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COMPILADO PONTO 2 TJRO ( DIAS 10 MANHA, 12 MANHA, 12 TARDE 
Sumário 
PONTO 2 1 
DIREITO CIVIL 1 
Fatos jurídicos. Negócios jurídicos. Forma do negócio jurídico. Condição, termo e encargo. Representação. 1 
Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo. 1 
Invalidade do negócio jurídico. Nulidade. Simulação. Efeitos da nulidade e da anulabilidade. 1 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 7 
Jurisdição. Elementos conceituais. Características. Espécies. Organização judiciária. Distinção em relação às 
demais funções do Estado. 7 
Jurisdição estatal e arbitral. Poderes do juiz e do árbitro. Impedimento e suspeição. 7 
Competência. Critérios de determinação e de modificação. Incompetência absoluta e relativa. Conflito de 
competência. Cooperação 7 
internacional. 7 
DIREITO DO CONSUMIDOR 10 
Qualidade de produtos e serviços. Prevenção e reparação dos danos. Proteção à saúde e à segurança. 10 
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 12 
Consectários em matéria de criança e adolescente. 12 
c) Princípio da participação popular. 12 
d) Princípio da excepcionalidade. 12 
DIREITO PENAL 14 
II – CÓDIGO PENAL (Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) 14 
Parte Geral 14 
a) Da aplicação da lei penal (arts. 1º a 12). 14 
b) Do crime (arts. 13 a 25). 14 
c) Da imputabilidade penal (arts. 26 a 28). 14 
d) Do concurso de pessoas (arts. 29 a 31). 14 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 20 
II – Código de Processo Penal (Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1.941). 20 
d) Da ação civil (arts. 63 a 68). 20 
e) Da competência (arts. 69 a 91). 20 
f) Das questões e processos incidentes (arts. 92 a 154). 20 
DIREITO CONSTITUCIONAL 22 
Emendas Constitucionais. 22 
Organização do Estado. Estado de Direito Democrático. 22 
Federação. Origens. A Federação Brasileira. Competências legislativas dos entes federados - Autonomia 
financeira, administrativa e política dos entes federados. 22 
DIREITO ELEITORAL 29 
Partidos políticos. Conceito. História. Representação Político-partidária. Sistemas partidários. Criação, fusão e 
extinção dos partidos políticos. 29 
Órgãos Partidários. Registros dos Partidos Políticos. Fundo Partidário. Fidelidade partidária. Aspectos 
constitucionais, legais e éticos. 29 
DIREITO EMPRESARIAL 31 
Princípios constitucionais econômicos e sua instrumentalidade para o funcionamento do mercado. 31 
Direito de Empresa no Código Civil. A empresa e o empresário. Noção econômica e jurídica de empresa. 
Empresário e sociedade empresária. 31 
A atividade empresarial. Capacidade. Empresário rural. Obrigações gerais dos empresários. 31 
DIREITO TRIBUTÁRIO 31 
Fontes do Direito Tributário. Fontes do direito positivo e da Ciência do Direito. A doutrina. Instrumentos 
primários e secundários. Legislação 31 
tributária: conceito, vigência, aplicação, interpretação e integração. A Lei nº 5.172/66, em face da Constituição 
Federal. Normas gerais de 31 
Direito Tributário na estrutura do Código Tributário Nacional. O art. 146 da Constituição Federal. Hierarquia 
da lei complementar: formal e 31 
material. Exegese sistemática das normas gerais de direito tributário. 31 
DIREITO AMBIENTAL 34 
A Constituição e o Meio Ambiente. O artigo 225: objetivo, alcance e reflexos. Ambiente ecologicamente 
equilibrado como direito fundamental. 34 
Natureza pública da proteção ambiental. Tratados Internacionais sobre tema ambiental. 34 
DIREITO ADMINISTRATIVO 35 
Poder de Polícia. Limites e Fundamentos. Adoção de mecanismos consensuais no exercício do poder de 
polícia. Termos de ajuste de 35 
conduta administrativos. Termos substitutivos de sanção. Limites à delegabilidade do poder de polícia. 35 
Ato administrativo. Elementos, requisitos, espécies. Controle formal e controle de mérito do ato administrativo.
 35 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA 36 
Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional – 36 
Código de Ética da Magistratura. 36 
Psicologia Judiciária – 36 
Conceito e importância da Psicologia para o Judiciário. Integração da Psicologia com o Direito. 36 
Teoria Geral do Direito e da Política – 36 
Realismo Jurídico. 36 
 
 
PONTO 2 
DIREITO CIVIL 
Fatos jurídicos. Negócios jurídicos. Forma do negócio jurídico. Condição, termo e encargo. Representação. 
Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo. 
Invalidade do negócio jurídico. Nulidade. Simulação. Efeitos da nulidade e da anulabilidade. 
 
1. Negócio jurídico. Deu 03 hipóteses (analfabeto, contrato a rogo). Discorrer se 
é caso de validade, anulabilidade ou nulidade. Quanto à forma, é válida? 
O negócio jurídico tem três planos que fixam a sua estrutura (chamados de escada 
pontiana). São eles: 
Existência - O plano da existência é relativo ao ser, isto é, a sua estruturação, de acordo 
com a presença de elementos básicos, fundamentais, para que possa ser admitido, considerado. 
Apresentam-se como elementos o agente, a vontade, o objeto e forma. 
Validade - O plano da validade diz respeito à aptidão do negócio frente ao ordenamento 
jurídico para produzir efeitos concretos. A falta de algum elemento substancial do negócio torna o 
ato nulo ou anulável. Apresentam-se como elementos agente capaz; vontade livre; objeto lícito, 
possível, determinado ou determinável, forma adequada. 
Eficácia - Já o plano da eficácia tem pertinência com a capacidade de produzir, desde 
logo, efeitos jurídicos, ou ficar submetido a determinados elementos acidentais, que podem conter 
ou liberar tal eficácia. Seus elementos são os elementos acidentais do negócio jurídico. 
Hipótese de contrato firmado por analfabeto: os analfabetos podem contratar, porquanto 
são plenamente capazes, mas expressam a sua vontade de forma distinta. Não se exige escritura 
pública, visto que não há forma prescrita ou não defesa em lei, podendo ser formalizado por meio 
de assinatura a rogo e com a firma de duas testemunhas. 
Nesse sentido se pronunciou o STJ: 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL. AÇÃO 
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA. RESTITUIÇÃO DE 
INDÉBITO. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. IDOSO E ANALFABETO. 
VULNERABILIDADE. REQUISITO DE FORMA. ASSINATURA DO INSTRUMENTO 
CONTRATUAL A ROGO POR TERCEIRO. PRESENÇA DE DUAS TESTEMUNHAS. ART. 
595 DO CC/02. ESCRITURA PÚBLICA. NECESSIDADE DE PREVISÃO LEGAL. 1. Recurso 
especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 
(Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Os analfabetos podem contratar, porquanto 
plenamente capazes para exercer os atos da vida civil, mas expressam sua vontade de forma 
distinta. 3. A validade do contrato firmado por pessoa que não saiba ler ou escrever não depende 
de instrumento público, salvo previsão legal nesse sentido. 4. O contrato escrito firmado pela 
pessoa analfabeta observa a formalidade prevista no art. 595 do CC/02, que prevê a assinatura do 
instrumento contratual a rogo por terceiro, com a firma de duas testemunhas. 5. Recurso especial 
não provido. (REsp n. 1.954.424/PE, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, 
julgado em 7/12/2021, DJe de 14/12/2021.) 
#APROFUNDAMENTO: 
É válida a contratação de empréstimo consignado por analfabeto mediante a 
assinatura a rogo, a qual, por sua vez, não se confunde, tampouco poderá ser substituída pela 
mera aposição de digital ao contrato escrito. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1868099-CE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
15/12/2020 (Info 684). 
Art. 595 do CC. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes 
não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas 
testemunhas. 
 
2. Simulação. Caso hipotético: simulação de compra e venda quando na 
realidade se tratava de caso de empréstimo. O contrato simulado pode ser considerado 
válido? 
SIM, se válido for na sua forma e atender aos requisitosdescritos para o contrato de 
empréstimo e não causar prejuízo a terceiro (negócio dissimulado). 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido 
for na substância e na forma. 
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio 
jurídico simulado. 
Por oportuno, a simulação consiste na declaração falsa de vontade com a finalidade de 
aparentar negócio diverso do efetivamente desejado. Na simulação existe um conluio entre o 
declarante e o declaratário, denominado pactum simulationis. 
HÁ simulação nos negócios jurídicos quando (CC, art. 167, § 1º): 
• Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem (ex: doação para terceiro, ocultando dádiva à amante); 
• Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira (ex: 
confissão de dívida falsa para frustrar meação em divórcio); 
• Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados (ex: antedatação 
de instrumento de garantia real, beneficiando um credor em detrimento dos quirografários). 
São requisitos: divergência intencional entre a vontade real e a vontade exteriorizada; 
acordo simultâneo entre as partes; objetivo de prejudicar terceiros. 
São espécies: 
Absoluta: quando aparenta negócio jurídico que não existente. 
Relativa: quando aparenta conferir ou transferir direitos à pessoa diversa daquela a que 
realmente se confere ou transfere. 
*Enunciado nº 153, III, Jornadas: Na simulação relativa, o negócio jurídico simulado 
(aparente) é nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar prejuízos a 
terceiros. 
* É possível aproveitar o negócio jurídico derivado da simulação relativa ao princípio da 
conservação, desde que não haja ofensa à lei ou a terceiros¹. 
 
 
3. Fale sobre fraude contra credores, qual elemento caracteriza fraude? Fraude 
contra credor é a mesma coisa que fraude na execução? 
Fraude Contra Credores configura “Atuação maliciosa do devedor, em estado de 
insolvência ou na iminência de assim tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu 
patrimônio, para afastar a possibilidade de responderem os seus bens por obrigações assumidas 
em momento anterior à transmissão” (Flávio Tartuce). 
É vício social do negócio jurídico, presente quando o devedor insolvente, ou que beira a 
insolvência, realiza negócios onerosos ou gratuitos com intuito de prejudicar credores (ex: o 
devedor que possui várias dívidas assumidas e, mesmo assim, aliena todo o patrimônio). 
Trata-se de um vício social, porquanto prejudicados são os credores e não uma das partes 
no negócio. O terceiro precisa estar de má-fé, mas não é necessário sempre o conluio (consilum 
fraudis). 
Os atos praticados em fraude contra credores, segundo a lei (CC, arts. 158, 171 e 178), 
são ANULÁVEIS – ação anulatória = ação pauliana ou revocatória (origem romana - criação de 
mecanismo jurídico, pelo Pretor Paulo, para transferir a responsabilidade corporal do devedor para 
o seu patrimônio). Mas parte da doutrina (Carlos Roberto Gonçalves e Alexandre Freitas Câmara) 
e jurisprudência (informativo 467 do STJ) entende que o ato deve considerado ineficaz. 
 
FRAUDE CONTRA 
CREDORES 
FRAUDE À EXECUÇÃO 
+ instituto de direito civil 
(material). 
+ Vício social do NJ. 
+ devedor insolvente 
aliena o patrimônio. 
+ Há ação específica 
(pauliana). 
+ lesão à parte = ordem 
privada. 
+ anulabilidade do NJ = 
plano da validade. 
+ instituto de direito processual civil. 
+ Matéria de responsabilidade 
patrimonial. 
+ o devedor responde a ações a aliena o 
patrimônio. 
+ Não há ação específica, pois é alegada 
nos próprios autos. 
+ lesão ao processo = ordem pública. 
+ ineficácia do NJ em relação ao credor = 
plano da eficácia. 
 
4. Fraude contra credores. Credor de boa-fé, na teoria e na prática, como deve 
proceder? 
A fraude contra credores (ou fraude pauliana) ocorre quando o devedor insolvente ou 
próximo da insolvência aliena (gratuita ou onerosamente) seus bens, com o objetivo de impedir 
que seu patrimônio seja utilizado pelos credores para saldar as dívidas. 
É classificado como um “vício social” que atinge o negócio jurídico, pois os prejudicados 
são os credores e não uma das partes no negócio. 
Na disposição gratuita de bens (alienação gratuita ou remissão de dívida) a fraude contra 
credores depende tão somente da presença do pressuposto objetivo: Eventus damni (dano): não é 
necessário provar o consilium fraudis, excitares-te exige-se apenas a prova do dano. 
Na disposição onerosa, a fraude contra credores depende da presença dos seguintes 
pressupostos: 
a) EVENTUS DAMNI (dano): é o prejuízo provocado ao credor. Deverá ser demonstrado 
que a alienação acarretou prejuízo ao credor porque esta disposição dos bens levou o devedor à 
insolvência ou agravou ainda mais esse estado. É classificado como pressuposto objetivo. 
b) CONSILIUM FRAUDIS ou colusão: é o conluio fraudulento entre o alienante e o 
adquirente. Para que haja a anulação, o adquirente precisa estar de má-fé. É o pressuposto 
subjetivo. Há presunção relativa de conluio/ consilium fraudis: art. 159 do CC presume a má-fé do 
adquirente em duas hipóteses. 
Dispensa-se prova do conluio quando: 
▪ INSOLVÊNCIA NOTÓRIA: quando a insolvência do devedor/alienante for notória. Ex: 
Varig; 
▪ MOTIVO para PRESUMIR conhecimento: quando houver motivo para que a 
insolvência do devedor/alienante seja conhecida do outro contratante. Ex: se o negócio jurídico for 
celebrado entre dois irmãos ou entre sogro e genro. 
Diante disso, doutrina e STJ entendem que, se o bem foi transferido para um terceiro de 
boa-fé, não é mais possível restabelecer o status quo ante, considerando que a má-fé do adquirente 
é fundamental para que ele possa ser compelido a perder o bem (parte final do art. 161 do CC). 
Assim, se o credor ajuizou uma ação pauliana contra o devedor e o adquirente, e ficou provado 
que este último estava de boa-fé, torna-se inviável o restabelecimento do status quo ante. Nesse 
sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.100.525-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/4/2013 
(Info 521). 
 
5. E a insolvência? 
 
6. Fale sobre simulação do negócio jurídico. Quem pode arguir a nulidade do 
negócio? Ambas as partes precisam estar de acordo na simulação para que o negócio seja 
simulado? 
1. SIMULAÇÃO 
 
- Consiste na declaração falsa de vontade com a finalidade de aparentar negócio diverso 
do efetivamente desejado. 
- Para se caracterizar a simulação são necessários a intencionalidade da divergência entre 
a vontade e a declaração, o acordo entre as partes e o objetivo de enganar. Se houver intuito de 
iludir, mas não de prejudicar, diz-se então simulação inocente. 
- Celebra-se um negócio jurídico aparentemente normal, mas, em verdade, não se 
pretende atingir o efeito que juridicamente deveria produzir-se (vício social). 
- * É bilateral, pois ambas as partes devem estar mancomunadas. 
- É viável simulação em negócios unilaterais em hipóteses restritas, como na revogação 
de mandato, para dar satisfação a terceiro, desafeto do mandatário, supostamente destituído. 
- A simulação recebeu novo tratamento pelo código de 2002 - até o CC/1916 a simulação 
era causa de anulabilidade, mas a partir do CC/2002 passou a ser causa de nulidade absoluta (pode 
ser alegada por qualquer interessado, pelo MP quando couber intervir e, encontrando-a provada, 
deverá o juiz pronunciá-la de oficio). 
Hipóteses – negócios jurídicos que: 
- Aparentarem conferirou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem (ex: doação para terceiro, ocultando dádiva à amante). 
- Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira (ex: confissão 
de dívida falsa para frustrar meação em divórcio). 
- Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados (ex: antedatação de 
instrumento de garantia real, beneficiando um credor em detrimento dos quirografários). 
● Espécies 
- Absoluta: as partes criam um NJ destinado a não gerar efeito jurídico algum (ex: amigos 
forjam dívida com nota promissória para iludir partilha em divórcio). 
- Relativa: as partes celebram um NJ destinado a encobrir outro NJ com efeitos proibidos 
pelo direito (ex: contrato de compra e venda para ocultar doação inoficiosa). É possível aproveitar 
o negócio jurídico derivado da simulação relativa ◊ princípio da conservação, desde que não haja 
ofensa à lei ou a terceiros. - Ex.: faz-se contrato de comodato de imóvel, mas, em verdade, é pago 
aluguel. Nesse caso, o negócio dissimulado (contrato de locação) prevalecerá se não ofender a 
ordem jurídica. 
 
7. Conceitue fato jurídico e negócio jurídico. Exemplifique fato jurídico e fato 
natural. Fale sobre os defeitos e invalidade do negócio jurídico. 
Fato jurídico em sentido amplo é todo acontecimento NATURAL OU HUMANO apto a 
criar, modificar ou extinguir relações jurídicas = parte dos acontecimentos são considerados 
importantes o suficiente para serem regulamentados por normas jurídicas = uma vez verificado 
esse acontecimento (suporte fático), a norma incide sobre ele e tem-se a juridicização = FATO 
JURÍDICO. NÃO importa a origem (natural ou humano), mas a previsão normativa. 
Espécies: 
a) Fato jurídico em sentido estrito - É todo acontecimento NATURAL (não deriva da 
vontade humana) que deflagre efeitos na órbita jurídica, podendo ser: ordinários = comuns, 
previsíveis (ex: decurso do tempo, nascimento); extraordinários = imprevisíveis (ex: desastres 
naturais). Em relação a essa categoria de fato jurídico só analisaremos a existência e a eficácia, 
não cabendo falar em validade de um acontecimento natural; 
b) ato jurídico lato sensu – atos praticados pelo agente volitivamente, ou seja, com 
vontade de praticar. Se dividem atos lícitos e ilícitos 
Os atos lícitos dividem-se em: 
- ato jurídico em sentido estrito (não negocial – CC, art. 185): comportamento HUMANO 
voluntário e consciente, que deflagra efeitos jurídicos predeterminados na lei. (ex: ocupação da res 
nullius, tomada da posse, notificações, reconhecimento de filho). 
- Negócio jurídico (CC, art. 104 e ss) = é toda declaração de vontade destinada à produção 
de efeitos jurídicos correspondentes ao intento prático dos declarantes, se reconhecido e garantido 
por lei (Orlando Gomes) (ex: contratos, testamento). 
Os atos ilícitos seriam aqueles que produzem efeitos contrários a lei. Ex: homicídio, 
roubo, agressão, etc. 
 Os defeitos do negocio jurídico são vícios atingem a vontade ou o consentimento (erro, 
dolo, coação, estado de perigo e lesão) ou geram uma repercussão social (fraude contra credores e 
simulação*), tornando o negócio passível de ação anulatória ou declaratória de nulidade pelo 
prejudicado ou interessado. 
O erro é um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto ou a um 
direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico. 
O dolo é definido por Clóvis Bevilaqua como "o artifício ou expediente astucioso, 
empregado para induzir alguém à prática de um ato, que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo 
ou a terceiro". 
Segundo Bevilaqua, a coação ''é um estado de espírito, em que o agente, perdendo a 
energia moral e a espontaneidade do querer, realiza o acto, que lhe é exigido". A coação que vicia 
a declaração da vontade é a moral ou psicológica (vis compulsiva), pois a coação física (vis 
absoluta) elimina completamente a vontade (neste caso haveria inexistência, e não invalidade do 
negócio jurídico). 
O estado de perigo ocorre quando uma das partes, premida da necessidade de salvar-se 
ou a pessoa próxima, de grave dano, conhecido pela outra parte, assume uma obrigação 
excessivamente onerosa (ex: promete doar todos os bens se for salvo do afogamento). 
A lesão é vício que causa a invalidade do negócio jurídico, consistente na desproporção 
existente entre as prestações do negócio (requisito material/objetivo), em virtude da necessidade 
ou inexperiência de uma das partes, a qual experimenta o prejuízo (requisito imaterial/subjetivo). 
A fraude contra credores consiste na prática, pelo devedor, de ato ou atos jurídicos, 
absolutamente legais em si mesmos, mas prejudiciais aos interesses dos credores, frustrando, 
ciente e conscientemente, a regra jurídica que institui a garantia patrimonial dos credores sobre os 
bens do devedor. 
Lado outro, quando se fala em invalidade do negócio jurídico se fala em nulidade 
(nulidade absoluta) ou anulabilidade (nulidade relativa). 
Segundo Orlando Gomes, a nulidade absoluta contém as seguintes características: a) 
imediata (invalida o negócio desde sua formação); b) absoluta (pode ser alegada por qualquer 
interessado, pelo MP quando couber intervir e, encontrando-a provada, deverá o juiz pronunciá-la 
de oficio); c) incurável (as partes não podem saná-la e o juiz não pode supri-la); e d) perpétua 
(porque não se extingue pelo decurso do tempo). 
A nulidade absoluta ocorre quando há violação aos requisitos do art. 104 (agente capaz1; 
objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei). 
As nulidades relativas são decretadas em atenção ao interesse particular das partes e não 
da ordem pública, como ocorre nas nulidades absolutas. 
Hipóteses: a) nos casos em que a lei prevê a anulabilidade = ex: venda de ascendente para 
descendente sem autorização dos demais descendentes e do cônjuge do alienante (CC, art. 496); 
b) NJ celebrado por relativamente incapaz sem assistência. - * ressalvados os casos de em que a 
própria lei autoriza (ex: outorgar mandato). - * a parte não pode invocar a incapacidade relativa da 
outra em benefício próprio (CC, art. 105) e o menor púbere não pode invocar a própria idade se 
dolosamente a ocultou (CC, art. 180) = boa-fé; c) vícios ou defeitos do NJ (salvo simulação = 
nulidade absoluta) 
 
8. Fale sobre simulação e fraude contra credores. Caso de casal que o marido 
pretendendo instar divórcio comece a liquidar o patrimônio com dívidas não verdadeiras e 
outras situações, essa atitude se caracteriza como simulação ou fraude contra credor? 
A simulação consiste na declaração falsa de vontade com a finalidade de aparentar 
negócio diverso do efetivamente desejado. 
Para se caracterizar a simulação são necessários a intencionalidade da divergência entre 
a vontade e a declaração, o acordo entre as partes e o objetivo de enganar. Se houver intuito de 
iludir, mas não de prejudicar, diz-se então simulação inocente. 
Pode ser: 
 - Absoluta: as partes criam um NJ destinado a não gerar efeito jurídico algum (ex: amigos 
forjam dívida com nota promissória para iludir partilha em divórcio). 
- Relativa: as partes celebram um NJ destinado a encobrir outro NJ com efeitos proibidos 
pelo direito (ex: contrato de compra e venda para ocultar doação inoficiosa). É possível aproveitar 
o negócio jurídico derivado da simulação relativa princípio da conservação, desde que não haja 
ofensa à lei ou a terceiros. - Ex.: faz-se contrato de comodato de imóvel, mas, em verdade, é pago 
aluguel. Nesse caso, o negócio dissimulado (contrato de locação) prevalecerá se não ofender a 
ordem jurídica. 
Já a fraude contra credores consiste na prática, pelo devedor, de ato ou atos jurídicos, 
absolutamente legais em si mesmos, mas prejudiciais aos interesses dos credores, frustrando, 
ciente e conscientemente, a regra jurídica que institui a garantiapatrimonial dos credores sobre os 
bens do devedor. 
Na hipótese em que o marido pretendendo instar divórcio comece a liquidar o patrimônio 
com dívidas não verdadeiras e outras situações, essa atitude se caracteriza como simulação 
absoluta. 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
Jurisdição. Elementos conceituais. Características. Espécies. Organização judiciária. Distinção em relação às 
demais funções do Estado. 
Jurisdição estatal e arbitral. Poderes do juiz e do árbitro. Impedimento e suspeição. 
Competência. Critérios de determinação e de modificação. Incompetência absoluta e relativa. Conflito de 
competência. Cooperação internacional. 
 
