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1 Física Lançamento vertical e queda livre Resumo Lançamento Vertical: movimento realizado na vertical com velocidade inicial diferente de zero. Pode ser lançamento para cima ou para baixo. Queda Livre: movimento realizado na vertical com velocidade inicial sempre igual a zero. Apenas movimentos para baixo (queda). Como trata-se de um MUV, as equações que regem tal movimento são: Equação da posição: Equação da velocidade: Torricelli: Altura máxima: Algumas coisas mudaram em relação ao MUV: H é a altura que o corpo está, g é a aceleração da gravidade e o ± indica se a gravidade está a favor ou contra o movimento. Lembre-se de sempre adotar um referencial antes de começar a resolver as questões. É interessante usar tudo que está para cima positivo e tudo que está para baixo negativo. A altura máxima é atingida quando o corpo não consegue mais subir. Nessa situação, a velocidade do corpo é igual a zero. A gravidade tem o va lor aproximado g=9,81m/ s ², mas para a lgumas ques tões é pos s ível utilizar g=10m/ s ² (a própria ques tão va i informar is s o). 2 Física Gráficos Lançamento Vertical para cima (g contra o movimento) Lançamento Vertical para baixo (g a favor do movimento) Queda Livre (g a favor do movimento) 3 Física Exercícios 1. Um corpo ca i em queda livre de uma a ltura de 45 metros em um ambiente onde a gravidade pode s er cons iderada 10m/ s ² . Des preando a res is tência do a r, ca lcule: a) O tempo de queda; b) A velocidade do corpo no ins tante em que ele toca no s olo; c) A dis tância percorrida ao longo do s º s egundo. 2. Um corpo abandonado em queda livre no mes mo ins tante em que outro é lançado para cima com velocidade de 20m/ s . Cons iderando que os dois corpos es tejam na mes ma vertica l, que a dis tância entre eles no início do experimento s eja de 20m e que g=10m/ s ² , determine o ins tante em que ocorrerá o encontro dos dois corpos . 3. De um ponto loca lizado a uma a ltura h do s olo, lança - s e uma pedra vertica lmente para cima num loca l onde g=10m/ s ² . A figura a s eguir repres enta , em gráfico ca rtes iano, como a velocidade es ca la r da pedra varia , em função do tempo, entre o ins tante do lançamento (t = 0) e o ins tante em que chegta ao s olo (t = 3s ). a) Em que ins tante a pedra retoma ao ponto de partida? J us tifique s ua res pos ta . b) Calcule de que a ltura h, em relação ao s olo, a pedra foi lançada . 4. Um objeto é lançado vertica lmente para cima e retorna ao ponto de partida em 2,0s . Des prezando- s e a res is tência do a r e cons iderando g = 10 m/ s ² , a a ltura a tingida pelo objeto é, em metros : a) 2,5. b) 5,0. c) 10. d) 20. e) 40. 4 Física 5. Para ca lcular a a ltura de uma ponte s obre o leito de um rio, um garoto abandonou uma pedra da ponte, a partir do repous o, e mediu o tempo trans corrido a té que ela a tingis s e a s uperfície da água . Cons iderando a aceleração da gravidade igua l a 10m/ s ² e s abendo que o tempo de queda da pedra foi de 2,2 s egundos , pode- s e a firmar que a a ltura da ponte, em metros , é um va lor mais próximo de: a) 16. b) 20. c) 22. d) 24. e) 48. 6. Atira- s e em um poço uma pedra vertica lmente para ba ixo, com uma velocidade inicia l V0=10m/ s . Sendo a aceleração loca l da gravidade igua l a 10 m/ s ² e s abendo- s e que a pedra gas ta 2s para chegar ao fundo do poço, podemos concluir que a profundidade des te é, em metros : a) 30. b) 40. c) 50. d) 20. e) Nenhuma das res pos tas anteriores . 5 Física 7. Para medir o tempo de reação de uma pes s oa , pode- s e rea lizar a s eguinte experiência : I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) sus pens a vertica lmente, s egurando-a pela extremidade s uperior, de modo que o zero da régua es teja s ituado na extremidade inferior. II. A pes s oa deve colocar os dedos de s ua mão, em forma de pinça , próximos do zero da régua , s em tocá- la . III. Sem avis o prévio, a pes s oa que es tiver s egurando a régua deve s oltá - la . A outra pes s oa deve procurar s egurá- la o mais rapidamente pos s ível e obs ervar a pos ição onde cons eguiu s egurar a régua , is to é, a dis tância que ela percorre durante a queda . O quadro s eguinte mos tra a pos ição em que três pes s oas cons eguiram s egurar a régua e os res pectivos tempos de reação A dis tância percorrida pela régua aumenta mais rapidamente que o tempo de reação porque a a) energia mecânica da régua aumenta , o que a faz ca ir mais rápido. b) res is tência do a r aumenta , o que faz a régua ca ir com menor velocidade. c) aceleração de queda da régua varia , o que provoca um movimento acelerado. d) força pes o da régua tem va lor cons tante, o que gera um movimento acelerado. e) velocidade da régua é cons tante, o que provoca uma pas s agem linear de tempo. 6 Física 8. Do terraço de um edifício, você s olta , s uces s ivamente, com velocidade inicia l nula , três bolinhas de aço, a 0,50s de interva lo. No ins tante em que você s olta a terceira , as duas primeiras s e encontram nas pos ições s indicadas na opção: a) c) e) b) d) 9. Um corpo é lançado de ba ixo para cima com velocidade inicia l de 100m/ s . Qual a a ltura em que ele para e o tempo que demora depois para ca ir? Dado g=10m/ s ² . a) 1000m; 100s b) 750m; 50s c) 500m; 25s d) 500m; 10s e) 350m; 5s 10. De um helicóptero que des ce vertica lmente é abandonada uma pedra , quando o mes mo s e encontra a 100m do s olo. Sabendo que a pedra leva 4 s egundos para a tingir o s olo e s upondo g=10m/ s ² , a velocidade de des cida do helicóptero, no momento em que a pedra é abandonada , tem va lor: a) 25m/ s b) 20m/ s c) 15m/ s d) 10m/ s e) 5m/ s 7 Física 11. Um jogador de bas quetebol cons egue dar um grande impuls o ao s a lta r e s eus pés a tingem a a ltura de 1,25 m. A aceleração da gravidade no loca l tem o va lor de g = 10 m/ s 2. O tempo que o jogador fica no a r, aproximadamente, é: a) 1 s . b) 2 s . c) 3 s . d) 4 s . e) 5 s . 12. Um objeto é lançado do s olo vertica lmente para cima. Quando s ua a ltura é 2 m, o objeto es tá com uma velocidade de 3 m/ s . Admitindo-s e que a aceleração gravitaciona l va le g=10m/ s ² , pode- s e a firmar que a velocidade com que es s e objeto foi lançado, em m/ s , é de: a) 4,7. b) 7. c) 8,5. d) 9. e) 9,5. 13. A altura a lcançada por um corpo lançado vertica lmente para cima, no vácuo, com velocidade inicia l V0, a té s ua velocidade s e reduzir à metade é dada , em função da a ltura máxima H, pela expres s ão: a) H/ 2. b) H/ 4. c) H/ 8. d) 3H/ 4. 8 Física Gabarito 4. B Como o tempo de subida é igual ao de descida e ambos valem 1 segundos, podemos calcular a altura através da equação de queda livre: H=a.t²/2 H=10.1²/2 H = 5 metros 5. D S= gt² /2 S=10*2,2²/2 S=10*4,84/2 S=48,2/2 S = 24,1metros. 6. B S = So+Vot + at S=10 . 2 + 10 . 2 = 20. 2 = 40m 7. D 8. B As 2 bolas que foram abandonadas percorrem um MUV no caso especial de queda livre. Para a primeira bola, que tem um movimento que dura 1 segundo. 𝑆𝑆 = 𝑆𝑆𝑜𝑜 + 𝑣𝑣𝑜𝑜𝑡𝑡 + 𝑎𝑎𝑡𝑡2 2 𝑆𝑆 = 0 + 0.1 + 10(1)² 2 = 5 𝑚𝑚 O movimento da s egunda bola dure apenas 0,5 s egundos . Logo: 𝑆𝑆 = 0 + 0.0,5 + 10(0,5)² 2 = 1,25 𝑚𝑚 Es s a ana lis e mos tra que a primeira bola es ta bem afas tada da s egunda e da terceirabola e a s egunda bola es ta mais proxima da terceira . Es s a conclus ão nos leva ao des enho da letra [B]. 9. D Nes s e tipo de movimento, adotando o referencia l pa ra cima, a velocidade é pos itiva e a aceleração é nega tiva ,pois é contrá ria ao movimento,s abendo da pres ença da gravidade podemos admitir que s e tra ta de um M.U.V. vamos aplica r es s a s ituação em uma das fórmula s : Lembrando que o ins tante que o ins tante que o móvel para num lançamento vertica l é na mudança de s entido, ou s eja , v = 0 m/ s 9 Física V=vo+a.t 0=100+(-10).t 10t=100 t=10s Ou seja depois de 10 segundos o corpo para lá em cima e muda de sentido(começa a cair). Pra achar o espaço(altura) vamos recorrer a fórmula de Torricelli. V²=V0²+2AΔS 0=10000+2.(-10).Δs Δs =10000/ 20 Δs = 500m (a ltura máxima) 10. E S=So+Vo.t+(1/ 2)a .t² 0=100+vo.4+1/ 2.(-10).4² 0=100+4vo-5.16 4vo=100-80 4vo=20 vo=20/ 4 vo = 5 m/ s 11. A V²=Vo² -2.g.h 0=Vo² -2.10.1,25 0=Vo² -20.1,25 Vo²=25 V=5m/ s V=v0 + a t 5 = 0 – 10t T = 1/ 2s Tempo de s ubida = tempo de des cida Tempo tota l igua l a s oma dos tempos de s ubida e des cida Portanto, tempo tota l igua l a 1 s . 12. B 𝑣𝑣2 = 𝑣𝑣02 + 2𝑔𝑔ℎ 32 = 𝑣𝑣02 − 40 𝑣𝑣0 = 7 𝑚𝑚/𝑠𝑠 13. D 0 = 𝑣𝑣02 − 2𝑔𝑔𝑔𝑔 𝑔𝑔 = 𝑣𝑣02 2𝑔𝑔 10 Física 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑎𝑎𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑣𝑣 = 𝑣𝑣0 2 → 𝑣𝑣02 4 = 𝑣𝑣02 − 2𝑔𝑔𝑔𝑔 → ℎ = 3 4 . 𝑣𝑣02 2𝑔𝑔 → ℎ = 3𝑔𝑔 4 Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Material de apoio do Extensivo Física Professor: Leo Gomes Lançamento Vertical e Queda Livre 1. Um corpo cai em queda livre de uma altura de 45 metros em um ambiente onde a gravidade pode ser considerada 10m/s². Desprezando a resistência do ar, calcule: a) o tempo de queda; b) a velocidade do corpo no instante em que ele toca o solo c) a distância percorrida ao longo do 2o segundo 2. Um corpo é abandonado em queda livre no mesmo instante em que outro é lançado para cima com velocidade de 20m/s. Considerando que os dois corpos estejam na mesma vertical, que a distância entre eles no início do experimento seja de 20m e que g=10m/s², determine o instante em que ocorrerá o encontro dos dois corpos. 3. (UFRJ) De um ponto localizado a uma altura h do solo, lança-se uma pedra verticalmente para cima num local onde g=10m/s2. A figura a seguir representa, em gráfico cartesiano, como a velocidade escalar da pedra varia, em função do tempo, entre o instante do lançamento (t = 0) e o instante em que chega ao solo (t = 3s). a) Em que instante a pedra retoma ao ponto de partida? Justifique sua resposta. b) Calcule de que altura h, em relação ao solo, a pedra foi lançada. 1 Física Calorimetria Resumo Calor é definido como qualquer fluxo espontâneo de energia de um objeto para outro, causado somente pela diferença de temperatura entre os objetos. Dizemos que "calor" flui da água quente para o cubo de gelo frio e do Sol quente para a Terra fria. Calor sensível e latente A capacidade térmica de um objeto é a quantidade de calor necessária para aumentar sua temperatura dividida pela variação de temperatura provocada: (O símbolo para capacidade térmica é C.) A quantidade de calor calculada dessa maneira é denominada calor sensível (Qs). É claro que quanto maior for a substância, maior será sua capacidade térmica. Uma quantidade mais fundamental é o calor específico (característico da substância de que o objeto é feito), definido como a capacidade térmica por unidade de massa: A unidade de capacidade térmica é cal/°C, ou no Sistema Internacional, J/°C. Já a unidade de calor específico é cal/g°C, que no SI é J/g°C. É muito comum o uso da caloria como unidade fora do SI. Na unidades atuais, 1 cal = 4,186 J. Em algumas situações, você pode fornecer calor para um sistema sem aumentar em nada sua temperatura. Isto normalmente ocorre durante uma mudança de fase, como o gelo derretendo ou a água fervendo. Tecnicamente, a capacidade térmica fica mal definida, já que você estaria dividindo por zero o calor! No entanto, ainda é interessante saber a quantidade de calor necessária para derreter ou ferver uma substância completamente. Esta quantidade de calor dividida pela massa da substância é chamada de calor latente da transformação (nome horrível, mas ok), e é denotada por L: O calor latente de fusão do gelo vale 80 cal/g, já o calor latente de vaporização da água é 540 cal/g. Cabe salientar que as mudanças de estado que ocorrem com perda de calor apresentam calores latentes negativos (solidificação e condensação). Um diagrama importante relaciona a temperatura de um objeto com o calor fornecido a ele (calor fornecido é positivo; calor cedido é negativo): 2 Física Começando na fase sólida, o corpo absorve calor a partir de uma fonte externa (fogão por exemplo) e aumenta de temperatura até chegar na temperatura de fusão. Nesse estágio, a temperatura do corpo não varia e todo calor absorvido (calor latente) é usado para quebrar ligações químicas (estamos numa mudança de fase). Logo em seguida a temperatura aumenta de novo até atingir a temperatura de vaporização e a análise se repete. Equilíbrio térmico e mecanismos de transporte de calor Dois últimos pontos a ressaltar neste resumo são o equilíbrio térmico e os mecanismos de transferência de calor. Note que o termômetro de mercúrio (ou qualquer termômetro) depende do seguinte fato fundamental: quando colocamos dois objetos em contato um com o outro e esperamos tempo suficiente, eles tendem a atingir a mesma temperatura. Dizemos então que eles estão em equilíbrio térmico e o calor que saiu de um objeto entrou no outro. Para dois ou mais corpos, vale a seguinte expressão: Ou seja, a soma dos "calores" recebidos mais a soma dos "calores" cedidos tem que ser nulo. Processos de transferências de calor são classificados em três categorias, de acordo com o mecanismo envolvido: • Condução é a transferência de calor por contato molecular: moléculas que movem rapidamente colidem com moléculas mais lentas, cedendo parte de sua energia no processo. • Convecção é o movimento global de um líquido ou gás, geralmente devido à tendência de materiais quentes de se expandirem e subirem em um campo gravitacional (ex. A água quente que vai do fundo da panela quente até a superfície mais fria, esquentando toda a água no meio do caminho). • Radiação é a emissão de ondas eletromagnéticas, em grande parte na faixa do infravermelho para objetos à temperatura ambiente, mas na faixa da luz visível para objetos bem mais quentes como a superfície do Sol. 3 Física Exercícios 1. Para resfriar um líquido, é comum colocar a vasilha que o contém dentro de um recipiente com gelo, conforme a figura. Para que o resfriamento seja mais rápido, é conveniente que a vasilha seja metálica, em vez de ser de vidro, porque o metal apresenta, em relação ao vidro, um maior valor de: a) condutividade térmica. b) calor específico. c) coeficiente de dilatação térmica. d) energia interna. e) calor latente de fusão. 2. Uma amostra de determinada substância com massa 30 g encontra-se inicialmente no estado liquido, a 60°C. Está representada pelo gráfico abaixo a temperatura dessa substância em função da quantidade de calor por ela cedida. Analisando esse gráfico, é correto afirmar que a) a temperatura de solidificação da substância é 10°C. b) o calor específico latente de solidificação é –1,0 cal/g. c) o calor específico sensível no estado líquido é 1/3 cal/g°C. d) o calor específico sensível no estado sólido é1/45 cal/g°C. e) ao passar do estado líquido a 60°C para o sólido a 10°C a substância perdeu 180 cal. 4 Física 3. Aquecedores solares usados em residências têm o objetivo de elevar a temperatura da água até 70 °C. No entanto, a temperatura ideal da água para um banho é 30 °C. Por isso, deve-se misturar a água aquecida com a água a temperatura ambiente de outro reservatório, que se encontra a 25 °C. Qual a razão entre a massa de água quente e a massa de água fria na mistura para um banho à temperatura ideal? a) 0,111. b) 0,125. c) 0,357. d) 0,428. e) 0,833. 4. Deseja-se transformar 100 g de gelo a –20 °C em água a 30 °C. Sabe-se que o calor específico do gelo vale 0,50 cal/g °C e o da água, 1,0 cal/g °C, e que o calor latente de fusão do gelo vale 80 cal/g. Quanto calor, em quilocalorias, devemos fornecer a esse gelo? a) 10 kcal b) 12 kcal c) 15 kcal d) 20 kcal e) 20 kcal 5. Em um experimento foram utilizadas duas garrafas PET, uma pintada de branco e outra de preto acopladas cada uma a um termômetro. No ponto médio da distância entre as garrafas, foi mantida acesa, durante alguns minutos, uma lâmpada incandescente. Em seguida a lâmpada foi desligada. Durante o experimento, foram monitoradas as temperaturas das garrafas: a) enquanto a lâmpada permaneceu acesa e b) após a lâmpada ser desligada e atingirem o equilíbrio térmico com o ambiente. A taxa de variação da temperatura da garrafa preta, em comparação à garrafa branca, durante todo o experimento foi a) Igual no aquecimento e igual no resfriamento. b) Maior no aquecimento e igual no resfriamento. c) Menor no aquecimento e igual no resfriamento. d) Maior no aquecimento e menor no resfriamento. e) Maior no aquecimento e maior no resfriamento. 5 Física 6. No manual fornecido pelo fabricante de uma ducha elétrica de 220V é apresentado um gráfico com a variação da temperatura da água em função da vazão para três condições (morno, quente e superquente). Na condição superquente, a potência dissipada é de 6500 W. Considere o calor específico da água igual a 4200 J/(kg C) e a densidade da água igual a 1 kg/L. Com base nas informações dadas, a potência na condição morno corresponde a que fração da potência na condição superquente? a) 1/3. b) 1/5. c) 3/5. d) 3/8. e) 5/8. 7. Uma garrafa e uma lata de refrigerante permanecem durante vários dias em uma geladeira. Quando pegamos a garrafa e a lata com as mãos desprotegidas para retirá-las da geladeira, temos a impressão de que a lata está mais fria do que a garrafa. Isso é explicado pelo fato de: a) a temperatura do refrigerante na lata ser diferente da temperatura do refrigerante na garrafa; b) a capacidade térmica do refrigerante na lata ser diferente da capacidade térmica do refrigerante na garrafa; c) o calor específico dos dois recipientes ser diferente; d) o coeficiente de dilatação térmica dos dois recipientes ser diferente; e) a condutividade térmica dos dois recipientes ser diferente. 6 Física 8. Considere X e Y dois corpos homogêneos, constituídos por substâncias distintas, cujas massas correspondem, respectivamente, a 20 g e 10 g. O gráfico abaixo mostra as variações da temperatura desses corpos em função do calor absorvido por eles durante um processo de aquecimento. As capacidades térmicas de X e Y e, também, os calores específicos das substâncias que os constituem são, respectivamente: a) Cx = 10 cal/K, Cy = 4 cal/K, cx = 0,5 cal/g.K e cy = 0,4 cal/g.K b) Cx = 20 cal/K, Cy = 4 cal/K, cx = 1,5 cal/g.K e cy = 0,4 cal/g.K c) Cx = 10 cal/K, Cy = 5 cal/K, cx = 0,3 cal/g.K e cy = 0,7 cal/g.K d) Cx = 20 cal/K, Cy = 5 cal/K, cx = 0,5 cal/g.K e cy = 0,4 cal/g.K e) Cx = 20 cal/K, Cy = 5 cal/K, cx = 0,6 cal/g.K e cy = 0,7 cal/g.K 9. Durante a primeira fase do projeto de uma usina de geração de energia elétrica, os engenheiros da equipe de avaliação de impactos ambientais procuram saber se esse projeto está de acordo com as normas ambientais. A nova planta estará localizada à beira de um rio, cuja temperatura média da água é de 25 °C, e usará a sua água somente para refrigeração. O projeto pretende que a usina opere com 1,0 MW de potência elétrica e, em razão de restrições técnicas, o dobro dessa potência será dissipada por seu sistema de arrefecimento, na forma de calor. Para atender a resolução número 430, de 13 de maio de 2011, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, com uma ampla margem de segurança, os engenheiros determinaram que a água só poderá ser devolvida ao rio com um aumento de temperatura de, no máximo, 3 °C em relação à temperatura da água do rio captada pelo sistema de arrefecimento. Considere o calor especifico da água igual a 4 kJ/(kg °C). Para atender essa determinação, o valor mínimo do fluxo de água, em kg/s, para a refrigeração da usina deve ser mais próximo de a) 42. b) 84. c) 167. d) 250. e) 500. 7 Física 10. O gálio (Ga) é um metal cuja temperatura de fusão, à pressão atmosférica, é aproximadamente igual a 30 ºC. O calor específico médio do Ga na fase sólida é em torno de 0,4 kJ/(kg.ºC) e o calor latente de fusão é 80 kJ/kg. Utilizando uma fonte térmica de 100 W, um estudante determina a energia necessária para fundir completamente 100 g de Ga, a partir de 0ºC. O gráfico mostra a variação da temperatura em função do tempo das medições realizadas pelo estudante. O tempo total tT, em segundos, que o estudante levou para realizar o experimento. Suponha que todo o calor fornecido pela fonte é absorvido pela amostra de Ga. a) 60s b) 90s c) 92s d) 100s e) 105s 8 Física Gabarito 1. A O metal tem maior coeficiente de condutividade térmica do que o vidro. O metal é bom condutor de calor e vidro é péssimo. 2. B De fato: L = calor/massa = - 30/30= - 1cal/g. 3. B 4. B 5. E Assumindo a garrafa pintada de preto com um corpo negro, ela se comportou como bom absorsor no aquecimento e bom emissor no resfriamento, apresentando maior taxa de variação de temperatura nos dois casos 6. D 9 Física 7. E O metal da lata tem condutividade térmica maior do que o vidro da garrafa. Assim, ao tocarmos ambos, perderemos calor mais rapidamente para a lata. Por isso ela parecerá mais fria do que a garrafa. 8. A 9. C 10. C 1 Química Atomística Estrutura atômica (p,n,e), número de massa e massa atômica, átomos e íons, relação entre átomos Teoria A estrutura de um átomo é formada pela eletrosfera, onde encontramos os elétrons e pelo núcleo onde encontramos os prótons e nêutrons. A massa do isótopo de um átomo pode ser encontrada pela soma do número de prótons(p) e nêutrons(n). A massa dos elétrons(e-) de um átomo é desprezível pois é muito pequena em relação aos prótons e nêutrons. Partícula Massa relativa Carga elétrica relativa Núcleo próton 1 1 neutron 1 0 eletrosfera elétron 1/1836 -1 Estrutura de um átomo. Produzido por Vanussa Faustino, jan. 2021. 2 Química O número de massa (A) é a soma de prótons e nêutrons no núcleo de um átomo. A = p + n A massa atômica (MA) encontrada na tabela periódica é uma média dos isótopos existentes do elemento. Pode ser encontrada por: 𝑀𝐴 = (𝐴1. %1)(𝐴2. %2) + ⋯ + (𝐴𝑛. %𝑛) 100 Número Atômico (Z) é o número de prótons presentes no núcleo de um átomo. Z = p Essas informações estão contidas na tabela periódica, observe o exemplo abaixo: Hélio: tabela periódica. Produzido por Vanussa Faustino, jan. 2021. Quando um átomo está em seu estado fundamental (eletricamente neutro), o seu número de prótons (cargas positivas) é igual ao seu número de elétrons (cargas negativas).p = e– Portanto, para um átomo, o número de prótons é também igual ao número de elétrons. Z = p = e– Tais partículas subatômicas possuem cargas características. Próton: carga positiva Nêutron: neutro Elétron: carga negativa 3 Química Íons Quando um átomo eletricamente neutro, ou seja, no estado fundamental perde ou recebe elétrons, ele se transforma em um ÍON. Quando perde elétrons → íon positivo → Cátion Quando ganha elétrons → íon negativo → Aniôn Exemplo: Cátions: 11Na+1; 12Mg+2, 13Al+3 Ânions: 8O-2; 9F-1, 16S-2 Obs.: Repare que todos os íons dos exemplos acima têm 10 elétrons em sua camada de valência, o que os tornam isoeletronicos. Obs2.: Íons monovalentes possuem carga +1 ou -1. Íons bivalentes possuem carga +2 ou -2. Íons trivalentes possuem carga +3 ou -3. Isótopos, isóbaros e isótonos São átomos que possuem o mesmo numero de prótons, de massa e de nêutrons, respectivamente. Esses nomes servem para facilitar a classificação dos átomos dos elementos químicos presentes na tabela periódica, de acordo com a quantidade de prótons, elétrons e nêutrons presentes em cada um deles: • Isótopos: são átomos que possuem o mesmo número de prótons (ou número atômico (Z)), mas apresentam diferente número de nêutrons e, consequentemente, diferente número de massa (A). • Isóbaros: são átomos que possuem o mesmo número de massa (A), mas diferentes números atômicos (Z). • Isótonos: são átomos que possuem o mesmo número de nêutrons, mas diferentes números atômicos (Z) e de massa (A). • Isoeletrônicos: são átomos ou íons que possuem o mesmo número de elétrons. Prótons Massa Nêutrons Isótopos = ≠ ≠ Isóbaros ≠ = ≠ Isótonos ≠ ≠ = Exemplo: Isótopos: mesmo número de prótons. A 12 28 A12 30 Isóbaros: mesmo número de massa 4 Química A 12 28 B14 28 Isótonos: mesmo número de nêutrons A 12 28 B12 30 5 Química Exercícios 1. Os isótopos radioativos do cobalto apresentam grande importância na medicina, sendo utilizados na destruição de células cancerosas. O isótopo na forma de cátion bivalente, 60Co27 apresenta os seguintes números de prótons, elétrons e nêutrons, respectivamente: a) 27 – 27 – 35 b) 27 – 25 – 33 c) 60 – 29 – 33 d) 60 – 27 – 35 e) 59 – 27 – 32 2. O desastre de Chernobyl ainda custa caro para a Ucrânia. A radiação na região pode demorar mais de 24.000 anos para chegar a níveis seguros. Adaptado de Revista Superinteressante, 12/08/2016. Após 30 anos do acidente em Chernobyl, o principal contaminante radioativo presente na região é o césio-137, que se decompõe formando o bário-137. Esses átomos, ao serem comparados entre si, são denominados: a) isótopos b) isótonos c) isóbaros d) isoeletrônicos e) isomeros 3. Um fogo de artifício é composto basicamente por pólvora (mistura de enxofre, carvão e salitre) e por um sal de um elemento determinado, por exemplo, sais de cobre, como 2CuC , que irá determinar a cor verde azulada da luz produzida na explosão. Observe as representações dos elementos enxofre e cobre presentes em um fogo de artifício: 3216 S e 64 29Cu. A partir da análise dessas representações, assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, o número de massa do enxofre e o número de nêutrons do cobre. a) 32 e 29 b) 32 e 35 c) 16 e 29 d) 16 e 35 e) 16 e 64 6 Química 4. Cientistas de cinco centros de pesquisa sobre o câncer nos EUA concluíram que cigarros “light” são mais perigosos para a saúde que os normais e têm contribuído para um forte aumento de um certo tipo de câncer de pulmão, devido aos seus filtros serem perfurados. Entre as substâncias presentes na fumaça do cigarro, podemos citar nicotina, CO, materiais particulados, como polônio, carbono, arsênio, níquel, chumbo e cádmio, entre outros. Disponível em: http://www.uol.com.br. Acessado em 23/05/2017 Considerando as informações acima, assinale a alternativa correta. a) A fumaça do cigarro é uma mistura homogênea formada somente por substâncias simples. b) Entre os elementos citados, 74 33As , 207 82Pb , 58 28Ni , 112 48Cd , 209 84Po e 14 6C , há um par de isótonos. c) A queima do cigarro é considerada um processo físico. d) O monóxido de carbono representa uma substância simples. e) Os compostos polônio e carbono são representados pelos símbolos P e C, respectivamente. 5. Em 2016 a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) confirmou a descoberta de mais quatro elementos, todos produzidos artificialmente, identificados nas últimas décadas por cientistas russos, japoneses e americanos, e que completam a sétima fila da tabela periódica. Eles se chamam Nihonium (símbolo Nh e elemento 113), Moscovium (símbobo Mc e elemento 115), Tennessine (símbolo Ts e elemento 117) e Oganesson (símbolo Og e elemento 118). As massas atômicas destes elementos são, respectivamente, 286, 288, 294, 294. Com base nas afirmações acima assinale a alternativa correta. a) Esses elementos são representados por 113 115 117286 288 294Nh, Mc, Ts e 188 294Og. b) Os elementos Tennessine e Oganesson são isóbaros. c) Estes elementos foram encontrados em meteoritos oriundos do espaço. d) Os elementos Tennessine e Oganesson são isótopos. e) Os quatro novos elementos são isótonos entre si. 6. (UFJF) Segundo os modelos atômicos atuais, os prótons e nêutrons estão localizados no núcleo do átomo, ao qual se deve a maior parte da massa do átomo. Desta forma, podem-se caracterizar os elementos através do número atômico (Z) e do número de massa (A). John Dalton propôs a teoria do modelo atômico em 1808, e muitos de seus postulados mostraram-se bastante realistas em relação ao conhecimento atual sobre a teoria atômica. Entretanto, a existência de isótopos ainda não era conhecida. Assinale a alternativa na qual a afirmação do modelo atômico de Dalton NÃO esteja de acordo com a existência dos isótopos: a) Cada elemento é composto por átomos. b) Todos os átomos de um mesmo elemento são idênticos. c) Nas reações químicas, os átomos não são alterados. d) Os compostos são formados quando átomos de mais de um elemento se combinam. e) Se uma massa fixa de um elemento se combina com massas diferentes de um segundo elemento, estas massas relacionam-se entre si através de números pequenos e inteiros. 7 Química 7. (Enem) Em 1808, Dalton publicou o seu famoso livro o intitulado Um novo sistema de filosofia química (do original A New System of Chemical Philosophy), no qual continha os cinco postulados que serviam como alicerce da primeira teoria atômica da matéria fundamentada no método científico. Esses postulados são numerados a seguir: 1. A matéria é constituída de átomos indivisíveis. 2. Todos os átomos de um dado elemento químico são idênticos em massa e em todas as outras propriedades. 3. Diferentes elementos químicos têm diferentes tipos de átomos; em particular, seus átomos têm diferentes massas. 4. Os átomos são indestrutíveis e nas reações químicas mantêm suas identidades. 5. Átomos de elementos combinam com átomos de outros elementos em proporções de números inteiros pequenos para formar compostos. Após o modelo de Dalton, outros modelos baseados em outros dados experimentais evidenciaram, entre outras coisas, a natureza elétrica da matéria, a composição e organização do átomo e a quantização da energia no modelo atômico. (OXTOBY, D.W.; GILLIS, H. P.; BUTLER, L. J. Principles of Modern Chemistry. Boston: Cengage Learning, 2012 (adaptado).) Com base no modelo atual que descreve o átomo, qual dos postulados de Dalton ainda é considerado correto? a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 8. (Enem) Um fato corriqueiroao se cozinhar arroz é o derramamento de parte da água de cozimento sobre a chama azul do fogo, mudando-a para uma chama amarela. Essa mudança de cor pode suscitar interpretações diversas, relacionadas às substâncias presentes na água de cozimento. Além do sal de cozinha (NaCl), nela se encontram carboidratos, proteínas e sais minerais Cientificamente, sabe-se que essa mudança de cor da chama ocorre pela: a) reação do gás de cozinha com o sal, volatilizando gás cloro. b) emissão de fótons pelo sódio, excitado por causa da chama. c) produção de derivado amarelo, pela reação com o carboidrato. d) reação do gás de cozinha com a água, formando gás hidrogênio. e) excitação das moléculas de proteínas, com formação de luz amarela. 8 Química 9. (PUC – RJ) O elemento selênio (Se) tem massa atômica igual a 78,96 u.m.a. Os dois isótopos mais abundantes do selênio são o 80Se e o 78Se. Sobre estes isótopos de selênio, é correto dizer que eles têm Dado: Se (Z=34). a) o mesmo número de massa. b) abundâncias percentuais iguais. c) o mesmo número de nêutrons. d) Não são o mesmo elemento e) o mesmo número de prótons. 10. (UPE) Um laboratório brasileiro desenvolveu uma técnica destinada à identificação da origem de “balas perdidas”, comuns nos confrontos entre policiais e bandidos. Trata-se de uma munição especial, fabricada com a adição de corantes fluorescentes, visíveis apenas sob luz ultravioleta. Ao se disparar a arma carregada com essa munição, são liberados os pigmentos no atirador, no alvo e em tudo o que atravessar, permitindo rastrear a trajetória do tiro. (Adaptado de MOUTINHO, Sofia. À caça de evidências. Ciência Hoje, maio, 24-31, 2011.) Qual dos modelos atômicos a seguir oferece melhores fundamentos para a escolha de um equipamento a ser utilizado na busca por evidências dos vestígios desse tipo de bala? a) Modelo de Dalton. b) Modelo de Thompson. c) Modelo de Rutherford-Bohr. d) Modelo de Dalton-Thompson. e) Modelo de Rutherford- Thompson. Sua específica é biológicas e quer continuar estudando esse assunto? Clique aqui para fazer uma lista de exercícios extras. https://dex.descomplica.com.br/enem/quimica/exercicios-atomistica/questao/1 9 Química Gabaritos 1. B 60 2 27Co p 27 e 25 n A Z 60 27 33 + − = = = − = − = 2. C Césio-137 e bário-137 são isóbaros, pois apresentam o mesmo número de massa, ou seja, 137 (soma da quantidade de prótons e de nêutrons presentes no núcleo). 3. B 32 64 16 29 A p n 32 64 29 35 nêutrons S Cu = + = − = 4. B a) Incorreta. A fumaça do cigarro é uma mistura formada somente por substâncias simples e compostas. b) Correta. 207 209 82 84Pb e Po são isótonos. 