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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS Pró-Reitoria Acadêmica Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Mestrado Profissional em Políticas Públicas Trabalho de Conclusão de Curso ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA TAXA DE JUROS PARA O SEGMENTO DE PESSOA JURÍDICA E O PAPEL DE REGULADOR ECONÔMICO DO BANCO DO BRASIL Autor: Daniel Rocha Sobrinho Orientador: Professor Dr. José Angelo Divino Brasília - DF 2021 1 Daniel Rocha Sobrinho ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA TAXA DE JUROS PARA O SEGMENTO DE PESSOA JURÍDICA E O PAPEL DE REGULADOR ECONÔMICO DO BANCO DO BRASIL Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional de Políticas Públicas da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Políticas Públicas. Orientador: Professor Dr. José Angelo Divino Brasília 2021 2 3 4 RESUMO No Brasil, apesar de recentes diminuições históricas nas taxas básicas da economia, verificou-se que as taxas médias de juros praticadas no mercado bancário brasileiro permanecem elevadas, principalmente quando se observa o mercado de pessoa jurídica de micro, pequenas e médias empresas. Partindo de um contexto onde se observa um setor com alta concentração, como o segmento bancário, mas com a participação relevante de um Banco público, o Banco do Brasil, o objetivo deste trabalho é analisar o comportamento das principais variáveis que influenciam a taxa de juros média praticada para o segmento de Pessoa Jurídica e verificar, por meio de estimação em um modelo econométrico, se a destinação do volume de crédito voltado para o segmento de atacado PJ (Grandes empresas) fosse direcionado em sua totalidade para o segmento de Micro, Pequenas e Médias empresas, poderia ser uma alternativa para baixar as taxas praticadas atualmente, via aumento de oferta, reforçando o papel de regulador econômico do Banco do Brasil. Para esse fim, foi coletado dados de janeiro de 2012 a março de 2021 de variáveis relativas à volume, inadimplência, aspectos macroeconômicos, além do efeito da pandemia do Corona Vírus. Com a utilização de um modelo econométrico de regressão linear múltipla de Mínimo Quadrados Ordinários (MQO), foi possível confirmar que o aumento de oferta de crédito, por si só, é capaz de diminuir a taxa média praticada pelos bancos para as Pessoas Jurídicas. Assim, caso o Banco do Brasil adotasse uma política de ampliação de crédito para Micro, Pequenas e Médias empresas, via decisão estratégica pela exclusividade de operação com este segmento, sem necessidade de interferências artificiais nas taxas, poderia influenciar na redução das taxas praticadas pelo mercado bancário, atuando, desta forma, como regulador econômico. Palavras-chave: Taxas de juros; Banco do Brasil; Concentração; Volume; Regulação. 5 ABSTRACT In Brazil, despite recent historical decreases in the basic rates of the economy, it was found that the average interest rates practiced in the Brazilian banking market remain high, especially when observing the market for micro, small and medium-sized companies. Thus, starting from a context where a highly concentrated sector, such as the banking sector, but with the relevant participation of a public bank, Banco do Brasil, the objective of this paper is to analyze the behavior of the main variables that influence the average interest rate practiced for the companies segment and verify, through estimation in an econometric model whether the allocation of the volume of credit aimed at the wholesale corporate segment (Large Companies) was entirely directed to the Micro, Small and Medium companies segment, could be an alternative to lower the rates currently practiced, via an increase of supply, reinforcing Banco do Brasil's role as economic regulator. For this purpose, data was collected from January 2012 to March 2021 on variables related to volume, default, macroeconomic aspects, in addition to the effect of the Corona Virus pandemic. Using an econometric multiple linear regression model of Ordinary Least Squares (MQO), it was possible to confirm that the increase in the supply of credit, by itself, is capable of decreasing the average rate charged by banks for Legal Entities. Thus, if Banco do Brasil adopted a policy to expand credit to Micro, Small and Medium-sized companies, by a strategic decision for exclusivity of operation with this segment, without the need for artificial interference in rates, it could influence the reduction of rates practiced by the banking market, thus acting as an economic regulator. Keywords: Interest rates; Banco do Brasil; Concentration; Volume; Regulation. 6 Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7 2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 13 3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 17 4. RESULTADOS E ANÁLISE .............................................................................................. 21 5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 25 6. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS.................................................................................... 26 7 1. INTRODUÇÃO Uma das características do segmento bancário na maioria dos países é sua forte concentração em poucos bancos. O mercado brasileiro de bancos não é diferente, contendo três grandes bancos privados e dois grandes bancos públicos responsáveis por mais de 80% das operações do setor1, o que faz com que a competição entre as Instituições Financeiras (IF) se apresente pouco ou nada evidente. Segundo Mankiw (2019), o oligopólio é um mercado com apenas alguns vendedores que oferecem produtos similares ou idênticos aos oferecidos por outros vendedores e que possui alto coeficiente de concentração. Portanto, pode-se afirmar que o mercado bancário brasileiro possui fortes características oligopolísticas. Klein (1971) foi um dos primeiros a alertar que as instituições financeiras podem se comportar como firmas comuns quando há um mercado pouco competitivo. Da mesma forma, Maudos e Guevara (2004), algumas décadas depois, relacionou o grau de competição no mercado bancário à lucratividade dos bancos. Silva e Pirtouscheg (2015) e Giron, Meireles e Reyes (2019) mais recentemente, também alertaram para a questão da concentração bancária e as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras. Ocorre que as consequências desta dominação do mercado por poucos players vão além da pressão sobre os preços do acesso ao crédito. Por se tratar de um setor estratégico