Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA AULA 3 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 2 CONVERSA INICIAL Você já viu uma foto do Brasil tirada do espaço? O que se pode ver nesta imagem é a costa do país muito bem iluminada. As maiores manchas de luz representam São Paulo e Rio de Janeiro. Depois, se podem perceber outras cidades como Fortaleza, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre. No interior e na Região Norte, poucas luzes se destacam além das capitais. Agora, imagine que você é um gestor público. O que você faria para industrializar o interior do país ou a Região Norte? Como estimular empresas a enfrentar os desafios logísticos de produzir em centros regionais tão longe dos nossos maiores portos? Foi com esse pensamento, de estimular o crescimento do interior do país, que o governo militar, no final da década de 1970, criou a Zona Franca de Manaus. Trata-se de uma localidade na qual as empresas ali instaladas recebem alguns benefícios para produzir e gerar empregos. Além da modalidade “Zona Franca”, existem outros dos chamados “regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais”, um dos conteúdos desta aula! CONTEXTUALIZANDO Pense por um minuto no Paraguai. Nosso vizinho não tem mar e consequentemente, não tem porto. Então, como chegam até lá todos aqueles produtos importados? Chegam ao Brasil e vão para lá. E esses produtos pagam impostos no Brasil? Não. Como o Brasil não é o destino final dessas mercadorias, nós não temos direito de tributá-las. Assim, essas mercadorias entram no Brasil, não pagam imposto de importação e saem do país. Vamos imaginar agora os shows internacionais e os eventos esportivos que acontecem em nosso país. Rolling Stones, U2, Iron Maiden e tantas outras grandes bandas vieram para cá trazendo toda uma parafernália eletrônica, utilizada apenas para os shows. O mesmo ocorre com os carros de Fórmula 1 ou Fórmula Indy. Essas mercadorias vêm, ficam por um tempo e retornam ao exterior. Neste caso, temos a admissão temporária de mercadorias: “Art. 354. O regime aduaneiro especial de admissão temporária com suspensão total do pagamento de tributos permite a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado, na forma e nas condições desta Seção”. 3 Esses casos são os chamados casos dos “Regimes Aduaneiros Especiais”, que são um dos temas que trataremos aqui! Pesquise Você sabe como e quem pode requerer um regime aduaneiro especial? TEMA 1 – REGIMES ADUANEIROS Muito se fala em regimes aduaneiros e em regimes aduaneiros especiais. Mas o que é isso? São as informações nutricionais dos profissionais de comércio exterior! Não, felizmente não! Cada mercadoria que chega ao Brasil se submete ao desembaraço aduaneiro. Para que o desembaraço aduaneiro ocorra, todos os tributos relativos à importação devem ter sido quitados. No entanto, essa regra se aplica ao chamado “despacho para consumo”, quando a mercadoria tem o Brasil como destino final. É o caso de peças que serão usadas na manufatura de itens diversos, destinados ao nosso mercado doméstico. É também o caso de automóveis, roupas e eletrônicos que serão vendidos nas lojas por aí. Esses itens todos tiveram sua tributação da importação paga no momento em que foram desembaraçados. Em relação à tributação nas importações, sabe-se que incidem uma série de impostos diferentes: Imposto de Importação – II; Imposto sobre Produto Industrializado – IPI; Programa de Integração Social – PIS; Contribuição para financiamento da Seguridade Social – COFINS; Imposto sobre Circulação de Mercadorias ou Serviços – ICMS; Adicional Sobre o Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM; Taxa de Utilização do Siscomex – TUS. Além desses tributos, podem incidir ainda alguns outros e algumas outras despesas variadas. No entanto, se determinada mercadoria não será consumida no Brasil, ou não terá nosso país como seu destino final, é justo que ela seja tributada em tanta coisa? Obviamente que não! Justamente por isso que o Regulamento Aduaneiro trata dos chamados Regimes Aduaneiros Especiais, 4 que são aqueles casos nos quais não há tributação das mercadorias que entraram no Brasil, por algum motivo. O Regulamento Aduaneiro começa a dispor sobre essas situações no art. 307: “O prazo de suspensão do pagamento das obrigações fiscais pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais, na importação, será de até um ano, prorrogável, a juízo da autoridade aduaneira, por período não superior, no total, a cinco anos”. Interessante, não é mesmo? E quantos Regimes Aduaneiros existem? Pois bem, existem não apenas vários regimes aduaneiros especiais, como existem os regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais. No entanto, caso seja necessário, uma mercadoria que não pagou tributos relativos à importação pode mudar de um para outro regime aduaneiro, se houver necessidade: Art. 310. Poderá ser autorizada a transferência de mercadoria