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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS FLORIANÓPOLIS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA Gabriela Góes Avaliação da relação entre obesidade e bruxismo em crianças e adolescentes – Estudo transversal Florianópolis 2022 Gabriela Góes Avaliação da relação entre obesidade e bruxismo em crianças e adolescentes – Estudo transversal Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Cirurgiã dentista. Orientadora: Profa. Dra. Carla Miranda Santana Coorientadora: Dra. Josiane Pezzini Soares Florianópolis 2022 Gabriela Góes Avaliação da relação entre obesidade e bruxismo em crianças e adolescentes – Estudo transversal Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Cirurgiã dentista e aprovado em sua forma final pelo Curso de Odontologia Florianópolis, 01 de Julho de 2022. ________________________ Profa. Dra. Glaucia Santos Zimmermann Coordenadora do Curso Banca Examinadora: ________________________ Profa. Dra. Carla Miranda Santana Orientadora Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Profa. Dra. Michele da Silva Bolan Avaliadora Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Doutorando Pablo Silveira dos Santos Avaliador Universidade Federal de Santa Catarina Este trabalho é dedicado a toda minha família que me ajuda e está sempre torcendo por mim, serei eternamente grata por toda educação, amor e apoio que recebi de vocês. AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer às mulheres da minha vida, minhas avós Emília Hertal e Augusta Salete, minha mãe Jane Acacia e minha irmã Eduarda Becker que sempre me apoiam e torcem sempre pelo meu sucesso. Obrigada por me mostrarem o respeito, educação, perseverança e a força que uma mulher pode ter para conquistar seus objetivos. Ao meu padrasto Osvaldo de França, por todo carinho e suporte tanto para mim quanto para minha família, muito obrigada por tudo que você fez e faz por todas nós. Agradeço eternamente ao avô mais fofo do mundo, Nilton César Góes, por sempre estar perto de mim, rezando por mim e me ensinando diariamente sobre empatia, destino e amor. Graças a você meus dias são mais alegres e repletos de muito carinho. Ao meu pai, Augusto César Góes, por sempre querer meu bem e me dar uma família extraordinária. Ao meu tio que considero um irmão, André Góes por sempre tomar conta de mim e me ajudar de todas as maneiras possíveis, um modelo exemplar de ser humano que admiro e me inspiro a cada dia. Ao meu namorado, Henrique Rufino Rosa que sempre me apoia, me incentiva, me ajudou com aulas de excel para a execução deste trabalho, me orgulho muito do homem que és e sou muito feliz por cada dia poder te conhecer mais e fazer parte da sua história. Aos meus filhotes Buda e Shiva, “Cachorros já nascem amando de um jeito que levamos a vida inteira pra aprender” obrigada por me animarem todo dia e fazerem meus dias muito mais felizes e cheio de amor e carinho. À minha amiga Maria Eduarda Bernardo, minha “roomie”, minha dupla, irmã que a UFSC me deu, me ensinou muito sobre a vida e os desafios que enfrentamos, obrigada por crescer comigo, serei eternamente grata pelos vários momentos que passamos juntas. A melhor época da faculdade com certeza vai ser as que passei morando com você. A todos os meus colegas da turma 17.1, muito obrigada por ter sido a turma a me acolher de um jeito inexplicável, vocês fizeram meu futuro, sem vocês eu não teria conseguido concluir o curso. À Universidade Federal de Santa Catarina, um lugar que deveria ser obrigatório a passagem para todo jovem, foi e está sendo meu ninho por tanto tempo, obrigada por me ensinar tanto e tornar a mulher que sou hoje. Um agradecimento a todos os professores e funcionários dedicados a formar profissionais humanos e dedicados, em especial minha orientadora Carla Miranda Santana, que em tempos tão difíceis que vivemos em pandemia, aceitou o convite para ser minha orientadora, me acolheu, me deu inúmeras oportunidades. Sou eternamente grata por toda ajuda e por todo conhecimento passado para minha formação, você é uma inspiração. Minha coorientadora Josiane Pezzini Soares, outro exemplo de profissional e mulher. Extremamente inteligente e carismática, sempre pronta para me ajudar. Muito obrigada por tudo. RESUMO A taxa mundial de obesidade infantil tem crescido muito durante as últimas três décadas. A obesidade possui causa multifatorial e está associada a fatores genéticos e ambientais que levam ao alto risco de doenças crônicas como diabetes mellitus, hipertensão e cárie dentária. A obesidade está associada ao estilo de vida e padrão comportamental do núcleo familiar, levando a diversas consequências. O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre obesidade e bruxismo em crianças e adolescentes. Esta pesquisa teve como delineamento um estudo epidemiológico transversal aninhado a um estudo de coorte realizado em 2019, onde foram avaliados crianças e adolescentes da rede municipal de ensino da cidade de Florianópolis - SC. A faixa etária dos participantes foi entre 7 e 14 anos de idade. Para isso, foram coletados alguns dados por meio de questionário e exame clínico. As informações obtidas através dos questionários foram: condição sociodemográfica da família, relato de bruxismo em vigília, relato de bruxismo do sono, relato de dor de cabeça, relato de dor de ouvido, relato de problemas respiratórios e horas de sono. A obesidade foi calculada através do índice de massa corporal (IMC) de cada participante considerando a idade, sexo e as medidas obtidas no exame físico (peso e altura). Cinco examinadores calibrados (Kappa>0,7) avaliaram o desgaste dental como variável clínica. Foi utilizado o índice