LTI);
ii) Limites dinâmicos para defasagem cambial ou 
exposições;
iii) Limites dinâmicos para a proporção entre 
empréstimos e depósitos;
iv) Tetos e limites para o estoque de crédito ou o 
seu crescimento;
Categoria 1. Instrumentos desenvolvidos especificamente para mitigar riscos sistêmicos
iii) Taxas para operações não-essenciais;
iv) Mudanças contra-cíclicas na ponderação do 
risco para certos setores da economia;
i) Sobretaxas sistêmicas de capital;
ii) Sobretaxas sistêmicas de liquidez;
iii) Taxas para operações não-essenciais;
iv) Encargos de capital mais elevados para comércios não 
compensados através de CCPs.
Ferramentas
Dimensão Temporal Dimensão Transversal (cross-section )
Dimensões do Risco
ii) Margens de valorização para derivativos e 
contratosde reporte;
i) Colchões de capital contra-cíclicos;
29 
 
A crise financeira de 2008 provocou uma grande reavaliação das políticas para a 
estabilidade financeira. O quadro de regulação e supervisão dos intermediários financeiros foi 
mudando de uma orientação microprudencial para uma orientação macroprudencial (ou 
sistémica). Consequentemente, a atenção mudou da estabilidade das instituições individuais 
para a do sistema como um todo, e de uma análise parcial para de equilíbrio geral. Na Tabela 3 
são diferenciadas as políticas prudenciais em duas dimensões, macro e micro. Evidencia-se a 
diferença entre objetivos, escopo e instrumentos de cada abordagem. 
 
3 – O USO DAS MEDIDAS MACROPRUDENCIAIS NO BRASIL PÓS-CRISE DE 
2008 
 
Com a crise financeira de 2008, as medidas macroprudenciais passaram a ser utilizadas 
por diversos bancos centrais. No Brasil, o uso dessas medidas foi intensificado a partir de 2008, 
na tentativa de aperfeiçoar o sistema regulatório e reduzir a probabilidade de riscos sistêmicos 
na economia. De acordo com Oliveira et al. (2016), tinham também a incumbência de auxiliar 
na condução da política monetária, fazendo com que os preços convergissem para o centro da 
meta de inflação. No Brasil, como o Banco Central faz o papel de regulador e autoridade 
monetária, essas funções podem acabar se misturando. 
O período foi marcado por uma forte reversão no fluxo de capitais para os países 
emergentes. Isso ocasionou uma redução da liquidez no mercado de crédito. O receio de uma 
contração no mercado de crédito, fez com que o Banco Central (BC) diminuísse a alíquota dos 
Objetivo Inicial
Objetivo Final
Caracterização do 
risco
Correlações e 
exposições comum 
entre instituições
Calibragem dos 
controles 
Prudenciais
Fonte: Borio 2011: p.8
Endógeno ao sistema financeiro (depende do 
comportamento coletivo dos agentes em seu 
processo dinâmico de interação)
Exógeno (independe do comportamento dos 
agentes)
Importante Irrelevante
Sistêmica – de cima para baixo (top-down) Individual – de baixo para cima (bottom-up)
MACROPRUDENCIAL MICROPRUDENCIAL
Reduzir o risco de quebras de instituições 
individuais.
TABELA 3 - Diferenças de enfoque entre as medidas de regulação prudencial
Reduzir os custos macroeconômicos das 
crises
Garantir a segurança dos consumidores de 
serviços financeiros e dos investidores.
Limitar crises financeiras sistêmicas
30 
 
depósitos compulsórios à vista e a prazo e a exigibilidade adicional. A crise gerou, também, 
uma concentração de depósitos em instituições de grande porte, o que poderia levar à 
insolvência instituições de menor porte. Para isso, o BC criou incentivos para que as grandes 
instituições comprassem ativos das pequenas, elevando a liquidez destas. 
A melhora da economia brasileira em 2010, fez com que o Banco Central iniciasse um 
processo gradual de retirada dos estímulos introduzidos para minimizar os efeitos da crise 
financeira internacional de 2008. Além disso, o temor de que a expansão do crédito colocasse 
em risco o sistema financeiro levou o Banco Central a fazer uso de novas medidas 
macroprudenciais, porém agora restritivas. 
Em 2012, com a economia mostrando sinais de fraqueza, o Banco Central reverteu as 
medidas restritivas impostas anteriormente, e novamente fez uso das medidas macroprudenciais 
de estimulo a economia. 
3.1 – Medidas Macroprudenciais no período de 2008 a 2009 
 
 O processo de expansão do crédito, iniciado em meados de 2003, foi interrompido com 
a deflagração da crise internacional em setembro de 2008. O Gráfico 1 apresenta o 
comportamento das concessões de crédito com recursos livres para aquisição de veículos para 
pessoas físicas na economia brasileira, entre 2000 e 2010. 
 