 
1. Recebida Petição Inicial de exceção de suspeição. Qual o procedimento a ser 
adotado? O juiz suspeito pode reconhecer de ofício? Pode este indeferir a petição por 
intempestividade? 
A imparcialidade é um pressuposto processual de validade relacionado ao juiz que tem 
dois graus, o impedimento e a suspeição, assim, vícios processuais que, no entanto, não geram a 
extinção e, sim, a remessa ao seu substituto. Vale lembrar que, conforme art. 146, CPC, a parte 
alega o impedimento em petição específica dirigida ao juiz do processo, não sendo hipótese 
jungida à contestação. 
O impedimento acarreta presunção absoluta de parcialidade e são causas previstas no art. 
144, CPC, sendo, ademais, causa de rescindibilidade prevista no art. 966, CPC. trata-se de questão 
de ordem pública, sendo possível reconhecer de ofício ou alegada a qualquer tempo e grau de 
jurisdição. 
A suspeição, por outro lado, há presunção relativa, causas previstas no art. 145, CPC. É 
possível que o juiz se declare suspeito por motivo de foro íntimo, ou seja, sem declarar as razões. 
Quanto ao procedimento, este vem disciplinado a partir do artigo 146 do CPC: 
Art. 145. Há suspeição do juiz: 
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; 
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de 
iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que 
subministrar meios para atender às despesas do litígio; 
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou 
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; 
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. 
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de 
declarar suas razões. 
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: 
I - houver sido provocada por quem a alega; 
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. 
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará 
o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará 
o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com 
rol de testemunhas. 
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará 
imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação 
em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de 
documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. 
§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o 
incidente for recebido: 
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; 
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do 
incidente. 
§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este 
for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal. 
§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o 
tribunal rejeitá-la-á. 
§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o 
tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz 
recorrer da decisão. 
§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do 
qual o juiz não poderia ter atuado. 
§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o 
motivo de impedimento ou de suspeição. 
Por fim, para além do respeito ao artigo 10 do CPC, o juiz suspeito não poderá reconhecer 
a intempestividade da petição, visto que compete ao Tribunal julgá-la. Ademais, de acordo com o 
artigo 313, inciso III, do CPC, a arguição de suspeição já é hábil a suspender o processo. 
 
2. Caso Daniel Silveira. Há suspeição ou impedimento do relator para relatar o 
caso? 
A questão enquadra-se na hipótese de suspeição (artigo 145, incisos I e IV, do CPC). 
 
3. se o juiz incompetente profere decisão no processo, você como juíza recebe o 
processo faz o que em relação aos atos já praticados? Há diferença da competência absoluta 
da relativa? Fale sobre conflito de competência. 
Em regra, a incompetência não gera extinção do processo: remetem-se os autos ao juízo 
competente. Exceções: nos Juizados Especiais e no plano internacional, a incompetência gera 
extinção do processo. 
Ademais, a incompetência não gera automaticamente a nulidade dos atos decisórios: 
reconhecida a incompetência, os autos vão para o juízo competente que vai decidir o que fazer 
com as decisões anteriores. Conforme o §4º do art. 64 do CPC, “Salvo decisão judicial em sentido 
contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra 
seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente”, logo, com endosso do Enunciado 238 FPPC. 
(art. 64, caput e §4º - O aproveitamento dos efeitos de decisão proferida por juízo incompetente 
aplica-se tanto à competência absoluta quanto à relativa” o juiz(a) que receber o processo 
deliberará sobre o aproveitamento, ou não, das decisões anteriores, seja nos casos de 
incompetência absoluta ou relativa. 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA caracteriza-se quanto dois ou mais juízos discutem 
sobre a competência para julgar (conflito positivo) ou não (conflito negativo) uma ou mais causas 
(art. 66, CPC), podendo ocorrer entre: a) Juiz x juiz; b) Juiz x tribunal; c) Tribunal x tribunal. 
Jamais haverá um conflito entre um órgão e outro que lhe seja superior. A hipótese de 
juiz conflitar com tribunal restringe-se ao caso em que não haja hierarquia entre eles (juiz não 
vinculado àquele tribunal). Ainda, é incidente processual que sempre será julgado por um tribunal. 
Pode ser provocado pelas partes, pelos juízos conflitantes e pelo MP (art. 951). 
Obs.: CPC 73: MP interviria em qualquer conflito de competência, salvo aqueles que ele 
mesmo havia suscitado. CPC15: MP só intervirá em conflito de competência se a causa for uma 
daquelas em que ele já deva intervir por previsão legal. 
Súmula 59-STJ: Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em 
julgado, proferida por um dos juízos conflitantes. 
 
4. Escopos da jurisdição. De que forma o judiciário pode contribuir para o estado 
democrático de direito? 
Os escopos da jurisdição são os principais objetivos perseguidos com o exercício da 
função jurisdicional. Em uma visão moderna de jurisdição, amparada no princípio da 
instrumentalidade das formas, é possível verificar a existência de ao menos três, e, no máximo, 
quatro, escopos da jurisdição: jurídico, social, educacional (que parcela doutrinária estuda como 
aspecto do escopo social) e político. 
Escopo jurídico consiste na aplicação do direito ao caso concreto (por meio da criação 
da norma jurídica), resolvendo-se a chamada “lide jurídica”. Durante muito tempo considerado o 
único escopo da jurisdição, entendendo-se que a jurisdição cumpria a sua missão toda vez que se 
aplicasse a vontade concreta do direito objetivo.Escopo social é a pacificação social gerada pela solução da controvérsia (“lide 
sociológica”). A solução jurídica da demanda deve necessariamente gerar a pacificação no plano 
fático, em que os efeitos da jurisdição são suportados pelos jurisdicionados. 
Escopo educacional aduz à função da jurisdição de ensinar aos jurisdicionados – e não 
somente às partes envolvidas no processo – seus direitos e deveres. A clareza e a utilização de 
linguagem simples nas decisões também contribuem significativamente para a consecução do 
escopo educacional. Atualmente, com o amplo acesso aos meios de comunicação e a crescente 
judicialização dos conflitos, aumentou significativamente o contato entre o Judiciário e o 
jurisdicionado, de forma a serem importantes os ensinamentos transmitidos por suas decisões a 
respeito dos deveres e direitos de todos. 
Escopo político é analisado sob três diferentes vertentes, as quais evidenciam a 
contribuição da jurisdição para o estado democrático de direito: 
(i) fortalecimento do estado (funcionando a contento a jurisdição, o Estado aumenta a sua 
credibilidade perante seus cidadãos, pois reafirma-se o poder estatal); 
(ii) proteção às liberdades públicas e aos direitos fundamentais, valores essencialmente 
políticos; 
(iii) incentivo à participação democrática por meio do processo (ex: ação popular). 
Vale registrar que uma das características do ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
é justamente o fortalecimento do poder judiciário. Com a constitucionalização dos direitos, 
naturalmente ocorre uma judicialização da política, isto é, aqueles que são derrotados na arena 
política ou os cidadãos que não obtêm seus direitos pela via administrativa, recorrem ao judiciário 
para que a constituição seja respeitada. Perante este fato, o Poder Judiciário pode participar de 
maneira mais ampla e intensa na concretização dos valores e fins constitucionais, com maior 
interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes, o que se chama de ativismo judicial 
(Luis Roberto Barroso). 
 
5. Quais instrumentos de pacificação social? 
Um exemplo de instrumento de pacificação social é a produção de prova processual. 
Especialmente quando produzida de forma antecipada, sem vinculação com a alegação 
de urgência, a prova também contribui para o escopo social da jurisdição, na medida em que 
fornece às partes elementos objetivos para a avaliação de suas chances e riscos – o que contribui 
para solução da controvérsia pelos interessados, como superior forma de pacificação.(Yarshell - 
Curso de Processo Civil) 
 
6. Caso hipotético: servidor ajuíza ação no juizado especial cível para ter 
reconhecido direito a determinada verba. A sentença é favorável. Posteriormente, o servidor 
percebe que para receber os 5 anos retroativos daquela verba em que teve reconhecido seu 
direito o valor ultrapassa o teto do juizado especial e por isso ajuíza ação na vara cível. Agiu 
corretamente? 
EMENTA: DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO 
DECLARATÓRIA C/C COBRANÇA. SERVIDORA APOSENTADO DA CARREIRA DO 
FISCO ESTADUAL. REENQUADRAMENTO DECLARADO EM SENTENÇA PROFERIDA 
NO JUIZADO ESPECIAL. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA FAZENDA PÚBLICA 
ESTADUAL AFASTADA. INOCORRÊNCIA DE RENÚNCIA DA AUTORA SOBRE O 
EXCEDENTE A 60 (SESSENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. LEGITIMIDADE PASSIVA DO 
ESTADO DE GOIÁS E DA GOIASPREV. RECONHECIDA. PRESCRIÇÃO. MÉRITO DA 
DEMANDA. ACOBERTADA PELA COISA JULGADA. CONSECTÁRIOS LEGAIS. TERMO 
INICIAL DOS JUROS DE MORA. CITAÇÃO. HONORÁRIOS RECURSAIS. NÃO FIXAÇÃO. 
PRÉ-QUESTIONAMENTO. 1. A existência de ação declaratória, com trânsito em julgado, 
perante o Juizado Especial da Fazenda Pública, não retira da autora o direito de demandar, perante 
o juízo comum, o pleito condenatório visando o recebimento de quantia superior ao teto da 
legislação específica (Lei Federal nº 12.153/09), porquanto inexistente conexão ou acessoriedade 
entre os processos. 2. Tanto o Estado de Goiás, quanto a Goiás Previdência (GOIÁSPREV) 
possuem legitimidade, para figurarem no polo passivo da ação de cobrança em debate. O Estado 
de Goiás é legítimo, por ser o responsável pelo reenquadramento do qual decorrem as diferenças 
de subsídio cobradas, enquanto a GOIÁSPREV é legítima, por ser a responsável pelo pagamento 
propriamente dito das diferenças, haja vista ser a Autora/Apelada servidora público aposentada. 3. 
Não há que se falar em prescrição das parcelas, as quais se busca o recebimento, que se encontram 
dentro do prazo de 05 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento da demanda (Súmula 85 do STJ). 4. 
O direito pleiteado pela autora já foi reconhecido por sentença transitada em julgado, não sendo 
devida nova discussão da matéria, de modo que, observada a ausência do pagamento das diferenças 
devidas em razão do reenquadramento da servidora, correta a condenação instituída. 4. Em razão 
do entendimento do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 870.947/SE (Tema 810), 
e, ainda, em decorrência do posicionamento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça - REsp. nº 
1.495.146/MG (Tema 905), devem ser aplicados juros de mora, a partir da citação, pela 
remuneração da caderneta de poupança, bem como, a correção monetária deverá ser calculada pelo 
IPCA-E, desde o vencimento de cada parcela. 5. O julgador não está obrigado a responder todas 
as questões e teses deduzidas em juízo, sendo suficiente que exponha os fundamentos que 
embasam a decisão, portanto, inviável a pretensão de manifestação expressa acerca de 
determinados dispositivos, posto que dentre as funções do Poder Judiciário não lhe é atribuída a 
de órgão consultivo. 6. Deixa-se de majorar os honorários advocatícios, com base no art. 85, §11, 
do CPC, quando esses não foram aplicados no primeiro grau (art. 85, §4º do CPC). REMESSA 
NECESSÁRIA CONHECIDA E DESPROVIDA. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E 
PARCIALMENTE PROVIDA. (TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> 
Apelação / Remessa Necessária 5310958-72.2018.8.09.0051, Rel. Des(a). SILVÂNIO DIVINO 
DE ALVARENGA, 1ª Câmara Cível, julgado em 07/02/2022, DJe de 07/02/2022) 
 
AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO DO FISCO. 
AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 
FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL AFASTADA. AUSÊNCIA DE CONEXÃO COM AÇÃO 
DECLARATÓRIA EM TRÂMITE NO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA. 1. 
Distintos o objeto e a causa de pedir entre as ações declaratória e de cobrança, sendo que as 
questões expostas em ambas as demandas são independentes e não reclamam uma só sentença, 
inexistindo risco de decisões contraditórias, não há falar-se, portanto, em conexão entre estas 
ações. 2. Não há proibição legal que iniba o Autor, de ajuizar ação somente declaratória, em sede 
de Juizado Especial Cível para, posteriormente, ajuizar ação de cobrança na Vara da Fazenda 
Pública Estadual, com o intuito de receber valores maiores que aquele limitado no âmbito do 
Juizado. Incompetência da Vara da Fazenda Pública afastada. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA 
E PROVIDA. SENTENÇA CASSADA. (TJGO, Reexame Necessário 5095384-
27.2017.8.09.0051, Rel. FRANCISCO VILDON JOSE VALENTE, 5ª Câmara Cível, julgado em 
04/12/2018, DJe de 04/12/2018)Examinador: Álvaro Félix 
 
7. Como é fixada a competência? Como se estabelece e se resolve um conflito de 
competência? No caso de conflito negativo de competência entre justiça estadual e federal 
quem é competente para decidir? Quando tiver um caso de ação previdenciária que não seja 
decorrente de acidente de trabalho e o juiz federal se considerar incompetente, o estadual é 
obrigado a aceitar? No caso de reivindicação de imóvel a ser proposta em face do espólio 
qual o juízo competente? 
Segundo o art. 43 do CPC: “determina-se a competência no momento do registro ou da 
distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito 
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem acompetência 
absoluta”. 
O conflito de competência ocorre quando dois ou mais juízos discutem sobre a 
competência para julgar (conflito positivo) ou não (conflito negativo) uma ou mais causas (art. 66, 
CPC). É incidente processual que sempre será julgado por um tribunal. Pode ser provocado pelas 
partes, pelos juízos conflitantes e pelo MP (art. 951). 
Na hipótese de conflito negativo de competência entre justiça estadual e federal o STJ é 
o tribunal competente para decidir, ressalvado o hipótese de Juiz estadual investido de jurisdição 
federal: recurso irá para o TRF (art. 109, § 3º, CF). Se o conflito for entre esse juiz e um outro juiz 
verdadeiramente federal: o juiz estadual investido será juiz federal por equiparação e assim deve 
ser considerado. Súmula 3 do STJ: compete ao TRF dirimir conflito de competência verificado na 
respectiva região entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal. 
Quando houver ação previdenciária que não seja decorrente de acidente de trabalho e o 
juiz federal se considerar incompetente, o juiz estadual não é obrigado a aceitar, uma vez que a 
principio é da competência da Justiça federal conforme art. 109, I da CF/88, podendo suscitar o 
conflito negativo de competência e remeter os autos ao STJ. Salienta-se que o art. 109, § 3º Lei 
poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem parte instituição 
de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a 
comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal. 
Quando o espólio for réu em litígios sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, 
posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova, o foro é de competência do 
domicilio da coisa, e não do autor da herança, pois aquele prevalece sobre este (DIDIER JR., 
Fredie, 2016, pp. 221-222) – competência absoluta. 
 
8. Cooperação internacional. Qual a finalidade e como se procede para o 
cumprimento no nosso país de carta rogatória e auxílio direto? Quem seria a autoridade 
central? 
A cooperação internacional tem por finalidade garantir a eficácia da prestação 
jurisdicional, fortalecendo o Estado Democrático de Direito e, por consequência, o próprio acesso 
à Justiça. 
Direta – não exige juízo de delibação do STJ. Ainda que dependa de autorização judicial, 
o juízo de 1º grau analisa livremente o pedido. Ex: Receita Federal recebe o pedido da Receita de 
outro país sobre informações fiscais de um contribuinte: autoridade brasileira requer ao juízo de 
1º grau a quebra do sigilo, e, autorizada, as informações são enviadas à autoridade requerente. 
Previstas nos arts. 28 a 34 do CPC. 
O auxílio direto permite celeridade. A troca de informações é conduzida pela autoridade 
central brasileira. Pode ter como objeto as providências do art. 30 do CPC ou o que previsto em 
tratados. 
Obs.: Art. 30, II: colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso 
no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira. Proibida a cooperação 
quando se trata de processo que, embora tramite no estrangeiro, seja da competência exclusiva da 
autoridade brasileira. Essas provas mencionadas no dispositivo são provas requeridas 
administrativamente por uma das partes do processo estrangeiro, tendo em vista que o art. 28 diz 
que o auxílio direto não decorre de decisão jurisdicional estrangeira. Se fosse pelo juiz estrangeiro, 
teria que passar pelo STJ, aí não seria auxílio direto. 
Art. 32: trata de auxílio direto que não depende de autorização judicial (autoridade central 
cumpre). 
Art. 33 e 34: Se o pedido depender de decisão judicial no Brasil e a autoridade central 
brasileira for o Ministério da Justiça, cabe à AGU fazer um pedido em juízo. Se a autoridade central 
for o MP, o próprio MP postula em juízo (o pedido será feito sempre na Justiça Federal de primeiro 
grau no foro do lugar em que o ato deva ser praticado). 
Indireta – exige juízo de delibação do STJ. Ocorre quando solicitada por autoridade 
judiciária ao PJ brasileiro por meio de Carta Rogatória (depende do exequatur) ou do cumprimento 
de sentença estrangeiro, que dependem de homologação do STJ. Formas: 
1. Cartas Rogatórias (art. 36); 
2. Homologação de sentença estrangeira (art. 963). 
Procedimento no STJ é de jurisdição contenciosa e exige todas as regras do devido 
processo legal. São limitadas as matérias de defesa, que só podem versar sobre aspectos formais, 
e nunca podem pretender rever a decisão. 
Toda cooperação internacional se dá por meio de uma autoridade central. Isso significa 
que a cooperação será concentrada nas mãos de determinadas autoridades, que serão responsáveis 
por receber e formular os pedidos de cooperação, bem como fornecer e receber as informações. 
Cada regra prevê uma autoridade central, e, na falta de previsão expressa, será o Ministério da 
Justiça. 
Exs.: o art. 33, §único do NCPC prevê o MP como autoridade central; há tratados sobre 
direitos humanos prevendo a PGR ou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da 
República como autoridade central. 
 
 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
Qualidade de produtos e serviços. Prevenção e reparação dos danos. Proteção à saúde e à segurança. 
 