de Smith e Knight e colaboradores (1984), os dentes foram pontuados como: 0=ausência de desgaste dentário, 1=presença de desgaste em esmalte, 2=presença de desgaste em dentina envolvendo menos de 1/3 da superfície, 3=presença de desgaste em dentina envolvendo mais de 1/3 da superfície e 4=presença de desgaste envolvendo esmalte, dentina e exposição pulpar. Foram realizadas análises descritivas e regressão logística binária, considerando p<0,05 e tendo a obesidade como variável dependente. Dentre as 237 crianças/adolescentes, 139 eram do sexo feminino (58,6%) e 98 do sexo masculino (41,4%). A média de idade das crianças foi de 12,95 anos (DP: ±1,04). A média de horas de sono dos foi de 8 horas e 50 minutos (DP: ±1,50). Na análise ajustada houve associação entre obesidade e dor de cabeça (RC: 2,85; IC95%: 1,15-7,09; p-valor: 0,024). Concluiu-se que houve associação entre obesidade infantil e dor de cabeça. Não houve associação de obesidade com o bruxismo, tanto de vigília quanto do sono. Palavras-Chave: Bruxismo, Obesidade infantil, Dor de cabeça. ABSTRACT The worldwide rate of childhood obesity has grown tremendously over the past three decades. It has a multifactorial cause and is associated with genetic and environmental factors that lead to a high risk of chronic diseases such as diabetes mellitus, hypertension, and dental caries. Obesity is associated with the family's lifestyle and behavioral pattern, leading to several consequences. The aim of this study was to analyze the relationship between obesity and bruxism in children and adolescents. This research was designed as a cross-sectional epidemiological study lined up in a cohort study carried out in 2019, in which children and adolescents from the municipal school system in the city of Florianopolis - SC were evaluated. The age range of the participants was between 7 and 14 years old. Data were collected through a questionnaire and clinical examination. The information obtained through the questionnaires were: sociodemographic condition of the family, report of bruxism during wakefulness, report of sleepbruxism, report of headache, report of earache, report of respiratory problems and hours of sleep. Obesity was calculated using the body mass index (BMI) of each participant considering age, sex and measurements obtained in the physical examination (weight and height). Five calibrated examiners (Kappa>0.7) assessed tooth wear as a clinical variable. The wear index of Smith and Knight et al. (1984) was found, scoring the teeth as: 0=absence, 1=presence in enamel, 2=presence in dentin involving less than 1/3 of the surface, 3=presence in dentin involving more than 1/3 of the surface and 4= involving enamel, dentin and pulp exposure. Descriptive analyzes and logistic regression were performed, considering p<0.05 and having obesity as the dependent variable. Among the 237 children/adolescents, 139 were female (58.6%) and 98 were male (41.4%). The children's mean age was 12.95 years (SD: ±1.04). The average number of hours of sleep was 8 hours and 50 minutes (SD: ±1.50). In the adjusted analysis, there was an association between obesity and headache (OR: 2.85; 95%CI: 1.15-7.09; p-value: 0.024). It was concluded that there was an association between childhood obesity and headache. There was no association of obesity with bruxism, both in wakefulness and sleep. Keywords: Bruxism. Childhood Obesity. Headache. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Análise descritiva da população estudada. Florianópolis/SC, 2019. (n=237)……………………………………………………………………………….. 24 Tabela 2: Análise de associação entre a variável dependente (IMC) com as demais variáveis independentes através do teste Qui-quadrado……………………………… 26 Tabela 3: Regressão Logística não-ajustada e ajustada, considerando a associação entre variável dependente IMC com as variáveis independentes………… 28 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRAN: Associação Brasileira de Nutrologia AOS: Apneia Obstrutiva do Sono BS: Bruxismo do Sono BV: Bruxismo em Vigília à cárie ou obturados IMC: Índice de Massa Corporal LED: Diodo Emissor de Luz TALE: Termo de Assentimento Livre e Esclarecido TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido WHO: World Health Organization SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………….. 12 2 OBJETIVOS……………………………………………………………...…… 15 2.1 Objetivo Geral…………………………………………………………………. 15 2.2 Objetivos Específicos…………………………………………………………. 15 3 ARTIGO - Avaliação da relação entre bruxismo e obesidade em crianças e adolescentes – Estudo transversal……………………………………………….. 16 3.1 Introdução…………………………….……………………………………...… 18 3.2 Metodologia………………………………………………………………...….. 19 3.3 Resultados………………………………………………………………...…… 23 3.4 Discussão………………………………………………………………...…….. 30 3.5 Conclusão………………………………………………………………...……. 32 3.6 Referências…………………………………………………………………..… 33 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………... 37 REFERÊNCIAS………………………………………………………………….. 38 APÊNDICES APÊNDICE 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido…………………… 41 APÊNDICE 2 - Termo de Assentimento Livre e Esclarecido……………………... 44 APÊNDICE 3 - Diagrama…………………………………………………………. 46 APÊNDICE 4 - Questionário Socioeconômico……………………………………. 47 APÊNDICE 5 - Questionário sobre bruxismo…………………………………….. 51 APÊNDICE 6 - Ficha clínica……………………………………………………… 52 ANEXOS ANEXO 1 - ATA da Defesa……………………………………………………….. 53 ANEXO 2 - Normas da Revista…………………………………………………… 54 ANEXO 3 - Aprovação no Comitê de ética em pesquisa da UFSC………………. 