74 33 207 82 58 28 112 48 209 84 14 6 As 74 33 41 nêutrons Pb 207 82 125 nêutrons Ni 58 28 30 nêutrons Cd 112 48 64 nêutrons Po 209 84 125 nêutrons C 14 6 8 nêutrons − = − = − = − = − = − = c) Incorreta. A queima do cigarro é considerada um processo químico, pois ocorrem reações químicas e rearranjos atômicos neste fenômeno. d) Incorreta. O monóxido de carbono ( )CO é exemplo de uma substância composta pelos elementos carbono e oxigênio. e) Incorreta. Os elementos químicos polônio e carbono são representados pelos símbolos Po e C, respectivamente. 5. B a) Incorreta. Os elementos possuem as seguintes representações: 286 288 294113 115 117Nh, Mc, Ts e 294 188Og. 10 Química b) Correta. Os elementos Tennessine e Oganesson, apresentam o mesmo número de massa, sendo, portanto, isóbaros. c) Incorreta. Todos os elementos citados no texto, são artificiais, ou seja, criados em laboratório, sob condições específicas. d) Incorreta. Os elementos Tennessine e Oganesson apresentam o mesmo número de massa, sendo, portanto, isóbaros. e) Incorreta. Isótonos são elementos que apresentam o mesmo número de nêutrons, os elementos citados no texto apresentam, respectivamente, 173,173,177 e 106. Portanto, apenas os elementos Nihonium (Nh) e Moscovium (Mc) são isótonos. 6. B Atualmente consideramos que todos os átomos de um memso element são idênticos, pois o número de nêutrons pode variar. 7. E [1] Incorreto. A matéria é constituída de átomos divisíveis (existem subpartículas). [2] Incorreto. Os átomos de um dado elemento químico não são idênticos em massa e em todas as outras propriedades, pois a quantidade de nêutrons pode variar nos isótopos. [3] Incorreto. As massas atômicas de elementos diferentes podem coincidir devido à existência dos isóbaros. [4] Incorreto. Os átomos são destrutíveis (existe a possibilidade de fissão nuclear), além disso, o número de oxidação de um elemento químico pode variar em uma reação química. [5] Correto. Átomos de elementos combinam com átomos de outros elementos em proporções de números inteiros pequenos para formar compostos (vide o cálculo estequiométrico). 8. B No caso da abordagem da questão, para chegar-se a uma alternativa deve-se fazer a associação com o único metal citado no enunciado, ou seja, o sódio, pois outras possibilidades para a mudança da cor da chama, como a ocorrência de uma combustão incompleta do gás utilizado devido ao derramamento da água de cozimento, não são citadas. Pressupõe-se, então, que na água de cozimento estejam presentes cátions Na+ dissociados a partir do NaCl. O elemento metálico sódio, mesmo na forma iônica, libera fótons quando sofre excitação por uma fonte de energia externa e a cor visualizada é o amarelo. 9. E a) Incorreta: O número de massa dos dois isótopos é diferente, ou seja, 80 ≠ 78. b) Incorreta: As abundâncias percentuais dos isótopos são diferentes. 78,96 = X% x 80 + (1 - X%) x 78 78,96 = X% x 80 + 78 – X% x 78 2 x X% = 78,96 – 78 11 Química 2 x X% = 0,96 ⇒ x% = 0,96 2 = 0,48 X% = 0,48 = 48% (80Se) 100% - 48% = 52% (78Se) c) Incorreta: Os isótopos do selênio possuem números de nêutrons diferentes. 𝑆𝑒34 80 ⇒ Número de nêutrons = 80 – 34 = 46 𝑆𝑒34 78 ⇒ Número de nêutrons = 78 – 34 = 44 d) Incorreta. São o mesmo elemento. e) Correta: Átomos isótopos são aqueles que possuem o mesmo número de prótons (número atômico). 10. C O modelo de Böhr oferece melhores fundamentos para a escolha de um equipamento a ser utilizado na busca por evidências dos vestígios. A partir das suas descobertas científicas, Niels Böhr propôs cinco postulados: 1º) Um átomo é formado por um núcleo e por elétrons extranucleares, cujas interações elétricas seguem a lei de Coulomb. 2º) Os elétrons se movem ao redor do núcleo em órbitas circulares. 3º) Quando um elétron está em uma órbita ele não ganha e nem perde energia, dizemos que ele está em uma órbita discreta ou estacionária ou num estado estacionário. 4º) Os elétrons só podem apresentar variações de energia quando saltam de uma órbita para outra. 5º) Um átomo só pode ganhar ou perder energia em quantidades equivalentes a um múltiplo inteiro (quanta). 1 Química Evolução dos modelos atômicos Teoria Evolução dos modelos atômicos A ideia de átomo na antiguidade não corresponde à mesma que se tem hoje. No século V a.C., o filósofo grego Leucipo e seu discípulo Demócrito imaginaram que a matéria não poderia ser infinitamente divisível, daí a palavra “átomo”, a = negação e tomo = divisível, ou seja, se partida variadas vezes, chegaria a uma partícula muito pequena, indivisível e impenetrável, e assim concluíram que toda matéria era constituída por pequenas partículas indivisíveis, os átomos. Essa teoria se manteve por longos anos. Somente no século XIX, um novo modelo, proposto por Dalton, foi apresentado para explicar de que se constituía a matéria. O Modelo atômico de Dalton (1803)John Dalton (1766-1844), cientista britânico retomou a ideia do átomo como constituinte básico da matéria. Dalton considerou os átomos como partículas pequenas esféricas maciças, impenetráveis, indivisíveis e indestrutíveis. Seu modelo ficou conhecido como “Bola de Bilhar”. Esse modelo foi considerado por cerca de 100 anos, até que um novo modelo surgiu. Representação do modelo atômico de Dalton: A bola de bilhar O Modelo atômico de Thomson (1903) Em 1903, o físico britânico Joseph John Thomson (1856-1940) concluiu, após um estudo com raios catódicos (emitidos de uma fonte de cátions), que o átomo não era apenas uma esfera indivisível como tinha dito Dalton. Em seu estudo, percebeu a existência de partículas carregadas negativamente, determinando sua relação entre a carga dessas partículas (que foram denominados inicialmente como corpúsculos) e a massa. O experimento de Thomson com raios catódicos. 2 Química Para medir a razão entre a carga e a massa do elétron, um feixe de raios catódicos (elétrons) passa através de um campo elétrico e de um campo magnético. De modo que o campo elétrico provoca desvio em um sentido, enquanto o campo magnético desvia o feixe no sentido oposto. Posteriormente, deduziu a existência de uma carga positiva. Seu modelo consistia em uma esfera maciça carregada positivamente, na qual se encontravam incrustadas as cargas negativas, chamadas de elétrons. Se modelo foi conhecido como pudim de passas. Thomson e seu Modelo atômico: Esfera maciça carregada positivamente incrustada de cargas negativas, semelhante a um “pudim de passas”. O Modelo atômico de Rutherford (1911) Após a descoberta da Radioatividade, em 1911, o físico da Nova Zelândia Ernest Rutherford (1871-1937) e seus colaboradores realizaram, dentre outras, uma experiência cujo objetivo era determinar as propriedades das partículas alfa e sua interação com a matéria. O experimento consistiu em bombardear uma finíssima lâmina de ouro com partículas alfa, emitidas por polônio radioativo em uma chapa fotográfica. Com o experimento, ele percebeu que algumas partículas atravessavam a lâmina sem sofrer desvio, enquanto outras eram desviadas e uma parte delas era ricocheteada. Experimento de Rutherford: Partículas alfa (emitidas por Polônio radioativo) bombardeando uma fina lâmina de ouro para uma chapa fotográfica (detector de partículas). O físico chegou à conclusão de que a maioria das partículas atravessou a lâmina sem desviar, pois o átomo é constituído em grande parte por espaço vazio. As outras partículas que sofreram desvio provavelmente foram repelidas pelo núcleo, devido à positividade de suas cargas. E, por fim, as que ricochetearam foram também repelidas pelo núcleo. Conclusões de Rutherford a respeito do desvia de algumas partículas. 3 Química Baseado nesta experiência, Rutherford elaborou um modelo que ficou conhecido como “Modelo planetário”, em que o átomo possuía um núcleo, onde estaria concentrada a maior parte da massa do átomo, e era envolto por elétrons girando em elipses (a eletrosfera, isto é, a maior parte de volume atômico). Modelo planetário de Rutherford: o átomo com um núcleo, onde está concentrada a maior parte de sua massa, envolto por elétrons girando na eletrosfera. A principal falha no modelo de Rutherford foi não considerar que os elétrons, como partículas carregadas girando ao redor do núcleo, gradativamente perderiam energia e atingiriam o núcleo. O próximo modelo estava baseado nesta hipótese e em estudos da teoria quântica. O Modelo atômico de Bohr (1913) O físico dinamarquês, Neils Bohr (1885-1962) propôs um modelo que seria formado por um núcleo positivo com uma parte periférica, onde giravam os elétrons. Ainda semelhante ao modelo de Rutherford, a diferença entre estes era que para Bohr, os elétrons giravam, sem emitir ou absorver energia, em órbitas circulares, as quais ele denominou níveis de energia ou camadas. Modelo atômico de Bohr: um núcleo positivo com uma parte periférica, onde os elétrons, sem emissão ou absorção de energia giravam em órbitas circulares (camadas ou níveis de energia). Além do já dito, Bohr disse que ao ganhar energia um elétron é capaz de saltar para um nível mais energético(mais externo) e que ao cessar essa energia o elétron retorna para o seu nível original, liberando a energia absorvida anteriormente sob forma de luz, esse fenômeno foi denominado Salto quântico. eletrosfera elétron próton Elétron nêutron Elétron núcleo 4 Química O Modelo atômico de Sommerfeld (1915) O físico alemão Arnold Johannes Wilhelm Sommerfeld, em 1915, estudando os espectros de emissão de átomos mais complexos que o hidrogênio, admitiu que em cada camada eletrônica (n) havia 1 órbita circular e (n-1) órbitas elípticas com diferentes características. Essas órbitas elípticas foram então chamadas de subníveis ou subcamadas e caracterizadas por l,onde l=0, l=1, l=2 e l=3 são respectivamente os subníveis s, p, d e f. Por exemplo, na 4ª camada há uma órbita circular e três elípticas. Modelo dos orbitais atômicos • Princípio da dualidade partícula-onda (De Broglie) • Princípio da incerteza de Heisenberg: não é possível calcular a posição e a velocidade de um elétron, num mesmo instante. • Orbital: região do espaço ao redor do núcleo onde é máxima a probabilidade de encontrar um elétron. n=1 n=2 n=3 n=4 Disponível em: www.portaissaofrancisco.com.br/alfa/modelo-atomico-atual-/modelo-atomico-atual-8.php. Ele propôs este modelo através na teoria da relatividade de Einstein e da teoria quântica, assim podendo explicar detalhes dos espectros. Como ele complementou o que Bohr não conseguia explicar satisfatoriamente para átomos além dos hidrogenoides, o modelo ficou conhecido como Bohr-Sommerfeld. A energia do elétron seria determinada pela distância em que se encontrava do núcleo e pelo tipo de órbita que descreve. l=0 l=0 l=1 l=0 l=1 l=2 l=0 l=1 l=2 l=3 5 Química Exercícios 1. Um teste de laboratório permite identificar alguns cátions metálicos ao introduzir uma pequena quantidade do material de interesse em uma chama de bico de Bunsen para, em seguida, observar a cor da luz emitida. A cor observada é proveniente da emissão de radiação eletromagnética ao ocorrer a a) mudança da fase sólida para a fase líquida do elemento metálico. b) combustão dos cátions metálicos provocada pelas moléculas de oxigênio da atmosfera. c) diminuição da energia cinética dos elétrons em uma mesma órbita na eletrosfera atômica. d) transição eletrônica de um nível mais externo para outro mais interno na eletrosfera atômica. e) promoção dos elétrons que se encontram no estado fundamental de energia para níveis mais energéticos. 2. Desde a Grécia antiga, filósofos e cientistas vêm levantando hipóteses sobre a constituição da matéria. Demócrito foi uns dos primeiros filósofos a propor que a matéria era constituída por partículas muito pequenas e indivisíveis, as quais chamaram de átomos. A partir de então, vários modelos atômicos foram formulados, à medida que novos e melhores métodos de investigação foram sendo desenvolvidos. A seguir, são apresentadas as representações gráficas de alguns modelos atômicos: Assinale a alternativa que correlaciona o modelo atômico com a sua respectiva representação gráfica. a) I - Thomson, II - Dalton, III - Rutherford-Bohr. b) I - Rutherford-Bohr, II - Thomson, III - Dalton. c) I - Dalton, II - Rutherford-Bohr, III - Thomson. d) I - Dalton, II - Thomson, III - Rutherford-Bohr. e) I - Thomson, II - Rutherford-Bohr, III - Dalton. 6 Química 3. Analise a seguinte charge: As estudantesEugênia e Lolita estão falando, respectivamente, sobre os modelos atômicos de a) Dalton e Thomson. b) Dalton e Rutherford-Bohr. c) Thomson e Rutherford-Bohr. d) Modelo Quântico e Thomson. e) Rutherford-Bohr e Modelo Quântico. 4. Em 1808, Dalton publicou o seu famoso livro o intitulado Um novo sistema de filosofia química (do original A New System of Chemical Philosophy), no qual continha os cinco postulados que serviam como alicerce da primeira teoria atômica da matéria fundamentada no método científico. Esses postulados são numerados a seguir: 1. A matéria é constituída de átomos indivisíveis. 2. Todos os átomos de um dado elemento químico são idênticos em massa e em todas as outras propriedades. 3. Diferentes elementos químicos têm diferentes tipos de átomos; em particular, seus átomos têm diferentes massas. 4. Os átomos são indestrutíveis e nas reações químicas mantêm suas identidades. 5. Átomos de elementos combinam com átomos de outros elementos em proporções de números inteiros pequenos para formar compostos. Após o modelo de Dalton, outros modelos baseados em outros dados experimentais evidenciaram, entre outras coisas, a natureza elétrica da matéria, a composição e organização do átomo e a quantização da energia no modelo atômico. OXTOBY, D.W.; GILLIS, H. P.; BUTLER, L. J. Principles of Modern Chemistry. Boston: Cengage Learning, 2012 (adaptado). Com base no modelo atual que descreve o átomo, qual dos postulados de Dalton ainda é considerado correto? a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 7 Química 5. Para termos ideia sobre as dimensões atômicas em escala macroscópica podemos considerar que se o prédio central da Universidade Estadual de Goiás, em Anápolis, fosse o núcleo do átomo de hidrogênio, a sua eletrosfera pode estar a aproximadamente 1000 km. Dessa forma, o modelo atômico para matéria é uma imensidão de vácuo com altas forças de interação. Considerando-se a comparação apresentada no enunciado, a presença de eletrosfera é coerente com os modelos atômicos de a) Dalton e Bohr. b) Bohr e Sommerfeld. c) Thompson e Dalton. d) Rutherford e Thompson. e) Dalton e Sommerfeld 6. Trata-se de um modelo no qual os átomos de um mesmo elemento químico possuem propriedades iguais. A união desses átomos na formação de compostos ocorre em proporções numéricas fixas e a reação química dos mesmos envolve apenas combinação, separação e rearranjo. Essa descrição refere-se ao modelo atômico de a) Bohr. b) Dalton. c) Thomson. d) Rutherford. e) Lavoisier Texto para a próxima questão: Um aluno recebeu, na sua página de rede social, uma foto mostrando fogos de artifícios. No dia seguinte, na sequência das aulas de modelos atômicos e estrutura atômica, o aluno comentou com o professor a respeito da imagem recebida, relacionando-a com o assunto que estava sendo trabalhado, conforme mostra a foto. 8 Química Legenda das cores emitidas Na Ba Cu Sr Ti amarelo verde azul vermelho branco metálico 7. O aluno comentou corretamente que o modelo atômico mais adequado para explicar a emissão de cores de alguns elementos indicados na figura é o de a) Rutherford-Bohr. b) Dalton. c) Proust. d) Rutherford. e) Thomson. 8. As investigações realizadas pelos cientistas ao longo da história introduziram a concepção do átomo como uma estrutura divisível, levando à proposição de diferentes modelos que descrevem a estrutura atômica. O modelo que abordou essa ideia pela primeira vez foi o de a) Bohr. b) Dalton. c) Thomson. d) Rutherford. e) Sommerfeld 9. Um fato corriqueiro ao se cozinhar arroz é o derramamento de parte da água de cozimento sobre a chama azul do fogo, mudando-a para uma chama amarela. Essa mudança de cor pode suscitar interpretações diversas, relacionadas às substâncias presentes na água de cozimento. Além do sal de cozinha (NaC ), nela se encontram carboidratos, proteínas e sais minerais. Cientificamente, sabe-se que essa mudança de cor da chama ocorre pela a) reação do gás de cozinha com o sal, volatilizando gás cloro. b) emissão de fótons pelo sódio, excitado por causa da chama. c) produção de derivado amarelo, pela reação com o carboidrato. d) reação do gás de cozinha com a água, formando gás hidrogênio. e) excitação das moléculas de proteínas, com formação de luz amarela. 9 Química 10. Um laboratório brasileiro desenvolveu uma técnica destinada à identificação da origem de “balas perdidas”, comuns nos confrontos entre policiais e bandidos. Trata-se de uma munição especial, fabricada com a adição de corantes fluorescentes, visíveis apenas sob luz ultravioleta. Ao se disparar a arma carregada com essa munição, são liberados os pigmentos no atirador, no alvo e em tudo o que atravessar, permitindo rastrear a trajetória do tiro. Adaptado de MOUTINHO, Sofia. À caça de evidências. Ciência Hoje, maio, 24-31, 2011. Qual dos modelos atômicos a seguir oferece melhores fundamentos para a escolha de um equipamento a ser utilizado na busca por evidências dos vestígios desse tipo de bala? a) Modelo de Dalton. b) Modelo de Thompson. c) Modelo de Rutherford-Bohr. d) Modelo de Dalton-Thompson. e) Modelo de Rutherford- Thompson. Sua específica é biológicas e quer continuar treinando esse conteúdo? Clique aqui para fazer uma lista extra de exercícios https://dex.descomplica.com.br/enem/quimica/exercicios-evolucao-dos-modelos-atomicos 10 Química Gabaritos 1. D De acordo com o modelo de Böhr, a cor observada é proveniente da emissão de radiação eletromagnética ao ocorrer a transição eletrônica de um nível mais externo (mais energético) para outro mais interno (menos energético) na eletrosfera atômica. 2. D I. Dalton, que propôs uma ideia de átomo: maciço, indivisível e indestrutível, semelhante a um “bola de bilhar”. II. Thomson, sua proposta era que o átomo seria uma esfera positiva, com cargas negativas incrustadas. III. Rutherford-Bohr, baseado no experimento, onde bombardeou com partículas alfa, uma fina lâmina de ouro, constatou que o átomo era composto por imensos espaços vazios, onde os elétrons orbitam ao redor de um núcleo pequeno e positivo, numa região chamada de eletrosfera. 3. C No caso da Eugênia, o modelo atômico a qual se refere é o de Thomson que ficou conhecido como “pudim de passas” , modelo que introduziu a natureza elétrica da matéria, pois para ele o átomo era uma esfera positiva com cargas negativas incrustadas. Para a estudante Lolita, a ideia de “cebola” remete a ideia dos níveis de energia propostos por Rutherford- Bohr. 4. E (1) Incorreto. A matéria é constituída de átomos divisíveis (existem subpartículas). (2) Incorreto. Os átomos de um dado elemento químico não são idênticos em massa e em todas as 11 Química outras propriedades, pois a quantidade de nêutrons pode variar nos isótopos. (3) Incorreto. As massas atômicas de elementos diferentes podem coincidir devido à existência dos isóbaros. (4) Incorreto. Os átomos são destrutíveis (existe a possibilidade de fissão nuclear), além disso, o número de oxidação de um elemento químico pode variar em uma reação química. (5) Correto. Átomos de elementos combinam com átomos de outros elementos em proporções de números inteiros pequenos para formar compostos (vide o cálculo estequiométrico). 5. B Para Thompson e Dalton o átomo não tinha eletrosfera. Somente a partir do modelo de Rutherford foi constatado que o átomo possuía um núcleo denso e pequeno e os elétrons ficariam girando ao redor desse núcleo na eletrosfera. Este modelo foi aperfeiçoado por Niels Bohr que afirmou que oselétrons giravam em níveis definidos de energia. Para Sommerfield a energia do elétron poderia ser determinada pela distância em que se encontrava do núcleo e pelo tipo de órbita que descreve. 6. B Segundo Dalton os átomos eram esferas maciças, indivisíveis e indestrutíveis, semelhantes as “bolas de bilhar” e ainda segundo esse cientista átomos de um mesmo elemento são iguais em suas propriedades, se unem em proporções definidas na formação de novas substâncias e não podem ser criados ou destruídos apenas reorganizados na formação de novas substâncias. 7. A Böhr intuiu que deveriam existir muitos comprimentos de onda diferentes, desde a luz visível até a invisível. Ele deduziu que estes comprimentos de onda poderiam ser quantizados, ou seja, um elétron dentro de um átomo não poderia ter qualquer quantidade de energia, mas sim quantidades específicas e que se um elétron caísse de um nível de energia quantizado (nível de energia constante) para outro ocorreria a liberação de energia na forma de luz num único comprimento de onda. 8. C Thomson verificou que os raios catódicos podem ser desviados na presença de um campo elétrico. 12 Química Observe que na figura anterior o feixe de partículas que sai do polo negativo (cátodo) sofre um desvio acentuado em direção à placa positiva. Thomson concluiu com um experimento semelhante ao descrito na figura anterior que as partículas do raio catódico têm carga negativa. Essas partículas são chamadas de elétrons, e a ideia do átomo divisível foi provada. 9. B No caso da abordagem da questão, para chegar-se a uma alternativa deve-se fazer a associação com o único metal citado no enunciado, ou seja, o sódio, pois outras possibilidades para a mudança da cor da chama, como a ocorrência de uma combustão incompleta do gás utilizado devido ao derramamento da água de cozimento, não são citadas. Pressupõe-se, então, que na água de cozimento estejam presentes cátions Na+ dissociados a partir do NaC . O elemento metálico sódio, mesmo na forma iônica, libera fótons quando sofre excitação por uma fonte de energia externa e a cor visualizada é o amarelo. 10. C O modelo de Böhr oferece melhores fundamentos para a escolha de um equipamento a ser utilizado na busca por evidências dos vestígios. A partir das suas descobertas científicas, Niels Böhr propôs cinco postulados: 1º) Um átomo é formado por um núcleo e por elétrons extranucleares, cujas interações elétricas seguem a lei de Coulomb. 2º) Os elétrons se movem ao redor do núcleo em órbitas circulares. 3º) Quando um elétron está em uma órbita ele não ganha e nem perde energia, dizemos que ele está em uma órbita discreta ou estacionária ou num estado estacionário. 4º) Os elétrons só podem apresentar variações de energia quando saltam de uma órbita para outra. 5º) Um átomo só pode ganhar ou perder energia em quantidades equivalentes a um múltiplo inteiro (quanta). 1 Química Distribuição eletrônica Resumo Linus Pauling propôs um diagrama prático de distribuição eletrônica. Nele, os elétrons são distribuídos em ordem crescente de energia em níveis e subníveis na eletrosfera do átomo. Veja o Diagrama de Pauling de subníveis de energia, na figura abaixo, e perceba a ordem de preenchimento expressa nas setas vermelhas. Neste ponto, é importante notar que os elétrons que existem hoje, com exceção dos descobertos em 2016, se distribuem em até 7 níveis de energia e cada nível contém um determinado número de subníveis. Além disso, todo átomo tem um certo número de elétrons* que devem ser preenchidos seguindo o Diagrama de Pauling. O subnível s comporta o máximo de 2 elétrons; o p, 6; o d, 10 e o f, 14. Veja o preenchimento de um átomo de Bário que possui 56 elétrons como exemplo: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 *Para saber o número de elétrons a preencher em um átomo neutro lembre-se que o número de prótons é igual ao número de elétrons em um átomo neutro. Portanto, o número atômico indicará o número de elétrons. No caso de íons, deve-se adicionar ou remover elétrons à quantidade de elétrons no átomo neutro, mas todo muito cuidado, alguns podem gerar pequenas confusões. 2 Química Íons podem seguir a seguinte regra de distribuição: faz-se o preenchimento do átomo em seu estado neutro e, depois, retira(m)-se o(s) elétron(s) da camada de valência (a mais externa). No caso de ânions, adicionam- se os elétrons nas camadas seguintes. Exemplo: Fe: 1s22s22p63s23p64s23d6 Fe2+: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6 Obs.: a camada de valência não necessariamente é a última da sequência. S: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 S2-: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 Distribuição por camadas e por subníveis Camadas serão representadas por letras ou números (de 1 a 7 ou de K a Q) e suportam um número definido de elétrons (representadas abaixo): Camada 1 ou K = 2; Camada 2 ou L = 8; Camada 3 ou M = 18; Camada 4 ou N = 32; Camada 5 ou O = 32; Camada 6 ou P = 18; Camada 7 ou Q = 8. Perceba a diferença entre os tipos de preenchimento pelo exemplo do enxofre (S). Em uma das distribuições, mostram-se os subníveis, enquanto a outra mostra apenas as camadas preenchidas. S: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 → (por subníveis) S: K = 2; L = 8; M = 6 → (por níveis ou camadas) 3 Química Exercícios 1. Quando um átomo, ou um grupo de átomos, perde a neutralidade elétrica, passa a ser denominado de íon. Sendo assim, o íon é formado quando o átomo (ou grupo de átomos) ganha ou perde elétrons. Logicamente, esse fato interfere na distribuição eletrônica da espécie química. Todavia, várias espécies químicas podem possuir a mesma distribuição eletrônica. Considere as espécies químicas listadas na tabela a seguir: I II III IV V VI 2 20Ca + 216S − 19F − 117C − 238Sr + 324Cr + A distribuição eletrônica 2 2 6 2 61s , 2s , 2p , 3s , 3p (segundo o Diagrama de Linus Pauling) pode corresponder, apenas, à distribuição eletrônica das espécies a) I, II, III e VI. b) II, III, IV e V. c) III, IV e V. d) I, II e IV. e) I, V e VI. 2. Um átomo possui configuração eletrônica, cujo orbital mais energético é o 3d. Este orbital se encontra semipreenchido. A respeito da configuração eletrônica deste átomo é CORRETO afirmar. a) A distribuição eletrônica da camada de valência é 22s e 62p . b) Todos os elétrons presentes neste átomo possuem spin eletrônico emparelhado, em sua configuração de menor energia. c) Apenas um elétron presente neste átomo possui spin eletrônico desemparelhado, em sua configuração de menor energia. d) Este átomo possui 25 elétrons, sendo 20 com spins emparelhados e 5 com spins desemparelhados. e) A promoção de um elétron do orbital 3p para um orbital de maior energia leva a configuração eletrônica 4 13p 4s . 3. As propriedades das substâncias químicas podem ser previstas a partir das configurações eletrônicas dos seus elementos. De posse do número atômico, pode-se fazer a distribuição eletrônica e localizar a posição de um elemento na tabela periódica, ou mesmo prever as configurações dos seus íons. Sendo o cálcio pertencente ao grupo dos alcalinos terrosos e possuindo número atômico Z 20,= a configuração eletrônica do seu cátion bivalente é: a) 2 2 6 21s 2 s 2 p 3 s b) 2 2 6 2 61s 2 s 2 p 3 s 3 p c) 2 2 6 2 6 21s 2 s 2 p 3 s 3 p 4 s d) 2 2 6 2 6 2 21s 2 s 2 p 3 s 3 p 4 s 3 d e) 2 2 6 2 6 2 21s 2 s 2 p 3 s 3 p 4 s 4 p 4 Química 4. Devido aos efeitos ao meio ambiente e à saúde, países do mundo inteiro vem desenvolvendo ações com o intuito de minimizar os riscos oriundos da utilização de mercúrio (Hg). A distribuição eletrônica para o mercúrio elementar é a) 14 6[Rn] 5f 6d .b) 10 4[Ar] 3d 4p . c) 10 6[Kr] 4d 5p . d) 2 14 10[Xe] 6s 4f 5d . e) [Ne] 4s² 5. Na distribuição eletrônica do 8838Sr , o 17º par eletrônico possui os seguintes valores dos números quânticos (principal, secundário, magnético e spin): a) 4, 2, 0, 1 2− e 1 2.+ b) 4,1, 1, 1 2+ − e 1 2.+ c) 4,1, 0, 1 2− e 1 2.+ d) 4, 2, 1, 1 2− − e 1 2.+ e) 4, 0, -1, +1/2 e -1/2 6. Um íon pode ser conceituado como um átomo ou grupo de átomos, com algum excesso de cargas positivas ou negativas. Nesse contexto, a distribuição eletrônica do íon 2Mg+ pode ser representada corretamente por ( )2412Dado : Mg a) 2 2 6 2 6 2 21s 2s 2p 3s 3p 4s 3d . b) 2 2 6 21s 2s 2p 3s . c) 2 2 6 2 21s 2s 2p 3s 3p . d) 2 2 61s 2s 2p e) 2 2 6 2 6 2 61s 2s 2p 3s 3p 4s 3d . 5 Química 7. O ferro é bastante utilizado pelo homem em todo o mundo. Foram identificados artefatos de ferro produzidos em torno de 4000 a 3500 a.C. Nos dias atuais, o ferro pode ser obtido por intermédio da redução de óxidos ou hidróxidos, por um fluxo gasoso de hidrogênio molecular ( )2H ou monóxido de carbono. O Brasil é atualmente o segundo maior produtor mundial de minério de ferro. Na natureza, o ferro ocorre, principalmente, em compostos, tais como: hematita ( )2 3Fe O , magnetita ( )3 4Fe O , siderita ( )3FeCO , limonita ( )2 3 2Fe O H O e pirita ( )2FeS , sendo a hematita o seu principal mineral. Assim, segundo o diagrama de Linus Pauling, a distribuição eletrônica para o íon ferro (+3), nesse mineral, é representada da seguinte maneira: a) 2 2 6 2 6 51s 2s 2p 3s 3p 3d b) 2 2 6 2 6 2 61s 2s 2p 3s 3p 4s 3d c) 2 2 6 2 6 2 91s 2s 2p 3s 3p 4s 3d d) 2 2 6 2 6 2 31s 2s 2p 3s 3p 4s 3d e) 2 2 6 2 6 21s 2s 2p 3s 3p 3d 8. Recentemente, cientistas conseguiram produzir hidrogênio metálico, comprimindo hidrogênio molecular sob elevada pressão. As propriedades metálicas desse elemento são as mesmas dos demais elementos do grupo 1 da tabela de classificação periódica. Essa semelhança está relacionada com o subnível mais energético desses elementos, que corresponde a: a) 1ns b) 2np c) 3nd d) 4nf e) sp² 6 Química 9. Munições traçantes são aquelas que possuem um projétil especial, contendo uma carga pirotécnica em sua retaguarda. Essa carga pirotécnica, após o tiro, é ignificada, gerando um traço de luz colorido, permitindo a visualização de tiros noturnos a olho nu. Essa carga pirotécnica é uma mistura química que pode possuir, dentre vários ingredientes, sais cujos íons emitem radiação de cor característica associada ao traço luminoso. Um tipo de munição traçante usada por um exército possui na sua composição química uma determinada substância, cuja espécie química ocasiona um traço de cor correspondente bastante característico. Com relação à espécie química componente da munição desse exército sabe-se: I. A representação do elemento químico do átomo da espécie responsável pela coloração pertence à família dos metais alcalinos-terrosos da tabela periódica. II. O átomo da espécie responsável pela coloração do traço possui massa de 137 u e número de nêutrons 81. Sabe-se também que uma das espécies apresentadas na tabela do item III (que mostra a relação de cor emitida característica conforme a espécie química e sua distribuição eletrônica) é a responsável pela cor do traço da munição desse exército. III. Tabela com espécies químicas, suas distribuições eletrônicas e colorações características: Considerando os dados contidos, nos itens I e II, atrelados às informações da tabela do item III, a munição traçante, descrita acima, empregada por esse exército possui traço de coloração a) vermelho-alaranjada. b) verde. c) vermelha. d) azul. e) branca. 10. O selênio é um elemento químico essencial ao funcionamento do organismo, e suas principais fontes são o trigo, as nozes e os peixes. Nesses alimentos, o selênio está presente em sua forma aniônica Se2-. Existem na natureza átomos de outros elementos químicos com a mesma distribuição eletrônica desse ânion. O símbolo químico de um átomo que possui a mesma distribuição eletrônica desse ânion está indicado em: a) Kr b) Br c) As d) Te e) Ca 7 Química Gabarito 1. D 2 2 6 2 6 2 20 2 2 2 6 2 6 20 2 2 6 2 4 16 2 2 2 6 2 6 16 2 2 5 9 1 2 2 6 9 2 2 6 2 5 17 1 2 2 6 2 6 17 2 2 6 2 6 2 10 6 2 38 38 Ca : 1s 2s 2p 3s 3p 4s Ca : 1s 2s 2p 3s 3p (I) S : 1s 2s 2p 3s 3p S : 1s 2s 2p 3s 3p (II) F : 1s 2s 2p F : 1s 2s 2p C : 1s 2s 2p 3s 3p C : 1s 2s 2p 3s 3p (IV) Sr : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s S + − − − 2 2 2 6 2 6 2 10 6 2 2 6 2 6 2 4 2 2 6 2 6 1 5 24 24 3 2 2 6 2 6 3 24 r : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p Cr : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d Cr : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d Cr : 1s 2s 2p 3s 3p 3d + + 2. D a) Incorreta. A distribuição eletrônica da camada de valência é 24s : A 2 2 6 2 6 2 (10 x) Z Camada de valência E : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d − . b) Incorreta. Nem todos os elétrons presentes neste átomo possuem spin eletrônico emparelhado, em sua configuração de menor energia, pois o orbital mais energético 3d se encontra semipreenchido. c) Incorreta. Apenas o orbital mais energético 3d se encontra semipreenchido, por isso, existem várias possibilidades. d) Correta. O átomo possui configuração eletrônica, cujo orbital mais energético é o 3d, que se encontra semipreenchido. Então: A 2 2 6 2 6 2 (10 x)Z E : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d . − A 2 2 6 2 6 2 5 Z A 2 2 6 2 6 2 5 Z 2 2 6 2 6 2 5 5 elétrons com spins20 elétrons com spins emparelhados desemparelhad E : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d E : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d os e) Incorreta. A promoção de um elétron do orbital 3p para um orbital de maior energia, pertencente ao mesmo nível energético, pode levar à configuração eletrônica 4 13p 3d . 