admitida em um regime aduaneiro especial ou aplicado em área especial para outro, observadas as condições e os requisitos próprios do novo regime e as restrições estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Se, por algum motivo, algum dos requisitos para a concessão do regime aduaneiro especial for descumprido, o responsável pela mercadoria, que a trouxe do exterior, ficará sujeito a penalidades: Art. 311. No caso de descumprimento dos regimes aduaneiros especiais de que trata este Título, o beneficiário ficará sujeito ao pagamento dos tributos incidentes, com acréscimo de juros de mora e de multa, de mora ou de ofício, calculados da data do registro da declaração de admissão no regime ou do registro de exportação, sem prejuízo da aplicação de penalidades específicas. Mas, afinal, quais são esses regimes? Existem vários casos nos quais os produtos que entram no nosso país não pagam tributos. São os chamados “regimes aduaneiros especiais”. Regimes aduaneiros especiais são aqueles nos quais a regra de tributação das importações é suspensa ou restrita em algum momento por algum dos motivos dispostos em lei. Pense por um instante antes de seguir com o estudo do conteúdo. Faz sentido tributar rigorosamente toda a mercadoria que entre em nosso pais? Será que toda a mercadoria que chega ficará para sempre aqui? Na verdade não, por isso a lei elenca alguns casos nos quais a tributação deixa de ser a regra fundamental! O primeiro desses regimes aduaneiros especiais está disposto no artigo 315 do Regulamento Aduaneiro. Vamos lembrar do exemplo do Paraguai 5 apresentado na seção Contextualizando, em que as mercadorias entram no Brasil sem pagar impostos e saem do país. Esse é o chamado trânsito aduaneiro: “Art. 315. O regime especial de trânsito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão do pagamento de tributos”. O mesmo ocorre com tantos outros aparelhos, máquinas e veículos que vêm para o Brasil para algum tipo de feira ou exposição. No entanto, não há apenas a admissão temporária, há a exportação temporária, que ocorre quando algum produto brasileiro vai ao exterior sem a intenção de ficar lá em definitivo. Nesse caso o produto vai, permanece por um tempo e retorna. Outro regime aduaneiro especial muito importante é o chamado drawback. Vejamos o que a própria Receita Federal diz a respeito: ... consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto exportado.O mecanismo funciona como um incentivo às exportações, pois reduz os custos de produção de produtos exportáveis, tornando-os mais competitivos no mercado internacional. Muitos industriais brasileiros importam insumos que serão utilizados para a fabricação de determinado item. Esse item, ao ser exportado, não pode ser tributado. Por isso, existe o drawback. Por fim, um regime aduaneiro especial muito comum e muito querido dos viajantes internacionais são as lojas francas: Art. 476. O regime aduaneiro especial de loja franca é o que permite a estabelecimento instalado em zona primária de porto ou de aeroporto alfandegado vender mercadoria nacional ou estrangeira a passageiro em viagem internacional, contra pagamento em moeda nacional ou estrangeira. Essas lojas, muito comuns em aeroportos e fronteiras, vendem produtos sem tributação (perfumes, roupas, eletrônicos, bebidas e alimentos em geral), o que faz com que seus preços de sejam mais baratos do que aqueles praticados nas diversas lojas do país. Vejamos o que a Receita Federal diz a respeito: O regime aduaneiro especial de loja franca, mundialmente conhecidas como DutyFree, permite a instalação de estabelecimento comercial em portos ou em aeroportos alfandegados (zona primária) para vender mercadoria nacional ou estrangeira a passageiro em viagem internacional, sem a cobrança de tributos, contra pagamento em moeda nacional ou estrangeira. No ano de 2012, foi autorizada também a instalação de lojas francas em fronteiras terrestres, em municípios caracterizados como cidades gêmeas de cidades estrangeiras na linda de fronteira do Brasil. E você, já passou por alguma loja franca ou dutyfree? 6 TEMA 2 – REGIMES ADUANEIROS APLICADOS A ÁREAS ESPECIAIS No início desta rota, falamos da visão que se tem do nosso país quando visto do espaço. A ideia de criar um incentivo para o desenvolvimento e a industrialização da Região Norte de fato aconteceu em meados da década de 1960. Justamente por isso começaremos a falar dos regimes aduaneiros especiais por aqueles aplicados a áreas especiais. É justamente sobre isso que fala o R.A. em seu artigo 504: Art. 504. A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e de exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância a que se encontram os centros consumidores de seus produtos. Veja só que interessante! Então, a Zona Franca de Manaus foi criada mesmo com o propósito de auxiliar no desenvolvimento daquela região. Atualmente, quem auxilia em sua administração é a Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus. Vejamos o que a Suframa diz a respeito: A ZFM compreende três polos econômicos: comercial, industrial e agropecuário. O primeiro teve maior ascensão até o final da década de 80, quando o Brasil adotava o regime de economia fechada. O industrial é considerado a base de sustentação da ZFM. O polo Industrial de Manaus possui aproximadamente 600 indústrias de alta tecnologia gerando mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos, principalmente nos segmentos de eletroeletrônicos, duas rodas e químico. Entre os produtos fabricados destacam-se: aparelhos celulares e de áudio e vídeo, televisores, motocicletas, concentrados para refrigerantes, entre outros. O polo Agropecuário abriga projetos voltados a atividades de produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo, beneficiamento de madeira, entre outras. Perceba, então, que não se trata apenas de desenvolver a região. A ideia é desenvolvê-la em frentes distintas. E quais os benefícios fiscais de instalar uma indústria lá? É o que nos fala o Regulamento Aduaneiro: Art. 505. A entrada de mercadorias estrangeiras na Zona Franca de Manaus, destinadas a seu consumo interno, industrialização em qualquer grau, inclusive beneficiamento, agropecuária, pesca, instalação e operação de indústrias e serviços de qualquer natureza, bem como a estocagem para reexportação, será isenta dos impostos de importação e sobre produtos industrializados. Ou seja, ainda que sejam mercadorias importadas, elas se isentam do pagamento de dois impostos importantes, cujo valor pesa no cálculo das importações em todo o resto do país. Mas, se é assim, por que Manaus não concentra todas as maiores indústrias do país? Pelo fato de que, quando a mercadoria sai da Zona Franca com destino a qualquer outro pedaço do território 7 nacional, ela é tratada como se estivesse sendo importada pelo resto do Brasil: “Art. 509. As mercadorias estrangeiras importadas para a Zona Franca de Manaus, quando desta saírem para outros pontos do território aduaneiro, ficam sujeitas ao pagamento de todos os impostos exigíveis sobre importações do exterior”. O mesmo vale quando uma mercadoria sai de alguma outra parte do Brasil e vai para Manaus: “Art. 506. A remessa de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou posterior exportação, será, para efeitos fiscais, equivalente a uma exportação brasileira para o exterior”. Há uma denominação específica para quando uma mercadoria sai da Zona Franca de Manaus e vai para qualquer outro ponto do território brasileiro. Chama-se internação, conforme manda o Regulamento Aduaneiro: “Art. 508. Denomina-se internação, para os efeitos deste Capítulo, a entrada, em outros pontos do território aduaneiro, de mercadoria procedente da Zona Franca de Manaus, nos termos dos arts. 509 e 512”. Nesse caso, há o pagamento dos impostos que foram suspensos quando a mercadoria estava na ZFM: Art. 512. Os produtos industrializados na Zona Franca de Manaus, quando dela saírem para qualquer ponto do território aduaneiro, estarão sujeitos ao pagamento do imposto de importação relativo a matérias-primas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos de origem estrangeira neles empregados, calculado o tributo mediante coeficiente de redução de sua alíquota ad valorem, desde que atendam a nível de industrialização local compatível com processo produtivo básico para produtos compreendidos na mesma posição e subposição da Nomenclatura Comum do Mercosul. (...) § 8o Para os efeitos deste artigo, consideram-se I – produtos industrializados, os resultantes das operações de transformação, beneficiamento, montagem e recondicionamento, como definidas na legislação de regência do imposto sobre produtos industrializados; e II – processo produtivo básico, o conjunto mínimo de operações, no estabelecimento fabril, que caracteriza a efetiva industrialização de determinado produto. Outra isenção aplicada a esta área especial é a relativa ao Imposto de Exportação, ainda que esse tributo seja raramente cobrado. Mas, e em termos de Regime Aduaneiro Aplicado a Áreas Especiais, só existe a Zona Franca de Manaus? Bem, em primeiro lugar, os benefícios concedidos à ZFM foram 8 expandidos para o que se chama de Amazônia Ocidental, conforme o artigo 516 do Regulamento Aduaneiro e o Decreto-Lei 356 de 1968, que diz: Art. 1º – Ficam estendidos às áreas pioneiras, zonas de fronteira e outras localidades da Amazônia Ocidental favores fiscais concedidos pelo Decreto-Lei número 288, de 28 de fevereiro de 1967 e seu regulamento, aos bens e mercadorias recebidos, oriundos, beneficiados ou fabricados na Zona Franca de Manaus, para utilização e consumo interno naquelas áreas. § 1º – A Amazônia Ocidental é constituída pela área abrangida pelos Estados do Amazonas eAcre e os Territórios Federais de Rondônia e Roraima, consoante o estabelecido no § 4 do Art. 1º do Decreto-Lei número 291, de 28 de fevereiro