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1 BIBLIOTERAPIA PARA ACEITAÇÃO DA MORTE POR PARTE DAS CRIANÇAS Jaciara Paula Casagrande1 Araci Isaltina de Andrade Hillesheim2 RESUMO A pesquisa objetiva apresentar a aplicabilidade terapêutica de textos literários infantis que possam gerar o entendimento sobre a morte e amenização da dor gerada pela perda na infância. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e bibliográfica, com análise de livros infantis selecionados através do catálogo online na Biblioteca Pública de Santa Catarina e na Biblioteca Setorial do Colégio de Aplicação com base em critérios criados pelas pesquisadoras, a partir de autores estudados. A faixa etária delimitada para a pesquisa se concentra no estágio psicológico da criança situada no leitor iniciante, que abarca a idade dos seis aos sete anos. Foram selecionados oito livros para análise que contemplavam a temática da pesquisa, provindo quatro de cada biblioteca pesquisada. A grande maioria dos livros selecionados para a pesquisa atendem os critérios analisados e são materiais de qualidade para a aplicação biblioterapêutica focada na perda na infância. Ao final da pesquisa, conclui-se a importância de abordar o assunto morte na infância e que a biblioterapia é um recurso ideal como tratamento terapêutico para o luto na infância. Palavras-chave: Biblioterapia. Literatura infantojuvenil – Morte. Luto – Crianças. ABSTRACT The research had as objective to present the therapeutic application of children's literary texts that can generate the understanding about the death and amelioration of the pain generated by the loss in childhood. This is a qualitative, exploratory and bibliographic research, with an analysis of children's books selected through the on-line catalog at the Public Library of Santa Catarina and at the Sectoral Library of the Colégio de Aplicação based on criteria created by the researcher, based on the authors studied. The age range delimited for the research focuses on the psychological stage of the child located in the beginning reader, who contemplates the age of six to seven years. There were selected eight books for the analysis of which four from each Library. The vast majority of books selected for research have the criteria analyzed and are quality materials for the application of bibliotherapy focused on childhood loss. At the end of the research, it is clear the importance of addressing the issue in childhood and that bibliotherapy is an ideal resource as a therapeutic treatment for mourning in childhood. Keywords: Bibliotherapy. Children's Literature – Death. Mourning – Children. 1 Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalho de Conclusão do segundo semestre de 2017. (ORCID 0000-0001-6983-0131). 2 Professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina. (ORCID 0000-0003-0853-347X). 2 1 INTRODUÇÃO Muitos assuntos, por serem considerados impactantes e delicados para ser abordados, acabam se transformando em tabu e falar sobre tais assuntos torna-se difícil, como é o caso da morte. Falar de morte com crianças é ainda mais complicado; muitas vezes os responsáveis querem protegê-las da dor e, acreditando que não conseguiriam compreender essa situação, acabam mascarando a morte. Contudo, negar e omitir informações sobre a morte poderá ser prejudicial às crianças que ficarão sem entender tal situação. Assim, deve-se criar um elo de confiança com as crianças e sanar suas dúvidas, conversando e explicando abertamente acerca do assunto. Conforme Paiva (2011) afirma, nos deparamos com a morte em vários momentos da vida, seja assistindo uma reportagem, com conversas entre vizinhos, na própria família, perdendo um animal de estimação, ou seja, é inevitável não ter contato com esse assunto. A morte vem sem aviso prévio e junto com ela diversas dúvidas aparecem, principalmente o questionamento de como lidar com a perda, sendo que, quando a morte afeta pessoas significativas para crianças, pode-se tornar um assunto de conversa muito delicado. Ao longo do trabalho será abordado o uso da biblioterapia como recurso para o entendimento e a aceitação da morte por parte das crianças. Atualmente, existe uma grande quantidade de livros infantis que abordam a morte sendo publicados, porém, nem todos são adequados para relatar esse assunto às crianças; dessa forma, a seleção desse material através de critérios torna-se necessária. A escolha do livro que será utilizado para uma sessão de biblioterapia depende da idade das crianças e deve atender ao seu desenvolvimento psicológico. No cenário da infância abordado na pesquisa, a idade será delimitada dos seis aos sete anos, correspondendo ao leitor iniciante, seguindo a classificação de Coelho (2011); e, de acordo com ela “nessa fase, a presença do adulto, como ‘agente estimulador’, faz-se ainda necessária, não só para levar a criança a se encontrar com o mundo contido no livro, como também para estimulá-la […] [a adentrar no] mundo da escrita” (COELHO, 2011, p. 35). Nesse contexto, o trabalho se propõe a responder “quais características biblioterapêuticas podem ser encontradas na literatura infantil que ajudam no entendimento e aceitação infantil da morte?”. A motivação que gerou o interesse da pesquisa surge do fato de que o tema “morte” é pouco abordado na infância e, muitas vezes, quando atinge alguém próximo das crianças, a 3 incompreensão se torna presente e não existe a aceitação de forma fácil. Como descreve Paiva (2011, p. 21), “seria interessante que as várias mortes com as quais a criança se depara em seu dia a dia pudessem ser trabalhadas, para que ela fosse preparada desde cedo a enfrentar esse tema”. Acreditando no potencial da biblioterapia, a pesquisa tem como objetivo geral apresentar a aplicabilidade terapêutica de textos literários infantis que possam gerar o entendimento sobre a morte e amenização da dor gerada pela perda na infância. Para atingir a proposta, definiu-se como objetivos específicos: a) identificar, na literatura, a visão da criança sobre a morte; b) selecionar livros infantis que tratam sobre a morte e que contenham componentes biblioterapêuticos; c) sintetizar as características dos livros que afetam de forma terapêutica na visão da criança sobre a morte. 2 BIBLIOTERAPIA A biblioterapia etimologicamente deriva do grego, sendo o resultado da união das palavras biblio (livro) e therapeia (terapia), desta forma, é a terapia por meio de livros. Segundo Ouaknin (1996, p. 16), “a biblioterapia nasce do encontro entre a “força” da língua [...] e o local de expressão primordial e primeiro dessa “força”: o livro”. A prática terapêutica por meio dos livros remonta desde a antiguidade e a biblioteca era vista como um local sagrado que era propício para o alívio das enfermidades. A literatura anda lado a lado com a medicina em busca de cuidar dos males que afetavam o ser. (CALDIN, 2010, p. 12). A biblioterapia utiliza, em grande parte, textos literários, visando o tratamento terapêutico que os mesmos podem favorecer, uma vez que a metáfora, presente nesses textos ficcionais, potencializa os componentes biblioterapêuticos, listados mais adiante. Os livros de ficção são passíveis de várias interpretações, a biblioterapia propõe práticas de leitura que proporcionam essas diversas visões sobre as histórias escritas, gerando a criação de novos sentidos; uma história literária conduz