para o crescimento do PIB de um país, as elevadas taxas praticadas pelos bancos podem gerar uma grave externalidade negativa, que é a criação de barreiras para o crescimento da economia por meio de um crédito caro e pouco acessível principalmente para micro, pequenas e médias empresas. Uma forte evidência desta concentração é observada no spread praticado no Brasil, que segundo relatório do Banco Mundial, é o segundo maior do mundo, tendo encerrado 2020 com média de 26,8%2 a.a. Salienta-se que o conceito de spread adotado neste trabalho será o conceito clássico que é definido como sendo a diferença entre a taxa média de juros das operações de crédito, ou seja, a remuneração pelo empréstimo do recurso e o custode captação para as Instituições financeiras deste mesmo recurso. Vale lembrar que sobre spread e Taxa de juros praticadas pelos bancos, Ho e Sanders (1981) já na década de 80 apresentavam estudos vinculando aspectos macroeconômicos aos encargos observados. Internamente, Oreiro, Paula, Silva e Ono (2006), Almeida e Divino (2015) e Silva, Ribeiro e Modenesi (2016) também reforçaram a importância dos aspectos macroeconômicos, além dos riscos creditícios na definição das taxas brasileiras. O elevado spread praticado pelos bancos brasileiros é notório quando se observa o segmento de Pessoas Jurídicas, setor de interesse desse estudo. No gráfico 1 abaixo, de Janeiro de 2012 a Março de 2021, o spread para este segmento apresentou pouca 1 Banco Central do Brasil. Relatório de Economia Bancária 2020 2 Banco Mundial. https://databank.worldbank.org/source/world-development- indicators/Series/FR.INR.LNDP (Acessado em 27.05.2021) https://databank.worldbank.org/source/world-development-indicators/Series/FR.INR.LNDP https://databank.worldbank.org/source/world-development-indicators/Series/FR.INR.LNDP 8 alteração, mesmo com a queda da Taxa Selic, principal referência para o custo de captação3 de um banco: Gráfico 1 – Spread para PJ: Encargos menos Selic Fonte: Banco Central do Brasil. Site: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries. (Acessado em 20.05.2021). Elaboração própria. Assim, pode-se verificar que a Taxa Selic nos últimos anos não tem sido o principal componente para determinar o alto spread brasileiro, mas sim as taxas de juros praticadas pelas Instituições Financeiras, que, sem concorrência, ficam livres para manter elevados os encargos, ainda que o custo de captação diminua. Para buscar a competitividade no setor, e assim forçar a queda nos preços, o ideal seria ampliar o número de instituições com poder suficiente para competir com os cinco grandes bancos que concentram o setor no país (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal). Entretanto, devido aos altos custos de entrada e saída no setor, tal estratégia é de difícil execução. Grandes bancos internacionais, por exemplo, entraram no país e poderiam ter aumentado a competição, todavia, por erro de estratégias, cobrança de remessas de lucros em moeda estrangeira, falta de experiência no mercado local, entre outros fatores, a maioria deixou o Brasil, mantendo somente escritórios de representação. O surgimento das fintechs seria outra alternativa para poder levar competitividade a este mercado, mas seu alcance e o tamanho de seus Patrimônios Líquidos são bastante limitados. Por outro lado, apesar de concentrado, o setor bancário brasileiro possui uma característica especial que o distingue de outros mercados bancários de outros países, que é a presença de dois grandes bancos públicos entre os principais atores, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, o que a princípio, possibilitaria ao governo brasileiro, por meio do controle das instituições que ele possui, implementar uma política que tornasse 3 O Custo de Captação aqui é definido como o valor ou taxa que a Instituição Financeira (IF) remunera o investidor que compra títulos emitidos por este banco, como CDB, LCI, LCA, entre outros. Este Custo de Captação também pode ser definido como um Custo de Oportunidade para a IF, uma vez que o banco pode optar por investir em papéis do governo ao invés de conceder algum empréstimo. https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries 9 o crédito, especificamente para o varejo de Pessoas Jurídicas (Micro, Pequenas e Médias empresas4 - MPMe), mais acessível. E por que o foco deveria ser o varejo PJ? Primeiro, por se tratar de segmento que não possui a mesma capacidade de negociação com o setor financeiro como as grandes empresas possuem, além de não ter acesso a outras fontes de financiamento como seus pares maiores. Segundo, pela importância que as MPMes possuem na economia como um todo. Segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)5, ao se considerar a atividade econômica nacional por porte de empresas, as MPMes tiveram participação de mais de 51% do Produto Interno Bruto em 2017, sendo responsável por aproximadamente 63% dos empregos formais entre os quatro segmentos6, sendo, portanto, importantes para o crescimento econômico do país. Assim, com capacidade financeira equivalente aos pares privados, os bancos de controle estatal poderiam atuar como reguladores econômicos baixando preços praticados para a tomada de crédito e assim, incentivar a concorrência com os demais, principalmente para o segmento de Micro, Pequenas e Médias empresas, que apesar de sua importância já mencionada, apresentam taxas de juros substancialmente superiores quando comparadas ao segmento de Grandes empresas, conforme gráfico abaixo: Gráfico 2 – Taxas médias de juros (em % ao ano) Fonte: Gráfico retirado do Panorama de Crédito das Empresas no Brasil. 2020. Banco Central do Brasil e Sebrae Dentro deste contexto, na literatura nacional, Moreira (2016) definiu a participação de empresas de controle estatal como reguladores econômicos como 4 O critério para classificação do porte segue o que foi estabelecido pelo Banco Central do Brasil:- Micro, Pequena e Média Empresa (MPMe): receita bruta anual até R$300 milhões ou ativo total até R$240 milhões (Micro até R$ 360 mil, Pequena até R$ 4,8 milhões e Média até R$ 240 milhões); - Grande Empresa: receita bruta anual acima de R$300 milhões ou ativo total superior a R$240 milhões. 5 Atualização de Estudo sobre Participação de Micro e Pequenas empresas na Economia Nacional. Sebrae e Fundação Getúlio Vargas. Março de 2020. 6 O estudo não considera os setores agropecuário, financeiro, administração pública e aluguéis, que por sua natureza não poderiam ser classificados por porte de empresa. 