55 1 INTRODUÇÃO A obesidade é uma condição multifatorial, associada a fatores genéticos e ambientais que levam ao alto risco de doenças crônicas como a diabetes mellitus, hipertensão, doenças psicológicas e cárie dentária (HAN et al., 2010). A taxa de obesidade na população infantil tem crescido muito em proporção mundial durante as últimas três décadas (HAN et al., 2010). Segundo a Global Burden of Disease Study a taxa global de mortalidade avaliada em 2015, dobrou em mais de 70 mil países desde 1980 (MOKDAD et al., 2018). Um dos principais fatores de risco associado à obesidade é o ambiente sedentário, no qual a família não possui hábitos alimentares saudáveis e uma rotina de atividade física. Além disso, o poder socioeconômico, stress e o padrão do sono também são fatores que podem influenciar na ocorrência dessa condição (WEIHRAUCH-BLÜHER et al., 2018). Ainda assim, alguns fatores genéticos raros podem predispor à obesidade, como: síndromes, defeitos hormonais e desordens monogenéticas (SAVONA-VENTURA et al., 2015). Além dos fatores psicossociais, crianças obesas podem apresentar alterações orais decorrentes da sua dieta e peso. Os hábitos alimentares da criança também têm influência nas alterações bucais. A partir da ingestão frequente de açúcares e refrigerantes, cárie e erosão dentária são condições orais relevantes nessa população (TSCHAMMLER et al., 2019). Além disso, sabe-se que crianças com alimentação rica em carboidratos tendem a ser mais agitadas, ter uma rotina irregular de sono, interferindo nas atividades escolares bem como no bem-estar. Ademais, o risco de trauma dentário é 22% maior quando comparado com crianças que apresentam peso normal. Devido à falta de agilidade, essas crianças elevam o risco de quedas e colisões, resultando em traumas (CORRÊA-FARIA; PETTI, 2015). Não há estudos na literatura até o presente momento que relacionem diretamente a obesidade infantil com o bruxismo. Entretanto, estudos mostram a relação de bruxismo em vigília com aspectos psicossociais e sintomas psicopatológicos como depressão e estresse (EMODI PERLMAN et al.; 2016 e VAN SELMS, VISSCHER, NAEIJE, LOBBEZOO; 2013). Sabe-se que fatores psicossociais podem estar relacionados ao alto consumo de alimentos ricos em açúcares numa forma de aliviar o estresse e ansiedade, o que poderia levar a diabetes, obesidade e outras doenças crônicas. Em 2018, Lobbezoo e colaboradores, definiram bruxismo como conjunto de atividades musculares mastigatórias que ocorrem durante o sono (caracterizadas como 12 rítmicas e não rítmicas) e vigília (caracterizado como contato dentário repetitivo). Além disso, afirmaram que em indivíduos saudáveis, o bruxismo não deve ser considerado um transtorno, mas sim um comportamento no qual pode ser um fator de risco e/ou proteção. O diagnóstico do bruxismo é feito a partir de anamnese podendo ser somado ao exame clínico e exame complementar (polissonografia e eletromiografia) (LOBBEZOO et al., 2018). Em crianças, os fatores de risco para bruxismo em vigília (BV) estão relacionados ao estilo de vida, padrões comportamentais e aspectos psicossociais como estresse e ansiedade (BRANCHER et al., 2020). Já o bruxismo do sono pode estar associado ao hábito de dormir em ambiente iluminado, dormir menos de 8 horas por noite, dormir com barulhos no quarto, ansiedade, problemas mentais, dor de cabeça e hábito de morder objetos (GUO et al., 2018). Uma revisão sistemática conduzida por Melo e colaboradores (2019) mostrou dados de prevalência de bruxismo do sono (BS) em crianças que variam de 3% a 49%. Esta variedade ocorre principalmente pelo fato de alguns pesquisadores não especificarem o tipo do bruxismo e o método de diagnóstico (MANFREDINI et al., 2013). Um estudo recente (ALONSO et al., 2022), mostrou associação de possível bruxismo em vigília com bullying, visto que bullying, assim como bruxismo em vigília, estão fortemente associados com fatores psicossociais como estresse e ansiedade. Crianças que roncam ou tem pesadelos tendem a desenvolver bruxismo do sono (ALENCAR et al., 2016). Uma pesquisa prévia também concluiu que dormir menos de 8 horas por dia, dormir com luzes acesas e barulhos também influenciam na hora do sono e consequentemente predispõe ao BS (SERRA-NEGRA et al., 2014). Outro fator importante é a dieta, um estudo demonstrou que alimentos energéticos como chocolates, doces, goma de mascar e refrigerantes tem relação com o desgaste de alguns elementos dentais, característica que serve como diagnóstico provável de bruxismo do sono (RESTREPO et al., 2017). O estresse e ansiedadesão alguns fatores que induzem o aumento dos níveis do hormônio grelina no nosso corpo, esse hormônio é produzido quando nosso estômago está vazio, levando em alguns casos à compulsão alimentar (LUTTER et al., 2008). Consequentemente, esse fator favorece uma dieta não saudável resultando em risco de sobrepeso e obesidade (HILL et al., 2018). Estudos relacionaram a obesidade com dor de cabeça, essa associação é parcialmente demonstrada pela ativação hipotalâmica e liberação de neurotransmissores inflamatórios e moduladores imunológicos ativados tanto na obesidade como na enxaqueca (CHAI, NU CINDY et al.; 2014). Também foi levantada a hipótese de que o estilo de vida e as diferenças comportamentais podem contribuir para a relação enxaqueca-obesidade. Tais fatores podem 13 incluir modulação do peso por medicamentos para enxaqueca, bem como diferenças na dieta e exercício (TAYLOR; 2008, KOSSOFF et al.; 2010 e VERROTTI et al.; 2013). Portanto, a obesidade poderia contribuir para episódios de dores de cabeça, além de que alimentos específicos, ricos em cafeína e açúcares, favorecem ambos (KOSSOFF et al.; 2010). Uma revisão sistemática trouxe resultados de meta análises onde mostraram a dor de cabeça como um dos sintomas mais prevalentes do sistema mastigatório em crianças de 2 a 10 anos de idade que apresentavam bruxismo do sono (SOARES et al.; 2021). Além disso, um estudo recente que avaliou a associação de distúrbios do sono com provável bruxismo do sono mostrou que um estilo de vida sedentário está associado com provável bruxismo do sono (LEAL et al.; 2021). Como resultado do cenário apresentado, expressamos a importância do conhecimento sobre a obesidade e suas consequências, além de defender medidas preventivas públicas para conscientização e motivação de hábitos alimentares adequados, uma rotina de atividade física e higiene oral apropriada desde a infância. Diante do exposto, em virtude do aumento da taxa de obesidade infantil e dos recentes apontamentos relacionados ao bruxismo, torna-se relevante estudar se existe associação entre a obesidade e o bruxismo em crianças. 