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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA CURSO DE ODONTOLOGIA Polyane Bertotto Avaliação da interferência do método de esterilização do óxido de etileno nas características físico-químicas e no comportamento biológico de microesferas de PLGA com e sem sinvastatina encapsulada Florianópolis 2020 Polyane Bertotto Avaliação da interferência do método de esterilização do óxido de etileno nas características físico-químicas e no comportamento biológico de microesferas de PLGA com e sem sinvastatina encapsulada Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do título de Cirurgiã-Dentista. Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Souza Magini Coorientador: MSc.Raíssa Borges Curtarelli Florianópolis 2020 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC. Bertotto, Polyane Avaliação da interferência do método de esterilização do óxido de etileno nas características físico-químicas e no comportamento biológico de microesferas de PLGA com e sem sinvastatina encapsulada / Polyane Bertotto ; orientador, Ricardo de Souza Magini, coorientadora, Raissa Borges Curtarelli, 2020. 50 p. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Graduação em Odontologia, Florianópolis, 2020. Inclui referências. 1. Odontologia. 2. Microesferas. 3. PLGA. 4. Sinvastatina . 5. Óxido de etileno. I. Magini, Ricardo de Souza. II. Curtarelli, Raissa Borges. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em Odontologia. IV. Título. Polyane Bertotto Avaliação da interferência do método de esterilização do óxido de etileno nas características físico-químicas e no comportamento biológico de microesferas de PLGA com e sem sinvastatina encapsulada Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Cirurgiã Dentista” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Odontologia Florianópolis, 17 de Julho de 2020. Prof. Dra. Glaucia Santos Zimmermann Coordenadora do Curso Banca Examinadora: Prof. Dr. Ricardo de Souza Magini Orientador Instituição UFSC Prof. Dr. César Augusto Magalhães Benfatti Avaliador Instituição UFSC Prof. Dr. Águedo Aragones Avaliador Instituição UFSC AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me fortalecer e estar sempre comigo, guiando minhas escolhas na realização deste sonho e de tantos outros que estão por vir. Aos meus pais, Clarice e Vilmar, que apesar de todas as dificuldades nunca deixaram de lutar pela minha educação. Agradeço por todo incentivo, confiança e por nunca me deixar perder a fé. Vocês são o meu melhor exemplo de amor, cumplicidade e superação. Agradeço por me agregar tantos princípios e por me permitir seguir os próprios passos. A vocês eu devo a vida e todas as oportunidades que nela tive. A minha irmã, Franciane, agradeço por sempre acreditar em mim, seu apoio foi fundamental para me dar força e coragem nessa caminhada. Vocês são a minha base, a razão pela qual busco ser melhor a cada dia. Ao meu namorado, Victor Lopes, por todo suporte emocional durante a realização dessa pesquisa, por toda paciência, cuidado, compreensão e por trazer paz nos momentos em que mais precisei. A todas as amizades da graduação, em especial as que compartilhei meus sentimentos. Agradeço por cada momento de apoio, conselho, risada, por cada almoço descontraído, por cada ensinamento e por todo carinho. Agradeço a Luana Bernardes, minha parceira de laboratório e que esteve ao meu lado durante toda realização dessa pesquisa, muito obrigada por todo apoio, sua companhia e auxílio tornou tudo mais fácil. A minha dupla, obrigada por todos os momentos na clínica e fora dela, por me compreender com um simples olhar e por ter doado tanto de si para me ajudar. Como é bom cultivar amizades que tornam a vida mais leve! Ao meu orientador, Prof. Dr. Ricardo de Souza Magini, agradeço por realizar um sonho ao me inserir na pesquisa, por delegar a mim um trabalho com tamanha interdisciplinaridade e por acreditar na minha capacidade muito mais do que eu mesma. À Prof. Dra. Ariadne Cristiane Cabral da Cruz, por todo tempo dedicado a mim, pelo seu carinho, paciência e todo auxílio fornecido durante essa pesquisa. O seu amor pela docência e pela pesquisa torna-se evidente pela sua forma encantadora de compartilhar conhecimentos. À minha coorientadora e doutoranda Raíssa Borges Curtarelli, por nunca medir esforços para me ajudar, ser sempre tão gentil ao compartilhar seus conhecimentos e por buscar sempre a melhor forma de sanar minhas dúvidas nem que isso levasse a repetidas explicações. A sua tranquilidade e capacidade de ajudar sem olhar a quem é admirável. Obrigada por ser a minha luz durante essa pesquisa, tenho certeza que seguirá iluminando muitas outras vidas. A todos os professores do curso, que trilham sua caminhada na docência com estusiasmo e nos transmitem sempre muita força e coragem para enfrentar as dificuldades. Obrigada por compartilhar suas experiências, seus conhecimentos e seu tempo com tanta excelência. Por oferecer sempre a melhor condição de ensino apesar das adversidades. Obrigada por despertar meu senso crítico, minha autoconfiança e me fazer ver o mundo por diferentes perspectivas. Todo crescimento pessoal e profissional que conquistei ao longo desses 5 anos eu devo a vocês. A Universidade Federal de Santa Catarina, por me receber de braços abertos, ser minha segunda casa durante esses 5 anos, por me conceder os recursos e a estrutura necessária para realização dessa pesquisa e por me tornar uma profissional com tantos valores. Serei eternamente grata! Aos meus pacientes, por permitir e confiar em mim durante os atendimentos possibilitando não só o meu desenvolvimento técnico profissional, como também a capacidade de compreender, cuidar e orientar cada um na sua particularidade. Aos servidores da universidade, por toda dedicação, cuidado e apreço pela instituição, professores e alunos. RESUMO Para a aplicação de microesferas (MPS) de ácido polilático co-glicólico (PLGA) incorporando sinvastatina (SIN) em estratégias de reparação óssea in vivo e estudos clínicos, é necessário que se estabeleça um método de esterilização eficaz que permita a manutenção das características do biomaterial. Assim, o objetivo deste estudo foi produzir MPS de PLGA com e sem a incorporação de SIN a 2%, e avaliar as interferências da esterilização por óxido de etileno (OE) nas características físico-químicas e biológicas do biomaterial. As MPS foram sintetizadas pelo método de emulsão de óleo em água (O/A) e evaporação do solvente, utilizando duas soluções de PLGA (82L:18G), com e sem a adição de SIN na proporção de 2% (PLGA+2%SIN) entre fármaco e polímero (m/m). Parte das amostras foi submetida a esterilização por OE (grupo esterilizado) a 55ºC durante 180min e a outra parte permaneceu sem esterilização (grupo não- esterilizado). A morfologia das MPS foi analisada por microscopia eletrônica de varredura (MEV) o seu tamanho médio foi mensurado por ImageJ. A caracterização química foi realizada por espectroscopia por energia dispersiva (EDS) e espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). A fase do material foi determinada por difração de raio X (DRX) e o comportamento biológico foi avaliado por meio do teste colorimétrico MTT em 1 e 7 dias.A análise estatística foi realizada com os dados da mensuração das MPS utilizando o teste t de student (p<0,05). Para os dados do comportamento biológico foi aplicado o teste ANOVA one-way seguido do pós-teste de Tukey (p <0,05). As imagens obtidas por MEV revelaram MPS com formato esférico e livre de porosidades, o tamanho e a forma não foram alterados pela incorporação da SIN ou pela esterilização. A análise da composição química demonstrou aumento do elemento químico carbono e variação na transmitância associado a possível presença de resíduo proveniente da esterilização. O FTIR também certificou a incorporação da SIN ao PLGA. O material manteve sua natureza amorfa após a esterilização. As amostra esterilizadas e não esterilizadas não foram citotóxicas em ambos os tempos experimentais. O método de emulsão e evaporação do solvente foi satisfatório na obtenção das características físicas das MPS. A esterilização por OE causou pequenas alterações químicas sem comprometer as características físicas e biológicas das MPS. Palavras-chave: Microesferas 1. PLGA 2. Sinvastatina 3. Óxido de Etileno 4. ABSTRACT For the application of microspheres (MPS) of polylactic co-glycolic acid (PLGA) incorporating simvastatin (SIN) in bone regeneration strategies in vivo and clinical studies, it is necessary to establish an effective sterilization method that allows the maintenance of the characteristics of biomaterial. Thus, the objective of this study was to produce MPS of PLGA with and without the incorporation of 2% SIN, and to evaluate the interferences of ethylene oxide (OE) sterilization in the physical-chemical and biological characteristics of the biomaterial. The MPS were synthesized by the oil-in-water (O/W) emulsion method and solvent evaporation, using two PLGA solutions (82L: 18G), with and without the addition of SIN in the proportion of 2% (PLGA + 2% SIN) between drug and polymer (m/m). Part of the samples was submitted to sterilization by OE (sterilized group) at 55ºC for 180min and the other part remained without sterilization (non-sterilized group). The morphology of