de 1967. Nesse caso, há uma clara intenção do legislador e do governante em expandir as possibilidades trazidas pela Zona Franca de Manaus. E são só esses regimes aplicados a áreas especiais existentes? Em tese não. Existem também as áreas de livre comércio: Art. 524. Constituem áreas de livre comércio de importação e de exportação as que, sob regime fiscal especial, são estabelecidas com a finalidade de promover o desenvolvimento de áreas fronteiriças específicas da Região Norte do País e de incrementar as relações bilaterais com os países vizinhos, segundo a política de integração latino-americana Parágrafo único. As áreas de livre comércio são configuradas por limites que envolvem, inclusive, os perímetros urbanos dos municípios de Tabatinga (AM), Guajará-Mirim (RO), Boa Vista e Bonfim (RR), Macapá e Santana (AP) e Brasiléia, com extensão para o município de Epitaciolândia, e Cruzeiro do Sul (AC). O Regime Aduaneiro, aqui, também foi aplicado com finalidade desenvolvimentista. E qual seu benefício? Vejamos o R.A.: Art. 525. A entrada de produtos estrangeiros nas áreas de livre comércio será feita com suspensão do pagamento dos impostos de importação e sobre produtos industrializados, que será convertida em isenção quando os produtos forem destinados a I – consumo e venda internos; II – beneficiamento, em seu território, de pescado, recursos minerais e matérias-primas de origem agrícola ou florestal; III – beneficiamento de pecuária, restrito às áreas de Boa Vista, Bonfim, Macapá, Santana, Brasiléia e Cruzeiro do Sul; IV – piscicultura; V – agropecuária, salvo em relação à área de Guajará-Mirim; VI – agricultura, restrito à área de Guajará-Mirim; VII – instalação e operação de atividades de turismo e serviços de qualquer natureza; VIII – estocagem para comercialização no mercado externo; IX – estocagem para comercialização ou emprego em outros pontos do País, restrito à área de Tabatinga; X – atividades de construção e reparos navais, restritas às áreas de Guajará-Mirim e Tabatinga; XI – industrialização de produtos em seus territórios, restritas às áreas de Tabatinga, Brasiléia e Cruzeiro do Sul; e XII – internação como bagagem acompanhada, observado o mesmo tratamento previsto na legislação aplicável à Zona Franca de Manaus. 9 Por fim, o último regime aduaneiro aplicado à área especial são as Zonas de Processamento de Exportação: Art. 534. As zonas de processamento de exportação caracterizam-se como áreas de livre comércio de importação e de exportação, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem comercializados no exterior, objetivando a redução de desequilíbrios regionais, o fortalecimento do balanço de pagamentos e a promoção da difusão tecnológica e do desenvolvimento econômico e social do País. Perceba: a lei é rica em possibilidades que podem auxiliar os exportadores e, consequentemente, o desenvolvimento nacional. Falta, no entanto, que essas iniciativas sejam pulverizadas ao resto do país, para que o Brasil adquira a cultura de exportação e de atuação em comércio exterior. TEMA 3 – REGULAMENTO ADUANEIRO Como você já percebeu, até o momento utilizamos e mencionamos o regulamento aduaneiro diversas vezes. Isso se dá por ser uma norma muito importante na tutela da legislação aduaneira. O regulamento aduaneiro fala, também, na tributação do comércio exterior, além de dar outras providências sobre a área: Art. 69. O imposto de importação incide sobre mercadoria estrangeira Parágrafo único. O imposto de importação incide, inclusive, sobre bagagem de viajante e sobre bens enviados como presente ou amostra, ou a título gratuito Art. 70. Considera-se estrangeira, para fins de incidência do imposto, a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retorne ao País, salvo se I – enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado; II – devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou para substituição; III – por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador; IV – por motivo de guerra ou de calamidade pública; ou V – por outros fatores alheios à vontade do exportador. Parágrafo único. Serão ainda considerados estrangeiros, para os fins previstos no caput, os equipamentos, as máquinas, os veículos, os aparelhos e os instrumentos, bem como as partes, as peças, os acessórios e os componentes, de fabricação nacional, adquiridos no mercado interno pelas empresas nacionais de engenharia, e exportados para a execução de obras contratadas no exterior, na hipótese de retornarem ao País. Obviamente que as disposições sobre esse tema não constam apenas aqui, mas em outras leis e decretos. Um ponto importante a respeito da tributação no comércio exterior é a compreensão do termo fato gerador. E o que é isso? É “momento do nascimento da obrigação tributária (em face da prévia qualificação legal daquele fato)” (Amaro, 2007). Ou seja, é o momento a partir 10 do qual nasce a obrigação tributária. Quem nos auxilia a