8 Química 3. B Configuração eletrônica do cátion bivalente do cálcio: 2 2 6 2 6 2 20 2 2 2 6 2 6 0 20 2 2 2 6 2 6 20 Ca : 1s 2s 2p 3s 3p 4s Ca : 1s 2s 2p 3s 3p 4s Ca : 1s 2s 2p 3s 3p + + 4. D 2 2 6 2 6 2 10 6 2 10 6 2 14 10 80 [Xe] 2 14 10 80 Hg 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s 4f 5d Hg [Xe] 6s 4f 5d = = 5. C 1 2 2 2 6 2 6 2 10 6 2 38 6 17º par 1 1 2 2 17 2 34 elétrons Supondo : ; . Sr : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4p n 4; 1; m 0; s ; s = − = = = = − = + 6. D 2 1 2 2 6 2 1s 2s 2p (1M e )g 0 + −= 7. A A distribuição eletrônica do ferro atômico é: 2 2 6 2 6 2 61s 2s 2p 3s 3p 4s 3d ; retirando 3 elétrons, teremos ( )3Fe + : 2 2 6 2 6 51s 2s 2p 3s 3p 3d . 8. A Configuração da camada de valência (coincidentemente do subnível mais energético) dos elementos do grupo 1 ou família IA: 1ns . 1 1 2 1 3 2 2 6 1 11 2 2 6 2 6 1 19 2 2 6 2 6 2 10 6 1 37 2 2 6 2 6 2 10 6 2 10 6 1 55 2 2 6 2 6 2 10 6 2 10 6 2 14 10 6 1 87 H : 1s Li : 1s 2s Na : 1s 2s 2p 3s K : 1s 2s 2p 3s 3p 4s Rb : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s Cs : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s Fr : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s 4f 5d 6p 7s 9 Química 9. B A representação do elemento químico do átomo da espécie responsável pela coloração pertence à família dos metais alcalinos-terrosos da tabela periódica, ou seja, família IIA ou grupo 2. O átomo da espécie responsável pela coloração do traço possui massa de 137 u e número de nêutrons 81, ou seja, 56 prótons (137 81).− Trata-se do bário. De acordo com a tabela: Sal: cloreto de bário. Distribuição eletrônica: 2 2 6 2 6 2 10 6 2 10 6 256Ba : 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s . Coloração característica: verde. 10. A 34Se2- = 1s2 2s2 2p63s2 3p6 4s2 3d10 4p6 n(elétrons) = 36 36Kr 1 Biologia Lipídios Objetivo Você vai aprender quais as características e os principais tipos de lipídios, além das suas funções nos sistemas biológicos. Curiosidade Os lipídios ajudam muitos animais a sobreviverem em ambiente aquático: em mamíferos marinhos, eles são essenciais para ajudar a manter o corpo aquecido, enquanto nas aves aquáticas, eles permitem que as penas não fiquem molhadas quando elas mergulham. Teoria Lipídios são moléculas orgânicas apolares, já que não apresentam em suas moléculas polos com cargas. Por conta disso, são insolúveis em água (hidrofóbicos), porém solúveis em compostos orgânicos, como o etanol. São formados basicamente por um álcool e ácidos graxos. Eles apresentam diversas funções e estão presentes em diferentes partes do nosso organismo: • Membrana celular: é formada por uma bicamada de fosfolipídios, sendo que a região do fosfato é polar e fica em contato com o meio externo e com o meio intracelular, e a região lipídica é apolar e voltada para o interior. A membrana celular animal é a única que possui o lipídio colesterol em sua composição, ajudando a manter a fluidez. Representação esquemática de uma bicamada fosfolipídica da membrana celular. • Energia: os lipídios são uma fonte secundária de energia para o metabolismo celular. Para isso, ocorre o processo de gliconeogênese, liberando glicose para que as células possam fazer a respiração celular. • Hormônios: participam da composição de hormônios esteroides, como o estrogênio, a progesterona e a testosterona. • Bile: participa da formação dos sais biliares, que formam a bile, importante para a emulsificação de gorduras no duodeno, facilitando a digestão desses alimentos pelas enzimas liberadas no local. 2 Biologia • Transporte de vitaminas lipossolúveis: as vitaminas lipossolúveis são aquelas que se dissolvem em compostos lipídicos, como gordura, por exemplo, e elas são absorvidas junto com os lipídios ao longo do trato intestinal. As vitaminas lipossolúveis são as A, D, E e K. • Isolante: funciona como isolante térmico (protegendo contra baixas temperaturas, mantendo o calor no corpo), mecânico (absorve impactos) e elétrico (não conduz eletricidade, estando, por exemplo, nos neurônios, para formar a bainha de mielina). • Impermeabilizantes: Ajudam a reduzir a desidratação ou passagem de água, como, por exemplo, as ceras. Esquema de um neurônio, célula do tecido nervoso que apresenta a bainha de mielina. Os lipídios podem ser encontrados no nosso organismo em diferentes grupos: carotenoides, cerídeos, esteroides, fosfolipídios e glicerídeos. • Carotenoides: são moléculas formadas apenas por álcool, e formam pigmentos lipossolúveis, com coloração amarela, laranja ou avermelhada. O betacaroteno é um pigmento alaranjado e utilizado na síntese da vitamina A. • Cerídeos: são ésteres, formados pela união de um ácido graxo com um álcool, e são comumente chamados de ceras. Densos e muito insolúveis em água, ajudam a evitar a perda de água. São exemplos a cutina das plantas, a cera de abelha e a cera de ouvido. • Esteroides: formados por hidrocarbonetos, se diferenciam pelas suas ramificações e grupos funcionais. O principal esteroide é o colesterol, cujo grupo funcional é um álcool, e só existe em animais. O colesterol é precursor de vitamina D, ajuda na constituição da bile e forma hormônios sexuais. Representação química de três hormônios sexuais, formados por esteroides. • Fosfolipídios: são lipídios associados a uma molécula de ácido fosfórico. Formam todas as membranas presentes em uma célula, tendo o fosfato hidrofílico e o lipídio como hidrofóbicos. 3 Biologia • Glicerídeos: Os principais são os triglicerídeos, onde há uma molécula de glicerol com três moléculas de ácidos graxos. São os óleos e as gorduras. Os óleos, líquidos à temperatura ambiente, apresentam uma estrutura insaturada (com uma ligação dupla na molécula), enquanto as gorduras, sólidas em temperatura ambiente, apresentam ácidos graxos saturados (apenas com ligações simples na molécula). Essas são as formas para armazenamento de energia. Representação química de moléculas de ácido graxo saturado, insaturado cis e insaturado trans. Os ácidos graxos insaturados podem ser classificados em monoinsaturados (com apenas uma ligação dupla), como o azeite de oliva, ou poli-insaturados (com mais de uma ligação dupla ao longo da cadeia), como o ômega 3. 4 Biologia Colesterol O colesterol é um lipídio esteroide exclusivo de células animais, tendo em sua estrutura um radical de hidrocarbonetos apolar. Representação química (A) e esquemática (B, C) de uma molécula de colesterol, indicando também as estruturas polares, apolares e os anéis esteroides. O colesterol pode ser sintetizado no fígado ou ingerido através da alimentação (apenas alimentos de origem animal). Para ser transportado no sangue, e também para transportar outros lipídios para o corpo, ele forma as lipoproteínas, que são associações de colesterol, triglicerídeos e proteínas do tipo apoproteína. As lipoproteínas variam de densidade e de tamanho, e podem ser o VLDL, LDL e HDL. Moléculas de lipoproteínas e seus componentes • VLDL: Do inglês “very low density lipoprotein”, traduzido literalmente por lipoproteína de muito baixa densidade. Possui um grande tamanho e é produzida no fígado para transportar principalmente triglicerídeos pelo corpo. Junto com o LDL, quando está em altas quantidades no organismo, é uma das responsáveis pela formação de placas de ateroma, que entopem os vasos sanguíneos. Quando perde os triglicerídeos para os tecidos, a molécula de VLDL se transforma em uma molécula de LDL. 5 Biologia • LDL: Do inglês “low density lipoprotein”, traduzido literalmente por lipoproteína de baixa densidade. Ela fica circulando no sangue para fazer o transporte de lipídios (colesterol e triglicerídeos), levando a gordura do fígado para o corpo. Porém, devido a sua baixa densidade, pode se prender às paredes dos vasos sanguíneos e causar entupimento. É conhecida popularmente como “mau” colesterol. Vasos sanguíneos em condição normal e quando há acúmulo de colesterol em sua parede. • HDL: Do inglês “high density lipoprotein”, traduzido literalmente por lipoproteína de alta densidade, é uma molécula capaz de absorver os cristais de colesterol que estão depositados nas artérias, removendo-os e transportando-os de volta ao fígado para ser eliminado. É conhecido popularmente como “bom” colesterol. Esquema da ação das lipoproteínas no nosso organismo. Proteínas no nosso organismo. 6 Biologia Exercícios de fixação 1. Quais os dois principais lipídios que ajudam a formar a membrana celular: a) Fosfolipídio e cerídeo b) Colesterol e fosfolipídio c) Triglicerídeo e colesterol 2. Que estrutura celular apresenta composição lipídica? a) Bainha de mielina b) Vacúolo c) Parede celular 3. Cite três funções dos lipídios nos animais. 4. Que lipídios são sólidos em temperatura ambiente? a) Ácidos graxos saturados b) Ácidos graxos insaturados cis c) Ácidos graxos insaturados trans 5. É totalmente correto chamar o LDL de mau colesterol? Justifique. 7 Biologia Exercícios de vestibular 1. “Dentre os tipos de esteróides, grupo particular de lipídios, é o mais abundante nos tecidos animais. Está na composição da membrana plasmática das células animais. É produzido em nosso próprio corpo, principalmente no fígado. Trata-se de composto químico, precursor da vitamina D e dos hormônios estrógeno e testosterona.” O texto refere-se a a) Caroteno. b) Colesterol.c) Triglicerídeo. d) Glicogênio. e) Glicerol. 2. O colesterol é um esteroide que constitui um dos principais grupos de lipídios. Com relação a esse tipo particular de lipídio, é correto afirmar que: a) O colesterol é encontrado em alimentos tanto de origem animal como vegetal (por ex: manteigas, margarinas, óleos de soja, milho, etc.) uma vez que é derivado do metabolismo dos glicerídeos. b) Na espécie humana, o excesso de colesterol aumenta a eficiência da passagem do sangue no interior dos vasos sanguíneos, acarretando a arteriosclerose. c) O colesterol participa da composição química das membranas das células animais e é precursor dos hormônios sexuais masculino (testosterona) e feminino (estrógeno). d) Nas células vegetais, o excesso de colesterol diminui a eficiência dos processos de transpiração celular e da fotossíntese. e) O colesterol sempre é danoso ao organismo vivo seja ele animal ou vegetal. 8 Biologia 3. O colesterol e os triglicerídeos são lipídios muito importantes na composição dos organismos vivos pois eles são componentes das membranas plasmáticas, ajudam na absorção de impactos e no controle da temperatura corporal e como matéria-prima para síntese de hormônios esteroides. Devido a natureza apolar, essas substâncias são transportadas na corrente sanguínea em estruturas denominadas de lipoproteínas. A estrutura básica das lipoproteínas é idêntica, variando somente de tamanho e proporção entre os seus componentes. A fração proteica é composta por apoproteínas, enquanto que a parte lipídica é formada por colesterol, triglicerídeos e fosfolipídios, conforme mostra a figura a seguir. Esse arranjo característico se deve ao fato de os fosfolipídios da lipoproteína: a) Serem inteiramente solúveis em água, ou seja, polar. b) Serem solúveis em solução aquosa, ou seja, apolar. c) Possuírem uma parte hidrofílica e outra hidrofóbica, ou seja, anfipática. d) Comportassem como ácidos e bases, ou seja, serem anfotérica. e) Possuírem duplas ligações em sua estrutura, ou seja, serem insaturados. 9 Biologia 4. A fluidez da membrana celular é caracterizada pela capacidade de movimento das moléculas componentes dessa estrutura. Os seres vivos mantêm essa propriedade de duas formas: controlando a temperatura e/ou alterando a composição lipídica da membrana. Neste último aspecto, o tamanho e o grau de insaturação das caudas hidrocarbônicas dos fosfolipídios, conforme representados na figura, influenciam significativamente a fluidez. Isso porque quanto maior for a magnitude das interações entre os fosfolipídios, menor será a fluidez da membrana. Representação simplificada da estrutura de um fosfolipídio Assim, existem bicamadas lipídicas com diferentes composições de fosfolipídios, como as mostradas de I a V. Qual das bicamadas lipídicas apresentadas possui maior fluidez? a) I b) II c) III d) IV e) V 5. Há alguns meses, foi lançado no mercado um novo produto alimentício voltado para o consumidor vegetariano: uma bebida sabor iogurte feita à base de leite de soja. À época, os comerciais informavam tratar-se do primeiro iogurte totalmente isento de produtos de origem animal. Sobre esse produto, pode- se dizer que é isento de: a) colesterol e carboidratos. b) lactose e colesterol. c) proteínas e colesterol. d) proteínas e lactose. e) lactose e carboidratos 10 Biologia 6. O uso de óleos vegetais na preparação de alimentos é recomendado para ajudar a manter baixo o nível de colesterol no sangue. Isso ocorre porque esses óleos: a) têm pouca quantidade de glicerol. b) são pouco absorvidos no intestino. c) são pobres em ácidos graxos saturados. d) têm baixa solubilidade no líquido extracelular. e) dissolvem o colesterol. 7. Os lipídios são considerados grandes vilões da saúde humana, o que não é verdade. É preciso lembrar de que esses compostos desempenham importantes funções biológicas. Com relação aos lipídios pode-se afirmar corretamente que a) os fosfolipídios revestem a membrana dos neurônios, facilitando a condução do impulso nervoso. b) as gorduras são predominantemente de origem animal e têm cadeia insaturada, enquanto os óleos são predominantemente saturados. c) os carotenoides, presentes em certos vegetais, são precursores da vitamina D, cuja carência causa o raquitismo. d) os esteroides são derivados do colesterol e alguns deles atuam com papel hormonal. e) alguns deles como a queratina e a melanina têm papel estrutural enquanto outros, como a cortisona, têm ação anti-inflamatória. 8. Acredita-se que 75% das mortes no mundo são causadas por doenças crônicas, como diabetes, câncer e complicações cardíacas (Diet, nutrition and the prevention of cronic diseases). A comida, sobretudo a industrializada, tem sido apontada como a principal causa dessas enfermidades. A molécula de colesterol, considerada prejudicial em grandes quantidades, e as moléculas constituintes dos lipídios considerados “bons” para a saúde, são, respectivamente, a) colesterol HDL; ácidos graxos insaturados. b) colesterol HDL; ácidos graxos saturados. c) colesterol HDL; ácidos graxos poli-insaturados. d) colesterol LDL; ácidos graxos saturados. e) colesterol LDL; ácidos graxos linoleico e oleico. 9. A ingestão de alimentos muito gordurosos leva a um aumento no nível de colesterol no sangue, fazendo com que este seja considerado um vilão para a saúde das pessoas. No entanto, em quantidades adequadas, o colesterol é necessário ao organismo humano porque: a) Acelera a velocidade das reações biológicas. b) É um precursor dos hormônios insulina e glucagon. c) Constitui a principal fonte de energia celular. d) Faz parte da estrutura da membrana biológica de células. e) É o principal composto utilizado na fermentação 11 Biologia 10. As moléculas mais utilizadas pela maioria das células para os processos de conversão de energia e produção de ATP (trifosfato de adenosina) são os carboidratos. Em média, um ser humano adulto tem uma reserva energética na forma de carboidratos que dura um dia. Já a reserva de lipídeos pode durar um mês. O armazenamento de lipídeos é vantajoso sobre o de carboidratos pelo fato de os primeiros terem a característica de serem: a) isolantes elétricos. b) pouco biodegradáveis. c) saturados de hidrogênios. d) majoritariamente hidrofóbicos. e) componentes das membranas. 12 Biologia Gabaritos Exercícios de fixação 1. B Os fosfolipídios fazem a composição básica da membrana celular, e o colesterol ajuda a manter a fluidez desta. 2. A A bainha de mielina é uma estrutura celular presente em neurônios, e sua composição básica é de lipídios. 3. Na resposta, pode-se citar: impermeabilidade, fluidez da membrana, formação de hormônios, isolante térmico, fonte de energia, transporte de vitaminas. 4. A Os ácidos graxos saturados são as gorduras, sólidas em temperatura ambiente. 5. Apesar do LDL causar problemas de saúde, não é correto, pois ele apresenta a importante função de levar lipídios aos tecidos. Exercícios de vestibular 1. D O colesterol é um lipídio do tipo esteroide, componente importante dos hormônios sexuais e da vitamina D. 2. C O colesterol é importante na formação das membranas celulares de células animais, além de compor os chamados hormônios esteroides, como testosterona e progesterona. 3. C Os fosfolipídios apresentam uma cabeça hidrofílica e uma cauda hidrofóbica, sendo consideradas moléculas anfipáticas. 4. B De acordo com o texto, quanto maior for a magnitude das interações entre os fosfolipídios, menor será a fluidez da membrana. Invertendoo raciocínio: quanto menor for a magnitude das interações entre os fosfolipídios, maior será a fluidez da membrana. Ao analisar as figuras, percebe-se que a insaturação diminui o contato entre as camadas, por isso, quanto menor o contato (maior a quantidade de insaturações), maior será a fluidez, e isso ocorre na figura II. 5. B A lactose está presente no leite, normalmente o de vaca, utilizado na produção de iogurtes. Além disso, o colesterol é constituinte da membrana celular animal, e a ausência de derivados animais também leva à ausência desse composto. 13 Biologia 6. C Os óleos de origem vegetal apresentam grande quantidade de ácidos graxos insaturados, ou seja, possuem uma ligação dupla entre a sequência de carbonos. 7. D A: Os fosfolipídios formam a membrana celular de todas as células, porém eles não são responsáveis e nem estão relacionados com a condução do impulso nervoso. O impulso nervoso ocorre por conta da presença de canais de sódio, quando há a despolarização e a transmissão do impulso, e pela ação da bomba de sódio e potássio, que mantém a célula polarizada. B: As gorduras são lipídios glicerídeos saturados (normalmente sólidos em temperatura ambiente), enquanto os óleos são insaturados (normalmente líquidos em temperatura ambiente). C: Os carotenoides são precursores da vitamina A, que, quando em falta, causam a cegueira noturna. D: (Resposta correta) Os lipídios esteroides apresentam uma cadeia complexa, sendo formados a partir de alterações de moléculas de colesterol. Alguns esteroides formam os hormônios sexuais, como testosterona, estrogênio e progesterona. E: A queratina e a melanina são proteínas, e não lipídios, com função estrutural. 8. E O LDL é o colesterol ruim, que pode se acumular nas paredes dos vasos sanguíneos, dificultando o fluxo. Já os ácidos mono e poli-insaturados são considerados bons para a saúde (ex.: olho de soja, azeite de oliva). 9. D O colesterol participa da formação da membrana celular dos animais, ajudando a manter a fluidez da membrana. 10. D Por serem hidrofóbicos, os lipídios não se dissolvem nem são excretados com facilidade. 8 Biologia Relações ecológicas desarmônicas Teoria A ecologia pode ser dividida em dois ramos de estudos: a ecobiose, que estuda a relação dos seres vivos com o meio ambiente e a alelobiose, que são as relações ecológicas dos seres vivos entre eles. As relações ecológicas podem ser harmônicas (nenhum dos indivíduos são prejudicados) ou desarmônicas (pelo menos um dos indivíduos é prejudicado). Ainda, podem ser intraespecíficas (mesma espécie) ou interespecíficas (espécies diferentes). São utilizados os símbolos de positivo + (para indicar uma vantagem na relação), de negativo – (para indicar um prejuízo para o indivíduo) e o 0 (representando uma indiferença na relação, ou seja, não se afeta nem positivamente nem negativamente). Veja a seguir uma tabela, resumindo as principais relações ecológicas desarmônicas: Relações desarmônicas Intraespecíficas Canibalismo (+,-) Competição (-,-) Interespecíficas Amensalismo (0,-) Parasitismo (+,-) Herbivoria (+,-) Predatismo (+,-) Esclavagismo (+,-) Competição (-,-) Relações Desarmônicas Intraespecíficas Canibalismo (+,-): Nesta relação, um ser se alimenta de outro da mesma espécie. Pode estar relacionado a comportamentos reprodutivos, como em alguns artrópodes como o louva-deus e a viúva-negra (onde as fêmeas se alimentam dos machos após a cópula para obter energia para o desenvolvimento dos filhotes). Pode ocorrer também canibalismo por conta de estresse, devido ao aumento exagerado da população, observado como exemplo em algumas populações de ursos polares devido à baixa disponibilidade de alimento pela perda de habitat. Louva-deus fêmea comendo a cabeça de um louva-deus macho, em uma relação de canibalismo 8 Biologia Relações Desarmônicas Interespecíficas Competição intraespecífica (-,-): relação em que dois seres da mesma espécie competem por recursos (ex.: água, alimento, luz), espaço ou para a reprodução. Nesta relação ambos saem perdendo mesmo que haja um vencedor devido ao esforço e gasto energético e de tempo que um ser teve para ganhar a competição. Dois cervos machos da mesma espécie competindo por um recurso. Pela biologia deste animal, podemos supor que eles estão competindo por território ou por fêmeas para copular. Amensalismo (0,-): Também conhecido como antibiose. Uma espécie causa prejuízos para o desenvolvimento ou mesmo para a sobrevivência de outra espécie. Dentre os exemplos podemos citar o fungo Penicillium que secreta uma substância que inibe o desenvolvimento de bactérias e é usado como antibiótico, e também a maré vermelha, onde a super proliferação de algas dinoflageladas libera toxinas na água, e isso afeta a fauna marinha, podendo levar alguns organismos a morte. O fungo, em seu metabolismo usual, libera certas substâncias que são tóxicas para as bactérias, causando prejuízo a elas. Carrapato é um exemplo de ectoparasita. Parasitismo (+,-): Um ser parasita se beneficia do outro, chamado de hospedeiro. Nesta relação, não é interessante para o parasita matar o seu hospedeiro, pois como o parasita depende das atividades metabólicas do outro, caso o hospedeiro morra, o parasita também irá morrer. Os parasitas podem viver fora do corpo do hospedeiro (ectoparasitas, como piolhos e pulgas) ou dentro do corpo (endoparasitas, como a solitária ou o bicho geográfico). Todos os vírus são classificados como parasitas. 8 Biologia Nas plantas, podemos classificar os parasitas como holoparasitas (não realizam fotossíntese, e parasitam roubando a seiva elaborada, com glicose, de seu hospedeiro, como o cipó-chumbo) ou hemiparasitas (realizam fotossíntese, mas parasitam o hospedeiro roubando a seiva bruta, com água e sais minerais, como a erva-de-passarinho). Também temos os animais que são parasitoides, que causam indiretamente a morte de seu hospedeiro. Estes animais depositam ovos nos hospedeiros e esses ovos se desenvolvem. Quando os ovos eclodem, as larvas comem o hospedeiro para obter nutrientes, levando a sua morte. Os parasitoides são bastante estudados para realizar controle biológico de pragas em plantações. Herbivoria (+.-): Ocorre quando um animal se alimenta se uma planta ou de parte dela. Os elefantes são exemplos de animais herbívoros, ou seja, aqueles que só realizam a herbivoria. Esquema indicando como ocorre o parasitismo entre plantas, pela entrada da raiz no tronco da hospedeira. Himenóptero parasitoide colocando ovos no hospedeiro. Elefante em seu habitat alimentando-se 8 Biologia Predatismo (+,-): Também visto como predação. Ocorre quando um ser vivo de uma espécie mata o outro de outra espécie para se alimentar. Esclavagismo (+,-): Quando um ser vivo se aproveita das atividades, do trabalho ou de produtos produzidos por outros seres vivos. São exemplos as aves fragatas, que roubam peixes capturados por gaivotas para se alimentar, os cucos, onde ovos de cucos são colocados em ninhos de outras aves para que outros indivíduos cuidem e alimentem os filhotes. Competição interespecífica (-,-): Assim como a competição intraespecífica, a competição entre organismos de espécies diferentes é prejudicial para todos os envolvidos devido ao custo energético. A competição aqui pode ocorrer por sobreposição de nicho ecológico, como exemplo animais carniceiros, como as hienas e os urubus, competindo peloresto de uma carne. Quando há competição, podemos ter o princípio de Gaus, também chamado de princípio da exclusão competitiva. Leoa predando uma zebra. Cuco (maior, esquerda) sendo alimentado pela “mãe adotiva” (menor, direita) em uma relação de esclavagismo. Abutre e coiote competindo por uma carcarça 8 Biologia Nesses casos, espécies com grande sobreposição de nicho apresentam uma competição intensa. Nesses casos, podemos observar um dentre os três diferentes resultados: ● Uma das espécies é extinta do local; ● Uma das espécies migra para outro habitat; ● Uma ou todas as espécies alteram seu nicho ecológico para evitar a competição. Para evitar a competição, cada espécie de passarinho realiza seu nicho em locais diferentes de uma mesma árvore. 8 Biologia Exercícios 1. No Brasil, cerca de 80% da energia elétrica advém de hidrelétricas, cuja construção implica o represamento de rios. A formação de um reservatório para esse fim, por sua vez, pode modificar a ictiofauna local. Um exemplo é o represamento do Rio Paraná, onde se observou o desaparecimento de peixes cascudos quase que simultaneamente ao aumento do número de peixes de espécies exóticas introduzidas, como o mapará e a corvina, as três espécies com nichos ecológicos semelhantes. PETESSE, M. L.: PETRERE JR., M. Ciência Hoje. São Paulo, n. 293, v. 49. jun, 2012 (adaptado). Nessa modificação da ictiofauna, o desaparecimento de cascudos é explicado pelo(a) a) redução do fluxo gênico da espécie nativa. b) diminuição da competição intraespecífica. c) aumento da competição interespecífica. d) isolamento geográfico dos peixes. e) extinção de nichos ecológicos. 2. Os vaga-lumes machos e fêmeas emitem sinais luminosos para se atraírem para o acasalamento. O macho reconhece a fêmea de sua espécie e, atraído por ela, vai ao seu encontro. Porém, existe um tipo de vaga-lume, o Photuris, cuja fêmea engana e atrai os machos de outro tipo, o Photinus, fingindo ser desse gênero. Quando o macho Photinus se aproxima da fêmea Photuris, muito maior que ele, é atacado e devorado por ela. A relação descrita no texto, entre a fêmea do gênero Photuris e o macho do gênero Photinus, é um exemplo de: a) comensalismo. b) inquilinismo. c) cooperação. d) predatismo. e) mutualismo. 3. Os macacos vermelhos do Quênia apresentam tempo de vida em torno de 4 a 5 anos no ambiente natural e podem viver até 20 anos em cativeiro. Uma possível explicação para este fato poderia ser a ausência, em cativeiro, de uma das relações ecológicas abaixo relacionadas. Assinale a relação ecológica cuja ausência em cativeiro pode explicar corretamente este fato: a) Predatismo. b) Inquilinismo. c) Mutualismo. d) Simbiose. e) Comensalismo. 8 Biologia 4. Existem certas espécies de árvores que produzem substâncias que, dissolvidas pela água das chuvas e levadas até o solo, vão dificultar muito o crescimento de outras espécies vegetais, ou até mesmo matar as sementes que tentam germinar. Esse tipo de comportamento caracteriza o a) mutualismo. b) comensalismo. c) saprofitismo. d) amensalismo. e) Protocooperação 5. As cutias, pequenos roedores das zonas tropicais, transportam pela boca as sementes que caem das árvores, mas, em vez de comê-las, enterram-nas em outro lugar. Esse procedimento lhes permite salvar a maioria de suas sementes enterradas para as épocas mais secas, quando não há frutos maduros disponíveis. Cientistas descobriram que as cutias roubam as sementes enterradas por outras, e esse comportamento de “ladroagem” faz com que uma mesma semente possa ser enterrada dezenas de vezes. (Disponível em: http://chc.cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012.) Essa “ladroagem” está associada à relação de: a) sinfilia. b) predatismo. c) parasitismo. d) competição. e) comensalismo. 6. Sr. José Horácio, um morador de Ipatinga, MG, flagrou uma cena curiosa, filmou-a e mandou-a para um telejornal. Da ponte de um lago no parque da cidade, pessoas atiravam migalhas de pão aos peixes. Um socozinho (Butorides striata), ave que se alimenta de peixes, recolhia com seu bico algumas migalhas de pão e as levava para um lugar mais calmo, à beira do lago e longe das pessoas. Atirava essas migalhas “roubadas” no lago e, quando os peixes vinham para comê-las, capturava e engolia esses peixes. Sobre os organismos presentes na cena, pode-se afirmar que a) o socozinho é um parasita, os homens e os peixes são os organismos parasitados. b) o socozinho é um predador, que pode ocupar o terceiro nível trófico dessa cadeia alimentar. c) o homem é produtor, os peixes são consumidores primários e o socozinho é consumidor secundário. d) os peixes e o socozinho são consumidores secundários, enquanto o homem ocupa o último nível trófico dessa cadeia alimentar. e) os peixes são detritívoros e o socozinho é consumidor primário 8 Biologia 7. As orquídeas e a erva de passarinho são plantas que fazem fotossíntese e vivem sobre outras plantas. As orquídeas apenas se apoiam sobre as plantas, enquanto a erva de passarinho retira água e sais minerais das árvores em que vivem. A diferença é que a primeira não consome os recursos da planta hospedeira, enquanto a segunda retira recursos para seu desenvolvimento. Assinale a alternativa correta quanto às relações da erva de passarinho e das orquídeas com as plantas hospedeiras, respectivamente a) amensalismo e parasitismo b) parasitismo e epifitismo c) parasitismo e predatismo d) parasitismo e protocoperação e) protocoperação e epifitismo. 8. A construção de cidades altera as condições ambientais de uma área natural, provocando a substituição da comunidade biótica original por uma comunidade composta por espécies nativas do local e espécies exóticas (trazidas pelo homem de outras partes do mundo). Nesta nova comunidade, as espécies exóticas interagem com as espécies locais, podendo prejudicá-las, beneficiá-las ou, mesmo, não afetá-las significativamente. Os gatos domésticos, por exemplo, podem comer os ovos de espécies de aves que nidifiquem no chão, ou próximo dele, exterminando-as, assim, de áreas pequenas. Se a área original fosse coberta por uma floresta, algumas de suas plantas e animais nativos poderiam permanecer em parques, enquanto outros desapareceriam. Outras plantas poderiam ser utilizadas em projetos de paisagismo ou de arborização das vias públicas. Contudo, as populações da maioria destas espécies seriam menores e os seus indivíduos estariam mais dispersos espacialmente. Consequentemente, os indivíduos de uma dada espécie com população pequena poderiam apresentar um maior grau de parentesco e, por serem mais semelhantes, sua espécie poderia ter uma menor probabilidade de adaptação frente a variações ambientais. Neste novo contexto, no entanto, as interações entre as espécies e entre elas e o meio abiótico continuariam desempenhando um papel fundamental para a manutenção da comunidade. A reprodução de determinadas espécies vegetais, por exemplo, continuaria dependendo do serviço prestado por animais polinizadores (como morcegos e beija-flores) e dispersores de sementes (como sabiás e bem-te-vis). Quais das interações abaixo, entre espécies exóticas e nativas, podem causar prejuízos para estas últimas? a) Comensalismo, inquilinismo e mutualismo. b) Comensalismo, parasitismo e predação. c) Competição, mutualismo e predação. d) Competição, parasitismo e predação. e) Competição, predação e neutralismo. 