 
Segundo Freitas (2009), os bancos enfrentaram crescente dificuldade em renovar suas 
linhas de crédito externas durante o ano de 2008. Porém, com a falência do Lehman Brothers, 
Fonte: Banco Central 
 
C
o
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 R
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M
M
 
31 
 
ocorreu uma suspensão na concessão de crédito com recursos externos no mercado doméstico, 
afetando seriamente o financiamento do comércio exterior brasileiro e exigindo providências 
do governo brasileiro para assegurar o fornecimento de recursos para essa atividade. 
 A crise de liquidez atingiu em cheio as instituições de pequeno e médio porte no Brasil. 
Conforme dispõe Freitas (2009): 
Os bancos pequenos e médios foram os mais afetados pelo “empoçamento” da 
liquidez, pois não dispunham de uma ampla base de depositantes e dependiam da 
captação de recursos no interbancário e da cessão de crédito para dar continuidade às 
suas operações ativas. Como os grandes bancos pararam de adquirir carteiras de 
financiamento de veículos e de crédito consignado originados pelos bancos menores, 
as concessões de crédito nesses segmentos do mercado foram fortemente afetadas. 
(FREITAS, 2009: p.9) 
A reação do Banco Central para aumentar a liquidez do sistema financeira brasileiro e 
proporcionar uma melhor distribuição desses recursos entre as instituições financeiras, foi 
mudar a política de recolhimento compulsório, flexibilizando-a logo depois da deflagração crise 
de 2008. Assim, conforme dispõem Oliveira et al. (2016), o Banco Central buscou atacar o 
“empoçamento” de liquidez que se criou no mercado interbancário após a falência do Lehman 
Brothers. O Gráfico 2 mostra a flexibilização das alíquotas dos compulsórios em 2008. 
 
Segundo Cavalcanti e Vonbun (2013), a flexibilização do compulsório tinha como 
objetivo liberar recursos para as instituições financeiras, principalmente as de menor porte, e 
estimular as concessões de crédito ao setor privado. Ainda segundo Cavalcanti e Vonbun (2013) 
e Oliveira e Wolf (2016), tivemos as seguintes medidas no compulsório: 
i) O cancelamento do aumento previsto da alíquota sobre depósitos 
interfinanceiros de sociedades de arrendamento mercantil, mantendo-a em 15%, 
em vez de aumentá-la para 20%; 
Fonte: Banco Central 
 
32 
 
ii) Redução da alíquota sobre os depósitos de poupança rural, de 20% para 15%, 
bem como sobre os depósitos à vista, de 45% para 42% em outubro; 
iii) No depósito compulsório adicional, a dedução sobre a exigibilidade foi elevada 
de R$ 100 milhões para R$ 300 milhões e, depois, para R$ 1 bilhão para os 
depósitos à vista, a prazo e de poupança; 
iv) Redução da alíquota adicional de recolhimento sobre recursos à vista, de 8% 
para 5% em outubro, e dos depósitos a prazo, de 8% para 5% em outubro, e 4% 
em dezembro; e 
v) A dedução sobre a exigibilidade dos depósitos a prazo passou de R$ 300 milhões 
para R$ 700 milhões e, depois, para R$ 2 bilhões. 
Essas medidas, de cunho macroprudencial, tiveram o objetivo de combater o risco 
sistêmico causado pela crise financeira de 2008 e que poderiam atingir desfavoravelmente a 
concessão de crédito no Brasil, o que causaria danos para a economia real. 
Donelian (2012) em estudo empírico, analisou como as modificações realizadas nos 
depósitos compulsórios à vista e a prazo em 2008, impactaram as concessões de crédito para 
financiamento de veículos para pessoas físicas. Como resultado, o autor obteve que a redução 
nos compulsórios nos depósitos a prazo em 2008 teve um efeito estatisticamente significante 
no aumento da oferta nas operações de crédito. 
Diferentemente do presente trabalho em que serão analisadas algumas séries temporais 
sem considerar mudança de regime, Mendonça e Sachsida (2014) estudaram a demanda por 
crédito para veículos no Brasil, com base no modelo com mudança de regime tipo Markov-
Switching (MS), no período de 2000 a dezembro de 2012. No estudo a concessão de crédito 
para veículos foi explicada pelas seguintes variáveis: taxa média de financiamento, índice de 
preço de veículos, prazo de financiamento e taxa de desemprego. 
Os resultados mostraram que a demanda por financiamento esteve sujeita a três estados 
distintos.No período entre 2004 e 2008, a condição da economia permitiu um avanço constante 
e sustentável do crédito, em um ciclo de forte e contínua expansão que foi interrompido em 
com a crise financeira de 2008. Já o ciclo entre dezembro de 2008 e outubro de 2010, aconteceu 
em decorrência das políticas anticíclicas adotadas pelo Banco Central e pelo governo federal. 
Entre elas, pode-se destacar a redução da base de recolhimento do compulsório e da alíquota 
do IPI. Essas providências promoveram a imediata expansão do crédito e levaram a um 
33 
 