1. Fale sobre periculosidade adquirida, latente e inerente. 
O vício de insegurança resta configurado quando o produto ou serviço colocado no 
mercado de consumo seja potencialmente danoso à integridade física ou ao patrimônio do 
consumidor. Em tais casos, o produto não apresenta a segurança que dele legitimamente se espera, 
levando-se em consideração a sua apresentação, o uso e os riscos normais, a época em que foi 
colocado em circulação, dentre outras circunstâncias. Tem ínsito um perigo de dano patrimonial 
ou extrapatrimonial. Por produto inseguro, deve-se entender aquele que é potencialmente danoso, 
ou seja, que possui um defeito capaz de, pela sua utilização, lesionar o consumidor ou seu 
patrimônio. Esses vícios de insegurança podem ocorrer em face de defeitos de projeto, construção, 
desenvolvimento e até mesmo de informação. 
Quanto à sua segurança, podem ser divididos em dois grandes grupos: 
1. PERICULOSIDADE INERENTE OU LATENTE trazem um risco intrínseco atado 
a sua própria qualidade ou modo de funcionamento. Embora se mostre capaz de causar acidentes, 
a periculosidade dos produtos e serviços, nesses casos, diz-se normal e previsível em decorrência 
de sua natureza ou fruição, ou seja, está em sintonia com as expectativas legítimas dos 
consumidores. A periculosidade só é inerente quando dotada de normalidade e de 
previsibilidade. A regra geral, portanto, é a de que os danos decorrentes da periculosidade inerente 
não dão ensejo o dever de indenizar. Ex: facas e tesouras. 
2. PERICULOSIDADE ADQUIRIDA são aqueles que se tornam perigosos em 
decorrência de um defeito que apresentam. São bens de consumo que, se ausente o vício de 
qualidade por insegurança que trazem, não manifestam risco superior àquele legitimamente 
esperado pelo consumidor. A característica principal da periculosidade adquirida é exatamente 
a sua imprevisibilidade para o consumidor. 
 
2. Fale sobre periculosidade latente, inerente e adquirida. Cite exemplos. 
(questionamento repetido) 
RESPOSTA: Periculosidade latente ou inerente: a insegurança presente em produtos ou 
serviços é normal e previsível, atendendo à expectativa legítima do consumidor, não dando ensejo, 
regra geral, que o fornecedor indenize os danos ocorridos. Como exemplo, uma faca de cozinha 
ou cigarros (STJ, RESP 1113804/RS). Periculosidade adquirida: os produtos ou serviços tornam-
se perigosos em decorrência da existência de um defeito que apresentam. Caso fosse sanado o 
defeito que trazem, o produto ou serviço não apresentaria risco superior àquele legitimamente 
esperado pelo consumidor (falta previsibilidade), podendo decorrer de defeitos intrínsecos, sejam 
defabricação ou de concepção (design, projeto ou fórmula), ou extrínsecos - de comercialização 
(informação ou instrução). Exemplo: explosão de garrafa de refrigerante (TJRS, APC 595124314). 
Há, ainda, a periculosidade exagerada, espécie de periculosidade inerente cujo potencial danoso é 
tamanho que o requisito da previsibilidade não consegue ser totalmente preenchido pelas 
informações prestadas pelos fornecedores, pelo que não podem ser colocados no mercado – são 
defeituosos por ficção. Exemplo: Furacão Negro Dakron (reagente para desentupimento de pia que 
causou intensa queimadura química – TJRS, APC 70003095759) 
 
3. Recall. Hipóteses. Direito ou dever? 
O recall significa “chamar de volta”. Essa prática tem disciplina expressa no CDC e 
impõe aos fornecedores que tiverem conhecimento da periculosidade de seu produto ou serviço, 
posteriormente a sua introdução no mercado, o dever de comunicar o fato imediatamente às 
autoridades e aos consumidores, mediante anúncio publicitário. 
 
4. Se o consumidor não atende o recall, o fornecedor continua obrigado a 
reparar? 
Na doutrina civilista, TARTUCE afirma que se o consumidor não atende o recall, aplica-
se a teoria do RISCO CONCORRENTE (arts. 944 e 945, CC), de forma que a indenização deve 
ser reduzida razoavelmente de acordo com as circunstâncias (duty mitigate the loss). 
De acordo com a jurisprudência, porém, o não atendimento do recall pelo consumidor 
NÃO exclui obrigação de indenizar/reparar (STJ, REsp 1010392 e AgRg no REsp 1261067 / RJ). 
O recall não exclui a responsabilidade do fornecedor. A responsabilidade é objetiva sobre os 
danos provenientes dos vícios e defeitos. O STJ não considera como culpa concorrente o fato do 
consumidor não ter atendido ao recall. Por outro lado, não cabe indenização por dano moral só 
pelo fato de o fornecedor chamar o consumidor para sanar o vício. A prática é salutar e em 
benefício do consumidor. 
 
5. É correta a afirmação que produtos potencialmente nocivos ou perigosos a saúde 
ou a segurança do consumidor são proibidos de ser transacionados no mercado de consumo? 
Quem faz essa classificação? 
A teor do art. 8° do CDC: “os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não 
acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e 
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer 
hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito”. 
Neste sentido, quanto a segurança dos produtos no mercado de consumo, a doutrina 
liderada por Antônio Herman Benjamin, se divide em três partes: periculosidade inerente, 
periculosidade adquirida e periculosidade exagerada. 
Periculosidade INERENTE: é aquela que está presente de forma normal e previsível no 
produto ou serviço. Exemplo: faca, álcool, etc. A regra geral é de que o fornecedor não está 
obrigado a indenizar o fornecedor. Exemplo: uma dona de casa se corta com a faca enquanto 
prepara a comida. Será que no caso da faca de cozinha o fornecedor tem de informar que o 
consumidor não pode friccioná-la na mão com o lado que corta? Se não der tal informação e um 
consumidor se acidentar cortando os dedos, será o fornecedor responsabilizado? Nesse caso, não 
é necessário que o fornecedor diga que o consumidor não deve experimentar a força do corte no 
próprio corpo. Havendo acidente desse tipo, a responsabilidade é exclusiva do consumidor. No 
entanto, em um produto que está sendo vendido, cujo manuseio é novo, desconhecido do 
consumidor, como por exemplo, um triturador, o fornecedor precisa dar informações claras sobre 
a utilização desse produto. 
Periculosidade ADQUIRIDA: o produto é perigoso quando decorre da existência de um 
defeito que apresenta. Caso este não houvesse, não haveria apresentação de risco. Podem se dividir 
em: 
1. Defeito de fabricação; 
2. Defeito de concepção (projeto ou fórmula); 
3. Defeito de comercialização. 
Periculosidade EXAGERADA: é aquela em que o perigo é inerente, mas a informação, 
mesmo assim, não reduz os riscos. O potencial danoso é de tamanha monta que a previsibilidade 
não consegue ser preenchida pelas informações prestadas pelos fornecedores. Esses produtos, 
então, não podem ser colocados no mercado de consumo. 
 
 
 
DIREITO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
Consectários em matéria de criança e adolescente. 
c) Princípio da participação popular. 
d) Princípio da excepcionalidade. 
 
1. Discorra sobre Participação Popular, qual o fundamento legal, para quais 
políticas públicas são direcionadas? Cite exemplos. 
É no plano coletivo onde fica clara a necessidade de implementação de políticas públicas 
voltadas à prevenção e ao atendimento de casos de ameaça ou violação de direitos. Para que isso 
fique garantido de maneira permanente, participativa e criteriosa, foram criados mecanismos 
jurídico e políticos que garantem a permanente participação popular no controle social daquilo que 
se está fazendo na área da infância brasileira. Por intermédio dos Conselhos de Direitos da Criança 
e do Adolescente (cf. art. 88, da Lei nº 8.069/90) observa-se que a existência e funcionamento 
adequado dos Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares, além de condição legal, representa 
que se busca, no plano das relações políticas, a participação da população na construção de um 
verdadeiro “Estado Democrático de Direito” 
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: 
I - municipalização do atendimento; 
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, 
órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação 
popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e 
municipais; 
III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-
administrativa; 
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos 
dos direitos da criança e do adolescente; 
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança 
Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do 
atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; 
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho 
Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito 
de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento 
familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução 
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das 
modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da 
sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 
Este processo de construção de participação popular na área da infância e adolescência 
não pode ser realizado sem a colaboração dos Conselhos Tutelares (cf. art. 136, inciso IX, da Lei 
nº 8.069/90): 
 
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: 
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e 
programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; 
 
Desse modo, se não podemos mais aceitar uma atuação individual, autoritária ou solitária 
de apenas um órgão ou pessoa, na construção de políticas de garantias de direitos humanos de 
crianças e adolescentes, de outro, também não é cabível a concepção de mera “transferência de 
responsabilidade” e do atendimento “segmentado”, permitindo que as crianças, adolescentes e 
suas famílias sejam atendidas “no balcão” dos diferentes órgãos e continuamente encaminhadasde um lado para outro, sem a efetiva escuta, atendimentos e intervenções qualificados, fazendo 
com que a criança ou adolescente passe de um órgão, programa ou serviço para o outro, cada qual 
realizando um trabalho isolado, superficial, quando não preconceituoso com a infância pobre e 
excluída. 
 
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: 
I - políticas sociais básicas; 
II - políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que 
deles necessitem; 
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de 
negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; 
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes 
desaparecidos; 
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do 
adolescente. 
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do 
convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e 
adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e 
adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças 
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de 
grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 
2. Qual o princípio relacionado ao Conselho Tutelar? 
No plano do Direito da Criança e do Adolescente, o princípio da participação popular 
manifesta-se pela oportunidade de participação direta da comunidade na proposição, deliberação 
e gestão das políticas públicas e, ainda, na escolha de representantes nos órgãos responsáveis pelas 
políticas públicas de atendimento e proteção aos direitos da criança e do adolescente. 
 
3. Discorra sobre o risco ao constitucionalismo abusivo. 
O "constitucionalismo abusivo" constitui uma espécie de retrocesso constitucional. Trata-
se de fenômeno descrito pela doutrina constitucional e caracterizado pela utilização indevida, por 
Estados aparentemente democráticos e constitucionais, de mecanismos do direito constitucional 
para atacar e destruir as estruturas da democracia constitucional e das bases filosóficas do 
constitucionalismo, notadamente a ideia de pluralismo. 
 
O conceito de constitucionalismo abusivo (abusive constitutionalism) foi cunhado por 
David E. Landau, advogado norte americano e professor da Faculdade de Direito da Universidade 
Estadual da Flórida, como "o uso de mecanismos de mudança constitucional para tornar um Estado 
significativamente menos democrático do que era antes" 
Neste sentido, destaca-se o seguinte entendimento do STF: 
Ementa: Direito da criança e do adolescente. Arguição de descumprimento de preceito 
fundamental. Decreto nº 10.003/2019. Composição e funcionamento do Conselho Nacional da 
Criança e do Adolescente – Conanda. Procedência parcial do pedido. 1. Importância de evitar os 
riscos do constitucionalismo abusivo: prática que promove a interpretação ou a alteração do 
ordenamento jurídico, de forma a concentrar poderes no Chefe do Executivo e a desabilitar 
agentes que exercem controle sobre a sua atuação. Instrumento associado, na ordem 
internacional, ao retrocesso democrático e à violação a direitos fundamentais. 2. A 
estruturação da administração pública federal insere-se na competência discricionária do Chefe do 
Executivo federal. Entretanto, o exercício dessa competência encontra limites na Constituição e 
nas leis, e deve respeitá-las. 3. As novas regras que disciplinam o funcionamento do Conselho 
Nacional da Criança e do Adolescente - Conanda, a pretexto de regular, frustram a participação 
das entidades da sociedade civil na formulação de políticas públicas em favor de crianças e 
adolescentes e no controle da sua execução, como exigido pela Constituição. Tais regras 
contrariam norma constitucional expressa, que exige tal participação, e colocam em risco a 
proteção integral e prioritária da infância e da juventude (art. 227, caput e § 7º, e art. 204, II, CF). 
4. Ação julgada parcialmente procedente. Tese: “É inconstitucional norma que, a pretexto de 
regulamentar, dificulta a participação da sociedade civil em conselhos deliberativos”. (ADPF 622, 
Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/03/2021, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-097 DIVULG 20-05-2021 PUBLIC 21-05-2021) 
 
DIREITO PENAL 
II – CÓDIGO PENAL (Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) 
Parte Geral 
a) Da aplicação da lei penal (arts. 1º a 12). 
b) Do crime (arts. 13 a 25). 
c) Da imputabilidade penal (arts. 26 a 28). 
d) Do concurso de pessoas (arts. 29 a 31). 
 
1. Discorra sobre abolitio criminis. Qual o fundamento legal e a natureza 
jurídica? Se a execução está em andamento, pode-se reconhecer abolitio criminis? Qual 
juízo: o juiz penal ou de execução? 
Segundo Cleber Masson: “‘Abolitio criminis’ é a nova lei que exclui do âmbito do Direito 
Penal um fato até então considerado criminoso. Encontra previsão legal no art. 2º, ‘caput’, do CP 
e tem natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade (art. 107, III)”. (Crítica: apesar 
da opção legislativa, a “abolitio criminis” na realidade funciona como causa de exclusão da 
tipicidade, pois o crime deixa de existir). 
A configuração da “abolitio criminis” reclama a revogação total do preceito penal 
(revogação formal do tipo penal + supressão material do fato criminoso). É necessário que o fato 
outrora incriminado torne-se irrelevante perante o ordenamento jurídico (Exemplo: crime de 
adultério). Não há falar em “abolitio criminis” nas hipóteses em que, nada obstante a revogação 
formal do tipo penal, o fato criminoso passa a ser disciplinado por dispositivo legal diverso. 
Nesses casos, verifica-se a incidência do princípio da continuidade normativa (ou da 
continuidade típico-normativa), operando-se simplesmente a alteração geográfica (ou 
topográfica) da conduta ilícita (ex: atentado violento ao pudor passou a ser estupro). 
O reconhecimento da “abolitio criminis” pode ocorrer no curso da execução penal, 
cabendo o seu reconhecimento ao juízo da execução penal, em aplicação do entendimento 
constante no enunciado de súmula nº 611 do STF (“Transitada em julgado a sentença 
condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.). Ademais, 
destaque-se o disposto no artigo 66 da LEP: 
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: 
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado; 
II - declarar extinta a punibilidade. 
 
2. Quem são os semi-imputáveis? Qual a solução jurídica? Quando será aplicada 
medida de segurança e quando será causa de redução de pena? 
Sinônimo de imputabilidade diminuída ou restrita, ocorre quando o agente tem 
diminuída a sua capacidade de entendimento e de autodeterminação, a qual permanece presente, 
embora em grau menor. Subsiste a imputabilidade e a culpabilidade. É causa de diminuição 
da pena. Adota-se também o sistema biopsicológico. 
A sentença endereçada ao semi-imputável é condenatória (inimputabilidade = 
absolutória imprópria). Possui 03 etapas: juiz condena; em seguida, diminui a pena de 1 a 2/3; e 
finalmente, se o réu necessitar de especial tratamento curativo, o magistrado substitui a pena 
diminuída por medida de segurança (cumpre apenas uma das sanções = sistema vicariante ou 
unitário - abandono do sistema duplo binário ou de dupla via). 
Ou seja, o semi-imputável terá sua pena reduzida, porém, é possível que o magistrado 
perceba que, para ele, é mais indicado que se submeta a uma medida de segurança, o que poderá 
ser aferido na perícia a que ele se submeteu. Veja, o juiz poderá modificar a redução da pena por 
uma medida de segurança, mas, ainda assim, a sentença continuará sendo condenatória. 
Atenção: somente deve ser aplicada pena ou medida desegurança, e não pena e medida 
de segurança. Nós adotamos o sistema vicariante ou unitário. O Brasil não mais adota o sistema 
do duplo binário. 
#APROFUNDAMENTO: 
O art. 149 do CPP, ao exigir que o acusado seja submetido a exame médico-legal, 
não contempla hipótese de prova legal ou tarifada. 
A despeito disso, a partir de uma interpretação sistemática das normais processuais 
penais que regem a matéria, deve-se concluir que o reconhecimento da inimputabilidade ou 
semi-imputabilidade do réu (art. 26, caput e parágrafo único do CP) depende da prévia 
instauração de incidente de insanidade mental e do respectivo exame médico-legal nele 
previsto. 
Vale ressaltar, por fim, que o magistrado poderá discordar das conclusões do laudo, 
desde que o faça por meio de decisão devidamente fundamentada. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1802845-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
23/06/2020 (Info 675). 
 
4. Caso hipotético. Empresa, funcionário comete um delito e foi condenado 
criminalmente. A empresa pode ser responsabilizada a indenizar? 
SIM. A responsabilidade do empregador pelos atos praticados por seus empregados no 
exercício do trabalho ou mesmo em razão dele encontra-se disciplinada no artigo 932, III, do CC: 
“Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do 
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;” 
A responsabilidade objetiva, nesse caso, é consagrada no art. 933 do estatuto civil: 
“Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não 
haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.” 
Alguns operadores possuem uma certa dificuldade na compreensão da expressão “em 
razão dele” contida no art. 932, III, do CC. O Tribunal Superior do Trabalho concede uma 
interpretação ampla ao preceito, reconhecendo que haverá responsabilidade ainda que o dano não 
seja decorrência do exercício puro do trabalho, mas esteja, ainda que indiretamente, ligado a esse 
trabalho. 
Imagine, por exemplo, um acidente em que um trabalhador esbarra involuntariamente em 
um recipiente com água quente, derramando seu conteúdo sobre um outro colega. O trabalho de 
ambos não envolvia qualquer manipulação de líquidos, mas, ainda assim, surge a responsabilidade 
patronal. 
Essa linha interpretativa revela uma preocupação maior com a solidariedade com a vítima, 
na reparação de um dano, do que com a ideia punitiva em si. Veja um julgado recente do TST 
sobre o tema: 
“RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR POR DANO CAUSADO POR 
SEU EMPREGADO. ARTIGOS 932, INCISO III, E 933 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. (…) A 
premissa fática dos autos é a seguinte: um dos colegas, durante uma movimentação, esbarrou no 
fio que ligava a resistência à tomada, vindo a derrubar a cafeteira e derramar parte da água aquecida 
sobre o reclamante. Nos casos em que o evento danoso sofrido pelo empregado provier da conduta 
dolosa ou culposa de um outro empregado ou preposto do seu empregador, por ocasião do trabalho 
ou em razão dele, este responderá independentemente de culpa pela consequente reparação, nos 
termos dos artigos 932, inciso III, e 933 do CC/2002, mormente considerando a atual tendência da 
responsabilidade civil de focar o dano sofrido pela vítima em solidariedade a ela, e não mais a 
visão punitiva tradicional de focar o dano causado pelo réu, de modo que, cada vez mais, a 
responsabilidade objetiva ganha espaço no nosso ordenamento jurídico. Acrescente-se que, nos 
termos do artigo 2º da CLT, é do empregador os riscos da atividade econômica, de modo que não 
deve o seu empregado, vítima de acidente de trabalho cometido por outro empregado, suportar as 
consequências do evento danoso, mas sim à empresa, a quem cabe dirigir, orientar, organizar e 
fiscalizar a prestação pessoal de serviços.” (E-ED-RR-91600-40.2009.5.02.0444, Subseção I 
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 
04/12/2020). 
Posto isso, quando um funcionário usa sua função para cometer um crime, a empregadora 
também é responsável por ressarcir os danos causados pelo trabalhador, pois o cargo ocupado 
facilitou a ocorrência do delito. Assim entendeu a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao 
obrigar um banco a indenizar um cliente que teve valores de sua conta desviados pelo gerente. 
 