the MPS was analyzed by scanning electron microscopy (SEM) and their average size was measured by ImageJ. Chemical characterization was performed by energy dispersive spectroscopy (EDS) and Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR). The phase of the material was determined by X-ray diffraction (XRD) and the biological behavior was evaluated using the MTT colorimetric test in 1 and 7 days. A statistical analysis was performed with the MPS measurement data using Student’s T-distribution (p <0.05). For the biological behavior data, the one-way ANOVA test was applied followed by the Tukey’s post-test (p <0.05). The images obtained by SEM revealed MPS with spherical shape and free of porosities, the size and shape were not altered by the incorporation of the SIN or by sterilization. The analysis of the chemical composition showed an increase in the chemical element carbon and variation in transmittance associated with the possible presence of waste from sterilization. The FTIR also certified the incorporation of SIN into the PLGA. The material maintained its amorphous nature after sterilization. The sterilized and non-sterile samples were not cytotoxic in both experimental times. The solvent emulsion and evaporation method was satisfactory in obtaining the physical characteristics of the MPS. Sterilization by OE caused minor chemical changes without compromising the physical and biological characteristics of the MPS. Keywords: Microspheres 1. PLGA 2. Simvastatin 3. Ethylene Oxide 4. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fórmula química do PLGA .................................................................................. 15 Figura 2 - MEV de MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas ...................................... 27 Figura 3 - MEV de MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas ........................ 28 Figura 4 - Área de MPS de PLGA e PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas ............ 29 Figura 5 - EDS de MPS de PLGA e PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas ............ 30 Figura 6 - FTIR de MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas ...................................... 31 Figura 7 - FTIR de MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas. ......................... 32 Figura 8 - DRX das MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas ..................................... 33 Figura 9 - DRX de MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas ......................... 33 Figura 10 - Viabilidade celular de HGF à MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas 34 Figura 11 - Viabilidade celular de HGF à MPS PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas .................................................................................................................................. ................ 35 Figura 12 - Viabilidade celular de SHED à MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas . 35 Figura 13 - Viabilidade celular de SHED à MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas ......................................................................................................................... 36 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DMSO Dimetilsulfóxido DRX Difração de Raio X EDS Espectroscopia por Energia Dispersiva, do inglês Energy Dispersive Spectroscopy OE Óxido de etileno FDA Administração de alimentos e medicamentos, do inglês Food and Drug Administration FTIR Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier, do inglês Fourier Transform Infrared g Grama HGF Fibroblastos gengivais humanos, do inglês Human Gingival Fibroblasts h Hora L Litro m/m Relação massa/massa m/v Relação massa/volume MEV Microscopia Eletrônica de Varredura mg Miligrama MPS Microesferas PBS Tampão salino-fosfato, do inglês Phosphate-Buffered Saline PLA Ácido polilático PLGA Ácido polilático-co-glicólico PGA Ácido poliglicólico PVA Álcool polivinílico SFB Soro Fetal Bovino SHED Células-tronco da polpa de dentes decíduos, do inglês Stem cells from Human Exfoliated Deciduous teeth SIN Sinvastatina µ Micro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 13 2.1 TECIDO ÓSSEO................................................................................................... 13 2.2 BIOMATERIAIS................................................................................................... 14 2.3 PLGA..................................................................................................................... 15 2.4 SINVASTATINA.................................................................................................. 16 2.5 ESTERILIZAÇÃO................................................................................................ 17 2.6 ÓXIDO DE ETILENO.......................................................................................... 18 3 OBJETIVOS .................................................................................................... 21 3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 21 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 21 4 METODOLOGIA ............................................................................................ 22 4.1 SÍNTESE DAS MICROESFERAS .................................................................... 22 4.2 ESTERILIZAÇÃO DAS MICROESFERAS ..................................................... 23 4.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA ........................................................ 23 4.3.1 Microscopia Eletrônica de Varredura(MEV) ................................................ 23 4.3.2 Mensuração das microesferas ......................................................................... 23 4.3.3 Espectroscopia por energia dispersiva (EDS) ................................................. 23 4.3.4 Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) .... 24 4.3.5 Difração de Raios X (DRX) ............................................................................. 24 4.4 COMPORTAMENTO BIOLÓGICO ................................................................. 24 4.4.1 Citotoxicidade .................................................................................................. 24 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................ 25 5 RESULTADOS ................................................................................................ 26 5.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA ........................................................ 26 5.1.1 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................................................ 26 5.1.2 Mensuração das microesferas ......................................................................... 26 5.1.3 Espectroscopia por energia dispersiva (EDS) ................................................. 29 5.1.4 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR)....... 30 5.1.5 Difração de raio X (DRX) ................................................................................ 32 5.2 COMPORTAMENTO BIOLÓGICO ................................................................. 34 5.2.1 Citotoxicidade .................................................................................................. 34 6 DISCUSSÃO .................................................................................................... 37 7 CONCLUSÃO.................................................................................................. 41 8 REFERÊNCIAS............................................................................................... 42 11 1 INTRODUÇÃO A remodelação progressiva do tecido ósseo alveolar e o consequente comprometimento estético-funcional decorrente de perdas dentárias, doenças degenerativas e traumatismos, tem incentivado a busca por biomateriais capazes de permitir a reparação óssea (LEKOVIC et al., 1998; SCHROPP et al., 2003). Atualmente, os biomateriais utilizados para a recuperação do volume ósseo podem ser classificados conforme sua origem em: autólogos, homólogos, xenógenos ou sintéticos. Entre esses, a única opção que conta com as três características ideais para promover o reparo - osteoindução, osteocondução e osteogênese - é o osso autólogo. Contudo, além de apresentar disponibilidade limitada, a necessidade de um sítio doador confere maior morbidade ao procedimento (FARDIN et al., 2010; CIAPETTI; GRANCHI; BALDINI, 2012). Os substitutos de enxertos sintéticos permitem o controle total da produção gerando maior disponibilidade e alta versatilidade de aplicação. São cada vez mais a principal e mais segura escolha para reparação óssea (BUSER, 2010, SHEGARFI; REIKERAS, 2009). O copolímero ácido polilático-co-glicólico (PLGA, do inglês Poly(Lactic-co-Glycolic) Acid) é um material sintético, biocompatível e atóxico. Sofre degradação por hidrólise, resultando em ácido lático e ácido glicólico, subprodutos naturais do organismo eliminados na forma de dióxido de carbono (CO2) e água (H2O) (ATHANASIOU, NIEDERAUER, AGRAWAL, 1996; BAO et al., 2010). Devido a essas características e a possibilidade de controle sobre a sua taxa de degradação, a utilização do PLGA em aplicações clínicas têm crescido nos últimos anos como dispositivo para liberação controlada de medicamentos (MOTTA e DUEK, 2006). Suas excelentes propriedades físicas e mecânicas facilitam a adesão e proliferação celular, demonstrando bom potencial osteocondutor (MOTTA e DUEK, 2006). Microesferas (MPS, do inglês Microspheres) de PLGA podem encapsular e liberar localmente medicamentos hidrofóbicos ou hidrofílicos por semanas ou meses. Essa possibilidade de incorporação de fármacos mostra-se como uma possibilidade de associar o polímero a fatores indutores da osteogênese, tornando-o, dessa forma, osteoindutor (MAKADIA; SIEGEL, 2011; QI et al., 2018). As proteínas ósseas morfogenéticas (BMPs do inglês, Bone morphogenetic proteins) participam ativamente no reparo do tecido ósseo regulando os fatores necessários para diferenciação de osteoblastos. Entretanto, apresentam dificuldade de controle de atuação e custo 12 elevado (SUGIYAMA et al., 2005; CASAGRANDE et al., 2011). Estudos foram realizados a fim de revelar um composto estável indutor da BMP para utilização no reparo ósseo. A sinvastatina (SIN), medicamento amplamente utilizado no controle da hipercolesterolemia sistêmica, demonstrou aumentar a expressão BMP-2 em células indiferenciadas e favorecer a formação óssea em animais (MUNDY et al., 1999). Além disso, estudos in vitro mostraram que a SIN inibe a reabsorção óssea e tem efeito pró-angiogênico, estimulando a formação de vasos sanguíneos (GRASSER et al., 2003; YAMASHITA et al., 2010; MAEDA; KAWANE; HORIUCHI, 2003). A associação de MPS de PLGA com SIN encapsulada para aplicação local demonstrou melhorar a formação óssea em defeitos de tamanho crítico com diferentes modelos de animais (NAITO et al., 2014; TERUKINA et al., 2016; FERREIRA et al., 2014). Apesar dos resultados promissores, a utilização deste biomaterial em pacientes é inviável até que um meio de esterilização adequado seja encontrado. Os polímeros são sensíveis ao calor e a umidade, por essa razão, torna-se um desafio encontrar um método de esterilização que não altere as propriedades físico-químicas do material e tampouco cause inativação da SIN (ATHANASIOU, NIEDERAUER, AGRAWAL, 1996). A esterilização pode ocorrer por meios físicos através do calor seco em estufas, do calor úmido mediante alta temperatura e pressão como a autoclavação, ou por meio de radiação gama, que atua em baixa temperatura mas apresenta um alto custo. Os meios físico-químicos são amplamente utilizados em ambiente hospitalar para esterilização de materiais sensíveis à altas temperaturas (RUTALA, GERGEN, WEBER 1998; ALFA et al., 1996). O OE é um gás incolor a temperatura ambiente que inativa as proteínas nucleares dos microrganismos impedindo sua reprodução. Opera em uma baixa faixa de temperatura (30-60ºC), quando comparado a esterilização por autoclavação, mas necessita do aumento da umidade relativa para elevar seu poder esterilizante (LEROUGE, SIMMONS, 2012). Posto isso, propõe-se nesse estudo identificar as possíveis alterações promovidas pela esterilização por OE em MPS de PLGA associadas a SIN, a fim de viabilizar sua utilização como biomaterial na aplicação clínica. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 TECIDO ÓSSEO O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo que constitui a principal estrutura de sustentação do organismo. Sua formação e manutenção depende essencialmente de 4 tipos celulares. As células osteoprogenitoras (1) diferenciam-se em osteoblastos perante a influência do grupo de proteínas ósseas morfogenéticas (BMPs) e do fator de crescimento de transformação β (TGF-β). Os osteoblastos (2), por sua vez, sintetizam a porção orgânica da matriz óssea e participam da sua mineralização. De acordo com a velocidade de deposição da matriz, alguns osteoblastos acabam aprisionados em lacunas em meio a matriz extracelular mineralizada e passam a denominar-se osteócitos (3). Por fim, os osteoclastos (4), células gigantes multinucleadas que promovem a reabsorção óssea e a liberação de cálcio no organismo (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2003; GENESER, 2003; GARTNER & HIATT, 2007). Devido a estas características, o tecido ósseo apresenta um importante potencial reparativofrente a destruição tecidual. Entretanto, sua capacidade torna-se limitada quando determinadas condições não são respeitadas. Falhas no suprimento vascular, instabilidade mecânica e defeitos excessivos são exemplos de fatores que podem impedir o reparo (BUSER, 2010). Na cavidade oral, o tecido ósseo que circunda os dentes é chamado de processo alveolar (SCHROEDER, 1986). Seu aporte nutritivo provém do periósteo e do ligamento periodontal, ambos tecidos conjuntivos ricamente inervados e vascularizados, responsáveis pelo revestimento externo do osso e pela distribuição e amortecimento de forças que incidem sobre o elemento dental, respectivamente (ALLEN, HOCK & BURR, 2004). Estudos clínicos e radiográficos demonstraram que ocorrem alterações dimensionais consideráveis no osso alveolar em decorrência da perda dental, seja ela simples ou de múltiplos elementos (PIETROKOVSKI; MASSLER, 1967; LEKOVIC et al., 1998). Um dos importantes fatores para tal remodelação óssea é a ausência do suporte nutritivo do ligamento periodontal após extração (BUSER, 2010). Um estudo clínico e radiográfico realizado por Schropp et al. (2003) avaliou a remodelação óssea após a extração de um único elemento dental. Os resultados mostraram que a maior parte da perda dimensional em altura e cerca de dois terços da redução em espessura ocorrem logo nos primeiros 3 meses de acompanhamento e que, após 1 ano, ocorre uma redução de 50% na dimensão vestíbulo-lingual. O mesmo resultado foi encontrado por uma revisão sistemática realizada por Tan et al. (2011), a maior remodelação da crista óssea ocorre nos primeiros 3 a 6 meses pós extração simples ou múltipla; sendo a perda óssea horizontal (29-63%) mais expressiva que a vertical (11-22%). Se nada for feito para 14 compensar a inevitável remodelação óssea, o indivíduo poderá sofrer com prejuízos estéticos e funcionais (CHIAPASCO et al., 2009). 2.2 BIOMATERIAIS A busca por biomateriais que viabilizem a recuperação da estrutura e função do tecido ósseo perdido tem estimulado pesquisas na área da engenharia tecidual. O substituto ósseo ideal deve dispor de 3 características essenciais para a regeneração óssea: (1) osteoblastos viáveis capazes de iniciar o processo de deposição da matriz óssea (osteogênese); (2) servir como arcabouço, permitindo a adesão e migração dessas células tal como das presentes no sítio receptor (osteocondução); (3) ser carreador de fatores de crescimento capazes de promover a diferenciação de células osteoprogenitoras em células produtoras de matriz óssea (osteoindução). O osso autólogo é o único que apresenta todas essas características, entretanto sua quantidade limitada e a morbidade causada pela intervenção cirúrgica no sítio doador incentiva o desenvolvimento de pesquisas acerca de biomateriais aloplásticos, ou também chamados sintéticos (BUSER, 2010; CIAPETTI; GRANCHI; BALDINI, 2012; FARDIN et al., 2010). O biomaterial de escolha para reconstrução óssea não pode apresentar características prejudiciais, ou seja, não deve induzir reações adversas no organismo receptor. Substitutos ósseos aloplásticos devido à sua natureza sintética, não oferecem, por exemplo, risco de transmissão de doenças cruzadas (KIM; RODRIGUEZ; NOWZARI, 2016). A versatilidade dessa classe de biomateriais é uma importante vantagem sobre as demais devido à possibilidade de definir sua morfologia, controlar sua composição química visando alcançar um equilíbrio em sua taxa de reabsorção e, ainda, associar efeito osteoindutor por meio da adição de substâncias em um sistema de liberação controlado. Sendo assim, torna-se possível beneficiar tanto a neoformação óssea quanto a estabilidade dimensional da região enxertada. Entre os biomateriais aloplásticos estão o fosfato de cálcio, os vidros bioativos e os polímeros. Os fosfatos mais utilizados são a hidroxiapatita (HA) e o β-tricálcio fosfato (TCP), ambos podem ser associados em variadas proporções conforme a necessidade de prevalência de suas propriedades individuais. Os biovidros são a base de sílica e são conhecidos por sua biocompatibilidade (BUSER, 2010). Entre os polímeros estudados, o PLGA vem sendo utilizado na área médica desde a década de 70 como material reabsorvível para suturas cirúrgicas. Atualmente, têm demonstrado boa aplicabilidade clínica tanto na forma de membranas para regeneração óssea guiada quanto dispositivos para liberação de fármacos (MOTTA & DUEK, 2006; MAKADIA; SIEGEL, 2011; SILVA et al., 2015). 