8 Biologia 9. X, Y, e Z são diferentes espécies de bactérias aeróbicas heterotróficas. X e Z conseguem viver somente em presença de alta luminosidade, próximas à superfície do meio de cultura, e Y só vive em baixa luminosidade,imersa no meio de cultura. Um pesquisador realizou o seguinte experimento: No recipiente I, implantou uma colônia de bactéria X na superfície e uma colônia de bactéria Y no interior do meio de cultura. No recipiente II, realizou o mesmo procedimento, desta vez com colônias de bactérias X e Z, ambas implantadas na superfície do meio de cultura. Todas as colônias possuíam número semelhante de indivíduos e suprimento alimentar distribuído homogeneamente nos recipientes. Os resultados da multiplicação das colônias ao longo do tempo encontram-se expressos nos dois gráficos a seguir Usando exclusivamente as informações fornecidas, podese dizer corretamente que a) X e Y competem pelo alimento, porém, ambas são igualmente bem-adaptadas na obtenção do mesmo. A bactéria Z, por sua vez, não é capaz de competir com X nem com Y, pois apresenta baixa capacidade adaptativa. b) X e Y possuem o mesmo nicho ecológico e possuem habitats diferentes, não ocorrendo competição por alimento. X e Z, por sua vez, possuem nichos muito distintos, mas mesmo habitat, o que promove a competição e a eliminação do menos apto. c) X e Y apresentam uma relação mutualística, em que cada uma se beneficia da convivência com a outra e, por isso, ambas se desenvolvem. X e Z apresentam comportamento de predação de Z por X, o que leva à eliminação da colônia. d) X e Y ocupam nichos ecológicos muito distintos e, embora o alimento seja o mesmo, há baixa competição por ele. X e Z, em contrapartida, ocupam nichos semelhantes, havendo competição e eliminação de Z, que demonstra ser menos apta que X para obter alimento. e) X e Y apresentam uma relação de comensalismo, em que Y se beneficia dos restos de alimento deixados por X. Por sua vez, Z é predada por X até a completa eliminação da colônia. 8 Biologia 10. Assinale a alternativa que indica um desenho experimental que permite verificar se existe competição entre duas espécies por um mesmo recurso. a) Aumentar o recurso e verificar qual das duas espécies apresenta maior crescimento populacional. b) Remover uma das espécies e verificar a flutuação populacional da outra. c) Inserir uma espécie exótica no ambiente e verificar qual das duas espécies apresenta maior crescimento populacional. d) Selecionar alguns indivíduos de cada uma das espécies e estudar seus hábitos em relação ao mesmo recurso. e) Trocar o recurso em questão por outro tipo de recurso e verificar qual das duas espécies apresenta maior crescimento populacional. Sua específica é biológicas e quer continuar estudando esse assunto? Clique aqui para fazer uma lista de exercícios extras. https://dex.descomplica.com.br/enem/biologia/exercicios-relacoes-ecologicas-desarmonicas/questao/1 8 Biologia Gabaritos 1. C O aumento de espécies exóticas fará com que elas compitam com as nativas por recursos, nutrientes, espaço, etc. 2. D Vagalumes do gênero Photuris se alimenta do macho do gênero Photinus, um caso de predação. 3. A A predação poderia controlar a população de macacos, fazendo com que eles não conseguissem viver por tanto tempo. 4. D Quando uma espécie inibe o desenvolvimento de outra, porém sem ter um ganho efetivo com isso, trata- se de um caso de amensalismo. 5. D A “ladroagem” entre cotias determina uma competição intraespecífica por alimento entre elas. 6. B O socozinho preda o peixe, podendo se tornar um consumidor secundário se este peixe por consumidor primário, assim ocupando o terceiro nível trófico. 7. B A tentativa de alcançar locais mais altos e mais iluminados, sem se aproveitar de recursos da planta hospedeira é conhecida como epifitismo. Entretanto, a partir do momento que há a retirada de água e sais minerais, a erva de passarinho passa a ser um parasita do tipo hemiparasita. 8. D Somente a letra D indica apenas relações ecológicas desarmônicas, que poderiam impactar e causar danos à espécies nativas. 9. D Com os gráficos disponíveis, podemos saber apenas as relações entre X e Y e entre X e Z. Como é um ambiente experimental, todas as populações têm a possibilidade de crescer ao máximo populacional, já que tem espaço e alimento disponível. Logo, se a população não cresce até o máximo, existe algum fator negativo interferindo – no caso é a disponibilidade de alimento, compartilhada pelos organismos. No caso do recipiente 1, X e Y apresentam nichos diferentes (X vive na superfície e Y imersa na cultura) logo há uma baixa competição entre eles apenas pela disponibilidade de alimento. Já no recipiente 2, além do alimento, X e Z também competem por habitat (afinal ambas vivem na superfície), sendo que X acaba ganhando a competição em relação a Z. 10. B Espécies em competição apresentam o crescimento populacional mais lento e reduzido. Caso separássemos duas espécies que vivem juntos, e a flutuação populacional for estudada, podemos descobrir se havia competiçaõ ou não – caso houvesse competição, a população das espécies iria aumentar. 1 História As reformas religiosas e a Inquisição Resumo Desde o início da Idade Média, após a expansão do cristianismo, era frequente o surgimento de heresias, ou seja, doutrinas que contrariavam os dogmas (verdades inquestionáveis) estabelecidos pela Igreja Católica. Para evitar o avanço dos chamados “hereges” foi criado, no século XIII, os Tribunais de Inquisição, cuja função era descobrir e julgar os casos de heresia. Os Tribunais de Inquisição atuaram em vários países da Europa e, após a expansão marítimo-comercial, também em áreas coloniais. Destacaram-se Itália, Sacro Império, França, Portugal e, principalmente, a Espanha, onde a Inquisição foi mais atuante. Os suspeitos de ‘heresia” eram perseguidos e julgados, e aqueles que eram condenados, cumpriam as penas que podiam variar desde prisão temporária ou perpétua até a morte na fogueira, onde os condenados eram queimados vivos em plena praça pública. Muitos pensadores e cientistas também foram perseguidos pelo tribunal. Eles, em geral, defendiam ideias contrárias a concepção cristã, cujas verdades eram tidas como “inquestionáveis”. Temos, como exemplo, Galileu Galilei, que escapou por pouco da fogueira por afirmar que o planeta Terra girava ao redor do Sol (heliocentrismo). A sua teoria se opunha a concepção religiosa da época de que a terra seria plana e o centro do universo. A fogueira era o destino de muitos ‘hereges’. As mulheres também sofreram com a inquisição. Os inquisidores consideravam bruxaria todas as práticas que envolviam a cura através de chás e muitas mulheres eram, devido a isso, consideradas “bruxas”. As supostas bruxas foram, muitas vezes, perseguidas e lavadas a fogueira pela Inquisição. 2 História Exercícios 1. A Igreja foi uma poderosa instituição medieval. Porém, os conflitos e diferenças existentes, tornaram-se tão intensos nos séculos XV e XVI, que acabaram gerando uma divisão na cristandade, por meio da Reforma Protestante. Dentre os fatores que contribuíram para a Reforma Protestante do século XVI, destaca-se: a) a insatisfação de mercadores e comerciantes em relação à postura da Igreja, que condenava a usura e a cobiça. b) o apoio dos Estados Nacionais à Igreja, em virtude de sua influência política nas questões locais. c) a condenação da exploração feudal praticada por nobres católicos sobre os camponeses. d) a revolta da nobreza de Toga contra os abusos praticados pelo rei em relação à Igreja. e) a criação do Tribunal da Santa Inquisição para reprimir crimes cometidos contra o Estado. 2. No período da Idade Moderna, ocorreram revoluções nas duas margens do Oceano Atlântico. A Revolução Puritana inglesa precedeu às Revoluções do século XVIII em inúmeros aspectos, realizando parte de seu conteúdo histórico, a) vinculandoo poder político à ética religiosa e consolidando o poder absolutista da monarquia. b) favorecendo o desenvolvimento econômico e modificando as relações dos grupos sociais com o Estado. c) impedindo o Cerceamento dos Campos Comuns e mantendo preservada a comunidade camponesa. d) completando uma revolução pacífica e garantindo a independência da Irlanda e da Escócia. e) bloqueando o crescimento do mercado capitalista e regulamentando a produção artesanal 3. O relaxamento dos deveres do alto clero católico, as suas atitudes mundanas e a prática da simonia, isto é, da venda de cargos e indulgências, acabaram por exigir novos caminhos de fé. Assim, na Alemanha, no século XVI, tais práticas geraram uma reação que ficou conhecida como: a) cristianização dos judeus b) reforma protestante c) inquisição católica d) catequese jesuíta e) movimento hussita 3 História 4. O reformador protestante que ensinou que o pagamento de juros é natural e que o capital, crédito e bancos, assim como o grande comércio seriam desejados por Deus, criando assim uma ética coerente com o capitalismo foi: a) Martim Lutero, o iniciador da Reforma. b) João Calvino, defensor da predestinação. c) Erasmo de Roterdã, filósofo e escritor renascentista. d) Thomas Morus, autor de Utopia, ensaio de como seria uma sociedade solidária. e) Michel de Montaigne, filósofo francês renascentista. 5. A partir do início da Idade Moderna o Protestantismo se expandiu por toda a Europa. Vários países como a Inglaterra e a Suíça se desligaram da Igreja Católica, que perdeu boa parte de seus bens. Numa tentativa de conter a expansão do Protestantismo, alguns papas tentaram promover uma reformulação moral, política e econômica na Igreja Católica. É nesse contexto que é realizado o Concílio de Trento, a fundação da Companhia de Jesus e o Tribunal da Santa Inquisição. O texto acima se refere ao processo conhecido como: a) Reforma Calvinista. b) Reforma Protestante. c) Contrarreforma. d) Reforma Absolutista. e) Reforma Luterana. 6. No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou Antônia Nóbrega à Inquisição. Segundo o depoimento, esta lhe dava “uns pós não sabe de quê, e outros pós de osso de finado, os quais pós ela confessante deu a beber em vinho ao dito seu marido para ser seu amigo e serem bem-casados, e que todas estas coisas fez tendo-lhe dito a dita Antônia e ensinado que eram coisas diabólicas e que os diabos lha ensinaram”. ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Brasília: UnB/José Olympio, 1997. Do ponto de vista da Inquisição: a) o problema dos métodos citados no trecho residia na dissimulação, que acabava por enganar o enfeitiçado. b) o diabo era um concorrente poderoso da autoridade da Igreja e somente a justiça do fogo poderia eliminá-lo. c) os ingredientes em decomposição das poções mágicas eram condenados porque afetavam a saúde da população. d) as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, pois eram perceptíveis suas tendências feministas. e) os cristãos deviam preservar a instituição do casamento recorrendo exclusivamente aos ensinamentos da Igreja. 4 História 7. Dos mais de mil acusados de práticas religiosas heréticas, a grande maioria encontrava-se na cidade do Rio de Janeiro. Entre as acusações, estava a prática de “judaizar”. Quem era suspeito de efetuar tal prática? a) Escravos malês b) Judeus hassídicos c) Huguenotes d) Cristãos-novos e) Puritanos 8. A partir do século XVI, a Igreja Católica teve um fortalecimento substantivo em Portugal, assim como na Espanha, o que se viu refletido na montagem do sistema colonial no Brasil, incluindo a implantação do Tribunal do Santo Ofício. Qual fator está ligado a esse fortalecimento do catolicismo português? a) ao movimento místico dos carmelitas descalçados. b) às imposições da Companhia de Jesus. c) à influência do radicalismo islâmico dos mouros. d) à Contrarreforma e) à Revolução dos Cravos. 9. Leia, atentamente, o trecho a seguir, através do qual o autor demonstra aspectos da realidade vivida por parte da população da Europa Ocidental, no início da Idade Moderna: "Chamava-se Domenico Scandella, conhecido por Menocchio. Nascera em 1532 (...), em Montereale, uma pequena aldeia nas colinas de Fruili (...). Era casado e tinha sete filhos; outros quatro haviam morrido (...). Em 28 de setembro de 1583 Menocchio foi denunciado ao Santo Ofício, sob a acusação de ter pronunciado palavras heréticas e totalmente ímpias sobre Cristo." (GINZBURG, C. "O queijo e os Vermes"). Agora, leia as afirmativas adiante e, em seguida, marque a alternativa CORRETA. I. O trecho acima aponta para a atuação da Inquisição como meio de julgar e punir aqueles que fossem suspeitos de difundir ideias e práticas religiosas contrárias à fé católica. II. Para além das grandes transformações pelas quais a Europa estava passando, com o desenvolvimento da vida urbana e instituições comerciais, grandes contingentes populacionais viviam sob péssimas condições de vida, perceptíveis nas variações demográficas da instituição familiar. III. Nesse período, grandes contingentes de camponeses migravam para as áreas urbanas e ingressavam no trabalho fabril, submetendo-se a longas jornadas de trabalho e a baixos salários. a) Todas estão corretas. b) Todas estão incorretas. c) Apenas a I e a II estão corretas. d) Apenas a I e a III estão corretas. e) Apenas a II e III estão corretas. 5 História 10. Em janeiro de 1592, Brás Dias, mameluco, natural da cidade da Bahia, confessou perante a Mesa da Santa Inquisição que, durante quatro ou cinco anos, andando pelo sertão, fizera parte, junto com os gentios, de uma seita chamada Santidade, que funcionava na fazenda de Fernão Cabral, em Jaguaripe. A seita era dirigida por um índio chamado Antônio, que tinha sido criado pelos jesuítas nas missões. Entre outras coisas, esse Antônio, que era casado, batizava os próprios filhos, utilizando duas candeias acesas e um prato d água, e chamavam a si próprios com os nomes de Jesus e de Santa Maria. Nos cultos, celebrados ao pé de cruzes metidas no chão em montes de pedra, uivavam e se comportavam como macacos, sem regras nem ordem, cometendo vários deslizes heréticos. (Texto baseado em documentos transcritos de VAINFAS, Ronaldo [Org.] "Confissões da Bahia". São Paulo: Companhia da Letras, 1997.) Esse testemunho demonstra que: a) os missionários indígenas formados nas reduções jesuíticas reproduziam com perfeição os ritos católicos por toda a Colônia. b) a ação dos párocos, nos dilatados sertões da Colônia, levava a que os índios internalizassem os dogmas católicos aprendidos com os jesuítas. c) a religiosidade popular na Colônia se caracterizava pelo sincretismo e assimilava mais facilmente os aspectos exteriores do culto católico. d) os indígenas aceitavam livremente as regras e a ortodoxia dos preceitos do culto católico, dispondo- se a imitá-los mesmo no sertão mais bravio. e) os indígenas já haviam sido posto em contato com o cristianismo por meio da pregação de bispos da chamada Era Apostólica. 6 História Gabarito 1. A As ideias humanismo e o individualismo do renascimento influenciaram o protestantismo nas posturas da aceitação dos juros e do acumulo de capital. 2. B A revolução inglesa teve um cunho religioso e político. 3. B O exercício elenca diversas insatisfações comuns entre os germânicos com a igreja católica, sua reação veio através da reforma iniciada por Martinho Lutero. 4. B Calvino foi o reformador mais próximo da ideologia burguesa, afirmando que o acúmulo de riquezas materiais era um sinal de graça divina. 5. C A contrarreforma foi meio encontrado pela Igreja para recuperaros fiéis perdidos. 6. E As práticas mágicas, associadas ao demonismo, eram comuns no Brasil Colonial. O caso em questão demonstra o uso de uma feitiçaria praticada por uma mulher com fins aplicáveis ao casamento. Como, para a Igreja Católica, o casamento é um sacramento, permeado de orientações doutrinais, as práticas mágicas eram inteiramente condenáveis. 7. D Os cristãos-novos vieram para o Brasil ainda no século XVI. Muitos deles foram denunciados ao Tribunal do Santo Ofício de Lisboa. 8. D O movimento contrarreformista, desencadeado na segunda metade do século XVI, impulsionou reinos católicos, como Portugal e Espanha, a reafirmarem os fundamentos do catolicismo em seus territórios, quer na Metrópole, quer nas Colônias. 9. C No início da Idade Moderna, a Europa não possuía trabalho fabril e longas jornadas de trabalho em seus centros urbanos. Essa realidade só se fez presente na virada do século XVIII para o século XIX. 7 História 10. C A inquisição chegou ao Brasil, no período Colonial, em 1591, um ano antes do relato apresentado no trecho na questão. As investigações dos inquisidores no Brasil ajustavam-se ao processo de evangelização empreendido pelos jesuítas muitas décadas antes. 1 História A Conquista da América América Espanhola O processo de expansão marítima e comercial de reinos como Espanha e Portugal, durante o século XV, resultou em profundas mudanças no mundo, dentre elas, a chegada dos europeus na América. Entre os séculos XV e XIX, os colonizadores europeus construíram um complexo sistema de ocupação, administração e exploração do chamado Novo Mundo, que ao longo desses anos dizimou povos nativos, escravizou africanos, explorou riquezas e construiu identidades regionais que até então não existiam. A conquista da América Espanhola foi o processo de ocupação da América pelos espanhóis e consequente controle sobre as áreas até então ocupadas pelos povos nativos, entre os quais podemos destacar os pertencentes aos impérios Asteca e Inca. A primeira expedição de espanhóis à América chegou no dia 12 de outubro 1492, nas Ilhas Caraíbas (Antilhas) e foi liderada por Cristóvão Colombo. O famoso navegador genovês morreu em 1506, depois de fazer mais três viagens à América, no entanto, até o último momento, ele acreditou ter chegado às Índias. O erro seria corrigido alguns anos depois, pelo também navegador e cartógrafo Américo Vespúcio, que constatou que o território se tratava de um novo continente. Por isso, Américo Vespúcio foi homenageado após sua morte, em 1512, e o território foi batizado com o seu nome. Por muito tempo, no entanto, a América continuaria a ser chamada também de Índias Ocidentais. Inicialmente os aventureiros espanhóis não encontraram muitas riquezas que pudessem satisfazer as práticas mercantilistas que vigoravam nos Estados europeus. No entanto, o próprio Colombo já havia no final do século XV se empenhado na captura e escravidão de alguns nativos na América Central. Desta forma, outros exploradores também seguiram esse caminho e passaram a buscar no território riquezas e formas de explorar a população autóctone. Tendo em vista que os espanhóis contavam apenas com um limitado número de soldados em um território gigantesco, que os povos americanos resistiram à presença estrangeira e que o novo continente também era biologicamente hostil aos europeus, toda essa aventura não foi algo simples. Logo, para consolidar a ocupação e enfrentar a resistência dos povos nativos – que eram a imensa maioria – os espanhóis se aproveitaram de sua superioridade bélica, com a utilização de armas de fogo e cavalos. Na fase de conquista, a Coroa espanhola criou as haciendas, grandes extensões de terras que eram entregues a conquistadores, os adelantados, que tinham autonomia sobre a administração desses territórios. Assim, a violência foi uma marca desse processo de dominação, o que pode ser percebido através dos textos de Bartolomeu de Las Casas: “Seu lugar-tenente assassinou a muitos índios enforcando-os e queimando-os vivos. Lançando outros aos cães, cortando-lhes as mãos, a cabeça, a língua, estando eles em paz, isto somente para lhes incutir terror, a fim de que os servissem e lhes dessem ouro.” (LAS CASAS, Bartomlomé de. O paraíso destruído: A sangrenta história da conquista da América espanhola. Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 72.) 2 História Também podemos destacar a questão do medo, uma vez que alguns povos da América pensavam que os espanhóis eram a encarnação de deuses. Os Astecas, por exemplo, acreditavam que os conquistadores liderados por Hernán Cortés eram mensageiros de Quetzacoatl. Enfim, a vitória espanhola também pode ser explicada pela questão biológica e pelas alianças militares. Assim, a disseminação de doenças que não existiam na América, provocando epidemias fatais aos nativos e a aliança com povos dominados pelo Império Asteca e Inca, estimulando as desavenças que já existiam entre os nativos foram importantes fatores que auxiliaram na vitória e na dominação. Neste ponto, vale destacar que, apesar de estudarmos principalmente os povos astecas e incas, é importante lembrarmos que nesse período os diversos nativos do continente jamais formaram uma unidade cultural, linguística, étnica ou religiosa. Havia portanto um mosaico étnico na América, com civilizações se organizando em diversas formas, como: os grandes impérios, com alto desenvolvimento tecnológico, vida urbana, comércio com outros povos e administração complexa; pequenas sociedades sedentárias, que viviam de subsistência, caça e pequenos comércios, mas sem muito desenvolvimento urbano ou tecnológico; grupos nômades, que dependiam principalmente da caça e da coleta e preferiam vagar do que se estabelecer em único território e diversos outros exemplos de sociedades que aqui existiram. No caso do território que viríamos conhecer como o Brasil, destacaram-se em 1500 quatro principais grupos linguísticos: os arauaque, os tupi-guaranis, os jês e os caraíbas. Esses grupos que aqui viviam, dependiam sobretudo da caça, da coleta, da pequena agricultura de subsistência e de pequenos comércios, sem formarem, portanto, complexas civilizações urbanas. Essa realidade, entretanto, foi diferente da que podemos observar em regiões como a Cordilheira dos Andes e a Mesoamérica. O Império Asteca e a conquista de Hernán Cortez Na região que conhecemos hoje como Mesoamérica, sobretudo na extensão do atual território do México, destacou-se entre os séculos XIV e XV o grande Império Asteca. Essa civilização se formou ao longo desses anos através da união de diversas cidades-estados que passaram a formar o império, com capital definida na cidade de Tenochtitlán. A grande capital do império demonstrava toda a grandeza dessa civilização e chegou a surpreender os espanhóis quando chegaram no século XVI. A notável arquitetura dos grandes templos religiosos, a complexa configuração urbana e a construção de uma rede de diques e canais demonstravam toda a grandeza tecnológica do império. Além disso, os astecas também se destacaram nas ciências, com importantes estudos sobre medicina, matemática e astronomia, construindo, inclusive, surpreendentes calendários. Apesar da vida urbana no meio dos grandes templos, do expansionismo e da força do comércio dessa civilização, os astecas se dedicaram muito à agricultura, que era uma das principais atividades econômicas desse período. Como formavam uma sociedade de base hidráulica, dependiam muito dos rios da região para irrigar suas plantações, onde cultivavam feijões, pimentões e, principalmente, milho. Logo, graças a esse sistema de irrigação que os astecas desenvolveram complexas redes de canais e aquedutos e um sistema de coleta de lixo que era voltado para a produção de adubo para os campos. Nos aspectosreligiosos, os astecas apresentavam uma cosmovisão politeísta, que entendia a origem do mundo, da vida e do tempo sempre relacionados às ações de deuses. Assim, dentre as principais entidades astecas, destacavam-se Tlaloc, Huitzilopochtli, Tezcatlipoca e o já mencionado Quetzalcoatl, que teria oferecido o próprio coração em um ato de auto-sacrifício. https://pt.wikipedia.org/wiki/Tlaloc https://pt.wikipedia.org/wiki/Huitzilopochtli https://pt.wikipedia.org/wiki/Tezcatlipoca 3 História Eram esses deuses, portanto, quem atuavam na vida cotidiana e era para eles que os astecas construíam seus templos e o complexo calendário de rituais, que envolviam cerimônias, sacrifícios e profecias. A prática do sacrifício era algo aparentemente comum neste povo, no entanto, ainda hoje não se sabe quais eram os limites desses rituais e quais as principais camadas sociais que participavam dessas cerimônias. O que sabemos é que ao sacrificarem pessoas nos templos, os astecas acreditavam que conseguiriam agradar aos deuses e alcançar alguns benefícios, como a proteção contra terremotos, colheitas melhores, chuvas e até manter o sol brilhando. A forte devoção dos astecas afetava também a própria política, que se organizava de maneira teocrática, com um imperador que era considerado um representante de Tezcatlipoca. Assim, os imperadores possuíam não só as funções administrativas e militares, como também religiosas e, por isso, junto aos outros membros da elite asteca, como militares e sacerdotes, possuía alguns luxos e privilégios. Um deles era a própria cobrança de tributos, principalmente sobre os servos que viviam nos campos. Sendo assim, as famílias camponesas, que compunham a base dessa sociedade, apesar de viverem em terras comunais, deveriam destinar parte da produção agrícola ao imperador e à elite asteca, como forma de pagamento de tributos. Nas terras conquistadas, homens de outros grupos étnicos também deveriam pagar impostos, que iam desde os produtos agrícolas até riquezas pessoais e entrega de membros da comunidade para os sacrifícios. Enfim, aqueles que não pagassem os tributos, que ficassem endividados ou que cometessem algum crime ainda poderiam ser escravizados. Toda essa situação criou ao redor do Império Asteca uma forte rivalidade com outros povos mesoamericanos, que não concordavam com a dominação. Desta forma, com a chegada dos espanhóis, sobretudo de Hernán Cortez, em 1519, muitos desses grupos passaram a se aliar aos europeus como forma de lutar contra o domínio asteca. Na época, o império era então liderado por Montezuma II, que era famoso por suas conquistas e pela expansão do território, entretanto, o reinado de Montezuma não durou tanto tempo, pois o conflito contra os espanhóis o destronou ainda em 1520, após ser assassinado. Contudo, é importante destacar que antes desses conflitos explodirem, a chegada dos espanhóis havia sido amistosa, com Cortez sendo recebido por embaixadores astecas e até mesmo presenteado com ouro, o que naturalmente aguçou a cobiça espanhola. Segundo alguns autores, Montezuma teria recebido Cortez em 1519 acreditando que o mesmo fosse o deus Quetzalcoatl. Por conta disso, Cortez foi inicialmente tratado com muita diplomacia e logo conseguiu conquistar o imperador, a ponto de roubar suas riquezas e de tornar o mesmo um prisioneiro em seu próprio palácio. A essa altura, o contato dos milhares de nativos com os poucos espanhóis já havia sido o bastante para disseminar doenças como a varíola entre os astecas, assim como já havia possibilitado a realização de alguns acordos militares com grupos rivais. Desta forma, quando os astecas finalmente iniciaram uma tentativa de resistência contra os europeus, Cortes conseguiu liderar um exército de 500 espanhóis e mais ou menos 25 mil nativos inimigos dos astecas contra o grande império. Assim, com o apoio militar, as doenças e o uso de armas de fogo contra lanças e flechas, os europeus facilmente derrotaram as principais tropas astecas e sitiaram a capital Tenochtitlán, derrubando a resistência em 1521 e iniciando um longo processo de colonização. Os astecas, por sua vez, foram derrotados, cristianizados e viram seus antigos templos e artefatos religiosos serem destruídos para darem origem à Igrejas e peças católicas. 4 História O Império Inca e a conquista de Francisco Pizarro No caso dos Andes, a região já era historicamente ocupada por povos como os Huari, no Vale do Mantaro (Peru), os Tiahuanaco do Lago Titicaca (fronteira entre Peru e Bolívia) e os Chimu, do vale do Moche (Peru). Assim, foi através de um processo de unificação de antigos reinos da região, que foram dominados principalmente por membros da etnia quíchua, que deu origem, por volta do século XII, ao grande Império Inca. Os Incas, ao longo dos séculos XIII, XIV e XV, expandiram-se e passaram a ocupar uma grande região dos Andes, formando complexas cidades conectadas por estradas, dentre elas a célebre Machu Pichu e a própria capital do império, a cidade de Cuzco. Era na capital, portanto, que se localizava o grande imperador, conhecido como o Sapa Inca. Este, por sua vez, exercia importante função militar nessa civilização expansionista, era o principal legislador e era uma fundamental figura religiosa, pois era considerado um deus na terra, o “filho do sol”. Assim, foram nessas cidades que a sociedade Inca se desenvolveu de forma bastante complexa, com sistemas de comunicação, avançados mecanismos de irrigação e plantio nos chamados “terraços cultiváveis”, projetos arquitetônicos complexos, como os que podem ser observados nos templos e até um expressivo artesanato. Essa sociedade também era extremamente hierarquizada e de difícil mobilidade social, tendo o Inca no topo, como o detentor de terras e chefe de Estado. Abaixo do imperador se encontravam as demais lideranças político-administrativas e a própria família real, que possuía privilégios e terras. Abaixo, na base da sociedade, havia os trabalhadores urbanos comuns, que viviam principalmente do comércio e, enfim, os camponeses, fundamentais para a movimentação econômica e subsistência dessa civilização. No campo, os trabalhadores rurais eram divididos em diversas comunidades de camponeses denominados de ayllus. Nos ayllus, as famílias que ali viviam, em diferentes regiões, eram chefiadas por um Curaca, que era o responsável pela organização do trabalho e pela distribuição das terras em cada ayllu. Vale destacar que os agricultores incas ainda estavam submetidos a um sistema compulsório de trabalho conhecido como mita. Assim, através desse sistema, os camponeses escolhidos pelos curacas deveriam obrigatoriamente trabalhar para o Estado durante um período do ano em obras públicas. Essas obras poderiam ser em irrigações ou na criação de “terraços” cultiváveis nas montanhas. Vale destacar que também havia a presença de escravizados nessa sociedade, que eram normalmente inimigos de guerra que haviam sido derrotados. Apesar do auge dessa civilização se encontrar no século XV, o início do processo de decadência também pode ser percebido nesse período, antes mesmo da chegada dos espanhóis. Isso ocorreu, pois, em 1525, o imperador Huayna Cápac morreu e deixou no império uma crise sucessória, pois seus dois filhos com mulheres diferentes, Huascar e Atahualpa passaram a disputar o poder. Enquanto essa Guerra Civil se iniciava, trazendo conflitos sangrentos entre os incas, uma nova surpresa surgiu no horizonte. Em 1526, exploradores espanhóis liderados por Francisco Pizarro encontraram o rico Império Inca imerso em uma disputa. A chegada de Pizarro serviu como um fator fundamental para ampliar ainda mais a decadência dessa civilização no meio da guerra, pois os colonizadores espanhóis espalharam entre os nativos doenças até então desconhecidas pelos mesmos, como a varíola. Neste contexto de guerraos espanhóis se aproximaram das tropas de Huascar, apoiando-o como novo imperador e ainda realizaram alianças com outros grupos nativos rivais dos incas. Foi assim que, em 1532, os homens de Pizarro capturaram Atahualpa, após o mesmo ter negado sua conversão ao cristianismo e sua submissão a Carlos I da Espanha. Nesse mesmo contexto os soldados incas de Atuhalpa ainda prenderam Huascar, mantendo assim os dois possíveis líderes prisioneiros no meio de uma guerra e de uma invasão espanhola. 