o leitor ou ouvinte a sentir tranquilidade, proporcionando o efeito benéfico (CALDIN, 2001). Dessa maneira, a leitura proporciona a vivência de vários estilos de vida, o descobrimento de lugares nunca vistos antes e a promessa de sempre levar o leitor para uma dimensão que o apazígue e o ajude a conviver deforma amena com a realidade. Segundo Ratton (1975, p. 208), A ampliação do ambiente e a possibilidade de experimentar sentimentos e emoções em completa segurança são os maiores benefícios proporcionados 4 às crianças pelo livro. Essa experiência obtida de maneira indireta é importante para fazê-la acostumar-se com as situações sem incorrer nos riscos que a atuação implicaria, e atenuar os possíveis impactos diante de uma experiência concreta. A citação, de uma das primeiras pesquisadoras brasileiras acerca da biblioterapia, aponta a pertinência de falar com crianças assuntos considerados delicados, amenizando possíveis choques emocionais futuros. Lembra-se que a biblioterapia é composta por componentes biblioterapêuticos e é a partir deles que a literatura pode se tornar benfazeja. Muitos textos são produzidos anualmente, porém nem todos podem ser utilizados para práticas biblioterapêuticas, uma vez que a narrativa precisa proporcionar sensações de bem-estar e alívio nos leitores, e o abrandamento das emoções é atingido através desses componentes. Conforme Caldin (2010), existem três componentes básicos biblioterapêuticos: a catarse; a identificação; e a introspecção. E, ao articular o literário com a biblioterapia, parte-se do pressuposto que o ser humano se envolve emocionalmente com o texto ficcional. Assim, a leitura […] pode proporcionar: a catarse, na medida em que libera emoções; a identificação com as personagens, no momento em que o sujeito assimila um atributo do outro ficcional; e a introspecção, ou seja, a educação das emoções (CALDIN, 2010, p. 19-20). A introspecção, na biblioterapia, “é um objetivo a ser atingido apenas por crianças na pré-adolescência, adolescentes, jovens e adultos considerados saudáveis, tanto física quanto mentalmente” (CALDIN, 2010, p. 173), dessa forma, não é ativada em crianças entre seis e sete anos, pois não são maduras o suficiente para refletirem sobre suas próprias emoções. 2.1 Literatura infantil Há algum tempo atrás, os contos se deparavam com a imposição feita pela sociedade ocidental de que seus textos deveriam transmitir valores morais às crianças, sendo que os contos de fadas eram caracterizados como impróprios para a idade infantil, pois eram vistos como um bloqueador do desenvolvimento das crianças e os impediam de enfrentar o mundo real. Mas a visão de educadores e psicólogos que acreditavam nos benefícios dessas narrativas e seu papel fundamental no crescimento dos indivíduos se expandiu e mudou a visão antiga que se tinha dos contos (MEREGE, 2010). Conforme Coelho (2011, p. 30), “a valoração da literatura infantil, como fenômeno significativo e de amplo alcance na formação das mentes infantis e juvenis […] é conquistada recentemente”. 5 Coelho (2011, p. 32), ressalta que a evolução biopsíquica das crianças divergem de uns para outros, contudo a natureza e sequência dos estágios são os mesmos; assim, a inclusão do leitor em categorias “depende não apenas de sua faixa etária, mas principalmente da inter- relação entre sua idade cronológica, nível de amadurecimento biopsíquico-afetivo-intelectual e grau ou nível de conhecimento/domínio do mecanismo de leitura”. Portanto, as indicações de faixas etárias são sempre aproximativas. E, segundo Bettelheim, (1997, p. 10), todos os bons contos de fadas têm significados em muitos níveis; só a criança pode saber quais significados são importantes para ela no momento. À medida que cresce, a criança descobre novos aspectos desses contos bem conhecidos, e isso lhe dá a convicção de que realmente amadureceu em compreensão, já que a mesma história agora revela tantas coisas novas para ela. Cada pessoa tem seu tempo de aprendizado e os livros dão espaço a várias interpretações. Dessa forma, a leitura na infância sobre determinados assuntos proporciona o entendimento no tempo de cada um. Conforme as ideias vão amadurecendo, as histórias vão tomando outros significados e, assim, a percepção do que a narrativa quer transparecer é passada para a criança. Como afirma Bettelheim (1997, p.11), “a história só alcança um sentido pleno para a criança quando é ela quem descobre espontânea e intuitivamente os significados previamente ocultos”. Na infância, todos podem passar pela experiência de perder um ente querido e isso ficará gravado em sua memória. O trauma e a dor gerados pela perda inesperada serão curados com o tempo, como advoga Ouaknin (1996, p. 45), “é interessante notar que não há futuro sem passado, não há esperança sem memória. […] As doenças da alma são doenças do tempo”. Além do tempo, “a leitura [...] poderá, segundo diferentes modalidades, tornar possível uma reinserção em uma temporalidade harmônica na qual o futuro extrai força do passado e na qual a memória dá asas à esperança” (OUAKNIN, 1996, p. 46). A partir disso, é possível fazer o elo entre a biblioterapia e a literatura infantil, focando no aprendizado sobre a morte. 2.2 Visão da criança sobre a morte Nessa subseção será levantada a visão da criança sobre a morte através das análises já feitas por adultos e especialistas nas áreas de psicologia e pedagogia. A morte afeta a todos nós, cada um de uma forma diferente. Assim também ocorre com as crianças e, muitas vezes, esse tema não é tratado com a devida importância e as 6 crianças podem crescer sem ter o entendimento necessário sobre a morte. De acordo com Kovács (1992), à medida que a criança se desenvolve se depara com mortes efetivas que a rodeiam e tenta compreender o que está acontecendo. Muito embora alguns adultos acreditem que as crianças devam ser poupadas desse assunto, é bom lembrar que as crianças já observaram mortes, como a de formigas (quando alguém pisa em cima delas), de seus animais de estimação ou até mesmo seus parentes (só para citar alguns exemplos) e sabem que sua condição mudou, pois eles ficam imóveis e serenos, como no sono. Entretanto percebem que, diferente do sono, o animal ou o ser humano morto não acorda, o que pode gerar aflição e profunda tristeza nas mentes infantis. Para a criança é “difícil definir vida e morte, pois na sua percepção a morte é não-movimento, cessação de algumas funções vitais como alimentação, respiração; mas na sua concepção a morte é reversível, pode ser desfeita” (KOVÁCS, 1992, p. 3). Por esse motivo, esse tema precisa ser abordado ainda na infância e não evitado, pois tentar mascarar a verdade para as crianças é mais prejudicial do que benéfico, uma vez que tolhe sua curiosidade nata. Muitos adultos não sabem como lidar com o processo de luto e são permeados por dúvidas relacionadas a tratar ou não esse assunto com as crianças. Por mais que a morte faça parte da realidade infantil, Kovács (2005, p. 487) afirma que “ocorre grave distúrbio na comunicação que denominamos conspiração de silêncio; observam-se pais que não sabem se devem falar ou não sobre a morte de um parente próximo, professores que se vêem às voltas com perguntas insistentes sobre mortes […]”. Isso mostra que o tabu gerado em torno da morte está impregnado em nossa cultura e que devemos mudar essa visão para que as crianças não sejam prejudicadas por um assunto que a sociedade possui dificuldade em lidar. Kovács (1992, p. 4) também explica que, A dor acompanha as mortes e o processo de luto se faz necessário; a criança também processa as suas perdas, chora, se desespera e depois se conforma como o adulto. Certamente não expressará a sua dor, se não souber que aconteceu uma morte, entretanto a criança percebe que algo aconteceu pois todos estão agindo de uma forma diferente. A citação descreve como na infância também ocorrem perdas e o luto é inerente ao ser humano. Falar sobre a morte deve fazer parte denossa cultura e isso pode se tornar mais fácil por meio de histórias. Como cita Marques (2013, p. 50) “a compreensão do processo do luto presente no conto pode proporcionar ressignificações e novas abordagens sobre o processo de morrer, e de enfrentamento diante à morte e luto”. 