10 endorregulação, o que Silva (2019), mais tarde, reforçará esse conceito observando as atividades de empresas do Estado como causadores de comportamento nas demais empresas privadas. Evidentemente, a diminuição dos juros não poderia ser feita de forma artificial, o que teria um alcance limitado e ainda poderia comprometer a “saúde” financeira dessas instituições, diminuindo sua eficiência e lucratividade e ainda colocando em risco todo o sistema financeiro. Assim, uma hipótese que se vislumbraria seria a expansão da base de crédito, que por aumento da oferta, pressionaria o preço praticado no mercado para um novo ponto de equilíbrio, conforme gráfico abaixo: Gráfico 3 – Curva de Equilíbrio Fonte: Gráfico de elaboração própria Regulações Financeiras Ocorre que, devido às regulamentações existentes que limitam o poder de alavancagem de qualquer instituição e visam assegurar a liquidez e segurança de todo o sistema financeiro, a expansão pura e simples de crédito via banco público é inviável. Principalmente devido às três principais regulações existentes que influenciam no volume destinado ao crédito: • a Provisão de Crédito sobre Liquidez Duvidosa (PCLD), que segue a Norma 2.682 do Bacen e que exige dos Bancos que aprovisionem em seus balanços valores equivalentes aos riscos de cada operação de crédito, colocando, portanto, o nível de inadimplência como seu principal componente e base para o seu cálculo para sua apuração; • os Recolhimentos Compulsórios, ferramenta da política monetária para manutenção da estabilidade financeira e de combate à inflação, que incide sobre os depósitos realizados em cada instituição financeira e que acaba, mesmo que indiretamente, influenciando no volume destinados a empréstimos, uma vez que tendo parte de suas captações recolhidas pelo Banco Central, o valor disponível para crédito se torna menor; e 11 • o Índicede Basileia, uma recomendação do Comitê de Basileia7, que estabelece uma relação entre o requerimento mínimo do capital próprio de uma instituição financeira, também denominado Patrimônio de Referência (PR), e os ativos ponderados pelo risco de suas atividades, cujo cálculo é realizado conforme Resoluções 4.193 e 3.644 do Bacen. Trata-se de uma regulação prudencial com o objetivo de gerenciar riscos e níveis de capital dos bancos, para evitar que ocorra um risco sistêmico, que é quando a quebra inesperada de uma instituição financeira gera um efeito dominó no sistema financeiro, ocasionando em perdas para a sociedade como um todo. Tradeoff entre os segmentos empresariais Restaria, portanto, aos bancos públicos, especificamente o Banco do Brasil, buscando o interesse público, mas sem prejudicar os seus demais acionistas, o tradeoff que teria que fazer entre os segmentos empresariais existentes no Mercado de Pessoa Jurídica, que, conforme o Gráfico 3 abaixo, dentro do Sistema Financeiro Nacional, possui diferenças robustas na destinação do volume de crédito entre as Grandes Empresas e as Micro, Pequenas e Médias empresas: Gráfico 4 – Saldo das Operações de Crédito por Porte - SFN Fonte: Bacen. Site: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries. (Acessado 20.05.21) 7 O Comitê de Basileia para Supervisão Bancária foi criado em 1974 no âmbito do Banco de Compensações Internacionais (Bank for International Settlements – BIS) e reúne representantes monetários de 28 países. Tem como objetivo promover as melhores práticas bancárias visando a estabilidade financeira, além de reforçar a supervisão e regulação por meio de suas recomendações. Em 1988, o Comitê formalizou o Acordo de Basileia I, onde se introduzia a exigência mínima de capital para cobertura de riscos (Índice de Basileia). Em 2004, foi assinado o Acordo de Basileia II, um aprimoramento do primeiro que além de reforçar a exigência de capital, também inseria a necessidade de supervisão interna e externa (compliance) dos bancos, bem como a transparência por meio de divulgação de informações. Por fim, em 2010, após a crise econômica mundial causada pela quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, foi formalizado o Acordo de Basileia III, onde se aumentou o nível de exigência sobre a qualidade e quantidade de capital, visando aumentar a capacidade das instituições financeiras de absorção perdas inesperadas. https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries 12 Assim, como não é possível ampliar a base de crédito para as Micro, Pequenas e Médias empresas devido ao risco de desencaixe regulamentar, como já mencionado, a expansão da oferta para este segmento pelo Banco do Brasil, implicaria, necessariamente, a este banco, na diminuição ou na ‘não oferta’ de crédito para as Grandes Empresas. Segundo o Balanço do 1º Trimestre de 2021 do Banco do Brasil8, a carteira de crédito para as Grandes Empresas apurada ao final deste período era de R$ 101,1 bilhões, o que representaria 9,5% do volume total do Sistema Financeiro. Além de não significar a maior parte do financiamento para este segmento, as Grandes empresas contam ainda com acesso às demais fontes de recursos, como o mercado de capitais, mercado internacional, BNDES, bancos privados e etc. Desta forma, dado todo este contexto, o questionamento que surge é que se o Banco do Brasil parasse de operar com os segmentos Corporate e Large Corporate (Grandes empresas), se isso possibilitaria que sua atuação como agente regulador econômico do mercado bancário fosse mais efetiva, reduzindo as taxas de juros praticadas no mercado. Portanto, o objetivo deste trabalho é analisar o comportamento das principais variáveis que definem a taxa de juros média praticada para o segmento de Pessoa Jurídica no sistema bancário, que por sua vez é responsável pelo alto spread observado no sistema financeiro nacional, e verificar se a simples destinação do volume de crédito voltado para o segmento de atacado PJ (Grandes empresas) fosse direcionado em sua totalidade para o segmento de Micro, Pequenas e Médias empresas, poderia ser uma alternativa para baixar as taxas praticadas atualmente, via aumento de oferta, ou seja, sem diminuição artificial nos encargos, e assim, reforçar o papel de regulador econômico do Banco do Brasil, dentro de um mercado oligopolístico. Partindo de uma observação mais singular nos efeitos de uma estratégia específica, que é a verificação de uma decisão sobre o tradeoff mencionado acima, e seus efeitos na Taxa de Juros média para o segmento de Micro, Pequenas e Médias empresas, diferentemente do que foi abordado nos trabalhos anteriores, onde se observava o impacto de uma variável mais ampla, como o spread, espera-se, desta forma, que esta análise possa contribuir para a discussão referente ao papel que um banco público do porte do Banco do Brasil possa desempenhar na sociedade, especificamente no segmento de Pessoa Jurídica, sem se pretender como um trabalho definitivo. 