entender essa expressão é o Código Tributário Nacional: “Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Ou seja: cada um dos tributos relativos ao comércio exterior possui um fato gerador, que faz com que aquele tributo se torne devido. Mas, por qual razão estamos discutindo isso? Pelo fato de que, ainda que as leis digam que o imposto de importação é devido quando a mercadoria entra no país, na prática sua tributação deve ser paga no momento em que a importação é registrada no Siscomex. Veja o que diz o Regulamento Aduaneiro sobre isso: “Art. 72. O fato gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro”. Ainda que assim o diga, numa boa parte das importações, o pagamento ocorre quando do registro da importação. E, afinal, quem deve pagar esse tributo? Novamente, o Regulamento Aduaneiro nos responde: Art. 104. É contribuinte do imposto I – o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro; II – o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; e III – o adquirente de mercadoria entrepostada. Art. 105. É responsável pelo imposto: I – o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno II – o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro III – qualquer outra pessoa que a lei assim designar. E será sempre assim, em relação ao pagamento antecipado dos tributos, pelas pessoas acima designadas? Bem, os procedimentos do Despacho de Importação podem ser feitos também após a chegada da mercadoria: Art. 546. O despacho de importação deverá ser iniciado em I – até noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto alfandegado de zona primária; II – até quarenta e cinco dias após esgotar-se o prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária; e III – até noventa dias, contados do recebimento do aviso de chegada da remessa postal. Muitos importadores utilizam-se desse subterfúgio para não precisarem pagar os tributos relativos ao processo de importação quando a mercadoria sequer tenha chegado ao território nacional. E sob qual valor incidem esses tributos todos? É o que veremos logo adiante! 11 TEMA 4 – VALORAÇÃO ADUANEIRA Vamos imaginar por um instante que duasempresas pertencem ao mesmo dono ou ao mesmo grupo empresarial. A filial brasileira está importando um caríssimo lote de camisas francesas da filial da França. A filial da França pode tentar evitar que a filial brasileira pague os tributos sobre os altos valores da invoice. Assim, para tentar reduzir a tributação da chegada do produto ao Brasil, a filial francesa declara valores irrisórios em sua exportação, com a intenção de que, quando esses produtos chegarem ao Brasil, sofram tributação sobre um valor menor. Será que essa situação é válida? Não! Não se pode valorar um produto dessa maneira e, em se tratando de produtos sendo transacionados por empresas pertencentes ao mesmo grupo, não se considera o valor declarado da importação para efeitos de cálculos tributários. E como funciona, então? Quais são os valores a se considerar? Bem, como você pode imaginar, centenas de milhares de importadores e exportadores combinaram declarações de valores diferentes do real para tentar iludir as autoridades fiscais de seus países. Por conta disso, o GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio, base da Organização Mundial do Comércio, criou métodos específicos de valoração. No entanto, antes de vermos quais são esses métodos, precisamos entender o que é a valoração. Vejamos: A valoração aduaneira tem como objetivo a determinação do valor de certa mercadoria importada, fixando um montante que servirá de base para o cálculo dos tributos e eventuais direitos aduaneiros, segundo certos princípios e critérios técnicos e legais aprovados e praticados internacionalmente. (Guedes; Pinheiro, 2012) Ou seja: o objetivo aqui é apurar o valor correto da mercadoria transacionada, que servirá como base para cálculo do valor aduaneiro da importação. E o que mais podemos dizer a esse respeito? Que a ideia por trás dessas discussões e de um dos acordos do GATT é permitir que as autoridades aduaneiras cheguem ao “preço efetivo da mercadoria, sem, no entanto, permitir que a vinculação eventualmente existente entre importador e exportador, reduzindo o preço, prejudique a arrecadação do imposto” (WERNECK, 2012). Para que a tributação das aduanas seja justa, no entanto, “os critérios aplicados na valoração das mercadorias não podem ser diferentes ou discriminatórios em relação aos importadores” (LUZ, 2013). Isso quer dizer: todos os importadores precisam receber o mesmo igualitário tratamento: 12 Ou seja, os critérios exigíveis para importações da Argentina, devem ser os mesmos exigidos para importações da Alemanha, de forma que não se favoreça indevidamente nenhuma nação. Da mesma forma, o princípio da precisão ‘prevê métodos objetivos para apuração do preço, de modo que nunca se poderá chegar a dois ou mais valores para uma mesma importação. O valor é único e apurável