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Hum an Centred Design GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro HUMAN CENTRED DESIGN Organizador André Luiz Duarte HUMAN CENTRED DESIGN Organizador André Luiz Duarte C M Y CM MY CY CMY K Capa de eBook para Impressao - Human Centred Design - Fechado - SER.pdf 1 08/09/2020 16:02 Human Centred Design eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 1 11/09/2020 00:44 © by Editora Telesapiens Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora Telesapiens. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva – CRB 10/854) D812h Duarte, André Luiz. Human-centred design: Estrutura de um projeto em HCD [recurso eletrônico] / André Luiz Duarte. – Dados eletrônicos. – Recife: Telesapiens, 2018. 170 p. : pdf ISBN: 978-85-54921-01-9 1. Método de design. 2. HCD I. Título. CDU 004.5 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 2 11/09/2020 00:44 Fundador e Presidente do Conselho de Administração: Janguê Diniz Diretor-Presidente: Jânyo Diniz Diretor de Inovação e Serviços: Joaldo Diniz Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira Créditos Institucionais Todos os direitos reservados 2020 by Telesapiens Human Centred Design eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 3 11/09/2020 00:44 Olá! Meu nome é André Luiz Duarte. Eu sou graduado em Ciência da Computação pela Faculdade dos Guararapes (FG) e especialista na área de Design Web-Apps com Tecnologia Front-End, pela UNIBRATEC (União Brasileira de Tecnologia). Trabalho com marketing digital e planejamento de impressos, além de ministrar aulas para o ensino técnico e profissionalizante há cerca de 14 anos. Também já assumi o cargo de coordenador de materiais didáticos para o Ensino a Distância (EAD) da UNIBRATEC, atuando por cerca de 2 anos. Prestei serviços ligados às áreas de ensino, publicação de impressos e fechamento de arquivos para o Grupo Dom Bosco de Artes e Ofícios (pré- impressão); e trabalhos de marketing digital (propaganda), planejamento visual e de ensino para o Grupo SER Educacional (UNINASSAU e UNINABUCO). Atualmente, ofereço serviços de aprendizagem e treinamento para pequenas, médias e grandes empresas, além de importantes instituições como o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), INFRAERO (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e ALEPE (Escola da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco). Atualmente, integro o corpo de autores e de assessoria em design gráfico para a Editora TeleSapiens. O AUTOR ANDRÉ LUIZ DUARTE eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 4 11/09/2020 00:44 ICONOGRÁFICOS Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam: OBJETIVO Breve descrição do objetivo de aprendizagem; + OBSERVAÇÃO Uma nota explicativa sobre o que acaba de ser dito; CITAÇÃO Parte retirada de um texto; RESUMINDO Uma síntese das últimas abordagens; TESTANDO Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do conteúdo; DEFINIÇÃO Definição de um conceito; IMPORTANTE O conteúdo em destaque precisa ser priorizado; ACESSE Links úteis para fixação do conteúdo; DICA Um atalho para resolver algo que foi introduzido no conteúdo; SAIBA MAIS Informações adicionais sobre o conteúdo e temas afins; +++ EXPLICANDO DIFERENTE Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado; SOLUÇÃO Resolução passo a passo de um problema ou exercício; EXEMPLO Explicação do conteúdo ou conceito partindo de um caso prático; CURIOSIDADE Indicação de curiosidades e fatos para reflexão sobre o tema em estudo; PALAVRA DO AUTOR Uma opinião pessoal e particular do autor da obra; REFLITA O texto destacado deve ser alvo de reflexão. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 5 11/09/2020 00:44 SUMÁRIO UNIDADE 01 Human Centred Design, uma visão geral 14 Conceito de HCD 14 Prototipagem, o início de tudo 15 Da prototipagem ao UX 19 Design Thinking (DT) 22 Implementação de projetos em HCD 25 O case da IDEO 26 Os três pilares do HCD segundo a IDEO 27 Ouvir 29 Criar 30 Implementar 33 Kit de ferramentas do HCD 35 A equipe de projeto 37 Espaços físicos ou virtuais dedicados 38 Intervalos de tempo 39 Cenários de uso 39 Mergulho profundo de uma semana 40 Mergulho profundo de vários meses 40 Ativação do conhecimento pré-existente 41 Complemento de atividades de longa duração 42 As três vertentes de um projeto em HCD 43 As três lentes do HCD 43 A lente do desejo 47 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 6 11/09/2020 00:44 A lente da praticidade 49 A lente da viabilidade 50 UNIDADE 02 Entregas e ferramentas da fase do “ouvir” 58 Visão geral das entregas 58 Visão das entregas na fase do “ouvir” 59 Definindo quem deve ser abordado 60 Escolhendo métodos de pesquisa 62 Abordagem de uma entrevista 64 Guia de entrevista 64 Técnicas de entrevista 65 Modelo mental para a pesquisa 66 Mente de principiante 67 Observação versus interpretação 68 Ferramentas aplicáveis ao “ouvir” 70 Mapas conceituais 70 Diagrama de Ishikawa 74 Estudos de casos 74 As melhores práticas de estilo 75 Identificação dos desafios estratégicos 75 Empatia 79 Outros processos e kits de ferramentas 83 Design Council 83 Live Work 85 MJV 85 D. School 87 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 7 11/09/2020 00:44 UNIDADE 03 Síntese para a criação de soluções 94 O que é a síntese 94 Conceito de inovação 95 Métodos para a criação inovadora 98 Coprojeto participativo 98 Projeto empático 99 Compartilhamento de informações 100 Identificação de padrões 102 Insights 103 Temas 104 Estruturas 105 Brainstorm para criação de solução e inovação 106 O processo criativo da solução em HCD 106 Áreas de oportunidade 107 Conceito de oportunidade 108 Conceito de área de oportunidades (AP) 108 Modelagem das áreas de oportunidade 109 A técnica do brainstorm 112 As etapas e o tempo de um brainstorm 113 As regras do brainstorm 114 Ferramentas para brainstorm 115 Mapas mentais 116 Prototipagem na fase do “criar” 118 O que é prototipagem? 118 O processo da prototipagem 120 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 8 11/09/2020 00:44 A escolha da ferramenta 120 Capacitação da equipe na ferramenta 123 Proposta do calendário da prototipagem 123 Prototipação do produto 124 O processo criativo 125 Fatores que influenciam positivamente a criatividade 125 Fatores que influenciam negativamente a criatividade 128 Selecionando as melhores ideias 129 O feedback na fase do “criar” 131 A importância do feedback 131 Solicitando feedback 134 A quem solicitar feedbacks no projeto? 134 Como extrair informações relevantes dos feedbacks? 135 Que questões devem ser respondidas? 136 Emitindo feedback 136 Considerações finais sobre feedbacks 138 UNIDADE 04 Recursos para implementação de projetos em HCD 144 Objetivos da implementação 144 Entregas da fase do “implementar” 146 Estudo de caso de implementação – OniLearning 146 Modelos sustentáveis para a implementação em HCD 150 Modelos econômico-financeiros 150 Fontes de receita 152 Capacidades requeridas 153 Recursos humanos 153 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 9 11/09/2020 00:44 Recursos materiais 155 Serviços 156 Parcerias estratégicas157 Pipeline de inovação 158 Dividindo o projeto em subprojetos 158 Mínimo produto viável (MVP) 159 Gestão da inovação 161 Inovação incremental 163 Inovação radical, revolucionária ou disruptiva 164 Inovação evolutiva ou evolucionária 165 Comparando os três tipos de inovação 166 Implementação de projetos e projetos-pilotos 167 O que é um projeto-piloto? 168 Pilotos e minipilotos 170 Calendário de implementação 171 Planejamento de um projeto-piloto 175 Plano de aprendizado 177 Monitoramento e avaliação dos indicadores 179 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 10 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 11 UNIDADE 01 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 11 11/09/2020 00:44 Human Centred Design12 Nunca fomos tão dependentes de dispositivos eletrônicos e da Internet. Em uma sociedade tão conectada assim, zelar pela eficiência da experiência do usuário com os diversos sistemas interativos torna-se uma obrigação para profissionais e das áreas da economia criativa, sobretudo as da tecnologia da informação e comunicação, e do design propriamente dito. É nesse cenário que surge um novo conceito: o Human Centred Design (HCD). Estamos falando de um conceito praticado no mercado de tecnologia e design que permite criar, gerenciar e implementar todo o processo de implantação de um projeto unicamente centrado no ser humano, com a finalidade de gerar soluções que sejam inovadoras para o mundo em que vivemos, incluindo produtos, serviços, organizações, ambientes e um mundo melhor. Nesta publicação procuraremos mostrar como gerenciar um projeto em HCD, além de sua implantação junto às pessoas, a comunidade onde elas vivem e as organizações, além de mostrar como as ideias e soluções inovadoras podem transformar as nossas vidas e o mundo. Nós veremos como utilizar um Kit de Ferramentas, os processos estratégicos do HCD (suas fases), a metodologia adotada pela empresa IDEO através de seu Kit de Ferramentas (Design KIT), além das três vertentes do HCD. INTRODUÇÃO eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 12 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 13 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1.Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: OBJETIVOS 1 Adquirir uma visão geral do Human Centred Design – HCD; 2 Implementar projetos em HCD; 3 Utilizar um kit de ferramentas em HCD; 4 Conhecer e aplicar as três vertentes de um projeto em HCD. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 13 11/09/2020 00:44 Human Centred Design14 Human Centred Design, uma visão geral Ao término deste capítulo você será capaz de discernir sobre a importância do HCD para o desenvolvimento de soluções interativas, seus conceitos no mercado e na sociedade como um todo. Você verá que não se trata de uma simples teoria. Ela é uma metodologia que pode ser aplicada na prática, com inúmeros casos de sucesso demonstrados em todo o mundo. OBJETIVO Conceito de HCD Figura 1: Design centrado no ser humano. Fonte: Pixabay Human Centred Design, do inglês, significa Design Centrado no Ser Humano. O HCD é uma abordagem direta para o desen- volvimento de sistemas interativos, visando torná-los úteis, focados eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 14 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 15 nos usuários e suas necessidades, com requisitos e técnicas aplicados ao fator humano, segundo a ISO 9241-210, de 2010. Na prática, o HCD é uma nova estrutura de design e gerenciamento, na qual é possível desenvolver soluções inovadoras para a solução de problemas, envolvendo perspectivas humanas em todas as suas etapas. Em tese, o envolvimento com o serhumano acontece quando as pessoas identificam problemas em meio a brainstormings1, permitindo que sejam desenvolvidas soluções inovadoras. Para entender melhor o objetivo do HCD, imagine que você está querendo desenvolver uma nova interface para um aplicativo educacional. Pelo método tradicional, por mais focado no cliente que ele seja considerado, todo o processo de desenvolvimento será conduzido por meio de documentação, ferramentas, tecnologias e metodologias voltadas para o desenvolvimento em si, esperando gerar um produto final aderente às expectativas do usuário. Mas, será que isso sempre ocorre? Na prática, o que observamos na grande maioria dos projetos com mais de 6 meses de tempo de desenvolvimento é uma defasagem significativa de escopo, ou seja, no final o usuário nunca está plenamente satisfeito com o que recebe! No caso do HCD, todo o processo de desenvolvimento do produto gira em torno do próprio usuário, que participa intensamente do projeto, do início ao fim, exercendo o papel de protagonista nesse processo. Prototipagem, o início de tudo Mas, será que o HCD veio mesmo quebrar de vez um paradigma? A resposta é não! Esse paradigma vem sendo quebrado aos poucos, desde a década de 1990, quando a técnica da prototipagem começou a ser utilizada para o desenvolvimento de sistemas de informação, ainda nos velhos e gigantescos 1 O termo brainstorming vem do inglês, e significa tempestade de ideias. É uma técnica bastante utilizada para se chegar à solução de problemas por meio de discussão em grupo. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 15 11/09/2020 00:44 Human Centred Design16 mainframes. Antes disso, os softwares levavam meses e até anos para serem desenvolvidos, e pouco envolviam o usuário, que era considerado uma figura leiga, com pouco a agregar no processo de construção de sua própria solução. Naquela época, o usuário de informática era tratado como um paciente que recebe de seu médico o receituário para ingerir medicamentos, sem ao certo saber para que serve e se realmente serão eficazes no seu tratamento. A relação entre o usuário e o programador ou analista de sistemas era baseada na confiança, pois a linguagem e as tecnologias da época eram complexas demais para serem compreendidas pelo cliente final. Essa distância entre o cliente-final e o programador começou a ser encurtada na segunda metade da década de 1980, com a evolução dos microcomputadores pessoais e o aumento do nível de usabilidade dos programas e sistemas operacionais, que passavam a ser utilizados pelo próprio usuário. Com o advento das linguagens de quarta geração, a ativi- dade de programação ficou mais rápida e simples, permitindo ao programador da época desenvolver as aplicações com o envolvimento direto do usuário, que passava a visualizar as telas que iria manipular antes mesmo de os programas ficarem prontos. Figura 2: Programador de microcomputadores da década de 1980. Fonte: Pixabay eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 16 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 17 Iniciava-se então a era da prototipagem. Uma metodo- logia alternativa para acelerar os enfadonhos projetos de desenvolvimento de sistemas, oferecendo diversos benefícios para o desenvolvedor e, consequentemente, para o cliente-final. Mas, afinal de contas, o que é prototipagem? Entende-se por prototipagem uma técnica de desenvolvimento de soluções baseada no protótipo do produto-final, ou seja, o usuário participa do desenho da solução juntamente com o desenvolvedor, evoluindo o protótipo desde o início do projeto, até chegar ao ponto de poder ser finalizado sem a sua intervenção. DEFINIÇÃO A prototipagem, enquanto metodologia alternativa de desen- volvimento de sistemas passava a oferecer algumas vantagens bastante atraentes para usuários e programadores, tais como: �Menor tempo de desenvolvimento do sistema; �Maior assertividade no resultado, já que o usuário parti- cipava do início, do meio e do fim do projeto; �Barateamento dos custos de desenvolvimentopela redução do tempo e do número de ajustes e adaptações nos programas. Mas o processo de prototipagem também sofreu resistência por parte da academia e dos profissionais mais antigos na área de programação e desenvolvimento de sistemas. Os analistas se queixavam da dificuldade em documentar os sistemas desen- volvidos, uma vez que a prototipagem acelerava o tempo de desenvolvimento, não deixando tempo para que os programas e processos fossem devidamente documentados. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 17 11/09/2020 00:44 Human Centred Design18 Mas foi a partir do lançamento do Microsoft Windows 3.1 que se deu a verdadeira eclosão do desenvolvimento prototipado de sistemas, no início da década de 1990. Naquele novo contexto, as linguagens de programação passaram a ser bem mais simples, e algumas delas já começavam a incorporar recursos gráficos no próprio processo de desenvolvimento, o que permitia ao programador elaborar programas ao mesmo tempo em que os testava e apresentava ao usuário. Figura 3: Ciclo da prototipagem. Fonte: o autor. Essa tríade composta pelas etapas cíclicas de programação, teste e validação por parte do usuário foi o que verdadeiramente impulsionou a prototipagem como uma das metodologias de desenvolvimento de sistemas no mercado comercial. A partir da década de 1990, os projetos de desenvolvimento de software jamais voltaram a ser os mesmos, deixando de ser linear para serem circulares. Isto fez surgir inovações também na área de gerenciamento de projetos como um todo, como as metodologias Scrum e XP (eXtreme Programming), que se baseiam em escopos variáveis, ou seja, ninguém sabe ao certo como o produto final será até que ele seja completamente desenvolvido. As primeiras linguagens de programação que já incor- poravam ambientes de prototipagem de programas foram lançadas na década de 1990, a exemplo do Visual FoxPro, uma interface de desenvolvimento de software que conseguia gerar bancos de dados de forma rápida e interativa, bem como suas eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 18 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 19 telas e formulários, agilizando o trabalho do programador, que já conseguia prototipar todo o sistema junto ao usuário. Outros ambientes de desenvolvimento prototipáveis lançados naquela década foram o Eclipse (gerador de códigos Java, Python e C/C++), Visual Studio .NET (ambiente de desenvolvimento de sistemas para interface gráfica da Microsoft), IBM VisualAge Generator, entre outros. Da prototipagem ao UX Então, já deu para perceber o que aconteceu depois da era da prototipagem? Se você pensa que a coisa rapidamente evoluiu para o design centrado no ser humano, enganou-se! Para que a metodologia da prototipagem conseguisse atingir o nível de sofisticação e eficiência do HCD, muita água precisou rolar por baixo dessa ponte. Afinal, faltava uma maior proximidade entre o usuário e a própria tecnologia, que só veio a partir do lançamento do iPhone em 2007. A partir desse momento, os usuários passaram a ter um contato mais próximo com a tecnologia. Até então, somente por meio dos microcomputadores e laptops era possível interagir com sistemas multimídia. Ao lançar o iPhone em 2007, Steve Jobs conseguiu unir três recursos que o usuário só conseguia utilizar separadamente. Sabem quais eram esses recursos? Figura 4: A ideia inovadora de Jobs. Fonte: Adaptado de Pixabay. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 19 11/09/2020 00:44 Human Centred Design20 Se sua resposta foi iPod, Smartphone e Notebook, acertou em cheio. A partir do lançamento do iPhone passou a ser possível, por exemplo, atender a uma ligação ao mesmo tempo em que se escutava uma música e se enviava um e-mail, procedimentos somente possíveis com três aparelhos distintos até aquela época. Isso sacramentou Steve Jobs como o monge da tecnologia e da inovação, uma figura que ficou na história para sempre. Com o lançamento do iPhone, a Apple estabeleceu um novo paradigma no mercado de smartphones e de dispositivos móveis em geral: a loja Apple Store, através da qual o usuário conseguia baixar inúmeros aplicativos, a seu gosto. Isto fez surgir uma indústria paralela de desenvolvimento de novos aplicativos para iPhones. Essa ideia foi rapidamente copiada pela Google que, ao lançar o seu sistema operacional Android, disponibilizou uma loja parecida, intitulada Play Store, que hoje conta com um número ainda maior de aplicativos para todos os perfis de usuários. Paralelamente a esse mercado, empresas como a Microsoft, IBM, Oracle, entre outros gigantes, começaram uma corrida para lançarem suas próprias plataformas e linguagens de desen- volvimento de aplicativos para dispositivos móveis. Até meados da segunda década deste milênio, linguagens como Java, Microsoft. NET, Python, entre outras, já conseguiam compilar programas aplicativos para vários tipos de dispositivos móveis, tais como iPhone, iPad, smartphone, tablet-PC, smart-TV, Apple watch, Google smartwatch, entre outros. Todas elas tentavam concorrer com o Swift, linguagem de programação da própria Apple para a construção de aplicativos para o sistema operacional de seus aparelhos, o iOS (Internet Operating System). Ao passo que os aplicativos começavam a se popularizar entre os usuários, empresas de todo o mundo passavam a se desenvolver cada vez mais em termos de qualidade e usabilidade desses Apps. A enorme concorrência entre essas empresas fez com que as diferenças entre as inúmeras soluções por elas oferecidas nas duas maiores lojas de Apps do mercado, a Apple eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 20 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 21 Store e a Play Store fossem ficando cada vez menores, ou seja, para cada necessidade do usuário havia, pelo menos, uma dezena de Apps que faziam praticamente a mesma coisa. Figura 5: Dispositivos móveis. Fonte: Pixabay A exacerbação dessa concorrência fez com que o foco das empresas fornecedoras de Apps se deslocasse da funcionalidade para a experiência do usuário. Essa experiência foi tão valorizada pelo mercado de Apps que fez surgir mais um conceito: a UX – User eXperience. Entende-se por UX (User eXperience) o conjunto de fatores determinantes para estabelecer uma boa interação entre o usuário e um certo produto, sistema ou serviço, resultando em uma percepção que pode ser mensurada como positiva ou negativa. Ainda na década de 1990, Donald Norman já se referia a esse conceito que viria a se transformar em uma verdadeira obsessão na atualidade. Para Norman (1990), “UX envolve não somente aspectos relacionados ao design (hardware, software, interface, usabilidade, facilidade de busca etc), mas também destaca os aspectos afetivos e experienciais, significativos e valiosos de interação humano- computador e propriedade do produto”. (NORMAN, 2005) eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 21 11/09/2020 00:44 Human Centred Design22 Ora, se a decisão do cliente por um produto se baseia em sua experiência direta com ele, e esta decisão será essencialmente emocional, então porque não construir o produto junto com o próprio cliente? Por que não fazer com que o produto possa evoluir segundo essa experiência, no dia a dia? Foi fundamentada nessa experiência que a metodologia de desenvolvimento e gerenciamento de soluções centrada no humano surgiu no mercado. E como ferramenta determinante para seu amadurecimento, o HCD se nutriu de outro conceito, oriundo do design e da educação: o Design Thinking (DT). Design Thinking (DT) Você sabe o que significa Design Thinking? O termo talvez remeta nosso pensamento à área de design, mas o conceito é bem mais abrangente. Design Thinking (DT) é um conjunto de elementos de diferentes tipos, como insights e ideias, com o objetivo de solucionar problemas de uma maneira sintética.Para entender melhor como o DT pode contribuir para a solução de problemas, vamos imaginar um projeto de construção de uma casa. Se pedirmos para um engenheiro desenvolver esse projeto, ele partirá da análise dos problemas do usuário, ou Quanto maior a oferta de determinado produto por um número grande de fabricantes, menores serão as diferenças entre eles. Neste caso, a decisão de compra do cliente será essencialmente uma decisão emocional, baseada em sua experiência direta com o produto. EXPLICANDO MELHOR+++ eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 22 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 23 seja, qual a sua rotina, qual a sua expectativa de usabilidade do imóvel, que cores prefere, quantas pessoas irão habitar o imóvel, entre uma centena de outras variáveis que ele utilizará em sua análise até chegar à proposta de solução que supostamente o cliente deseja. Já se pedirmos a mesma coisa para um arquiteto, ele partirá da síntese de um desenho, partindo de um cenário idealizado com bases empíricas e hipotéticas, valorizando o belo e o prazeroso, enfim, o sentimento do que o cliente julga como de valor para si e para a sua família. É possível que esses dois profissionais cheguem a um mesmo resultado? Talvez sim, mas o arquiteto certamente terá um atalho muito mais eficiente a percorrer do que a longa estrada analítica do engenheiro. Este é o princípio do Design Thinking. Assim como o arquiteto, o DT defende que a solução ideal de um problema é aquela que entrega a solução sintética na mão do cliente, construída por meio de seus sonhos e sentimentos. Mas, você sabe como funciona o processo de solução de problemas por meio do DT? Se você pensa em algo linear, está redondamente enganado! A solução de um problema usando o DT pode ser concebida no formato de espiral, ou seja, parte de um ponto central e vai revisitando cada etapa de forma cíclica até atingir o ponto máximo do processo criativo da solução. Esse espiral pode ser desenhado como mostra a figura 6. Figura 6: Espiral do Design Thinking. Fonte: Adaptado de Pixabay. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 23 11/09/2020 00:44 Human Centred Design24 � Imersão: Essa etapa do processo de DT ocorre quando o profissional, ou a equipe de projeto, debruça-se sobre o problema, procurando refletir sobre as mais variadas perspectivas, de acordo com diversos pontos de vistas. Nesta fase do projeto podem ser usadas pesquisas exploratórias, além de referências, locais ou globais. Normalmente, após essas pesquisas preliminares, a equipe se aprofunda ainda mais no problema, desta vez com elementos mais sólidos para suas reflexões. Neste aprofundamento, a pesquisa inicial se torna um projeto de pesquisa, lançando mão de conhecimentos da antropologia. Com base dos dados levantados, a técnica instrui a equipe a criar os insights cards, que são cartões contendo ideias, reflexões e elementos textuais que componham a problemática como um todo. �Análise e síntese: Nesta etapa a equipe reunirá os insights cards criados na etapa anterior e tentará analisá-los de modo a gerar agrupamentos desses cartões por afinidade, aderência, associação causa-problema-efeito, entre outros tipos de mode- lagens visuais. Uma ferramenta bastante utilizada nesse contexto é o mapa conceitual, que consiste em uma modelagem visual interconectada dos cartões, de modo a organizá-los didaticamente. Veja um exemplo na figura 7. � Ideação: De posse da síntese produzida na etapa anterior, a equipe de projeto se une ao cliente e a outros atores relevantes para o projeto e, todos reunidos, discutem o problema e cocriam a solução por meio de ferramentas como o brainstorming. Na fase de ideação, as ideias devem ser debatidas livremente, sem limites ou restrições. �Prototipagem: Finalmente esta é a etapa onde as ideias debatidas e validadas na etapa anterior ganham forma e conteúdo. Apesar de esta ser a última etapa do processo de DT, ela não encerra o projeto, pois, como dissemos anteriormente, o processo é em espiral, o que faz da prototipagem uma etapa que pode ser cíclica, ou seja, ela pode ocorrer ao longo de todo o processo, retornando à fase inicial (de imersão), passando por uma reanálise e nova síntese, voltando à prancheta da ideação e a nova prototipagem, e assim sucessivamente, até que se chegue a uma solução que atenda às necessidades e expectativas do cliente. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 24 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 25 Figura 7: Exemplo de mapa conceitual. Fonte: Adaptado de Pixabay. O design centrado no humano (HCD) é uma metodologia construída a partir da evolução histórica que iniciou na década de 1980, com os primeiros processos de prototipagem, amadurecendo com a evolução dos sistemas digitais na década de 1990, e, por fim, tomando impulso com o conceito de UX (experiência do usuário) no início do milênio. O HCD tomou corpo já na última década deste milênio (anos 2010), apropriando-se também da ferramenta de Design Thinking (DT) para assegurar o desenvolvimento de projetos centrados no ser humano. Implementação de projetos em HCD Ao término deste capítulo você será capaz de entender e aplicar as técnicas e métodos necessários para a implementação de projetos em HCD, ou seja, projetos de desenvolvimento de produtos centrados no humano. OBJETIVO eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 25 11/09/2020 00:44 Human Centred Design26 O HCD é um processo que começa junto com as pessoas, na criação e na resolução dos principais problemas apresentados. Além disso, serve como uma referência de pesquisa e comple- mentação para desenvolvimento do projeto final com a melhor solução para todos. Mas como se desenvolve projetos centrados no humano, na prática? O case da IDEO Falar é fácil, fazer é difícil, mas conseguir é libertador! Desenhar soluções centradas no humano requer muita sensibi- lidade, poder de abstração e foco naquilo que realmente é importante para o cliente-final. E ninguém melhor do que a empresa que ajudou a Apple a criar seu primeiro mouse para falar com propriedade do que é o design centrado no humano (figura 8). Figura 8: Apple Lisa, primeiro computador da Apple a utilizar mouse. Fonte: Wikimedia Commons Apesar de não ter produzido o primeiro mouse do mundo, a Apple foi a primeira fabricante de computadores a