8 Balanço do 1° Trimestre de 2021 do Banco do Brasil. Séries Históricas. Aba Carteira de Crédito. https://ri.bb.com.br/informacoes-financeiras/central-de-resultados . (Acessado em 14.05.2021) https://ri.bb.com.br/informacoes-financeiras/central-de-resultados 13 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Concentração Bancária e Taxa de Juros O conceito clássico de Spread, e o que é adotado pelo Banco Central do Brasil, e, consequentemente, o que será adotado aqui, é o que define spread como sendo a diferença entre a taxa média de juros das operações de crédito e o custo de captação referencial médio. O Custo de Captação é o valor ou taxa que a Instituição Financeira (IF) remunera o investidor que compra títulos emitidos por este banco, como CDB, LCI, LCA, entre outros. No caso brasileiro, para a maioria das linhas de crédito, sejam aquelas destinadas para Pessoas Jurídicas (PJ), quanto para as Pessoas Físicas (PF), é a taxa referencial básica da economia, a Taxa Selic. Este Custo de Captação também pode ser definido como um Custo de Oportunidade para a IF, uma vez que o banco pode optar por investir em papéis do governo ao invés de conceder algum empréstimo. Portanto, temos o Spread representado da seguinte forma: Spread = Taxa de juros – Custo de Captação (Taxa Selic) A fórmula acima retrata o papel de intermediador financeiro dos bancos na Economia. Esta função de intermediador ganhou força no debate internacional com Ho e Saunders (1981), que acrescentaram os aspectos macroeconômicos, principalmente aqueles voltados para o risco, na definição e variação do spread. Segundo eles, para os bancos, o spread deve incorporar as incertezas das transações bancárias, portanto, aversão ao risco, grau de competição do mercado e volume das operações para a determinação da taxa de juros e do custo de captação. Antes de Ho e Sanders, porém, Klein (1971) já abordava o tema, mas sobre outra perspectiva. Segundo Klein, além da visão neoclássica que se desenvolveu pelo comportamento individual dos bancos, seria necessário observar os bancos como firmas ou corporações que atuam em um mercado imperfeito e regulado, e que sua atuação interfere em taxas devido à participação relevante de que cada instituição financeira competidora possui neste mercado pouco competitivo, afetando tanto o empréstimo quanto os depósitos. Seguindo a abordagem de Ho e Saunders (1981), mas incorporando também as condições competitivas vista por Klein (1971), Maudos e Guevara (2004) efetuaram um estudo dos principais mercados bancários europeus no período de 1993 a 2000, buscando analisar o impacto dos custos operacionais e do grau de competição no mercado nos ganhos dos bancos. A análise empírica demonstrou que flexibilizações das condições competitivas realmenteafetavam a lucratividade das instituições financeiras, ainda que exista redução nos custos operacionais. Ainda dentro da discussão sobre fatores que afetam o spread, Oreiro, Paula, Silva e Ono (2006), procuraram mostrar a influência dos aspectos macroeconômicos no spread praticado no Brasil, especialmente se elevadas taxas de juros são determinantes macroeconômicos para explicar o spread brasileiro, o que se confirmou, notadamente num contexto que ainda não se havia experimentado no país uma conjuntura econômica 14 que permitisse uma avaliação com baixa Taxa Selic, como verificado a partir janeiro de 2012 e demonstrado no gráfico 1 deste trabalho. Na mesma linha, Silva, Ribeiro e Modenesi (2016) concluíram que as variáveis macroeconômicas expectacionais, como inflação esperada e os juros futuros também são relevantes na determinação do spread bancário no Brasil, mas não exclusivos. No âmbito internacional, essa percepção é reforçada por Feyen e Huertas (2020), que num artigo para o Banco Mundial, analisaram 140 mercados emergentes ou em desenvolvimento e ratificaram a influência dos aspectos macroeconômicos para justificar elevadas taxas de juros praticas por esses países. Na mesma linha, mas acrescentando uma análise sobre os efeitos do Acordo de Basileia III no spread dos bancos brasileiros, Cavalcanti (2017) também constatou os impactos de variáveis macroeconômicas nas elevadas taxas brasileiras. Com uma análise que agrega os aspectos microeconômicos para a determinação das taxas de juros praticada no Brasil, Silva e Pirtouscheg (2015) concluíram que a busca para a explicação do nível do spread bancário deve abordar tanto fatores macro quanto microeconômicos, como por exemplo, o grau de competitividade, sob risco de viés de omissão de variáveis relevantes e finalizam indicando que uma política pública voltada para estabilidade macroeconômica com estímulo à competição por meio dos bancos públicos pode contribuir para a redução das taxas bancárias. Almeida e Divino (2015), seguindo o modelo de Ho e Saunders (1981), com abordagem dos aspectos macro e microeconômicos, e baseando suas estimativas em modelos estáticos e dinâmicos em painel, aprofundaram as análises dos impactos sobre spread e verificaram a influência que o PIB, o índice de cobertura, os custos administrativos, bem como a concentração bancária exercem sobre o spread praticado no Brasil. Por fim, Giron, Meireles e Reyes (2019), analisando a concentração bancária e a reorganização financeira observadas na Espanha e em Portugal no período pós-crise do Lehman Brothers, concluem que para se manter saudável, o sistema bancário europeu necessita limitar a concentração bancária no continente, notadamente, Espanha e Portugal. A linha principal deste trabalho busca seguir os argumentos apresentados pelos autores que colocaram o comportamento de empresa realizado pelos bancos, quando estes atuam num mercado concentrado, como bem expõem Giro, Meireles e Reyes (2019), Silva e Pirtouscheg (2015), Maudos e Guevara (2004) e Klein (1971), mas também colhendo as importantes contribuições realizadas por Almeida e Divino (2015), Feyen e Huertas (2020) e Ho e Saunders (1981), especialmente no que tange à influência dos aspectos macroeconômicos. O que distinguirá este estudo dos demais, buscando realizar, portanto, uma contribuição no debate sobre a concentração bancária, é o foco específico na análise da Taxa de Juros praticada para o segmento de Varejo PJ, observando-se, principalmente, mas sem negligenciar as demais variáveis envolvidas, os efeitos da estratégia voltada para a destinação do volume de crédito. 