precisamente’ (LUZ, 2013). A ideia, nesse caso, é impedir o favorecimento de um ou outro parceiro comercial, em detrimento dos demais membros do acordo. (Nyegray, 2016, p. 235) Esse acordo internacional de valoração aduaneira, cujos métodos veremos na sequência, trata-se do artigo sétimo do tratado do GATT – o Acordo Geral de Tarifas e Comércio. No entanto, antes de chegar lá, precisamos entender bem o que consiste no valor aduaneiro da mercadoria. Vamos ao regulamento aduaneiro: Art. 76. Toda mercadoria submetida a despacho de importação está sujeita ao controle do correspondente valor aduaneiro. Parágrafo único. O controle a que se refere o caput consiste na verificação da conformidade do valor aduaneiro declarado pelo importador com as regras estabelecidas no Acordo de Valoração Aduaneira. Como você pode perceber, o Regulamento Aduaneiro recepciona o artigo VII do acordo do GATT e o insere como regra a ser obedecida. E no que consiste o valor aduaneiro? Art. 77. Integram o valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado: I – o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II – os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais referidos no inciso I; e III – o custo do seguro da mercadoria durante as operações referidas nos incisos I e II. Vamos com calma aqui! Imagine, então, que você já tem o valor efetivamente pago pela mercadoria. Para se chegar ao valor aduaneiro, a conta é mais ou menos a seguinte: 13 Ou seja: para chegarmos ao valor aduaneiro, pegamos o valor da mercadoria – cujos métodos de apuração veremos adiante – somamos o frete, o seguro e a capatazia marítima. Será, então, sobre esse valor que incidirão os impostos na chegada da mercadoria ao país de destino! TEMA 5 – MÉTODOS DE VALORAÇÃO Quando nos debruçamos a tentar entender a história do século XX, percebemos que não há como mencionar esse fatídico século sem pensar nos conflitos que o caracterizaram. Além de uma série de guerras esparsas, duas grandes guerras mundiais ceifaram milhões de vidas. Enquanto as causas da Primeira Guerra Mundial são longínquas e de complicada enumeração, no caso da Segunda Guerra seu entendimento é mais fácil. Uma causa inicial foi o empobrecimento geral das nações causado pela crise econômica de 1929. Essa crise levou muitos países a adotarem políticas protecionistas numa tentativa de defender seus mercados e indústrias domésticas. Com a eclosão do Segundo Conflito Mundial, em 1939, aliados e inimigos travam duras batalhas no campo militar e político. Adiantando a vitória que estava num horizonte próximo, os aliados reuniram-se da cidade estadunidense de Bretton Woods para pensar em formas de evitar que, ao final da Segunda Guerra, uma nova crise econômica de proporções globais pudesse ocorrer. Naquela ocasião, então, criam ao menos três acordos internacionais para regulamentar e tutelar o sistema financeiro, monetário e econômico mundial. O primeiro dos tratados dá origem ao Fundo Monetário Internacional; o segundo, ao que hoje conhecemos como Banco Mundial. 14 O terceiro tratado, conhecido como GATT – General Agreenmenton Tarifsand Trade (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) entra em vigor em 1947 e torna-se a base para o surgimento da Organização Mundial do Comércio – OMC em 1995. O tratado do GATT traz uma série de importantes regulamentações para o comércio internacional, dentre as quais as regulamentações sobre valoração aduaneira, que deve ser uniforme a todo o mundo. Mas, qual a importância da adoção de medidas uniformes de valoração aduaneira? Quando o preâmbulo fala em “Reconhecendo a necessidade de um sistema equitativo, uniforme e neutro”, temos na equidade a igualdade de condições entre os membros do tratado; na uniformidade a mesma aplicação de normas para todos os países e; na neutralidade, o fato de que o ‘acordo de valoração aduaneira somente será aplicado para fins aduaneiros, não podendo ser usado para qualquer outro fim’ (Luz 2013). Isso quer dizer que o acordo serve para combater práticas desleais, abusivas, e que eventualmente concedam benefícios um país específico em detrimento dos demais. (Nyegray, 2016, p. 235) Isso significa que a adoção de métodos uniformes de valoração aduaneira proporcionam e propiciam uma maior liberdade ao comércio internacional. O acordo do GATT foi recepcionado pelo direito brasileiro e até mesmo pelo Regulamento Aduaneiro: Art. 76. Toda mercadoria submetida a despacho de importação está sujeita ao controle do correspondente valor aduaneiro. Parágrafo único. O controle a que se refere o caputconsiste na verificação da conformidade do valor aduaneiro declarado pelo importador com as regras estabelecidas no Acordo de Valoração Aduaneira. E quais, então, os métodos corretos de valoração aduaneira? Bem, o primeiro método é o valor efetivo da transação. Diz o artigo VII do acordo do GATT que o “valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8 (...)”