 
4. Aplicação da lei penal no tempo, no espaço e explicar a extraterritorialidade penal 
condicionada e incondicionada. 
Quanto ao tempo, a regra geral em direito é a aplicação da lei vigente à época dos fatos 
(tempus regit actum). A exceção é a extratividade, ou seja, a possibilidade de aplicação de uma lei 
a fatos ocorridos fora do âmbito de sua vigência. No campo penal, o fenômeno da extratividade 
realiza-se em dois ângulos: a) retroatividade: é a aplicação de uma nova lei penal benéfica a um 
fato (infração penal) acontecido antes do período da sua vigência (art. 5°, XL, da CF); e b) 
ultratividade: é a aplicação de uma lei penal benéfica, já revogada, a um fato (sentença) ocorrido 
depois do período da sua vigência. O CP no art. 2° faz referência somente à retroatividade. 
Há três teorias acerca do lugar do crime: a) atividade: considera-se local do delito aquele 
onde foi praticada a conduta (atos executórios); b) resultado: o lugar do crime é aquele onde 
ocorreu o resultado (consumação); c) mista ou da ubiquidade: é lugar do crime tanto onde houve 
a conduta quanto o local onde se deu o resultado. Adota-se, segundo o art. 6° do CP, a teoria mista. 
 Territorialidade significa a aplicação das leis brasileiras aos delitos cometidos 
dentro do território nacional, entendido este como espaço em que o Estado exerce sua soberania 
política. O Brasil adota no CP a territorialidade mitigada ou temperada = aplica-se a lei penal 
brasileira, regra geral, aos crimes cometidos no território nacional (CP, art. 5º). Na forma definida 
pelo art. 5°, §1° do CP, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Desta 
feita, o território nacional é composto pelo espaço fisíco (geográfico) + espaço jurídico (por ficção, 
equiparação ou extensão). 
 EXTRATERRITORIALIDADE (CP, art. 7º): Considerando a existência de 
Estados soberanos, busca-se saber qual o âmbito da lei penal brasileira, bem como de que forma o 
Brasil se relaciona com os demais países no que tange à matéria penal = delimitação das fronteiras 
penais brasileiras. As hipóteses de aplicação da lei penal brasileira aventadas abaixo somente se 
referem aos crimes cometidos no exterior, tendo em vista que no caso das contravenções penais 
não se aplica a legislação brasileira quando cometidas no estrangeiro: 
INCONDICIONADA CONDICIONADA DUPLAMENT
E CONDICIONADA 
a) contra a vida ou 
liberdade do presidente da 
república (1) 
b) contra o patrimônio 
da administração 
direita/indireta(1) 
c) contra a 
administração pública, por 
quem esteja a seu serviço (1) 
d) genocídio cometido 
por brasileiro ou por 
domiciliado no Brasil (2 e 6) 
a) por tratado ou convenção 
internacional o Brasil se obrigou 
a reprimir (3) 
b) praticados por brasileiro 
(2) 
c) praticados em navio ou 
aeronave mercante ou privada 
brasileira, em território estrangeiro, e 
ali não sejam julgados (4) 
a) cometido por 
estrangeiro 
contra brasileiro (5) 
- ainda que absolvido 
ou condenado no estrangeiro 
- desde que: 
+ entrar no território nacional 
+ fato punível também no 
local praticado (dupla tipicidade) 
+ crime que autoriza 
extradição 
+ não houver perdão ou 
extinção da punibilidade pela lei mais 
benéfica+ não ter sido absolvido ou 
cumprido pena no estrangeiro 
- desde que: 
+ não pedida ou 
negada a extradição 
+ houve 
requisição do Ministro da 
Justiça 
+ demais 
requisitos da 
condicionada “normal”. 
 
 
5. Fale sobre crime de omissão impropria. Quem é o garante? 
Os crimes omissivos se dividem em: 1) omissivo próprio, que se consuma com a simples 
abstenção, independente do resultado; e 2) omissivo impróprio (ou comissivo por omissão), em 
que a lei prevê uma ação, mas o agente comete o crime por uma omissão; o resultado que o agente 
tem o dever jurídico de evitar é causado pela omissão. Enquanto no crime omissivo próprio a 
omissão é elementar do delito, integrante do tipo penal (Ex: Omissão de Socorro – Art. 135 do 
CP), nos crimes omissivos impróprios a conduta é imputada, por força da norma de ligação do art. 
13, §2º do CP, àqueles aos quais a lei estabeleceu a posição de garante, a saber: a) tenha por lei 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de 
impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
6. João, já é casado. Casa novamente com Rose, que sabe ser casado. Marco é 
testemunha. MP denuncia ambos, analise as condutas de Rose e Marco. 
É possível afirmar que João incide na prática do crime de bigamia, tipificado no Art. 235 
do Código Penal. Enquanto que a conduta de Rose amolda-se ao crime tipificado no parágrafo 
primeiro do Art. 235 do CP: 
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento, não importa se separado 
(judicialmente ou de fato). 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo 
essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. 
O caput contém crime próprio (somente pode ser cometido pela pessoa casada) e doloso. 
Consuma-se no momento em que é declarado perfeito o segundo casamento, ou seja, quando 
ambos os nubentes expressam sua vontade (momento do sim). O sujeito passivo do crime é tanto 
o Estado (o maior interessado na proteção da família) como o primeiro cônjuge, e, quando não 
tiver conhecimento da situação, o segundo cônjuge. 
As hipóteses do caput e parágrafo primeiro enquadram-se como infrações de médio 
potencial ofensivo, que admitem a propositura do sursis processual. 
Além disso, o parágrafo primeiro retrata exceção pluralista à teoria Monista, ao prever 
tipo específico ao cônjuge do segundo casamento, conhecedor do impedimento do outro cônjuge. 
Quanto a esta figura típica, Nucci esclarece que a expressa “conhecendo essa 
circunstância“ resulta na admissão apenas do dolo direto como elemento subjetivo do tipo. 
 
Em relação à conduta de Marcos, enquanto testemunha, não há tipificação legal 
específica. 
Existe discussão na doutrina, se a testemunha responde penalmente quando, sabendo que 
o agente é casado, afirma a inexistência de impedimentos. 
Mirabete entende que não, nesse caso, a colaboração da testemunha estaria restrita aos 
atos preparatórios, podendo responder pelo delito de falsidade ideológica. 
Já Delmanto sustenta que o partícipe (no caso a testemunha) responderá pelo delito, 
contudo, na forma do §1°, uma vez que não seria razoável estabelecer-lhes, pela mera participação, 
pena maior do que a cabível ao nubente que, não sendo casado, mas ciente do estado civil do outro, 
efetivamente contrai o casamento. 
 
7. Caso hipotético: João é casado com Maria. Rita, sabendo que João já é casado, 
contrai matrimônio com o mesmo. Marcos, tendo conhecimento de toda situação é 
testemunha no segundo matrimônio. Rita e Marcos são acusados pelo crime de bigamia, 
sendo que a defesa de Rita alega que a mesma não era casada antes das núpcias com João e 
a defesa de Marcos alega que o mesmo nem casado é. Faça uma análise crítica das defesas 
dos réus. 
É possível afirmar que João incide na prática do crime de bigamia, tipificado no Art. 235 
do Código Penal. Enquanto que a conduta de Rose amolda-se ao crime tipificado no §1º do Art. 
235 do CP: 
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento, não importa se separado 
(judicialmente ou de fato). 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo 
essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. 
O caput contém crime próprio (somente pode ser cometido pela pessoa casada) e doloso. 
Consuma-se no momento em que é declarado perfeito o segundo casamento, ou seja, quando 
ambos os nubentes expressam sua vontade (momento do sim). O sujeito passivo do crime é tanto 
o Estado (o maior interessado na proteção da família) como o primeiro cônjuge, e, quando não 
tiver conhecimento da situação, o segundo cônjuge. 
As hipóteses do caput e parágrafo primeiro enquadram-se como infrações de médio 
potencial ofensivo, que admitem a propositura do sursis processual. 
Além disso, o parágrafo primeiro retrata exceção pluralista à teoria Monista, ao prever 
tipo específico ao cônjuge do segundo casamento, conhecedor do impedimento do outro cônjuge. 
Quanto a esta figura típica, Nucci esclarece que a expressa “conhecendo essa 
circunstância“ resulta na admissão apenas do dolo direto como elemento subjetivo do tipo. 
 
Em relação à conduta de Marcos, enquanto testemunha, não há tipificação legal 
específica. 
Existe discussão na doutrina, se a testemunha responde penalmente quando, sabendo que 
o agente é casado, afirma a inexistência de impedimentos. 
Mirabete entende que não, nesse caso, a colaboração da testemunha estaria restrita aos 
atos preparatórios, podendo responder pelo delito de falsidade ideológica. 
Já Delmanto sustenta que o partícipe (no caso a testemunha) responderá pelo delito, 
contudo, na forma do §1°, uma vez que não seria razoável estabelecer-lhes, pela mera participação, 
pena maior do que a cabível ao nubente que, não s 
 
8. Defina o justo do tipo de injusto culposo e diferencie os elementos que 
caracterizam a culpa consciente e a culpa inconsciente 
No injusto culposo a punição direciona-se contra a conduta mal dirigida. 
No tipo de injusto culposo o agente geralmente quer realizar algo irrelevante para o 
Direito Penal, porém os meios escolhidos e empregados pelo agente são relevantes para o Direito 
Penal. Dessa forma “a tipicidade do crime culposo decorre da realização de uma conduta não 
diligente causadora de uma lesão ou de um perigo concreto a um bem-jurídico penalmente 
protegido” (BITERNCOURT, 2015). 
 
Os elementos componentes do tipo de injusto culposo são: inobservância do dever de 
cuidado objetivo, produção de um resultado e nexo de causalidade e a previsibilidade objetiva do 
resultado. 
A conduta culposa está prevista no art. 18, II, do CP. Segundo o dispositivo, a conduta 
voluntária, que realiza um evento ilícito não voluntário, mas que era previsível, pode implicar 
crime culposo. 
Quando o sujeito pratica uma conduta (conduta voluntária), mas não quer atingir o 
resultado (resultado involuntário). No entanto, se o resultado era previsível, e ele não previu, 
haverá culpa inconsciente. Por outro lado, sendo o resultado previsível e o agente previu, porém 
acreditou sinceramente que o resultado não ocorreria, haverá culpa consciente. 
 
9. Quais requisitos normativos para reconhecimento do arrependimento posterior 
de acordo com a jurisprudência do STJ uma vez satisfeito os requisitos para a causa de 
diminuição de pena? Pode ser estendida para o coautor e partícipes que não tenham 
participado da restituição ou reparação do dano? 
O art. 16 do CP estabelece que nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à 
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato 
voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3. 
São requisitos para o arrependimento posterior:• crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa: admite violência contra a 
coisa; 
• reparação do dano ou devolução da coisa (não engloba danos morais); 
• até o recebimento da denúncia ou queixa; 
• ato voluntário, não necessariamente espontâneo (pode ser induzido, instigado - se 
decorrer de apreensão policial ou de ato de terceiro, não incide benefício). 
Aqui há a denominada ponte de prata em sentido estrito, pois não se trata de causa 
excludente da tipicidade, uma vez que o crime persiste, o que se tem é apenas uma causa de 
diminuição da pena. 
O arrependimento posterior vale para todos os crimes que com ele sejam compatíveis, 
sem distinção, inclusive, contra a Administração Pública. Assim, é errado pensar que o 
arrependimento posterior aplica-se apenas para os crimes contra o patrimônio. 
Prevalece na jurisprudência do STJ que a reparação do dano ou restituição da coisa tem 
natureza objetiva. Consequentemente, comunica-se aos demais coautores e participes do crime, na 
forma definida pelo art. 30 do CP. (STJ, REsp 1.187.976/SP). 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
II – Código de Processo Penal (Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1.941). 
d) Da ação civil (arts. 63 a 68). 
e) Da competência (arts. 69 a 91). 
f) Das questões e processos incidentes (arts. 92 a 154). 
 
1. Sobre a súmula 145, STF. Fale sobre o flagrante preparado e o esperado. Há 
ilegalidade? 
FLAGRANTE PREPARADO ou PROVOCADO, também chamado crime de ensaio ou 
delitivo putativo por obra do agente provocador, consiste na indução à prática do delito, realizada 
por agente provocador (autoridade pública ou particular). 
A doutrina classifica como um crime impossível pela ineficácia absoluta do meio, uma 
vez que a adoção de medidas prévias pela autoridade envolvida faz com que o delito não se 
consume. 
Por sua vez, a jurisprudência dos tribunais brasileiros visualiza essa especie de flagrante 
como ilegal. Inclusive, esse é o teor do enunciado do STF, Súmula 145: Não há crime, quando a 
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. 
 FLAGRANTE ESPERADO, por outro lado, ocorre quando a autoridade policial limita-
se a aguardar o momento da prática do delito, sem qualquer induzimento, razão pela qual é 
majoritário o entendimento pela sua legalidade (STJ, HC 89.530). É um flagrante real, pois o 
agente está cometendo a infração. 
Em doutrina minoritária, Rogério Greco entende que pode haver crime impossível, caso 
a autoridade policial adote um esquema infalível de proteção ao bem jurídico, de tal forma que o 
crime jamais possa se consumar (CP, art. 17). 
Porém, a jurisprudência reluta em aceitar a hipótese de crime impossível no flagrante 
esperado, porque a presença de sistemas de vigilância, ou monitoramento por policiais, não tornam 
o agente absolutamente incapaz de consumar o delito. Há ineficácia relativa do meio empregado, 
e não absoluta, como exige o CP para o crime impossível (CP, art. 17). 
 
Na venda simulada de drogas, por exemplo, há flagrante preparado em relação ao verbo 
“vender”. Porém, como o tráfico é crime de ação múltipla, é possível a prisão em flagrante em 
relação aos verbos “trazer consigo”, “guardar”, “ter em depósito”, desde que a posse da droga 
seja preexistente (STF, HC 70.235 e STJ RHC 20.283 e HC 17.483). 
 
2. Deputado Federal pode ser julgado por juízo de primeiro grau? Quais os 
requisitos do foro por prerrogativa de função? 
A prerrogativa é da função e cessa com ela. Cessando a função (fim do mandato, 
aposentadoria), cessa a prerrogativa. 
Além disso, conforme a jurisprudência atual, é possível que um deputado federal seja 
julgado por juízo de 1º grau, em determinadas hipóteses, nas quais se entende não haver razão para 
tal foro. 
Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal 
não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF, mas sim 
do juízo de 1ª instância. Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes 
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas (STF AP 937 
QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018). 
Portanto, são requisitos para aplicação do foro por prerrogativa de função a prática de 
crimes durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
Tais requisitos, no entanto, admitem flexibilização, caso a instrução já tenha se encerrado. 
Em outras palavras, se a instrução processual já havia terminado, mantém-se a competência do 
STF para o julgamento de detentores de foro por prerrogativa de função, ainda que o processo 
apure um crime que não está relacionado com o cargo ou com a função desempenhada. 
Isso porque o STF definiu, como 2ª tese, que “após o final da instrução processual, com 
a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência 
para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a 
ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.” STF. 1ª Turma. 
AP 962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 16/10/2018 
(Info 920). 
Vale lembrar, ainda, que o fato de as investigações estarem perto do fim e de já terem 
demorado anos não servem como argumento jurídico válido para prorrogar a competência do STF. 
STF. 2ª Turma. Pet 7716 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/2/2020 (Info 967). 
 
3. Explique e justifique a competência para o julgamento da modalidade de cheque 
sem fundos. 
Obs: o enunciado fala em “competência”, mas acredito que seja “consequência”, 
conforme exposto adiante. 
A Súmula 554 do STF prevê que: “o pagamento de cheque emitido sem provisão de 
fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”. 
A consequência extraída da Súmula é que o pagamento do cheque sem fundo antes do 
recebimento da denúncia tem força para obstruir a ação penal. Há uma combinação com a Súmula 
246 do STF (“Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheques 
sem fundos”). 
Com o advento da Reforma Penal de 1984, introduzindo-se o arrependimento posterior, 
passou grande parte da doutrina a sustentar que já não tinha aplicação a Súmula 554, embora os 
tribunais não tenham acolhido tal proposição, sob o argumento de não se tratar de causa de 
arrependimento posterior, mas sim de falta de justa causa para a ação penal, por inexistência do 
ânimo de fraude. 
 
Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de 
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de 
FUNDOS, é o do local onde se deu a RECUSA do pagamento pelo sacado. 
 
• Aprovada em 03/12/1969, DJ 10/12/1969. 
• Superada pela Lei nº 14.155/2021, que inseriu o § 4º ao art. 70 do CPP. 
 
 
Comentários 
 
Superada pela Lei nº 14.155/2021, que inseriu o § 4º ao art. 70 do CPP com a 
seguinte redação: 
Art. 70. (...) 
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão 
de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o 
pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será 
definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a 
competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
Vamos entender melhor com a seguinte situação hipotética: 
Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de semana em Juiz de 
Fora (MG). 
Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras 
roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um 
cheque de titularidade de Pedro. 
Vale ressaltar, no entanto, que Pedro sabia que em sua bancária havia apenas 
R$ 200,00, ou seja, que não havia fundos suficientes disponíveis. Ele agiuassim 
porque supôs que não teriam como responsabilizá-lo já que não morava ali. 
 
Qual foi o crime cometido por Pedro? 
Estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171, § 2º, VI, do CP: 
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro 
meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos 
de réis. 
(...) 
Fraude no pagamento por meio de cheque 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe 
frustra o pagamento. 
 
O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa 
no Rio de Janeiro (RJ). Tendo isso em consideração, indaga-se: de quem será a 
competência territorial para julgar o delito? 
Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021: 
∙ Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), 
local onde se situa a agência bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o 
“dinheiro” que iria pagar a loja sairia da agência bancária na qual Pedro tinha 
conta, ou seja, no Rio de Janeiro. Quando a loja foi tentar sacar o cheque, lá em 
Juiz de Fora (MG), na teoria, a agência bancária localizada no RJ recusou o 
pagamento porque informou que ali não havia saldo suficiente. Nessas situações, 
a jurisprudência afirmava que a competência territorial era do local onde se 
situava a agência que recusou o pagamento. É o que diziam as Súmulas 244 do 
STJ e 521 do STF. 
 
∙ Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou 
seja, do juízo de Juiz de Fora (MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70. Isso 
significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas. 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Emendas Constitucionais. 
Organização do Estado. Estado de Direito Democrático. 
Federação. Origens. A Federação Brasileira. Competências legislativas dos entes federados - Autonomia 
financeira, administrativa e política dos entes federados. 
 
1. Discorra sobre neoconstitucionalismo. 
É um movimento pós-Segunda Guerra Mundial (segunda metade do século XX), que tem 
como objetivo desenvolver um novo modo de compreender, interpretar e aplicar o direito 
constitucional e as constituições. É também chamado de constitucionalismo contemporâneo. 
Gilmar Mendes e Paulo Gustavo G. Branco assim resumem a compreensão acerca do 
novo momento: 
O instante atual é marcado pela superioriedade da Constituição, a que se subordinam 
todos os poderes por ela constituídos, garantido por mecanismos jurisdicionais de controle de 
constitucionalidade. A Constituição, além disso, se caracteriza pela absorção de valores morais e 
políticos (fenômeno por vezes designado como materialização da Constituição), sobretudo em um 
sistema de direitos fundamentais autoaplicáveis. Tudo isso sem prejuízo de se continuar a afirmar 
a ideia de que o poder deriva do povo, que se manifesta ordinariamente por seus representantes. A 
esse conjunto de fatores vários autores, sobretudo na Espanha e na América Latina, dão o nome 
de neoconstitucionalismo. 
 