se preocupar com a experiência do usuário. A empresa norte americana IDEO foi contratada pela Apple de Steve Jobs para desenhar seu primeiro mouse. Para Jobs, não bastava funcionar, tinha que ser bonito, agradável e gerar uma relação emotiva com o usuário. Foi eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 26 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 27 assim que a Apple ganhou o coração de seus clientes e se manteve viva até hoje, apesar da concorrência com gigantes ao longo de sua trajetória, como a Microsoft na década de 1980 até a primeira década deste milênio, e a Google até o presente momento. A IDEO esteve presente em 1999 na criação de um dos primeiros PDA’s2 do mundo. Estamos falando do palmtop Palm- TX. Esse dispositivo conseguia acessar a Internet por meio de redes WiFi com aplicativos para gerenciamento de e-mails, agendas e várias outras funcionalidades típicas das ferramentas de automação de escritório. Figura 9: PDA Palm-TX, o palmtop lançado em 1999. Fonte: Wikimedia Commons A IDEO foi responsável pelo desenho da interface do dispositivo, que reinou absoluto ao longo da primeira década deste século, até ser substituído pelos smartphones ao longo dos anos 2010. Os três pilares do HCD segundo a IDEO A IDEO é reconhecida em todo o mundo por aplicar o HCD (Human Centred Design) nos projetos junto com seus clientes. Além disto, ela divulga essas práticas por meio de inúmeros artigos e vídeos tutoriais em seu site, muitos deles 2 A sigla PDA vemdo inglês, Personal Digital Assistants, e significa assistente pessoal digital. Também são conhecidos como handhelds, termo que pode ser traduzido como dispositivos portáteis. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 27 11/09/2020 00:44 Human Centred Design28 escritos por seu presidente, Tim Brown, que enfatiza o Design Thinking (DT) como uma das principais ferramentas do HCD. Para Brow (2008) “os líderes agora olham para a inovação como principal fonte de diferenciação e vantagem competitiva; eles fariam bem em incorporar o Design Thinking em todas as fases do processo”. Mas percebe-se que não existe um único caminho para a solução de problemas quando se fala em DT e HCD. Brow deixa claro que, em vez de caminhos, o HCD oferece um leque de ferramentas para encontrar a melhor solução em cada cenário identificado para o cliente. O HCD é um processo que começa junto com as pessoas, na criação e na resolução dos principais problemas apresentados. Além disso, serve como uma referência de pesquisa e complementação para desenvolvimento do projeto final com a melhor solução para todos. Assim, em vez de caminho, novamente a metodologia HCD propõe um ciclo, que pode ser entendido da forma como descrito na figura 10: Figura 10: Os três pilares do HCD. Fonte: Adaptado de Pixabay. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 28 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 29 Ouvir É correto afirmar que o simples ato de ouvir permite projetar soluções inovadoras e relevantes à comunidade? Para o HCD a resposta é sim. Por incrível que pareça, a maioria dos projetos investe mais tempo no fazer do que no ouvir. Grande parte deles fracassa ou atingem um mau desempenho por terem ouvido pouco em sua primeira etapa. Para iniciar um processo de implementação do HCD em uma organização, devemos ouvir e compreender as necessidades das pessoas às quais precisamos ajudar e transformar, ou seja, compreender aquilo que querem as chamadas “Lentes do HCD”, que veremos em outro capítulo. O “ouvir” é um pilar fundamental na etapa de imersão do Design Thinking (DT), mas também se faz importante em todas as etapas do projeto, pois sempre é hora de repensar e retomar do início quando necessário. Mas, o que exatamente significa “ouvir”? Na visão analítica de projetos, como é praticado nos métodos mais convencionais de desenvolvimento de soluções, os problemas são levantados por meios cartesianos, como formulários de enquetes, pesquisas qualitativas e quantitativas, dados secundários, entre outros. Para o HCD, tudo isto é válido, mas nada substitui uma palavra bastante utilizada em áreas de conhecimento como design, marketing, publicidade, entre outras: o “feeling”. Como já sabemos, a decisão de compra do cliente é tomada, atualmente, pela relação afetiva que se estabelece entre ele e o produto que lhe será entregue. Desse modo, espera-se que o “ouvir” deva extrapolar os aspectos fáticos e concretos da racionalidade, e isto só é possível escutando os anseios mais contidos do cliente. Para tanto, a proximidade com o cliente se faz primordial nessa fase do ciclo. Mas, como dissemos há pouco, ferramentas habitualmente utilizadas em outras metodologias de desenvolvimento de projetos também podem e devem ser utilizadas em HCD. Uma dessas ferramentas é a pesquisa qualitativa. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 29 11/09/2020 00:44 Human Centred Design30 Para Godoy(1995, pp. 20-29) a abordagem qualitativa se apropria de vários tipos de técnicas investigativas, utilizando-se também de teste de hipóteses. São exemplos de tipos de pesquisa qualitativa que ser utilizadas nesse contexto: �Pesquisa participativa: busca combinar a forma de inter-relacionamento entre a pesquisa e as ações que devem ser executadas pelos indivíduos pesquisados, com o objetivo de procurar soluções para comunidades ou populações em termos de melhoria para sua qualidade de vida. �Pesquisa etnográfica: baseia-se na análise do modo de agir e de viver de um grupo de pessoas com um mesmo perfil ou características em comum, como valores, crenças e motivações, com aplicação bastante frequente nas áreas da saúde e educação. �Pesquisa-ação: semelhante à pesquisa participativa, tenta construir uma teoria efetiva em termos de produção cientí- fica para a transformação e a libertação social. �História de vida: propõe a análise de depoimentos e histórias biográficas ou autobiográficas, captadas pelo pesquisador por meio de várias entrevistas não diretivas, gravadas ou não. Criar Segundo Bittencourt &Taralli(2013, pp. 223-225), para transformar pesquisas em soluções para o mundo real, é preciso Chamamos de pesquisa qualitativa aquela que se baseia na investigação em bases subjetivas, fundamentadas na linguística e na semiótica, dois fundamentos amplamente utilizados nas ciências sociais. DEFINIÇÃO eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 30 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 31 passar por um processo intermediário de síntese e interpretação. Isso requer filtrar e selecionar a informação, traduzindo insights sobre a realidade atual em oportunidades para o futuro. Sem dúvida, o pilar da “Criação” é a parte mais abstrata do HCD, pois precisamos transformar necessidades concretas em insights gerais. “Com as oportunidades definidas, deverá ser adotado um ponto de vista generativo para criar centenas de soluções em brainstorms e rapidamente converter algumas delas em protótipos. Durante esta fase, as soluções são criadas somente com o filtro do Desejo, definido acima, em mente.”(GARÓFALO CHAVES, BITTENCOURT, & HADDAD TARALLI, 2013) Então, para iniciarmos o processo de criação, precisamos iniciar por seus objetivos, transformando as pesquisas realizadas em soluções propostas. Em função dessas soluções, devem ser criados elementos de inovação no contexto da proposta de solução sinalizada na referida pesquisa. Mas, o que viria a ser “inovação” propriamente dita? Inovação significa criar algo realmente novo, podendo ser uma ideia, um processo, uma técnica, um método ou um objeto que difere dos padrões existentes. Parece simples, mas não o é. Em um planeta com mais de 8 bilhões de habitantes, comunicando-se à velocidade da Internet, fica difícil pensar em algo que jamais foi feito ou utilizado. No entanto, quando se afunila o conceito de inovação para o de “elementos de inovação”, pode-se pensar em inovar sobre aquilo que já existe. Por exemplo, o aparelho celular é algo que já existe. Ele tem visor, microfone, alto falante, câmera, sensor de posição, bateria, conexões blue tooth, WiFi, GPS, e uma centena de circuitos internos com milhões de funcionalidades. Mas, você já ouviu falar em um aparelho celular que sente cheiro? Em que pese o fato de não existir até o presente momento, não significa dizer que não existirá nos próximos minutos e, mesmo que exista, não podemos pensar que não tem como melhorar em algum aspecto inovador. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 31 11/09/2020 00:44 Human Centred Design32 Na atualidade, inovar é mais que um diferencial compe- titivo. Inovar é manter-se vivo no mercado. É lei de sobrevivência para toda e qualquer empresa que produza bens de consumo ou preste algum tipo de serviço a alguém. E são os elementos de inovação que devem permear os projetos centrados no humano, pois esses elementos são os responsáveis por gerar a mais consistente cadeia de valor e relação afetiva com o cliente-final. É muito comum em um desenho de solução centrada no humano, haver certa confusão entre “necessidade” e “desejo”. A etapa anterior (“ouvir”) gera dados mais ou menos relevantes, sobre o que o cliente precisa e o que ele quer. Na concepção do HCD, embora se deva fazer distinção clara entre esses dois conceitos, tanto a necessidade quanto o desejo do cliente devem ser levadosem consideração pois, sem suas necessidades Em 2013 uma empresa japonesa criou um dispositivo capaz de transmitir cheiros pelo celular. Trata-se um dispositivo que pode ser acoplado ao smartphone ou iPhone, de modo a liberar gases com odores de acordo com as instruções do programa que o controla. Segundo matéria da BBC, “O dispositivo, batizado de Scentee, se conecta a um iPhone e libera odores sob o comando do celular.O Scentee possui uma série de cartuchos especiais com odores específicos, que podem ser combinados para criar outros cheiros” (Redação da BBC, 2013). Infelizmente, o projeto não vingou, mas fica a dica: por que não inovar no próprio celular de forma que ele possa, em vez de transmitir odores, senti-los, com vistas à prevenção de doenças virais, bacterianas e tudo aquilo que possa minimamente ser detectado por meio de odores imperceptíveis ao olfato humano? SAIBA MAIS eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 32 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 33 atendidas o produto não lhe servirá, e sem seus desejos satisfeitos o produto não gerará valor afetivo para ele. De um modo ou de outro, o projeto fracassará. Implementar Por fim chegamos à etapa de “pôr a mão na massa”. Aqui, tudo o que foi levantado na fase do “ouvir” e idealizado na fase do “criar” deve ser devidamente implementado. Em cada uma das fases anteriores, todas as informações, deduções e conclusões deverão ter sido devidamente validadas com o cliente. Seguir adiante na fase de implementação sem ter a convicção de que tudo está devidamente validado representa um algo risco para o projeto. Alguns pré-requisitos são considerados regras de ouro para uma implementação eficaz do produto para o cliente: � Identificar as capacidades e limitações do escopo3 do produto: Essa atividade consiste em delinear as fronteiras do escopo do projeto e, consequentemente, do produto a ser entregue. Sem essa orientação, o produto corre o risco de diferir do escopo inicialmente validado com o cliente. Mesmo considerando o elemento “encantamento” para surpreender e superar as expecta- tivas do cliente, tudo isto deve estar devidamente documentado desde o início da fase de implementação, sob pena do projeto se desviar de seu propósito, gerando riscos indesejáveis como atrasos, custos adicionais, entre outros. �Criar modelos sustentáveis financeiramente: Esta regra é fundamental para garantir a continuidade e finalização do projeto como um todo. Seu objetivo é buscar modelos financeiros que permitiram a execução de todas as atividades previstas no menor tempo e com o menor custo possível. 3 Escopo é um termo utilizado na área de gerenciamento de projetos. Significa a descrição exata do que o projeto entregará ao cliente em termos de objetivos, prazo, custo, qualidade e outros requisitos definidos pelo PMBOK – Project Management Body Of Knowledge. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 33 11/09/2020 00:44 Human Centred Design34 �Desenvolver uma sequência de projetos ou subprojetos inovadores: É na fase de implementação que os elementos de inovação criam corpo e forma. Mas é importante se dizer, neste momento, que a inovação é um processo. A equipe de projeto não necessariamente tem que lançar mão de todos eles de uma só vez. Há situações em que esses elementos devam ir entrando no projeto em “doses homeopáticas”. Isto se faz necessário porque todo processo de inovação acarreta riscos para o projeto. Estamos falando do risco de não-aceitação por parte do usuário- final, ou até de esses elementos inovadores serem lançados de forma prematura, sem que o cliente ou o próprio mercado tenha atingido certo grau de maturidade para absorvê-los. Por exemplo, antes do lançamento do iPhone em 2007, foi necessário que tivesse sido lançado o iPod e, antes dele, o smartphone e o próprio laptop. Sem esses três produtos predecessores não teria feito sentido a existência prematura do iPhone, uma vez que o usuário não teria alcançado a maturidade por usar esses três produtos isoladamente por algum tempo. �Criar pilotos e procurar medir os seus impactos: A melhor maneira de se mitigar riscos no processo de desenvol- vimento de uma solução centrada no humano é ir testando e validando cada protótipo, na medida em que eles vão gerando resultados que possam minimamente agregar algum valor a mais ao usuário-final. Esses “pilotos” também podem ser chamados de subprojetos e devem ser inseridos em uma fila (ou pipeline), com suas implementações programadas no tempo. A cada novo piloto implementado, uma avaliação deve ser executada com o cliente, de modo a mensurar os resultados parciais e seus impactos para o cliente e demais stakeholders4. Na fase de implementação do projeto, as seguintes atividades devem ser consideradas para assegurar um processo eficiente, eficaz e financeiramente sustentável: 4 Stakeholder é um termo utilizado na área de gerenciamento de projetos, significando “parte interessada”. A décima área de conhecimento do gerenciamento de projetos do PMBOK (Project Management Body Of Knowledge) se dedica às partes interessadas no projeto, que podem ser desde o próprio cliente, até atores externos como governo, sócios-acionistas, concorrentes, clientes do cliente, etc. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 34 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 35 �Análise de possibilidades; �Análise de viabilidades; � Pipeline de inovação; � Planos de implementação; � Planos de aprendizagem. Se fizermos um link dos três pilares do HCD com as etapas do Design Thinking (DT), veremos a seguinte intensidade de atuação nessas atividades, como pode ser observado na tabela 1: Tabela 1: Relação entre as etapas do DT e os pilares do HCD. PILARES DO HCD → Ouvir Criar Implementar ETAPAS DO DT ↓ Imersão 100% Análise e síntese 50% 25% Ideação 100% Prototipagem 50% 50% 100% Fonte: Autor. Imagens: Pixabay. Kit de ferramentas do HCD Como já sabemos a proposta do Human Centred Design (HCD) não é a de impor receitas de bolo ou regras cartesianas para a solução de problemas. Como atua no campo da subjetividade, Ao término deste capítulo você saberá identificar as muitas ferramentas utilizadas pelo HCD para serem aplicadas em seus três pilares fundamentais, a saber: “ouvir”, “criar” e “implementar”. OBJETIVO eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 35 11/09/2020 00:44 Human Centred Design36 o HCD oferece um kit de ferramentas, como foi assim intitulado pela IDEO (2009, p. 4), disponibilizando formas de aplicá-las nas diversas situações e necessidades ao longo do processo de requisitos (“ouvir”), desenho (“criar”) e na implementação da solução pretendida. O Kit de Ferramentas do HCD criado e disponibilizado gratuitamente pela IDEO.org é uma publicação destinada a oferecer “técnicas, métodos, dicas e planilhas para guiá-lo por um processo que dará voz a comunidades e permitirá que os desejos destas orientem a criação e implementação de soluções.” (IDEO, 2009, p. 4) O HCD é um processo composto por diversos conjuntos de ferramentas. Foi criado dessa forma para que você possa escolher quais as técnicas que funcionam melhor para o seu contexto e situação. Use-o separadamente ou em conjunto com o PRISM, análise de cadeia de valor, PRA, triangulação, ou outros métodos que você já utiliza em sua organização para gerar e implementar novas ideias. (IDEO, 2009, p. 4) O Kit de Ferramentas da IDEO, disponível em vários idiomas, inclusive em português, é composto de 105 páginas com elementos coloridos e didaticamente projetados para passar as referidas técnicas de forma lúdica e recheada de exemplos de aplicação, por meio de estudos de caso. Esses cases foram testados e documentados pela própria instituição IDEO.org em comunidades carentes de alto índice de vulnerabilidade. O guia inicia conceituando as três lentes do HCD, que será maisbem detalhado em outro capítulo desta publicação. Na sequência, a publicação trata do processo de desenvolvimento centrado no humano, com suas três fases abordadas anteriormente: “ouvir”, “criar” e “implementar”. O objetivo do IDEO HCD Toolkit, como foi originalmente publicado em idioma inglês, foi o de oferecer técnicas, dicas eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 36 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 37 e experiência de HCD para ONG’s e instituições atuantes no terceiro setor, atendendo às necessidades de desenvolvimento de soluções para comunidades carentes em todo o mundo. A equipe de projeto Diferentemente dos projetos convencionais, que obedecem aos preceitos do PMBOK – Project Management Body Of Knowledge5, os projetos em HCD não dispõem necessariamente de um gerente, mas de um facilitador. Com papeis similares, a diferença entre esses dois atores está na concentração da responsabilidade e centralidade das ações em si mesmas. No caso do HCD, o facilitador atua como enseja o próprio nome, na condição de um orientador, cujo papel é de gerar sinergia na equipe. A equipe de projeto em HCD deve ser essencialmente multidisciplinar, o que significa que deve haver representantes de todas as áreas de conhecimento envolvidas direta ou indiretamente com o objetivo do projeto e do produto a ser gerado no final. Os desafios que você enfrentará são bastante complexos e, provavelmente, já foram explorados por outros. Suas chances de sucesso ao enfrentar problemas complexos, difíceis e já estudados serão maiores se você conseguirformar a equipe certa. Equipes funcionam melhor se tiverem de 3 a 8 pessoas, sendo uma delas o facilitador. Ao combinar nessa equipe pessoas de formações diferentes, você aumentará as suas chances de criar soluções originais, pois diferentes indivíduos examinarão o problema através de pontos de vista diversos. (IDEO, 2009, p. 11) Espaços físicos ou virtuais dedicados 5 Traduzindo para o português, PMBOK significa guia de conhecimentos de gerenciamento de projetos, publicado pelo PMI – Project Management Institute. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 37 11/09/2020 00:44 Human Centred Design38 Outro requisito fundamental para o sucesso de um projeto em HCD, segundo o Kit de Ferramentas em HCD da IDEO, é reservar espaços dedicados ao desenvolvimento dos trabalhos da equipe. Como o HCD se baseia em aspectos qualitativos, com foco na geração de valores afetivos para o produto, é necessário que os integrantes da equipe se mantenham inspirados e motivados de forma contínua. Para isto, estarem juntos representa um elemento impulsionador do sucesso. Figura 11: A equipe de projeto tem que estar motivada e inspirada. Fonte: Pixabay. Estarem juntos não deve ser entendido como necessa- riamente próximos sob o ponto de vista físico. A nova realidade social do planeta pede que pessoas estejam conectadas umas às outras por meio de recursos online como videoconferências e salas de bate-papo. Isto não contraria, sob nenhum aspecto, o trabalho em equipe sob o ponto de vista do HCD, desde que haja recursos e cultura digitais robustos o suficiente para gerar empatia e uma boa comunicação entre os membros da equipe. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 38 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 39 Intervalos de tempo Outro aspecto importante, salientado no preâmbulo do IDEO HCD Toolkit, é o fator tempo de desenvolvimento do projeto. Esse tempo deve ser finito, ou seja, deve ter início, meio e fim. Por mais óbvio que isto possa parecer, vale muito salientar essa necessidade, uma vez que projetos municiados de elementos de inovação costumam subestimar o tempo. É bastante comum testemunharmos equipes divagando sobre possibilidades de inovação e discussões polêmicas, girando em torno de um mesmo ponto de modo interminável. A pouca objetividade inerente ao processo de inovação é mais comum do que se imagina. Por isso, o Kit de Ferramentas da IDEO lança mão de várias ferramentas para controlar o tempo do desenvolvimento de projetos em HCD, enfatizando essa necessidade. “A maioria das pessoas trabalha melhor com prazos de entrega concretos. Da mesma forma, um projeto de inovação com início, meio e fim claramente estabelecidos tem maiores chances de manter uma equipe focalizada e motivada.”(IDEO, 2009, p. 11) Cenários de uso O tempo destinado ao desenvolvimento de projetos em HCD, assim como outros fatores relevantes, pode ser enquadrado em quatro cenários de uso diferentes, segundo o IDEO HCD Toolkit. São eles: �Mergulho profundo de uma semana; �Mergulho profundo de vários meses; �Ativação do conhecimento pré-existente; �Complemento de atividades de longa duração. Vamos estudar cada um deles? eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 39 11/09/2020 00:44 Human Centred Design40 Mergulho profundo de uma semana O IDEO HCD Toolkit define o período de uma semana como o tempo suficiente para “se ganhar um bom entendimento do assunto, e curto o suficiente para permitir que uma organização possa investir seus limitados recursos no desafio.” (IDEO, 2009, p. 13) Esse formato força a equipe de projeto a trabalhar de forma rápida na coleta e análise de dados, para então passar rapidamente para a geração de soluções, protótipos e planejamento. Uma semana é tempo longo o suficiente para se ganhar um bom entendimento do assunto, e curto o suficiente para permitir que uma organização possa investir seus limitados recursos no desafio. O formato facilita a aprendizagem nas fases iniciais e incentiva novas maneiras de pensar.(IDEO, 2009, p. 13) Mas, como saber se este cenário se aplica ao perfil do projeto ou subprojeto no qual se está trabalhando? Este primeiro cenário é fortemente recomendado para: �Compreender um novo desafio ou área de conhecimento em curto prazo; � Iniciar a reflexão sobre um problema de alta complexi- dade; e/ou �Realinhar o pensamento da equipe. Em qualquer uma das situações acima, este cenário se aplica a todos os pilares e fases de um projeto em HCD. Mergulho profundo de vários meses Este cenário propicia maior aprofundamento e detalhismo na elaboração de teorias sobre a complexidade que envolve um problema. Devido ao maior tempo, que pode variar de duas semanas a alguns meses, mais aspectos do projeto podem ser eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 40 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 41 analisados e mais atores da cadeia de valor podem se envolver nesse processo de construção. Este cenário é fortemente recomendado para: �Elaborar o desenho de soluções mais robustas; �Compreender desafios de alta complexidade e que envolvam aspectos multifacetados; e/ou �Quando houver a necessidade de alocação de mais pessoas na equipe, como os próprios usuários-finais do produto e seus stakeholders6. Como dissemos anteriormente, uma equipe de projeto deve ter de 3 a 8 pessoas, incluindo o facilitador. Portanto, estamos falando de um cenário que poderá exigir um número maior de participantes na equipe que irá mergulhar nesse cenário. Vale salientar que este cenário exige maior recurso finan- ceiro, pois um maior volume de horas será despendido nesse formato.Em qualquer uma das situações acima, este cenário se aplica a todos os pilares e fases de um projeto em HCD. Ativação do conhecimento pré-existente Ao longo do processo de desenvolvimento de uma solução, é fundamental que o facilitador, ou alguém da equipe de projeto, exerça a função de registrador do conhecimento adquirido. Esse conhecimento pode advir de lições aprendidas com erros e acertos, requisitos e parâmetros ideais para cada tipo de projeto, entre outros indicadores que retratem o acervo informacional do conjunto de projetos já implementados anteriormente. Esse processo de registro e organização das informações históricas permiteque a equipe de projeto possa dispor de importantes orientações para transformar as pesquisas em soluções concretas. Segundo a IDEO(2009, p. 15), “nesses casos, os processos 6 Escopo é um termo utilizado na área de gerenciamento de projetos. Significa a descrição exata do que o projeto entregará ao cliente em termos de objetivos, prazo, custo, qualidade e outros requisitos definidos pelo PMBOK – Project Management Body Of Knowledge. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 41 11/09/2020 00:44 Human Centred Design42 definidos nas fases ‘Criar’ e ‘Implementar’ poderão ajudar a sua equipe a transformar conhecimento preexistente em ações.” Este cenário é fortemente recomendado para quando: �A equipe tiver um vasto acervo de informações e não souber exatamente o que poderá fazer com ele; �Houver histórias interessantes para contar sobre a equipe, ainda que não devidamente registradas, e houver alguma possibilidade de essas histórias auxiliarem na geração de oportunidades e/ou soluções; e �Tendo um acervo informacional de projetos anteriores, houver a disponibilidade de outra metodologia que não a proposta pelo IDEO HCD Toolkit. Em quaisquer dessas situações, este cenário se aplica aos pilares de “criar” e “implementar” do projeto em HCD. Complemento de atividades de longa duração O HCD traz, de acordo com o IDEO Toolkit, diversas ferramentas e técnicas aplicáveis às mais variadas etapas do processo de desenvolvimento de uma solução. Para tanto, a organização que está desenvolvendo o projeto deverá estar atenta às necessidades de adaptações tecnológicas, monitoramento e avaliação do projeto como um todo. Algumas dessas técnicas podem ser bastante úteis para fomentar o espírito inovador no dia-a-dia da equipe. Este cenário é fortemente recomendado para quando: � Se desejar incluir um novo método de trabalho ou técnica à rotina do dia-a-dia; �Um desses métodos for aplicável à rotina e aos desafios interpostos pelo projeto; e eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 42 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 43 �Nem todos os recursos necessários ao projeto estiverem disponíveis, sendo necessário, de qualquer modo, gerar o espírito inovador na equipe. Em qualquer uma das situações acima, este cenário se aplica a todos os pilares e fases de um projeto em HCD. O Kit de Ferramentas publicado pela IDEO.org para projetos em HCD apresenta várias técnicas, métodos e dicas preciosas para que se gere eficiência e eficácia aos projetos de solução centrados no humano. Nesta primeira parte (preâmbulo) do Toolkit, a IDEO retrata alguns pré-requisitos para a equipe do projeto, os espaços físicos ou virtuais ocupados, intervalos de tempo e cenários de uso do conjunto de ferramentas que serão estudadas na sequência. As três vertentes de um projeto em HCD Ainda baseado no Kit de Ferramentas proposto pela IDEO para projetos em HCD, ao término deste capítulo você conse- guirá discernir sobre as três vertentes (ou lentes) do HCD, compreendendo este importante conceito peculiar nos projetos de solução centrados no humano. OBJETIVO As três lentes do HCD Todos nós olhamos e entendemos o mundo por meio de lentes, e as utilizamos em todas as etapas do design. Assim sendo, uma vez determinando quais serão os desejos das pessoas, começaremos a observar quais são as nossas soluções pelo ponto de vista de quem irá utilizar a solução desenhada, ou seja, por eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 43 11/09/2020 00:44 Human Centred Design44 meio do desejo, da praticidade e da viabilidade de quem compra o produto. As diversas soluções que ocorrem no processo de implementação do Human Centred Design em uma organização precisam estar contidas dentro das três principais lentes do HCD. Quer saber quais são? �Lentes do Desejo; �Lentes da Praticidade; �Lentes da Viabilidade. As principais soluções para a viabilidade de muitos problemas ocorrem quando extraídas desta zona de conforto, formada por essas três lentes. Mas, para que isto realmente