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar a relação entre obesidade e bruxismo em crianças e adolescentes. 2.2 Objetivos Específicos ● Estimar a prevalência de bruxismo de vigília em crianças e adolescentes que apresentam obesidade e sobrepeso; ● Estimar a prevalência de bruxismo do sono em crianças e adolescentes que apresentam obesidade e sobrepeso; ● Identificar fatores clínicos de desgaste dental associado à obesidade nas crianças e adolescentes. 15 3 ARTIGO Título: Associação entre obesidade e bruxismo em crianças e adolescentes – Estudo transversal Revista: Brazilian Oral Research Autores: Góes G, Soares JP, Santana CM RESUMO A obesidade infantil está associada a fatores comportamentais, dessa forma, a rotina, a alimentação e o padrão de qualidade do sono podem influenciá-la. Nesse contexto, o presente estudo avaliou a possível associação entre obesidade e bruxismo em crianças e adolescentes. Trata-se de um estudo transversal aninhado a um estudo de coorte. Estudantes de 7 a 14 anos da rede de ensino municipal da cidade de Florianópolis (SC) foram avaliados no ano de 2019. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários e exame clínico. Os questionários incluíram a condição sociodemográfica, relato de bruxismo em vigília, bruxismo do sono, dor de cabeça, dor de ouvido, problemas respiratórios e quantidade de horas de sono. A obesidade foi determinada através do índice de massa corporal (IMC) de cada participante considerando a idade, sexo e as medidas obtidas no exame físico (peso e altura). Cinco examinadores calibrados (Kappa>0,7) avaliaram o desgaste dental como a única variável clínica. Foram realizadas análises descritivas e regressão logística binária (p<0,05) tendo a obesidade como variável dependente. Dentre os 237 participantes, a maioria era do sexo feminino (58,6%) e apresentaram média de idade de 12,95 anos. A média de horas de sono foi de 8 horas e 50 minutos. Na análise ajustada houve associação entre obesidade e dor de cabeça (RC: 2,85; IC95%: 1,15-7,09; p-valor: 0,024). Concluiu-se que houve associação entre obesidade infantil e dor de cabeça. Não houve associação de obesidade com o bruxismo, tanto de vigília quanto do sono. Palavras-Chave: Bruxismo, Obesidade infantil, Dor de cabeça 16 ABSTRACT Childhood obesity is associated with behavioral factors, therefore routine, diet and sleep quality pattern can influence it. In this context, the present study evaluated the possible association between obesity and bruxism in children and adolescents. This is a cross-sectional study lined up with a cohort study. Students aged 7 to 14 years old from the municipal education network in the city of Florianopolis (SC) were evaluated in 2019. Data were collected through the application of questionnaires and clinical examination. Questionnaires included sociodemographic status, report of waking bruxism, sleep bruxism, headache, earache, breathing problems, and amount of sleep. Obesity was determined through the body mass index (BMI) of each participant considering age, sex and measurements obtained in the physical examination (weight and height). Five calibrated examiners (Kappa>0.7) evaluated the following clinical conditions: tooth wear and nasal breathing (Altmann's millimeter mirror). Descriptive analyzes and logistic regression were performed (p<0.05) with obesity as the dependent variable. Among the 237 participants, most were female (58.6%) and had a mean age of 12.95 years. The average number of hours of sleep was 8 hours and 50 minutes. In the adjusted analysis, there was an association between obesity and headache (OR: 2.85; 95%CI: 1.15-7.09; p-value: 0.024). It was concluded that there was an association between childhood obesity and headache. There was no association of obesity with bruxism, both in wakefulness and sleep. Keywords: Bruxism. Childhood Obesity. Headache. 17 3.1 INTRODUÇÃO A obesidade é uma doença multifatorial, podendo estar associada aos padrões comportamentais do estilo de vida individual ou familiar (Weihrauch-Blüher S et al., 2018). Esses comportamentos incluem alimentação, ansiedade, estresse, qualidade do sono, quantidade de horas dormidas e consequentemente associadas a alguns distúrbios do sono (Weihrauch-Blüher S et al., 2018). A definição de bruxismo consiste em atividades musculares mastigatórias durante o sono (bruxismo do sono) e em vigília (bruxismo em vigília). Seu diagnóstico é feito a partir da anamnese, exame clínico e confirmado por exames complementares como polissonografia e eletromiografia (Lobbezoo F et al., 2018). Em crianças, os fatores de risco para bruxismo em vigília estão relacionados ao seu estilo de vida e do núcleo familiar e aspectos psicossociais como estresse e ansiedade (Brancher LC et al., 2020). Além disso, estudos mostram a dor de cabeça como um fator de risco para bruxismo (Guo H et al., 2018; Bortoletto CC et al., 2017 e Soares JP et