O neoconstitucionalismo pode ser explicado a partir de três marcos fundamentais: o 
marco histórico; o marco filosófico; e o marco político. 
O marco histórico é o estado constitucional de direito do pós-Segunda Guerra Mundial 
na Europa, surgido a partir dos diversos documentos constitucionais produzidos no período, como 
as Constituições da Itália (1947), Alemanha (1949), Portugal (1976) e Espanha (1978). Deve-se 
pontuar, ainda, o contexto de redemocratização dos diversos países, inclusive na América Latina, 
como o próprio Brasil, que inaugurou um novo modelo com a Constituição Federal de 1988, após 
21 anos de regime militar. 
O marco filosófico é o chamado pós-positivismo, um fenômeno que visa superar a 
dicotomia entre o Positivismo e o Jusnaturalismo. O pós-positivismo supera essa dicotomia, indo 
além da legalidade estrita e confrontando o positivismo, pois a legitimidade do direito não advém 
apenas da lei. É necessário ir além da legalidade estrita, analisando componentes para que se 
produza o mínimo de justiça. Robert Alexy, por exemplo, faz uso da fórmula de Radbruch, para 
dizer que “a extrema injustiça não é direito”, uma vez que, se ficar caracterizada a extrema 
injustiça, esse direito é inválido. 
O pós-positivismo ainda não desconsidera o direito posto, que confronta com o 
jusnaturalismo. Com o escopo de repelir as injustiças da legalidade estrita, o pós-positivismo não 
irá sair do direito positivo para resolver os problemas deste e não irá usar categorias metafísicas, 
ilusórias, com a ideia de que existe um direito que está acima do direito positivo, que advém da 
natureza humana. O pós-positivismo defende que o jusnaturalismo é ilusão, por não ter o direito 
nada de natural – o direito é luta. 
O pós-positivismo vai além da legalidade estrita, mas não desconsidera o direito posto. 
Ao contrário, busca resolver o problema do direito positivo dentro dele mesmo e, para tanto, 
defende uma reaproximação entre o direito e a moral, o direito e a ética e o direito e a justiça. É 
possível um direito que seja justo, moral e ético, ainda que esses conceitos sejam subjetivos e 
abstratos, pois possuem um conceito mínimo que todos conhecem dentro de sua comunidade. 
Por fim, o marco teórico é um conjunto de teorias que dizem respeito à força normativa 
da constituição e à expansão da jurisdição constitucional e de novos métodos de interpretação, 
chamado de nova hermenêutica constitucional. 
Características 
1. A Constituição como centro do ordenamento jurídico – a Constituição passa a ser o 
centro do ordenamento e deixa de ser algo paralelo. Com isso, temos o movimento de 
constitucionalização do direito. É o momento de constitucionalização de todo o direito, ocorrendo 
a invasão das normas constitucionais. Essa ideia de invasão das normas constitucionais é o que 
pode ser chamado de ubiquidade constitucional, já que o Direito Constitucional está em todos os 
lugares, e o ordenamento se constitucionalizou. Além disso, temos a filtragem constitucional, pelo 
fato de justamente todo ordenamento ter de passar pela Constituição. Essa filtragem é o que se 
entende por interpretação conforme a Constituição, pois qualquer norma jurídica só tem sentido e 
só é válida, hoje, se for interpretada a partir dela. 
2. Força normativa da Constituição – paulatinamente, da segunda metade do século XX 
em diante, na Europa e no Brasil, a Constituição deixa de ser um documento político para ser 
efetivamente jurídico, realmente vinculado. 
3. Busca pela concretização de direitos fundamentais tendo como base a dignidade da 
pessoa humana – o constitucionalismo busca explicitar os direitos fundamentais, enquanto o 
neoconstitucionalismo quer concretizar tais direitos, tendo como eixo a dignidade da pessoa 
humana, que é uma norma de eficácia irradiante. 
4. Judicialização da política e das relações sociais – tudo se judicializa. Temos um 
deslocamento de poder do Legislativo e Executivo para o Judiciário, que passa a ser protagonista 
de ações, o que, até então, não era. Nesse cenário, o Judiciário passa a interferir nas relações de 
políticas públicas, afastando a reserva do possível, de forma ativista. Essa quarta característica do 
neoconstitucionalismo tem como objetivo o interesse de políticas públicas, a tese do mínimo 
existencial de direitos fundamentais sociais com base na dignidade da pessoa humana. 
5. Reaproximação entre direito e moral, direito e ética, direito e justiça e direito e filosofia 
– o direito se aproxima da filosofia. 
6. Novas teorias – teremos novas teorias da norma jurídica com o reconhecimento da 
força normativa dos princípios, que passam a ser tão normas quanto as regras. Canotilho afirma 
que a Constituição é um sistema aberto de normas e princípios, pois não temsó normas, mas 
também princípios, que são tão normas quanto as regras. Os princípios tinham antes uma função 
de integração, funcionando como normas de natureza secundária e de preenchimento de lacunas, 
aparecendo apenas quando faltavam regras. Atualmente, eles são considerados normas tanto 
quanto as regras, o que deriva de autores como Dworkin e Alexy. Essa ideia é criticada por Lênio 
Streck, que propõe a ideia do panprincipiologismo, a qual dispõe sobre afastar a regra existente do 
caso concreto para que se aplique o princípio, gerando uma forte discricionariedade. 
 
2. Juiz pode invocar postulados éticos morais? Quais os fundamentos? 
A própria sociedade, antes mesmo de qualquer manifestação estatal, estabelece costumes 
que lhes são convenientes e cujas aceitação e obediência se operam independentemente de coação 
exterior, diz-se que é desenvolvido um consenso tácito, através da moral. Consoante Humberto 
Theodoro Júnior (2008, p. 11): 
Antes, porém, que o Estado se manifeste, a própria sociedade, graças à razão pura e 
simples, estabelece costumes cujas aceitação e observância se dão independentemente da vontade 
de alguma autoridade exterior. O sentimento de cada um e o consenso tácito de todos aprovam 
esses ditames e censuram suas infrações por meio da moral. 
A moral, segundo De Plácido e Silva (1993, p. 210), seria o estudo dos costumes honestos 
e virtuosos, de acordo com os ditames da consciência e os princípios da humanidade. 
É cediço que a Constituição Federal é considerada como norma jurídica hierarquicamente 
superior do sistema, dotada de imperatividade e prevalência normativa. Neste diapasão, os 
princípios constitucionais se caracterizam como os valores supremos e fundantes de nosso 
ordenamento jurídico. 
Tais princípios se relacionam diretamente ao campo da ética e da moral e incidem tanto 
no âmbito público quanto privado. 
Valores éticos, como justiça, solidariedade e dignidade da pessoa humana, na ordem 
constitucional são, entre outros, os fundamentos do Estado Social de que se constitui a República 
Federativa do Brasil. O posicionamento da Carta Magna de 1988, destarte, é de grande vinculação 
com os princípios éticos e com o aspecto moral em todos os atos, sejam dos particulares ou do 
poder público, sejam da ordem econômica ou social, sejam da ordem política. O ordenamento 
infraconstitucional, por conseguinte, há de conformar seus preceitos a essa mesma orientação, e 
há de ser interpretado sob inspiração desses mesmos valores, sob pena de afronta à Carta Magna. 
 
3. faça uma breve síntese de federação no ocidente. União europeia é uma 
federação ou confederação? 
O federalismo tem as suas primeiras origens nos Estados Unidos da América. 
Para garantir a independência então conquistada, as antigas colônias britânicas firmaram 
um tratado de direito internacional, criando uma confederação, que tinha como objetivo básico 
preservar a soberania de cada antigo território colonial. A soberania, detida por cada entidade 
componente da confederação, enfraquecia o pacto. As deliberações dos Estados Unidos em 
Congresso nem sempre eram cumpridas. Havia dificuldades na obtenção de recursos financeiros e 
humanos para as atividades comuns. Além disso, a confederação não podia legislar para os 
cidadãos, dispondo, apenas, para os Estados. As deliberações do Congresso, na prática, acabavam 
por ter eficácia de meras recomendações. Não havia, ademais, um Tribunal Supremo, que 
unificasse a interpretação do direito comum aos Estados ou que resolvesse juridicamente as 
diferenças entre eles existentes. Por tais razões, a confederação estava debilitada e não 
atendia às necessidades do vasto território recém-libertado. 
O propósito de aprimorar a união entre os Estados redundou na original fórmula 
federativa. Os antigos Estados soberanos confederados deixaram de ser soberanos, mas 
conservaram a sua autonomia, entregando a uma entidade, a União, poderes bastantes para exercer 
tarefas necessárias ao bem comum de todos os Estados reunidos. 
Paulo Gustavo Gonet Branco dá um conceito amplo do Estado Federal: “expressa um 
modo de ser do Estado (daí se dizer que é uma forma de Estado) em que se divisa uma organização 
descentralizada, tanto administrativa quanto politicamente, erigida sobre uma repartição de 
competências entre o governo central e os locais, consagrada na Constituição Federal, em que os 
Estados federados participam das deliberações da União, sem dispor do direito de secessão. No 
Estado Federal, de regra, há uma Suprema Corte com jurisdição nacional e é previsto um 
mecanismo de intervenção federal, como procedimento assecuratório da unidade física e da 
identidade jurídica da Federação”. 
Nessa medida, é incabível identificar a União Europeia como Federação, eis que a 
inexistência de uma Constituição, de soberania, de forças armadas e a existência do direito de 
secessão e de soberania por parte dos Estados-membros sinalizam uma confederação. Entretanto, 
aponta-se que a consagração dos princípios da subsidiariedades e da primazia do Direito 
Comunitário sobre o nacional, aliada ao conjunto de direitos políticos assegurados aos cidadãos 
europeus, a constante delegação/transferência de competência os Estados-membros à União 
Europeia, a impossibilidade do Direito Comunitário ser invalidado pelo Direito interno (ainda que 
de nível Constitucional), o fato de acordos da União Europeia vincularem os Estados-membros e 
instituições da União, existência e competência de Tribunais de Justiça da Comunidade Europeia 
e do Parlamento Europeu e Presidente da Comunidade Europeia, cidadania e moedas comuns – 
características que remetem ao federalismo, pelo que não se pode enquadrar sua natureza jurídica 
nessa abordagem dualista. 
 
4. como se dá a divisão interna territorial? 
O Estado federal é caracterizado, pelo menos na sua versão clássica e que ainda 
corresponde à regra geral, pela superposição de duas ordens jurídicas, designadamente, a federal, 
representada pela União, e a federada, representada pelos Estados-membros. O Estado federal, 
portanto, é formado por duas ordens jurídicas parciais, a da União e a dos Estados-membros, que, 
articuladas e conjugadas, constituem a ordem jurídica total. 
A soberania, no federalismo, é atributo do Estado Federal como um todo. Os Estados-
membros dispõem de outra característica, qual seja, a autonomia. Esta importa, necessariamente, 
descentralização do poder. A descentralização é não apenas administrativa, como, também, 
política. Os Estados-membros não apenas podem, por suas próprias autoridades, executar leis, 
como também é-lhes reconhecido elaborá-las. Isso resulta em que se perceba no Estado Federal 
uma dúplice esfera de poder normativo sobre um mesmo território e sobre as pessoas que nele se 
encontram, a da União e a do Estado-membro; Há repartição de competências constitucionalmente 
prevista. A repartição de competências consiste na atribuição, pela Constituição Federal, a cada 
ordenamento de uma matéria que lhe seja própria. As constituições federais preveem, ainda, uma 
repartição de rendas, que vivifica a autonomia dos Estados-membros e os habilita a desempenhar 
as suas competências. Para garantir a realidade da autonomia dos Estados-membros, a Constituição 
regula, no capítulo sobre o sistema tributário nacional, a capacidade tributária das pessoas políticas 
e descreve um modelo de repartição de receita entre elas. O modo como se repartem as 
competências indica que tipo de federalismo é adotado em cada país. A concentração de 
competências no ente central aponta para um modelo centralizador (também chamado centrípeto). 
Uma opção pela distribuição mais ampla de poderes em favor dos Estados-membros configura um 
modelo descentralizador (ou centrífugo). Havendo uma dosagem contrabalançada de 
competências, fala -se em federalismo de equilíbrio; Há, ainda, a participação dos Estados-
membros na vontadefederal. Para que os eles possam ter voz ativa na formação da vontade federal, 
historicamente, foi concebido o Senado Federal, com representação paritária, em homenagem ao 
princípio da igualdade jurídica dos Estados-membros. O igual número de representantes por 
Estado-membro serve, também, de contrapeso para o prestígio de Estados mais populosos na 
Câmara dos Deputados; De mais a mais, inexiste o direito de secessão. É frequente, nos textos 
constitucionais, a assertiva de ser indissolúvel o laço federativo; Finalmente, destaca-se a Suprema 
Corte e intervenção federal. Não havendo direito de secessão, os conflitos que venham a existir 
entre os Estados-membros ou entre qualquer deles e a União necessitam ser resolvidos para a 
manutenção da paz e da integridade do Estado como um todo. O conflito será levado ao deslinde 
de uma corte nacional, prevista na Constituição, com competência para isso. Falhando a solução 
judiciária ou não sendo o conflito de ordem jurídica meramente, o Estado Federal dispõe do 
instituto da intervenção federal. A intervenção federal importa a suspensão temporária das normas 
constitucionais asseguradoras da autonomia da unidade atingida pela medida. 
 
5. Emenda Constitucional. Quando pode haver o reconhecimento de 
inconstitucionalidade da EC? 
No direito brasileiro as ECs estão sujeitas ao controle de constitucionalidade, uma vez 
que as revisões e as emendas à constituição devem estar balizadas pelos parâmetros imutáveis 
estabelecidos na Carta Magna. Tal possibilidade é mais do que puramente teórica: o STF já admitiu 
ações diretas de inconstitucionalidade contra emendas constitucionais. Nesse sentido, a ADI 466: 
- A impossibilidade jurídica de controle abstrato preventivo de meras propostas de 
emenda não obsta a sua fiscalização em tese quando transformadas em emendas à Constituição. 
Estas - que não são normas constitucionais originárias - não estão excluídas, por isso mesmo, do 
âmbito do controle sucessivo ou repressivo de constitucionalidade. O Congresso Nacional, no 
exercício de sua atividade constituinte derivada e no desempenho de sua função 
reformadora, está juridicamente subordinado à decisão do poder constituinte originário que, 
a par de restrições de ordem circunstancial, inibitórias do poder reformador (CF, art. 60, § 1º), 
identificou, em nosso sistema constitucional, um núcleo temático intangível e imune à ação 
revisora da instituição parlamentar. As limitações materiais explícitas, definidas no § 4º do art. 
60 da Constituição da República, incidem diretamente sobre o poder de reforma conferido 
ao Poder Legislativo da União, inibindo-lhe o exercício nos pontos ali discriminados. A 
irreformabilidade desse núcleo temático, acaso desrespeitada, pode legitimar o controle normativo 
abstrato, e mesmo a fiscalização jurisdicional concreta, de constitucionalidade. 
(ADI 466 MC, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 03/04/1991, 
DJ 10-05-1991 PP-05929 EMENT VOL-01619-01 PP-00055) 
 
6. Intervenção federal e precatórios. Pode intervenção federal por 
descumprimento de pagamento de precatório? Qual o elemento subjetivo? 
Apesar de serem autônomos, os entes da Federação têm que obedecer aos princípios e 
regras da CF/88 a fim de manter o equilíbrio federativo. A CF/88 prevê que, se houver risco à 
manutenção do equilíbrio federativo, é possível a utilização de um mecanismo chamado de 
“intervenção”. 
A intervenção é uma medida de natureza política, excepcional, prevista taxativamente 
na CF/88, consistente na incursão (intromissão) de um ente superior em assuntos de um ente 
inferior, restringindo temporariamente a autonomia deste, com o objetivo de preservar o pacto 
federativo e fazer cumprir os demais princípios e regras constitucionais. 
As hipóteses excepcionais de intervenção federal estão previstas taxativamente no art. 34 
da CF/88, dentre as quais consta, no inciso VI, a de “prover (garantir) a execução de ordem ou 
decisão judicial que esteja sendo desrespeitada”. 
Nesse contexto, é possível afirmar que o fato de o Estado-membro deixar de pagar 
precatório configura descumprimento de decisão judicial transitada em julgado e, portanto, pode, 
em tese, autorizar a intervenção federal com base no art. 34, VI, 2ª parte, da CF/88. 
Todavia, o simples não-pagamento de precatório não é suficiente a ensejar a intervenção 
federal. Segundo a jurisprudência consolidada do STF, o descumprimento voluntário e intencional 
de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido 
de intervenção federal. Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-membro que 
tenha deixado de pagar precatórios é necessário que fique comprovado que esse descumprimento 
é voluntário e intencional. Se ficar demonstrado que o ente não pagou por dificuldades financeiras 
não há intervenção. STF. Plenário. IF 5101/RS, IF 5105/RS, IF 5106/RS, IF 5114/RS, rel. Min. 
Cezar Peluso, julgado em 28/3/2012. 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível 
em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a5bfc9e07964f8ddd
eb95fc584cd965d>. Acesso em: 23/06/2022 
 
7. Qual o reflexo da ADPF 357 no que diz respeito ao pacto federativo? 
O parágrafo único do art. 187 do CTN e o parágrafo único do art. 29 da Lei nº 6.830/80 
afirmam que, se uma mesma pessoa estiver devendo a União, o Estado-membro (DF) e o 
Município, a União terá preferência em receber. Em segundo lugar, o Estado terá preferência e, se 
sobrarem recursos, o Município terá direito ao crédito. 
Esses dispositivos são anteriores à Constituição Federal de 1988. O CTN é de 1966 e a 
Lei nº 6.830 foi publicada em 1980. Vale ressaltar que, mesmo antes da CF/88, vários 
doutrinadores já diziam que essa previsão seria inconstitucional porque violaria o art. 9º, I, da 
Constituição Federal de 1967, que dizia o seguinte: Art. 9º A União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios é vedado: I - criar distinções entre brasileiros ou preferências em favor 
de uns contra outros Estados ou Municípios; (...) O STF, contudo, naquela época, não concordou 
com a tese e editou uma súmula dizendo que essa previsão seria constitucional: Súmula 563-STF 
(Aprovada em 15/12/1976): O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único, do art. 
187, do Código Tributário Nacional, é compatível com o disposto no art. 9º, inciso I, da 
Constituição Federal. Em 1988 foi promulgada a nossa atual Constituição Federal, que trouxe 
dispositivo semelhante ao art. 9º, I, da CF/67. Veja o que diz a Carta de 1988: Art. 19. É vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - criar distinções entre brasileiros 
ou preferências entre si. Assim, a doutrina majoritária continuou sustentando que o parágrafo 
único do art. 187 do CTN e o parágrafo único do art. 29 da Lei nº 6.830/80 violariam a igualdade 
entre os entes federativos e, portanto, não teriam sido recepcionados pela CF/88. 
O STF finalmente concordou com a doutrina? SIM. O Plenário do STF decidiu que a 
preferência da União em relação a Estados, Municípios e Distrito Federal na cobrança judicial de 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a5bfc9e07964f8dddeb95fc584cd965d
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a5bfc9e07964f8dddeb95fc584cd965d
créditos da dívida ativa não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Essa previsão de 
“hierarquia” na cobrança judicial dos créditos da dívida pública da União aos Estados e Distrito 
Federal ameaça o pacto federativo e contraria o inciso III do art. 19 da CF/88. A autonomia e a 
isonomia dos entes federados são os alicerces para a manutenção do modelo jurídicoconstitucional 
adotado. Somente pela Constituição, e quando houver finalidade constitucional adequadamente 
demonstrada, pode-se criar distinções entre os entes federados na cobrançajudicial dos créditos 
tributários e não tributários. Nova ordem constitucional A Ministra Relatora Rosa Weber afirmou 
que “o tema é sensível e merece ser reapreciado à luz das normas constitucionais inauguradas pela 
Constituição de 1988”. Para ela, após a promulgação da Constituição de 1988, os entes federativos 
se tornaram autônomos, e o tratamento entre eles passou a ser isonômico. De acordo com a 
ministra, a repartição de competências é o “coração da Federação” que, diante da complexidade 
política e geográfica do território brasileiro, deve se pautar pela autonomia dos entes. No plano 
internacional, a União é soberana. Porém, no plano interno, ela “é autônoma e iguala-se aos demais 
entes federados, sem hierarquia, com competências próprias”. 
O concurso de preferência entre os entes federados na cobrança judicial dos créditos 
tributários e não tributários, previsto no parágrafo único do art. 187 da Lei nº 5.172/66 (Código 
Tributário Nacional) e no parágrafo único do art. 29 da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais), 
não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A Súmula 563 do STF foi cancelada. O 
entendimento contido na Súmula 497 do STJ está superado. STF. Plenário. ADPF 357/DF, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/6/2021 (Info 1023). 
 
8. Quais são os limites formais ao processo de Emenda à Constituição? Como o 
sistema de crises se relacionam com o processo de emenda à constituição? É possível controle 
de constitucionalidade preventivo em matéria de emenda à constituição? 
Os limites e requisitos formais de aprovação de emendas constitucionais são os seguintes: 
SUBJETIVAS OBJETIVAS 
Legitimados à 
PEC: 
PR 
1/3 CD ou SF 
quórum de 3/5. 
aprovação em 2 turnos 
promulgação e publi pelas mesas do SF e CD 
+ ½ ALE 
manifestando-se por maioria 
relativa 
se rejeitada, a matéria da PEC só poderá ser proposta 
novamente na próxima sessão legislativa(ano seguinte). 
Frisa-se que o Congresso tem utilizado a técnica da PEC paralela, ou seja, a parte não 
alterada segue para promulgação e a parte modificada volta para análise como se fosse uma nova 
PEC. 
Os legitimados à PEC (CF, art. 60) são: a) Presidente da República; b) 1/3 da CD ou do 
SF; c) mais da metade das Assembleias Legislativas (14), pela maioria simples de seus membros. 
No tocante ao sistema de crises, a doutrina entende que se tratam de limitações 
circunstanciais ao processo de emendas a constituição, pois impedem a alteração da Constituição 
entendendo que a livre manifestação do Poder Constituinte Derivado Reformador possa estar 
ameaçada, como no estado de defesa (CF, art. 136), estado de sítio (CF, art. 137) e intervenção 
federal (CF, art. 34) (CF, art. 60, § 1º). Antes da CF/88 havia apenas a previsão do estado de sítio 
desde a CF/34. 
No estado de calamidade pública, sem decretação do estado de defesa, não há essa 
limitação. 
 
