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I Exposição à Agentes Químicos ntrodução Os riscos ocupacionais ligados aos agentes químicos são particularmente altos devido aos potenciais efeitos que provocam na saúde do trabalhador. Dada a periculosidade dos agentes químicos, a sinalização e apontamento dos riscos envolvidos é fundamental o conhecimento das normas aplicáveis. Objetivos da Aula Nesta aula serão abordadas as características e ações que devem ser consideradas com a exposição aos agentes asfixiantes, anestésicos, tóxicos, cancerígenos, irritantes, alergênicos, mutagênicos, corrosivos e inflamáveis, considerando os aspectos definidos na NR26 – Sinalização de Segurança e no Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos. Resumo Risco químico é o perigo que um trabalhador está exposto ao manipular produtos químicos que possam causar danos físicos ou até mesmo, prejudicar sua saúde. Os principais agentes responsáveis pelos riscos químicos são as substâncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo do trabalhador através da sua via respiratória na forma de poeiras, fumos, neblinas, gases, névoas ou vapores, ou mesmo absorvido pela pele ou ingestão acidental. Classificamos os agentes de risco químico em três grandes grupos: os líquidos, os sólidos e os gasosos. Neste módulo serão discutidos os aspectos inerentes aos agentes líquidos que podem ser exemplificados pela gasolina, benzeno e ácidos em geral. Nesse tipo de agente a principal forma de absorção é por ingestão ou contato com as mucosas do corpo e pele, podendo até mesmo provocar queimaduras. Há diversas forma de se caracterizar os agentes químicos líquidos: • Ponto de Autoignição: é a temperatura mínima para a ocorrência da combustão, independentemente da fonte de calor. • Ponto de Combustão: é a menor temperatura na qual os vapores do líquido, após serem inflamados pela passagem de uma chama piloto, ardem por no mínimo 5 segundos. • Ponto de Fulgor: é a temperatura mínima do fluido onde ocorre a liberação suficiente de valor que pode formar uma mistura com o ar passível de inflamação pela passagem de uma chama piloto com duração mínima de um segundo. • Incompatibilidade: é a condição em que as substâncias se tornam perigosas quando manipuladas ou colocadas em contato com outras, com as quais podem reagir vindo a criar situações de risco. A NR15 – Atividades e Operações Insalubres (disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos- especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no- trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-15-nr-15), define nos seus anexos XI, XIII e XIIIA as condições e/ou limites de tolerância para caracterização do grau de insalubridade na realização da atividade, conforme mostrado na figura 1. Os agentes do Anexo XIII e XVIIIA são sempre considerados insalubres e os exemplos dessa categoria são o Arsênico, Carvão, Chumbo, Cromo, Fósforo, Hidrocarbonetos e compostos de carbono, Mercúrio, Silicatos, Substâncias Cancerígenas e Benzeno. Existem inúmeros danos que podem ser causados pelos agentes químicos e podemos classificá-los de acordo com os efeitos causados: • Agentes Asfixiantes: são os que podem impedir a respiração, barrando a entrada do oxigênio no organismo e com isso sufocando o indivíduo, causando dores de cabeça, sonolência, perda da consciência ou até mesmo a morte. Os compostos com cianeto são um exemplo desse tipo de agente. • Agentes Anestésicos: são os que causam ações depressivas e narcóticas no sistema nervoso central do indivíduo, causando tontura, alterações visuais e auditivas, com perda da consciência, podendo esse tipo de agente causar outros problemas em fígado e rins. As cetonas e o benzeno são exemplos desse grupo de agentes. • Agentes Tóxicos: são os agentes que, uma vez em contato com o organismo, são capazes de produzir lesões nas estruturas e no funcionamento de órgãos, causando intoxicação quando ingeridos ou inalados e o risco aumenta com o tempo de exposição. Os compostos de chumbo e benzeno são exemplos desse tipo de agente. Figura 1: Caracterização dos Riscos a Agentes Químicos Líquidos na NR15 | Fonte: Adaptado da NR15 (2019) • Agentes Cancerígenos: são os agentes que, uma vez em contato com o organismo, causam tumores malignos quando inalados ou em contato com a pele. São exemplos desse tipo de agentes os compostos radioativos existentes em usinas nucleares. • Agentes Irritantes: são os agentes que causam irritação na pele do indivíduo ou em suas vias respiratórias. O cloro é um exemplo desse tipo de