15 2.3 PLGA O PLGA (Figura 1) é um copolímero sintético e reabsorvível, formado a partir da combinação em proporções variáveis de dois polímeros, o ácido poliglicólico (PGA) e o ácido polilático (PLA), unidos por ligações éster. A hidrólise dessas ligações gera subprodutos que são completamente eliminados do organismo através do ciclo de Krebs na forma de dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). Além disso, o PLGA apresenta boa afinidade com fármacos, propriedades físico-químicas adequadas e baixa imunogenicidade. É facilmente fabricado em várias formas e tamanhos e pode encapsular moléculas de praticamente qualquer tamanho. Sendo amplamente utilizado como dispositivo para liberação controlada de fármacos, principalmente no formato de MPS (BAO et al., 2010; MAKADIA; SIEGEL, 2011). Figura 1 - Fórmula química do PLGA Fonte: Sigma Aldrich (2020) Os polímeros com maior conteúdo de PGA são mais hidrofílicos e, portanto, apresentam menor tempo de degradação; em contrapartida, polímeros com maior quantidade de PLA são mais hidrofóbicos, devido aos grupos laterais metila, absorvendo menos água e degradando mais lentamente. A possibilidade de criar diferentes formas do polímero variando as proporções de PLA e PGA proporciona grande vantagem e autonomia quanto ao seu tempo de degradação. (FREIBERG; ZHU, 2004; MAKADIA; SIEGEL, 2011). Outros fatores controláveis como o peso molecular, composição, porosidade e tamanho da partícula permitem alcançar o perfil de liberação desejado do medicamento incorporado (FREIBERG; ZHU, 2004; SILVA, et al., 2015; QI et al., 2018). Na área médica regenerativa, as MPS de PLGA apresentam papel osteocondutor, servindo como uma ampla matriz de suporte para aderência e proliferação celular, contudo, não apresenta bioatividade intrínseca para osteoindução. Sendo assim, torna-se necessário associar ao PLGA substâncias indutoras da reparação óssea que serão liberadas no local alvo à medida que o copolímero é degradado pelo organismo (LANSMAN et al., 2006; BAO et al., 2010; MAKADIA; SIEGEL, 2011; NATH et al., 2013). 16 2.4 SINVASTATINA O grupo das estatinas têm sido objeto de diversos estudos como alternativa osteoindutora. São normalmente utilizadas no tratamento da hipercolesterolemia, seu mecanismo de ação consiste em inibir a 3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A redutase (HMG- CoA), bloqueando a conversão do HMG-CoA em mevalonato e impedindo, assim, a síntese do colesterol hepático (ZHANG; DRICU; SJÖVALL, 1997). Todavia, o efeito das estatinas não se limita apenas ao controle lipídico. Mundy et al. (1999), foi o primeiro a descrever a atuação da SIN sobre o tecido ósseo; seu estudo in vitro mostrou que células ósseas expostas às estatinas aumentaram a expressão de proteína morfogenética óssea 2 (BMP-2). Foi observado ainda, um aumento da neoformação óssea de duas a três vezes quando a calvária de camundongos foi colocada em cultura por explante e exposta às estatinas, além de um número elevado de células osteoblásticas em todos os estágios de diferenciação. In vivo, Mundy et al. (1999) observou um aumento de 50% na neoformação óssea após injeção subcutânea três vezes ao dia durante cinco dias na calota craniana de roedores. Estudos subsequentes demonstraram o aumento da expressão de mRNA para a expressão de BMP-2 e relataram o aumento da expressão de fosfatase alcalina, sialoproteínaóssea, osteocalcina e colágeno tipo I em osteoblastos indiferenciados (SONG et al., 2003; MAEDA et al., 2004; BAEK et al., 2005). A SIN também apresenta efeito angiogênico por meio da expressão do fator de crescimento endotelial vascular, (MAEDA; KAWANE; HORIUCHI, 2003), efeito antiinflamatório pela diminuição da produção de interleucina-6 e interleucina-8 (SAKODA, 2006), além de suprimir a atividade osteoclástica (GRASSER et al., 2003; YAMASHITA et al., 2010). A forma usual de administração da SIN por via oral sofre metabolismo de primeira passagem e menos de 5% alcança a circulação sistêmica. Desse modo, não é capaz de promover a neoformação óssea em locais específicos. A necessidade de maior disponibilidade aumentando a dose oral pode levar a quadros de lesão hepática e insuficiência renal (BROWN, 2008; PARK J.B, 2009; TAN et al., 2015). Estudos foram realizados preconizando a injeção subcutânea para evitar a degradação hepática e atingir concentrações terapêuticas locais. Anbinder et al. (2006) administrou SIN por via subcutânea e não observou melhora no reparo ósseo de defeitos tibiais experimentais em ratos. Rutledge et al. (2011) relatou baixo efeito da SIN sobre a formação óssea quando injetada localmente no osso maxilar de cães. Outros estudos utilizando modelos de animais verificaram aumentos significativos da formação óssea durante o período de aplicação subcutânea, mas o efeito cessou quando as injeções foram encerradas. A rápida difusão do fármaco pelos tecidos exige repetidas 17 aplicações para manter a concentração terapêutica local, tornando este meio de administração inviável. (AYUKAWA et al., 2009; YANG et al., 2013). Dessa forma, faz-se necessário encontrar um transportador capaz de liberar a SIN de forma lenta e contínua no local de aplicação sem provocar resposta de corpo estranho. O uso do PLGA já foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) em vários sistemas de distribuição e está disponível no mercado com pesos moleculares diferentes (BUSER, 2010). A síntese de MPS de PLGA destinada a administração de drogas é normalmente preparada pelo método de emulsão de óleo em água e evaporação do solvente. O copolímero permite encapsular drogas insolúveis em água, como a SIN. Estudos utilizando essa técnica já demonstraram alta eficácia de encapsulamento e lenta liberação da SIN no local de aplicação (NAITO et al., 2014; MASAELI et al., 2016; TERUKINA et al., 2016). Considerando que a altura e largura da crista alveolar diminuem após a extração dentária, Wu et al. (2008) utilizou o PLGA associado a SIN em alvéolos pós extração de incisivos inferiores em 30 roedores. Os resultados mostraram que o material manteve a altura da crista do rebordo residual e ainda promoveu neoformação óssea. Ferreira et al. (2014) criou defeitos ósseos de tamanho crítico (5mm de diâmetro) na calota craniana de roedores e preencheu com MPS de PLGA com 2,5% de SIN encapsulada. Após 60 dias do tratamento, os defeitos que receberam as MPS com SIN encontravam-se praticamente totalmente reparados, a matriz óssea mostrou-se mais organizada e madura quando comparada ao grupo que permaneceu apenas com o coágulo. Uma avaliação ultraestrutural revelou íntima interação de células com o biomaterial. Naito et al. (2014) incorporou MPS de PLGA com SIN encapsulada a um cimento ósseo sintético e obteve liberação controlada por um mês, induzindo a formação óssea em defeitos de tamanho crítico na calvária de coelhos. Terukina et al. (2016) criou defeitos ósseos de tamanho crítico na calvária de roedores e preencheu o lado direito do defeito com MPS de PLGA/SIN e o lado esquerdo com nanoesferas de PLGA/SIN. Os resultados mostraram que as nanoesferas liberaram SIN por 5 dias, enquanto que as MPS obtiveram uma liberação sustentada por 4 semanas e induziram a proliferação de células pré osteoblásticas. 2.5 ESTERILIZAÇÃO Em virtude aos promissores resultados in vitro e in vivo obtidos com arcabouços de PLGA associados à SIN para reparação óssea e frente à dificuldade de manter o ambiente asséptico durante todas as etapas de confecção, faz-se necessário encontrar um método de esterilização que não interfira nas propriedades físico-químicas e biológicas desse biomaterial. Os diversos métodos de esterilização disponíveis podem ser divididos de acordo com a sua natureza em métodos físicos, químicos e físico-químicos. Os meios físicos abrangem o calor 18 seco, o vapor saturado sob pressão e a radiação. Tanto o calor seco das estufas quanto o calor úmido das autoclaves necessitam de temperaturas acima de 120ºC para exercer seu poder esterilizante. Entretanto, devido à baixa temperatura de transição vítrea (54 - 60º) do PLGA (82:18), métodos que utilizam altas temperaturas tornam-se inviáveis por favorecer a degradabilidade e instabilidade do copolímero (ATHANASIOU, NIEDERAUER, AGRAWAL, 1996; RUTALA, WEBER, 2008; QI et al., 2018). A radiação do tipo Gama apresenta boa capacidade de penetração nos produtos e não necessita do aumento da temperatura para desempenhar seu poder esterilizante. Contudo, este método apresenta alto custo e pode afetar o desempenho do biomaterial dependendo da composição do polímero e substância associada (MONTANARI et al., 1998). Os meios químicos atuam a partir da imersão do material em soluções como o glutaraldeído, todavia, a degradabilidade do PLGA em meio aquoso inviabiliza a utilização desse método. Os meios físico-químicos utilizam elementos como o gás de OE e o vapor de formaldeído como agente esterilizante. Atuam em uma baixa faixa de temperatura tornando-se uma opção viável para esterilização de produtos termossensíveis (RUTALA, GERGEN, WEBER 1998; RUTALA, WEBER, 2008). 