9. Organização do estado. A lei estadual pode impor comparecimento de 
representante da oab para integrar órgão da administração pública estadual? 
É inconstitucional lei estadual que obrigue a participação de representante da seccional 
da OAB em órgão colegiado da Administração Pública estadual. 
Ementa Oficial 
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 110 DA LEI 
COMPLEMENTAR 69/1990 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, COM A REDAÇÃO DADA 
PELO ARTIGO 4º DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL 135/2009. AJUIZAMENTO DE 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NÃO INIBE A ATUAÇÃO 
LEGISLATIVA NA DISCIPLINA DA MATÉRIA. CARGOS DE ASSESSORAMENTO 
SUPERIOR ADMITEM PROVIMENTO EM COMISSÃO E EXCEPCIONAL DELIMITAÇÃO 
DO UNIVERSO DE PESSOAS PASSÍVEIS DE SEREM ESCOLHIDAS. LEI ESTADUAL 
NÃO PODE ESTABELECER OBRIGAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTANTE DA 
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL EM ÓRGÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
ESTADUAL. AUTONOMIA DOS ENTES FEDERATIVOS (ARTIGO 18 DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL). AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
CONHECIDA E JULGADO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO. 1. A ação direta de 
inconstitucionalidade sub judice não inibe a atuação legislativa na disciplina da matéria 
controvertida, mercê de a eficácia geral não atingir o Poder Legislativo por expressa previsão 
constitucional (artigo 102, § 2º). É que, persistindo o vício, o Judiciário poder voltar a ser 
provocado, porquanto não lhe cabe a única palavra acerca do sentido da Constituição, mas a última 
– compreendida nos limites de cada norma impugnada (Larry D. Kramer. Foreword: We the Court. 
115. Harvard Law Review 5, 2001. p. 14). O legislador pode trazer novos fundamentos ou 
enquadramentos que inspirem na Corte Suprema uma releitura da constitucionalidade da questão, 
máxime quando acompanhados de uma mudança no contexto fático e normativo subjacente, razão 
pela qual a práxis dialógica prestigia a pluralidade de intérpretes do texto constitucional e o 
comprometimento democrático do eleitorado (LIPKIN, Robert Justin. What's Wrong with Judicial 
Supremacy What's Right about Judicial Review. Widener Law Review, v. 14, p. 1, 2008, p. 14-
15). Precedente: ADI 5.105, Rel. Min. Luiz Fux, Plenário, DJe de 16/3/2016. 2. O artigo 110 da 
Lei Complementar 69/1990 do Estado do Rio de Janeiro, com a redação dada pelo artigo 4º da Lei 
Complementar estadual 135/2009, não viola os incisos II e V do artigo 37 da Constituição Federal 
ao dispor que a Corregedoria Tributária de Controle Externo será composta por três membros – 
um Fiscal de Rendas, ativo ou aposentado, um Procurador do Estado, ativo ou aposentado, e um 
representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção RJ – a serem escolhidos pelo 
Governador do Estado. Isso porque o cargo de Corregedor Tributário possui atribuições de 
assessoria superior, admitindo provimento em comissão, bem como a excepcional delimitação do 
universo de pessoas passíveis de serem escolhidas pela autoridade nomeante, que não se 
confundem com as atribuições privativas de fiscais de renda previstas na referida norma. 
Precedente: ADI 2.877, Redatora do Acórdão Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de 6/8/2018. 3. 
A lei estadual não pode impor o comparecimento de representante de uma entidade federal, 
no caso, a Ordem dos Advogados do Brasil, para integrar órgão da Administração Pública 
estadual, sob pena de ofensa à autonomia dos entes federativos (artigo 18 da Constituição 
Federal). Precedente: ADI 2.877, Redatora do Acórdão Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de 
6/8/2018. 4. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida e julgado parcialmente procedente o 
pedido, para declarar a inconstitucionalidade do trecho “e 1 (um) representante da Ordem dos 
Advogados do Brasil - Seção RJ” constante do artigo 110 da Lei Complementar 69/1990 do Estado 
do Rio de Janeiro, com a redação dada pelo artigo 4º da Lei Complementar estadual 135/2009. 
(ADI 4579, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 13/02/2020, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 27-04-2020 PUBLIC 28-04-2020) 
 
10. O art. 23, §único da CF reservou à lei complementar disciplina da cooperação 
interfederativa e vedou que união, estados, municípios e df recorram à utilização de 
instrumentos negociais para racionalização e coordenação de suas atividades? 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. 
ARTIGO 280 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO. OBRIGAÇÃO DE 
CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIO ENTRE ESTADO E MUNICÍPIOS PARA A EXECUÇÃO DE 
OBRAS PÚBLICAS RELACIONADAS A EDUCAÇÃO, SAÚDE E TRANSPORTE. 
ALEGAÇÃO DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA 
EDITAR LEI COMPLEMENTAR FIXANDO NORMAS PARA COOPERAÇÃO ENTRE 
ENTES FEDERATIVOS. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO FEDERATIVO, 
PELA SUPRESSÃO DA PRERROGATIVA DE AUTOADMINISTRAÇÃO. AÇÃO DIRETA 
DE INCONSTITUCIONALIDADE CONHECIDA E JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO. 1. 
O artigo 23, parágrafo único, da Constituição Federal reservou à lei complementar a 
disciplina da cooperação interfederativa, mas não veda que União, Estados, Municípiose 
Distrito Federal recorram à utilização de instrumentos negociais para a salutar 
racionalização e coordenação das suas atividades, em conformidade com a perspectiva 
consensual e pragmática da Administração Pública contemporânea em sua vertente 
gerencial. 2. A competência para instituir normas uniformizadoras da cooperação interfederativa 
não se confunde com a competência para que os entes federados celebrem acordos entre si, 
exercendo sua prerrogativa de autoadministração, dentro dos limites constitucionalmente 
delineados. 3. O modelo federativo constitucionalmente adotado não autoriza a hierarquização das 
vontades dos entes políticos, nem permite transposição unilateral das atribuições constitucionais 
de um ente federado a outro, porquanto a autonomia insculpida no art. 18 da Constituição Federal 
é corolário da ideia de forma federativa de Estado; sem ela, existirá mera descentralização 
administrativa, sem a correspondente multiplicação de centros de poder que perfaz uma real 
federação. 4. In casu, o caput do artigo 280 da Constituição do Estado do Espirito Santo impõe, ao 
Estado, a prévia celebração de convênios com os Municípios para consecução de obras públicas 
nas áreas que cita, ao passo que o seu parágrafo único assina prazo para que as Prefeituras 
Municipais manifestem sua aquiescência e confere ao silêncio da Administração Pública local 
efeitos de concordância tácita. 5. A redução da esfera volitiva do administrador local à mera 
chancela das decisões estaduais foge a toda lógica constitucional e viola o princípio federativo. 
Igualmente, é incompatível com a moldura normativa da Constituição a ideia de convênios com 
os Municípios como meio único e inescapável para o exercício das competências estaduais em 
saúde, educação e transporte. 6. Ação direta conhecida e julgado procedente o pedido para declarar 
a inconstitucionalidade do artigo 280 da Constituição do Estado do Espirito Santo. (STF - ADI: 
3499 ES, Relator: LUIZ FUX, Data de Julgamento: 30/08/2019, Tribunal Pleno, Data de 
Publicação: 05/12/2019) 
 
 
DIREITO ELEITORAL 
Partidos políticos. Conceito. História. Representação Político-partidária. Sistemas partidários. Criação, fusão 
e extinção dos partidos políticos. 
Órgãos Partidários. Registros dos Partidos Políticos. Fundo Partidário. Fidelidade partidária. Aspectos 
constitucionais, legais e éticos. 
 
1. Cite 2 hipóteses de extinção do partido político. Organização paramilitar é 
causa de extinção? 
A dissolução do partido pode se dar por deliberação do partido ou por decisão judicial 
transitada em julgado no TSE. 
São hipóteses de cancelamento do registro do partido político: 
• ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; 
• estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; 
• não ter prestado as devidas contas à Justiça Eleitoral; 
• for mantida organização paramilitar no partido. 
O processo de cancelamento é iniciado pelo Tribunal à vista de denúncia de qualquer 
eleitor, de representante de partido, ou de representação do Procurador-Geral Eleitoral. 
O art. 28 da Lei n.o 9.096/95 exige o trânsito em julgado da decisão proferida pelo TSE, 
devendo ser precedida de processo regular que assegure ampla defesa. 
O partido político, em nível nacional, não sofrerá a suspensão das cotas do Fundo 
Partidário, nem qualquer outra punição como consequência de atos praticados por órgãos regionais 
ou municipais (Art. 28, § 3º). 
As despesas realizadas por órgãos partidários municipais ou estaduais, ou por candidatos 
majoritários nas respectivas circunscrições, devem ser assumidas e pagas exclusivamente pela 
esfera partidária correspondente, salvo acordo expresso com órgão de outra esfera partidária (Art. 
28, § 4º). 
Em caso de não pagamento, não poderão ser cobradas judicialmente dos órgãos superiores 
dos partidos políticos, recaindo eventual penhora exclusivamente sobre o órgão partidário que 
contraiu a dívida executada (Art. 28, § 5º). 
 
2. Fale sobre a extinção dos partidos políticos. (questionamento repetido) 
A fusão e a incorporação são, ao lado da dissolução, modos de extinção voluntária de 
partido. Na dissolução é o próprio partido que resolve por fim à sua existência. Como pessoa 
jurídica de direito privado e com a autonomia que a CF lhe assegura, os partidos podem optar por 
deixar de funcionar. Em qualquer dos casos de extinção são cancelados os registros civis e no 
TSE(art. 27 da Lei 9.096/95). 
Poderá ainda o partido ser extinto compulsoriamente, por meio de decisão do TSE, 
transitada em julgado, determinando o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido (art. 
28). Trata-se de extinção judicial do partido, a ser decretada em processo em que se assegura ampla 
defesa, iniciado por denúncia de qualquer eleitor e representante de partido, ou por representação 
do Procurador-Geral Eleitoral. No trâmite processual há de ficar provado que o partido cometeu 
uma das seguintes ilicitudes: I - ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de 
procedência estrangeira; II - estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; III - não ter 
prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral; IV - que mantém organização 
paramilitar (art. 28). 
 
3. O judiciário pode anular uma decisão da convenção do partido? E se violar o 
estatuto? 
A convenção partidária é a reunião ou assembleia formada pelos filiados a um partido 
político – denominados convencionais – cuja finalidade é eleger os que concorrerão ao pleito. 
Em outros termos, é o meio pelo qual os partidos escolhem os candidatos que disputarão as 
eleições, decidem acerca de eventuais coligações; e providenciam os registros dos pré-
candidatos. As regras sobre a convenção devem estar previstas no estatuto do partido, pois é 
matéria inserida na esfera da autonomia partidária, ou seja, de natureza interna corporis. 
A competência para apreciar matéria interna corporis dos partidos (ou seja: matéria de 
Direito Partidário) é da Justiça Comum, não da Eleitoral. Excepcionalmente, se a questão interna 
corporis puder gerar reflexos diretos no processo eleitoral, então a competência será da Justiça 
Eleitoral. 
Assim, primeiramente, cabe ao próprio órgão de direção nacional do partido anular atos 
que atentem contra o estatuto e, persistindo conflito interno, cabe acionar a Justiça Comum a fim 
de apreciar matéria interna corporis dos partidos e promover anulação, se for o caso. Finalmente, 
somente se a questão puder gerar reflexos diretos no processo eleitoral é que se mostra cabível a 
atuação da Justiça Eleitoral. 
 
Nesse sentido: 
17. A destituição de Convenção Partidária de nível inferior (i.e., estaduais e municipais) 
somente se afigura possível nas estritas hipóteses de inobservância das diretrizes legitimamente 
estabelecidas pelo órgão de direção nacional, que é o único órgão revestido de competência legal 
para proceder à anulação da deliberação e dos atos dela decorrentes, ex vi do art. 7º, § 2º, da 
Lei das Eleições. (Ac. de 29.8.2017 no REspe nº 10380, rel. Min. Luiz Fux.) 
 
 “[...] Coligação. Justiça comum. Invalidação. Intervenção. Órgão estadual. Órgão 
municipal. Partido. Incompetência. Justiça eleitoral. Anulação. Decisão. Subsistência. Convenção 
municipal. [...] 1. Não cabe a esta Justiça Especializada desconsiderar ou anular decisão proferida 
pela Justiça Comum que mantenha ou invalide ato interventivo de órgão partidário, ainda que a 
Justiça Eleitoral seja competente para julgar questões interna corporis dos partidos que tenham 
reflexo no pleito eleitoral. Precedentes. 2. Anulada pela Justiça Comum a intervenção promovida 
http://inter03.tse.jus.br/InteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?tribunal=TSE&processoNumero=10380&processoClasse=RESPE&decisaoData=20170829
pelo Órgão Estadual do partido no âmbito municipal, há de prevalecer a convenção realizada pelo 
diretório municipal naqual se deliberou pela formação de coligação entre os partidos 
PSDB/PDT/PSD. 3. Cabe ao Órgão nacional do partido anular as deliberações e atos decorrentes 
de convenção na qual tenha o órgão de nível inferior contrariado as diretrizes da direção nacional, 
consoante prescreve o parágrafo 2º do art. 7º da Lei nº 9.504/97. [...]” 
(Ac. de 14.2.2013 no AgR-REspe nº 6415, rel. Min. Dias Toffoli.) 
 
4. Explique as federações partidárias e as principais diferenças com a coligação. 
A federação de partidos políticos é tida como a reunião de dois ou mais partidos políticos 
que possuam afinidade ideológica ou programática e que, depois de constituída e registrada no 
TSE, atuará como se fosse uma única agremiação partidária. 
Essa possibilidade foi inserida pela Lei nº 14.208/2021 no art. 11-A da Lei nº 9.096/95 
(Lei dos Partidos Políticos). 
A criação da federação de partidos políticos obedecerá às seguintes regras: 
I – a federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo no TSE; 
II – os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados por, no mínimo, 
4 anos. 
O partido que descumprir essa regra, receberá as seguintes sanções: a) ficará proibido de 
ingressar em outra federação e de celebrar coligação nas 2 eleições seguintes; b) ficará proibido 
de utilizar o fundo partidário até completar o prazo mínimo remanescente para completar os 4 anos 
(ex: se abandonou a federação após 3 anos, ficará impedido de utilizar o fundo partidário por mais 
1 ano). 
III – a federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das 
convenções partidárias. Assim, é vedada a formação de federação de partidos após o prazo de 
realização das convenções partidárias. 
IV – a federação terá abrangência nacional e seu registro será encaminhado ao TSE. 
Deverão ser aplicadas à federação de partidos todas as normas que regem o 
funcionamento parlamentar e a fidelidade partidária (§ 1º do art. 11-A da Lei nº 9.096/95). 
http://inter03.tse.jus.br/InteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?tribunal=TSE&processoNumero=6415&processoClasse=RESPE&decisaoData=20130214
Se um partido deixar a federação, ela pode continuar existindo? SIM, desde que, mesmo 
com essa saída, continue havendo pluralidade de partidos, ou seja, a federação continue com, no 
mínimo, 2 partidos. 
Etapas para a constituição de uma federação: 1) Decisão tomada pela maioria absoluta 
dos votos da direção nacional do partido aprovando a formação e ingresso na federação. Essa 
deliberação deverá ser formalizada em uma resolução partidária; 2) Elaboração de um programa e 
de um estatuto para a federação. Esse estatuto é muito importante porque nele serão definidas as 
regras para a composição da lista da federação para as eleições proporcionais. (§ 7º do art. 11-A). 
3) Formação de um órgão de direção nacional para a federação. 4) Pedido de registro da federação 
no TSE. 
Documentos necessários para o pedido de registro da federação no TSE: O pedido de 
registro de federação de partidos encaminhado ao TSE será acompanhado dos seguintes 
documentos: I – cópia da resolução tomada pela maioria absoluta dos votos dos órgãos de 
deliberação nacional de cada um dos partidos integrantes da federação; II – cópia do programa e 
do estatuto comuns da federação constituída; III – ata de eleição do órgão de direção nacional da 
federação. 
Aplicam-se à federação de partidos todas as normas que regem as atividades dos partidos 
políticos no que diz respeito às eleições, inclusive no que se refere à: a) escolha e registro de 
candidatos para as eleições majoritárias e proporcionais; b) arrecadação e aplicação de recursos 
em campanhas eleitorais; c) propaganda eleitoral; c) contagem de votos; d) obtenção de cadeiras; 
e) prestação de contas; e f) convocação de suplentes. Para as eleições, a federação é como se fosse 
um único partido político. 
Lado outro, a coligação é o consórcio de partidos políticos formado com o propósito de 
atuação conjunta e cooperativa na disputa eleitoral (art. 17, §1º, EC 97/2017). 
Pontue-se que, de acordo com o TSE, “o pedido de registro de coligação subscrito pelos 
presidentes de todos os partidos supre eventual omissão quanto à aprovação (em convenção) da 
formação da coligação” (TSE – Ac. nº 14.379, de 24.10.1996). 
De acordo com José Jairo, citando julgado do TSE: “Embora não se confunda com os 
partidos que a integram, a coligação não possui personalidade jurídica, mas meramente judiciária. 
Já se disse ser detentora de ‘personalidade jurídica pro tempore’” (TSE – Ag-Respe nº 24.531/BA). 
De acordo com o art. 6º, §1º, da Lei n 9.504/97, “a coligação terá denominação própria, 
que poderá ser a junção de todas as siglas de todos os partidos que a integram, sendo a ela atribuída 
as prerrogativas e obrigações de partido político no que se refere ao processo eleitoral, e devendo 
funcionar como um só partido no relacionamento com a Justiça Eleitoral e no trato dos interesses 
interpartidários”. A denominação não poderá coincidir, incluir ou fazer referência a nome ou 
número de candidato, nem conter pedido de voto para partido político. 
Diante de seu caráter unitário, não se admite que os partidos políticos integrantes da 
coligação, isoladamente, venham a praticar atos no processo eleitoral, como requerer registro de 
candidatura, impugnar pedido de registro, ingressar com representações eleitorais. 
Exceção: Admite-se que o partido coligado questione a “validade da própria coligação, 
durante o período compreendido entre a data da convenção e o termo final do prazo para a 
impugnação do registro de candidatos” (art. 6º, §4º, da Lei nº 9.504/97). 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
Princípios constitucionais econômicos e sua instrumentalidade para o funcionamento do mercado. 
Direito de Empresa no Código Civil. A empresa e o empresário. Noção econômica e jurídica de empresa. 
Empresário e sociedade empresária. 
A atividade empresarial. Capacidade. Empresário rural. Obrigações gerais dos empresários. 
 
1. Qual a diferença entre sociedade empresária e sociedade simples. 
RESPOSTA: Nos termos do art. 981 do CC, sociedade é a pessoa jurídica resultante da 
celebração de contrato de sociedade entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, 
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
A teor do que dispõe o art. 982 c/c 966 e 967 do CC, salvo as exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício profissional de atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (como uma padaria); e, simples, 
as demais. Logo, pelo critério de exclusão, é sociedade simples aquela que não é empresária, a 
exemplo de uma sociedade de médicos. 
 
2. Qual a diferença entre sociedade simples e sociedade empresária? 
RESPOSTA: Nos termos do art. 981 do CC, sociedade é a pessoa jurídica resultante da 
celebração de contrato de sociedade entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, 
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
A teor do que dispõe o art. 982 c/c 966 e 967 do CC, salvo as exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício profissional de atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (como uma padaria); e, simples, 
as demais. Logo, pelo critério de exclusão, é sociedade simples aquela que não é empresária, a 
exemplo de uma sociedade de médicos. 
 
3. A incapacidade absoluta para exercer os atos da vida civil se restringe aos menores 
de 16, diante desse critério como tutelar a pessoa adulta com deficiência psíquica que deseja 
exercer os atos de natureza patrimonial e negocial? Tem lei específica ou apenas o código 
civil dispõe sobre o assunto? 
Além dos impedimentos legais, determina o artigo 972 do Código Civilque, só pode 
exercer empresa quem é capaz, quem está no pleno gozo de sua capacidade civil. 
Ocorre que o próprio Código abre duas exceções, permitindo que o incapaz exerça 
individualmente empresa. A matéria está disciplinada no art. 974 do Código Civil, o qual prevê 
que “poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa 
antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. 
Ou seja, pode incapaz exercer a empresa em duas hipóteses: Incapacidade superveniente; 
e sucessão. 
São três os requisitos para que o incapaz possa continuar com a empresa: a) ser 
assistido/representado, ou gerente, nos casos legais; b) autorização judicial (art. 974, §1º, do CC) 
– jurisdição voluntária. Juiz concede alvará. O juiz deve avaliar a conveniência da autorização; c) 
averbação na junta comercial (art. 976, do CC). 
Com relação a pessoa adulta com deficiência psíquica, a Lei 13.146/2015, ao instituir o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência, revogou os incisos II e III do artigo 3°do Código Civil, os 
quais consideravam absolutamente incapazes aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, 
não tivessem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil e os que não pudessem 
exprimir sua vontade, mesmo em razão de causa transitória. 
Deste modo, as pessoas que eram abrangidas pelas previsões dos incisos revogados 
passaram a gozar de capacidade civil, posto a lei tem por objetivo promover a inclusão social das 
pessoas com deficiência física ou psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade 
de condições com as demais pessoas. 
Neste ponto, o artigo 84, parágrafo 3º, do Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece 
que o instituto da curatela da pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, 
proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
Além disso, essa curatela deve afetar tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza 
patrimonial e negocial. 
 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Fontes do Direito Tributário. Fontes do direito positivo e da Ciência do Direito. A doutrina. Instrumentos 
primários e secundários. Legislação tributária: conceito, vigência, aplicação, interpretação e integração. A Lei 
nº 5.172/66, em face da Constituição Federal. Normas gerais de Direito Tributário na estrutura do Código 
Tributário Nacional. O art. 146 da Constituição Federal. Hierarquia da lei complementar: formal e material. 
Exegese sistemática das normas gerais de direito tributário. 
 