7 Tanto adultos quanto crianças devem compreender o processo de morrer e ter seu momento de luto respeitado; somos seres individuais e cada qual tem seu próprio tempo para superar a dor da morte e progredir em sua jornada. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa em questão, do ponto de vista da forma de abordagem do problema, foi uma pesquisa qualitativa, em razão de possuir um “vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa” (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20). Em relação ao ponto de vista de seus objetivos, foi uma pesquisa exploratória, que de acordo com Gil (2002, p. 41), busca “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica; lembra Gil (2002, p. 44) que tal pesquisa é “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, utilizando também materiais disponíveis na web (SILVA; MENEZES, 2005). Foi levantada de forma seletiva a bibliografia do tema em questão para a familiarização do assunto e construção do referencial teórico. O material foi coletado através da Biblioteca Central e Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Para a seleção dos materiais online, foram utilizadas as fontes de informação: Portal CAPES; Brapci; Scielo; e Google Acadêmico. A pesquisa dos termos foi efetuada na caixa de busca simples das fontes, e categorizadas por título ou assunto. Os termos utilizados para as buscas foram: biblioterapia; morte; crianças AND morte; biblioterapia AND morte; biblioterapia AND crianças; entendimento da morte; biblioterapia para aceitação da morte. Quanto ao assunto dos materiais localizados, foram selecionadas: obras que abordam a biblioterapia; possuam conceitos de morte e morte na infância. Os materiais que abordam a biblioterapia focada em aplicações não relacionadas à morte foram descartados. Nas pesquisas realizadas foram localizadas poucas publicações relacionadas à aplicação da biblioterapia como recurso para o entendimento e aceitação da morte, dessa forma, o material coletado em sua grande maioria abordou cada assunto separadamente. 8 Para responder ao objetivo de identificação da visão da criança sobre a morte, a pesquisa foi efetuada em material de literatura científica, nas mesmas bases já citadas anteriormente, utilizando artigos das áreas de psicologia e pedagogia, que possuem as análises de como a criança se comporta diante de tal assunto. Para a busca e seleção dos livros infantis que tratam sobre morte (morte de algum ente querido, não a experiência de um enfermo terminal e seu relato) e que contenham componentes biblioterapêuticos, foi executada uma pesquisa via catálogo na Biblioteca Setorial do Colégio Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina e na Biblioteca Pública de Santa Catarina. Para as pesquisas efetuadas na Biblioteca Setorial do Colégio de Aplicação, utilizando a pesquisa simples do catálogo online no Sistema Pergamum e selecionando a coleção de literatura infantil, utilizou-se como termos de busca: morte; luto; perda na infância. Não foram obtidos resultados relevantes com a busca efetuada. Então, através de sugestões encontradas em busca simples no sistema de busca “Google” com o termo “livros infantis sobre morte”, procurou-se diretamente pelos títulos de livros sugeridos, sendo localizados quatro livros no acervo da Biblioteca do Colégio de Aplicação. A pesquisa efetuada no catálogo online da Biblioteca Pública de Santa Catarina, que utiliza o Sistema Sábio, consistiu na busca avançada e a procura conjunta pelos assuntos morte e literatura infantojuvenil, recuperando doze resultados, e na exploração/análise de cada resultado, foram selecionados quatro livros que respondem ao objetivo desta pesquisa. Os livros selecionados das duas bibliotecas estão listados na seção de análise e interpretação dos dados. Destaca-se que para Coelho (2011) a literatura infantil deve ser adequada aos estágios psicológicos da criança, quais sejam: pré-leitor (15 meses até 3 anos ); leitor iniciante (6 a 7 anos ); leitor-em-processo ( 8 a 9 anos); leitor fluente (10 a 11 anos) e leitor crítico (12 a 13 anos). Para o trabalho em questão foi delimitado para a pesquisa, a faixa etária que corresponde ao leitor iniciante. Como esclarece Coelho (2011, p. 34) é a “fase da aprendizagem da leitura, na qual a criança já reconhece, com facilidade, os signos do alfabeto e reconhece a formação das sílabas simples e complexas. Início do processo de socialização e de racionalização da realidade”. Muito embora Coelho (2011) não liste livros que abordem a temática da morte para essa faixa etária, as pesquisadoras entendem que nessa etapa a criança busca entender a realidade e é imprescindível que temas fundamentais como a morte sejam abordados, uma vez que segundo Coelho (2011), os argumentos devem se situar não apenas no mundo maravilhoso, mas também em fatos do cotidiano. 9 Após a seleção dos livros, as obras escolhidas foram avaliadas conforme critérios de análise descritos na seção de análise e interpretação dos dados para a definição da qualidade textual dos materiais e se são aplicáveis para as práticas biblioterapêuticas. Na seleção efetuada das obras, não houve foco de cunho religioso, mesmo algumas obras possuindo em seus textos crenças religiosas embutidas, pois esse não era objetivo da pesquisa. Para explanar os resultados utilizou-se um quadro-resumo complementado com explicações ao longo do texto. Por último, foi sintetizado como os benefícios biblioterapêuticos afetam a visão da criança sobre a morte. 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Na biblioteca do Colégio de Aplicação foram selecionados quatro livros para a análise, assim como na Biblioteca Pública de Santa Catarina, onde também foram selecionados quatro livros. Uma dentre essas obras pode ser encontrada em ambas as bibliotecas. Maiores detalhes dos livros podem ser visualizados no item 4.1. Os critérios utilizados para análise dos livros infantis selecionados foram elaborados, por estas pesquisadoras, a partir dos autores estudados, de forma a designar se os livros em questão possuem o necessário para despertar o interesse da criança e possam ser aplicáveis na biblioterapia. Ao total são sete critérios, definidos a seguir: 1) Abordar a morte de forma simples e natural: em algumas culturas, o assunto morte é complexo e muitas vezes difícil de ser abordado até com adultos. Contudo, a morte é um processo natural do ser humano, assim, devemos falar sobre tal tema, e não afastar um diálogo que deve existir, principalmente em se tratando de crianças. Como cita Paiva (2011, p. 265), “a morte não precisa ser abordada de maneira trágica e pesada. Deve ser apresentada de forma natural. Afinal, faz parte do processo natural do existir”. Um livro voltado para o público infantil deve tratar sobre esse assunto de forma simples e sutil, para não gerar dúvidas na criança, e que possa compreender esse ciclo da vida, que toda a jornada de um ser vivo passará por essa etapa em algum momento. É fundamental “familiarizar as crianças com os sentimentos,dúvidas e angústias decorrentes dessas situações [de perda], mostrando que há saídas e que essas experiências podem ser compartilhadas e, em consequência, elaboradas” (KOVÁCS, 2005, p. 491). Por esse motivo, a história deve apresentar o tema à criança de forma natural e clara, buscando diluir os medos e anseios do leitor infantil. 