5 História Os dois prisioneiros, no entanto, não tardaram a morrer, pois ainda com poderes, mesmo estando preso, Atuhalpa mandou que Huascar fosse executado. Após esse evento, Pizarro decidiu punir o antigo imperador, sentenciando-o a morte e colocando em seu lugar, como novo chefe de Estado inca, seu outro irmão, Túpac Hualpa. A indicação de Hualpa por Pizarro demonstra, portanto, o grande enfraquecimento do riquíssimo Império Inca no século XVI, assim como o início de um domínio político espanhol na região, que passou a decidir quem seriam os novos líderes nativos. Desta forma, os espanhóis massacraram as populações com a transmissão de doenças e com a violência, exploraram os povos através de trabalhos compulsórios como a mita e a encomienda, destruíram as culturas locais com a imposição de práticas europeias e do cristianismo e, naturalmente, aprofundaram toda a crise dessa sociedade, causando ainda mais fome e miséria. Os incas, por sua vez, ainda tentaram resistir de diversas formas aos ataques e à exploração espanhola, mas não tiveram sucesso. A última das grandes revoltas incas foi liderada pelo último imperador, Túpac Amaru, em 1572, mas, como visto, não alcançou a vitória definitiva e possibilitou, enfim, a consolidação do domínio espanhol sobre o império. A administração espanhola na América colonial À medida que se ampliou a dominação espanhola sobre a América, surgiu a necessidade de montar um aparelho administrativo que se associasse aos interesses mercantilistas da Espanha, especialmente após a descoberta de grandes quantidades de ouro na área do Império Asteca, e de prata, na área do Império Inca. Desta forma, a principal instituição responsável pela administração colonial era o chamado Conselho Real e Supremo das Índias, que atuava direto da metrópole, auxiliando o rei. Já na América, o território foi dividido em vice-reinos e capitanias gerais, que eram chefiados respectivamente por Vice-Reis e capitães-gerais nomeados pelo Conselho das Índias. Assim, os vice-reinos eram as importantes regiões de exploração de riquezas e de comércio, que, por isso, tornavam-se fundamentais para o projeto de exploração colonial e eram chefiadas por um Vice-Rei, que era um espanhol subordinado diretamente ao rei. Visto isso, ao longo dos séculos existiram 4 vice-reinos, que foram: Nova Espanha (México), Nova Granada (Colômbia e Quador), Peru (Bolívia e Peru) e Rio da Prata (Paraguai, Uruguai e Argentina). Nos vice-reinos foi possível observar também o desenvolvimento de instituições administrativas locais, que regulavam a convivência dos colonos e dos nativos. Desta forma, as cidades mais importantes dos vice-reinos contavam com câmaras municipais, que também eram chamadas de cabildos e que foram controladas majoritariamente pela elite criolla, que apesar desse poder local, não tinha direito de controlar as grandes instituições ou participar das maiores decisões políticas. As capitanias gerais, por outro lado, não possuíam uma importância econômica tão grande, mas eram regiões de importância militar para a dominação do território, combate à pirataria e, consequentemente, para a garantia de um deslocamento seguro das riquezas para a Espanha. Desta forma, Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile foram importantes capitanias-gerais durante a colonização. Ainda destacando a administração colonial, em uma esfera menor, a Coroa espanhola criou, em 1503, a chamada Casa de Contratação, que controlava e monopolizava o comércio espanhol e arrecadava os impostos. Tendo em vista que a pirataria era algo muito comum na época e que o contrabando de metais preciosos ocorria até mesmo entre os colonos e nativos, a Coroa instalou também um regime de exclusivo colonial metropolitano e de Porto Único. 6 História Assim, todas as riquezas encontradas na colônia, sobretudo o ouro e a prata, pertenceriam à metrópole e deveriam deixar a América apenas pelos portos permitidos, como o de Vera Cruz (México), Porto Belo (Panamá) e o de Cartagenas das índias (Colômbia). Saindo desses portos, os produtos deveriam ir direto para a Espanha, desembarcando exclusivamente no porto de Sevilha e, posteriormente no de Cádis. É importante destacar também que, além do comércio e da exploração de riquezas como o ouro e a prata, que contemplavam os interesses mercantilistas da nobreza e da burguesia espanhola, havia ainda um importante fator que impulsionou a colonização espanhola: a religião. Em um contexto de expansão das religiões protestantes, a Igreja Católica percebeu na colonização uma forma de expandir sua fé para além dos territórios europeus, alcançando, assim, os povos indígenas. Desta forma, a catequização dos nativo- americanos foi parte fundamental do processo de colonização e até mesmo de imposição dos valores europeus aos povos da América. Com a consolidação da colonização, a América Espanhola foi marcada por uma sociedade estratificada, onde a elite de nascimento detinha privilégios. A sociedade era dividida nos seguintes grupos: • Chapetones: os homens brancos, nascidos na Espanha e que vivendo na colônia representavam os interesses metropolitanos, ocupando altos cargos administrativos, judiciais, militares e no comércio externo. • Criollos: elite econômica colonial, descendentes de espanhóis, nascidos na América, que eram grandes proprietários rurais. • Mestiços: homens livres, trabalhadores geralmente superexplorados. • Indígenas: grande maioria da população, foram submetidos ao trabalho forçado através da mita ou da encomienda. • Escravos africanos: foram utilizados sobretudo no Caribe (Antilhas) e trabalhavam principalmente na agricultura. Na América Espanhola, apesar da escravidão africana ter sido amplamente usada em colônias da América Central, sobretudo nas Antilhas, foi a mão de obra indígena, no entanto, a mais utilizada. Os nativos eram sentenciados ao trabalho compulsório, principalmente nas minas de prata no Sul da colônia, onde eram explorados em trabalhos em condições extremamente precárias e, em troca, recebiam salários irrisórios e, muitas vezes, só a catequização. Apesar do processo de conquista ter dizimado muitas populações nativas, a exploração através dessas formas de trabalho também foi responsável pela morte de milhares de pessoas. Assim, essa exploração dos nativos se deu principalmente através de duas formas de trabalho: • Mita: essa forma de trabalho foi adotada principalmente na região Sul da colônia e consistia na exploração das comunidades dominadas utilizando uma parte de seus homens no trabalho nas minas. Os homens eram sorteados, em geral trabalhavam quatro meses, recebendo um pagamento irrisório. Cumprido o prazo, deveriam retornar à comunidade, que por sua vez deveria enviar um novo grupo de homens. Apesar de sua origem Inca, os espanhóis se apropriaram da mita para impor um ritmo de trabalho compulsório aos nativos americanos. 7 História • Encomienda: sistema criado pelos espanhóis, consistia na exploração de um grupo ou comunidade de indígenas por um colono espanhol conhecido como encomendero. Em troca, o colono deveria pagar um tributo à metrópole e promover a cristianização dos indígenas. América Portuguesa Nos primeiros anos após a chegada dos portugueses a costa litorânea do Nordeste, Portugal ignorou sua colônia no continente americano e se voltoupara o comércio com as Índias. A partir de 1530, o jogo muda e os interesses também, logo, Portugal decide ocupar o território. A chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500, não despertou um planejamento imediato de colonização do novo território encontrado pelos portugueses. Diferentemente dos espanhóis que encontraram metais preciosos logo após a sua chegada a América, os portugueses, a princípio, não viram motivos para concentrar seus esforços no “Novo Mundo”. A conquista da rota para as Índias por Vasco da Gama, em 1498, atraiu muito mais o interesse lusitano, visto que os altos lucros obtidos com as especiarias do oriente e com o comércio na África deixavam de lado maiores investimentos na América. Inseridos em uma lógica mercantilista, a não descoberta da existência de metais preciosos e a falta de possibilidade de lucrar com atividades comerciais no território americano são alguns dos fatores essenciais para compreender esse primeiro momento da colonização portuguesa. Apesar dessa negligência inicial, que marca o período conhecido popularmente como “Pré-Colonial”, que leva esse nome exatamente porque não havia uma ocupação territorial, expedições exploradoras não deixaram de acontecer durante o século XVI. Já em 1501, uma expedição chefiada por Gaspar de Lemos confirmou a existência e o valor do pau-brasil, pelo qual era possível a extração de tinta vermelha, muito preciosa na Europa. Inicialmente, a exploração da madeira foi realizada através do uso de mão de obra indígena, que cortavam e carregavam o pau-brasil em troca de objetos europeus (escambo), mas, logo essa mão de obra nativa passou a ser escravizada e o chamado “negro da terra” (nativo-americano) também se tornou uma moeda de troca entre tribos e portugueses. Essa escravidão indígena foi utilizada no Brasil durante décadas, no entanto, comparada à colonização espanhola, a lusitana dependeu muito mais do negro africano do que do nativo- americano. Afinal, os indígenas que ocupavam a colônia portuguesa viviam muito mais dispersos e, muitas vezes, em lugares de difícil acesso, resistindo à escravidão e a colonização. Outro fator importante também foi o genocídio das tribos que viviam no litoral, o trabalho dos jesuítas, que impediam a captura de nativos nos aldeamentos indígenas e, enfim, o lucro obtido com o tráfico de africanos escravizados era tão exorbitante que essa mão de obra passou a ser mais valorizada. Aqui se faz importante pontuar que outro aspecto foi essencial para o declínio da população nativa no litoral e, posteriormente, no interior da colônia. O fator biológico foi fundamental para o decréscimo da população indígena, uma vez que esses nativos ficaram suscetíveis a doenças trazidas do continente europeu, muitas vezes através de contágio proposital, morrendo por conta de doenças como varíola e gripe. Tendo em vista essa exploração do pau-brasil, já em 1503, uma expedição comandada por Gonçalo Coelho estabeleceu as primeiras feitorias no litoral, com o objetivo de armazenar alimentos, equipamentos e conservar a madeira para exportação que, a partir do estabelecimento do estanco, passou a ter a exploração monopolizada por Portugal. Essa medida visava proteger o produto das investidas “estrangeiras”, ou seja, europeus que não pertenciam ao Império Português e que já realizavam assaltos e contrabandos no litoral. 8 História Essas investidas de franceses, holandeses e espanhóis no território português, naturalmente, despertaram a preocupação da Coroa portuguesa quanto a manutenção e proteção do território brasileiro, afinal, apesar do Tratado de Tordesilhas, contrabandistas e colonos de países rivais poderiam facilmente ocupar e colonizar o vasto território que os portugueses reivindicavam. Levando em conta essa preocupação, em 1531 Martim Afonso de Souza foi enviado para realizar a primeira expedição colonizadora oficial de Portugal no Brasil. O colono deveria ocupar e povoar a terra, descobrir riquezas e combater estrangeiros, sendo essa administração realizada através da doação de terras chamadas de sesmarias (lotes de terra). Assim, Martim Afonso de Souza, no Brasil, fundou os primeiros núcleos de colonização, as vilas de São Vicente e Santo André da Borda do Campo, onde hoje conhecemos como o território de São Paulo. A administração colonial portuguesa Durante a expansão portuguesa pelo Oceano Atlântico, algumas ilhas conquistadas receberam um modelo administrativo baseado na divisão do território e na doação de faixas de terras para donatários, modelo que ficou conhecido como capitanias hereditárias. No caso americano, a primeira tentativa de ocupação do território se deu pelo mesmo projeto, que tratou de partilhar o litoral de sua colônia na América. Tal sistema foi a forma que Portugal encontrou para colonizar o território com a participação de terceiros, uma vez que a coroa portuguesa possuía recursos limitados para investir na colonização e delegou os custos da ocupação para os novos responsáveis pelas novas áreas divididas. As capitanias eram doadas aos capitães-donatários, que faziam parte da pequena nobreza portuguesa ou eram militares com honras, por meio de forais e cartas de doação e o donatário que recebesse a faixa de terra deveria proteger o território e seus colonos, fundar vilas, estimular a exploração do pau-brasil e descobrir novas riquezas. Entre 1534 e 1536, 15 capitanias foram criadas e doadas para seus administradores, no entanto, apenas duas prosperaram, Pernambuco e São Vicente, graças ao rico cultivo da cana-de-açúcar, que se tornaria o produto mais importante da colonização portuguesa no Brasil e base da civilização colonial durante os dois primeiros séculos. O fracasso das outras capitanias, no entanto, deveu-se às dificuldades encontradas pelos donatários na colonização, como a resistência indígena e a dificuldade de desenvolver extensões absurdas de terra, e pelo desinteresse de muitos outros que nem chegaram a sair de Portugal. Assim, tendo em vista os problemas que se desencadearam por conta da descentralização provocada pelas capitanias, em 1548, o governo português decidiu fortalecer sua autoridade sobre a colônia centralizando a administração nas mãos de um governador-geral. A decisão de recrudescer a administração colonial estava ligada diretamente ao declínio com o comércio de especiarias nas Índias e a perda de entrepostos comerciais importantes na África, o que fez com que Portugal se voltasse para o território americano a fim de torná-lo mais rentável para a coroa. O primeiro encarregado dessa função foi Tomé de Souza, em 1549, com a missão de garantir as condições necessárias para uma boa colonização portuguesa das novas terras, a proteção contra os ataques de nativos e estrangeiros, a construção de feitorias e fortalezas e o estímulo da economia açucareira. Para realizar essa missão, Tomé de Souza trouxe para o Brasil africanos escravizados, mulheres e um grupo de jesuítas que estabeleceu os primeiros colégios da colônia. 9 História O governador geral foi responsável pela criação da cidade de Salvador, onde se estabeleceu, que se tornou a capital da colônia. Ampliando o aparato administrativo, foram criados outros cargos para dar conta da nova centralização do território, como a função de ouvidor-mor, responsável pela justiça e aplicação das leis na colônia, a de capitão-mor, encarregado pela defesa e proteção do território, e o de provedor-mor, incumbido de administrar as finanças e a arrecadação colonial. Apesar da instauração de um aparelho que concentrava a administração colonial, é importante ressaltar que o sistema de capitanias hereditárias não deixou de existir com a criação do Governo Geral, algumas capitanias só foram extintas oficialmente no século XIX. Junto com a trupe de Tomé de Souza, foram enviados membros da Companhia de Jesus, tornandoevidente que a ocupação do território e a lucratividade da colônia não eram os únicos interesses portugueses. A expansão do catolicismo também foi um dos propulsores do povoamento do território e se tornou um dos fatores centrais na colonização portuguesa. Em 1554, os jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta fundaram o colégio de São Paulo, que se tornou um embrião da atual cidade brasileira. A permanência dos jesuítas no Brasil gerou uma série de conflitos entre os colonos, que desejavam expandir seus negócios e escravizar indígenas, e os próprios jesuítas, que acreditavam na possibilidade da catequização dos nativos. Vale ressaltar que a missão desses jesuítas era muito mais ampla do que evangelizar, ela tinha o intuito de regular a vida na colônia e tentar “pacificar” os indígenas a fim de facilitar a ocupação do território. Apesar de Tomé de Souza ser reconhecido pela sua relação “pacífica” com os indígenas, é preciso pontuar que essa relação só era baseada em tal premissa quando a tribo não oferecia resistência ao domínio português. Caso contrário, foi estabelecido a prática da “Guerra Justa”, aonde os nativos que se rebelavam contra a exploração dos europeus poderiam ser escravizados sem nenhum tipo de problema jurídico, haja visto que a escravidão indígena foi proibida pela coroa portuguesa com a Carta Régia de 1570. O intenso conflito entre os colonos e os jesuítas impulsionou a criação de aldeamentos indígenas em áreas mais interioranas da colônia, tanto ao Sul quanto ao Norte. Para facilitar a conversão dos indígenas e a comunicação entre eles, uma vez que falavam línguas diferentes, os padres utilizam vários métodos, como o teatro. Além disso, foram os jesuítas os responsáveis pela criação de uma “língua geral” que serviu para facilitar a comunicação na colônia portuguesa. No caso dos aldeamentos nortistas, pode-se destacar a exploração das drogas do sertão, que eram ervas medicinais ou produtos específicos da região, como cravo e urucum, por jesuítas que utilizavam a mão de obra e os conhecimentos indígena sobre o território. A conversão religiosa dos nativos que ocupavam esses espaços foi um dos grandes responsáveis pelo etnocídio das diversas culturas nativas que existiam aqui na América. Esses indígenas aldeados tiveram a sua relação com a religiosidade e com a sua forma de se organizar enquanto comunidade completamente desmantelada pela aculturação e imposição de valores europeus. Vale ressaltar que ao longo da expansão da colonização portuguesa pelo território americano, os nativos ainda foram submetidos as ações dos bandeirantes, que adentravam o interior da colônia a procura de ouro e da pratica do sertanaismo de contrato (trabalhos de apresamento de indígenas e negros e destruição de quilombos realizados por contrato em troca de dinheiro e terras). Assim, tendo em vista que a Companhia de Jesus desejava expandir o catolicismo entre os nativos da colônia e ainda utilizá-los como mão de obra para suas atividades econômicas no interior, os jesuítas se tornavam um indesejável obstáculo para os interesses econômicos dos bandeirantes. 10 História Desta forma, com a crescente dificuldade em se conseguir nativos ainda livres no interior para a escravização, bandeirantes passaram a atacar as próprias missões jesuíticas, pois teriam muitos indígenas, sendo a maioria, inclusive, já adaptado ao mundo colonial e à cultura lusitana. Pega a visão: importante pontuar que os povos indígenas não foram exterminados, eles vivem e resistem ainda hoje em vários continentes. 11 História Exercícios 1. (UEA 2018) A lei de 1595 previa um único motivo para escravizar o índio: somente a prisão, feita durante alguma guerra, e efetuada por ordem direta da Coroa [...]. Os decretos de 1605, 1608 e 1609 suprimiram inteiramente a escravidão do índio, declarando por princípio a liberdade indígena e a igualdade dos seus direitos políticos aos dos brancos. Mas essas leis não puderam ser instauradas, devido à pressão dos colonos, os quais alegavam falta de mão de obra para continuar seus negócios. (James O. Souza. “Mão de obra indígena na Amazônia colonial”. In: Em tempo de histórias, no 6, 2002.) O texto demonstra que a escravização dos indígenas, na Amazônia colonial, a) contou com o apoio das autoridades políticas e religiosas que atuaram na região ao longo de todo o século XVII. b) revelava a tensão e os descompassos entre as normas jurídicas e os interesses econômicos ligados à colonização. c) enfrentava a resistência das companhias de navegação e dos responsáveis pelo tráfico de africanos escravizados. d) foi justificada e legalizada pelas leis régias expedidas ao longo de todo o século XVII. e) permitiu o avanço do extrativismo e o enriquecimento da região, que se tornou a área mais rica da colônia. 2. (UEA 2016) Os historiadores não estão de acordo quanto ao nome das tribos selvagens que, no tempo do descobrimento, habitavam entre Cabapuana e o Rio Doce, mas sabe-se que, na época em que o Rei D. João III repartiu o litoral do Brasil, doou, em 1534, a Província do Espírito Santo ao nobre português Vasco Fernandes Coutinho. Os portugueses conseguiram, inicialmente, muitas vitórias sobre os apavorados indígenas. Mas, exasperados pelas crueldades dos portugueses, os índios destruíram as plantações de seus inimigos, queimaram-lhes as casas e massacraram todos quantos lhes caíram nas mãos. (Auguste de Saint-Hilaire. Viagem ao espírito Santo e Rio Doce, 1974. Adaptado.) O francês Saint-Hilaire visitou, de 1816 a 1822, várias partes do Brasil. Seu relato, feito a partir do que viu na região do atual estado do Espírito Santo, revela um aspecto presente na colonização do país: a) a oposição das comunidades indígenas aos processos econômicos de extração das riquezas florestais por meio do escambo. b) o estado de guerra entre colonizadores e colonizados derivado, muitas vezes, da escravização da mão de obra indígena. c) o confinamento das nações indígenas em reduções jesuíticas com a finalidade de aculturá-los e cristianizá- los. d) a aliança de tribos indígenas com corsários e invasores estrangeiros de territórios litorâneos da colônia brasileira. e) a imposição pelos comerciantes europeus de baixos preços às mercadorias indígenas de exportação, como as drogas do sertão. 12 História 3. (Cusc 2020) No plano socioeconômico, [os indígenas] foram cruciais na montagem do complexo açucareiro na Bahia quinhentista, e mesmo no avançar o século XVII, pois a escravidão de origem africana só tomou impulso após exaurirem-se gerações de indígenas pelo trabalho escravo, pela guerra e por doenças. No planalto paulista, a mão de obra indígena escravizada foi a base para o que se chamou, com certo exagero, de “celeiro do Brasil”, labutando na produção de trigo e, sobretudo, de milho. (João Fragoso e Roberto Guedes. “Apresentação”. In: João Luís R. Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa (org.). O Brasil Colonial, vol. 3, 2014. Adaptado.) O excerto faz referência a) aos resultados da mortalidade dos indígenas na colonização do interior. b) aos lucros do tráfico negreiro para a Coroa e a burguesia metropolitana. c) à utilização de mão de obra escrava africana na agricultura de subsistência. d) à primazia do trabalho escravo indígena sobre o africano no açúcar e no ouro. e) à importância econômica da mão de obra indígena na América Portuguesa. 4. (Unesp 2019) O dia em que o capitão-mor Pedro Álvares Cabral levantou a cruz [...] era a 3 de maio, quando se celebra a invenção da Santa Cruz em que Cristo Nosso Redentor morreu por nós, e por esta causa pôs nome à terra que se encontrava descoberta de Santa Cruz e por este nome foi conhecida muitos anos. Porém, como o demônio com o sinal da cruzperdeu todo o domínio que tinha sobre os homens, receando perder também o muito que tinha em os desta terra, trabalhou que se esquecesse o primeiro nome e lhe ficasse o de Brasil, por causa de um pau assim chamado de cor abrasada e vermelha com que tingem panos [...]. (Frei Vicente do Salvador, 1627. Apud Laura de Mello e Souza. O Diabo e a Terra de Santa Cruz, 1986. Adaptado.) O texto revela que a) a Igreja católica defendeu a prática do extrativismo durante o processo de conquista e colonização do Brasil. b) um esforço amplo de salvação dos povos nativos do Brasil orientou as ações dos mercadores portugueses. c) os nomes atribuídos pelos colonizadores às terras do Novo Mundo sempre respeitaram motivações e princípios religiosos. d) o objetivo primordial da colonização portuguesa do Brasil foi impedir o avanço do protestantismo nas terras do Novo Mundo. e) uma visão mística da colonização acompanhou a exploração dos recursos naturais existentes nas terras conquistadas. 13 História 5. (UEFS 2018) Leia o excerto para responder à questão a seguir. O “coração” econômico da época, Veneza, tem cada vez mais dificuldades em assegurar a competitividade de seus produtos. Em 1504, os navios venezianos já quase não encontram pimenta em Alexandria. As especiarias desta proveniência se revelam muito mais caras do que as que são encaminhadas da Índia portuguesa: a pimenta embarcada pelos portugueses em Calicute é quarenta vezes menos onerosa do que a que transita por Alexandria. (Jacques Attali. 1492, 1991. Adaptado.) O início da colonização efetiva do Brasil por Portugal, historicamente condicionado pelos fatos referidos pelo excerto, a) teve início assim que os navegadores chegaram às novas terras. b) projetou a hegemonia portuguesa no comércio atlântico. c) enriqueceu a Metrópole com a descoberta de metais preciosos. d) atardou-se devido aos lucros auferidos com o comércio oriental. e) foi financiado pelos lucros gerados pelo comércio de especiarias. 6. (Ucpel 2009) Quando Cortez desembarcou em Vera Cruz, no México, os ______________ pensavam que eram os deuses, montados em grandes veados. Em vez de lutar, o imperador Montezuma enviou emissários com presentes e pedidos para que Cortez se retirasse”. (ARRUDA, José Jobson de A. & PILETTI, Nelson. Toda a história: história geral e história do Brasil. São Paulo: Ática, 1996, p.142) A opção que completa a frase é: a) maias. b) incas. c) astecas. d) olmecas. e) guaranis. 7. (Fameca 2020) É possível que Cortés tenha falado com uma intenção menos cínica do que frequentemente se imagina quando disse ao mensageiro de Montezuma: “Eu e meus companheiros sofremos de uma doença do coração que somente o ouro pode curar” [...]. O ouro acumulado durante séculos foi saqueado nas duas décadas, 1520-1540, que assistiram à conquista militar espanhola da América Central e da América do Sul. (Peter Bakewell. “A mineração na América espanhola colonial”. In: Leslie Bethell (org.). História da América Latina, vol. II, 1999.) O excerto refere-se a) à impossibilidade de diálogos entre os padrões culturais europeus e os conteúdos civilizacionais dos povos da América. b) à coincidência entre os interesses dos conquistadores espanhóis e as riquezas acumuladas nas sociedades americanas. c) à mentalidade capitalista dos europeus contraposta à perspectiva religiosa dos Impérios teocráticos americanos. d) à aliança dos europeus com os povos escravizados nos impérios astecas e incas nas regiões dos altiplanos. e) à argúcia militar dos colonizadores espanhóis e ao desconhecimento de táticas militares pelos povos pré-colombianos. 14 História 8. (Puc PR 2018) No processo de conquista da América pela Coroa espanhola, um dos episódios mais significativos é conhecido como La Noche Triste (A Noite Triste), ocorrida em 30 de junho de 1520. Na ocasião, as forças espanholas sofreram pesadas baixas em Tenochtitlan, a então capital do Império Asteca. (Fonte: DIÁZ, C. B., SAENZ,. S. M. C., & Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Spain). Historia verdadera de la conquista de la Nueva Espana. Madrid: Instituto Gonzalo Fernandez de Oviedo (C.S.I.C.), 1982.) (TODOROV, T. A conquista da América: A questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 2010.) (LEÓN-PORTILLA, M. A Conquista da América Latina vista pelos índios – relatos astecas, maias e incas. Petrópolis: Vozes, 1987.) Sobre a conquista do Império Asteca pelas tropas lideradas por Hernán Cortés, é CORRETO afirmar que a) a recepção inicialmente amistosa dos astecas para com os espanhóis e a aliança destes com outras tribos rivais daqueles foram fatores importantes para a vitória final de Cortés. b) a superioridade numérica das forças espanholas frente aos nativos foi fator preponderante da vitória de Cortés. c) a Noite Triste é apenas um dos episódios nos quais o exército espanhol foi traído e enganado pelo imperador asteca Montezuma, tornando a guerra de conquista longa e incerta. d) a Noite Triste representou o primeiro conflito aberto entre as forças espanholas e o Império Asteca, revelando a superioridade numérica e técnica destes em relação àqueles. e) a derrota dos espanhóis para os astecas na Noite Triste representa uma virada na estratégia da Coroa Espanhola na América, que a partir de então deixa de lado a política de alianças e parte para o confronto militar. 9. (UniCesumar 2017) Sem colonização não há uma boa conquista, e se a terra não é conquistada, as pessoas não serão convertidas, escreveu Francisco Lopez de Gómara, um dos primeiros historiadores da conquista da América. (In: FIGUEIRA, Divalte Garcia. História - novo ensino médio. São Paulo: Ática, 2003, p.144) A frase de Francisco Lopez de Gómara permite afirmar que a justificativa dos espanhóis para a conquista da América era de ordem a) política, pois as autoridades espanholas pretendiam promover a centralização administrativa na América e intensificar a ocupação das regiões ameaçadas pela ação dos ingleses e dos franceses no Oceano Atlântico. b) social, pois a pobreza e a miséria da população do campo, principais vítimas dessa realidade, impulsionaram um grande fluxo de camponeses europeus a buscarem outras oportunidades nas novas terras da América. c) humanitária, pois as guerras e perseguições religiosas provocaram desemprego e migração dos trabalhadores do campo, durante o século XVI, e empurraram um grande número de refugiados para a América. d) religiosa, pois o papa havia reconhecido o direito da Espanha às novas terras com o argumento de que, ao ocupá-las e ensinar a religião de Cristo a seus habitantes, a Coroa estaria prestando um serviço ao catolicismo. e) econômica, pois a implantação de uma estrutura agrá- ria, com base na grande propriedade rural e no trabalho escravo, articulava-se com todo o mecanismo da dominação colonial e da política mercantilista da Coroa espanhola. 15 História 10. (UFG 2013) Leia o fragmento a seguir. Que sejam trazidos duzentos carneiros de cargas, daqueles que costumam trazer e carregar a prata de Potosí, para acarrear o ouro e a prata. (HOLANDA, Sérgio Buarque. Visão do paraíso. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 97. (Adaptado).) O fragmento apresentado, de 1609, destaca uma das medidas tomadas por D. Francisco de Sousa, governador-geral do Brasil, para intensificar a busca por metais e pedras preciosas no interior do território. Nesse documento, o imaginário colonial português se constitui pela influência a) da notícia sobre as riquezas do território espanhol, que circulava na colônia portuguesa. b) do consumo interno de especiarias espanholas, que tornava a vida cotidiana na colônia mais aprazível. c) da quantidade de prata extraída em Minas Gerais, que aguçava o interesse da população litorânea. d) da carência dos transportes nasregiões auríferas, que obrigava os colonos a escravizar indígenas. e) da eficiência administrativa da Coroa Espanhola, que foi apropriada como modelo pelos portugueses. Sua específica é humanas e quer continuar estudando esse assunto? Clique aqui para fazer uma lista de exercícios extras. https://dex.descomplica.com.br/enem/historia/exercicio-a-conquista-da-america-espanhola/questao/1 16 História Gabaritos 1. B O trecho destacado aponta que apesar da proibição da escravidão indígena ter sido instituída pela coroa, essa obrigação não era respeitada pelos colonos que queriam utilizar a mão de obra nativa escravizada em seus empreendimentos comerciais. 2. B O trecho aponta que apesar da historiografia oficial relegar aos diversos povos indígenas uma posição conformista e passiva diante da dominação europeia, isso não foi o que efetivamente aconteceu. Os povos nativos resistiram a dominação dos europeus de diversas maneiras e, dentre elas, através de conflitos diretos contra a imposição da escravidão aos seus. 3. E O excerto aponta que a mão de obra indígena escravizada foi utilizada nas mais diversas atividades econômicas desenvolvidas na América portuguesa, indo na contramão da proibição da escravidão no local. 4. E Ao ligar a religião a chegada e a ocupação do território que até então era desconhecido dos europeus, o autor aponta como havia por trás um interesse econômico, ao pontuar a exploração do pau brasil, e a relevância da religiosidade como um fator primordial para essa colonização. 5. D Apesar de chegar ao território americano por volta do final do século XV e o início do século XVI, Portugal, a princípio, continuou voltado para o comercio de especiarias com as Índias devido a sua alta lucratividade. 6. C O primeiro contato dos espanhóis aqui na América foi com os astecas e, a princípio, a comunicação foi amistosa porque o colonizador teria sido confundido com o deus Quetzalcoatl. 7. B Uma das intenções dos europeus ao se jogar nas grandes navegações estava ligada ao desejo de encontrar novos locais que pudessem suprir seu estoque de metais preciosos e, diferente dos portugueses, os espanhóis encontraram ouro assim que chegaram na América. 8. A Apesar da superioridade bélica, os espanhóis estavam em menor numero no território americano, então uma das formas de derrotar os astecas foi através exploração de rivalidades que já existiam na região antes da sua chegada. Vale ressaltar que isso foi possível porque, em um primeiro momento, esses homens foram recebidos de forma amistosa pelos astecas. 