al., 2021). Existem estudos relacionando obesidade com dor de cabeça, acredita-se que seja uma relação multifatorial envolvendo principalmente os mecanismos fisiopatológicos periféricos e centrais (Chai NC et al., 2014; Oakley et al., 2014). Um estudo demonstrou que crianças com sobrepeso estão associadas com maior frequência de episódios de enxaqueca do que crianças normais (Tarantino S et al., 2020). Também há uma forte evidência de que fatores psicológicos como depressão, estresse e ansiedade podem influenciar essa relação. Os sintomas de ansiedade e depressão são muito comuns em pacientes que apresentam enxaqueca crônica, tanto em adultos quanto em crianças (Antonaci F et al., 2011; Powers SW et al., 2006). São necessários mais estudos para avaliar a associação entre obesidade com distúrbios do sono, mas o que já sabemos é que tanto obesidade quanto o bruxismo têm fatores de risco semelhantes,como a alimentação. Uma dieta mais energética e rica em açúcares está associada com o bruxismo (Fung A, Brearley Messer L, 2013 e Restrepo C, Santamaría A, Manrique R, 2021). Ainda existem muitas dúvidas sobre os fatores de risco do bruxismo e é importante que mais pesquisas sejam feitas para entender a relação entre o bruxismo e a obesidade, objetivando a criação e aprimoramento de políticas de prevenção e tratamento ideal. Nosso estudo teve como objetivo avaliar a associação entre obesidade e bruxismo, verificando a prevalência de bruxismo do sono e bruxismo em vigília em crianças que apresentavam 18 sobrepeso ou obesidade, identificando fatores clínicos associados à obesidade em crianças e adolescentes. 3.2 MATERIAL E MÉTODOS 3.2.1 Desenho do estudo Trata-se de um estudo transversal aninhado a um estudo de coorte intitulado “Saúde bucal e fatores associados relacionados à qualidade de vida em crianças e adolescentes do município de Florianópolis – Estudo de coorte/Etapa 3”, que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (3.091.390/2018) (ANEXO 1). 3.2.2 Contexto Conforme o diagrama (APÊNDICE 3) este estudo foi realizado em 2019, onde foram avaliados no ambiente escolar, crianças e adolescentes da rede municipal de ensino da cidade de Florianópolis – SC das regiões Norte, Sul, Leste, Continente e Centro. Todas as crianças e adolescentes avaliadas em 2019 já haviam participado da etapa 1 e 2, e foram recrutados e contatados para participar da etapa 3. Sendo a amostra referente às etapas 1 e 2 foi de 2706 participantes. 3.2.3 Participantes Foram incluídas crianças ou adolescentes participantes da etapa 1 e 2 do macroprojeto, que estavam regularmente matriculados nas escolas públicas da cidade de Florianópolis – SC, cujos pais e/ou responsáveis concordaram com a participação no estudo. Foram excluídos do estudo crianças e adolescentes que faziam uso de medicamentos que interferissem no sistema nervoso central e/ou que possuíam doenças sistêmicas e síndromes. Além disso, foram excluídas crianças cujos responsáveis não eram alfabetizados devido à necessidade da leitura e compreensão do questionário. Primeiramente foi enviado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para os responsáveis. Caso aceitassem, eram convidados a responder os questionários (APÊNDICE 1). No dia do exame clínico, primeiramente a criança ou adolescente era convidado a participar e caso aceitasse, era entregue o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) (APÊNDICE 2). 19 3.2.4 Coleta de dados 3.2.4.1 Aplicação de questionário Informações sociodemográficas foram obtidas através de questionários destinados aos pais/responsáveis via agenda escolar da criança (APÊNDICE 4). Os dados obtidos dos participantes foram: escolaridade do responsável dicotomizada em ≥ 8 anos de estudo e < 8 anos de estudo (Soares JP, 2018), idade da criança e sexo. Os pais/responsáveis responderam a perguntas que investigavam problemas respiratórios da criança, como: “Seu filho(a) baba/babava à noite?”, nas opções de respostas: “Não”, “Sim, algumas vezes” e “Sim, muitas vezes”. Também foi questionado sobre o sono da criança, através das perguntas: “Como é o sono de seu filho(a)?”, nas opções de respostas: “Tranquilo” e “Agitado”, “Quantas horas (média) seu filho(a) dorme?” e “Seu filho dorme bem?” com opções de resposta: “Sim” e “não” visando ter respostas sobre a qualidade do sono da criança. Essas perguntas foram coletadas nas etapas 1 e 2 do macroprojeto. Segundo Lobbezoo e colaboradores (2018) o diagnóstico de bruxismo pode ser considerado como possível quando há o relato ou autorrelato do ranger dos dentes, provindo dos pais ou responsáveis. Pode ser considerado como provável quando há um ou mais sintomas clínicos (desgaste dentário, presença de endentação na língua ou bochecha, cansaço muscular, entre outros) independente se há ou não o autorrelato. Quando o diagnóstico do bruxismo for realizado por meio da polissonografia ou eletromiografia, pode ser considerado como definitivo. Neste estudo, foi adotado o diagnóstico possível para bruxismo, visto que se considerou o autorrelato do paciente. Foi utilizado o número médio das facetas de desgaste e analisado separadamente para ver sua relação com obesidade. Foram feitas dez perguntas para as crianças, todas relacionadas ao diagnóstico do bruxismo e seus sinais e sintomas, conforme sugerido por Manfredini e colaboradores (2020) (APÊNDICE 5). As crianças responderam às seguintes perguntas: “Você range os dentes durante o sono?”, “Alguém lhe disse que você rangeu os dentes durante o sono nas duas últimas semanas?”, “Você apertou os dentes durante o dia nas duas últimas semanas?”, “Você rangeu os dentes durante o dia nas duas últimas semanas?”, “Sentiu dores de cabeça nas duas últimas semanas?”, “Já fez cirurgia ou tratamento para problemas respiratórios?”