10 2) Uso moderado de metáforas: segundo Marques (2013, p. 52) “como se trata de um assunto complexo, o uso da metáfora como recurso utilizado na literatura infantil, pode ser instrumento facilitador para abordagens da temática morte”, entretanto, esse recurso deve ser utilizado com cautela, pois, conforme Coelho (2011, p. 159) a “significação essencial [da história] só é aprendida quando o nível metafórico de sua linguagem narrativa for percebido e decodificado pelo leitor”. Ou seja, crianças pequenas ainda não possuem a capacidade de perceber e entender as metáforas, prejudicando assim a compreensão da história. Dessa forma, um texto repleto de metáforas não servirá para explicar um assunto complexo, ao contrário, confundirá seu significado. As metáforas não devem ser rejeitadas, apenas analisadas para se ter a percepção de qual texto pode ser utilizado com crianças entre seis e sete anos. 3) Proporcionar os componentes biblioterapêuticos (catarse, identificação): uma das principais características de livros selecionados para a prática da biblioterapia é proporcionar os componentes biblioterapêuticos. Na temática em questão, os livros selecionados devem despertar a catarse e a identificação nos leitores, componentes capazes de ajudar no luto gerado pela morte. A catarse, sendo o momento de apaziguamento das emoções, juntamente com a identificação do personagem, que gera a noção de não ser o único a passar por momentos de luto, são recursos com o poder de ensinar o leitor, ao mesmo tempo em que curam suas feridas emocionais. Segundo Caldin (2010, p. 121), “se o envolvimento com a história produzir a catarse, a identificação ou a introspecção (não necessariamente concomitantes ou sucedâneas), tal história cumpriu o propósito terapêutico, mesmo que isso não fique visível ou não seja facilmente detectado”. A introspecção não se aplica nas faixas etárias iniciais, pois a criança ainda não é capaz de refletir sobre suas próprias emoções (CALDIN, 2010), assim, os componentes biblioterapêuticos analisados nas obras serão apenas a catarse e a identificação. Na fase que corresponde ao leitor iniciante, os acontecimentos ao redor assumem proporções de mistério, assombro, diversão e ameaça, cabendo contar histórias curtas, como contos de fadas, fábulas simples, estórias mitológicas, livros com mais imagem do que texto, narrativa linear, personagens (humanos ou animais) com traços de caráter bem delimitados (maniqueísmo), texto formado por frases curtas, argumentos que estimulem a imaginação, a inteligência e a afetividade (COELHO, 1975; COELHO 2011). Lembrando que em se tratando de materiais para a aplicação da biblioterapia, a narrativa não deve impor nenhuma moral, cada criança deve tirar sua própria conclusão da história. Como afirma Caldin (2010, p. 137), 11 uma história lida, contada ou dramatizada, deve, antes de tudo, ter uma boa composição dos fatos, isto é, um enredo que propicie o despertar e o apaziguamento das emoções. Para isso é necessário escolher textos de qualidade estética, em que predomine o literário e não apareça o didático. Não cabem, em sessões de biblioterapia, textos moralizantes e de caráter informativo, haja vista que a finalidade é deleitar, causar prazer e não fornecer juízos de valor ou ensinamentos. Cada um de nós tem experiências de vida diferentes e vemos o mundo de forma única, com perspectivas individuais, logo, “apenas o atingido [pela história] sabe em que medida o texto permitiu-lhe trabalhar as emoções, ativar a imaginação ou fazer uma reflexão” (CALDIN, 2010, p. 121). Assim, é importante sempre dar oportunidade para cada criança expressar, de forma espontânea, o que sentiu com a história, devendo-se respeitar seu ponto de vista. 4) História curta/média: para a aplicação da biblioterapia, devem ser selecionadas histórias curtas ou medianas, evitando textos longos. Como explica Caldin (2004, p. 86), “há que se ter o cuidado de buscar textos curtos, que não cansem e que permitam manter o interesse durante toda a atividade de biblioterapia”. Tal afirmativa vale para crianças de modo geral, pois nessa fase da vida a capacidade de concentração é reduzida e o período dedicado à leitura rivaliza com outras atividades – assim, o bom senso é necessário para determinar a duração das atividades de biblioterapia com crianças na faixa dos 6 aos 7 anos. Um tempo bom para sessões de biblioterapia – como ensinado na matéria optativa de Biblioterapia fornecida pela Universidade Federal de Santa Catarina – está em torno de vinte minutos a meia hora, já incluindo o tempo para o diálogo após a narrativa da história, para que a prática não se torne tão extensa e flua bem. 5) Linguagem compreensível para crianças: o texto deve ser elaborado com uma linguagem simples e sua construção textual deve atender o público infantil. Segundo Coelho (2011, p. 35) “o texto deve ser estruturado com sílabas simples (vogal/consoante/vogal), organizadas em frases curtas nominais ou absolutas (períodos em coordenadas…), enunciadas em ordem direta e jogando com elementos repetitivos, para facilitar a compreensão dos enunciados”. A utilização de palavras corriqueiras e expressões utilizadas no dia a dia das crianças também facilitam no entendimento da história. 6) Possuir ilustrações: para livros infantis as ilustrações são imprescindíveis, pois, ajudam na construção da história e na compreensão da criança. Conforme Coelho (2011, p. 34), “as imagens devem sugerir uma situação (um acontecimento, um fato, etc.) que seja significativa 12 para a criança ou que lhe seja de alguma forma atraente”. Muitos livros infantis não possuem texto e apenas as ilustrações contam a história, gerando assim interpretações pessoais do conto e proporcionando várias histórias com apenas um livro, dessa maneira, alcança-se sensações diversas entre os leitores e cada um recolhe da história o que é importante para si. Segundo Coelho (2011, p. 34), a criança, por meio das imagens e textos breves, contados pelo adulto, passa a “perceber a inter-relação entre o mundo real que a cerca e o mundo da palavra que nomeia esse real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante”. Portanto, um texto acrescido de ilustrações torna-se um excelente material para abordar todos os tipos de assuntos, principalmente os delicados. Uma ilustração de qualidade é capaz de trazer sutileza à história e aguçar os sentimentos das crianças. 