agente. • Agentes Alergênicos: são os que provocam reações alérgicas nos organismos que normalmente já possuíam alergia ao produto. São exemplos desse grupo os aditivos de borracha, níquel, cromo e cobalto. • Agentes Mutagênicos: são os que provocam problemas hereditários como o chumbo em fetos. • Agentes Corrosivos: são os que em contato com os tecidos do organismo, destroem as células epiteliais. O ácido fluorídrico é um exemplo desse tipo de agente. • Agentes Inflamáveis: são os agentes que em contato com uma fonte de ignição como o fogo, entram em combustão podendo causar explosões. A gasolina e demais combustíveis líquidos são exemplos desse grupo. Os limites de exposição para efeito de determinação do grau de insalubridade são definidos considerando a forma de absorção (se pelas vias respiratórias ou pelo contato com a pele), os valores máximos de teto (acima dos quais não se pode operar) e os efeitos da concentração do agente no organismo. Dada a periculosidade dos agentes químicos, a sinalização e apontamento dos riscos envolvidos é fundamental e a NR26 – Sinalização de Segurança (disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt- br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de- trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma- regulamentadora-no-26-nr-26) define a classificação, rotulagem e ficha de segurança dos produtos químicos. A ficha de segurança é um documento que fornece as informações quanto à segurança, saúde, proteção e dados do meio-ambiente. A figura 2 apresenta a estruturação da ficha de segurança definida pela NR26. A gestão dos produtos químicos no ambiente de trabalho passa por três etapas: a) Identificação dos produtos químicos que estão no ambiente de trabalho com a classificação dos perigos e fichas de segurança respectivas; b) Determinação das potenciais exposições aos produtos químicos no ambiente de trabalho com a respectiva avaliação dos riscos e; c) Identificação das medidas de controle baseados na avaliação dos riscos com sua implementação. Parte dessa gestão é exatamente a utilização na sinalização de Figura 2: Composição da Ficha de Segurança de Produto Químico | Fonte: Autor segurança desses produtos. O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos ou CLP (Classificação, Rotulagem e Embalagem) apresentado nas figuras 3 e 4, é a forma definida pela NR26 já citada e que permite a identificação dos riscos associados aos produtos químicos no ambiente de trabalho. Figura 3: Simbologia dos Riscos Associados com os Produtos Químicos | Fonte: Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos ou CLP (Classificação, Rotulagem e Embalagem). Dada a periculosidade envolvida com os produtos químicos, há necessidade do estabelecimento de medidas de controle apropriadas: na fonte o ideal é a eliminação no agente químico; na trajetória é a neutralização do risco através dos equipamentos de proteção coletiva e: no receptor é evitar ou diminuir a lesão através do uso de equipamentos de proteção individual. Figura 4: Simbologia para Classificação de Riscos com Produtos Químicos | Fonte: Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos ou CLP (Classificação, Rotulagem e Embalagem). No entanto, as medidas de controle são efetivas quando se complementam com as medidas de monitoramento dos agentes químicos. Essas medidaspassam pelo: inventários dos produtos químicos com foco nos limites de exposição ocupacional e as medidas de controle presentes e previstas; monitoração da temperatura de operação (afeta a volatilidade e os riscos de explosões); monitoração da quantidade de produto utilizado; sua frequência e volatilidade. Como aplicar na prática o que aprendeu Uma boa prática de aplicar o que foi abordado nesse módulo é verificar algumas embalagens de produtos químicos e explicitar o que significam os pictogramas existentes. Consulte a NR26 se necessário. Conteúdo Bônus – Tópicos Avançados Ler a norma regulamentadora de NR26 disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos- especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no- trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs. Ver o vídeo sobre de Grandes Acidentes Químicos disponível em https://www.youtube.com/watch?v=NehENU60t0w. Dica quente para você não esquecer Os riscos químicos podem causar sérios danos aos trabalhadores pelo risco que podem provocar nos trabalhadores. Tenha sempre foco na periculosidade dos agentes e o grau de exposição do trabalhador. Referência Bibliográfica MATTOS Ubirajara Higiene e Segurança do Trabalho GEN LTC; 1ª