2.6 ÓXIDO DE ETILENO O OE (C2H4O) é um gás à temperatura ambiente, que promove a alquilação das proteínas nucleares de células microbianas. As principais vantagens desse método de esterilização é a sua ação esporicida em temperaturas relativamente baixas e o seu alto poder de penetração devido ao pequeno tamanho das suas moléculas (RUTALA, GERGEN, WEBER 1998; RIES, WEAVER, BEALS, 1996; ALFA et al., 1996). Dispositivos sensíveis ao calor, à umidade ou a radiação podem ser submetidos ao OE sem sofrer deformação ou ter sua degradação acelerada. Materiais médico-hospitalares, materiais poliméricos, plástico termolábil e biomateriais utilizam o OE como esterilizante de escolha. (ATHANASIOU, NIEDERAUER, AGRAWAL, 1996; LEROUGE, SIMMONS, 2012). O método apresenta boa flexibilidade do processo, permitindo ajuste dos seus parâmetros de acordo com a sensibilidade do material. Atua em uma baixa faixa de temperatura (30-60ºC) quando comparado à esterilização por calor ou vapor seco e ainda, conta com alto poder de difusão e eficácia comprovada (RUTALA e WEBER, 1999; SORDELLINI, SATTER, CAPUTO, 1998). Entretanto, o OE é extremamente tóxico, inflamável, irritante para a superfície corpórea e explosivo na presença de oxigênio. Para amenizar os riscos, gases inertes como o dióxido de carbono (CO2) podem ser associados ao OE sem comprometer sua eficácia. (LAMBERT; MENDELSON; CRAVEN, 2011). O OE apresenta ponto de ebulição de 10,7°C e temperatura crítica em torno de 196°C. Durante o processo de esterilização, pode sofrer reação 19 química com outras substâncias e originar subprodutos tóxicos que, por sua vez, podem ser absorvidos pelo produto que está sendo esterilizado e vir a comprometer a saúde de quem for manuseá-lo ou recebê-lo. Quando em contato com a água, por exemplo, origina o etilenoglicol e na presença de íons cloreto produz etilenocloridrina como subproduto. Por esse motivo, é extremamente importante que após o processo de esterilização os produtos sejam submetidos a aeração mecânica e ambiental para eliminação dos resíduos tóxicos do OE e seus subprodutos (MENDES, BRANDÃO, SILVA, 2007). Os produtos a serem esterilizadosdevem ser acondicionados em embalagens apropriadas que permitam a entrada e saída de OE e umidade. O equipamento esterilizador utilizado no processo é composto por uma câmara de esterilização, aquecedor, bomba de vácuo, lavador de gases e comando eletrônico. O processo é automático e inicia com uma parada pré- programada para uniformizar a umidade interna e a temperatura do produto. A umidade relativa de 20% a 80% é de extrema importância pois facilita a penetração do gás nas embalagens, aumentando o seu poder esterilizante. O processo segue com a injeção de nitrogênio para inertização da carga. Em seguida, realiza-se o vácuo para retirada de bolsas de ar dos produtos e elevação da pressão para injeção do OE. A concentração de gás recomendada para esterilização é de 500 a 1200mg/L, o tempo de exposição ao gás pode levar de 4 a 6 horas dependendo do tipo, densidade e volume do material. Após a esterilização, a bomba de vácuo é acionada para retirada do OE. Uma nova etapa de vácuo é realizada para certificar a retirada de bolsas de gás dos produtos. A partir disso, é injetado nitrogênio no interior da câmara e realizado outro ciclo de vácuo. Esse processo visa retirar o excesso do OE com segurança, evitando seu contato com o oxigênio presente no ar. Inicia-se então a aeração mecânica no interior da câmara, pulsos de ar filtrado são injetados para realizar a hiperventilação dos produtos. Os produtos, então, seguem para uma sala de aeração ambiental onde permanecem expostos a circulação de ar até que os que os resíduos tóxicos do gás alcancem níveis seguros de manuseio da equipe e utilização em pacientes. (ANGERER, BADER, KRAMER, 1998; RUTALA e WEBER, 1999; LEROUGE, SIMMONS, 2012). Holy et al. (2000) verificou que após a esterilização por OE, arcabouços de PLGA (75:25) sofreram uma redução de 50% do seu volume inicial, sem apresentar alteração no peso molecular. Choi et al. (2001) observou uma alteração na cristalinidade de MPS de poli(L-ácido láctico) (PLLA) após a esterilização por OE, levando a uma agregação excessiva que impossibilitaria a aplicação clínica. Apesar disso, não houve alteração de peso molecular. O mesmo foi relatado por Kohane et al. (2006) em um estudo piloto, onde a esterilização por OE 20 resultou na agregação das MPS de PLGA em grandes massas, o que, posteriormente, pode ser evitado centrifugando-as em 0,25% (m:m) de sacarose e, em seguida, liofilizando-as. Para Moioli et al., (2006) a esterilização por OE provocou mínimas alterações morfológicas nas MPS de PLGA (50:50) e não alterou a cinética de liberação do fator básico de crescimento de fibroblastos, sugerindo que o OE tem se mostrado a melhor escolha para esterilizar MPS de PLGA associada a fatores de crescimento. Jeong et al. (2003) sintetizou MPS de PLGA com ácido retinóico encapsulado e concluiu que a esterilização por OE a 37º C não afetou significativamente sua morfologia e taxa de liberação do fármaco. Dormer et al. (2013) verificou que a exposição de MPS de PLGA (50:50) ao OE não alterou a temperatura de transição vítrea (Tg) do polímero nem a quantidade de proteína liberada a partir das MPS. Entretanto, ao estudar a influência do método na liberação de vancomicina em compósitos de PLGA, Hsiao et al. (2012) verificou que a quantidade total de antibiótico liberado foi menor quando comparada aos compósitos não esterilizados, sugerindo que o antibiótico pode ter sofrido desativação durante o processo com OE. Tendo em vista que ainda não há um consenso sobre o uso do OE para esterilização de produtos farmacêuticos associados ao PLGA e frente aos resultados promissores da utilização de MPS de PLGA com SIN para reparação óssea, propõe-se, nesse estudo in vitro, avaliar a interferência do método de esterilização por OE em MPS de PLGA com e sem SIN encapsulada para obtenção de um biomaterial seguro que possa ser utilizado em estudos clínicos futuros. 21 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Avaliar in vitro a interferência do método de esterilização por óxido de etileno nas características físico-químicas bem como no comportamento biológico de microesferas de PLGA com e sem sinvastatina encapsulada. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Avaliar a morfologia e tamanho das MPS por microscopia eletrônica de varredura (MEV) no grupo esterilizado e não-esterilizado. 2. Quantificar os elementos químicos das MPS por espectroscopia por energia dispersiva (EDS, do inglês Energy Dispersive Spectroscopy) no grupo esterilizado e não- esterilizado. 3. Determinar a composição química das MPS por espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR, do inglês Fourier Transform Infrared Spectroscopy) no grupo esterilizado e não-esterilizado. 4. Determinar a orientação espacial das MPS por difração de raio X (DRX) no grupo esterilizado e não-esterilizado. 5. Avaliar o comportamento biológico das MPS do grupo esterilizado e não- esterilizado, através do teste de citotoxicidade em linhagens de fibroblastos gengivais humanos e células tronco procedentes da polpa de dente decíduo em 1 e 7 dias. 22 4 METODOLOGIA 4.1 SÍNTESE DAS MICROESFERAS As MPS foram produzidas no Laboratório de Virologia Aplicada da Universidade Federal de Santa Catarina (LVA, UFSC) em cabine de fluxo laminar a fim de reduzir os riscos de contaminação. O método utilizado foi o de emulsão de óleo em água (O/A) e evaporação do solvente, adaptado de (JORDÃO et al., 2017). Inicialmente, foi preparada uma solução de álcool polivinílico (PVA) à 1% (Neon, Brasil), diluindo 20g em 2L de água ultrapurificada (Milli-Q) à 70º sob agitação constante (fase externa). Em seguida, dois béqueres contendo, cada um, 40ml de diclorometano (Emsure, Merck KgaA, Germany) sob agitação constante e temperatura ambiente (21ºC) receberam 1g e 0,98g de PLGA 82L:18G (Resomer LG 824S, Evonik Ind., Alemanha), respectivamente, resultando na concentração de 2,5% m/v. Ao segundo béquer foi adicionado 0,02g de SIN (Sigma-Aldrich, St. Louis, USA) obtendo a relação de 2% m/m entre fármaco e polímero (fase interna). Após a dissolução total (30min) de ambas as soluções, a fase interna foi emulsificada por gotejamento em 800ml de PVA a 1% (fase externa), sob agitação vigorosa em agitador magnético e temperatura ambiente. As misturas foram mantidas sob agitação constante por uma noite (overnight) para completa evaporação do solvente (diclorometano). A agitação, então, foi suspensa para decantação das MPS (30min) e a remoção da fase líquida (PVA) dos béqueres. Em seguida, para lavar as MPS e eliminar qualquer resquício de PVA, 800 mL de água Mili- Q foram adicionados em cada béquer e novamente submetidos à agitação por 10min, seguidos de decantação (30min). Esse processo de lavagem foi repetido por 3 vezes, sendo que, na última repetição, não foi mais adicionada água Mili-Q e foi aguardado que as amostras secassem por evaporação. As MPS foram separadas em eppendorfs contendo 10 mg cada, devidamente identificados de acordo com os seguintes grupos: - PLGA não esterilizado - PLGA+2%SIN não esterilizado - PLGA esterilizado - PLGA+2%SIN esterilizado 23 4.2 ESTERILIZAÇÃO DAS MICROESFERAS Parte das amostras com (PLGA+2%SIN) e sem SIN (PLGA) foi submetida à esterilização por OE correspondendo ao grupo teste. Os eppendorfs foram perfurados para possibilitar a entrada do gás de OE, acondicionados em papel grau cirúrgico e enviados para esterilização através do serviço de esterilização do Hospital Universitário (HU) da UFSC. A concentração de OE utilizada foi de 550 a 900 mg/L, durante 180 minutos, em temperatura média de 55ºC e umidade entre 40 a 90%, em equipamento da marca SERCON. Após a esterilização, os materiais passaram por aeração mecânica dentro do próprio equipamento com doze pulsos de ar comprimido seguidos de aeração ambiental por 1 hora para eliminar os resíduosgerados pelo processo. A validação do processo de esterilização foi confirmada após 48 horas de incubação utilizando Bacillus atrophaeus. O restante das amostras permaneceu sem esterilização. Ambos os grupos passaram por todos os testes de caracterização a seguir. 4.