. As ressalvas abordam as situações que alterariam a veracidade do valor declarado na transação. Por exemplo: se houver vínculo entre o vendedor e o comprador, não se pode considerar como valor aduaneiro o valor da transação, uma vez que as partes podem tê-lo modificado de alguma forma para que, quando a dita mercadoria chegue ao destino, pague menos impostos de importação. Quando, por algum dos motivos descritos na lei e no artigo VII do GATT, o valor da transação não puder ser considerado para fins de valoração 15 aduaneira, adotar-se-á o valor de transação de mercadorias idênticas. Werneck (2012) traz o exemplo de doação de uma Ferrari de um pai para um filho: Nem é necessário considerar-se a vinculação entre ambos para descartar o primeiro método, já que não há preço de venda. Houve uma importação de uma dúzia de Ferraris do mesmo modelo por uma revenda de veículos. O preço unitário dessas Fferraris poderá ser considerado. (Werneck, 2012) Ou seja, pelo segundo método de valoração aduaneira, “é aproveitado o valor de transação informado na DI de produto idêntico, caso este tenha sido importado em data aproximada à da importação objeto de valoração” (LUZ, 2013). E quando não for possível o uso do segundo método de valoração? Vamos imaginar que a última importação de uma mercadoria idêntica já faz muito tempo e que, por isso, não se pode considerar aquele preço. Qual o método a adotar? Nesse caso, adota-se o terceiro método de valoração, pelo valor da transação de mercadorias semelhantes. Por exemplo: Digamos que uma empresa venda, com exclusividade, para uma outra empresa do mesmo grupo, determinada mercadoria, e que o preço tenha sido afetado pela vinculação. Não será encontrada nenhuma importação de produto idêntico, já que só há um importador. (Werneck, 2012). Nesse caso, muitos importadores acabam por entrar em contato com a Receita Federal: Aplica-se a este método, a mesma possibilidade do método anterior, a de consultar a Receita Federal para tentar encontrar uma mercadoria semelhante que tenha sido importada recentemente. Vamos imaginar um carro esportivo novo, que nunca tenha sido trazido ao Brasil e está sendo transferido de uma filial europeia para a filial nacional. Há a vinculação, portanto não pode ser valorado pelo valor da transação. Não há mercadoria idêntica, pois o veículo é um modelo novo. A saída será, então, buscarmos outros veículos esportivos que tenham algumas semelhanças como, por exemplo, a potência do motor, o tamanho do porta-malas, o aro das rodas, e algumas outras de possível aferição. (Nyegray, 2016, p. 247) E quando não houver mercadoria semelhante? Nesse caso, busca-se o quarto método de valoração: pelo valor deduzido: Considerando que a loja brasileira já fechou a revenda deste bem no mercado interno pelo preço de R$ 1.000,00 (mil reais), serão deduzidas deste valor as parcelas agregadas no território brasileiro. A lógica é apurar o valor que a mercadoria teria ao chegar ao Brasil. Por exemplo, caso as parcelas tenham valores de R$ 100,00 (comissão do vendedor da loja), R$ 100,00 (tributos incidentes na importação e comercialização do bem), R$ 70,00 (seguro e frete do porto até a loja) e R$ 150,00 (lucro normal e despesas gerais relacionadas à venda de uma mercadoria de mesma espécie), o valor aduaneiro apurado pelo quarto método será de R$ 580,00 (quinhentos e oitenta reais). (Luz, 2013) 16 Assim, raciocina-se de uma forma a se chegar a um valor aproximado que a mercadoria pode ter, para que se efetue a valoração aduaneira. O acordo do GATT enumera algumas das deduções como custos de transporte, custos de seguro e eventuais comissões. Há ainda o quinto método de valoração aduaneira, que é o método do valor computado: “Essa possibilidade é, então, a de se computar, um a um, o valor dos materiais utilizados na fabricação de um determinado produto final, mais despesas gerais e valor de lucro” (NYEGRAY, 2016, p. 250). Por fim, o sexto e último método é o chamado método dos critérios razoáveis. Se a mercadoria não puder ser valorada por nenhum dos métodos anteriores, busca-se o acordo do GATT que diz: 1. Se o valor aduaneiro das mercadorias importadas não puder ser determinado com base no disposto nos Artigos 1 a 6, inclusive, tal valor será determinado usando-se critérios razoáveis condizentes com os princípios e disposições gerais deste Acordo e com o Artigo VII do GATT 1994 e com base em dados disponíveis no país de importação. 