processo de formação de bolha, que culminou com a necessidade de introdução das chamadas 
medidas macroprudenciais, de modo mais incisivo a partir de dezembro de 2010. 
 Dada a importância da indústria automobilística nos encadeamentos produtivos sobre 
outros setores1, o governo usou outras medidas para estimular o mercado de veículos que 
tiveram imediata repercussão no mercado de crédito, como a diminuição da alíquota do Imposto 
sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos automotores que vigorou de 
dezembro/2008 a março/2010. 
 
Alvarenga et al. (2010) em estudo empírico analisou o impacto da redução do IPI sobre 
as vendas de veículos no período de janeiro a novembro de 2009, com o propósito de verificar 
em que medida a recuperação do setor pode ser creditada à redução do imposto. Adotou-se um 
modelo econométrico de cointegração em que as vendas são uma função do preço, da renda e 
do crédito para a aquisição de veículos. O resultado do estudo aponta que a redução do IPI foi 
importante para a recuperação das vendas, sendo responsável por 20,7% das vendas no período 
analisado, mas que a concessão de crédito para a compra de veículos não pode ser desprezada. 
Em outro estudo, Franzoi (2012) analisou o impacto da redução do IPI dos veículos 
automotores, em virtude da crise financeira de 2008, e concluiu, por meio de uma análise 
exploratória de dados relacionados à venda de veículos e a arrecadação do IPI, que as vendas 
de veículos novos no ano de 2009 sofreu um aumento de 11,35% em relação ao ano de 2008, o 
que mostra que a redução da alíquota do IPI dos veículos automotores realmente fez com que 
o mercado se aquecesse e as pessoas comprassem mais. 
 
1 De acordo com Casotti e Goldenstein (2008), a indústria automobilística tem enorme relevância na economia 
mundial, movimentando cerca de US$ 2,5 trilhões1 por ano. Por causa desses valores e de seu forte efeito 
multiplicativo, atribui-se a ela 10% do PIB dos países desenvolvidos. Os números de consumo de matéria-prima 
não são menos impressionantes. Estima-se que 50% do total de borracha, 25% do total de vidro e 15% do total de 
aço produzidos no mundo se destinem a essa indústria. 
Mês/Ano Cilindradas
Antes da 
Redução
Depois da 
Redução
Até mil (1.0) 7% 0,0%
De mil (1.0) a duas mil (2.0) álcool e biocombustível 11% 5,5%
De mil (1.) a duas mil (2.0) gasolina 13% 6,5%
Veículos utilitários 4% 1,0%
Fonte: Wilbert et al. 2014: p. 7
TABELA 4 - Alíquota do IPI Antes e Depois da Redução (Veículos Nacionais)
Dezembro/2008 a Março/2010
Dezembro/2008 a Março/2010
34 
 
Outra medida de estímulo a concessão de crédito foi a redução, em dezembro de 2008 
por meio do Decreto nº 6.691, da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 
0,0082% ao dia para 0,0042% ao dia. 
3.2 – Medidas Macroprudenciais no período de 2010 a 2011 
 