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA 4.3.1 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) A análise da topografia de superfície dos grupos foi avaliada no seu estado seco, utilizando o microscópio eletrônico de varredura de alta resolução (JEOL JSM-6390 LV Scanning Electron Microscope, Massachusetts, USA). Uma amostra de cada grupo foi disposta sobre a superfície do stub, colada com fita de carbono dupla face e levada ao aparelho metalizador para recobrimento com ouro. Os espécimes foram examinados operando a 10 kV. Para cada amostra foram obtidos registros em diferentes ampliações (X50, X200, X500, X1000). 4.3.2 Mensuração das microesferas Utilizando 3 imagens com aumento de 500x de cada grupo obtidas por MEV, foi realizada mensuração da área média (µm2) das MPS utilizando o software ImageJ. 4.3.3 Espectroscopia por energia dispersiva (EDS) Para análise qualitativa da composição química da superfície das amostras, foi realizada espectroscopia de raios X por dispersão em energia (EDS) em aumento de 500x selecionando a porção central de uma MPS de cada grupo utilizando o MEV de alta resolução (JEOL JSM-6390LV Scanning Electron Microscope, Massachusetts, USA). 24 4.3.4 Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) O espectro de absorção na região no infravermelho das amostras foi feito com um espectrofotômetro de FTIR (Agilent, modelo Cary 660, Melbourne, Austrália). As amostras foram associadas ao KBr (brometo de potássio) e confeccionadas na forma de pastilhas. Para cada amostra foi feito uma média de 32 varreduras, dentro de um intervalo de 4000 a 400 cm-1 e resolução de 4 cm-1. 4.3.5 Difração de Raios X (DRX) Os padrões de difração foram obtidos à temperatura ambiente (~21°C) utilizando o difratômetro de raios X (MiniFlex600, Rigaku, Texas, USA) equipado com detector D/teX Ultra e uma fonte de cobre, operando a uma tensão de 40 kV e corrente de 15 mA. As amostras foram analisadas num intervalo de 5 a 90° (2θ) com step-size de 0,05° e velocidade de 10º/min. 4.4 COMPORTAMENTO BIOLÓGICO 4.4.1 Citotoxicidade A citotoxicidade das MPS de PLGA com e sem SIN, estéreis ou não, foi avaliada em triplicata através do teste colorimétrico de MTT [3(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio brometo. Esse teste avalia a metabolização de sais de tetrazolium por mitocôndrias de células viáveis. A metabolização gera o corante formazan de coloração roxa que pode ser dissolvido em dimetilsulfóxido e medido quantitativamente por espectrofotômetro de absorbância. As células utilizadas para o teste foram fibroblastos gengivais humanos (HGF, do inglês human gingival fibroblasts) e células tronco procedentes da polpa de dente decíduo (SHED, do inglês stem cells from human exfoliated deciduous teeth). Os períodos experimentais para análise da viabilidade celular foram de 1 e 7 dias. As células foram semeadas em placa de 96 cavidades, a uma densidade celular de 2x104 por cavidade. O meio de cultura utilizado para ambas as linhagens foi o meio de Eagle modificado por Dulbecco (DMEM, 11885-084 Gibco, Massachusetts, EUA), suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB, 12657-029 Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA) numa quantidade de 180μl por cavidade. As células foram incubadas por 24h a 37 °C com 5% de CO2. Após as 24h, as MPS de PLGA e PLGA+2%SIN, estéreis ou não, foram adicionadas as cavidades da placa, com exceção do grupo controle positivo, que não recebeu MPS. Após os períodos experimentais, as MPS e o meio de cultura foram removidos com cautela. As 25 cavidades foram lavadas duas vezes com solução tampão fosfato-salino (PBS, Gibco, Massachusetts, EUA), adicionado 180μl de meio acrescidos de 45μl de solução de MTT (Dye Solution). As células foram incubadas nas mesmas condições de temperatura e atmosfera supracitadas durante 4h. Para realização do teste, o sobrenadante de cada cavidade foi aspirado e adicionado 100μl de Dimetilsulfóxido (DMSO, Vetec Química Fina, Rio de Janeiro, Brasil), responsável pela liberação da coloração obtida com o MTT. A placa foi colocada em agitador orbital (shaker) por aproximadamente 5 minutos, para atuação do DMSO. Foram coletados 100μl e depositados em outra placa para leitura das absorbâncias por espectrofotômetro (Infinite M200, TECAN, Áustria GmbH, Grödig, Áustria) a um comprimento de onda de 570nm. As porcentagens das células viáveis foram calculadas em relação ao controle positivo. 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística foi realizada utilizando o programa Graph Pad Software Inc. (La Jolla, Califórnia, EUA). Para análise dos resultados da mensuração da área média das MPS, foi aplicado o teste t de student (p <0,05), comparando os métodos de esterilização (esterilizado e não esterilizado) no mesmo grupo (PLGA ou PLGA+2%SIN), bem como foram comparados ambos os grupos (PLGA e PLGA+2%SIN) para o mesmo método de esterilização (esterilizado ou não esterilizado). Para a análise dos resultados da citotoxicidade, os grupos controle, PLGA e PLGA+2%SIN foram comparados entre si, avaliando cada tempo experimental separadamente, aplicando o teste ANOVA one-way seguida do pós-teste de Tukey (p <0,05). 26 5 RESULTADOS Foi realizada a caracterização físico-química das MPS por meio dos testes: microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia por energia dispersiva (EDS), espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e difração de raios X (DRX). O comportamento biológico das MPS foi avaliado por teste colorimétrico de viabilidade celular (MTT). 5.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA 5.1.1 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) : As imagens obtidas a partir da análise por MEV das amostras de PLGA e PLGA+2%SIN estão dispostas nas Figuras 2 e 3, respectivamente. É possível observar que a morfologia das MPS apresenta formato esférico com uma superfície livre de fissuras mesmo após a esterilização por OE. Ambos os grupos PLGA e PLGA+2%SIN não esterilizados, mostraram uma superfície lisa com poucas alterações decorrentes do processo de confecção em uma pequena parcela da amostra (Figura 2 e 3, seta). É possível notar, nas ampliações de X500 e X1000, que após os processo de esterilização as amostras PLGA e PLGA+2%SIN demonstram leves alterações em padrão circular côncavo na superfície de algumas MPS. 5.1.2 Mensuração das microesferas Na mensuração da área média das amostras (Figura 4) é possível observar que as MPS de PLGA esterilizadas foram menores que as não esterilizadas (p = 0,0477) e estatisticamente semelhantes ao grupo esterilizado de PLGA+2%SIN (p = 0,4615). Não foi observada diferença de tamanho entre as MPS esterilizadas e não esterilizadas de PLGA+2%SIN (p = 0,6082). Entretanto, as MPS não esterilizadas de PLGA+2%SIN são menores que as MPS de PLGA não esterilizadas (p = 0,0491). 27 Figura 2 - MEV de MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas PLGA Não Esterilizado PLGA Esterilizado Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com X50, X200, X500 e X1000 de ampliação a partir de amostras dos grupos de PLGA sem sinvastatina. 28 Figura 3 - MEV de MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas PLGA+ 2%SIN Não Esterilizado PLGA+ 2%SIN Esterilizado Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com X50, X200, X500 e X1000 de ampliação de amostras de PLGA com sinvastatina 2%. 29 Figura 4 – Área de MPS de PLGA e PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas Mensuração por Image J Área (µm2) média das MPS de PLGA e PLGA+2%SIN esterilizadase não esterilizadas mensuradas através do software ImageJ. Letras minúsculas diferentes sobre as barras representam diferença estatisticamente significante (Teste t, p<0,05) entre os diferentes métodos de esterilização do mesmo grupo (PLGA ou PLGA+2%SIN). Letras maiúsculas diferentes representam diferença estatisticamente significante (Teste t, p<0,05) entre o mesmo método de esterilização (esterilizado ou não esterilizado) nos diferentes grupos. 5.1.3 Espectroscopia por energia dispersiva (EDS) As análises de EDS nas superfícies das amostras dos grupos esterilizados e não esterilizados demonstraram que as MPS são formadas essencialmente pelos elementos carbono e oxigênio (Figura 5). As MPS de PLGA esterilizadas (Figura 5A, B) apresentaram um leve aumento da presença do elemento químico carbono (5.537) em comparação as MPS de PLGA não esterilizadas (5.242). O mesmo ocorreu com as MPS de PLGA+2%SIN (Figura 5C, D), o grupo esterilizado apresentou aumento do elemento carbono (5.961) em comparação as MPS de PLGA+2%SIN não esterilizadas (4.384). Não houve alteração do elemento químico oxigênio. 30 A PLGA não esterilizado B PLGA esterilizado C PLGA+2%SIN não esterilizado D PLGA+2%SIN esterilizado Figura 5 – EDS de MPS de PLGA e PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas Gráficos obtidos a partir da espectroscopia por energia dispersiva (EDS). A) microesferas (MPS) de PLGA não esterilizadas. B) MPS de PLGA esterilizadas por óxido de etileno (OE). C) MPS de PLGA com 2% de sinvastatina (SIN) encapsulada (PLGA+2%SIN) não esterilizada. D) MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas por OE. 5.1.4 Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) Os estudos por FTIR nas MPS de PLGA, antes e após esterilização por OE, são ilustrados pelo gráfico na figura 6. O espectro FTIR apresentou bandas de absorção características de seus grupos funcionais, mostrando picos correspondentes aos seguintes grupos de estiramento: O-H (3.420 e 3.500cm-1), -CH, -CH2 e -CH3 (2.930cm -1), C=O (1730 – 1600cm-1) e C-O (1.002cm-1). Nos grupos PLGA+2%SIN (Figura 7), os picos correspondem aos grupos de estiramento: O-H (3.450cm-1), C-H (2.920cm-1), C=O (1740 – 1600cm-1) e C-O (1.010cm-1). Em ambos os gráficos (Figuras 6 e 7), é possível notar uma maior variação na transmitância dos grupos esterilizados (linha azul) em comparação aos grupos não esterilizados (linha preta). Apesar disso, as bandas de absorção do PLGA e PLGA+SIN são correspondentes antes e após a esterilização por OE nos dois gráficos. 