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Faculdade de Letras - UFRJ | Depto. de Letras Vernáculas | Setor de Língua Portuguesa 
Curso: Sintaxe da Língua Portuguesa (LEV300) Prof.: Thiago Laurentino 
 
Exercícios – Orações adverbiais 
 
1. Classifique as orações adverbiais sublinhadas segundo Luft (1976). Em seguida, faça o teste sintático da 
mobilidade estrutural: 
 
 
DEUS É NAJA 
 
Tenho um amigo, cujo nome, por muitas razões, não posso dizer, conhecido como o mais dark. Dark no 
visual, dark nas emoções, dark nas palavras: darkésimo. Não nos conhecemos há muito tempo, mas imagino 
que, quando ainda não havia darks, ele já era dark. Do alto de sua darkice futurista, devia olhar com soberano 
desprezo para aquela extensa legião de paz e amor, trocando flores, vestida de branco e cheia de esperança. 
 
Pode parecer ilógico, mas o mais dark dos meus amigos é também uma das pessoas mais engraçadas que 
conheço. Rio sem parar do humor dele – humor dark, claro. Outro dia esperávamos um elevador, exaustos no 
fim da tarde, quando de repente ele revirou os olhos, encostou a cabeça na parede, suspirou bem fundo e soltou 
esta: – “Ai, meu Deus, minha única esperança é que uma jamanta passe por cima de mim…” Descemos o elevador 
rindo feito hienas. 
 
Devíamos ter ido embora, mas foi num daqueles dias gelados, propícios aos conhaques e às abobrinhas. 
Tomamos um conhaque no bar. E imaginamos uma história assim: você anda só, cheio de tristeza, desamado, 
duro, sem fé nem futuro. Aí você liga para o Jamanta Express e pede: – “Por favor, preciso de uma jamanta às 
20h15, na esquina da rua tal com tal. O cheque vai estar no bolso esquerdo da calça”. Às 20h14, na tal esquina 
(uma ótima é a Franca com a Haddock Lobo, que tem aquela descidona), você olha para a esquina de cima. E lá 
está – maravilha! – parada uma enorme jamanta reluzente, soltando fogo pelas ventas que nem dragão de 
história infantil. O motorista espia pela janela, olha para você e levanta o polegar. Você levanta o polegar: tudo 
bem. E começa a atravessar a rua. A jamanta arranca a mil, pneus guinchando no asfalto. Pronto: acabou. Um 
fio de sangue escorrendo pelo queixo, a vítima geme suas últimas palavras: – “Morro feliz. Era tudo que eu 
queria…” 
 
Dia seguinte, meu amigo dark contou: – “Tive um sonho lindo. Imagina só, uma jamanta toda dourada…” 
Rimos até ficar com dor de barriga. E eu lembrei dum poema antigo de Drummond. Aquele Consolo na praia, 
sabe qual? “Vamos não chores/ A infância está perdida/ A mocidade está perdida/ Mas a vida não se perdeu” 
– ele começa, antes de enumerar as perdas irreparáveis: perdeste o amigo, perdeste o amor, não tens nada além 
de mágoa e solidão. E quando o desejo da jamanta ameaça invadir o poema, Drummond, o Carlos, pergunta: 
“Mas, e o humour?” Porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça doer demais: invente uma boa 
abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que 
só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada. Dark, qual o problema? 
 
Deus é naja – descobrimos outro dia. 
 
O mais dark dos meus amigos tem esse poder, esse condão. E isso que ele anda numa fase problemática. 
Problemas darks, evidentemente. Naja ou não, Deus (ou o Diabo?) guarde sua capacidade de rir 
descontroladamente de tudo. Eu às vezes, só às vezes, também consigo. Ultimamente, quase não. Porque 
também me acontece – como pode estar acontecendo a você que quem sabe me lê agora – de achar que tudo 
isso talvez não tenha a menor graça. Pode ser: Deus é naja, nunca esqueça, baby. 
 
Segure seu humor. Seguro o meu, mesmo dark: vou dormir profundamente e sonhar com uma linda e fatal 
jamanta. A mil por hora. 
 
ABREU, Caio Fernando. Deus é naja. In: ___. Pequenas epifanias. Porto Alegre: Sulina, 1996, p. 24-25. 
 
 
 
 
 
 
2. Com base nas citações e exemplos abaixo, comente o papel das conjunções subordinativas no processo 
de articulação de orações: 
 
“Comparativas – traduzem ‘comparação’. Sempre desenvolvidas, apresentam duas modalidades: simples ou 
correlatas. Simples, quando introduzidas pela conjunção como (...).” (LUFT, 1976, p. 59) 
 
“(...) há em Português, levando em consideração a prescrição gramatical em contraste com os usos efetivos 
produzidos pelos falantes em situações reais de interação, orações comparativas prototípicas e não-prototípicas, 
principalmente, pautando-se no introdutor que as inicia. (RODRIGUES, 2013, p. 144) 
 
EXEMPLOS: 
 
(a) Não faça [como ele (faz)]. Trabalha [como um escravo (trabalha)]. (L) 
 
(b) “E lá está (...) parada uma enorme jamanta reluzente, soltando fogo pelas ventas que nem dragão de 
história infantil.” 
 
(c) “invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota (...)” 
 
3. Muitas gramáticas tradicionais classificam as orações subordinadas adverbiais “segundo a conjunção ou 
locução conjuntiva que as encabece” (Cunha; Cintra, 1985, p. 589). Nos trechos a seguir, há exemplos de 
orações adverbiais iniciadas pela conjunção quando. Analise-as e explique por que a proposta de classificação 
oferecida por essas gramáticas é problemática e enganosa. 
 
a) “Por ser uma atividade de alto impacto, é possível que a corrida cause sobrecarga nas articulações quando 
não há técnica e/ou preparo muscular.”1 
 
b) “A Andréa quando chegou em casa, as oito horas da manhã, encontrou o pai dela já acordado...”2 
 
c) “Era carnaval eu peguei a cadeira para botar no muro. Quando o bate-bola passou eu fui me abaixar. E a 
cadeira virou e eu furei perto do olho”3 
 
d) “O Inmet já registrou em junho mais de 30 mm de chuva, quando a média é de 180 mm.”4 
 
 
1 Extraído de: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/bem-estar/corrida-de-rua-e-opcao-de-atividade-fisica-com-o-
isolamento,46f1b9d6dd76a83303cf465cc924bba0292g4z7v.html. 
2 Extraído de Ferreira (2008, p. 87). 
3 Extraído de Ferreira (2008, p. 108). 
4 Extraído de Ferreira (2008, p. 113). 
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/bem-estar/corrida-de-rua-e-opcao-de-atividade-fisica-com-o-isolamento,46f1b9d6dd76a83303cf465cc924bba0292g4z7v.html
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/bem-estar/corrida-de-rua-e-opcao-de-atividade-fisica-com-o-isolamento,46f1b9d6dd76a83303cf465cc924bba0292g4z7v.html

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