2. O valor aduaneiro definido segundo as disposições deste Artigo não será baseado: (a) – no preço de venda no país de importação de mercadorias produzidas neste; (b) – num sistema que preveja a adoção para fins aduaneiros do mais alto entre dois valores alternativos; (c) – no preço das mercadorias no mercado interno do país de exportação; (d) – no custo de produção diferente dos valores computados que tenham sido determinados para mercadorias idênticas ou similares, de acordo com as disposições do Artigo 6; (e) – no preço das mercadorias vendidas para exportação para um país diferente do país de importação; (f) – em valores aduaneiros mínimos; ou (g) – em valores arbitrários ou fictícios. Esse é o mais difícil dos métodos de valoração. No caso brasileiro, a lei permite que a Receita Federal faça uma perícia nas mercadorias para apurar seu real valor. TROCANDO IDEIAS No link a seguir você encontra o decreto 2498, que dispõe sobre a implementação do acordo do GATT de valoração aduaneira: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2498.htm>. NA PRÁTICA Leia a notícia “Importados enfrentam novas barreiras no Brasil”, retirada do site da revista Veja, disponível em: 17 <http://veja.abril.com.br/economia/importados-enfrentam-novas-barreiras-no- brasil/>, e responda à seguinte questão: Considerando a notícia, quais os impactos que a adoção do método equivocado de valoração aduaneira pode causar ao importador? O Brasil é um dos países que mais tributa, e as importações não fogem a essa regra. Por isso, os importadores podem ser extremamente afetados caso se utilize o valor aduaneiro equivocado. Via de regra, importadores trabalham com planilhas de custo extremamente rígidas, nas quais uma mínima alteração de valores pode fazer com que um produto e uma operação tornem-se economicamente inviáveis. Assim, manter os documentos em dia e em ordem, assim como a relação de comunicação entre o importador brasileiro e o exportador estrangeiro, pode auxiliar a evitar problemas sérios. FINALIZANDO Para que o desembaraço aduaneiro ocorra, todos os tributos relativos à importação devem ter sido quitados. No entanto, essa regra se aplica ao chamado “despacho para consumo”, quando a mercadoria tem o Brasil como destino final. Em relação à tributação nas importações, sabe-se que incidem uma série de impostos diferentes: Imposto de Importação – II; Imposto sobre Produto Industrializado – IPI; Programa de Integração Social – PIS; Contribuição para financiamento da Seguridade Social – COFINS; Imposto sobre Circulação de Mercadorias ou Serviços– ICMS; Adicional Sobre o Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM;Taxa de Utilização do Siscomex – TUS. Regimes aduaneiros especiais são aqueles nos quais a regra de tributação das importações é suspensa ou restrita em algum momento por algum dos motivos dispostos em lei. Muitos industriais brasileiros importam insumos que serão utilizados para a fabricação de determinado item. Esse item, ao ser exportado, não pode ser tributado. Por isso, existe o drawback. A Zona Franca de Manaus foi criada mesmo com o propósito de auxiliar no desenvolvimento daquela região. Atualmente, quem auxilia em sua administração é a Suframa – superintendência da Zona Franca de Manaus. Há uma denominação específica para quando uma mercadoria sai da Zona Franca de Manaus e vai para qualquer outro ponto do território brasileiro. Chama-se internação, conforme manda o Regulamento Aduaneiro: “Art. 508. Denomina-se 18 internação, para os efeitos deste Capítulo, a entrada, em outros pontos do território aduaneiro, de mercadoria procedente da Zona Franca de Manaus, nos termos dos arts. 509 e 512”. O regulamento aduaneiro fala, também, na tributação do comércio exterior, além de dar outras providências sobre a área. Veja o que diz o Regulamento Aduaneiro sobre isso: “Art. 72. O fato gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro”. Ainda que assim o diga, numa boa parte das importações, o pagamento ocorre quando do registro da importação. A valoração aduaneira tem como objetivo a determinação do valor de certa mercadoria importada, fixando um montante que servirá de base para o cálculo dos tributos e eventuais direitos aduaneiros, segundo certos princípios e critérios técnicos e legais aprovados e praticados internacionalmente. (Guedes; Pinheiro, 2012) A adoção de métodos uniformes de valoração aduaneira proporciona e propicia uma maior liberdade ao comércio internacional. O acordo do GATT foi recepcionado pelo direito brasileiro e até mesmo pelo Regulamento Aduaneiro. 19 REFERÊNCIAS AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In: _____. Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 2009. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais – estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. CABRAL, J. L. Comércio internacional para concursos. São Paulo: Método, 2011. FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel, 2011. FISCHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Como chegar ao sim – as negociações de acordos sem concessões. São Paulo: Imago, 2005. HOBSBAWM, E. Era dos extremos – o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. IAMIN, G. P. Negociação: conceitos fundamentais e negócios internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. WERNECK, P. Comércio exterior & despacho aduaneiro. 4. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2009.
Compartilhar