17 História 9. D Não é possível falar de colonização da América, especialmente a portuguesa e a espanhola, sem pontuar o importante papel da Igreja Católica dentro desses espaços. Em um contexto de intenso questionamento aos dogmas católicos e de um movimento de Reforma Protestante, esses nativos foram vistos como uma forma de expandir a fé cristã e aumentar o número de fies. 10. A A descoberta da prata e do ouro na colônia espanhola levou a coroa portuguesa a acreditar que era possível encontrar metais preciosos dentro do seu território também, assim, as entradas e bandeiras cumpriram a missão de adentrar o território em busca de ouro. 1 Geografia Revolução técnico-científica e a redistribuição da atividade industrial Resumo A Terceira Revolução Industrial (1970) alterou profundamente as formas produtivas que se davam até então. Comparando brevemente, sabe-se que no fordismo a produção era padronizada e em massa, ou seja, se produzia mais para atingir mais mercados. Essa lógica provocou algumas crises de superprodução, uma vez que nem sempre se conseguia vender tudo que se produzia. Com a evolução das tecnologias de comunicação e transporte muitas alterações nessa lógica se tornaram possíveis, se materializando na criação de indústrias que focavam em outras formas de realizar a logística da produção. Evita-se a produção em massa em função da produção de acordo com demanda. Para estimular o consumo e criar a demanda, investe-se em produtos pernsonalizados e diversos, de acordo com as necessidades e características de cada cliente. Então, se anteriormente se vendia um único modelo de geladeira por exemplo, atualmente temos menores, maiores, frost free, com bebedouro na porta. E você pode escolher de acordo com suas necessidades mais específicas. Essa alteração no padrão produtivo só é possível pelo desenvolvimento tecnológico, os produtos cada vez mais carregados de informação e tecnologia. Quanto mais tecnologia e inovação presente num produto, maior o valor agregado a ele, ou seja, maior o preço final. Desta forma, a informação empregada ao produto é o que da importância a ele. Por exemplo, se uma empresa descobre como gerar a maior velocidade de internet, ou quem descobre como fazer uma câmera de celular mais eficiente, tera destaque e sairá a frente. Os países passam a competir e comprar a informação para desenvolver os produtos. Nesse sentido, surge um importante conceito 2 Geografia Patente: registro de marca ou de tecnologia. O país que descobre a tecnologia e a registra pode vender para todo o mundo com a globalização. Ou seja, quem é o dono da informação tem muito poder atualmente. A terceira revolução industrial portanto é chamada também de revolução técnico científico informacional, pois nela a pesquisa tecnológica, indústria e mercado se unem para criar um novo modelo de produção, muito mais eficiente e competitivo a nível mundial. Isso permite um maior fluxo de informação ao redor do mundo. O modelo produtivo dessa revolução indústrial é o Toyotismo. Entenda melhor suas características Isso não significa que todos os países e pessoas sejam inseridas de maneira igualitária nesse processo. Os países que desenvolveram as revoluções industriais primeiro, de maneira geral, saem a frente na produção tecnológica, o que tem muito valor nesse contexto. Nesse sentido, os países subdesenvolvidos exportam matéria prima menos valorizada, de menor valor agregado, o que demanda também maior exploração dos recursos naturais, enquanto os países ricos compram a matéria prima e encrementam na logistica, exportando a capacidade tecnológica, com muito maior valor agregado. São nesses países portanto que vão estar as industrias mais complexas, mais desenvolvidas. O desenvolvimento das tecnologias de comunicação e transporte permitem também a desconcentração industrial a nível internacional. A industrialização dos países subdesenvolvidos aconteceu de maneira tardia e contou com o auxílio financeiro dos países mais ricos, que se industrializaram primeiro, para se modernizarem. Isto ocorreu por meio da abertura comercial e econômica. Desse modo, os países subdesenvolvidos e alguns emergentes, contaram com a transferência 3 Geografia de partes menos tecnologicas das indústrias desses países mais ricos, viabilizando sua inserção no mercado internacional de modo mais competitivo e diferenciado do que o anterior. Tecnopólos – centros de pesquisa onde as tecnologias são desenvolvidas. Num mundo onde a tecnologia e as pesquisas de mercado tem muito valor, são essas áreas que ganham muito investimento e estão concentradas nos países mais ricos. Se associam a pólos universitários junto com empresas que captam essa mão de obra qualificada, recebem investimento e tecnologia de ponta. Lá se desenvolve a logística, e as pesquisas de mercado, revelando um caratér mais competitivo das vendas e dos modelos de produção no mundo. Outro ponto importante é que nessa competição de desenvolvimento tecnológico uma tecnologia supera a outra muito rápido, aumentando o ritmo de consumo, da atividade industrial e do descarte, pressionando também os recursosnaturais. 4 Geografia Tecnopólo mais conhecido do mundo e suas empresas – Vale do Sílicio, Califórnia. 5 Geografia Exercícios 1. A chamada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica fez surgir novos processos de produção e grandes mudanças nas relações de trabalho dentro das empresas capitalistas. A esse respeito, marque a alternativa correta. a) As novas tecnologias favoreceram a informatização do processo produtivo e a ampliação do emprego de modo geral. b) Surgiu o fordismo: conjunto de métodos para a produção em série, com os quais o operário produz mais em menos tempo. c) O sistema de trabalho repetitivo foi ampliado e a especialização do operário torna-se fundamental. d) Um método mais ágil e flexível, foi desenvolvido, adaptado ao mercado, que prioriza o controle de qualidade, conhecido por just-in-time. e) A habilidade do trabalhador está restrita a uma única tarefa, favorecendo o aumento da produtividade, método conhecido como "taylorismo". 2. Nas últimas décadas do século XX, a intensificação do uso de alta tecnologia induziu uma nova lógica de localização industrial. Os atuais espaços industriais caracterizam-se pela capacidade organizacional e tecnológica de distribuir o processo produtivo em diferentes localidades. A espacialização do processo produtivo revela que a) os atuais espaços industriais, espalhados pelo globo, utilizam muita força de trabalho qualificada e poucos trabalhadores semiqualificados. b) as novas indústrias foram instaladas considerando-se a abundância de mão-de-obra e a proximidade do mercado consumidor. c) as empresas instalaram unidades produtivas em alguns países de industrialização tardia, incentivadas pela política de substituição de importações. d) a criação de espaços industriais, nos países do Terceiro Mundo, foi promovida pelas políticas estatais de incentivo ao consumo dos países centrais. e) os novos espaços industriais organizam-se em torno de fluxos de informação que reúnem e distribuem, ao mesmo tempo, as fases da produção. 3. O mundo vem assistindo a uma revolução no setor produtivo que tem sido chamada de Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica (Revolução Tecnológica). A plena inserção brasileira nesse contexto enfrenta um sério obstáculo, que é a) a grande extensão do território nacional, encarecendo a produção tecnológica. b) o distanciamento geográfico do Brasil em relação aos principais centros tecnológicos. c) a incompetência tecnológica nacional no setor agrário - exportador. d) o exagerado crescimento brasileiro no setor da indústria de consumo. e) a limitada capacitação técnico-científica da produção nacional. 4. A Terceira Revolução Industrial, que se iniciou desde a década de 1970, vem impulsionando alterações no que se refere à espacialização de áreas fabris. No atual ciclo de inovações, configuram-se novas regiões industriais que primam pela localização nas proximidades de a) grandes aglomerações de força de trabalho. b) áreas com recursos naturais abundantes. c) amplos mercados consumidores. d) universidades e institutos de pesquisa. e) rodovias e estradas federais. 6 Geografia 5. Para produzir modernamente, essas indústrias convocam outros atores para participar de suas ações hegemônicas, levados, desse modo, a agir segundo uma lógica subordinada à da firma global.[...] Nos lugares escolhidos, tudo é permeado por um discurso sobre desenvolvimento.[...] Nada se fala sobre a robotização do setor e a drenagem dos cofres públicos para essa implantação industrial. Milton Santos & M. Laura Silveira. O Brasil: Território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.p. 112 O texto apresenta estratégias de descentralização das indústrias a) mecânicas. b) de vestuário. c) siderúrgicas. d) petroquímicas. e) automobilísticas. 6. A Terceira Revolução Industrial promoveu o aumento da produtividade e a aceleração dos fluxos de mercadorias, capitais, informações e pessoas. Também conhecida como Revolução Técnico-Científica ou Revolução Informacional, caracterizou-se: a) Pelo protecionismo alfandegário, pelo aumento da capacidade de transformação da natureza e pelo desenvolvimento dos motores a combustão. b) Por centros industriais de alta tecnologia, pela internacionalização da economia e pela ampliação do setor financeiro. c) Pelo desenvolvimento em torno das bacias carboníferas, por monopólios em muitos setores da economia e por centro de decisões em nível supranacional. d) Por relações não comerciais de produção, pela intervenção estatal nas relações comerciais e pela expansão dos mercados consumidores. e) Pela expansão das rotas marítimas de comércio, pelo uso intensivo do petróleo como fonte de energia e pela produção em massa padronizada. 7. “A NISSAN INVENTA O AUTOMÓVEL Á LA CARTE” “O sistema Answer, [...] é um sistema de informática de ponta que coordena a produção e a venda [...] isso significa que a fábrica produz carros ‘já comprados’, e que a fabricação se aproxima de uma produção segundo a demanda”. La Courrier Internacional apud Becouche, 1995. O texto sugere que a) O modelo fordista trabalha sem estoques e com defeito zero. b) O nosso modelo industrial está centrado nas indústrias petroquímicas e automobilísticas. c) Entramos na terceira revolução industrial, centrada na produção flexível, modelo Just in time, viabilizado pela ciência, a tecnologia e a informação. d) A produção de carros nos países desenvolvidos se faz por encomendas. e) A indústria automobilista japonesa baseada no just in time conquistou os mercados mundiais. 7 Geografia 8. Disponível em: http://autoentusiastas.blogspot.com.br/2012/10/industria-automobilistica-definido-o.html. Acesso em: 21/11/2012. A imagem retrata um cenário presente na chamada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica, a qual fez surgir novos processos de produção e grandes mudanças nas relações de trabalho dentro das empresas capitalistas. Uma alteração significativa diz respeito à(ao) a) informatização do processo produtivo e à ampliação do emprego de modo geral. b) automação do processo produtivo e à necessidade de mão de obra reduzida, mas qualificada e especializada. c) surgimento do Fordismo, conjunto de métodos para a produção em série, com os quais vários operários produzem mais em menos tempo. d) ausência completa de trabalhadores em todas as fases da produção, visto que as máquinas regulam todo o processo produtivo. e) trabalho manual auxiliado por maquinário industrial apenas na etapa final da produção de automóveis. 8 Geografia 9. O mapa a seguir apresenta o mais antigo tecnopolo do mundo. A respeito do surgimento das cidades tecnopolos, é INCORRETO afirmar que a) são regiões que concentram indústrias de alta tecnologia, centros de pesquisas e inovações tecnológicas abrigando grandes universidades capazes de garantir a formação de novos pesquisadores. b) o Vale do Silício localiza-se na Costa Oeste dos Estados Unidos no Estado da Califórnia. A concentração industrial estrutura-se em torno da Baía de São Francisco onde foram instaladas centenas de empresas dedicadas à produção de computadores e softwares de alta tecnologia. c) a cidade de Boston, na Costa Leste dos Estados Unidos, também representa um importante tecnopolo do país. Nessa região além da indústria bélica encontram-se diversas companhias que produzem tecnologia de ponta. d) no Japão, a ilha de Hokkaido abriga os dois maiores tecnopolos do país, Sapporo e Kushiro, especializados em alta tecnologia informacional. e) na índia, Bangalore representa um tecnopolo especializado em alta tecnologia e telecomunicações e é classificada como uma das dez cidades mais empreendedoras do mundo. 10. Ao espaço geográfico do mundo globalizado,Milton Santos (1926-2001) se refere, desde as últimas décadas do século XX, como meio técnico-científico-informacional. Apresente as principais características da configuração do meio técnico-científico-informal no mundo rural e as mudanças decorrentes deste novo espaço na relação cidade-campo. 9 Geografia Gabarito D Uma das características da Terceira Revolução Industrial foi a adoção do modelo Toyotista de produção, também chamado de sistema flexível, cujas algumas das características estão destacadas na opção. E A localização das indústrias antes da Terceira Revolução Industrial priorizava a proximidade em relação às fontes de energia e mercados consumidores, após a revolução a informação e a necessidade de uma infraestrutura de comunicações passam a ocupar um papel importante. E A inserção do Brasil, assim como de muitos países emergentes e subdesenvolvidos, na Terceira Revolução Industrial, se dá de maneira parcial, isso porque não são centros de produção de alta tecnologia, pois estes são os países centrais, que historicamente possuem capacitação técnico-científica (qualificação profissional e importantes centros de pesquisas). D Com a Terceira Revolução Industrial e avanço dos transportes e comunicações, as indústrias migraram de áreas próximas aos mercados consumidores e fontes de energia para as áreas com boa infraestrutura e próximas à centro de pesquisas (Tecnopolos). E A indústria automobilística foi o símbolo da Segunda e se aprimorou na Terceira Revoluções Industriais, onde os modelos produtivos Fordista-Taylorista e Toyotista foram implementados visando uma ampliação da produtividade industrial. O último modelo citado tinha como uma de suas características a robotização do processo produtivo, com a substituição da mão de obra humana por maquinário de alta tecnologia. Além disso o setor automobilístico recebeu grandes investimentos estatais visto a grande movimentação econômica que poderiam gerar. B Dentre as características mais importantes da Terceira Revolução Industrial a formação de tecnopolos, ampliação das relações e trocas econômicas e evolução para o capitalismo financeiro se destacam como pontos fundamentais de sustentação. C O trecho citado na questão aponta para uma produção de acordo com a procura, ou seja, a demanda definindo a oferta, isso é chamado de just in time, uma das características do modelo produtivo industrial toyotista que surge em um contexto de Terceira Revolução Industrial. B Na Terceira Revolução Industrial surge a demanda por uma mão de obra qualificada, porém, em pequenas quantidades, isso porque o trabalho manual em sua maioria para a ser exercido pelas máquinas e são necessários apenas poucos técnicos para realizar a manutenção e poucos indivíduos para a concepção de novas máquinas. D Os principais tecnopolos japoneses se localizam na Megalópole Tokaido com destaque para a Região Metropolitana de Tóquio. Sapporo, ao norte, situada na Ilha de Hokkaido, é um importante centro industrial que resulta da descentralização de atividades manufatureiras no Japão, além de ser tecnopolo secundário. 10 Geografia 10. É importante que o estudante cite que o meio técnico-científico-informacional tem como consequência espacial direta a mecanização do campo e crescimento da tecnologia nas técnicas agrícolas, intensificando a agro-industria. Isto gerou um grande êxodo rural em direção as cidades uma vez que a mão de obra passa a ser mais qualificada, e há substituição da mão de obra braçal pela mecanização. Com o êxodo rural o meio urbano se incha, além de depender muito do campo para a produção de alimentos, pressionando ainda mais o setor extrativista como um todo. As indústrias num primeiro momento também se concentram no meio urbano, apesar de que, com o desenvolvimento desse modelo, inchaço urbano e problemas crescentes, há também um processo de interiorização do setor industrial sobretudo em direção as cidades médias que contam com sistemas de transporte integrados as metrópoles. 1 Geografia Toyotismo Teoria O Toyotismo, ou modelo de produção flexível, surgiu a partir das limitações do Fordismo, que é considerado um modelo rígido. O surgimento do Toyotismo O modelo de produção toyotista foi idealizado por Kiichiro Toyoda e Taiichi Ohno e difundido pelo mundo a partir de 1970. O Toyotismo, também conhecido como sistema flexível ou pós-fordista, foi desenvolvido em uma fábrica de automóveis da Toyota, no Japão, buscando atender às especificidades da produção e do território japonês. Todavia, suas características despontaram como alternativa ao Fordismo, que enfrentava sua crise na década de 1970. Ele está relacionado com a Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico- Científico-Informacional. Características do Toyotismo • Produtos pouco duráveis: a durabilidade foi um problema para o Fordismo. Nesse sentido, a lógica do Ciclo de Obsolescência Programada, em que os produtos possuem uma data de “validade”, foi fundamental para superar as limitações do consumo fordista. Não é que o produto quebre com facilidade, mas ele vai se tornando lento, limitado e obsoleto. É o que acontece com os celulares; à medida que o tempo passa, parecem demorar mais para conseguir abrir os mesmos aplicativos. • Diversificação: a produção diversificada, com muitas opções, buscando atender às características de cada mercado, foi importantíssima para ampliar a variedade de produtos. Assim, se aquele país apresenta um poder de comprar menor, a empresa não deixa de vender para ele, pois pode produzir algo mais barato e adequado ao poder aquisitivo de cada região do mundo. • Produção sob demanda e recurso logístico just in time: a ideia era produzir de acordo com a demanda, sem gastar matéria-prima excessiva, fazendo a requisição de um produto ou recurso apenas quando ele fosse necessário. Isso possibilitou a redução dos estoques e da chance de perdas financeiras em caso de crise. • Desconcentração industrial: com os avanços nos transportes e comunicações possibilitados pela Terceira Revolução Industrial, foi possível espalhar a indústria por diversos lugares no mundo, buscando vantagens competitivas individuais que os lugares tinham a oferecer, como mão de obra mais barata ou legislação ambiental mais flexível. 2 Geografia • Mão de obra qualificada: outra característica que possibilitava o amplo desenvolvimento desse modelo. Com uma mão de obra altamente educada e qualificada, toda melhoria no processo produtivo poderia ser mais rapidamente incorporada, ao mesmo tempo que esses trabalhadores contribuíam para esse progresso. Era muito comum incentivar o trabalhador a desenvolver melhoras na estrutura produtiva. Quando isso era alcançado, ele recebia um bônus no salário, por exemplo. • Automação da produção e robótica: por fim, a automação da linha de produção possibilita a redução dos custos produtivos com mão de obra e a maximização dos lucros. Com o desenvolvimento tecnológico associado à robótica, informática e outros setores, foi possível criar fábricas cada vez mais autônomas, com exigência de menos mão de obra. Tal condição leva ao desemprego estrutural, que é irreversível, pois o emprego perdido não será recuperado no futuro. Essa questão é um dos principais desafios do século XXI. Esse conteúdo ainda será mais aprofundado na aula de Quarta Revolução Industrial e o futuro do trabalho. Diferença do fluxo de produção industrial. No primeiro fluxo da ilustração, está escrito “produção empurrada”, que corresponde ao Fordismo. No segundo, “produção puxada”, que indica o Toyotismo. 3 Geografia Mapa mental - Toyotismo Terceira Revolução Industrial A Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-Científico-Informacional,tem início em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Surge no Vale do Silício, Califórnia, Estados Unidos. Esse é um importante tecnopolo americano, que abriga grandes empresas do setor de informática e telecomunicações. Essa fase corresponde ao processo de inovações tecnológicas e informacionais na produção e é responsável pela integração entre a ciência, a tecnologia e a informação. Nesse aspecto, a pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias possibilita às empresas desenvolverem novos produtos, obtendo maior lucratividade. Essas empresas reinvestem parte dos lucros em P&D, gerando um ciclo que os países não desenvolvidos e outras empresas não conseguem superar com facilidade. Na atualidade, possuir indústria não é mais sinônimo de riqueza, e sim capacidade de desenvolver tecnologia. É importante destacar que essa fase está vinculada à evolução do modelo produtivo para uma lógica mais flexível. Na aula passada, estudamos a crise do Fordismo e a ascensão do Toyotismo. Esse conteúdo deve ser pensado de forma conjunta com o desenvolvimento da terceira fase da Revolução Industrial. Além disso, a revolução nos transportes e comunicações, possibilitada pelas novas tecnologias desenvolvidas nesse contexto, expandiu o fluxo de pessoas, capitais e informações, inaugurando um processo denominado globalização. Esse conteúdo ainda será aprofundado nas próximas aulas. Porém, a evolução industrial não parou por aí. https://youtu.be/Rpwn5duYKVo 4 Geografia Exercícios 1. (Enem 2020) “O Toyotismo, a partir dos anos 1970, teve grande impacto no mundo ocidental, quando se mostrou para os países avançados como uma opção possível para a superação de uma crise de acumulação.” (ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo. 2009. Adaptado.) A característica organizacional do modelo em questão, requerida no contexto de crise, foi o(a) a) expansão dos grandes estoques. b) incremento da fabricação em massa. c) adequação da produção à demanda. d) aumento da mecanização do trabalho. e) centralização das etapas de planejamento. 2. (Uerj 2013) 3ª do plural (Engenheiros do Hawaii) Corrida pra vender cigarro Cigarro pra vender remédio Remédio pra curar a tosse Tossir, cuspir, jogar pra fora Corrida pra vender os carros Pneu, cerveja e gasolina Cabeça pra usar boné E professar a fé de quem patrocina Querem te matar a sede, eles querem te sedar Eles querem te vender, eles querem te comprar (…) Corrida contra o relógio Silicone contra a gravidade Dedo no gatilho, velocidade Quem mente antes diz a verdade Satisfação garantida Obsolescência programada Eles ganham a corrida antes mesmo da largada (...) letras.terra.com.br Os diferentes modelos produtivos de cada momento do sistema capitalista sempre foram o resultado da busca por caminhos para manter o crescimento da produção e do consumo. A crítica ao sistema econômico presente na letra da canção está relacionada à seguinte estratégia própria do atual modelo produtivo toyotista: a) aceleração do ciclo de renovação dos produtos b) imposição do tempo de realização das tarefas fabris c) restrição do crédito rápido para o consumo de mercadorias d) padronização da produção dos bens industriais de alta tecnologia e) ausência de preocupação com a vida humana 6 Geografia 3. (Uerj 2011) O capitalismo já conta com mais de dois séculos de história e, de acordo com alguns estudiosos, vive-se hoje um modelo pós-fordista ou toyotista desse sistema econômico. Observe o anúncio publicitário: Adaptado de Casa Cláudia, dezembro/2008 Uma estratégia própria do capitalismo pós-fordista presente neste anúncio é: a) concentração de capital, viabilizando a automação fabril b) terceirização da produção, massificando o consumo de bens c) flexibilização da indústria, permitindo a produção por demanda d) formação de estoque, aumentando a lucratividade das empresas e) terciarização do trabalho, com a ampliação do setor de comércio 4. (Enem 2015) No final do século XX e em razão dos avanços da ciência, produziu-se um sistema presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema uma presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa. SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado). Uma consequência para o setor produtivo e outra para o mundo do trabalho advindas das transformações citadas no texto estão presentes, respectivamente, em: a) Eliminação das vantagens locacionais e ampliação da legislação laboral. b) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de associações sindicais. c) Diminuição dos investimentos industriais e desvalorização dos postos qualificados. d) Concentração das áreas manufatureiras e redução da jornada semanal. e) Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis de desemprego. 7 Geografia 5. (Uncisal 2016) O chamado banco de horas é uma possibilidade admissível de compensação de horas, vigente a partir da Lei nº 9.601/1998. Trata-se de um sistema de compensação de horas extras mais flexível, mas que exige autorização por convenção ou acordo coletivo, possibilitando à empresa adequar a jornada de trabalho dos empregados às suas necessidades de produção e demanda de serviços. Esse sistema de banco de horas pode ser utilizado, por exemplo, nos momentos de pouca atividade da empresa para reduzir a jornada normal dos empregados durante um período, sem redução do salário, permanecendo um crédito de horas para utilização quando a produção crescer ou a atividade acelerar. Se o sistema começar em um momento de grande atividade da empresa, a jornada de trabalho poderá ser estendida além da jornada normal (até o limite máximo da décima hora diária) durante o período em que o alto volume de atividade permanecer e deverá ser compensada posteriormente com a redução da jornada de trabalho. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/banco_horas.htm>. Acesso em: 03 nov. 2015. O banco de horas é uma inovação que surgiu no modelo de produção a) fordista, buscando diminuir a formação de estoques. b) toyotista, com o objetivo de adequar a produção à demanda. c) taylorista, que tenta aumentar a produção sem aumentar os custos. d) keynesiano, objetivando aumentar a influência do Estado na economia. e) socialista, buscando garantir os empregos e a continuidade da produção. 6. (Uerj 2012) Quando os auditores do Ministério do Trabalho entraram na casa de paredes descascadas num bairro residencial da capital paulista, parecia improvável que dali sairiam peças costuradas para uma das maiores redes de varejo do país. Não fossem as etiquetas da loja coladas aos casacos, seria difícil acreditar que, através de uma empresa terceirizada, a rede pagava 20 centavos por peça a imigrantes bolivianos que costuravam das 8 da manhã às 10 da noite. Os 16 trabalhadores suavam em dois cômodos sem janelas de 6 metros quadrados cada um. Costurando casacos da marca da rede, havia dois menores de idade e dois jovens que completaram 18 anos na oficina. (Adaptado de Época, 04/04/2011) A comparação entre modelos produtivos permite compreender a organização do modo de produção capitalista a cada momento de sua história. Contudo, é comum verificar a coexistência de características de modelos produtivos de épocas diferentes. Na situação descrita na reportagem, identifica-se o seguinte par de características de modelos distintos do capitalismo: a) organização fabril do taylorismo - legislação social fordista b) nível de tecnologia do neofordismo- perfil artesanal manchesteriano c) estratégia empresarial do toyotismo - relação de trabalho pré-fordista d) regulação estatal do pós-fordismo - padrão técnico sistêmico-flexível e) estratégia comercial do machesterianismo - organização trabalhista rígida 8 Geografia 7. (Enem 2016) A mundialização introduz o aumento da produtividade do trabalho sem acumulação de capital, justamente pelo caráter divisível da forma técnica molecular digital do que resulta a permanência da má distribuição da renda: exemplificando mais uma vez, os vendedores de refrigerantes às portas dos estádios viram sua produtividade aumentada graças ao just in time dos fabricantes e distribuidores de bebidas, mas para realizar o valor de tais mercadorias, a forma do trabalho dos vendedores é a mais primitiva. Combinam-se, pois, acumulação molecular-digital com o puro uso da força de trabalho. OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista e o ornitorrinco. Campinas Boitempo, 2003. Os aspectos destacados no texto afetam diretamente questões como emprego e renda, sendo possível explicar essas transformações pelo(a) a) crise bancária e o fortalecimento do capital industrial. b) inovação toyotista e a regularização do trabalho formal. c) impacto da tecnologia e as modificações na estrutura produtiva. d) emergência da globalização e a expansão do setor secundário. e) diminuição do tempo de trabalho e a necessidade do diploma superior 8. (Enem 2013) Na imagem, estão representados dois modelos de produção. A possibilidade de uma crise de superprodução é distinta entre eles em função do seguinte fator: Disponível em: http://ensino.univates.br. Acesso em: 11 maio 2013 (adaptado). a) Origem da matéria-prima. b) Qualificação da mão de obra. c) Velocidade de processamento. d) Necessidade de armazenamento. e) Amplitude do mercado consumidor. 9 Geografia 9. (Enem 2013) “Um trabalhador em tempo flexível controla o local do trabalho, mas não adquire maior controle sobre o processo em si. A essa altura, vários estudos sugerem que a supervisão do trabalho é muitas vezes maior para os ausentes do escritório do que para os presentes. O trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto.” SENNETT, R. A corrosão do caráter, consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999 (adaptado). Comparada à organização do trabalho característica do taylorismo e do Fordismo, a concepção de tempo analisada no texto pressupõe que a) as tecnologias de informação sejam usadas para democratizar as relações laborais. b) as estruturas burocráticas sejam transferidas da empresa para o espaço doméstico. c) os procedimentos de terceirização sejam aprimorados pela qualificação profissional. d) as organizações sindicais sejam fortalecidas com a valorização da especialização funcional. e) os mecanismos de controle sejam deslocados dos processos para os resultados do trabalho. 10. A Terceira Revolução Industrial foi responsável por uma nova configuração espacial do mundo, a qual o geógrafo Milton Santos denominou de meio técnico-científico-informacional. Os objetos técnicos passam a ser, ao mesmo tempo, técnicos e informacionais, reorganizando o espaço com a) uma intencionalidade que extrapola os limites nacionais, permitindo uma organização do espaço geográfico através de redes que ampliam os fluxos possíveis. b) uma ampliação das desigualdades em escala global, reduzindo a importância das infraestruturas e dos bens de produção. c) uma maior propagação da informação e menor difusão das técnicas em escala global, fazendo com que as especializações produtivas sejam solidárias em nível mundial. 