. As opções de respostas nas questões direcionadas poderiam ser: “Não”, “Sim, algumas vezes” e “Sim, muitas vezes”. 3.2.4.2 Exame Físico 20 Foi realizada avaliação do peso e altura das crianças para obtenção do Índice de massa corporal (IMC). O cálculo foi realizado pelo site da Associação brasileira de Nutrologia (ABRAN): www.abran.org.br acessado em 22 de abril de 2021. No exame físico das crianças foi aferida a altura e peso duas vezes, realizando uma média das medidas para maior confiabilidade. Para o cálculo do IMC, utiliza-se a altura em centímetros, peso em quilogramas, sexo e idade. O IMC foi classificado em “Normal”, “Em risco de sobrepeso”, “Obesidade” e “Abaixo do peso” (WHO, 2007). Para realização das análises de regressão o IMC foi categorizado em 3 categorias segundo a OMS: Normal (<85 percentil), Sobrepeso (entre 85 e 94 percentil) e Obeso (≥95 percentil) (WHO, 2007). 3.2.5 Avaliação Clínica 3.2.5.1 Calibração Foi realizada a calibração de cinco alunos da pós-graduação de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina. A calibração abrangeu todas as variáveis clínicas abordadas no estudo. Cada examinador realizou exame clínico em 28 crianças/adolescentes, selecionadas por sorteio para cada faixa de idade. Obteve-se Kappa-Interexaminador e Kappa-Intraexaminador maior que 0,7 (Kappa>0,7) para facetas de desgaste. O exame clínico foi realizado com o participante sentado em uma cadeira comum, de frente para o examinador, mediante observação visual direta da cavidade bucal e iluminação artificial (lanterna de luz de LED – Diodo Emissor de Luz). Para minimizar os riscos para as crianças e adolescentes os exames foram feitos de forma individual, em local reservado (local isolado com boa iluminação) visando a não exposição do participante na frente dos colegas. Foram utilizados espelhos clínicos e gazes estéreis para secagem e limpeza da região. Todas as normas de biossegurança foram consideradas (WHO, 1997). Foi realizado um estudo piloto com uma amostra de 20 participantes que não participaram da etapa de calibração e do estudo principal. Foram testados os métodos de coleta de dados do estudo, assim foi realizado exame odontológico, aplicação do questionário e a preparação dos examinadores. Não houve necessidade de mudança nos questionários e no processo de avaliação clínica. 3.2.5.2 Bruxismo Para diagnóstico de facetas de desgaste por bruxismo, foi avaliado quaisquer sinais de desgaste de estrutura dental por bruxismo. Para diferenciar a presença de desgaste nos dentes e erosão, a superfície dental foi seca com gaze, projetou-se a luz da lanterna e observou-se 21 com o espelho odontológico. Dentes com desgaste apresentam superfície brilhante, o que não ocorre em dentes com abrasão. Dentes com lesões cariosas e restaurações extensas foram desconsiderados. Foi utilizado o índice de Smith e Knight e colaboradores (1984) para verificar a presença ou não de bruxismo em ambas as dentições. Segundo o índice, os dentes foram pontuados como: 0=ausênciade desgaste dentário, 1=presença de desgaste em esmalte, 2=presença de desgaste em dentina envolvendo menos de 1/3 da superfície, 3=presença de desgaste em dentina envolvendo mais de 1/3 da superfície e 4=presença de desgaste envolvendo esmalte, dentina e exposição pulpar. Foi considerado para análise dos dados o número médio de dentes com faceta, dessa forma somava-se o número de dentes presentes e calculava-se a média dos que apresentassem valor ≥1 do índice proposto por Smith e Knight e colaboradores (1984). 3.2.5.4 Respiração nasal A avaliação da respiração nasal visou verificar suspeita de obstrução nasal, a qual poderia comprometer a qualidade da respiração e sugerir possíveis problemas respiratórios. Para esta avaliação foi utilizado o espelho nasal milimetrado de Altmann (Pró-Fono®) para determinar o escape de ar nasal e dar diagnóstico de suspeita respiração bucal. O espelho foi posicionado em um ângulo de 90º em relação ao septo nasal, a criança permaneceu sentada com as costas e os pés apoiados, a criança foi orientada a fechar os olhos e respirar apenas com o nariz por aproximadamente um minuto. A medida do diâmetro da área embaçada no espelho foi realizada após um minuto, para que a criança se sentisse mais confortável com a presença do equipamento e assim, foi descartada a mudança da frequência respiratória por ansiedade (Bassi IB et al., 2009). Após a realização do exame, foi feita anotação dos valores em ficha clínica (APÊNDICE 6). 3.2.6 Análise Estatística Os dados coletados foram transferidos para o programa Microsoft Excel (2011) e analisados com auxílio do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS para Windows, versão 21.0, SPSS Inc. Chicago, IL, EUA). Foi realizada análise descritiva das características da amostra estudada. Realizou-se teste de associação por Qui-quadrado, considerando a obesidade como variável dependente, esta variável foi categorizada em: normal, sobrepeso e obesidade. Utilizou-se Regressão Logística Binária em que a variável dependente foi categorizada (normal e sobrepeso/obesidade), as variáveis com valor de p<0,20 na análise não ajustada passaram para análise ajustada, considerou 95% de intervalo 22 de confiança. Para inferência estatística foi considerado nível de significância de 5%. 