1. É possível interpretação extensiva da incidência tributária? 
Muito embora disponha o art. 108, §1º do CTN que o emprego da analogia não poderá 
resultar na exigência de tributo não previsto em lei, é certo que na interpretação extensiva, que 
com analogia não se confunde, o intérprete e aplicador meramente demonstraria que determinado 
fato já estaria compreendido dentro da norma, embora a formulação normativa não o indicasse 
com precisão (NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Da interpretação e da aplicação das leis tributárias. 2. 
ed. São Paulo: José Bushatsky, 1965, p. 105). Como o legislador teria dito menos do que o 
efetivamente pretendido, caberia ao intérprete e aplicador, diante de uma situação concreta, 
ampliar o sentido da norma, de modo a declarar o seu verdadeiro sentido e fazê-la compreender o 
caso que aparentemente nela não estaria compreendido (FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato 
gerador da obrigação tributária. 3. ed. São Paulo: RT, 1974, p. 48-49). Essa diferenciação foi aceita 
pelo STF, que admitiu a interpretação extensiva na incidência tributária da listagem do ISS no 
julgamento do RE 87.931. Ressalte-se, por oportuno, que a regra de interpretação extensiva é 
vedada em se tratando de suspensão ou exclusão do crédito tributário, nos termos do art. 111 do 
CTN: “interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre suspensão ou exclusão 
do crédito tributário”, conforme aponta a jurisprudência dos tribunais superiores 
“Consectariamente, revela-se interditada a interpretação das normas concessivas de isenção de 
forma analógica ou extensiva, restando consolidado entendimento no sentido de ser incabível 
interpretação extensiva do aludido benefício à situação que não se enquadre no texto expresso da 
lei, em conformidade com o estatuído pelo art. 111, II, do CTN. (Precedente do STF: RE 233652 
/ DF [...]. Precedentes do STJ: EDcl no AgRg no REsp 957.455/RS [...]; REsp 1187832/RJ [...]; 
REsp 1035266/PR [...]; AR 4.071/CE [...]; REsp 1007031/RS [...]; REsp 819.747/CE [...]” (STJ. 
1ª Seção de Julgamento. REsp 1.116.620/BA. Relator: Ministro Luiz Fux. Julgamento: 
09/08/2010). 
 
2. matéria tributária, não reservada a Emenda Constitucional1, mas sim de Lei 
Ordinária, mas que foi equivocadamente regulamentada por Lei Complementar, pode ser 
revogada ou alterada por Lei Ordinária? 
Na hipótese da matéria tributária para a qual não se exige ser tratada em lei formalmente 
complementar, mas venha a ser aprovada por maioria qualificada, não haverá óbice nenhum à 
revogação do texto por lei ordinária. Ainda que a revogação ocorra por instrumentos normativos 
diversos, não há impeditivo, pois lei ordinária e lei complementar são instrumentos da mesma 
hierarquia normativa e não se está a afrontar a CRFB. De forma diversa, se a matéria revogada é 
determinada pela CRFB como submetida à reserva de lei complementar e uma lei ordinária viesse 
a revogá-la, haveria, neste último caso, inconstitucionalidade por afronta direta ao texto da 
Constituição. 
 
1 Acredito que a pergunta se referia à Lei Complementar, e não Emenda Constitucional.. a elaboração da 
resposta pautou-se nessa presunção. 
Neste sentido, o mérito do RE 377.457/PR onde o Plenário do STF, em repercussão geral, 
definiu como constitucional a revogação do inciso II do art. 6 da LC 70/1991 pelo art. 56 da 
Lei ordinária 9.430/1996. Isso porque, a Lei que instituiu e regulou a COFINS (LC 70/1991) é 
formalmente complementar (aprovada por quórum qualificado), mas materialmente ordinária, já 
que a CRFB não exige LC para instituir contribuição para a seguridade social prevista no art. 195, 
salvo nas contribuições sociais residuais do § 4 do art. 195 da CRFB. 
 
3. Inexistência de relação hierárquica entre lei ordinária e lei complementar. Questão 
exclusivamente constitucional, relacionada à distribuição material entre as espécies legais. 
Precedentes. 4. A LC 70/91 é apenas formalmente complementar, mas materialmente ordinária, 
com relação aos dispositivos concernentes à contribuição social por ela instituída. ADC 1, Rel. 
Moreira Alves, RTJ 156/721. 
(RE 377457, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 17/09/2008, 
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO) 
RE 377457. Tema 71 / Tese: É legítima a revogação da isenção estabelecida no art. 6º, 
II, da Lei Complementar 70/1991 pelo art. 56 da Lei 9.430/1996, dado que a LC 70/1991 é apenas 
formalmente complementar, mas materialmente ordinária com relação aos dispositivos 
concernentes à contribuição social por ela instituída. 
 
 
3. Fale sobre a vigência da lei tributária. 
VIGÊNCIA NO TEMPO 
No concernente à vigência no tempo, prevalecerão as mesmas disposições legais que 
definem a vigência das normas jurídicas em geral, previstas na Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro (LINDB), salvo previsão em contrário no próprio texto normativo publicado ou 
no CTN. Tal regra está prevista no artigo 1º, caput, da LINDB: “salvo disposição em contrário, a 
lei começa a vigorar em todo país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. 
O CTN traz regras especificas sobre a vigência nos artigos 103 e 104: 
NORMA COMPLEMENTAR PASSAM A VIGER... 
Atos normativos (...) na data da publicação 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur1366/false
Decisões administrativas com eficácia 
normativa 
(...) 30 dias apósa 
publicação 
Práticas observadas pelo Fisco Sem data, por lógica 
Convênios (...) na data neles prevista 
 
VIGÊNCIA E PRINCÍPIO DA ANTIRIORIDADE 
A vigência e o princípio da anterioridade tributária são institutos diferentes. A 
anterioridade não proíbe a vigência da lei, mas somente adia a produção de efeitos, ou seja, adia a 
eficácia. Aqui ocorre um descolamento entre a vigência e a eficácia e não entre publicação e 
vigência como na vacatio legis. 
 Em resumo e de maneira simplificada, pode-se trabalhar com as seguintes 
definições: 
a. Válida, sob o ponto de vista técnico-jurídico, é a lei constitucional (formal e 
materialmente). 
b. Vigente é a lei que terminou seu ciclo de produção, foi publicada, existe 
juridicamente, e já atingiu o termo porventura determinado pelo legislador para possuir força de 
atingir seus objetivos finais, apesar de ser possível a existência de algum outro requisito para a 
efetiva produção de efeitos. Para estar vigente, também é necessário que a lei não tenha sido 
revogada. 
c. Eficaz é a lei que está completamente apta a gerar imediatamente os efeitos 
jurídicos pretendidos pelo legislador. Para ser considerada eficaz, é necessário também que a lei 
não tenha sido declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle concentrado, ou suspensa 
pelo Senado Federal, após declaração de inconstitucionalidade pelo STF em sede de controle 
difuso. 
VIGÊNCIA NO ESPAÇO 
A legislação tributária, quanto ao espaço, submete-se ao princípio da territorialidade. 
Assim, ela vale, em tese, nos limites do território da pessoa jurídica que edita a norma. 
Confira, pois, que o artigo 102 do CTN admite a extraterritorialidade da norma tributária, 
excepcionalmente, desde que haja convênio entre as pessoas jurídicas de Direito Público interno 
interessadas (Distrito Federal, Estados e Municípios), ou desde que existam tratados ou 
convenções firmadas pela União. 
É importante enaltecer que o convênio deve ter pertinência com as pessoas políticas 
interessadas, ou seja, uma questão de ISS levará à assinatura de um convênio entre os dois 
municípios interessados, enquanto uma questão de IPVA avocará o convênio firmado entre os dois 
estados-membros envolvidos. 
 
4. Discorra sobre outorga de isenção. 
A concessão de isenção tributária configura ato discricionário do ente federativo 
competente para a instituição do tributo e deve estrito respeito ao princípio da reserva legal (art. 
150, § 6º, da Constituição Federal). 
Assim, o Poder Público, com base em um juízo de conveniência e oportunidade, decide 
efetivar a política fiscal e econômica com a concessão do benefício. 
Vale ressaltar, no entanto, que, mesmo sendo um ato discricionário, a concessão da 
isenção deve observar critérios lógicos e racionais, não podendo ter um conteúdo arbitrário nem 
conceder privilégios estatais desarrazoados. Desse modo, não sendo cumpridos esses critérios, é 
possível até mesmo que a isenção tenha sua inconstitucionalidade declarada pelo STF. 
Em respeito ao princípio da separação de poderes, não é possível que se reconhece ao 
Poder Judiciário legitimidade para, interferindo no mérito do benefício, conceda ou amplie 
benefícios fiscais em favor de contribuintes que não foram direta e expressamente contemplados 
pela lei que instituiu a isenção fiscal, até mesmo em atenção à legalidade estrita, estatuída no art. 
150, § 6º, da Constituição Federal. 
Neste sentido, o seguinte julgamento do STF: 
“O art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 prevê que as pessoas portadoras de neoplasia maligna 
ou outras doenças graves e que estejam na inatividade não pagarão imposto de renda sobre os 
rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma. 
Essa isenção é devida apenas às pessoas que recebem aposentadoria, pensão ou reforma 
e não é possível que o Poder Judiciário estenda o benefício aos trabalhadores que estão em 
atividade. 
Não é possível que o Poder Judiciário, atuando como legislador positivo, amplie a 
incidência da concessão de benefício tributário, de modo a incluir contribuintes não 
expressamente abrangidos pela legislação pertinente. 
A legislação optou por critérios cumulativos absolutamente razoáveis à concessão do 
benefício tributário, quais sejam, inatividade e enfermidade grave, ainda que contraída após a 
aposentadoria ou reforma”. (STF. Plenário. ADI 6025, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 
20/04/2020. Info 983 – clipping). 
 
 
5. Caso de incidência tributária. 
A incidência tributária é o fato de que o tributo é devido, por conta de ter ocorrido o fato 
gerador. Podemos dizer que é o nascimento da obrigação tributária. 
A não incidência é o inverso disso, corresponde aos fatos que não constam na lei para dar 
nascimento à obrigação tributária. 
Há a ocorrência de uma situação jurídica, que não se constitui em uma obrigação, uma 
vez que tal fato não está previsto anteriormente, para gerar uma obrigação. 
Exemplo: Um município não pode exigir o IPTU, de um imóvel localizado em outro 
município, por não ter competência territorial e incidência tributária. 
 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
A Constituição e o Meio Ambiente. O artigo 225: objetivo, alcance e reflexos. Ambiente ecologicamente 
equilibrado como direito fundamental. 
Natureza pública da proteção ambiental. Tratados Internacionais sobre tema ambiental. 
 
1. Meio ambiente artificial. Qual o conceito? Há previsão constitucional? 
(candidato citou artigo, examinador pediu para repetir) 
É aquele constituído por obras do homem, fruto da ação humana. Tem caráter residual, 
pois será meio ambiente artificial, desde que não componha o patrimônio cultural. 
O principal instrumento relacionado ao meio ambiente artificial é o Estatuto da Cidade 
(Lei nº 10.257/2001). Por sua vez, o instrumento básico para que se tenha um adequado meio 
ambiente artificial é o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades 
com mais de 20 mil habitantes. 
Art. 182 da CF. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público 
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno 
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. 
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais 
de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão 
urbana. 
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências 
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização 
em dinheiro. 
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída 
no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, 
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, 
sucessivamente, de: 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão 
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas 
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
 
 
2. Direito Ambiental é um direito autônomo? Mencione princípios, constituição, 
instrumento. 
A Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e que constitui 
o grande marco de autonomia do Direito Ambiental no plano jurídico nacional. A partir daí o 
Direito Ambiental começou gradualmente a se firmar como ramo autônomo da Ciência Jurídica 
no país a ponto de atualmente possuir um arcabouço doutrinário e legislativo bastante significativo. 
A Lei nº 6.938/81 trouxe os requisitos necessários para tornar o Direito Ambiental uma disciplina 
autônoma, comregime jurídico próprio, definições e conceito de meio ambiente e de poluição, 
objeto de estudo da ciência ambiental, objetivos, princípios, diretrizes, instrumentos, sistema 
nacional do meio ambiente e seus órgãos componentes e responsabilidade objetiva. Hoje, no 
Brasil, toda a base do Direito Ambiental se encontra cristalizada na Lei Maior: competências 
legislativas (artigos 22, IV, XII e XXVI, 24, VI, VII e VIII, e 30, I e II); competências 
administrativas (artigo 23, III, IV, VI, VII e XI); Ordem Econômica Ambiental (artigo 170, VI); 
meio ambiente artificial (artigo 182); meio ambiente cultural (artigos 215, 216 e 231 da CF/88); 
meio ambiente natural (artigo 225), meio ambiente do trabalho (art. 7º da CF/88), meio ambiente 
digital (liberdade de expressão com vedação ao “hate speech” – STF, HC 82.424/RS); Lei de 
acesso à informação – Lei 12.527/2011; Lei do Marco Civil da Internet – Lei 12.965/2014), entre 
outras disposições esparsas não menos importantes, formando o denominado Direito 
Constitucional Ambiental. Dentre os princípios ambientais, pode-se destacar: o Princípio da 
solidariedade intergeracional, o Princípio do desenvolvimento sustentável, o Princípio do 
poluidor-pagador, o Princípio do usuário-pagador e o Princípio da função socioambiental da 
propriedade 
 
3. o CC dispõe sobre a propriedade, isso não fere o direito à propriedade de 
acordo com a CF? além da função social tem que ter outra função? 
Um dos requisitos da propriedade para cumprir sua função social é o respeito à legislação 
ambiental, como o Código Florestal, quando o imóvel for rural, ou o Plano Diretor, quando for 
urbano. A propósito: 
Código Civil. Art. 1.228 (...) 
§1º. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as finalidades 
econômicas, sociais e de modo que sejam preservados a fauna, flora, belezas naturais, equilíbrio 
ecológico, patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 
Art. 183 da CF/88. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às 
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
Art. 186 da CF/88. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes 
requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
Poder de Polícia. Limites e Fundamentos. Adoção de mecanismos consensuais no exercício do poder de polícia. 
Termos de ajuste de conduta administrativos. Termos substitutivos de sanção. Limites à delegabilidade do 
poder de polícia. 
Ato administrativo. Elementos, requisitos, espécies. Controle formal e controle de mérito do ato administrativo. 
 
1. Controle de mérito do ato administrativo. Qual o limite do controle pelo 
judiciário? Paralelo entre o desvio de poder/finalidade e teoria dos motivos determinantes. 
A ideia tradicional que restringe o controle do mérito do ato administrativo pelo 
Judiciário, vem sendo mitigada atualmente. 
A constitucionalização do direito administrativo e a teoria da força normativa dos 
princípios ampliou o espectro de controle do ato por parte do Poder Judiciário, limitando o âmbito 
da discricionariedade. 
A discricionariedade está limitada pela legalidade, tanto sob seu aspecto restritivo (lei em 
sentido estrito), tanto sob o seu aspecto amplo, e pela exigência de razoabilidade e motivação, 
valores constitucionais. A tendência é exigir de todos os atos a motivação, mecanismo de controle 
da arbitrariedade. 
São teorias que contribuíram para ampliar o controle judicial: 
1. Teoria do desvio de poder: passou-se a admitir a análise da finalidade pelo juiz. 
Quando a autoridade usa o poder discricionário para atingir fim diferente daquele que a lei fixou, 
o Judiciário anulará o ato. Exemplo: tombamento motivado para impedir que o inimigo político 
reforme seu imóvel. 
2. Teoria dos motivos determinantes: permitiu a análise dos motivos (fatos) pelo juiz, 
tanto de sua veracidade, como de sua persistência. Quando os motivos que levaram à prática do 
ato forem falsos, ou não existiram, o Judiciário anulará o ato. 
3. Teoria dos conceitos jurídicos indeterminados: inexistência de discricionariedade 
nos conceitos técnicos e de experiência. Possibilidade de discricionariedade nos conceitos de valor. 
A valoração subjetiva deve ser feita à luz do princípio da razoabilidade. 
As decisões judiciais que invalidam atos discricionários por vício de desvio de poder, por 
irrazoabilidade ou desproporcionalidade da decisão administrativa, por inexistência de motivos ou 
motivação, por infringência a princípios como os da moralidade, segurança jurídica, boa-fé, não 
estão controlando o mérito, mas a legalidade do ato. 
O que a atual concepção da discricionariedade fez para ampliar o controle não foi 
submeter o mérito administrativo à avaliação do juiz, mas ampliar a legalidade que comprime os 
limites do mérito do ato. 
 
2. Conceitue e exemplifique termo de ajuste público administrativo e fale sobre seus 
limites e possibilidades. 
A Lei nº 13.655/2018 incluiu na LINDB os arts. 20 a 30 prevendo regras sobre segurança 
jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. 
Os artigos 26 e 27 da LINDB passam a permitir, de modo expresso, a adoção de 
mecanismos consensuais no âmbito da Administração Pública. 
‘Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na 
aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa 
poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e 
presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, 
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.’ 
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo: 
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os 
interesses gerais; 
II – (VETADO); 
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito 
reconhecidos por orientação geral; 
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e 
as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. 
§ 2º (VETADO).’ 
‘Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, 
poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes 
do processo ou da conduta dos envolvidos. 
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre 
seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. 
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso 
processual entre os envolvidos. 
O artigo 26 cria um regime jurídico geral para a negociação entre autoridades públicas e 
particulares, de forma a eliminar eventual irregularidade, incerteza jurídica ou mesmo uma 
situação de litígio. Trata-se de uma regra geral que pode ser complementada pelas legislações 
específicas sobre o tema, mas que desde já garante a sua aplicação, por exemplo, aos casos de 
expedição de licenças, desde que presentes razões de relevante interesse geral. O caput do 
dispositivo é claro nesse sentido. O § 1º do referido artigo trata especificamente do termo de 
compromisso. O § 2º cuida da autorização judicial para a celebração do referido compromisso. 
Trata-se de simples reconhecimento, em norma de caráter geral (como é a LINDB), da 
possibilidade de autoridades firmarem acordos substitutivos de sanção ou de créditos relativos ao 
passado. A ideia, já utilizada em muitos casos, é quesanção ou crédito podem, dentro de certos 
limites, ser utilizados pela Administração Pública como moeda de troca para a obtenção de outras 
medidas de interesse público (tais como a realização de investimentos de interesse público por 
entes privados). O dispositivo, nesse sentido, não conflita com a Lei Anticorrupção, mas, ao 
contrário, como norma de caráter geral, com ela se compatibiliza integralmente. 
 
4. quais são os limites e delegabilidade do poder de polícia? 
Há discussão sobre o fato de o poder de polícia poder ou não ser delegado a terceiros 
privados. 
1ª corrente (majoritária): CABM, MSZP e STF (ADI 1717 e ADI 2310) 
O exercício do poder de polícia é indelegável a pessoas jurídicas de direito privado, com 
base no argumento de que, em se tratando de atividade típica do Estado, só pode ser por este 
exercida. Como o poder de polícia envolve o exercício de prerrogativas próprias do poder público, 
especialmente a repressão, especialmente a repressão, insuscetíveis de serem exercidas por um 
particular sobre outro, sob pena de violação à isonomia. Assim, o poder de polícia só pode ser 
atribuído a quem esteja legalmente investido em cargos públicos, cercados de garantias que 
protegem o exercício das funções públicas típicas do Estado. 
2ª corrente: Diogo de Figueiredo e STJ (ED no REsp 817.534/MG) 
Admite a delegação do poder de polícia para PJ de direito privado, em seus ciclos de 
fiscalização e consentimento de polícia. Isso porque essas etapas seriam instrumentais ao poder de 
polícia. Contrariamente, a ordem e a sanção de polícia não poderiam ser transferidas 
No ED no REsp 817.534/MG, o STJ permitiu a delegação da fiscalização de trânsito para 
a sociedade de economia mista BH trans. 
3ª corrente: JSCF 
Admite a delegação do poder de polícia para PJ de direito privado, desde que preenchidos 
3 requisitos: 
1- Se for feita por LEI (não pode haver delegação por ato administrativo, por contrato 
administrativo); 
2- Só pode delegar fiscalização de polícia. Assemelha-se aqui ao professor Diogo. Não 
admite a ordem de polícia delegada, nem a sanção de polícia delegada; não menciona o 
consentimento (não que não exista, mas ele não menciona). 
3- Somente pessoas privadas que integram a ADMINISTRAÇÃO INDIRETA é que 
podem receber a delegação do poder de polícia. Ou seja, somente as empresas públicas, sociedades 
de economia mista e fundações estatais de direito privado. Não poderia, a “contrario sensu”, haver 
a delegação para concessionárias e permissionárias e particulares em geral. 
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de 
direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente 
público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime 
não concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 
(Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996). 
Quanto aos limites do poder de policia, segundo doutrina de Maria Silvia Zanella di 
Pietro, como todo ato administrativo, ainda que seja discricionária, esbarra em algumas limitações 
impostas pela lei, quanto: 
- à competência e à forma (devem observar também as normas legais pertinentes); 
- aos fins (o poder de polícia só deve ser exercido para atender ao interesse público); 
- e mesmo com relação aos motivos ou ao objeto (ainda que a Administração disponha de 
certa dose de discricionariedade, esta deve ser exercida nos limites traçados pela lei). 
Quanto ao objeto, ou seja, quanto ao meio de ação, a autoridade sofre limitações, mesmo 
quando a lei lhe dê várias alternativas possíveis. Tem aqui aplicação o princípio da 
proporcionalidade dos meios aos fins, ou seja, o poder de polícia não deve ir além do necessário 
para a satisfação do interesse público que visa proteger, uma vez que a sua finalidade não é destruir 
os direitos individuais, mas, ao contrário, assegurar o seu exercício. 
Ademais, na aplicação das sanções de polícia, a Lei nº 9.873/99 estabelece o prazo de 
prescrição de cinco anos, passível de interrupção e suspensão nos casos expressamente previstos. 
Essa lei somente se aplica à esfera federal. 
Alguns autores indicam regras a serem observadas pela polícia administrativa, com o fim 
de não eliminar os direitos individuais: (1) eficácia, no sentido de que a medida deve ser adequada 
para impedir o dano ao interesse público; (2) necessidade, em consonância com a qual a medida 
de polícia só deve ser adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbações ao interesse 
público; (3) proporcionalidade, já referida, que significa a exigência de uma relação necessária 
entre a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado. 
 