7) A capa deve despertar atenção: comumente utiliza-se a expressão “não se julga um livro pela capa”, que não deixa de estar correta, contudo, em se tratando de crianças, a capa na maioria das vezes é fator primordial na escolha de livros. Essa afirmação é feita a partir da experiência de uma das autoras desse artigo, na realização do seu estágio em Biblioteca escolar. Uma capa expressiva e que estimule a vontade do leitor é o ponto de partida para diversas leituras na vida de jovens leitores. 4.1 Análise dos livros selecionados Para a inserção dos livros no quadro de análises (Quadro 1) optou-se pela numeração de seus títulos, assim, adotou-se a letra “L” (indicando livro) seguida de um numeral para a designação de cada obra. A seguir, separado por biblioteca, é apresentada a lista dos livros selecionados. a) Livros localizados na Biblioteca Setorial do Colégio de Aplicação:L1 - QUEIROS, Bartolomeu Campos. Até passarinho passa. Ilustrações [de] Elisabeth Teixeira. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2002. 31 p. L2 - MORAES, Odilon. Pedro e Lua. Ilustrações do autor. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2005. [48] p. L3 - ALBISSU, Nelson. É difícil de entender, vô!. Ilustrações [de] Rogério Coelho. 14. ed. São Paulo: Atual, 2009. 80 p. (Entre linhas Cotidiano). 13 L4 - PORTELA, Miriam; VAL, Francisca do. Alice passou por aqui.... Ilustrações [de] Francisca do Val. São Paulo: Ed. Terceiro Nome, 2007. 55 p. b) Livros localizados na Biblioteca Pública de Santa Catarina: L5 - Ziraldo. Menina Nina. Ilustrações do autor. 2. ed. São Paulo, Melhoramentos, 2010. 37 p. L6 - Velthuijs, Max. O sapo e o canto do passarinho. Ilustrações do autor. São Paulo, Martins Fontes, 1993. [25] p. L7 - Abutara, Kity Luiza Soubihe. Abigail: a lagarta borboleta. Ilustrações da autora. São Paulo, Irdin, 2001. [25] p. L8 - Strausz, Rosa Amanda. O herói imóvel. Ilustrações [de] Rui de oliveira. Rio de Janeiro, Rovelle, 2011. 28 p. O livro intitulado “Alice passou por aqui...”, de Portela e Val, pode ser encontrado em ambas as bibliotecas. Logo abaixo, o quadro 1 apresenta a análise referente aos critérios que cada livro selecionado possui ou deixa de possuir. Quadro 1 – Análise dos livros infantis Critérios Localizado no livro L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 Abordar sobre a morte de forma simples e natural sim sim sim sim sim sim não Sim Uso moderado de metáforas não sim sim sim sim sim sim Sim História curta/média sim sim não não sim sim sim Sim Linguagem compreensível para crianças sim sim sim sim sim sim sim Sim Possuir ilustrações sim sim sim sim sim sim sim Sim A capa deve despertar atenção sim sim sim sim sim não sim Sim Proporcionar os componentes biblioterapêuticos (catarse, identificação) sim sim sim sim sim não sim Sim Fonte: As autoras, 2017. 14 Nas subseções, a seguir, será apresentada a análise detalhada de cada livro individualmente. 4.1.1 Até passarinho passa A história retrata lembranças do personagem de quando era um menino e morava com seus pais em uma casa com varanda e cercada pela natureza. O menino, tomado de amores pelo pássaro que visita sua varanda, narra como a amizade entre eles surgiu. Mas, como tudo passa, chegou o dia em que o passarinho partiu e o menino precisou lidar com seus sentimentos de tristeza e com a despedida precisou aprender a acolher a saudade. O livro descreve de forma simples sobre a morte no cotidiano, dando exemplos da vida do garoto, como: os insetos que voavam em volta da lâmpada até suas asas caírem e despencavam mortos no ladrilho. Durante a história, mostra como a morte acontece para todos e é natural, e no final do livro, quando a morte acomete o passarinho amado, a descrição do momento é clara e demonstra com delicadeza os sentimentos do garoto. Quanto ao uso de metáforas, o texto relata sobre a natureza que cerca o garoto de forma poética, mas utiliza-se de várias metáforas para descrever o que acontece ao seu redor. Em uma passagem do texto, o garoto comenta que para não assustar os passarinhos “seu coração deixava de bater”, significando o silêncio que fazia para tal. Contudo, o livro aborda a morte e isso pode gerar confusão na criança. Como pode o coração parar de bater e ainda vivermos? Assim, o entendimento do texto para a criança pode ficar comprometido. Por mais que a história possua várias metáforas, o momento em que aborda sobre a morte do passarinho, o texto é claro e objetivo, não deixando de ser um bom livro para tratar sobre o tema. A história não é extensa e possui uma quantidade de escrita e ilustrações bem equilibrada. A escrita do texto trabalha bastante com a linguagem poética e possui algumas palavras não tão conhecidas no cotidiano infantil, que precisariam de alguma explicação para a compreensão. Contudo, grande parte do livro possui a escrita compreensível para crianças. As ilustrações são delicadas e demostram com beleza as cenas descritas no texto. A paleta de cores possui um tom claro e mesmo as cenas criadas sendo coloridas, apresentam um toque de sutileza, não possuindo nenhuma cor vibrante que traga inquietação, absorvendo assim o leitor no mundo de tranquilidade e beleza do personagem. A capa representa o desejo que o menino tem por voar e de sua varanda fica olhando o campo aberto com um imenso céu azul claro, observando os passarinhos que voam 15 despretensiosos pelo ar. A capa remete à simplicidade e tem um toque poético em sua ilustração, demonstrando desejo pelo que admiramos. Após concluir a leitura da obra, percebe-se os componentes biblioterapêuticos incluídos na história. Não é toda criança que cresce em contato direto com a natureza, mas, é possível gerar a identificação em relação ao amor que o menino sentiu pelo animal, tanto por animais domésticos ou os que vivem na natureza. A catarse acontece de forma espontânea, tanto pela sensação de aconchego do lar como o luto do menino gerado ao perder o passarinho. O livro retrata como tudo é passageiro e que precisamos aprender a lidar com isso. O que deve permanecer são as boas lembranças geradas ao longo de nossas vivências. 4.1.2 Pedro e Lua A história conta a amizade de Pedro e Lua, um menino encantado pela lua e uma tartaruga que parecia um pedacinho de lua caído na terra. A obra aborda sobre a morte com uma simplicidade e delicadeza extraordinárias. O texto não possui metáforas e sua linguagem é descomplicada, sendo um livro com pouca escrita e muita ilustração. As ilustrações do texto ocupam integralmente todas as páginas e as poucas frases são encaixadas na imagem. Todo o livro é desenhado em preto e branco, com um traço mais rabiscado. Essa união de cor neutra e traçado simples traz para a leitura a atmosfera de luto, de compreensão da dor, pois, em um momento de tristeza uma ilustração toda colorida e festiva pode despertar angustia, enquanto um livro que capte o estado sentimental envolvido na leitura é passível de acolher e aconchegar o leitor. A capa retrata uma noite estrelada de lua cheia, mostrando o topo pedregoso de uma colina, representando o lugar onde Pedro e Lua se conheceram. É uma capa misteriosa, que mostra a imensidão em uma noite iluminada pelo luar. Existe uma edição especial do livro em que as estrelas da capa brilham no escuro, aumentando o interesse da criança pela história. Como no livro “Até passarinho passa”, “Pedro e Lua” aborda a perda de animais queridos, despertando os componentes biblioterapêuticos da catarse e identificação. A história do livro é escrita de forma tão bonita que toca no coração do leitor, exprimindo ternura pela amizade dos personagens. Uma leitura para sentir o amor entre pessoas e animais. No final do livro, entre tristeza e saudade, tem-se a percepção de que mesmo após a perda de um ente querido, continuamos a amá-lo e prosseguimos trilhando nosso caminho. 