31 Figura 6 – FTIR de MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas Gráfico gerado a partir da análise por espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) em microesferas (MPS) de PLGA esterilizadas (linha azul) ou não (linha preta) por óxido de etileno (OE). 32 Figura 7 - FTIR de MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas Gráfico obtido através de espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) em microesferas (MPS) de PLGA com 2% de sinvastatina (SIN) encapsulada esterilizadas (linha azul) ou não (linha preta) por óxido de etileno (OE). 5.1.5 Difração de raio X (DRX) Os padrões de DRX das MPS de PLGA e PLGA+2%SIN, esterilizadas ou não, são mostrados nas Figuras 8 e 9. Ambos os grupos (PLGA e PLGA+2%SIN) encontram-se na forma amorfa antes e após a esterilização, indicando que os parâmetros de temperatura e pressão utilizados câmara de OE não alterou a característica amorfa do PLGA. Além disso, é possível observar que mesmo o grupo com SIN, substância conhecidamente de caráter cristalino (NATH et al., 2013; MASAELI et al., 2016), apresentou caráter amorfo (Figura 9). Esse comportamento é sugestivo de que a SIN tenha sido incorporada ao polímero. 33 Figura 8 – EDS de MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas Gráfico obtido através da análise de difração de raios X (DRX) das microesferas (MPS) de PLGA esterilizadas (linha azul) ou não (linha preta) por óxido de etileno (OE). Figura 9 - DRX de MPS de PLGA+2%SIN esterilizada e não esterilizada Gráfico obtido através da análise de difração de raios X (DRX) das microesferas (MPS) de PLGA com 2% de sinvastatina (SIN) encapsulada esterilizadas (linha azul) ou não (linha preta) por óxido de etileno (OE). 34 5.2 COMPORTAMENTO BIOLÓGICO 5.2.1 Citotoxicidade A viabilidade celular de fibroblastos gengivais humanos (HGF) e células-tronco procedentes da polpa de dente decíduo (SHED) expostas às MPS de PLGA e PLGA+2%SIN esterilizadas por OE e não esterilizadas avaliadas pelo teste colorimétrico MTT, estão expostas nas Figuras 10-13. HGF apresentaram viabilidade celular maior que 70% quando expostas às MPS de PLGA e PLGA+2%SIN em ambos os tempos experimentais, o que significa que as amostras não foram citotóxicas antes e após esterilização (Figuras 10 e 11). Em relação às MPS de PLGA (Figura 10), é possível verificar que o grupo esterilizado apresentou a maior viabilidade celular no dia 1 (p < 0,0001). No dia 7, a viabilidade celular reduziu tanto no grupo esterilizado quanto no grupo não esterilizado, os tornando estatisticamente iguais ao controle positivo (p = 0,6107). Figura 10 – Viabilidade celular de HGF às MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas Viabilidade celular de fibroblastos gengivais humanos (HGF) frente à exposição a microesferas (MPS) de PLGA esterilizadas ou não por óxido de etileno (OE). Os valores da viabilidade celular foram calculados a partir das absorbâncias (570 nm) obtidas pelo teste colorimétrico MTT nos tempos experimentais de 1 e 7 dias. Letras minúsculas diferentes sobre as barras representam diferença estatisticamente significante (ANOVA one- way / pós-teste Tukey, p < 0,05) entre os grupos do mesmo tempo experimental. Na análise da viabilidade celular das MPS de PLGA+2%SIN (Figura 11), o grupo esterilizado apresentou a maior viabilidade celular no dia 1 (p < 0,0001), resultado semelhante ao obtido com as MPS de PLGA. No dia 7, a viabilidade celular do grupo esterilizado foi estatisticamente igual às dos grupos não esterilizado e controle celular (p = 0,3176 e p = 0,3519, respectivamente). 35 Figura 11 - Viabilidade celular de HGF às MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas Viabilidade celular de fibroblastos gengivais humanos (HGF) frente à exposição a microesferas (MPS) de PLGA com sinvastatina (SIN) encapsulada à 2% (PLGA+2%SIN) esterilizadas ou não por óxido de etileno (OE). Os valores da viabilidade celular foram calculados a partir das absorbâncias (570 nm) obtidas pelo teste colorimétrico MTT nos tempos experimentais de 1 e 7 dias. Letras minúsculas diferentes sobre as barras representam diferença estatisticamente significante (ANOVA one-way / pós-teste Tukey, p < 0,05) entre os grupos do mesmo tempo experimental. Os resultados referentes às viabilidades celulares das SHED são expostas nas Figuras 12 e 13. Em relação as MPS de PLGA (Figura 12), o grupo não esterilizado a apresentou a maior viabilidade celular no dia 1 (p = 0,0017), enquanto os grupos esterilizado e controle positivo foram iguais (p = 0,1447). No dia 7, os grupos esterilizado e não esterilizado foram estatisticamente semelhantes ao controle positivo (p = 0,4005). Figura 12 – Viabilidade celular de SHED às MPS de PLGA esterilizadas e não esterilizadas Viabilidade celular de células-tronco de polpa de dente decíduo (SHED) frente à exposição a microesferas (MPS) de PLGA esterilizadas ou não por óxido de etileno (OE). Os valores da viabilidade celular foram calculados a partir das absorbâncias (570 nm) obtidas pelo teste colorimétrico MTT nos tempos experimentais de 1 e 7 dias. Letras minúsculas diferentes sobre as barras representam diferença estatisticamente significante (ANOVA one-way / pós-teste Tukey, p < 0,05) entre os grupos do mesmotempo experimental. 36 Referente ao grupo PLGA+2%SIN (Figura 13), a esterilização por OE não interferiu na viabilidade celular do dia 1, uma vez que os grupos esterilizado e não esterilizado foram semelhantes estatisticamente ao controle positivo (p = 0,2715). Em relação ao dia 7, o grupo não esterilizado foi igual ao controle (p = 0,8689). O grupo esterilizado teve sua viabilidade celular reduzida (61,96 ± 16,84), porém, considerando o desvio padrão obtido, o resultado se mostrou estatisticamente igual ao grupo não esterilizado (p = 0,08). Figura 13 – Viabilidade celular de SHED às MPS de PLGA+2%SIN esterilizadas e não esterilizadas Viabilidade celular de células-tronco de polpa de dente decíduo (SHED) frente à exposição a microesferas (MPS) de PLGA com sinvastatina (SIN) encapsulada à 2% (PLGA+2%SIN) esterilizadas ou não por óxido de etileno (OE). Os valores da viabilidade celular foram calculados a partir das absorbâncias (570 nm) obtidas pelo teste colorimétrico MTT nos tempos experimentais de 1 e 7 dias. Letras minúsculas diferentes sobre as barras representam diferença estatisticamente significante (ANOVA one-way / pós-teste Tukey, p < 0,05) entre os grupos do mesmo tempo experimental. 37 6 DISCUSSÃO A associação da SIN a materiais poliméricos biorreabsorvíveis têm demonstrado eficácia no reparo de defeitos ósseos in vivo. Todavia, os estudos raramente citam um método de esterilização de escolha provavelmente devido a sensibilidade do biomaterial. Há pouca literatura disponível sobre a influência da esterilização no comportamento de MPS de PLGA associado a substâncias farmacológicas. Encontrar um método que garanta a esterilidade do biomaterial sem alterar a eficácia, sem deixar resíduos tóxicos e sem provocar resposta inflamatória é fundamental para prosseguir com pesquisas clínicas. Dessa forma, os resultados obtidos com o presente estudo são importantes para esclarecer os efeitos da esterilização por OE em biomateriais de PLGA+SIN e viabilizar sua aplicação como regenerador de tecido ósseo. A análise por MEV da estrutura física das amostras revelou que as MPS de PLGA (82L:18G) com ou sem SIN mantiveram o formato esférico e livre porosidades após a esterilização com OE a 55ºC por 180min. Estudos anteriores também obtiveram resultados semelhantes quanto a manutenção das propriedades físicas de MPS de PLGA (50:50) após a esterilização por OE a 37ºC (JEONG et al., 2003; DHAL; MISHRA, 2020). Pequenas alterações de superfície em formato circular côncavo puderam ser observadas após exposição ao OE. Moioli et al., (2006) observou que alterações morfológicas mínimas em MPS de PLGA (50:50) após a esterilização por OE não comprometeram a taxa de liberação do fármaco. Um estudo recente realizado por Dhal e Mishra (2020), membranas formadas por nanopartículas de PLGA com gentamicina encapsulada foram esterilizadas por OE a 37ºC durante 100min. As análises por microscopia eletrônica de varredura revelaram uniformidade da superfície e ausência de imperfeições. Os resultados in vivo mostraram que a membrana facilitou o crescimento de fibroblastos antecipando o reparo da incisão cirúrgica sem causar resposta inflamatória. Todavia, alguns estudos observaram aglomeração e aumento na taxa de degradação das MPS devido a temperatura empregada pelo método (FRIESS e SCHLAPP, 2006; KOHANE et al., 2006). O presente estudo demonstrou apenas alterações pontuais em uma parcela da amostra, sendo possivelmente em decorrência do contato entre as MPS e não