4. Em que hipóteses excepcionais autoriza-se o judiciário a intervir no mérito 
administrativo? E o desvio de finalidade? 
A ideia tradicional de controle impede que o Judiciário aprecie aspectos de mérito. 
Contudo, a doutrina evoluiu e passou a admitir uma mitigação deste impedimento, sob pena do 
mérito administrativo servir de escudo ao acesso à justiça do cidadão. Assim, antes de concluir 
que não é possível adentrar no mérito, o juiz deve interpretar a lei diante do caso concreto. Se 
concluir que existem diferentes opções para a Administração, não deve interferir diante da decisão 
administrativa tomada dentro deste espectro de possibilidades. A discricionariedade começa 
quando encerrado o trabalho de interpretação jurídica. Forma de equalizar o exercício da função 
política e o controle da arbitrariedade. 
Teorias que contribuíram para ampliar o controle judicial: 
1. Teoria do desvio de poder: passou-se a admitir a análise da finalidade pelo juiz. 
Quando a autoridade usa o poder discricionário para atingir fim diferente daquele que a lei fixou, 
o Judiciário anulará o ato. Exemplo: tombamento motivado para impedir que o inimigo político 
reforme seu imóvel. 
2. Teoria dos motivos determinantes: permitiu a análise dos motivos (fatos) pelo juiz, 
tanto de sua veracidade, como de sua persistência. Quando os motivos que levaram à prática do 
ato forem falsos, ou não existiram, o Judiciário anulará o ato. 
3. Teoria dos conceitos jurídicos indeterminados: inexistência de discricionariedade 
nos conceitos técnicos e de experiência. Possibilidade de discricionariedade nos conceitos de valor. 
A valoração subjetiva deve ser feita à luz do princípio da razoabilidade. 
Não cabe ao Judiciário substituir juízos de valores morais do administrador público pelos 
seus próprios valores, desde que aqueles sejam admissíveis e válidos dentro da sociedade. 
A constitucionalização do direito administrativo e a teoria da força normativa dos 
princípios ampliou o espectro de controle do ato por parte do Poder Judiciário, limitando o âmbito 
da discricionariedade. 
A discricionariedade está limitada pela legalidade, tanto sob seu aspecto restritivo (lei em 
sentido estrito), tanto sob o seu aspecto amplo, e pela exigência de razoabilidade e motivação, 
valores constitucionais. A tendência é exigir de todos os atos a motivação, mecanismo de controle 
da arbitrariedade. 
As decisões judiciais que invalidam atos discricionários por vício de desvio de poder, por 
irrazoabilidade ou desproporcionalidade da decisão administrativa, por inexistência de motivos ou 
motivação, por infringência a princípios como os da moralidade, segurança jurídica, boa-fé, não 
estão controlando o mérito, mas a legalidade do ato. 
O que a atual concepção da discricionariedade fez para ampliar o controle não foi 
submeter o mérito administrativo à avaliação do juiz, mas ampliar a legalidade que comprime os 
limites do mérito do ato. 
Com amparo no direto fundamental à administração pública transparente, deve prevalecer 
o entendimento que admite o controle do mérito do ato administrativo pelo Judiciário, tendo em 
vista que somente com a análise do mérito administrativoé possível descobrir se o ato foi praticado 
visando alcançar o verdadeiro interesse público ou se ocorreu desvio de finalidade, excesso de 
poder, desproporcionalidade, arbitrariedade, bem como violação a outras garantias constitucionais. 
 
 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E 
FORMAÇÃO HUMANÍSTICA 
Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional – 
Código de Ética da Magistratura. 
Psicologia Judiciária – 
Conceito e importância da Psicologia para o Judiciário. Integração da Psicologia com o Direito. 
Teoria Geral do Direito e da Política – 
Realismo Jurídico. 
 
 
1. Discorrer sobre Psicologia do magistrado, e, também, segundo Miguel Reale. 
Caso não saiba, fale apenas sobre psicologia do juiz em geral. 
O Direito integra-se com a Psicologia de várias formas, porém duas delas se destacam. 
Primeiro, a Psicologia atua como subsídio para o próprio juiz em sua subjetividade poder, 
ao ter ao menos alguma noção de Psicologia, compreender melhor as relações humanas que lhe 
chegam via demandas processuais. Conhecer Psicologia é conhecer o humano e conhecer o 
humano é conhecer o Direito, uma vez que o Direito deriva do comportamento e desejos humanos. 
Em segundo, a Psicologia auxilia o magistrado institucionalmente. Neste momento, a 
Psicologia Jurídica pode ser denominada de Psicologia Judiciária, e ela forma tanto um campo de 
doutrinas aplicadas aos assuntos diretamente ligados ao cotidiano das lides judiciárias, a exemplo 
dos estudos de criminologia, relações familiares, questões envolvendo crianças e adolescentes, 
quanto um corpo técnico-funcional, e estruturas físicas de apoio à atuação do juiz. Aqui a 
Psicologia Judiciária visa, sobretudo, ofertar concretamente meios que permitam ao julgador tomar 
a melhor decisão possível, fornecendo a ele pareceres técnicos, relatórios de acompanhamento de 
medidas terapêuticas e preventivas a serem decididas pelo magistrado. 
 
OBS: NÃO CONSEGUI IDENTIFICAR A PSICOLOGIA SEGUNDO REALE, MAS 
PENSO QUE SEJA ALGO RELACIONADO COM FATO-VALOR-NORMA. 
 
2. Faça relação entre neutralidade, suspeição e psicologia 
O ato de julgar transcende a formação jurídica do juiz. Além de conhecimentos teóricos, 
a magistratura exige que o julgador perceba como os aspectos psicológicos de todos os envolvidos 
no litígio interferem em sua decisão. Em uma sentença, tem-se muito mais que a simples aplicação 
das normas jurídicas ao caso concreto. A percepção do magistrado deve alcançar os fenômenos 
mentais e os processos psíquicos que atingem as partes, os advogados, as testemunhas e os que 
intervenham na demanda. 
A inserção da Psicologia no universo judicial encontrou viabilidade, sobretudo, pela 
necessidade vinculada ao respeito às singularidades e, portanto, fez-se mister atender, de forma 
mais próxima, à subjetividade das pessoas e das demandas que estas trazem para serem resolvidas 
pelo Judiciário, especialmente quando lhes faltam condições para solucioná-las por si mesmas. 
É essencial, neste contexto, ampliar a compreensão da importância do encontro entre a 
Psicologia e o Direito, principalmente no sentido de favorecer a dignidade das pessoas envoltas na 
relação processual subjacente. 
Nesse contexto, o julgador não deve atuar nem com neutralidade, a ponto de não se atentar 
para especificidades de cada causa, tão pouco agir com parcialidade ensejadora de sua suspeição. 
Revela-se a psicologia, portanto, como o meio-termo preferível para a atuação do julgador. 
 
3. Fale sobre o realismo jurídico e suas espécies. 
1) Temos que entender o realismo jurídico como uma visão que se afasta tanto do 
positivismo quanto do jusnaturalismo. Para o realismo, o direito não é nem uma questão de normas 
positivas (positivismo), nem de moralidade (jusnaturalismo), mas de como as coisas são na 
realidade (por isso, realismo…); 
2) Existem duas formas de realismo: o norte-americano e o escandinavo; 
3) O realismo norte-americano entende que o direito é encontrado nas decisões judiciais. 
Por isso, trabalha com uma metodologia dupla: faz uma análise empírica das decisões (para 
verificar como os juízes e tribunais estão decidindo) e uma análise psicológica (para tentar entender 
por que decidiram da forma como decidiram) – na prática, primeiro o juiz decide qual será o 
resultado, depois procura os fundamentos para justificar aquela sua decisão; 
4) Críticas ao realismo norte-americano: primeiro, a competência dos tribunais (o que os 
tribunais podem ou não decidir) são estabelecidas por normas positivas; depois, essa forma de ver 
o direito concederia poderes ilimitados para os juízes (se o direito é o que está na decisão judicial, 
não se poderia nem mesmo criticar o conteúdo de uma decisão; 
5) O realismo escandinavo tira o foco da decisão judicial e coloca no comportamento das 
pessoas. Assim, pode-se dizer que ele se preocupa com a efetividade das normas jurídicas: o direito 
seria aquilo que é observado na prática, e normas jurídicas seriam aquelas capazes de condicionar 
o comportamento das pessoas. 
Para ajudar a gravar: 
– Realismo norte-americano: o direito é o que está nas decisões judiciais (espécie de teoria 
da psicologia da decisão judicial); 
– Realismo escandinavo: o direito é aquilo que as pessoas observam em seu 
comportamento (efetividade das normas jurídicas). 
 
4. O ato de sentenciar é um raciocínio lógico? 
Conforme menciona Elpídio DONIZETTI: "sob o enfoque da lógica aristotélica, a 
sentença expressa um silogismo. A premissa maior é o ordenamento jurídico, que vai servir de 
critério para apreciação tanto do direito invocado pelo autor como da resistência manifestada pelo 
réu. A premissa menor é constituída pela fundamentação fática exposta na petição inicial, no 
intuito de demonstrar a precedência do pedido nela formulado, ou extraída do conjunto probatório. 
Finalmente, a conclusão consiste no ato de inteligência, por meio do qual o juiz, fazendo a 
subsunção dos fatos às normas, extrai as consequências jurídicas". (DONIZETTI, Elpídio. 
Redigindo a Sentença Cível. São Paulo: Atlas, 2012. p. 3). 
Trata-se de uma compreensão juspositivista, consoante a qual o operador do direito, ao 
aplicar as normas estatais, utiliza como fundamentos metodológicos a filosofia analítica (análise 
autônoma da norma - Kelsen), a Linguística (aspectos da comunicação) e a Lógica (lógica 
normativa). 
Em sentido contrário se situa a corrente do realismo jurídico. O realista distancia-se dos 
juspositivistas num ponto crucial: o juspositivista faz sempre um juízo de valor jurídico sobre a 
jurisprudência, examinando se a decisão tomada está em conformidade com o direito em vigor 
(lei), haja vista que para ele o direito é a teoria do dever ser. O realista, ao contrário, interessa-se 
exclusivamente pelo direito “em ação”, isto é, o direito do ser, em uma perspectiva ontológica, e 
considera inútil (ou impossível) dar uma interpretação correta ou objetiva. Então, mesmo que os 
tribunais façam uma interpretação evidentemente contrária ao sentido das normas em vigor, o 
realista continua considerando como direito aquilo que dizem os tribunais. 
Assim sendo, para os realistas norte-americanos, não existe qualquer silogismo na 
sentença judicial, porque ela não é um produto da lógica (fato subsumido à norma), mas do influxo 
social. Para eles, o direito é um produto das forças sociais e um instrumento de seu controle. 
 
5. Caso hipotético: em ação que se discute pensão alimentícia o magistrado deixa de 
respeitar diversos direitos assegurados pela lei Maria da Penha, e ao ver que não haveria 
solução consensual para o caso, começa a dar indícios de como seria a sentença a fim de 
compelir as partes a fazerem acordo, além de uma série de outros comportamentos durante 
a audiência desrespeitando as partes. Segundo o código de ética, quais princípios foram 
violados pelo magistrado? 
Os princípios ético-técnicos dizem respeito ao que o Código considera a boaprática 
jurídica, a boa gestão do conhecimento por parte do magistrado, com rapidez, a apontar que, 
dentro do quadro de uma sociedade que admira e elogia a eficiência em vários campos do viver, a 
eficiência, a gestão do conhecimento em prol da solução de conflitos, a rapidez e celeridade na 
prestação jurisdicional também são atos que são considerados pelo código como ações éticas. São 
exemplos de princípios éticos-técnicos: a.1) princípio do conhecimento: o bom magistrado 
conhece sua profissão, conhece profundamente o direito, se aprimora constantemente, é um técnico 
do saber sem mácula; a.2) princípio da capacidade: o bom magistrado é capaz, no sentido de que 
ele possui a perícia técnica de transformar conhecimento em ação prática. Seus textos produzidos 
em sentenças visam acima de tudo à pacificação de conflitos. Se a erudição é necessária ao juiz, 
ela não é um fim em si mesmo, ela é meio pelo qual o juiz lança mão para solucionar problemas; 
a.3) princípio da diligência: o bom magistrado é diligente, planeja sua rotina, estabelece 
prioridades, organiza seu cotidiano de modo a otimizar seu tempo, visando aprimorar sua prática 
e efetivar melhor suas funções, da melhor maneira e no menor tempo possível. 
Princípios ético-institucionais são aqueles que procuram analisar a prática do juiz 
dentro do marco maior da instituição a que ele pertence, a saber, o Poder Judiciário brasileiro. 
Parte da premissa de que a parte, o juiz, repercute no todo, o Poder Judiciário, e vice versa. A boa 
prática do juiz, em sua singularidade, em sua individualidade contribui para o aperfeiçoamento da 
instituição Poder Judiciário. O bom funcionamento das instituições é, desde os ensinamentos de 
Montesquieu, um requisito essencial para a legitimidade democrática de um governo, de uma 
adequada noção de paz social e reconhecimento da legitimidade das decisões tomadas para 
pacificar os conflitos inerentes a todo viver em sociedade. Neste quadro, a ação do juiz em sua 
particularidade deve ter dois prismas, a ciência de que ele também, com sua ação, é responsável 
pelo aprimoramento da instituição a qual pertence, e, em consequência, ele também em sua 
singularidade é, numa determinante de longa duração, responsável com sua prática pelo 
aperfeiçoamento da democracia brasileira. São exemplos de princípios ético-institucionais: 
independência, imparcialidade, transparência, integridade profissional, prudência, respeito 
à Constituição, respeito às leis, conduta irrepreensível na vida pública, equidade. 
Princípios ético-subjetivos: são aqueles que dizem respeito à figura humana do juiz 
enquanto indivíduo. Aqui, parte-se da ideia de que o magistrado também é uma pessoa concreta, 
e como tal deve possuir alguns requisitos éticos que lhe legitimam perante a sociedade. Ao juiz é 
exigido algo além do que requerido do “homem comum”. Ao juiz é exigido uma vida subjetiva 
mais regrada, de recato, quase que de desapego em relação aos luxos e ostentações que a vida 
contemporânea proporciona. São exemplos de princípios ético-subjetivos positivados pelo Código 
em comento: honra, decoro, conduta irrepreensível na vida privada, integridade pessoal. 
Por fim, princípios ético-sociais são princípios que dizem respeito à relação da ação do 
magistrado com a sociedade na qual se insere. 
É fundamental para os magistrados a observância de certos preceitos éticos, já que a figura 
do juiz, mais que representar mera profissão, representa um referencial de justiça e exemplo de 
cidadania perante os demais grupos sociais. É a principal maneira do jurisdicionado concretizar 
um referencial abstrato, que é a justiça em si. 
 
6. Apresente uma visão crítica acerca da atividade interpretativa do magistrado de 
acordo com a corrente do realismo jurídico norte americano. Tem algum princípio que as 
decisões devem respeitar para evitar decisões conflitantes para assegurar a segurança 
jurídica? 
Seus expoentes são Oliver Wendell Holmes, Roscoe Pound, Jerome Frank e Karl 
Llewellyn. Esse realismo dedica-se ao estudo da prática jurídica, isto é, dos fatores que influenciam 
as decisões dos tribunais. 
Direito é o que os tribunais dizem que ele é, e esse deve ser o objeto empírico de estudo. 
Para os realistas norte-americanos, não existe qualquer silogismo na sentença judicial, 
porque ela não é um produto da lógica (fato subsumido à norma), mas do influxo social. Para eles, 
o direito é um produto das forças sociais e um instrumento de seu controle. 
 
	DIREITO CIVIL
	Fatos jurídicos. Negócios jurídicos. Forma do negócio jurídico. Condição, termo e encargo. Representação.
	Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo.
	Invalidade do negócio jurídico. Nulidade. Simulação. Efeitos da nulidade e da anulabilidade.
	DIREITO PROCESSUAL CIVIL
	Jurisdição. Elementos conceituais. Características. Espécies. Organização judiciária. Distinção em relação às demais funções do Estado.
	Jurisdição estatal e arbitral. Poderes do juiz e do árbitro. Impedimento e suspeição.
	Competência. Critérios de determinação e de modificação. Incompetência absoluta e relativa. Conflito de competência. Cooperação internacional.
	DIREITO DO CONSUMIDOR
	Qualidade de produtos e serviços. Prevenção e reparação dos danos. Proteção à saúde e à segurança.
	DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
	Consectários em matéria de criança e adolescente.
	c) Princípio da participação popular.
	d) Princípio da excepcionalidade.
	DIREITO PENAL
	II – CÓDIGO PENAL (Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940)
	Parte Geral
	a) Da aplicação da lei penal (arts. 1º a 12).
	b) Do crime (arts. 13 a 25).
	c) Da imputabilidade penal (arts. 26 a 28).
	d) Do concurso de pessoas (arts. 29 a 31).
	DIREITO PROCESSUAL PENAL
	II – Código de Processo Penal (Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1.941).
	d) Da ação civil (arts. 63 a 68).
	e) Da competência (arts. 69 a 91).
	f) Das questões e processos incidentes (arts. 92 a 154).
	Comentários
	DIREITO CONSTITUCIONAL
	Emendas Constitucionais.
	Organização do Estado. Estado de Direito Democrático.
	Federação. Origens. A Federação Brasileira. Competências legislativas dos entes federados - Autonomia financeira, administrativa e política dos entes federados.
	DIREITO ELEITORAL
	Partidos políticos. Conceito. História. Representação Político-partidária. Sistemas partidários. Criação, fusão e extinção dos partidos políticos.
	Órgãos Partidários. Registros dos Partidos Políticos. Fundo Partidário. Fidelidade partidária. Aspectos constitucionais, legais e éticos.
	DIREITO EMPRESARIAL
	Princípios constitucionais econômicos e sua instrumentalidade para o funcionamento do mercado.
	Direito de Empresa no Código Civil. A empresa e o empresário. Noção econômica e jurídica de empresa. Empresário e sociedade empresária.
	A atividade empresarial. Capacidade. Empresário rural. Obrigações gerais dos empresários.
	DIREITO TRIBUTÁRIO
	Fontes do Direito Tributário. Fontes do direito positivo e da Ciência do Direito. A doutrina. Instrumentos primários e secundários. Legislação tributária: conceito, vigência, aplicação, interpretação e integração. A Lei nº 5.172/66, em face da Constit...
	DIREITO AMBIENTAL
	A Constituição e o Meio Ambiente. O artigo 225: objetivo, alcance e reflexos. Ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental.
	Natureza pública da proteção ambiental. Tratados Internacionais sobre tema ambiental.
	DIREITO ADMINISTRATIVO
	Poder de Polícia. Limites e Fundamentos. Adoção de mecanismos consensuais no exercício do poder de polícia. Termos de ajuste de conduta administrativos. Termos substitutivos de sanção. Limites à delegabilidade do poder de polícia.
	Ato administrativo. Elementos, requisitos, espécies. Controle formal e controle de mérito do ato administrativo.
	NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
	Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional –
	Código de Ética da Magistratura.
	Psicologia Judiciária–
	Conceito e importância da Psicologia para o Judiciário. Integração da Psicologia com o Direito.
	Teoria Geral do Direito e da Política –
	Realismo Jurídico.

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