15 2.2 Regulação Econômica A Regulação pode ser entendida como uma intervenção do Estado como forma de organização da atividade econômica, com vistas aos interesses sociais e da Administração Pública. Segundo o Artigo 174 da Constituição Federal do Brasil “Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.” Assim, o Estado brasileiro incorporou em seu regimento máximo a função de regulação. A partir da década de 90, o país passa a seguir os princípios indicados pela OCDE, que divide a atuação do estado em três áreas: • “a regulação econômica, que se traduz na regulação da atividade econômica e dos setores da economia pelo Estado; • a regulação social, que regula as atividades de interesse social; e • a regulação Administrativa, traduzida pela soberania do Estado e no poder de regulamentar”.9 A regulação econômica, área de interesse deste estudo, em linhas gerais, visa garantir, entre outros temas e por meio do controle estatal, a defesa da concorrência, proteção do consumidor, qualidade dos produtos e serviços prestados pelo setor privado, segurança no trabalho e etc. Desta forma, dentro do arcabouço legal nacional está previsto a criação e o funcionamento de órgãos de controle como o Banco Central, para o Sistema Financeiro, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), as Agências Reguladoras, que possuem suas ações voltadas para setores específicos, como a Anatel (Telecomunicações), ANTT (Transportes Terrestres), ANAC (Aviação Civil), entre outras. Ocorre que a atuação direta do estado, em alguns setores, dadas certas características dessas áreas, muitas vezes é ineficaz. A defesa da concorrência, no setor bancário, por exemplo, é difícil ser implementada por um órgão regulador, dada a dificuldade da entrada de novos atores que poderiam elevar a competição no segmento e assim, provocar um equilíbrio entre oferta e demanda no mercado bancário. Além disso, o Banco Central do Brasil, a quem poderia se atribuir o papel de regulador no mercado, possui funções muito mais de supervisão do Supervisor do Sistema Financeiro do que necessariamente de um regulador econômico. Portanto, nestas situações, quando possível, o Estado parte para a atuação indireta, via empresas estatais, visando alterar o comportamento dos demais agentes econômicos, no que seria denominado como endorregulação econômica (Moreira, 2016), com vistas ao controle de preço e quantidade. 9 Relatório de Execução do Plano Tático 2017: Atuação da Regulação Econômica e de Serviços Público. Controladoria Geral da União. 2017. São Paulo. Pág. 4. 16 Silva (2019) conceituará endorregulação como “a regulação produzida pelo exercício direto de atividade econômica pelo Estado, sob o figurino empresarial, causadora de efeitos sobre a conduta dos agentes privados”. Desta forma, o Estado utilizará as empresas sob seu controle, para atuar no mercado. No segmento bancário, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, seriam os instrumentos do Estado para equilibrar o mercado sem ampliar o risco sistêmico10. Ocorre que sua atuação para ampliar a competitividade do setor, quando existiu, tentou envolver todo tipo de cliente, do varejo PF e PJ a até grandes conglomerados, causando, por sua vez, desequilíbrios entre valores emprestados e seu capital próprio, bem representado pelo Índice de Basileia.11 10 O risco sistêmico denominado aqui é o risco causado pelo efeito de uma falência de uma Instituição Financeira no resta da Economia. Um exemplo interessante de risco sistêmico foi a quebra do Lehman Brothers em 2008 que causou a falência de diversas empresas, exigindo que os países “inundassem” o mercado financeiro com moeda. 11 Conforme já mencionado na introdução deste estudo e apenas como reforço do conceito, este índice é calculado pela divisão do patrimônio de referência das instituições financeira pelos ativos ponderados pelo risco (RWA) e se baseia nas definições do Acordo de Capital de Basileia. Por sua vez, o Patrimônio de referência é o montante das reservas mantidaspor uma IF, calculado mediante acréscimos e deduções do valor de seu capital social. 17 3. METODOLOGIA 3.1 Determinantes da Taxa de Juros Conforme já afirmado na introdução deste estudo, considerando a fórmula já mencionada para Spread, sendo a diferença entre a taxa de juros praticada e o custo de captação, podemos admitir que o Custo de Captação (taxa Selic) é uma variável dada pelo governo e que, portanto, com pouca ou nenhuma margem de decisão pelos bancos, por se tratar de um indicador, cuja principal finalidade, é influenciar no aspecto geral da Macroeconomia, como nível de inflação e de atividade econômica. Assim, como o interesse desse trabalho é verificar como o Banco do Brasil poderia interferir nas taxas de juros para o Varejo PJ, via destinação do volume do Atacado PJ para o Varejo PJ, a variável dependente adotada será a Taxa Média de Juros para o segmento PJ como um todo (TxPJ), buscando o efeito tanto de variáveis relacionadas ao segmento varejo PJ, quanto àquelas ligadas ao segmento Atacado PJ. Em suma, e de maneira geral, a ferramenta indutora do spread que está sob controle das Instituições Financeiras é a taxa de juros praticada por essas Instituições, por isso, é ela que será abordada. Como o objetivo do trabalho é analisar a destinação de volume de crédito do Atacado para o Varejo PJ, especificamente no caso do Banco do Brasil, variáveis vinculadas às despesas administrativas dos bancos, como despesa com pessoal, aluguéis e etc, bem como aquelas ligadas aos depósitos compulsórios, constantes em todos os bancos, não serão consideradas para esta análise, por não apresentarem diferenças significativas entre as instituições. Assim, as variáveis abrangidas são aquelas vinculadas principalmente ao volume de crédito, inadimplência, aspecto macroeconômico e participação do Banco do Brasil. Na estimação serão considerados os dados do Sistema Financeiro Nacional e do Balanço do Banco do Brasil, no período compreendido de janeiro de 2012 a março de 2021, com valores mensais e médios. Com base na exposição acima, serão utilizados dois modelos para estimação, ambos de Regressão Linear Múltipla pelo método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) de séries temporais, sendo um estático, que não considerará a defasagem de um período da variável dependente, e outro dinâmico, que incorporará a defasagem, conforme a seguir: (I) Estático: 