 Após a melhora do cenário internacional e o efeito positivo das medidas tomadas em 
resposta à crise de 2008, a expansão do crédito voltou a acelerar. Em fevereiro de 2010, a fim 
de reduzir os riscos dessa expansão de crédito, foram editadas medidas macroprudenciais para 
recompor o montante de recolhimentos compulsórios sobre os depósitos a níveis pré-crise. O 
comunicado do Banco Central (2010) dispõe do seguinte teor: 
Dando continuidade à reversão das medidas anticrise adotadas a partir de outubro de 
2008, o Banco Central do Brasil divulgou alterações no recolhimento sobre recursos 
a prazo e na exigibilidade adicional sobre depósitos. A medida tem por objetivo alterar 
a liquidez do sistema financeiro, se antecipando a boas práticas prudenciais 
internacionais. Em setembro de 2008, o montante de compulsório era de R$ 257 
bilhões. As medidas adotadas durante a crise liberaram R$ 99,8 bilhões, ajudando a 
mitigar a escassez de crédito e a melhorar sua distribuição para bancos médios e 
pequenos. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 24/02/2010. 
http://www.bcb.gov.br/textonoticia.asp?codigo=2461&idpai=NOTICIAS) 
 Segundo Cavalcanti e Vonbun (2013), tivemos as seguintes medidas no sistema de 
compulsório: 
i) Foram restabelecidas em 8% as alíquotas de recolhimento sobre recursos à vista e a 
prazo referentes à exigibilidade adicional, que, em 2008, haviam sido reduzidas para 
5% e 4%, respectivamente; 
ii) O limite do recolhimento sobre recursos a prazo passível de dedução com operações 
de aquisição de ativos e realização de depósitos interfinanceiros foi reduzido de 70% 
para 45%; 
iii) A alíquota de recolhimento sobre recursos a prazo voltou a ser de 15%; 
iv) As deduções, tanto da exigibilidade adicional, quanto da exigibilidade referente ao 
recolhimento de recursos a prazo, passaram a depender do porte da instituição, sendo 
de R$ 2 bilhões para as instituições “pequenas” – com patrimônio de referência até 
R$ 2 bilhões –, de R$ 1,5 bilhão para as instituições “médias” – com patrimônio de 
referência entre R$ 2 bilhões e R$ 5 bilhões – e nulas para as instituições “grandes” 
– com patrimônio de referência acima de R$ 5 bilhões; e 
v) Ambos os recolhimentos sobre recursos a prazo e o recolhimento referente à 
exigibilidade adicional passaram a ser efetuados exclusivamente em espécie, com 
35 
 
remuneração pela taxa Selic, e a ter como limite de isenção o valor de R$ 500 mil, 
em vez de R$ 10 mil. 
O Banco Central adotou novas medidas em dezembro de 2010. Essas medidas, 
consistiam, principalmente, no aumento da taxa dos recolhimentos compulsórios e dos 
requerimentos mínimos de capital para determinados tipos de empréstimos. Conforme Prates e 
Cunha (2012), houve uma elevação do adicional do compulsório sobre depósitos à vista e a 
prazo, em vigor desde 2002, de 8% para 12%. No que tange o requerimento mínimo de capital, 
a Circular 3.515 de dezembro de 2010 estabeleceu o seguinte: aumento do Fator de Ponderação 
de Risco (FPR) de 100% para 150% nas operações de empréstimos consignados com prazo 
superior a 36 meses e para as demais operações de crédito às pessoas físicas com prazo superior 
a 24 meses, com as seguintes exceções: operações de crédito rural; financiamento habitacional; 
financiamento de veículos de carga; e, no caso de financiamento de veículos automotores, 
conforme a tabela abaixo: 
 
Conforme Dawid e Takeda (2011), a majoração dos requerimentos mínimos de capital, 
tiveram como objetivo reduzir o prazo do crédito pessoal e do financiamento de veículos para 
pessoas físicas. 
Os requerimentos mínimos de capital foram alterados pela Circular 3.563 de novembro 
de 2011. Para as operações de financiamento de veículos leves para pessoas físicas passariam 
a ser considerados a existência de garantia e o prazo de financiamento. Além disso, foi 
introduzido um novo FPR, de 150% e mantido o FPR de 300%, conforme abaixo: 
a. FPR de 150% para as operações de financiamento de veículos leves para pessoas físicas, 
com garantia e prazo entre 24 e 60 meses; 
Prazo FPR = 150% FPR = 300%
24 a 36 meses Entrada maior ou igual a 20% Entrada inferior a 20%
37 a 48 meses Entrada maior ou igual a 30% Entrada for inferior a 30%
49 a 60 meses Entrada maior ou igual a 40% Entrada for inferior a 40%
Maior que 60 
meses
----------------------------- Independentemente da entrada
Fonte: Circular nº 3.515 de dezembro de 2010.
TABELA 5 - Requerimento Mínimo de Capital Aquisição de Veículo
Circularnº 3.515
36 
 