ocorra, faz-se necessário que essas lentes ampliem a visão de coisas desejáveis (desejo), que possam ser colocadas em prática (praticidade), e que sejam viáveis (viabilidade) sob vários pontos de vista, principalmente o financeiro. A figura 12 traz uma representação gráfica dessas três lentes inter-relacionadas. Nesse infográfico fica claro que o processo de desenho de uma solução centrado no humano deve se iniciar pela lente do desejo do cliente. Em função desta lente, as outras duas devem ser trabalhadas, mas não necessariamente nesta ordem. Figura 12: As três lentes do HCD. Fonte: Adaptado de Pixabay eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 44 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 45 Como podemos observar na imagem, a solução ideal para satisfazer o desejo do cliente, a viabilidade do produto e sua praticidade, simultaneamente, deve se enquadrar na área de intersecção entre essas três lentes. Em outras palavras, a solução será ideal para o cliente se for, ao mesmo tempo, viável, prática e de acordo com sua vontade. Essas três lentes devem ser utilizadas rigorosamente por todos os membros da equipe de projeto para que nenhuma ação seja tomada em desacordo com esses três aspectos. Figura 13: OniLearning Technology, um estudo de caso para as lentes do HCD. Fonte: OniLearning Technology (2020). A OniLearning Technology7(2020), uma edtech brasileira, desenvolveu o que julga ser o primeiro ambiente pessoal de aprendizagem do mundo (APA). A suíte educacional fornecida pela empresa oferece três aplicativos para dispositivos móveis. Um deles, o OniMine, se destina ao estudante de qualquer nível ou modalidade de educação.Outro App intitulado OniProf foi desenvolvido para o professor.Por fim, o terceiro e último aplicativo é voltado para administração da escola, denominado OniActive. Cada um desses Apps foca em um perfil de usuário completamente distinto, embora relacionados entre eles por fazerem parte de um sistema de ensino- aprendizagem. A promessa da OniLearning para o estudante é entregar um APA cujo objetivo é permitir a criação e organização de 7 OniLearning é uma EdTech brasileira, com sede em Curitiba, cuja missão é desenvolver plataformas e soluções tecnológicas na área de educação. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 45 11/09/2020 00:44 Human Centred Design46 seus próprios conteúdos didáticos, quer venham do professor através de seu App, o OniProf, quer sejam disponibilizados na biblioteca da escola pelo OniActive, ou simplesmente elaborados pelo próprio aluno em seu OniMine,que funciona mais ou menos como um caderno de anotações estudantil, com vários recursos de interação entre o estudante, seus professores e a escola. O primeiro problema encontrado pela equipe de design de produtos da OniLearning foi identificar a funcionalidade ideal para atender aos estudantes. Para isto ela lançou três fundamentos para o OniMine (o App do aluno): a. Tem que ser gratuito, pois os estudantes não dispõem de recursos ou independência financeira para adquirir o produto. b. Tem que ser lúdico, com cores vivas e atraentes para uma faixa etária de 10 a 18 anos (ensino fundamental anos finais e ensino médio), permitindo que o aluno se apaixone por ele, pois lá ele poderá guardar até mesmo coisas que não têm nada a ver com as aulas e seus conteúdos educacionais, como fotos de colegas, mapas de locais por onde andou nas férias, entre outras anotações afetivas. c. Tem que permitir o intercâmbio rápido de informações como seu professor e o compartilhamento fácil de cadernos com seus colegas, podendo inclusive utilizar a audiotranscrição para digitar automaticamente o que o seu professor fala em sala de aula, e ainda permitir fotografar a lousa para registrar o que foi ensinado sem a necessidade de copiar as lições nocaderno. Diante desses três requisitos, quais deles se referem a que lentes do design centrado no humano respectivamente? Analisando as premissas colocadas pela OniLearning como requisitos para o desenho da solução baseada no humano, que neste caso é claramente categorizado como sendo o estudante de ensino fundamental, anos finais ou ensino médio, teremos a seguinte associação, como ilustrado na tabela 2: Tabela 2: Relação entre as etapas do DT e os pilares do HCD. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 46 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 47 LENTES DO HCD → D es ej o V ia bi lid ad e Pr at ic id ad e PREMISSAS ↓ A. Tem que ser gratuito X B. Tem que ser lúdico X C. Tem que permitir o intercâmbio rápido de informações X Fonte: Autor. Imagens: Pixabay. A lente do desejo Desejo e necessidade são sentimentos muito próximos um do outro. Não se sabe ao certo onde termina um e começa o outro, pois o limiar entre eles é muito tênue. Necessidade tem relação com a base da pirâmide de Maslow8, que tem a ver com aquilo que é mais básico na vida de uma pessoa, como a as necessidades fisiológicas e a segurança. Já os sentimentos relacionados com as três outras faixas superiores dessa pirâmide, como mostra a figura 14, estão mais relacionados com o desejo do que com a necessidade. Quanto mais alto está um sentimento na escala de Maslow, mais ligado ao desejo e menos à necessidade ele se encontra. Figura 14: Pirâmide de Maslow e a relação entre necessidade e desejo. Fonte: Pixabay Adaptado 8 A pirâmide de Maslow é um conhecido iconográfico que destrincha as necessidades básicas do ser humano cinco faixas. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 47 11/09/2020 00:44 Human Centred Design48 Portanto, o foco da lente do desejo deve estar centrado nos sentimentos mais elevados da pirâmide de Maslow. Estamos falando dos seguintes sentimentos, do desejo à necessidade, nesta ordem: �Realização: Se for possível adicionar algum elemento de inovação ou funcionalidade básica que eleve a sensação de felicidade dentro daquilo que é o objetivo pessoal ou profissional do usuário, o produto irá ao encontro do desejo do cliente. Podemos citar como exemplo o Linked-In, que é uma rede social profissional. Essa rede pode oferecer elementos que valorizem o posicionamento social de seus usuários no mercado de trabalho, permitindo que eles divulguem suas expertises, peçam e façam recomendações de atributos profissionais para ele ou para outras pessoas de seu interesse, entre outras possibilidades. Este mesmo sentimento pode ser gerado por produtos que ofereçam soluções específicas para valorizar a profissão, o hobby e outros valores intrínsecos do usuário. �Reconhecimento: As pessoas buscam ser valorizadas por outras pessoas. Alguns Apps atuam muito bem nesse cenário, como o Youtube, que valoriza o número de seguidores e até paga por isto. Ser um Youtuber já virou uma febre entre internautas de todas as idades, sexos, crenças e classes sociais. Por meio dessa rede é possível adquirir-se notoriedade pelo que se faz. �Afeto: O amor de familiares e as relações afetivas com amigos e colegas de trabalho foram o alvo de redes sociais como o Facebook e o Instagram. Eles conseguiram acertar em cheio o desejo de se comunicar, trocar curtidas e compartilhar aquilo que se ama. Mas, espere aí! Estamos falando de um desejo ou de uma necessidade? Observe que, a partir desta faixa da pirâmide, os sentimentos desejo e necessidade passam a se misturar mais. � Segurança: Não é possível viver de forma saudável e intensa sem que haja um mínimo de segurança para o que se faz. Estamos falando não mais de um desejo, mas de uma necessidade. Alguns produtos, como sistemas de segurança por rastreamento eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 48 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 49 via satélite, são bons exemplos de soluções que podem atuar bem nessa faixa de sentimento. Mas, o fato de estarmos falando de uma necessidade, não impede que o time de projeto utilize a lente do desejo, pois, como dissemos anteriormente, são dois sentimentos que se misturam. Aplicativos de segurança residencial que permitem o acompanhamento da rotina de seus familiares e entes queridos por meio de câmeras conseguem acessar esse sentimento afetivo, transformando uma necessidade em um desejo. �Necessidades fisiológicas: O desejo guiado pela necessidade. É assim que podemos classificar o objetivo de projetos que desenham soluções inovadoras para a base da pirâmide de Maslow. Podemos citar como exemplo o i-Food, um aplicativo que permite a entrega de alimentos e bebidas para clientes em domicílio. Claro que, nem por isso, empresas como esta devem relaxar com a lente do desejo, pois aquilo que é uma necessidade, como a de comer, pode ser transformada em um desejo, como a de oferecer um café da manhã à esposa no dia de seu aniversário. A lente da praticidade A praticidade é um aspecto importantíssimo para o desenho de uma solução. Por mais que o cliente deseje um produto, se ele não for prático de se usar, ele não lhe servirá. Isto poderá gerar uma frustração por parte do cliente. Por isto, os projetos centrados no humano devem lançar mão de ferramentas de prototipagem à exaustão. Somente com a experiência do usuário será possível se chegar a uma solução definitivamente prática para ele. Mas a busca pela praticidade é incessante, ou seja, nunca termina. A cada momento são lançados novos produtos que superam outros nesse fundamento. Por isso, o trabalho de design deve se submeter à ferramenta de melhoria contínua, mais conhecida como o ciclo PDCA. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 49 11/09/2020 00:44 Human Centred Design50 Figura 15: Ciclo PDCA da melhoria contínua. Fonte: O autor. O ciclo PDCA se baseia em um dos fundamentos da administração, o da melhoria contínua de processos. Técnica é simples, pois consiste em seguir o fluxo circular, começando pelo planejamento do que se vai fazer (P = Planejar), seguido do desenvolvimento da solução identificada como necessária (D = Desenvolver). Na sequência o que se fez tem que ser verificado (C = Checar) e, por fim, as inconsistências e não-conformidades remanescentes devem ser ajustadas (A = Ajustar). Mas isto não é o fim. O fluxo continua indefinidamente até que o processo fique perfeito, o que, na prática, nunca ocorrerá. Desse modo, aplicando o PCDA como ato contínuo durante o processo de desenvolvimento da solução centrada no humano, será possível tornar o produto-final cada vez mais prático e, consequentemente, mais eficiente para as necessidades e desejos do cliente. No contexto do PCDA e do HCD, o cliente tem que estar envolvido em todas as etapas, sobretudo na checagem da solução ou ajuste implementado (A = Ajuste). A lente da viabilidade De nada adiantará um produto desejável e prático para um cliente que não consiga pagar por ele. Assim, além das lentes da praticidade e do desejo, a lente da viabilidade também tem papel eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 50 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 51 fundamental para se ter um produto centrado no humano. Por isto, os projetos em HCD devem buscar sempre o menor custo total de propriedade (TCO) possível. Mas, o que vem a ser isto? Você sabe o que é custo total de propriedade? Custo Total de Propriedade, ou TCO, sigla que significa, do inglês, Total Cost of Ownership, é o cálculo geral de todos os custos embutidos na aquisição de um produto ou serviço. DEFINIÇÃO Por exemplo, quando adquirimos uma smart-TV, embutido em seu preço são contabilizados inúmeros custos como impostos, tarifas e fretes de importação, mão de obra agregada, preços dos seus componentes, entre uma infinidade de outros elementos de custo. Isto, sem falar da margem de lucratividade do fabricantee de cada um de seus fornecedores e operadores logísticos. No caso de softwares, aplicativos e serviços via Internet, esses custos também existem. Por exemplo, se você paga uma assinatura de algum serviço, como Netflix, alguns elementos de custo embutidos no valor da assinatura são determinantes para a composição de sua precificação, como largura de banda do link de Internet para fazer os pacotes de dados trafegarem até você, por exemplo. Alguns outros serviços como o G-Suite da Google, certamente tem como principal elemento de custo em sua assinatura às despesas com o armazenamento das informações que as empresas usuárias depositam em seus servidores. Logo, ao lançar um serviço ou produto no mercado, uma intrincada equação tem que ser solucionada: eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 51 11/09/2020 00:44 Human Centred Design52 TCO + ML < PF Onde: �TCO = Custo total de propriedade; �ML = Margem de lucratividade do fabricante; e � PF = Preço final para o cliente. Em outras palavras, a soma do custo total de propriedade do produto ou serviço adicionado da margem de lucratividade tem que ser inferior ao preço final praticado para o cliente. Contudo, outra equação mais simples sob o ponto de vista matemático, porém mais complexa sob o ponto de vista de abstração, também terá que ser resolvida para garantir a viabilidade do produto ou serviço a ser entregue ao cliente: PF < VA Onde: PF = Preço final para o cliente; e �VA = Valor agregado para o cliente. Em termos práticos, o valor agregado (VA), que também podemos chamar de valor percebido pelo cliente, deve ser superior ao preço final praticado para este mesmo cliente. Mas, qual a diferença entre preço e valor de um produto? O Marketing resolveu essa questão: Preço é a quantidade monetária fixada pelo vendedor ou fabricante de um produto ou serviço, oferecido ao público consumidor daquele mercado. Valor é a quantidade monetária percebida pelo cliente em relação aos benefícios que serão atendidos pelo produto associado àquele valor. DEFINIÇÃO eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 52 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 53 Para entendermos melhor esses dois conceitos, vamos a um exemplo. Roberto está em frente a uma loja de equipamentos eletrodomésticos e percebe um aparelho celular em promoção por R$ 1.200,00. Ele olha para o seu surrado aparelho e se lembra que está mais que na hora de substitui-lo por um mais novo, até porque ele não roda mais os aplicativos que você tanto gosta. No entanto, o aparelho celular em promoção não apresenta uma configuração tão boa assim, mas o suficiente em relação ao que ele necessita. Neste momento, um vendedor se apresenta a Roberto e lhe oferece um novo lançamento topo de linha do fabricante mais caro do mercado. Além da memória RAM ser estupidamente maior do que o necessário para rodar seus aplicativos, o dispositivo oferece uma tecnologia avançada de conexão, três câmeras, dois sensores de presença, quatro chips e um recurso que possibilita detectar a proximidade de outros celulares do mesmo fabricante em um raio de 500 metros. Roberto havia investido R$800,00 em seu antigo aparelho, mas este que está sendo oferecido lhe custará R$4.500,00. Ora, considerando que tudo o que o Roberto deseja é poder rodar seus aplicativos, sem qualquer tipo de vaidade ou interesse de ostentação, qual o aparelho que se apresenta com maior valor agregado para ele? Apesar do aparelho topo de linha oferecido pelo vendedor ter um preço quase cinco vezes superior ao que estava em promoção, o valor agregado para o Roberto é bem menor do que o preço fixado para ele. Já o aparelho em promoção, apesar de não oferecer tantos recursos assim, consegue rodar os aplicativos que o Roberto tanto deseja. Se adquirir este celular por um preço promocional vai resolver o seu problema, por que o Roberto pagaria quase cinco vezes mais por algo que não lhe teria muito valor a agregar? Desse modo, o valor agregado do aparelho em promoção é o mais adequado para o Roberto, razão pela qual ele não pensou duas vezes e o levou para casa. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 53 11/09/2020 00:44 Human Centred Design54 Um projeto em HCD deve se pautar nas três lentes: do desejo; da praticidade; e da viabilidade. Ao iniciar um processo de desenho de solução centrado no cliente, a equipe de desenvolvimento deve iniciar pela lente do desejo, partindo para experimentar um olhar sobre cada uma das duas outras lentes. A solução ideal para o cliente é aquela que consiga ser visualizada e aceita perfeitamente sob a ótica das três lentes ao mesmo tempo, ou seja, o produto-final tem que ser desejável, prático e viável financeiramente. eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 54 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 55 UNIDADE 02 eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 55 11/09/2020 00:44 Human Centred Design56 O Human Centred Design (HCD) é uma metodologia inovadora e disruptiva, criada inicialmente para a área de design, mas amplamente utilizada na atualidade para o desenho de qualquer solução, principalmente as inovadoras. Nesta publicação veremos a primeira fase de um projeto desenvolvido com base nas boas práticas do HCD. Chamamos de fase do “ouvir”, que é a primeira e mais importante do processo de design da solução. Dizemos “mais importante” porque, se ela não for bem feita, todo o projeto será comprometido, uma vez que o cliente não terá suas necessidades devidamente satisfeitas. Você será convidado a conhecer algumas ferramentas bem legais para enriquecer o acervo de informações relevantes levantadas junto ao cliente. Essas ferramentas serão importantes para gerar assertividade e, consequentemente, assegurar que as etapas posteriores do projeto, a do “criar” e a do “implementar”, contarão com dados consistentes para neles trabalhar. INTRODUÇÃO eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 56 11/09/2020 00:44 Human Centred Design 57 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: OBJETIVOS 1 Identificar as entregas parciais da fase do “ouvir” de um projeto em HCD; 2 Aplicar ferramentas da administração para levantar e mapear informações da fase do “ouvir” dos projetos em HCD; 3 Conhecer algumas das melhores práticas de estilo para aumentar o grau de assertividade na fase do “ouvir” em HCD; 4 Conhecer outros kits de ferramentas aplicáveis a projetos em HCD. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! eBook Completo para Impressao - Human Centred Design - Aberto.indd 57 11/09/2020 00:44 Human Centred Design58 Entregas e ferramentas da fase do “ouvir” Ao término deste capítulo você terá concebido uma visão geral de todas as entregas de um projeto em HCD, e, de um modo mais detalhado, as entregas da fase do “ouvir”. OBJETIVO Visão geral das entregas O HCD Toolkit publicado pela IDEO é um importante instrumento norteador para o desenvolvimento de projetos centrados no humano. Ele não traz uma receita de bolo, sequer normatiza procedimentos ou técnicas, mas propõe métodos e ferramentas gerenciais para a condução do desenho de soluções em HCD. As ferramentas propostas pelo kit se dividem em um número significativo de grupos, como métodos, tecnologias, rituais, entre muitos outros. Ao longo do processo de design da solução centrada no humano, essas ferramentas irão gerar várias entregas parciais, como: �Observações; �Narrativas; �Temas; �Oportunidades; � Soluções; � Protótipos; e � Planos de implementação. Tudo isto deve ser devidamente documentado, pois servirá não somente ao projeto em curso, mas a vários outros por meio do banco de conhecimento de lições aprendidas.
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