16 4.1.3 É difícil de entender, vô! A história aborda a relação entre avô e neto, que juntos se divertem imaginando as mais diversas aventuras, desde tornarem-se astrônomos até marujos. O avô Amâncio tem muitas histórias para contar ao neto Felipe e transforma seus contos em diversões para o garoto. Contudo, os dias de brincadeira acabam, pois Amâncio é acometido por uma doença e os dois aventureiros vão precisar lidar com uma nova faceta da vida. O livro retrata os sentimentos de avô e neto perante a dificuldade e como ambos lidam com a situação. A obra não possui metáforas e seu texto é de fácil compreensão, proporcionando uma leitura prazerosa. O texto é longo e possui poucas ilustrações em preto e branco, que aparecem somente no início dos capítulos e representam a ideia principal daquele trecho. Dessaforma, recomenda-se o livro para crianças a partir de sete anos e que tenham se exercitado em práticas leitoras. A capa do livro traz a ilustração do avô e neto vivendo como piratas, e desbravando o mundo com sua luneta. Ao fundo, está o céu estrelado e iluminado pelo luar. O desenho da capa é feito com muitos detalhes e pintado de forma a existir o contraste entre as cores claras e o preto, para realçar a imagem e intensificar a ideia de imaginação. A capa promete uma história de aventuras e descobertas, sendo um dos assuntos preferidos das crianças. A história aborda os sentimentos de amor e afeto entre avós e netos, mostrando no convívio cotidiano a importância da presença dessas figuras na vida das crianças. Com o passar do tempo esse laço se fortalece e criam-se diversas memórias felizes com o seu ente querido. Quando acontece a falta de uma figura tão importante, diversos sentimentos conflitantes irão surgir, como medo e raiva. Esses sentimentos são trabalhados de forma incrível no texto, deixando claro como é normal senti-los e que a reação de cada um pode ser diferente. Outro ponto interessante do livro é a explicação progressiva sobre a morte, conforme Amâncio adoece, os familiares explicam para Felipe o que está acontecendo e que fim terá a luta do avô contra a doença. Retrata a criança passando pelo luto e aceitando a nova realidade. 4.1.4 Alice passou por aqui… Conta a história de Felipe, uma criança muito curiosa que tenta desvendar os mistérios da vida, utilizando como cobaia os insetos que conseguia capturar para analisar em seu laboratório. Até que um dia, Clarice se muda para a casa ao lado e, a partir desse momento, se 17 estreita o laço de companheirismo entre duas crianças amigas. Clarice, diagnosticada com leucemia, é uma criança frágil e branca como Felipe nunca tinha visto mais ninguém e, por ele ter a curiosidade incrustada em seu ser, busca esperançoso respostas para desvendar por que o corpo de Clarice age daquela forma e se conseguiria criar a cura para a doença da amiga. Clarice, já muito debilitada pela doença, morre em uma cama de hospital. A história aborda a morte dos seres vivos desde o início, com o menino Felipe fazendo experiências com insetos e matando-os em busca do entendimento de como nosso organismo trabalha para manter a vida. Com diversos questionamentos que faz ao pai, o menino tenta compreender o processo de viver. Enquanto Clarice está internada, Felipe quer visitá-la no hospital e é importante atender esse desejo da criança; apenas deve-se explicar como encontrará a pessoa hospitalizada e debilitada, para não se impressionar. Felipe esperava ver sua amiga recuperada e quando descobriu o contrário, ficou abalado, sendo dominado pela tristeza. Isso mostra a importância de os adultos explicarem a morte e apresentarem a realidade para as crianças. Quando sua amiga morre, Felipe acredita que ela partiu junto com sua personagem preferida, Alice no país das maravilhas, para um lugar sem dores e sofrimento. As mortes relatadas na história são tratadas de forma clara e direta, apenas faltou trabalhar quanto aos sentimentos de Felipe por perder a amiga, nada foi relatado em relação a isso. A história não utiliza metáfora e possui uma linguagem simples. É extensa, possuindo bastante escrita. As ilustrações e capa são lindas e delicadas, possuindo por todo o livro insetos desenhados e os momentos vividos pelos dois amigos. Algumas das páginas têm o fundo todo colorido, em um tom mais transparente, tornando a leitura agradável. O desenho da capa representa a fechadura dourada do filme “Alice no país das maravilhas”, que abre para um jardim encantado, remetendo ao final da história. 4.1.5 Menina Nina Menina Nina é neta da Vovó Vivi, que festejou seu nascimento com imensa felicidade. A partir daí se tornam especiais uma para a outra. Nina deseja ser como sua avó quando crescer e tem nela um exemplo de vida. Mas, sem aviso prévio, Vovó Vivi falece enquanto dormia. Diversos questionamentos surgem na cabeça da menina, perguntando por que a avó não se despediu, como iria crescer sem a presença da vó. Então, lhe é explicado o que aconteceu e que tem duas razões para não chorar. Nesse momento, o autor com precisão e 18 sensibilidade descreve duas possibilidades do que irá se suceder com a avó, uma sem e outra com o cunho religioso. O livro se encaixa em todos os critérios utilizados na análise, conseguindo abordar a dor de um modo delicado e esperançoso. As ilustrações são belas e desenhadas como um desenho animado, feitas pelo próprio autor Ziraldo. A capa traz o rosto triste da personagem principal, expressando medo e preocupações, o que desperta o desejo de entender o que aflige a menina Nina. Uma história encantadora que consegue lidar com os sentimentos gerados pelo luto de forma delicada e precisa. Um livro interessante para trabalhar sobre a perda na infância. 4.1.6 O sapo e o canto do passarinho A história se passa em um bosque habitado por animais falantes, que se vestem e convivem em harmonia. O conto começa com o sapo preocupado quando encontra um melro – espécie de pássaro – imóvel no chão e chama o leitão para avaliar a situação. A forma como o sapo se refere ao passarinho caído é impessoal e distante, dizendo que “achou uma coisa”. Quando o leitão vê o passarinho, acha que o mesmo está apenas dormindo e, sucessivamente vão chegando outros animais para opinar sobre o que aconteceu. Então, o coelho quando avista a cena, explica que o pássaro está morto e conta como tudo morre. A decisão então é enterrar o corpo do melro no alto da colina prestando suas homenagens. A história termina com os animais prosseguindo sua vida normalmente. A história é curta, escrita para crianças pequenas, então não possui metáforas e o texto é simples. Cada acontecimento da história é retratado nas ilustrações, que possuem um desenho rústico, com cores vibrantes, traços simples e não exprimem sentimento, apenas mostram em desenho o que está escrito no texto. Crianças pequenas se interessam por esses tipos de ilustrações que mostram os animais representando a história e não se importam se o desenho é simples, já crianças maiores são mais críticas e esperam ver uma ilustração de qualidade. A narrativa é impessoal e não trabalha os sentimentos de afeto. O pássaro morto era apenas um ser que convivia no mesmo bosque que o restante dos animais, assim, não exprime a afeição relacionada com o convívio próximo para que o leitor possa sentir com os personagens e se identificar com o momento. Em relação à capa do livro, não é despertada a atenção quanto ao tema principal abordado. É apresentado o desenho do sapo passeando feliz pelo bosque observando um 19 melro na árvore que está próxima. A ilustração não expressa o que o livro quer passar; poderia ser a capa de qualquer outra história. 