b. FPR de 300% par as operações de financiamento de veículos leves para pessoas físicas, 
sem garantia ou com prazo superior a 60 meses. 
Donelian (2012) analisou como as modificações realizadas no compulsório e no 
requerimento de capital, entre 2010 e 2011, impactaram as concessões de crédito para 
financiamento de veículos para pessoas físicas. Como resultados, verificou que o aumento no 
compulsório realizado em 2010 levou a uma redução na oferta dessas operações. Ademais, o 
aumento no requerimento de capital reduziu a oferta de crédito para as operações de 
financiamento de carros, além de reduzir o prazo médio, reduzindo o risco do sistema. 
Em outro estudo, Vartanian e Almeida (2015) mostraram que as medidas 
macroprudenciais adotadas pelo Banco Central do Brasil em dezembro de 2010, caracterizada 
em grande parte pelo aumento das taxas de depósitos compulsórios exigidas dos bancos 
comerciais, aumentou o spread bancário no período, e causou uma redução do nível de 
concessão de crédito a pessoas físicas no primeiro trimestre de 2011, em razão do aumento das 
taxas de juros praticadas pelos bancos comerciais em financiamentos de longo prazo, mais 
especificamente os relacionados a financiamento de veículos e crédito consignado. 
Outras duas medidas macroprudenciais impactaram diretamente o financiamento de 
veículos leves para pessoas físicas. Em abril de 2010, o IPI sobre veículos automotores voltou 
a ser cobrado integralmente. E em abril de 2011 por meio do Decreto nº 7.458, o IOF sobre 
operações de crédito para pessoas físicas foi elevado de 0,0041% ao dia para 0,0082% ao dia. 
Contudo, em dezembro de 2011 pelo Decreto nº 7.632, com o Brasil já sofrendo os efeitos de 
uma deterioração do cenário internacional, o IOF foi reduzido para 0,0068% ao dia. 
3.3 – Medidas Macroprudenciais no período de 2012 a 2014 
 
Em meio à turbulência dos mercados internacionais, sobretudo com a crise da zona do 
euro, o governo brasileiro já no final de 2011 voltou a adotar medidas de estímulo à economia. 
O Banco Central flexibilizou a condução da política monetária, reduziu a taxa básica de juros 
da economia e estimulou o consumo. O governo esperava uma retomada da atividade 
econômica via mercado interno, alongando e barateando as linhas de crédito, com o aumento 
do consumo e do investimento. 
Com isso, parte das medidas que tinham sido adotadas em 2010 e 2011 para conter a 
expansão do crédito, começaram a ser desfeitas. A Circular nº 3.563 de novembro de 2011, 
37 
 
revogou a exigência de capital adicional para as operações de empréstimo ao consumo com 
prazo máximo de sessenta meses, passou de um Fator de Ponderação de Risco (FPR) de 150% 
para um FPR de 100%. Ficou excluído também da exigência adicional de capital, o 
financiamento de veículo automotor com prazo contratual de até sessenta meses. Em dezembro 
de 2011, conforme já mencionado na seção anterior, por meio do Decreto nº 7.632, o governo 
reduziu o IOF sobre operações de crédito para pessoas físicas, de 0,0082% ao dia para 0,0068% 
ao dia. Nesse primeiro momento, o governo manteve inalteradas as medidas relativas aos 
recolhimentos compulsórios sobre os depósitos à vista e a prazo feitos pelos bancos. 
Em maio de 2012, o Banco Central do Brasil, por meio da Circular nº 3.594, promoveu 
alteração na regra do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo. Segundo o próprio 
Banco Central (2012), isso permitiria que as instituições financeiras utilizassem 
aproximadamente R$ 18 bilhões a mais na realização de novas operações de crédito para 
financiamento de automóveis e de veículos comerciais leves, montante que representa cerca de 
10% do total de crédito concedido ao segmento. Por ser um setor estratégico da economia, o 
governo conferia novos estímulos ao financiamento de veículos. De acordo com o Banco 
Central (2012): 
Essa medida, além de conferir maior dinamismo a um importante segmento da 
economia, tem como objetivo criar melhores condições para que as instituições 
financeiras possam adotar políticas de concessão de crédito anticíclicas, sem, contudo, 
comprometer os requisitos prudenciais. (BANCO CENTRAL, 21/05/2012) 
 Em conjunto com a redução do compulsório, em maio de 2012 o governo também 
reduziu, pela segunda vez, o IPI para compra de carros. Inicialmente a medida seria válida até 
31 de agosto do mesmo ano, mas foi prorrogado por diversas vezes até dezembro de 2014. 
Segundo o Ministério da Fazenda (2012), essa medida beneficiaria um setor estratégico da 
economia e que foi diretamente afetado pelo agravamento da crise internacional. Seria mais 
uma medida para garantir a continuação do crescimento econômico num momento de crise 
internacional. 
38 
 