3.3 RESULTADOS Do total de 2706 participantes da etapa 1 e 2, foram localizados 1816 para que fossem recrutados para a etapa 3, entretanto, devido a pandemia pelo coronavírus (SARS-CoV-2) a coleta de dados, iniciada em setembro de 2019 foi interrompida em março de 2020, resultando assim em uma amostra final de 253 participantes. Entretanto, dados faltantes relacionados ao questionário de bruxismo e informações sobre o peso e altura, resultaram em exclusão de 16 participantes do estudo, totalizando uma amostra final de 237. Dentre as crianças/adolescentes, 139 eram do sexo feminino (58,6%) e 98 do sexo masculino (41,4%). A média de idade das crianças foi de 12,95 anos (DP: ±1.04). A média de horas de sono dos participantes foi de 8 horas e 50 minutos (DP: ±1,50). A maior parte das crianças/adolescentes estudavam em escolas na região norte de Florianópolis (40,9%). Em relação à obesidade 64,1% dos participantes apresentaram normalidade no peso, seguido de risco de sobrepeso (16,0%) e obesidade (14,8%). A prevalência do autorrelato de bruxismo do sono foi de 20,3%. A prevalência de bruxismo do sono em relação ao relato dos pais foi de 10,5%. Sobre o bruxismo em vigília, 38% das crianças relataram fazer apertamento. Quanto a ranger os dentes durante o dia, 19,8% relataram possuir este comportamento (Tabela 1). A prevalência do autorrelato de bruxismo do sono em relação às crianças obesas foi de 31,4% e com sobrepeso foi de 15,8%. A prevalência de ranger em vigília em crianças obesas foi de 40,0% e com sobrepeso foi de 13,2%. Através da análise de associação pelo teste do Qui-quadrado, a obesidade infantil esteve associada ao ranger em vigília (Tabela 2). Entretanto, na Regressão Logística, somente a dor de cabeça esteve associada à obesidade (RC: 2,85; IC95%: 1,15-7,09; p-valor: 0,024) (Tabela 3). 23 Tabela 1. Análise descritiva da população estudada. Florianópolis/SC, 2019. (n=237) Variáveis n (%) Região da Escola Centro 51 (21,5%) Sul 16 (6,8%) Leste 64 (27,0%) Norte 97 (40,9%) Continente 9 (3,8%) Sexo Feminino 139 (58,6%) Masculino 98 (41,4%) Idade 12,95 (1,04)* IMC Normal 152 (64,1%) Obesidade 35 (14,8%) Risco Sobrepeso 38 (16,0%) Abaixo do Peso 12 (5,1%) Auto Relato Bruxismo do Sono Não 189 (79,7%) Sim, algumas vezes 41 (17,3%) Sim, muitas vezes 7 (3,0%) Relato Pais Bruxismo do sono Não 212 (89,5%) Sim, algumas vezes 19 (8,0%) Sim, muitas vezes 6 (2,5%) Aperto BV Não 147 (62,0%) Algumas vezes 74 (31,2%) Muitas vezes 16 (6,8%) Ranger BV 24 Não 190 (80,2%) Algumas vezes 33 (13,9%) Muitas vezes 14 (5,9%) Dor de cabeça Não 96 (39,7%) Algumas vezes 111 (46,8%) Muitas vezes 30 (12,7%) Tratamentos Respiratórios Não 207 (87,3%) Algumas vezes 24 (10,1%) Muitas vezes 6 (2,5%) Qualidade do sono Não 42 (22,5%) Sim 145 (77,5%) Horas de sono 8,50 (1,50)* Babava no travesseiro Não 160 (67,5%) Algumas vezes 37 (15,6%) Muitas vezes 40 (16,9%) *Desvio Padrão 25 Tabela 2. Análise de associação entre a variável dependente (IMC) com as demais variáveis independentes através do teste Qui-quadrado. Variáveis IMC p-valor Normalidade n (%) Sobrepeso n (%) Obesidade n (%) Região Escola Centro Sul Leste Norte Continente 31 (18,9) 13 (7,9) 46 (28,0) 69 (42,1) 5 (3,0) 12 (31,6) 0 (0,0) 11 (28,9) 13 (34,2) 2 (5,3) 8 (22,9) 3 (8,6) 7 (20,0) 15 (42,9) 2 (5,7) 0,487 Sexo Feminino Masculino 89 (54,3) 75 (45,7) 28 (73,7) 10 (26,3) 22 (62,9) 13 (37,1) 0,078 Idade* 12,88 (1,11) 13,24 (0,83) 12,94 (0,89) 0,411 Escolaridad e do chefe da família ≥ 8 anos de estudo < 8 anos de estudo 93 (68,9) 42 (31,1) 24 (85,7) 4 (14,3) 19 (73,1)) 7 (26,9) 0,195 Autorelato BS Ausente Presente 133 (81,1) 31 (18,9) 32 (84,2) 6 (15,8) 24 (68,6) 11 (31,4) 0,186 Relato pais BS Ausente Presente 147 (89,6) 17 (10,4) 36 (94,7) 2 (5,3) 29 (82,9) 6 (17,1) 0,254 Aperto BV Ausente Presente 112 (68,3) 52 (31,7) 20 (52,6) 18 (47,4) 15 (42,9) 20 (57,1) 0,008 Ranger BV Ausente Presente 136 (82,9) 28 (17,1) 33 (86,8) 5 (13,2) 21 (60,0) 14 (40,0) 0,005 Dor de cabeça Ausente 71 (43,3) 93 (56,7) 15 (39,5) 23 (60,5) 10 (28,6) 25 (71,4) 0,271 26 Presente Tratamento respiratório Ausente Presente 147 (89,6) 17 (10,4) 32 (84,2) 6 (15,8) 28 (80,0) 7 (20,0) 0,244 Babava no travesseiro Nunca Algumas vezes Muitas vezes 108 (65,9) 23 (14,0) 33 (20,1) 26 (68,4) 10 (26,3) 2 (5,3) 26 (74,3) 4 (11,4) 5 (14,3) 0,093 Qualidade sono Boa Ruim 107 (79,9) 27 (20,1) 19 (70,4) 8 (29,6) 19 (73,1) 7 (26,9) 0,471 Quantidade horas/sono 8,46 (1,66) 8,95 (1,07) 8,18 (0,88) 0,075 Médias de dentes com facetas de desgaste devido ao bruxismo* 4,07 (4,24) 4,48 (4,69) 4,53 (6,6) 0,643 *Utilizado teste Kruskal-Wallis para comparação das médias entre os grupos. 27 Tabela 3. Regressão Logística não-ajustada e ajustada, considerando a associação entre variável dependente IMC com as variáveis independentes. Variável Dependente IMC Não-ajustada Ajustada RC IC 95% p-valor RC IC 95% p-valor Sexo Feminino Masculino 1 0,60 0,27-1,34 0,217 Idade 1,13 0,75-1,71 0,552 Escolaridade dos pais ≥8 anos <8 anos 1 0,55 0,21-1,40 0,213 Autorrelato BS Ausente Presente 1 1,68 0,66-4,25 0,267 Relato pais BS Ausente Presente 1 1,07 0,26-4,36 0,924 Aperto BV Ausente Presente 1 2,37 1,08-5,19 0,030 1 1,88 0,83-4,23 0,126 Ranger BV Ausente Presente 1 1,55 0,62-3,89 0,346 Dor de cabeça Ausente Presente 1 3,32 1,37-8,05 0,008 1 2,85 1,15-7,09 0,024 Babar no travesseiro Ausente Algumas vezes Muitas vezes 1 1,57 0,61 0,65-3,78 0,20-1,85 0,295 28 Qualidade sono Ausente Presente 1 1,46 0,63-3,35 0,370 Média de horas sono 1,00 0,77-1,30 0,961 Tratamentos respiratórios AusentePresente 1 1,23 0,46-3,33 0,671 Desgaste dental médio 1,01 0,93-1,10 0,749 29 3.4 DISCUSSÃO Este estudo avaliou a associação da obesidade com o bruxismo em crianças e adolescentes de 7 a 14 anos de idade. Não foi encontrada associação entre obesidade e bruxismo, porém houve associação entre obesidade e dor de cabeça. A prevalência de bruxismo do sono e bruxismo em vigília em crianças obesas foi de 31,4% e 40,0% respectivamente. Esses dados são relacionados ao autorrelato de bruxismo do sono e ranger em vigília. Ressalta-se que este é