4.1.7 Abigail Julinho perdeu seu avô e para que não fique triste, sua mãe lhe contou a história de Abigail, a lagarta borboleta. Abigail era uma lagarta que queria muito voar e certo dia, metamorfoseou-se em borboleta. Com isso, a mãe explica que nada desaparece e, sim, tudo se transforma e que o avô agora está com um corpo mais leve conhecendo outros mundos. Fala sobre a morte de forma metafórica, comparando-a com a transformação da borboleta, não possuindo em nenhum momento a explicação da morte de forma simples e clara. As ilustrações são delicadas e infantis, utilizando cores quentes, transparecendo o esplendor da natureza. A capa é a representação da metamorfose da lagarta para a borboleta, mostrando a lagarta com asas e não uma borboleta. O desenho é meigo e infantil, crianças pequenas vão se interessar pela lagarta que é diferente das outras.A catarse e identificação são muito pessoais, cada um sente a história de um jeito. Assim, pode acontecer a identificação com o sofrimento do menino ao perder o avô e sua esperança em ele estar bem ao terminar de escutar a história. O mesmo se dá com a catarse, cada criança pode emocionar-se ou não com o relato do menino e da lagarta. O livro é suscetível ao manifesto dos sentimentos, cada um reagirá da sua maneira. 4.1.8 O herói imóvel A história é contada através da visão de um menino, que vivencia o drama do pai em combate diário contra uma doença terminal. Na imaginação da criança, o pai é um herói destemido que trava uma batalha épica com seus inimigos. Contudo, a verdadeira guerra se passa no interior de seu corpo, onde heroicos anticorpos defendem sua vida. O pai, sempre em casa, ensina seu filho da melhor forma que pode e explicou que um dia seria vencido e levado pela morte. Contou que a morte transforma as pessoas em pó, o mesmo pó que compõe o mundo, os átomos. Assim, quando se morre, o corpo se desfaz e se mistura aos outros elementos da vida. Comenta ainda, como sua vida iria se perpetuar através do seu filho, pois o menino foi feito a partir dele e que um dia, todos também se deparariam com um inimigo terrível, mas nas lembranças de quem amamos parte nossa é levada para a eternidade. 20 De forma encantadora, o menino conta como passou seus dias com o pai e como os ensinamentos seriam úteis para prosseguir sua vida. A história explica de forma clara o que acontece conosco quando morremos e que todos irão passar por isso, pois é natural do ser humano. O texto é curto e possui uma linguagem simples. As ilustrações completam todas as páginas e representam o pai como um guerreiro que trilha sua jornada em meio aos perigos que o cercam. As vestimentas dos personagens remetem à Idade Média, trajados com armaduras e montando cavalos. A capa é o rosto de um guerreiro enraizado, expressando como sua história vai existir através dos anos. O livro une um tema delicado com a imaginação das crianças para alcançar, por meio do lúdico, seus sentimentos e com um cenário épico ajudar na aceitação e entendimento da morte. A história é enternecedora e aflora os sentimentos do leitor, mostrando que mesmo depois da morte seremos lembrados e podemos ser a inspiração dos que amamos e cuidamos em vida. 4.2 Interpretação dos resultados Os livros selecionados possuem grande diversidade nas formas de abordagem da perda sofrida pelas crianças de entes queridos, sendo relatadas perdas sem aviso prévio, por doença e esperada, contando histórias de uma variedade de pessoas próximas, como a morte de avós, amigos, pais e animais de estimação. São apresentados vínculos afetivos de maior ou menor grau com as pessoas de nossa convivência e, dependendo da proximidade do ente falecido, a dor e o luto se darão em níveis diferentes. Essa diversidade de histórias é um ponto positivo na aplicação biblioterapêutica, pois existe um leque de escolhas para poder selecionar o melhor livro que se encaixe na necessidade momentânea da criança. Através das análises feitas com base nos critérios definidos – Abordar a morte de forma simples e natural; Uso moderado de metáforas; História curta/média; Linguagem compreensível para crianças; Possuir ilustrações; A capa deve despertar atenção; Proporcionar os componentes biblioterapêuticos (catarse, identificação) –, pode-se sintetizar algumas características que os livros possuem que vão ao encontro com a visão da criança sobre a morte e que auxiliam no entendimento desse assunto. Na infância acredita-se que a morte é reversível, que de alguma forma poderá ser desfeita. Assim, os livros ajudam a criança a entender o real significado de morrer e que é uma condição irreversível. A partir das histórias, fica explícito que as crianças não devem se culpar e que sentir raiva, tristeza, melancolia e outros sentimentos que relacionados à perda, 21 são naturais ao ser humano (KOVÁCS, 1992, p. 4). Dos livros analisados, “Abigail: a lagarta borboleta” é o único livro que não aborda a morte de forma simples e natural, pois, transmite a ideia de que o ente querido não morreu, apenas está vivendo em um plano espiritual. Outro ponto que as obras têm como caraterística é demonstrar que sendo a morte natural, todos passarão por isso, não importando a idade. Dessa forma, por meio da identificação, que se dá quando o leitor se identifica com algum personagem da história que lhe despertou a afetividade (CALDIN, 2010, p. 143), a criança passará a compreender que não está sozinha e não é a única que se sente de tal forma, e que com as experiências de outros poderá encontrar conforto em sua condição. Em relação aos livros analisados no critério de proporcionar os componentes biblioterapêuticos, apenas o livro “O sapo e o canto do passarinho” não corresponde aos quesitos, pois, a história é superficial em se tratando dos sentimentos, que poderiam gerar a identificação e a catarse no leitor. Quanto aos critérios de uso moderado das metáforas e linguagem compreensível para crianças, todos os livros cumprem os quesitos, exceto “Até passarinho passa”, que insere em seu texto algumas metáforas que podem confundir as crianças, fazendo-as ter outras interpretações, gerando um desalinho no significado da expressão. De acordo com Coelho (1975, p. 168) as crianças na fase do leitor iniciante “aprendem a realidade através das sensações e impressões”. As ilustrações podem transmitir sentimentos e ideias por meio do lúdico, da imaginação e criatividade da própria criança. A capa do livro é a porta de entrada para a leitura, é por meio dela que a criança decidirá se participará do mundo contido dentro do livro. Esses são recursos essenciais quando se trabalha com o público infantil. Dentre os livros analisados, somente “O sapo e o canto do passarinho” não soube utilizar desses recursos da melhor forma. Referente à qualidade, a maioria dos livros encontrados são materiais ótimos para a aplicação biblioterapêutica. Nas