𝑇𝑥𝑃𝐽𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1𝐿𝑛𝑆𝑑𝑇𝑜𝑡𝑡 + 𝛽2𝐿𝑛𝑆𝑑𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽3𝐿𝑛𝑆𝑑𝐺𝑡 + 𝛽4𝐼𝑛𝑑𝑇𝑜𝑡𝑡 + 𝛽5𝐼𝑛𝑑𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽6𝐼𝑛𝑑𝐺𝑡 + 𝛽7𝑃𝑎𝑟𝑡𝐵𝐵𝑡 + 𝛽8𝐵𝐵𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽9𝑇𝑥𝑆𝑒𝑙𝑖𝑐𝑡 + 𝛽10𝐼𝐵𝑡 + 𝛽11𝐶𝑜𝑣19𝑡 + 𝛽12𝐶𝑜𝑣19𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽13𝐶𝑜𝑣19𝐵𝐵𝑡 + 𝜀𝑡 (II) Dinâmico: 𝑇𝑥𝑃𝐽𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1𝑇𝑥𝑃𝐽(𝑡−1) + 𝛽2𝐿𝑛𝑆𝑑𝑇𝑜𝑡𝑡 + 𝛽3𝐿𝑛𝑆𝑑𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽4𝐿𝑛𝑆𝑑𝐺𝑡 + 𝛽5𝐼𝑛𝑑𝑇𝑜𝑡𝑡 + 𝛽6𝐼𝑛𝑑𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽7𝐼𝑛𝑑𝐺𝑡 + 𝛽8𝑃𝑎𝑟𝑡𝐵𝐵𝑡 + 𝛽9𝐵𝐵𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽10𝑇𝑥𝑆𝑒𝑙𝑖𝑐𝑡 + 𝛽11𝐼𝐵𝑡 + 𝛽12𝐶𝑜𝑣19𝑡 + 𝛽13𝐶𝑜𝑣19𝑀𝑃𝑀𝑒𝑡 + 𝛽14𝐶𝑜𝑣19𝐵𝐵𝑡 + 𝜀𝑡 18 Em que: Abaixo segue o detalhamento das variáveis: Volume: Entre as variáveis independentes vinculadas ao primeiro grupamento relacionado ao volume, estão o saldo das operações de crédito destinadas ao Setor privado (SdTot), que também engloba o saldo para as operações realizadas com Pessoas Físicas, o saldo das operações de crédito para Micro, Pequena e Médias empresas (SdMPMe) e o saldo de operações de crédito para as Grandes Empresas (SdG). Portanto, serão considerados para este grupamento de variáveis, as informações de todo o Sistema Financeiro Nacional. Inadimplência: No segundo grupamento de variáveis sob análise estão aquelas vinculadas à inadimplência, fator determinante na atribuição de risco de crédito e preço. Portanto, se analisará o percentual de inadimplência da carteira de crédito total (IndTot), que engloba todo o setor privado, além do o percentual de inadimplência da carteira de crédito para Micro, Pequena e Médias empresas (IndMPMe) e do percentual de inadimplência da carteira de crédito das Grandes empresas (IndG). Importante salientar que, por causa da escolha pelas variáveis vinculadas à inadimplência, não foi inserida uma variável vinculada à Provisão para Crédito de Liquidez Duvidosa – PCLD, ligada ao risco de crédito, que por sua vez, está relacionada à inadimplência. Da mesma forma do grupo anterior, as variáveis acima consideram as informações de todo o sistema bancário. Participação do Banco do Brasil: Como o Banco do Brasil é o ator objeto deste estudo, a participação do Banco no mercado de crédito (PartBB) foi outra variável incluída, bem como a multiplicação de sua participação pelo saldo em das operações de crédito para Micro, Pequenas e Médias empresas (BBMPMe). Aspectos Macroeconômico e reguladores: Para englobar os efeitos macroeconômicos, foi escolhida a Taxa Selic (TxSelic), que, apesar de compor a fórmula do spread, possui efeito direto na inflação, no nível de atividade econômica, no grau de confiança na economia e etc. O Índice de Basileia (IB), por relacionar patrimônio de referência dos bancos com ativos ponderados pelo risco, também foi inserido no modelo. Pandemia: 19 Conforme afirmado anteriormente, a análise engloba o período de janeiro de 2012 a março de 2021, com periodicidade mensal. Portanto, com 13 meses sob influência da pandemia causada pelo Corona Vírus, o que não poderia ser desconsiderado neste estudo. Assim, foi inserida uma dummy (Cov19) para indicar se o período tinha ou não a influência da Covid, bem como a multiplicação desta dummy pelo saldo das operações de crédito para Micro, Pequenas e Médias empresas (Cov19MPMEe) e pela participação do Banco do Brasil (Cov19BB). Portanto, para visualização ampla, a Tabela abaixo sintetiza todas as variáveis que serão objeto da análise: Tabela 1 - Definição das Variáveis Legenda Variável Definição TxPJ Taxa de Juros PJ Taxa Média de Juros do mercado para o segmento PJ - % SdTot Saldo crédito Setor Privado Saldo das operações de crédito do mercado destinadas ao Setor Privado - em milhões (R$) SdMPMe Saldo crédito Micro, Pequenas e Médias Empresas Saldo das operações de crédito do mercado destinado às Micro, Pequenas e Médias empresas - em milhões (R$) SdG Saldo crédito Grandes Empresas Saldo das operações de crédito do mercado destinado às Grandes Empresas - em milhões (R$) IndTot Inadimplência da Carteira de Crédito Inadimplência da Carteira de Crédito Total no mercado - % IndMPMe Inadimplência das Micro, Pequenas e Médias Empresas Inadimplência das Micro, Pequenas e Médias empresas na carteira de crédito - % IndG Inadimplência das Grandes Empresas Inadimplência das Grandes Empresas na carteira de crédito do mercado - % PartBB Participação do Banco do Brasil no mercado Participação do Banco do Brasil na carteira de crédito do mercado - % BBMPMe Participação do BB no saldo MPMe Multiplicação da participação do BB pelo Log natural do Saldo MPMe TxSelic Taxa Selic Taxa Selic mensalizada - % IB Índice de Basileia Índice de Basileia - % Cov19 Covid 19 Dummy em que o mês sob influência da Covid19 é representado por 1 e sua não existência no período é representada por 0. Cov19MPMe Covid 19 no Mercado MPMe Multiplicação da dummy pelo saldo das operações de crédito para Micro, Pequenas e Médias empresas Cov19BB Covid19 na participação do BB Multiplicação da dummy pela participação do Banco do Brasil no mercado bancário. 20 3.2 Dados Os dados referentes à taxa de juros, saldo das operações de crédito, inadimplência, e Índice de Basileia foram obtidos do site do Banco Central do Brasil, especificamente no Sistema Gerador de Estatísticas da Instituição. Tratam-se de valores médios do Sistema Financeiro Nacional e trazidos a Valor Presente. Já a taxa Selic mensalizada foi obtida no site da ReceitaFederal do Brasil. Os dados referentes à participação do Banco do Brasil foram coletados nos balanços do banco. Neste caso, como os dados eram trimestrais, os períodos entre os meses de fechamento do trimestre foram replicados, sem prejuízo para a observação, uma vez que mesmo entre os trimestres, há baixa volatilidade. As informações referentes ao número de observações, médias e desvios padrões estão descritos no quadro abaixo. Tabela 2 – Estatística Descritiva Variáveis Observações Média Desvio Padrão Mínimo Máximo TxPJ 111 0,0129198 0,0021929 0,008 0,0172 SdTot 111 2838140 421592,9 1939866 3884863 SdMPMe 111 627821,7 88448,64 487380 768895 SdG 111 850730,2 126530,3 544817 1060906 IndTot 111 0,0321234 0,0042029 0,0212 0,0404 IndMPMe 111 0,0455171 0,0116175 0,0212 0,068 IndG 111 0,0088153 0,0043729 0,0031 0,0196 PartBB 111 0,1931751 0,140695 0,1619901 0,2108635 BBMPMe 111 121791,5 22302,71 89786,84 157007,3 TxSelic 111 0,006936 0,0028975 0,0013 0,0122 IB 111 0,1669856 0,0079103 0,1496 