10 Geografia d) uma coexistência de pontos contínuos e contíguos que garantem certa homogeneidade na forma que os lugares se inserem na estrutura produtiva. e) um conteúdo técnico e científico, substituindo um meio técnico por um meio cada vez menos artificializado. Sua específica é humanas e quer continuar treinando esse conteúdo? Clique aqui para fazer uma lista extra de exercícios. https://dex.descomplica.com.br/enem/geografia/exercicios-toyotismo 11 Geografia Gabaritos C O Toyotismo é um modelo produtivo que passou a ser usado de forma significativa nas indústrias a partir da década de 1970, devido à crise estrutural do Fordismo. Entre as características do Toyotismo, é possível destacar: baixa durabilidade dos produtos, diversificação produtiva, produção sob demanda (Just In Time) e exigência de mão de obra qualificada. A característica organizacional do modelo que passou a ser exigida no contexto da crise fordista foi adequação da produção à demanda. A alternativa D está incorreta, pois, mesmo que a mecanização/automação da produção seja uma característica desse modelo, sua adoção não era solução para crise produtiva daquele momento. A Na música, é abordada a questão da obsolescência programada, que consiste em tornar os produtos ultrapassados através de lançamentos constantes, por exemplo, de modelos de celular, e na programada defasagem técnica dos produtos em um curto espaço de tempo. Com isso, ocorre a renovação dos estoques, através da compra regular de mercadorias pelos consumidores. C A imagem evidencia uma das características do modelo industrial toyotista, a demanda regulando a oferta, ou seja, a produção de bens de acordo com a procura, de acordo com as demandas dos consumidores, evitando, assim, os desperdícios de investimentos e os estoques lotados. E A questão trata do mundo globalizado inserido em um contexto de crescente aplicação tecnológica. A mensagem do texto é de crítica ao modelo que, ao criar possibilidades de substituição de mão de obra por máquinas, aumentou muito o nível de desemprego, o modelo toyotista de produção industrial. B Com a demanda ordenando o momento da produção, surgiu a necessidade de flexibilização da carga de trabalho, pois, em um momento, essa demanda pode estar baixa e, em outro, alta. Visando sempre ao lucro, o empresariado busca uma mão de obra disponível e aberta a atender a essa demanda, trabalhando, se necessário, por horas além do estabelecido. Essa flexibilização é característica do modelo toyotista. C No trecho apresentado, observa-se a ocorrência de uma estratégia empresarial típica do Toyotismo, a terceirização de atividades produtivas, que é representada pela confecção de roupas. Ao mesmo tempo, as condições de trabalho são precárias, marcadas pela exploração da mão de obra e pela ausência de direitos trabalhistas, cenário parecido com aquele verificado no momento pré-fordista, correspondente ao modelo manchesteriano. C O texto fala sobre o processo de desenvolvimento de novas lógicas de tecnologia e de localização industrial, típica do Toyotismo e da Terceira Revolução Industrial. Outro ponto bastante claro no texto é o fato da modernização industrial não ter promovido uma distribuição de renda e nem uma alteração das 12 Geografia formas de trabalho. O enunciado pede os processos que geraram a situação descrita, que são o advento de novas tecnologias e a reestruturação da indústria e da forma de produzir, constantemente atendendo à demanda de mercado. D Observando-se as duas imagens, é possível notar que a diferença entre elas é a necessidade ou não de estoque. No modelo 1, o armazenamento é originado pela produção em massa, característica do modelo fordista-taylorista de produção, enquanto no modelo 2, a produção ocorre quando é requerida, eliminando, assim, os estoques, característica essa que corresponde ao modelo toyotista de produção (just in time). E O trecho de apoio aponta para a questão do trabalho em um contexto flexível, ou seja, o trabalho no contextotoyotista, em que o trabalhador, muitas das vezes, não necessita ir à fábrica para trabalhar, como ocorre em um contexto fordista-taylorista, em que esta é o local de produção e, por sua vez, de controle do ritmo de produção através da linha de montagem. No Toyotismo, o trabalhador pode exercer suas funções remotamente. Desse modo, o empregador não mais exerce controle sobre o processo produtivo, mas sim sobre os resultados apresentados pelo trabalhador através de metas pré- estabelecidas. A Com os avanços científicos, os objetos técnicos passaram a reorganizar o espaço em um ritmo acelerado, extrapolando o nacional até alcançar o global. Isso foi possível a partir de um complexo conjunto de redes (transportes e comunicações) que possibilitaram os fluxos (informações) em uma escala nunca vista. A produção também passou a ser reorganizada nesse sentido, com a desterritorialização produtiva. 8 Filosofia Sócrates e a teoria das ideias Teoria Sócrates Sócrates (c. 470-399 a.C) foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga e é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental. Curiosamente, ele está entre os poucos pensadores da humanidade que não registraram as suas ideias por escrito. Por isso, tudo o que sabemos sobre o seu pensamento e a sua biografia vem dos relatos produzidos pelos seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte. A presença de Sócrates como personagem principal dos diálogos platônicos, bem como a escassez de registros históricos fez com que, durante séculos, a sua real existência fosse amplamente questionada. Somente no século XIX, com o avanço das pesquisas, houve a possibilidade de comprovação da existência de Sócrates que, dentre outras coisas, teria participado da Guerra do Peloponeso. O pensamento socrático é considerado um marco para a filosofia, na medida em que inaugura um período que ficou conhecido como antropológico. Partindo da máxima: Conhece-te a ti mesmo, inscrita na entrada do Oráculo de Delfos, Sócrates deslocou o foco da investigação filosófica das questões cosmológicas (acerca da origem e da composição do universo), para as questões antropológicas, isto é, questões relativas ao próprio homem, tais como: “O que é a coragem?”, “O que é a virtude?”, “O que é a justiça?” etc. A filosofia socrática era baseada na dialética. Ou seja, Sócrates buscava, por meio do diálogo, produzir uma transformação nos seus interlocutores. Mas, antes de passarmos ao método socrático, falemos um pouco da retórica dos sofistas, à qual esse método se opunha. Sofistas: os mestres da retórica No período clássico (séc. V e IV a.C), o centro cultural deslocou-se das colônias gregas para a cidade de Atenas. Nesse período, Atenas vivia uma intensa produção artística, filosófica, literária, além do desenvolvimento da política. Nesse contexto, surgem os sofistas, pensadores que ficaram conhecidos como os mestres da retórica. Ironicamente, tudo aquilo que sabemos sobre eles procede das obras dos seus adversários (os filósofos). Por isso, eles passaram para a história como impostores, demagogos e enganadores. Na verdade, os sofistas eram professores itinerantes que cobravam por seus ensinamentos. Mas o que ensinavam os sofistas? A retórica, isto é, a atacar e defender o mesmo assunto com argumentos igualmente fortes, técnicas de memorização, para que o orador fosse capaz de proferir longos discursos sem recorrer ao auxílio da leitura e técnicas de dicção, para que o orador fosse capaz de pronunciar as palavras clara e corretamente, de modo a ser entendido por todos que o escutassem durante a assembleia. Seus alunos aprendiam, sobretudo, a dominar a arte da palavra, ou seja, a falar com ritmo, graça e elegância. Tais habilidades eram fundamentais na democracia ateniense, em que os cidadãos participavam ativamente dos debates públicos. 8 Filosofia Entretanto, a argumentação retórica não pretendia alcançar a verdade, mas sim a persuasão. Em outras palavras, seu objetivo era convencer os interlocutores. Para os sofistas, a verdade é relativa (o que vale para um determinado lugar, não vale para outro), portanto o que importa é dispor de argumentos capazes de, em qualquer circunstância, vencer o debate. Essa postura lhes rendeu a fama de relativistas. Dentre os sofistas de maior relevância estão Protágoras e Górgias, ambos presentes nos diálogos de Platão. Durante séculos perdurou uma visão pejorativa dos sofistas, mas a partir do século XIX uma nova historiografia surgiu realçando suas principais contribuições. Dentre elas, a contribuição para a sistematização do ensino, elaborada a partir de um currículo de estudos dividido entre gramática (da qual são os iniciadores), retórica e dialética. Além disso, eles contribuíram decisivamente para o estabelecimento do sistema político democrático na Grécia. O método socrático É justamente em oposição à argumentação retórica dos sofistas que Sócrates desenvolve a dialética socrática, com o objetivo de mostrar um caminho racional para que os homens pudessem alcançar um conhecimento verdadeiro. Para ele, a discussão não visa vencer ou persuadir. Sua função é, sobretudo, alcançar a verdade. Ao contrário dos sofistas, Sócrates não cobrava por seus ensinamentos e não fazia qualquer distinção entre seus discípulos, pois acreditava que todos os homens, independente da condição financeira ou posição social, são dotados de razão. Em Apologia de Sócrates, temos uma pista da origem do método socrático. Após descobrir que a pitonisa de Delfos havia dito que ele era “o mais sábios dos homens”, Sócrates, que se considerava ignorante, decidiu interrogar os homens que possuíam a reputação de sábios, para que assim pudesse desmentir o oráculo. Interrogou os políticos, os poetas e os artesãos. Percebeu então, que todos afirmavam conhecer alguma coisa, mas estavam estagnados e não conheciam nada exatamente. Por isso, ao reconhecer a própria ignorância, Sócrates concluiu que era mais sábio do que aqueles homens, pois acreditar saber aquilo que não sabe era a ignorância mais reprovável. O método socrático consistia, basicamente, em um duplo movimento. O primeiro chamado de ironia e o segundo de maiêutica. Embora, para nós, a ironia esteja ligada à figura de linguagem em que se diz o contrário do que se quer dar a entender, ou ainda à manifestação de descaso, ou de deboche, o sentido dentro do método socrático é outro. Ironia, do grego eironeia corresponde à “ação de perguntar, fingindo ignorar”. Desse modo, a ironia socrática diz respeito ao conjunto de perguntas por meio das quais Sócrates interrogava os seus interlocutores, a respeito dos conhecimentos que, até então, eles tomavam como verdadeiros. Tais perguntas tinham o objetivo de evidenciar a ignorância desses interlocutores. 8 Filosofia Concluído o primeiro movimento, passa-se ao segundo: a maiêutica. A maiêutica consiste na investigação dos conceitos. Sócrates faz novas perguntas para que seu interlocutor reflita. Dessa reflexão, surge a possibilidade de formular um novo conhecimento, agora fundamentado na razão. Note-se que Sócrates não ensina, é o interlocutor que descobre, dentro de si, o que já sabia (reminiscência). Maiêutica, do grego maieutiké significa “a arte de fazer um parto”. Sócrates dizia que, enquanto sua mãe fazia parto de corpos, ele ajudava a trazer à luz as ideias. Teoria das ideias Platão se dedicou a resolver o impasse filosófico criado pelo antagonismo entre o pensamento de Heráclito e Parmênides. Heráclito estaria certo ao observar o movimento, a mudança e a impermanência, pois focava no mundo sensível. A matéria é imperfeita, por isso, não consegue manter sua identidade. A experiência no mundo material é uma experiência contraditória, qualquer observação sobre o mundo das aparências produziráopiniões contraditórias. Já Parmênides, estava correto ao exigir que a filosofia abandonasse o mundo material. O que é verdadeiro e deve ser buscado, é o que permanece, o Ser, uno imutável, idêntico, eterno, inteligível. Assim surge uma das teorias mais fundamentais para a compreensão do pensamento platônico, a sua famosa teoria das ideias. Ela afirma que existem dois mundos, a saber: o mundo sensível e o mundo inteligível. O mundo sensível é exatamente este mundo que nós habitamos, ou seja, o mundo terreno da matéria, onde estão presentes todos os objetos materiais. Todas as coisas do mundo sensível, então, estão sujeitas à geração e à corrupção, podendo deixar de ser o que são e se transformar em outra coisa, esse é o mundo da variação, da mudança, da transformação. No entanto, por que Platão nomeia este mundo de habitamos de mundo sensível? Exatamente porque nós apreendemos esse mundo através de nossos sentidos, ou seja, nós percebemos as coisas deste mundo por intermédio dos cinco sentidos (visão, tato, olfato, paladar, audição). Mas e o que é, então, o mundo inteligível para Platão? O mundo inteligível ou mundo das ideias é um mundo superior, apenas acessível ao nosso Intelecto e não aos nossos sentidos, que nada mais é do que o mundo do conhecimento ou da sabedoria. É contemplando as ideias do mundo inteligível através de nossa alma que podemos conhecer as coisas. Assim, o mundo inteligível é composto de ideias perfeitas, eternas e imutáveis, que podemos acessar através da nossa razão. Todas as coisas (materiais) que existem aqui no mundo sensível correspondem a uma ideia ou Forma lá no mundo das ideias. No mundo inteligível, estão as essências ou a origem de todas as coisas que observamos no mundo sensível. Assim, a origem das cadeiras que existem no mundo sensível é a ideia de cadeira. O que existe realmente é a ideia, enquanto a coisa material só existe enquanto participa da ideia dessa coisa. Essa é a teoria da participação em Platão: Uma coisa só existe na medida em que participa da ideia dessa mesma coisa. Portanto, segundo Platão, a ideia é anterior às próprias coisas. Seguindo o nosso exemplo, a ideia de cadeira é anterior à existência das cadeiras particulares. 8 Filosofia Alegoria (mito) da caverna Para ilustrar o dualismo de sua famosa teoria das ideias, isto é, a sua concepção de que a realidade se divide em mundo sensível e mundo inteligível, Platão recorre a uma alegoria, a alegoria da caverna. Embora seja mais conhecida como mito da caverna, a alegoria de Platão se diferencia das narrativas míticas em alguns aspectos. Entende-se por alegoria o modo de expressão ou interpretação que consiste em representar pensamentos e ideias sob a forma figurada. Em filosofia, a alegoria consiste em um método de interpretação, aplicado pelos pensadores gregos, por meio do qual se pretendia descobrir ou explicar as concepções filosóficas. Além disso, a alegoria da caverna não apresenta uma característica comum aos mitos, qual seja, a presença de seres mitológicos, como deuses, titãs, ninfas etc. Toda a narrativa platônica é composta unicamente por seres humanos. Platão inicia narrando um cenário onde homens estão presos numa caverna desde pequenos. Acorrentados, eles não conseguem ver a saída da caverna, pois seus rostos estão voltados para a parte interna. Atrás deles há uma fogueira, cuja luz projeta as sombras das pessoas que passam, do lado de fora, nas paredes da caverna. Essa é toda a realidade que os prisioneiros conhecem. No entanto, um deles se liberta e percebe que o que viu a vida inteira são meras sombras e que existe algo além, uma realidade superior que guarda a verdade. Ao tentar sair da caverna o prisioneiro tem dificuldades, pois a abundância de luz o incomoda. Adaptado à nova condição, ele agora pode contemplar a realidade tal qual é, e não apenas por um reflexo. Sentindo um compromisso de ajudar seus antigos companheiros de prisão, o agora homem liberto retorna à caverna, revelando a todos a verdade sobre o mundo. Entretanto, acostumados com a situação em que vivem, esses homens caçoam da ideia absurda de sair da caverna. Caso o prisioneiro liberto insista, chegará ao ponto em que, por considerá-lo louco, os prisioneiros o matarão. Assim, Platão estabelece a diferença entre mundo sensível e mundo inteligível. O primeiro, diz respeito àquilo que percebemos por meio dos sentidos e corresponde à realidade no interior da caverna, sendo portanto mutável e imperfeito; o segundo, diz respeito às ideias apreendidas por meio da racionalidade e corresponde à realidade do mundo fora da caverna, sendo portanto eterno e perfeito. É dele que todas as ideias derivam, sobretudo a ideia do bem. 8 Filosofia Exercícios 1. A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois: a) Aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos. b) É um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c) A dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. d) É uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. 2. Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apologia de Sócrates de Platão e traz algumas das concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre. Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o que não se sabe? Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a Filosofia Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61. Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, assinale a alternativa INCORRETA. a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, para além da mera aparência do saber. b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, fazendo-o tomar consciência das contradições que traz consigo. c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, ainda que defendendo uma opinião não devidamente examinada. d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, colocado diante da própria ignorância, admite que nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, define o sábio, segundo a concepção socrática. 8 Filosofia 3. Para Platão, o mundo sensível, que se percebe pelos sentidos, é o mundo da multiplicidade, do movimento, do ilusório, sombra do verdadeiro mundo, isto é, o mundo inteligível das ideias. Sobre a filosofia de Platão, assinale o que for incorreto. a) É com a teoria da reminiscência que Platão explica como é possível ultrapassar o mundo das aparências; essa teoria permite explicar como os sentidos servem apenas para despertar na alma as lembranças adormecidas do mundo das ideias. b) Para Platão, um homem só é um homem enquanto participa da ideia de homem. c) Platão distingue quatro graus de conhecimentos: crença, opinião, raciocínio e intuição intelectual. O raciocínio,que se realiza de maneira perfeita na matemática, purifica o pensamento das crenças e opiniões e o conduz à intuição intelectual, ao verdadeiro conhecimento, isto é, às essências das coisas – às ideias. d) A teoria cosmológica do primeiro motor imóvel e a teoria estética da mimeses, de Aristóteles, fundamentam-se na teoria platônica da participação entre o mundo fenomênico e o mundo das ideias. 8 Filosofia 4. Considera pois continuei o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, a fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-Io-ia de fixar os objetos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldade e suporia que os objetos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam? (PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p. 318-319.) O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da Caverna, é correto afirmar. I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, o do conhecimento do verdadeiro ser. II. Explicita como Platão concebe e estrutura o conhecimento. III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar à caverna, aquele que contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos companheiros. IV. Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores circunstanciais e relativistas. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas 8 Filosofia 5. Leia o seguinte trecho da Alegoria da Caverna. Agora imagine que por esse caminho as pessoas transportam sobre a cabeça objetos de todos os tipos: por exemplo, estatuetas de figuras humanas e de animais. Numa situação como essa, a única coisa que os prisioneiros poderiam ver e conhecer seriam as sombras projetadas na parede a sua frente. CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p. 50. Com base na leitura do trecho e em seus conhecimentos sobre a obra de Platão (428 a.C. 348 a.C.), assinale a alternativa INCORRETA. a) Platão distingue o mundo sensível ou das aparências, onde tudo o que se capta por meio dos sentidos pode ser motivo de engano, e o mundo inteligível, onde se encontram as ideias a partir das quais surgem os elementos do mundo sensível. b) Platão tinha como principal objetivo o conhecimento das ideias: realidades existentes por si mesmas, essências a partir das quais podem ser geradas suas cópias imperfeitas. c) O pensamento de Platão deu origem aos fundamentos da ciência moderna graças ao seu método de observação e experimentação para o conhecimento dos fenômenos naturais. d) A obra de Platão está fundamentada em um método de investigação conhecido como dialética cujo objetivo é superar a simples opinião (doxa) e atingir o conhecimento verdadeiro ou ciência (episteme) 6. Leia o texto a seguir. "SÓCRATES: Portanto, como poderia ser alguma coisa o que nunca permanece da mesma maneira? Com efeito, se fica momentaneamente da mesma maneira, é evidente que, ao menos nesse tempo, não vai embora; e se permanece sempre da mesma maneira e é 'em si mesma', como poderia mudar e mover-se, não se afastando nunca da própria Ideia? CRÁTILO: Jamais poderia fazê-lo. SÓCRATES: Mas também de outro modo não poderia ser conhecida por ninguém. De fato, no próprio momento em que quem quer conhecê-la chega perto dela, ela se torna outra e de outra espécie; e assim não se poderia mais conhecer que coisa seja ela nem como seja. E certamente nenhum conhecimento conhece o objeto que conhece se este não permanece de nenhum modo estável. CRÁTILO: Assim é como dizes." PLATÃO, Crátilo, 439e-440a. Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Platão. a) Para Platão, o que é "em si" e permanece sempre da mesma forma, proporcionando o conhecimento, é a Ideia, o ser verdadeiro e inteligível. b) Platão afirma que o mundo das coisas sensíveis é o único que pode ser conhecido, na medida em que é o único ao qual o homem realmente tem acesso. c) As Ideias, diz Platão, estão submetidas a uma transformação contínua. Conhecê-las só é possível porque são representações mentais, sem existência objetiva. d) Platão sustenta que há uma realidade que sempre é da mesma maneira, que não nasce nem perece e que não pode ser captada pelos sentidos e que, por isso mesmo, cabe apenas aos deuses contemplá-la. 8 Filosofia 7. Segundo Platão, na sequência de Sócrates, a sociedade nasce do homem, isto é, de sua condição natural. O Bem e a Justiça se realizam no exercício da cidadania. PEGORARO, Olinto. Ética dos maiores mestres através da história. Petrópolis, 2006. p. 31. Sobre esse assunto, está CORRETO o que se afirma na alternativa: a) Compreender o que são o bem e a justiça proporciona subsídios para julgar melhor a concepção de cidadania. b) O bem e a justiça são categorias indiferentes para o entendimento e a prática da cidadania. c) O campo da justiça se configura como secundário para subsidiar o exercício da cidadania. d) O homem é um animal social, apenas dotado de individualidade. Isso se constitui questão singular no exercício da cidadania. e) A sociedade é a base de toda forma de existência humana. Nela, o bem tem um coeficiente ínfimo para o efetivo exercício da cidadania. 8. Platão, o mais importante discípulo de Sócrates e fundador da Academia de Atenas formulou, nessa academia, os elementos de seu pensamento. Para ele, a) o princípio de todas as coisas (arché) era a água, ou seja, tudo que existe no mundo da natureza tem sua origem de algum modo na água, o elemento primordial para a geração de todas as coisas. b) a retórica era uma importante arma política, pois auxiliava o governante no convencimento dos participantes de uma assembleia e na defesa de seu ponto de vista, por meio de argumentos discursivos. c) o real existia independentemente das ideias, e para conhecê-lo era necessário desenvolver a lógica e concentrar o estudo das mutações do mundo material: no nascimento, na transformação e na destruição. d) as ideias seriam as formas básicas de todas as coisas do universo; seu método era o de dialogar para permitir a exposição do pensamento e a livre colaboração dos espíritos para atingir a verdade. e) o número, elemento abstrato, era a essência de todas as coisas existentes na natureza e concebia o universo como imutável, fundamentado na ordem e harmonia, estimulando a busca da verdade absoluta. 8 Filosofia 9. "O surgimento da polis como a primeira experiência de vida pública enquanto espaço de debate e deliberação tornou-se campo fértil para o florescimento da filosofia. Na praça pública, Sócrates interrogava os homens e criava um novo método de reflexão que a história conheceu como a ironia e maiêutica. Filosofia. Curitiba: Seed-PR, 2006. p. 43. Com base nessa afirmação e nos conhecimentossobre a filosofia de Sócrates, assinale o que for correto. (01) Ao afirmar que "só sei que nada sei", Sócrates inicia, ainda que de forma irônica, a busca filosófica pelo verdadeiro conhecimento. (02) A maiêutica socrática consiste na prática de ajudar as pessoas a encontrar a verdade que traziam em si mesmas, ainda que elas não soubessem. (04) A prática de interrogar a tudo e a todos não incomodou o poder constituído e levou Sócrates a ser condecorado pelos cidadãos de Atenas como exemplo a ser seguido. (08) Assim como os sofistas, a filosofia de Sócrates acontece na praça pública de Atenas e promove um debate amplo sobre o que é o cidadão e o que deve ser a cidade. (16) A ironia é uma forma de tratar o saber e aparece na história também como reação ao dogmatismo, isto é, quando existem verdades impostas pelas crenças ou pela autoridade, impedindo as pessoas de pensarem livremente. 10. Leia o texto, extraído do livro VII da obra magna de Platão (A República), que se refere ao célebre mito da caverna e seu significado no pensamento platônico. Agora, meu caro Glauco – continuei – cumpre aplicar ponto por ponto esta imagem ao que dissemos, comparar o mundo que a visão nos revela à morada da prisão e a luz do fogo que a ilumina ao poder do sol. No que se refere à subida à região superior e à contemplação de seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma ao lugar inteligível, não te enganarás sobre o meu pensamento, posto que também desejas conhecê-lo. Quanto a mim, tal é minha opinião: no mundo inteligível, a ideia do bem é percebida por último e a custo, mas não se pode percebê-la sem concluir que é a causa de tudo quanto há de direto e belo em todas as coisas; e que é preciso vê-la para conduzir-se com sabedoria na vida particular e na vida pública. Platão. A República, texto escrito em V a.C. Adaptado. Explique o significado filosófico da oposição entre as sombras no ambiente da caverna e a luz do sol. 8 Filosofia Gabarito 1. A Sócrates percebeu que os que afirmavam conhecer alguma coisa estavam estagnados e não conheciam nada exatamente. Por isso, ao reconhecer a própria ignorância, Sócrates torna-se o mais sábio dos homens, por querer adquirir o verdadeiro conhecimento. 2. C A alternativa [C] está incorreta por dizer o oposto ao pensamento de Sócrates. Segundo ele, a sabedoria consiste, justamente, em reconhecer a própria ignorância. Além disso, ao aceitar a sua condenação, ingerindo o cálice de cicuta — um veneno poderosíssimo — Sócrates preferiu a morte a ter de abandonar o seu método dialético, por meio do qual demonstrava a ignorância dos seus interlocutores, levando-os assim à busca do verdadeiro conhecimento. 3. D A alternativa [D] está incorreta, pois embora a teoria cosmológica do primeiro motor imóvel e a teoria estética da mimesis sejam de Aristóteles, elas não se fundamentam na teoria platônica da participação entre o mundo fenomênico e o mundo das ideias. Todas as outras assertivas estão corretas. 4. B I. Incorreta. De acordo com a alegoria platônica, a caverna é iluminada por uma fogueira e não pelo Sol. Além disso, ela representa o mundo sensível e não o mundo inteligível. II. Correta. Para Platão, o conhecimento se dá a partir da contemplação das ideias do mundo inteligível, representado pela parte externa da caverna. III. Correta. Para Platão, aquele que contemplou o bem e retorna para a caverna para libertar os companheiros representa o filósofo. Por isso, ele propõe a sofocracia como a melhor forma de governo, uma vez que o filósofo contemplou a verdade, ele é o mais apto para conduzir a cidade visando a justiça e o bem. IV. Incorreta. Segundo Platão, o conhecimento se estrutura nas ideias do mundo inteligível. Desse modo, somente as afirmativas II e III estão corretas. Por isso, a alternativa B é o gabarito da questão. 5. C A afirmativa C está incorreta porque se refere a Aristóteles. Foi ele o filósofo que se preocupou com métodos para observação e experimentação dos fenômenos naturais, sendo um precursor do desenvolvimento da ciência moderna. Como a filosofia de Platão era mais voltada ao conhecimento idealista do mundo, ele não teve a preocupação de pensar as coisas em sua realidade concreta, sensível. 8 Filosofia 6. A Para Platão as ideias são perfeitas e imutáveis, e somente elas trazem o verdadeiro conhecimento a respeito das coisas, por isso, a teoria da dialética é a única maneira de sair da opinião, indo de ideia em ideia até intuir a ideia Suprema. B, C e D - Incorretas. Para Platão o mundo das coisas sensíveis é o mundo das aparências, das sombras, limitados à opinião, e por isso, não oferecem conhecimento verdadeiro sobre as coisas. A única realidade imutável e que oferece, aos que a elas chegam, um conhecimento sobre as coisas, é a realidade das ideias, que podem ser alcançadas por todos aqueles que se submeterem à dialética, ou seja à busca incessante da verdade. 7. A A questão trata das relações entre bem e justiça e seu papel na constituição da cidadania. O bem é um conceito filosófico amplo que aparece no campo da ética, assim como na filosofia platônica, na qual é visto metafisicamente como aquilo que confere verdade aos objetos cognoscíveis e ao homem o poder de conhecê-los, tornando-se uma dádiva e um meio para o progresso humano. A justiça, por sua vez, em termos filosóficos, pode ser vista como conformidade da conduta a uma norma ou como eficiência de uma norma ou sistema de normas. Mas devemos lembrar que, assim como o bem, trata-se de um conceito amplo. Normalmente, confunde-se justiça e bem, pois nem sempre o que leva ao bem pode ser considerado justo e vice-versa. É nesse sentido que a alternativa A está correta, porque é a compreensão desses dois conceitos que permitirão uma melhor consciência da cidadania, um espaço que visa ao bem coletivo, mas que busca isso por meio de normas comuns a todos, um universo regrado pela justiça. 8. D Para Platão, o diálogo era um importante instrumento para os homens chegarem à verdade, uma vez que as ideias eram o princípio de todas as coisas, o que exclui A e E. Assim, é errôneo afirmar que o filósofo defendia que o real existe independentemente das ideias, o que elimina C. Platão considerava a retórica perigosa e pensava que ela deveria estar sempre subordinada à filosofia. A retórica como importante arma política de persuasão é uma ideia aristotélica, o que exclui B. Assim, a alternativa correta é D. 9. 01 + 02 + 08 + 16 = 27 (01) Correta. A partir da premissa de que "nada se sabe" o espírito humano abre-se para a perspectiva de que "pode vir a saber". Abandona suas certezas e desta forma consegue ver a realidade em outra perspectiva. (02) Correta. Maiêutica é a "arte da parteira". O método socrático recebeu este nome porque entendia-se que sua forma de investigação filosófica, que ajudava a própria pessoa a descobrir a resposta, assemelhava-se ao trabalho da parteira que ajuda os bebês a nascerem. (04) Incorreta. A prática socrática de interrogar foi justamente o que irritou a cidade de Atenas e por causa dela ele foi condenado à morte. (08) Correta. A retórica ensinada pelos sofistas estava intimamente ligada à ágora (praça onde aconteciam os debates políticos), do mesmo modo Sócrates interrogava os seus interlocutores e transmitia os seus ensinamentos nas praças públicas. (16) Correta. É uma resposta na qual o sentido real difere do literal e se põe contra verdades impostas, ainda que não possuam logicidade suficiente para se manter. Sócrates usava muito deste recurso em suas discussões filosóficas, engrandecendo o adversário e se subestimando para ele. 8 Filosofia 10. Para Platão, as sombras são reflexos mal perceptíveis da realidade, vistos no fundo da caverna. Quem os vê são aqueles quepercebem o mundo apenas de forma sensível, sem utilizar da razão. Têm, portanto, uma visão distorcida da verdade e do que é real. O mundo da luz do sol é o mundo verdadeiro, que só pode ser alcançado pelo raciocínio e pelas ideias. O papel do filósofo é mostrar às pessoas essa diferença e conduzi-las a esse patamar de esclarecimento. Portanto, a alegoria da caverna serve para explicar a diferença que Platão propunha entre mundo das ideias e mundo sensível. 