análises, identificou-se que a maioria possui os critérios listados, sendo que vários atingiram todas as expectativas com relação ao que os livros infantis devem possuir para as aplicações biblioterapêuticas. Os livros das bibliotecas foram bem selecionados para enriquecerem seus acervos, tendo obras de autores reconhecidos e materiais de qualidade que devem ser conhecidos pelos usuários. Em relação à designação dos livros por faixa etária, seguindo os estágios psicológicos da criança definidos por Coelho (2011, p. 32), a variedade de obras resultantes das pesquisas efetuadas nos catálogos online das bibliotecas, se foca principalmente na fase do leitor 22 iniciante, trabalhada neste artigo. Os demais materiais localizados se concentram na fase do leitor fluente e poucos desenvolvem a categoria do pré-leitor. Os livros analisados que contém bastante texto, como os livros “É difícil de entender, vô!” e “Alice passou por aqui...” foram encaixados na pesquisa visando não só a leitura individual da criança, como também, a utilização do material por meio de contações biblioterapêuticas efetuadas pelos responsáveis, que auxiliarão a criança na leitura e ajudarão com as dificuldades que possam surgir. Os responsáveis pela criança podem também adaptar o texto narrado, sendo que a criatividade em contar e dramatizar a história transformará a sessão biblioterapêutica, levando ao objetivo que é atingir a cura no final. Como já citado anteriormente, as pessoas são seres marcados por sua individualidade, assim, cada um vai ter percepções diferentes dos livros e histórias. Então, no momento da seleção do livro que será utilizado para os meios biblioterapêuticos, sempreé válido ler a obra e decidir se é indicada ou não para sessões de biblioterapia. É importante pesquisar sobre o material já publicado, ou seja, artigos, dissertações, teses, pois ler sobre experiências de outras pessoas ajuda a selecionar os melhores livros para serem utilizados na aplicação da biblioterapia. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A leitura de livros infantis é uma das maneiras de despertar o interesse pela leitura e de poder transmitir ensinamentos que surtam efeitos de curto a longo prazo para as crianças na faixa etária dos 6 aos 7 anos. Sabendo da relevância que as histórias infantis possuem e como podem impactar na vida das crianças, o trabalho propôs apresentar possíveis aplicabilidades biblioterapêuticas como recurso no entendimento e aceitação da morte na infância. A biblioterapia não quer eximir a dor gerada pela perda e sim acalentar os sentimentos do leitor. Nenhuma perda de alguém significativo se dará de forma fácil, contudo, entender e aceitar o acontecido pode ajudar a passar pelo luto de forma amena, minimizando traumas. Ao final da pesquisa, destaca-se que o objetivo geral “apresentar a aplicabilidade terapêutica de textos literários infantis que possam gerar o entendimento sobre a morte e amenização da dor gerada pela perda na infância” foi atingido por completo. Para responder a questão da pesquisa, todos os objetivos específicos foram cumpridos. Abaixo, descreve-se sobre cada objetivo almejado. Para poder trabalhar o assunto, foi fundamental compreender a visão das crianças sobre a morte. Popularmente, tem-se a ideia de que na infância a morte passa despercebida, 23 contudo, a realidade é o contrário do que se imagina, as crianças também passam pela fase do luto e compreendem o estado da morte, porém, precisam de ajuda para conseguir assimilar da melhor forma os acontecimentos da vida. A compreensão da mentalidade que as crianças possuem quanto à morte, tornou possível aprofundar as análises feitas dos livros selecionados, pois, sabendo quais percepções e dúvidas surgem na infância, facilita o trabalho de escolher livros que abordam sobre tal temática. A partir do ideal de introduzir o assunto morte desde a infância, fica notória a relevância de estimular o uso da biblioterapia nos espaços públicos, que devem primar pela diversidade em seus acervos, possuindo assim, diversos materiais que trabalhem sobre a morte e estejam à disposição dos leitores que necessitarem. Dessa maneira, a biblioterapia pode fazer a intermediação entre obras e leitores, ressignificando o sentido do contato com as histórias. Para a localização e análise de livros que envolvem esse tema, a escolha da Biblioteca Pública de Santa Catarina e da Biblioteca Setorial do Colégio de Aplicação se deu por ambas atenderem a comunidade e possuírem seus próprios espaços para a literatura infantil. Por meio das pesquisas efetuadas nos catálogos e da seleção de livros para a elaboração do trabalho, ficou evidente a qualidade dos livros sobre perda na infância que compõem o acervo dessas bibliotecas. Partindo das análises efetuadas dos livros, pode-se, por meio dos critérios definidos, sintetizar quais características afetam de forma terapêutica a visão que as crianças têm sobre a morte e ter a percepção de como os livros podem ajudar na assimilação da perda. Através das histórias relatadas, as crianças poderão se identificar com os personagens e acontecimentos do conto, assim como harmonizar seus sentimentos em relação ao que está passando no momento. Desse modo, fica notória a importância das bibliotecas possuírem em seus acervos livros que tratem sobre a morte e a perda na infância, para que qualquer família tenha acesso a um material fundamental para a formação infantil. A partir disso, ressalta-se que a biblioterapia é um recurso ideal para tratamentos terapêuticos que envolvam o luto na infância. A pesquisa foi cunhada sem abordar o lado religioso, deixando essa questão em aberto, pois, cada família tem suas crenças e irá ensinar a criança como melhor lhe convém, deixando para os adultos responsáveis acrescentarem seus conhecimentos ou alterarem alguns trechos do livro que trabalhem com algum tipo de crença. A maioria dos livros aborda alguma perspectiva religiosa, contudo, as análises não tiveram nenhum foco nessas abordagens. Entretanto, vale ressaltar a escolha de Ziraldo no livro “Menina Nina”, que optou por dois finais alternativos para a história, o que possui os ensinamentos religiosos e o que se 24 abstém dessas crenças. Dessa forma, a criança poderá por si própria definir qual final prefere ou o responsável pode escolher o que acredita melhor transmitir suas crenças. A partir da compreensão da importância de abordar na infância o ensinamento sobre a morte e disponibilizar aconselhamento sobre o luto, sugere-se que a prática biblioterapêutica usada como recurso para suprir essa necessidade seja alvo de nova pesquisa unindo o tema exposto no trabalho com bibliotecas escolares. Grande parte da infância é passada nas escolas e os professores se tornam figuras nas quais as crianças se espelham e procuram para sanar suas dúvidas. Nesse ambiente, as bibliotecas escolares e públicas são imprescindíveis para a formação das crianças e devem possuir acervos que englobem assuntos variados, como a perda de um ente querido na infância. 25 REFERÊNCIAS BETTELHEIM, Bruno. Na terra das fadas: análise dos personagens femininos. São Paulo: Paz e Terra, 1997. 102 p. (Leitura). CALDIN, Clarice Fortkamp. A leitura como função terapêutica: biblioterapia. Encontros Bibli: R. Eletr. de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. 12, p. 32- 44, 2001. 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