um estudo pioneiro, apresentando dados de prevalência relacionando obesidade e bruxismo. A obesidade é uma doença multifatorial, crônica, determinada pelo estilo de vida pessoal, bem como do seu núcleo familiar (Weihrauch-Blüher, S et al., 2018). Dentro do estilo de vida, alguns fatores como qualidade do sono, quantidade de horas de sono e alimentação estão diretamente relacionados a distúrbios do sono como a apneia obstrutiva do sono (AOS), parassonias como terror noturno, síndrome das pernas inquietas, mioclonia mandibular e distúrbio do movimento rápido dos olhos (Oliveira MT et al., 2015). A obesidade é o maior fator de risco para a AOS, visto que um dos principais sintomas é a sonolência excessiva durante o dia, resultando na diminuição de atividade física e possivelmente aumento de peso (Mannarino MR et al., 2012). A obesidade em pacientes com AOS também é influenciada pela mudança da dieta, visto que uma dieta rica em calorias, como os carboidratos levam ao aumento de energia (Ong CW et al., 2013) possivelmente como forma de combater o estresse, através da alimentação compulsiva (Lutter M et al., 2008). Outro fator seria que a privação do sono está associada com o aumento da tolerância à glicose e resistência à insulina que aumenta o risco de obesidade e diabetes (Spiegel K, et al.,1985). Spiegel et al., (2004) também relataram que um sono curto em indivíduos saudáveis está associado à diminuição dos níveis de leptina (hormônio que controla o apetite e regula o gasto energético) e aumento da grelina (hormônio que gera sensação de fome), aumentando o apetite e a vontade de ingerir alimentos calóricos, principalmente carboidratos. Em 2020, Sánchez-López et al., confirmaram estes achados através de um estudo de coorte que descreveu a prevalência de distúrbios do sono em crianças que apresentavam sobrepeso/obesidade usando a polissonografia. O estudo mostrou relação entre obesidade infantil e distúrbios do sono, principalmente AOS. Outros estudos similares foram realizados e todos indicam a obesidade como fator de risco para distúrbios do sono (Sánchez-López et al., 2020). 30 Destaca-se que a obesidade foi considerada como a variável dependente, tendo em vista que o estudo buscava verificar se crianças que apresentassem o comportamento do bruxismo do sono ou bruxismo em vigília poderiam ter uma rotina baseada em dietas ricas por carboidratos. Através do estilo de vida mais ou menos saudável pode haver influência no padrão do sono, influenciando na quantidade de horas de sono, bem como a qualidade do sono. Dessa forma, esses fatores poderiam influenciar para que essas crianças/adolescentes tivessem uma alimentação mais rica em carboidratos e consequentemente se apresentassem obesas. Houve associação entre obesidade e dor de cabeça, concordando com uma revisão sistemática (Farello G et al., 2017) que investigou esta relação, nela os resultados mostraram que a enxaqueca foi mais prevalente em crianças obesas e com sobrepeso do que em crianças de peso normal. Tanto obesidade quanto enxaqueca apresentam etiologia multifatorial: fatores genéticos, mediadores inflamatórios e fatores comuns de estilo de vida ( (Farello G et al., 2017). Algumas limitações deste estudo devem ser consideradas, amostras representativas da população são necessárias para extrapolação dos dados obtidos, por isso a interpretação deve ser feita com cautela. Além disso, outros fatores podem ser investigados, como a dieta alimentar, comportamento alimentar familiar, questões relacionadas ao padrão do sono e outras variáveis que possam interferir nos resultados encontrados. Pesquisas relacionando a dieta com bruxismo também são interessantes devido à relação multifatorial destas condições. Deve-se considerar ainda que, outros fatores que podem influenciar na obesidade, como estresse, ansiedade e fatores genéticos são fundamentais para a evolução de tratamentos eficazes. Portanto, sugere-se para que as futuras pesquisas busquem focar em formas de prevenção e tratamento precoce da obesidade em crianças, já que essa condição pode persistir na adolescência até a idade adulta causando doenças crônicas, incluindo a dor de cabeça. 31 3.5 CONCLUSÃO Através deste estudo foi possível verificar a associação entre obesidade e dor de cabeça. Porém a obesidade não esteve associada a fatores como quantidade de horas de sono, qualidade do sono, bruxismo do sono ou bruxismo de vigília. 32 REFERÊNCIAS 1. Weihrauch-Blüher S, Wiegand S. Risk Factors and Implications of Childhood Obesity. Current Obesity Reports [Internet]. 2018 Oct 13;7(4):254–9. 2. Fung A, Messer LB. Tooth wear and associated risk factors in a sample of Australian primary school children. 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Não houve associação de obesidade com bruxismo em vigília e bruxismo do sono. 37 5 REFERÊNCIAS ALENCAR, N. A. DE et al. Lifestyle and oral facial disorders associated with sleep bruxism in children. CRANIO®, v. 35, n. 3, p. 168–174, 22 jun. 2016. ALONSO, L. S. et al. Association between possible awake bruxism and bullying among 8‐ to 11‐year‐old children/adolescents. International Journal of Pediatric Dentistry, v. 32, n. 1, p. 41-48, maio 2021. BRANCHER, L. C. et al. Social, emotional, and behavioral problems and parent-reported sleep bruxism in schoolchildren. The Journal of the American Dental Association, v. 151, n. 5, p. 327–333, maio 2020. GBD 2015 Eastern Mediterranean Region Obesity Collaborators. Burden of obesity in the Eastern Mediterranean Region: findings from the Global Burden of Disease 2015 study. International Journal of Public Health, v. 63, s. 1, p. 165–176, maio 2018 CHAI, N. C. et al. 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