 
O governo também reduziu, em maio de 2012 por meio do Decreto nº 7.726, o IOF para 
todas as operações de crédito de pessoas físicas, de 0,0068% ao dia para 0,0041% ao dia. Essa 
medida vigorou até janeiro de 2015, quando o governo voltou a aumentar a alíquota do IOF 
para 0,0082% ao dia. 
Nos anos de 2013 e 2014, o governo promoveu uma série de ajustes no nível de capital 
requerido das instituições financeiras, com impacto direto nas operações de financiamento de 
veículos. A Circular nº 3.714 de agosto de 2014, alterou os critérios relativos ao requerimento 
mínimo de capital das operações de varejo, em complemento à Circular nº 3.711 de julho de 
2014, alterando os parâmetros de identificação de clientes, extinguindo os Fatores de 
Ponderação de Risco (FPR) de 150% e 300% e reestabelecendo o FPR de 75% para todas as 
operações de crédito de varejo (financiamento de veículos é classificado com crédito de varejo), 
independentemente do prazo. 
 
Mês/Ano Cilindradas
Antes da 
Redução
Depois da 
Redução
Até mil (1.0) 7% 0,0%
De mil (1.0) a duas mil (2.0) álcool e biocombustível 11% 5,5%
De mil (1.) a duas mil (2.0) gasolina 13% 6,5%
Veículos utilitários 4% 1,0%
Até mil (1.0) 7% 2,0%
De mil (1.0) a duas mil (2.0) álcool e biocombustível 11% 7,0%
De mil (1.) a duas mil (2.0) gasolina 13% 8,0%
Veículos utilitários 4% 2,0%
Até mil (1.0) 7% 3,5%
De mil (1.0) a duas mil (2.0) álcool e biocombustível 11% 9,0%
De mil (1.) a duas mil (2.0) gasolina 13% 10,0%
Veículos utilitários 4% 3,0%
Fonte: Wilbert et al. 2014: p. 7
Maio/2012 a Dezembro/2014
Abril/2013 a Dezembro/2014
Janeiro/2013 a Março/2013
TABELA 6 - Alíquota do IPI Antes e Depois da Redução (Veículos Nacionais)
Maio/2012 a Dezembro/2012
Itens Regra Anterior (Circ. 3.644/3.711) Nova Regra (Circ. 3.714)
Endividamento: Endividamento:
PF: R$ 600 mil PF: R$ 1.500 mil
PJ: R$ 1.500 mil PJ: R$ 3.000 mil
Faturamento: Faturamento:
PJ: R$ 3.600 mil PJ: R$ 15.000 mil
Abaixo de 60 meses = FPR de 75% Consignado Público Federal = FPR de 50%
Acima de 60 meses = FPR de 150% Demais Consignados = FPR de 75%%
Entre 36 e 60 meses = FPR de 150%
Acima de 60 meses = FPR de 300%
Fonte: Circular n° 3.714 de agosto de 2014.
Classificação de Varejo (FPR de 75%)
Crédito Consignado
Crédito não Consignado FPR de 75% para todos os prazos
TABELA 7 - Principais Alterações Circular nº 3.714
39 
 
No que tange a Circular nº 3.715 de agosto de 2014, essa alterou o limite de dedução de 
50% para 60% da exigibilidade bruta, a partir do período de cálculo de 25/08/2014 a 29/08/2014 
e a parcela de remuneração do recolhimento compulsório de 50% para 40%. Além disso, 
estabelece regras para dedução de novas operações de veículos considerando as contratadas 
durante todo o primeiro semestre de 2014, excluídas as renovações. Na tabela abaixo estão 
resumidas as principais alterações provocadas pela Circular nº 3.715. 
 
Conforme explica Oliveira e Wolf (2016), as medidas adotadas desde 2012, acabaram 
não surtindo o efeito desejado. O cenário de deterioração das condições econômicas, diminuiu 
consideravelmente a capacidade de contração de dívidas por parte das famílias. Elas cada vez 
mais se tornavam endividadas,

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