0,1815 Cov19 111 0,1171171 0,3230181 0 1 Cov19MPMe 111 1,566982 4,322041 0 13,52424 Cov19BB 111 0,0194151 0,0535665 0 0,1731078 21 4. RESULTADOS E ANÁLISE O ponto central da análise foi investigar o impacto que as variáveis pertencentes ao Bloco de Volume (SdTot, SdMPMe e SdG) teriam na Taxa Média de Juros, incluindo- se as demais variáveis que de alguma forma afetariam o resultado. Sob esse aspecto, se verificaria a influência de uma estratégia voltada para este bloco, tal qual a hipótese mencionada no objetivo deste trabalho sugere. Assim, conforme mencionado anteriormente, ao se utilizar os modelos de estimação de Regressão Linear Múltipla pelo método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) de séries temporais, um estático e outro dinâmico, sendo que este último incorpora a defasagem de um período, os resultados das estimações apresentaram os valores descrito na Tabela 3: Tabela 3 – Resultado da regressão Variáveis Modelo Estático Modelo Dinâmico 0,63685*** TxPJ t-1 (0,0791) -0,05567*** -0,02092 SdTot (0,1818) (0,01338) -0,0096** -0,00185* SdMPMe (0,0038) (0,0035) 0,1163** 0,0019 SdG (0,0052) (0,0047) -0,01279 -0,02303 IndTot (0,03375) (0,0132) 0,1048*** 0,0326* IndMPMe (0,01817) (0,0124) -0,05773 -0,0287 IndG (0,02793) (0,0161) -0,0461*** -0,0129** PartBB (0,1086) (0,0065) 0,0035* -0,0004 BBMPMe (0,0019) (0,0017) 0,5373*** 0,1989*** TxSelic (0,043) (0,0496) -0,04461*** -0,01913** IB (0,01130) (0,0073) -0,1191* -0,055 Cov19 (0,0809) (0,0843) 0,0082** 0,0037* Cov19MPMe (0,0044) (0,0046) 0,0535 0,0324 Cov19BB (0,1336) (0,1417) 0,0217*** 0,00865*** Constante (0,0029) (0,0021) Obs: Os números entre parênteses são os desvios padrão. O nível de significância adotada é de 5% (α=5%), com a seguinte classificação para Pvalor: Pvalor < 0,10*; < 0,05** e <0,01***. 22 Para evitar eventual heterocedasticidade e autocorrelação, os modelos foram construídos pelo método robusto de MQO. Os resultados acima foram obtidos utilizando o estimador de Newey e West, um método robusto que é aplicado para se obter estimativas não viesadas dos desvios padrões, evitando eventual heterocedasticidade e autocorrelação (HAC). Já para a verificação se os erros se distribuem de forma normal, o teste escolhido foi o Teste Shapiro-Wilk. Este teste considera como hipótese nula a distribuição normal dos resíduos, assim a hipótese nula é rejeitada a 5% de significância. Tabela 4 – Teste de normalidade Obs W V z Prob>z Teste Shapiro-Wilk W 111 0,99242 0,683 -0,852 0,80288 4.2 Modelo Estático No modelo estático, onde não há a defasagem de período, o primeiro grupo sob análise, e o mais importante, é o formado pelo saldo/volume das operações de crédito, objeto principal da análise. Ao se verificar os resultados, percebe-se que o volume destinado às operações de crédito como um todo (SdTot), incluindo pessoas físicas, teve um efeito negativo nas taxas de juros e estatisticamente significante, o que reforça a hipótese de que quanto mais volume disponível para crédito, maior pode ser a redução das taxas de juros, inclusive para as pessoas jurídicas. Esta percepção é reforçada quando se analisa o saldo destinado para as operações de crédito do mercado bancário para Micro, Pequenas e Médias empresas (SdMPMe). Se repete o efeito negativo e estatisticamente significante na variável dependente e consistente com o resultado anterior. Por outro lado, o volume destinado para as grandes empresas (SdG) apresentou impacto positivo e significante estatisticamente na variável dependente, o que reforça a compreensão de que a destinação de grande volume para este segmento tem impactado na Taxa de Juros PJ no geral, elevando-a. No tocante às variáveis referentes à inadimplência, a inadimplência total (IndTot), ou seja, a que engloba pessoas físicas e jurídicas, não foi estatisticamente significante dentro do modelo, o que poderia ser explicado pela grande participação do segmento de pessoas física, que estaria influenciando o resultado, bem como a inadimplência de grandes empresas (IndG), que também não apresentou resultado significante. Já o resultado da inadimplência de micro, pequenas e médias empresas (IndMPMe) revelou que provoca um impacto, esperado, nas taxas de juros de pessoas jurídicas. Neste caso, trata-se de um índice expressivo dentro do segmento, apesar de pulverizado entre os diversos tomadores de crédito, mas que retrata o peso do risco creditício. Saliente-se que Silva e Pirtouscheg (2015) e Almeida e Divino (2015) já confirmavam a influência do risco de crédito na determinação do spread. O modelo também demonstra que a simples participação do Banco do Brasil (PartBB) no mercado de crédito apresenta efeito negativo na redução da taxa para pessoas jurídicas, de forma razoavelmente expressiva e significante, muito provavelmente, pelo peso de sua fatia no mercado bancário. Entretanto, quando se analisa a variável que multiplica essa participação pelo saldo de crédito para micro, pequenas e médias 23 empresas, o efeito passa a ser positivo, mas pouco significante. Apesar de surpreendente, por ser uma análise ex-ante em relação a uma eventual política de regulação, mas ex- post à verificação dos dados, esse resultado pode ser explicado pelo histórico do Banco do Brasil em praticar taxas equivalente aos seus pares privados, reforçando o efeito concentração do mercado e provocando nas taxas do mercado PJ como um todo um efeito de elevação. Em relação às variáveis macroeconômica e de liquidez, a Taxa Selic (TxSelic) se comportou da forma esperada, com efeito positivo e significante sobre a variável dependente. Por outro lado, o efeito do Índice de Basileia (IB) se mostrou negativo, o que pode ser explicado pelo fato de ser um índice em que incorpora o Patrimônio de Referência dos bancos e não somente o volume de capital regulatório destinado para liquidez do sistema, assim, a robustez contra uma eventual crise sistêmica estaria provocando um impacto negativo na variável de interesse. Tanto o resultado do impacto das variáveis macroeconômicas, quanto das de liquidez, confirmam a ampla literatura já referenciada neste estudo, de sua relevância na determinação do spread. Por fim, as variáveis relacionadas à pandemia, que refletem o período de março de 2020 até o último mês analisado, a variável Covid19 apresentou um sinal negativo nos encargos do crédito destinado às pessoas jurídicas e estatisticamente significante. Sabe- se que durante esse período, diversas operações foram prorrogadas e até renegociadas, assim, esse resultado não seria nenhuma surpresa. Já o indicador que multiplica a Covid19 pelo saldo das operações para MPMe (Cov19MPMe) apresentou um efeito positivo e significantepara este segmento, o que demonstraria que as prorrogações que foram realizadas para este grupo tiveram adequações em seus encargos quando renovadas. Já a participação do Banco do Brasil com o efeito da Covid19 (Cov19BB) não apresentou resultado estatisticamente significante12. 