1 Guia do Estudo Perfeito Atenção plena e mindfulness para dominar sua concentração Resumo Antes de ler esse texto, vamos fazer um acordo? Você irá desligar ou silenciar as notificações do celular!! Bem, isso não significa que você precisa se isolar do mundo, colocar seu celular em um baú, fechá- lo com cadeado e jogá-lo no fundo do oceano. Porém, você precisa se desligar daqueles aplicativos que roubem sua atenção. Por exemplo, as redes sociais, o e-mail e os jogos. Caso você seja muito impulsivo, existem alguns aplicativos que podem te ajudar nisso. O Cold Turkey bloqueia totalmente o celular por um período determinado de tempo. Menos radical, existe o AppBlock, que bloqueia até cinco aplicativos, como Facebook, WhatsApp, Instagram, e deixa outros livres para usar. Outra dica bem legal, antes de ler esse texto, é fechar as abas do seu navegador e outros aplicativos abertos no seu desktop. Se você usa o navegador Chrome, é possível fazer o download de uma extensão chamada StayFocusd, também disponível para Android. Essa extensão bloqueia o acesso a determinados sites ou a toda internet por uma 1 hora ou mais. Vamos manter apenas esse arquivo aberto e ficar totalmente concentrados nele. São etapas simples como essas que nos ajudam a manter o foco e a aumentar a concentração no dia a dia. Mantenha-se focado • Durante um pomodoro, inicie o aplicativo Cold Turkey. • Selecione o tempo de fazer um resumo (40 minutos) e faça igualmente no aplicativo. • Seu celular ficará bloqueado por esse tempo, assim, você não perderá a concentração. • Descanse por 5 minutos, acessando o que você quiser. • Reinicie o pomodoro, utilizando o Cold Turkey como uma espécie de cronômetro que bloqueia suas distrações. Quatro maneiras de melhorar sua concentração Aprender a se concentrar não é algo simples, mas é essencial no seu dia a dia. Existem algumas técnicas que podem te ajudar ainda mais. • Faça o essencial Pare de tentar fazer diversas coisas ao mesmo tempo. Equilibrar uma coisa é mais fácil que fazer malabarismo com diversas outras. Defina qual tarefa você irá fazer e concentre-se nela. https://play.google.com/store/apps/details?id=com.felixlogic.coldturkey&hl=pt_BR https://play.google.com/store/apps/details?id=com.felixlogic.coldturkey&hl=pt_BR https://play.google.com/store/apps/details?id=com.felixlogic.coldturkey&hl=pt_BR https://play.google.com/store/apps/details?id=cz.mobilesoft.appblock&hl=pt_BR https://play.google.com/store/apps/details?id=cz.mobilesoft.appblock&hl=pt_BR http://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/stayfocusd.html http://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/stayfocusd.html 2 Guia do Estudo Perfeito • Desenvolva o autocontrole Esqueça o grupo do WhatsApp e bloqueie aqueles pensamentos aleatórios e inesperados. Fique atento a esses momentos de distração para que consiga expulsar esses pensamentos inesperados. • Exercite sua concentração É uma atividade como qualquer outra. Imagine que sua concentração é um músculo e que você precisa treiná- la. É necessário muito exercício para o monstro sair da jaula e você conseguir aumentar sua concentração. • Intercale suas tarefas É muito difícil manter a concentração em uma mesma tarefa por muitas horas. Não hesite em mudar. Estude outra matéria ou leia algum outro texto. Mindfulness Conhecida também como Atenção Plena, essa técnica promete diminuir o estresse psicológico, através de uma série de exercícios de respiração, relaxamento e conhecimento pessoal. Clique no vídeo abaixo e descubra o que é o Mindfulness. Experimente Não necessariamente, uma técnica que funciona para seu amigo irá funcionar para você. O importante é experimentar. Confira estes comentários de alunos lá no grupo do Descomplica-Vestibulares e as técnicas que eles utilizaram para manter a concentração e o foco. https://www.youtube.com/watch?v=x5OUCnYlBII 3 Guia do Estudo Perfeito 4 Guia do Estudo Perfeito Exercício Imagine que sua concentração é um músculo e que você precisa exercitá-la. Pensando nisso, pegue um bloco de notas e faça algumas anotações. • Anote cada atividade que você tenha começado e que não conseguiu terminar devido a alguma distração. • Anote, também, cada uma dessas distrações. Por exemplo, “Fui mexer no celular”, “Acabei assistindo a um vídeo no YouTube”, “Tinha uma notícia muito importante no Facebook” ou “O crush me respondeu no WhatsApp ou me ligou”. A partir disso, pense em como você poderia impedir essas distrações. Por exemplo, instalando um aplicativo que bloqueia as redes sociais, explicando sua situação para o crush e que você tem um horário específico para estudar. Ponha em prática essas ações e evite ficar distraído com suas tarefas. • Anote tudo novamente e compare com a semana anterior. E aí, sua concentração tem melhorado? 1 Português Conjunções (valores das subordinativas) Resumo Vamos analisar, agora, os tipos de conjunções subordinativas e as relações sintáticas e semânticas que elas ajudam a estabelecer. Grupo I: Integrantes: Não estabelecem relação semântica entre as orações. São elas: que, se. Ex.: Joana queria muito que Pedro viajasse. Grupo II (adverbiais): Causais: Introduzem enunciado que indica causa do fato apresentado na oração principal. São elas: porque, porquanto, pois, como (em início de oração), já que, visto que, uma vez que, etc. Ex.: Visto que comeu tanto, passou mal. Comparativas: Introduzem enunciado que traz um dos termos de uma comparação. São elas: como, que nem, (do) que, qual, quanto, etc. Ex.: Praia é bom como piscina. Concessivas: Introduzem um fato que poderia inviabilizar o evento apresentado na oração principal, mas não o faz. São elas: embora, ainda que, mesmo que, por mais que, apesar de que, etc. Ex.: Embora esteja chovendo, vou à praia. Condicionais: Introduzem enunciado que indica condição necessária para que o fato declarado na oração principal se realize. São elas: se, caso, contanto que, a menos que, a não ser que, salvo se, etc. Ex.: Vou caminhar, a menos que não esteja chovendo. Conformativas: Introduzem enunciado em relação ao qual o fato apresentado na oração principal está em conformidade, exprimem um modelo. São elas: conforme, segundo, como, consoante. Ex.: A viagem ocorreu conforme planejamos. Consecutivas: Introduzem enunciado que indica a consequência do fato apresentado na oração principal. São elas: de maneira que, de modo que, de forma que, que (combinada com “tal”, “tanto”, “tão”), etc. Ex.: Comeu tanto que passou mal. Finais: Introduzem enunciado que expressa a finalidade do fato apresentado na oração principal. São elas: a fim de, para, etc. Ex.: Vou dormi para acordar cedo amanhã. 2 Português Proporcionais: Introduzem enunciado que expressa em que proporção ocorreu o fato apresentado na oração principal. São elas: à medida que, ao passo que, à proporção que, quanto mais, quanto menos, etc. Ex.: Quanto mais andava mais cansado ficava. Temporais: Iniciam enunciado que exprime o tempo de realização do fato da oração principal. São elas: enquanto, logo que, quando, antes que, até que, assim que, desde que, etc. Ex.: Desde que foi morar fora, não o vi mais. 3 Português Exercícios 1.A Carolina Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro. Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro Que, a despeito de toda a humana lida, Fez a nossa existência apetecida E num recanto pôs um mundo inteiro. Trago-te flores, - restos arrancados Da terra que nos viu passar unidos E ora mortos nos deixa e separados. Que eu, se tenho nos olhos malferidos Pensamentos de vida formulados, São pensamentos idos e vividos. Machado de Assis “Que, a despeito de toda a humana lida, fez a nossa existência apetecida.” Dentre as seguintes conjunções subordinativas, qual delas pode substituir aquela em destaque sem alteração de sentido? a) como. b) a fim de. c) apesar de. d) dado que. e) assim que. 4 Português 2. Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?) para responder à questão. Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha¹. Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida. – Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por natureza, inimiga de todos os pássaros. – Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato. E assim ele conseguiu escapar. Mais tarde, ao cair de novo e ser capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não o devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos, ele afirmou que não era um rato, mas um morcego. E de novo conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe bastou mudar de nome para ter a vida salva. Fábulas, 2013. ¹doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e de patas curtas (também conhecido como furão). “Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida.” Em relação à oração que a sucede, a oração destacada tem sentido de: a) proporção. b) comparação. c) consequência. d) causa. e) finalidade 3. Belo Horizonte, 28 de julho de 1942. Meu caro Mário, Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela me fez sentir. Mas é longo, não tenho o direito de tomar seu tempo e te chatear. Fernando Sabino. No texto, o conectivo “se bem que” estabelece relação de: a) conformidade. b) condição. c) concessão. d) alternância. e) consequência. 5 Português 4. “Labaredas nas trevas”. Fragmentos do diário secreto de Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski 20 DE JULHO [1912] Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da sugestão. […] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não existe.” 20 DE DEZEMBRO [1919] Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo. FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmento). Na construção de textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em questão, uma relação semântica de: a) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequência. b) temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão. c) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstâncias apresentadas na outra. d) adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa distinta e oposta à outra. e) finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma. 5. Releia-se o que escreve Beccaria: “Contudo, se o roubo é comumente o crime da miséria e da aflição, se esse crime apenas é praticado por essa classe de homens infelizes, para os quais o direito de propriedade (direito terrível e talvez desnecessário) apenas deixou a vida como único bem, [...] as penas em dinheiro contribuirão tão- somente para aumentar os roubos, fazendo crescer o número de mendigos, tirando o pão a uma família inocente para dá-lo a rico talvez criminoso.” A palavra ou locução que, usada no espaço entre colchetes deixado no período, fortalece a conexão lógica entre as orações adverbiais condicionais e o que ele afirma a seguir é: a) inclusive. b) além disso. c) então. d) por outro lado. e) mesmo. 6 Português 6. Ainda que mal Ainda que mal pergunte, ainda que mal respondas; ainda que mal te entenda, ainda que mal repitas; ainda que mal insista, ainda que mal desculpes; ainda que mal me exprima, ainda que mal me julgues; ainda que mal me mostre, ainda que mal me vejas; ainda que mal te encare, ainda que mal te furtes ainda que mal te siga, ainda que mal te voltes; ainda que mal te ame, ainda que mal o saibas; ainda que mal te agarre, ainda que mal te mates; ainda assim te pergunto e me queimando em teu seio, me salvo e me dano: amor. Carlos Drummond de Andrade O termo que introduz a maioria dos versos do texto acima estabelece relação de: a) comparação b) condição c) concessão d) conformidade e) finalidade 7. "Mas eu o exasperava tanto QUE se tornara doloroso, para mim, ser o objeto do ódio daquele homem QUE de certo modo eu amava." Há no período duas orações que se iniciam com o conectivo QUE. A primeira dá ideia de: a) condição b) consequência c) concessão d) causa e) tempo 7 Português 8. No período: “Da própria garganta saiu um grito de admiração, que Cirino acompanhou, embora com menos entusiasmo”, a palavra destacada expressa uma ideia de: a) explicação b) concessão c) comparação d) modo e) consequência 9. Em qual período o se é uma conjunção integrante? a) “Paraquedista se prepara para romper a barreira do som com salto da estratosfera.” b) “Um tecido comum pegaria fogo se fosse exposto diretamente a essa radiação.” c) “Sabe-se também que a alimentação materna pode ter impacto na chance de a criança vir a desenvolver câncer.” d) “Marilyn Monroe morreu aos 36 anos de forma trágica, vítima de uma overdose de medicamentos que até hoje não se sabe se foi intencional, acidental ou provocada por alguma misteriosa conspiração política.” e) “Não fale rápido demais. Se sua dicção não for boa, ninguém irá entender o que você diz.”. 10. Qualquer discussão sobre o tempo deve começar com uma análise de sua estrutura, que, por falta de melhor expressão, devemos chamar de "temporal". É comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado é o que vem antes do presente e o futuro é o que vem depois. Já o presente é o "agora", o instante atual. As descobertas de Einstein mudaram profundamente nossa concepção do tempo. Em sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativístico adquireuma plasticidade definida pela realidade física à sua volta. A coisa se complica quando usamos a relatividade geral para descrever a origem do Universo. Adaptado. (Folha do S.Paulo. 07.06.1998.) Em “[Einstein] mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia.”, a conjunção destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por: a) visto que. b) a menos que. c) ainda que. d) a fim de que. a) desde que. 8 Português Gabarito 1. C A locução “a despeito de” expressa um sentido de contraste, nesse caso, indica uma concessão visto que há um fato inesperado e uma quebra de expectativa. Portanto, poderia ser substituída sem alteração de sentido pela expressão “apesar de” que possui também valos de oposição. 2. D O fato de o morcego pensar que seria morto foi a causa para que ele implorasse à doninha que não o matasse. 3. C A locução conjuntiva “se bem que” é concessiva, pois expressa um fato deveria impedir o expresso pela oração principal, mas não o faz. 4. B Entre os dois fragmentos do texto percebemos a relação estabelecida com o tempo, pois, nas partes em questão, o tempo localiza o que é narrado. 5. C A conjunção “então” indica uma conclusão lógica entre as ideias apresentadas e, por isso , ela pode ser utilizada no trecho entre colchetes por ser o elemento de ligação necessário para estabelecer a relação entre as partes do texto. 6. C “Ainda que” é uma conjunção concessiva, que indica um fato que deveria impedir o expresso pela oração principal, mas não o faz. 7. B A primeira conjunção “que” está introduzindo a oração que exprime a consequência do fato expresso pela oração principal. 8. B A conjunção “embora” é concessiva, indicando que um fato deveria impedir o expresso pela oração principal, mas não o faz. 9. D Na opção “d”, temos o “se” funcionando como conjunção integrante, introduzindo uma oração subordinada substantiva, sem expressar valor semântico. 10. C A conjunção “embora” é concessiva e, portanto, pode ser substituída pela expressão “ainda que” porque possui o mesmo valor semântico. Redação 1 Introdução na Dissertação Resumo A estrutura da dissertação: Introdução Para desenvolver a dissertação, gênero comumente pedido pelos vestibulares, é necessário analisar e compreender a importância de cada parágrafo. Nesse material, veremos a definição de introdução, de modo a atribuir suas funções e estratégias de melhoria. Em primeiro lugar, é importante definir o termo “introdução”. De acordo com a sua etimologia, “intro” significa “dentro”, enquanto “dução” pode significar “levar” ou “conduzir”. Assim, é possível perceber o papel desse parágrafo: conduzir alguém (o leitor/corretor, neste caso) para dentro das ideias do seu texto. Dessa maneira, vejamos suas principais funções e características: Funções da introdução 1) Contextualizar a proposta do tema: é necessário trazer para o leitor a indicação de relevância do tema, sobretudo a atualidade da proposta. 2) Abordagem: após a contextualização temática, deve-se apresentar o posicionamento sobre o tema, ou também conhecida como tese. Isso será demonstrado pela necessidade de evidenciar os pontos de importância do tema, com base nos textos de apoio; além disso, faz parte do gênero em questão argumentar sobre um ponto de vista. Estratégias para a contextualização Há diversas maneiras de apresentar o tema para o leitor, de modo a interligar essa ideia com o seu ponto de vista/opinião sobre o que se pede. Vejamos as principais formas de demonstrar essa demonstração: 1) Base histórica: Trata-se de apresentar uma referência histórica para relacionar com a abordagem da tese. Exemplo: Tema: A consciência política do brasileiro. Durante mais de duas décadas, desde o golpe militar de 64 até a eleição de Fernando Collor de Mello como Presidente da República no fim dos anos 80, o brasileiro manteve-se distante das urnas. Não é difícil imaginar que, nesse contexto de afastamento eleitoral, a maior parte da população também tenha acabado por distanciar- se da própria política. Hoje, o que vemos é uma população descrente e desinteressada, que vota mais por receio das punições do que por dever cívico consciente e direito cidadão. Tema: A intolerância no mundo contemporâneo. Onze de setembro de 2001. Nesse dia, o mundo parava – completamente atônito – em frente à tela da televisão. As torres gêmeas caíam e, com elas, simplesmente desmoronava a sensação de segurança que certos grupos e países possuíam. Contudo, uma nova grande realidade emergia juntamente com a ameaça terrorista: a questão da intolerância no mundo contemporâneo e as formas de se combater, em todos os níveis, esse mal. Redação 2 2) Caso concreto: Algo da atualidade e evidente, que discuta sobre a realidade e a problemática vigente. Exemplo: Tema: A prática de bullying nas escolas do Brasil do século XXI É evidente que a prática do bullying não é uma temática recente no contexto global. Na atualidade brasileira esse tipo de agressão também é presente, sendo uma questão problemática governamental a partir de 2016, ano em que a prevenção e combate ao bullying se tornaram lei. Entretanto, ainda são vistos, de modo frequente, casos desse tipo de ação nas instituições de ensino brasileiras, acentuando a urgência do debate. Assim, faz-se necessário evidenciar as motivações da prática, assim como conscientizar a população, seja no ambiente familiar ou escolar, de uma luta recente para o cenário nacional. 3) Flashes: São termos curtos, ou “spots de luz”, que irão enfatizar o tema a ser discutido e opinado posteriormente. Ex: Tema: Como o brasileiro deve lidar com um país em crise? Crise econômica. Crise política. Crise ambiental. Crise de valores. Até mesmo crise de energia…. De modo recorrente, é nesse contexto de crise em que vive (sobrevive?) o brasileiro contemporâneo. Para lidar com essa situação, diversas medidas são – ou deveriam ser – tomadas, desde o investimento em educação, passando pelo combate aos corruptos até a atenção à Floresta Amazônica. Somente desse modo se pode evitar a saída derradeira: a porta do avião. 4) Dados estatísticos: Refere-se a captação de dados estatísticos que envolvem o tema para previamente já realizar o encaminhamento opinativo do texto. Exemplo: Tema: Analfabetismo funcional no Brasil. Pesquisas revelam que cerca de setenta por cento dos brasileiros enquadra-se, com maior ou menor grau de intensidade, em um dos maiores problemas educacionais de nosso país: o analfabetismo funcional. Essa disfunção ocorre quando a pessoa lê e escreve, mas não é capaz de entender aquilo que foi lido. Sem dúvida, tal malefício traz diversos prejuízos ao indivíduo e à sociedade, devendo ser combatido em sua raiz mais profunda – a educação de base. 5) Sugestão/citação cultural: Ocorre por meio da apresentação de traços culturais ligados ao tema, que podem fazer parte da gama artística, seja com filmes, literatura, jogos, etc. Exemplo: Tema: A transgressão às leis no contexto contemporâneo. Segundo o filósofo grego Aristóteles, “a lei é a razão livre da paixão”. A julgar pelo panorama atual, esse precioso ensinamento vem sendo constantemente desvirtuado. Para muitos, a paixão – como sinônimo de interesses e desejos pessoais – revela-se elemento inerente à observância de uma lei, e, o que é pior, pode ser o pretexto necessário para que esta não seja sequer cumprida. Redação 3 6) Conceituação: É a definição temática, ou seja, é o ato de conceituar o termo ou palavra chave do tema, levando a demonstração do ponto de vista. Exemplo: Tema: A importância da família Em sua etimologia, educar significa elevar, conduzir a um patamarsuperior. No contexto contemporâneo, a condução do indivíduo a um plano mais elevado depende de diversos elementos, seja a escola, seja o meio social, seja a índole de cada um. No entanto, tudo indica que um fator é mais essencial que todos os outros: a presença da família. Estratégias para a abordagem Como vimos anteriormente, para a contextualização há diversas maneiras de interagir com o tema. Agora, veremos formas de apresentar a abordagem, de modo coerente com o já mencionado no texto. Tese: Ideia central do texto, a partir da qual derivam os argumentos. É a forma de evidenciar a sua abordagem por meio da introdução, e pode ser construída de duas maneiras: 1) Tese analítica: Análise mais extensa daquilo que será abordado. Em outras palavras, é uma forma de citação genérica dos argumentos. Exemplo: Atualmente, os brasileiros parecem ter que se conformar com uma triste realidade no momento em que ligam a tevê ou lêem os jornais: o grande número de crimes cometidos com a manipulação de armas de fogo. No intuito de dificultar essa prática, o governo criou um projeto de lei que prevê grandes restrições à comercialização desses armamentos em nosso país. Nessa perspectiva, aspectos comerciais, sociais e, principalmente, humanos devem ser avaliados para que se chegue a uma conclusão minimamente polêmica sobre a questão. 2) Tese sintética: síntese e sugestão por meio da palavra-chave do tema. Ou seja, é uma afirmação (também podendo ser uma pergunta retórica) mais elaborada e menos explícita sobre o ponto de visa, uma vez que será aprofundado no desenvolvimento. Impunidade. Esse é o sentimento que leva grande parte dos brasileiros a defender a redução da maioridade penal para 16 anos. O estado de violência no qual estamos inseridos, somado à frequente associação de menores aos atos de violência expostos pela mídia, gera um desejo de vingança, que se consuma com a prisão desses transgressores das regras morais que regem a sociedade. Entretanto, estudiosos e entidades internacionais condenam essa proposta, alegando que não reduz a criminalidade. Nesse sentido, convém analisar dados que deixem de lado a emoção e levem em consideração a razão, necessária em uma decisão importante como essa. Como pudemos ver, essas são formas de auxiliar a produção escrita do primeiro parágrafo de dissertação. Entretanto, é importante ressaltar que as outras partes do texto também demandam estudo e prática para atingir a nota máxima nos vestibulares. Redação 4 Exercícios 1. Levando em consideração o parágrafo a seguir, responda: Em ‘’A literatura e a formação do homem’’, o sociólogo e professor Antônio Cândido fala sobre a função humanizadora da literatura considerando as suas três funções: a psicológica, a formativa de tipo educacional e a de conhecimento de mundo e de ser. Nesse sentido, ela é indispensável a quem quer que seja, pois contribui não somente com o enriquecimento intelectual e cultural, mas também desenvolve o senso crítico e amplia a visão de sociedade. 2. Sobre qual tema a introdução fala? 3. Que trecho apresenta a contextualização do tema? 4. Que trecho mostra o posicionamento do texto? Leia a introdução a seguir, sobre o tema "A cordialidade brasileira e suas consequências em questão no século XXI": Em sua obra “A casa e a rua”, Roberto DaMatta revisita a ideia do homem cordial ao mostrar que, na teoria, o ambiente privado é o lugar do uso da emoção acima da razão, enquanto, no meio público, a moral, as leis coletivas regem o indivíduo. É possível, por meio de sua produção, discutir a cordialidade brasileira e seus efeitos hoje. 5. O parágrafo está completo, do ponto de vista das duas funções da introdução? 6. Identifique a estratégia de contextualização utilizada no trecho. Leia o parágrafo a seguir: No drama “Preciosa”, que se passa em 1987, a personagem Claireece comprova que, há 29 anos, os Estados Unidos já discutiam o tão perigoso bullying. Violentada pelo pai e negligenciada pela mãe, a menina de 16 anos, já com um filho, ainda precisava lidar com os duros deboches em sala de aula, alimentando o seu isolamento e, consequentemente, o distanciamento do aprendizado escolar. No Brasil, a realidade não é diferente; porém, a verdadeira preocupação só chegou às instituições de ensino em 2016, ano em que a prevenção e o combate à prática virou lei no país. Isso confirma que, diferentemente da situação norte-americana, a luta aqui é recente e precisa ser valorizada, tanto no ambiente escolar quanto no familiar. 7. Identifique, no parágrafo, a contextualização e a estratégia apresentadas pelo autor. 8. Sabendo como se constrói uma tese, mostre que trecho define o posicionamento do texto e que estratégia foi utilizada na sua formulação. 9. Que outra estratégia poderia ter sido utilizada nessa mesma temática? Redação 5 Analise o parágrafo para resolver as questões 9 a 11: Na obra “Dom Quixote”, do escritor Miguel de Cervantes, o personagem Alonso Quijano cultivava o prazer pela leitura e explorava sua inclinação imaginária ao projetar seus sonhos, temores e emoções para o mundo fictício. Assim como ocorre com Alonso, as crianças também usufruem da fantasia e, a partir dela, criam novas visões e questionamentos; neste contexto, a literatura contribui na construção da formação infantil. No entanto, um empecilho ao desenvolvimento dos pequenos é que nem sempre há o estímulo à leitura, ficando clara a necessidade de alterações. 10. Sabendo que a introdução é exemplar, identifique elementos que a tornaram um parágrafo nota mil. 11. Identifique outras duas estratégias de contextualização que poderiam ser utilizadas em um tema sobre "a importância da literatura na formação da criança". 12. Suponha que você, aluno, tenha decidido defender a ideia de que a literatura, hoje, tem sido muito valorizada nas escolas e, consequentemente, entre as crianças. Formule uma tese com esse posicionamento. Leia o parágrafo a seguir e faça o que se pede. No ano de 2010 elegeu-se como líder maior da nação brasileira a presidenta Dilma Rousseff. A faixa presidencial que ela ostenta desde então, representa, simbolicamente, o empoderamento da mulher - algo impensável há décadas atrás. Com isso, o mesmo povo que a colocou no poder é capaz de produzir vergonhosa estatística: índices crescentes de violência contra o sexo feminino. Analisar as causas dessa prática hedionda é o primeiro passo para reverter este triste quadro. 13. Identifique a tese presente no fragmento acima. 14. Como você já deve imaginar, um bom parágrafo não vem, apenas, de uma utilização perfeita de suas estruturas, mas também de alguns outros fatores, como linguagem, vocabulário e, principalmente, a modalidade escrita. Nesse contexto, analise o parágrafo acima e identifique problemas que, em uma avaliação mais detalhada, possam prejudicar a nota do autor. 15. Reconhecidos os erros, reescreva o parágrafo e dê a ele um conteúdo nota mil. Redação 6 Gabarito 1. O tema fala sobre o papel da literatura na nossa formação, hoje. 2. De "Em 'A literatura'" até "e de ser". 3. De "Nesse sentido" até "de sociedade". 4. Não. Apesar de apresentar uma contextualização, não há posicionamento claro. É, portanto, expositivo. 5. A contextualização é cultural, uma vez que usa a obra de Roberto Da Matta na apresentação do tema. 6. A contextualização termina em "lei no país" e tem como estratégia a utilização de um filme, sendo, portanto, reconhecida como cultural. 7. A tese, a partir de "isso confirma", tem construção de maneira analítica, visto que apresenta, na sua formulação, os dois argumentos a serem defendidos no desenvolvimento: o que de (1) a escola e (2) a família têm papel na resolução do problema. 8. O aluno poderia apresentaruma análise histórica da ideia de bullying nas escolas, comparando a sua presença nesse meio ontem e hoje. 9. Além do cuidado gramatical, o parágrafo apresenta uma contextualização muito interessante, levando em consideração a história e os desafios de Dom Quixote, além de uma tese bem construída e clara. 10. Dados sobre o hábito de leitura entre as crianças poderiam ser interessantes na contextualização. Além disso, o aluno poderia criar uma comparação entre a forma como a leitura é levada em consideração aqui, no Brasil, e fora do país (e os resultados disso). 11. Um exemplo de tese seria: Percebe-se, então, que, já muito valorizada na escola e entre as crianças, a literatura só tem a acrescentar na vida daqueles que têm o hábito de conviver com ela. 12. O trecho que apresenta a opinião do autor é “o mesmo povo que a colocou no poder é capaz de produzir vergonhosa estatística: índices crescentes de violência contra o sexo feminino.” 13. Há problemas de escolha vocabular (elegeu-se, em vez de foi eleita), redundância (há anos atrás), uso errado do pronome demonstrativo (este, em vez de esse) e outros. 14. No ano de 2011, tomou posse como líder maior da nação brasileira a candidata Dilma Rousseff. A faixa presidencial que ela ostenta desde então representa, simbolicamente, o empoderamento da mulher - algo impensável décadas atrás. Contudo, o mesmo povo que a colocou no poder é capaz de produzir vergonhosa estatística: índices crescentes de violência contra o sexo feminino. Analisar as causas dessa prática hedionda é o primeiro passo para reverter esse triste quadro. Pronombres 2 PRONOMBRES PERSONALES Sujetos Complementos yo tú él – ella ello usted me mí conmigo te ti contigo lo – la – le – se – sí consigo nosotros nosotras vosotros vosotras ellos ellas ustedes nos os los las les – se – sí consigo ello (neutro) = esto, eso o aquello Ej.: Ello es todo. os (español) = “vos” (portugués) Ej.: Os matará. lo, la, los, las – Complemento Directo le, les - Complemento Indirecto Ej.: No lo sé. Yo la vi. Los buscaste. Las compraré. Nosotros le dimos la noticia. Les dijo la verdad. infinitivo imperativo afirmativo Pronombre átono enclítico gerundio (Los enclíticos se pronuncian y se escriben como si formasen una sola palabra con el verbo.) Ej.: Voy a pedirte una cosa. Está bañándose. Dáme eso. Dos pronombres átonos complemento indirecto antes del directo Ej.: Te lo dije. Dígamelo. Dos complementos de 3ª persona le o les se cambia por: “se” Ej.: Se lo dijo. Dáselos. Texto: LA PELEA 05 10 Una tarde, mientras los alumnos jugaban al fútbol en el patio del colegio, Miguelín le quitó la pelota a un grandullón de los últimos cursos. Éste se puso tan furioso que echó a correr detrás de Miguelín, derribándole en el suelo. Miguelín se levantó echo una fiera y quiso pegarle, pero el grandullón era mucho más fuerte y alto que él. Sangrando por las narices y la boca, llorando de rabia y de dolor el pobre se lanzaba una y otra vez sobre su corpulento enemigo. Miguelín intentó tirarle una piedra, pero el grandullón le pisó la mano y lo revolcó por el suelo. Al fin, Miguelín tuvo que abandonar el campo de batalla llorando con toda su alma. Cuando acabó el recreo y volvieron a la clase, los primos de Miguelín, que se habían quedado en ella, castigados, le preguntaron qué le había pasado. Miguelín se lo contó, sollozante aún. ¡Ya le daré yo al asqueroso ese! ¡Pegarle a nuestro primo! – exclamó Paquito, indignado. Texto elaborado a partir de Ricardo Fernández de La Reguera. Cuando voy a morir. Barcelona. Ed. Destino 1951 (Col. Ancora y Delfín, 60) 1. El pronombre le que aparece a lo largo del texto (le quitó), (pegarle) y (tirarle), se refiere: a) a la pelota; b) a Miguelín; c) a una fiera; d) al grandullón; e) a una piedra. 2. En la frase: Miguelín se lo contó (segundo párrafo), el pronombre subrayado se refiere: a) al grandullón; b) a Miguelín; c) a los primos de Miguelín; d) a Paquito; e) a un alumno de los últimos cursos. 3. En la frase: Miguelín se lo contó (segundo párrafo),el pronombre lo alude: a) a la pelea entre Miguelín y el grandullón; b) a la pelea entre Miguelín y sus primos; c) al partido de fútbol; d) al campo de batalla; e) a la pelea entre el grandullón y los primos de Miguelín. 4. Elija la forma adecuada para completar la frase: Miguelín quería la pelota del grandullón por eso __________. a) las quitó; b) lo quitó; c) les quitó; d) se la quitó; e) te la quito;