devido a degradação de superfície. A temperatura utilizada na esterilização (55ºC) não demonstrou ter efeito sobre a morfologia final das MPS. A mensuração da área das MPS mostrou que o grupo PLGA não esterilizado possui MPS maiores, sendo estatisticamente diferente do grupo PLGA esterilizado e do grupo com 38 SIN não esterilizado. A diferença observada pode estar relacionada ao método de preparo das MPS, visto que outros estudos não observaram alterações significativas no tamanho das MPS após a incorporação da SIN ao PLGA (ZHANG et al., 2015; QIAO et al., 2017). O grupo PLGA+2%SIN não apresentou diferença de tamanho entre o grupo esterilizado e não esterilizado, demonstrando que a exposição ao OE não provocou alterações na área dessas MPS. Este resultado também foi observado em outro estudo utilizando MPS de PLGA (50:50) associada ao ácido retinóico, o tamanho das micropartículas não foi alterado pela esterilização por OE (JEONG et al. 2003). O EDS revelou que as MPS são formadas por carbono e oxigênio. O PLGA é composto por carbono, oxigênio e hidrogênio, assim como a SIN (C25H38O5). A presença destes dois elementos em MPS de PLGA está de acordo com a literatura (KHALIL et al., 2013). O elemento hidrogênio não pode ser visualizado por meio do EDS pois o equipamento não detecta elementos químicos com número atômico inferior a 5. O aumento de carbono após a esterilização por OE (C2H4O) pode estar associado ao poder alquilante do gás. O OE é capaz de promover reações que adicionam hidroxietil (-CH2-CH2-OH) a grupos funcionais como a hidroxila (-OH), presente na molécula do PLGA e da SIN (FRANÇA et al., 2013). Todavia, a repetição do experimento se faz necessária para confirmar os resultados. Na análise por FTIR, as bandas de absorção características dos grupos funcionais presentes no copolímero de PLGA puderam ser observadas em (2.930cm-1) referente ao estiramento assimétrico de grupos -CH, -CH2 e -CH3, picos na faixa de (1730 – 1600cm -1) devido ao estiramento vibracional dos grupos funcionais carbonila (C=O) e picos em (1.002cm- 1) correspondente ao estiramento de grupos funcionais éster (C-O). Esses espectros concordam com os dados descritos na literatura para o PLGA (MOTTA e DUEK, 2006; ERBETTA, et al., 2012; SILVA, et al., 2015). A presença de picos na faixa (3.420 e 3.500cm-1) correspondentes ao estiramento hidroxila (O-H) também foi observado nas amostras de PLGA (NATH et al., 2013; BAO et al., 2010; MASAELI et al., 2016). Na análise das MPS de PLGA+2%SIN foram observadas bandas de absorção em (3.450cm-1) correspondendo ao estiramento do grupo hidroxila (O-H), em (2.920cm-1) associado a estiramento vibracional simétrico e assimétrico de (C-H) metila e metileno e picos na faixa de (1740 – 1600cm-1) característico de estiramento vibracional dos grupos carbonila lactona e éster (C=O). Segundo espectros de FTIR da SIN encontrados na literatura, os dois últimos picos são característicos do fármaco, sugerindo que houve a incorporação da SIN ao copolímero (NATH et al., 2013; BAO et al., 2010; MASAELI et al., 2016). 39 Saalman (1985) esterilizou polietileno e poli(cloreto de vinil) com OE puro em laboratório e utilizou o FTIR para avaliar a presença de resíduos do gás. Os materiais não passaram por período de aeração e a presença do OE foi detectável no número de ondas de 870cm-1 e 866cm-1. Em contrapartida, Friess e Schlapp (2006) ao esterilizar MPS de PLGA (50:50) a 32 °C durante 6 h, utilizando o OE associado ao dióxido de carbono (15:85) não encontraram diferenças significativas entre os espectros antes e após a esterilização. Ainda, segundo os autores, a diferença na transmitância de alguns picos está relacionada à viscosidade das soluções poliméricas. No presente estudo, foram observados picos em 863cm-1 e 867cm-1 referente ao PLGA e PLGA+2%SIN, respectivamente. Esses picos são compatíveis com ligações C-H e sugerem a presença de resíduos de OE nas amostras, o que corrobora com o aumento carbono encontrado na análise por EDS. Todavia, se faz necessário a repetição do experimento para garantir a reprodutibilidade dos dados. Segundo Ratner, Schoen e Lemons (1996), o PLA apresenta irregularidades na sua cadeia polimérica características de um polímero amorfo. Em contraparte, o PGA é altamente cristalino mas a sua cristalinidade desaparecesignificativamente quando associado ao PLA. De acordo com a literatura, o copolímero PLGA com menos de 85% de PGA encontra-se na forma amorfa (KUMAR e BANKER 1993). Os resultados das análises de DRX das MPS de PLGA (82L:18G) com e sem SIN, estéreis ou não, revelaram que o biomaterial é de natureza amorfa, concordando com os dados descritos acima. A utilização do PLGA no estado amorfo é preferível pois permite a dispersão homogênea da SIN na matriz polimérica (ATHANASIOU et al., 1996). A estrutura cristalina da SIN observada por meio do DRX origina diversos picos (11°, 13°, 15,5°, 16,5°, 17,5°, 19°, 22,5°, 26°, 28,5° e 32°) devido aos diferentes ângulos de difração da molécula (MASAELI et al., 2016). A ausência desses picos após a associação ao PLGA também foi observado em outros estudos que sugerem a provável incorporação do fármaco ao polímero. (NATH et al., 2013; MASAELI et al., 2016; QIAO et al., 2017). Um polímero de natureza amorfa pode passar do estado vítreo (rígido) para o estado borrachoso quando ultrapassa sua temperatura de transição vítrea (Tg, do inglês, glass- transition temperature). Acima da Tg o movimento térmico que as cadeias poliméricas adquirem propicia a formação de regiões ordenadas estáveis, tornando o polímero potencialmente cristalizável (COWIE, 1991). De acordo com Motta e Duek (2006), a Tg do PLGA 80:20, proporção muito próxima a utilizada no presente estudo (82:18), é de 57ºC. Além disso, os autores observaram a formação de cristais no PLGA 80:20 após 15 dias de degradação 40 em imersão tampão fosfato. A esterilização por OE a 55ºC, temperatura abaixo da Tg do PLGA, não demonstrou aumentar a degradação ou promover alterações estruturais na cadeia polimérica. O copolímero manteve sua natureza amorfa após exposição ao OE. Na análise da viabilidade celular em linhagens de fibroblastos gengivais humanos (HGF), as MPS de PLGA e PLGA+2%SIN antes e após a esterilização não foram citotóxicas nos dois tempos experimentais. O mesmo resultado foi encontrado por Jeong et al. (2003) ao realizar teste MTT em linhagens celulares de glioma maligno, as MPS de PLGA com ácido retinóico encapsulado esterilizadas por OE a 37ºC durante 220 min não foram citotóxicas. Entretanto, apesar dos resultados positivos obtidos no presente estudo, é possível observar uma queda da viabilidade celular do dia 1 para o dia 7 tanto no grupo esterilizado quanto no grupo não esterilizado em ambos os gráficos de HGF. Resultado semelhante foi encontrado para as SHED que apresentaram-se viáveis às MPS de PLGA e PLGA+2%SIN, esterilizadas ou não por OE. Essa redução na viabilidade está possivelmente relacionada a resíduos decorrentes do processo de síntese das MPS. De acordo com Sahoo et al. (2002), a porção hidrofóbica do PVA – emulsificante utilizado na síntese das MPS – permanece associado a superfície das esferas mesmo após repetidas lavagens. Outro fator que pode ter reduzido a viabilidade celular ao longo dos dias é a presença de diclorometano residual e sua liberação no meio à medida que o PLGA foi hidrolisado. Uma etapa de evaporação adicional pode ser introduzida em preparações futuras para garantir a remoção do solvente orgânico (DE; ROBINSON, 2004). Frente às informações expostas, foi possível observar que o método de esterilização por OE mostrou-se eficaz para a esterilização das MPS de PLGA e PLGA+2%SIN, não resultando em um produto citotóxico e provocando mínimas alterações químicas que devem ser investigadas em estudos futuros para garantir a segurança do biomaterial para aplicação clínica. 41 7 CONCLUSÃO A esterilização por OE não interferiu nas características físicas das MPS de PLGA e PLGA+2%SIN, bem como não exerceu influência sobre a viabilidade celular de SHED e HGF. Pequenas alterações químicas puderam ser detectadas por FTIR e EDS nos grupos esterilizados por OE, o que sugere a presença de resíduo do gás de OE no biomaterial após a esterilização. É preciso que o estudo seja repetido para garantir a reprodutibilidade dos dados. Todavia os resultados sugerem que o método de esterilização do óxido de etileno apresenta potencial para utillização em biomateriais de PLGA com SIN encapsulada para uso clínico. 42 8 REFERÊNCIAS ALFA, M. J. et al. Comparison of Ion Plasma, Vaporized Hydrogen Peroxide, and 100% Ethylene Oxide Sterilizers to the 12/88 Ethylene Oxide Gas Sterilizer. Infection Control And Hospital Epidemiology, [s.l.], v. 17, n. 2, p.92-100, fev. 1996. ALLEN, Matthew; HOCK, Janet; BURR, David. B. Periosteum: biology, regulation, and response to osteoporosis therapies. : biology, regulation, and response to osteoporosis therapies. Bone, [s.l.], v. 35, n. 5, p. 1003-1012, nov. 2004. ANBINDER, Ana Lia. et al. Influence of simvastatin on bone regeneration of tibial defects and blood cholesterol level in rats. Brazilian Dental Journal, [s.l.], v. 17, n. 4, p.267-273, 2006. ANGERER, J.; BADER, M.; KRÄMER, A. Ambient and biochemical effect monitoring of workers exposed to ethylene oxide. 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