4.2 Modelo Dinâmico O modelo dinâmico não apresentou diferenças em relação aos sinais dos impactos das variáveis independentes na variável endógena, entretanto, os valores dos impactos e o nível de significância sofreram algumas alterações. No bloco de variáveis de maior interesse desse estudo, aquelas relacionadas ao volume, o resultado apresentado de SdTot não se mostrou significante, da mesma forma o volume destinado para o Atacado (SdG),. Já o volume de crédito voltado para Micro, Pequenas e Médias empresas manteve o impacto negativo na Taxa de Juros para Pessoa Jurídica, ainda contribuindo para o argumento que sua elevação pode reduzir as taxas como um todo. Para o bloco de indicadores vinculados à inadimplência, se repetiu o que foi verificado no modelo estático, o que reforça que o risco para o mercado MPMe é fator fundamental, conforme Almeida e Divino (2015) já afirmavam. 12 Com o objetivo de evitar algum viés causado pela pandemia, além de para confirmar os resultados obtidos com a atribuição de dummies, este trabalho se propôs fazer a mesma regressão excluindo-se o período pandêmico, ou seja, de março de 2020 a março de 2021. Como era esperado, a análise retornou os mesmos sinais de impactos e significância obtidos com as análises apresentadas. 24 As variáveis referentes ao impacto da participação do Banco do Brasil no mercado apresentaram a mesma tendência, entretanto com magnitude e significância menores. A exceção ocorreu na variável de participação do BB no mercado MPMe, que para o modelo dinâmico perdeu significância. De todo modo, se confirma que a presença do BB é capaz de reduzir as taxas, mas não se verifica essa redução no segmente de Micro, Pequenas e Médias empresas devido sua política de contemplar o Atacado também, o que encarece o crédito e fortalece o conceito de oligopólio no setor. O bloco formado pelas variáveis macroeconômica e de liquidez tiveram o mesmo desempenho do modelo dinâmico, com manutenção dos níveis de significância, e confirmando, uma vez mais, as constatações que vão de Klein (1971) a Feyen e Huertas (2020) Por outro lado, os efeitos da pandemia verificados na variável Cov19 não mostraram significância no segundo modelo, provavelmente, pela ausência de um período, o que diminui seu impacto. 25 5. CONCLUSÃO Este trabalho visou analisar o comportamento das principais variáveis que definem a taxa de juros média para as Pessoas Jurídica dentro do mercado bancário brasileiro, para que assim, se pudesse verificar a hipótese de que se o Banco do Brasil destinasse o volume que hoje é operado pelo segmento de grandes empresas para o segmento de micro, pequenas e médias empresas, se poderia reduzir os encargos que essas empresas pagam, reforçando assim, seu papel de regulador econômico dentro desse mercado. Para esse fim, foi coletado dados de janeiro de 2012 a março de 2021 de variáveis relativas à volume, inadimplência, aspectos macroeconômicos e considerado ainda, o efeito da pandemia do Corona Vírus. Com a utilização de um modelo econométrico de regressão linear múltipla de Mínimo Quadrados Ordinários (MQO), foi possível confirmar que o aumento de oferta de crédito, por si só, é capaz de diminuir a taxa média praticada pelos bancos para as Pessoas Jurídicas. As evidências provenientes da análise econométrica sugerem que o aumento no volume de crédito para MPMe podem amplificar essa redução, independente da instituição financeira que irá executar. Entretanto, os resultados também indicaram que a simples participação do Banco do Brasil é responsável por um efeito negativo na taxa, mas que não se observa, atualmente, uma relação direta dessa participação com o saldo de micro, pequenas e médias empresas, devidamente explicado pela alta destinação do voluma para Grandes Empresas. Pela análise, se confirmou que o aspecto macroeconômico interfere no spread, não somente pela sua fórmula pura, onde a Taxa Selic é o principal balizador para as taxas de captação, mas também na precificação dos encargos. Da mesma forma, as evidências sugerem que a pandemia causada pela Covid19 tem causado efeitos no mercado bancário. Dado os resultados encontrados, se pode considerar, como conclusão principal, que caso o Banco do Brasil adotasse uma política de ampliação de crédito para Micro, Pequenas e Médias empresas, via decisão estratégica pela exclusividade de operação com este segmento, deixando apenas de operar com o segmento Atacado PJ, sem necessidade de interferências artificiais nas taxas, poderia influenciar na redução das taxas praticadas pelo mercado bancário neste segmento, e estaria assim atuando como regulador, ou endorregulador, no Sistema Financeiro Nacional. Essa redução se daria apenas pelo tradeoff mencionado no início deste trabalho, sem que isso afetasse as premissas básicas de segurança e credibilidade do banco, do sistema financeiro e de manutenção de sua lucratividade. Por fim, este estudo, como basicamente todos que envolvem análises econométricas de fatores presentes no Sistema Financeiro, não se pretende definitivo, podendo sempre ser ampliado e aperfeiçoado. Vale lembrar, que outras variáveis, por não serem considerados pertinentes ao objetivo deste trabalho, poderiam ser incluídas num outro estudo, com outro enfoque. Da mesma forma, novos métodos que surgirem, também podem apresentar evolução na análise. Portanto, a despeito da relevância das conclusões encontradas, o tema é abrangente e de certa forma, polêmico, sendo sempre importante a interpretação dos resultados com cautela. 26 6. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS ALMEIDA, Fernanda Dantas; DIVINO, José Angelo. Determinants of the banking spread in the Brazilian economy: The role of micro and macroeconomic factors. 2015. International Review of Economics na Finance. Elsevier BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Economia Bancária. Ed. 2020. Brasília. 2021. https://www.bcb.gov.br/publicacoes/relatorioeconomiabancaria BANCO CENTRAL DO BRASIL. Estabilidade Financeira. 2021. https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira CAVALCANTI, Felipe de Oliveira. 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