Buscar

Tentativas de suicídio por medicamentos e agrotóxicos análise dos casos atendidos pelo centro de informação e assistência toxicológica de Santa Catarina, 2014-2019


Prévia do material em texto

PATRICK WANDERSON SILVA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
TENTATIVAS DE SUICÍDIO POR MEDICAMENTOS E 
AGROTÓXICOS: ANÁLISE DOS CASOS ATENDIDOS PELO 
CENTRO DE INFORMAÇÃO E ASSISTÊNCIA 
TOXICOLÓGICA DE SANTA CATARINA, 2014-2019 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à Universidade 
Federal de Santa Catarina, como requisito 
para a conclusão do Curso de Graduação em 
Medicina 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
Universidade Federal de Santa Catarina 
2021 
 
 
PATRICK WANDERSON SILVA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
TENTATIVAS DE SUICÍDIO POR MEDICAMENTOS E 
AGROTÓXICOS: ANÁLISE DOS CASOS ATENDIDOS PELO 
CENTRO DE INFORMAÇÃO E ASSISTÊNCIA 
TOXICOLÓGICA DE SANTA CATARINA, 2014-2019 
 
 
 
 
 Trabalho apresentado à Universidade 
Federal de Santa Catarina, como requisito 
para a conclusão do Curso de Graduação em 
Medicina. 
 
 
 
Presidente do Colegiado: Prof. Dr. Edevard José de Araújo 
Orientadora: Prof. Dra. Josimari Telino Lacerda 
Co-orientadora: Prof. Dra. Claudia Regina dos Santos 
 
 
Florianópolis 
Universidade Federal de Santa Catarina 
2021
III 
 
 
MODELO DE FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A todos que se sentirem sozinhos, 
“O Homem é movimento em direção 
ao mundo e ao seu semelhante”. 
Frantz Fanon 
 
V 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiramente aos meus pais, Wanderson e Patrick, por sempre me apoiarem durante 
toda minha vida e tornarem este sonho possível, sem vocês, com certeza, eu não estaria aqui 
hoje. 
Agradeço aos meus familiares em especial minha bisavó Iraci, minha avó Irma, meu avô José, 
minha mãe Eliane, meus tios Márcio e Francine que sempre cuidaram de mim e contribuíram 
para minha formação. 
Agradeço também aos meus irmãos Jhonatan, Geovana e meus primos Mateus e Marjory. 
Agradeço a todos meus amigos que estiveram ao meu lado, me apoiando e tornaram esta 
jornada, com certeza, mais fácil. 
Agradecimento especial aos amigos queridos Kênia e Kiev por todos os momentos vividos. 
Agradeço à minha orientadora, Josimari e a minha co-orientadora Cláudia pelo trabalho 
desenvolvido e por toda paciência que tiveram comigo durante a realização do trabalho. Tenho 
orgulho do que desenvolvemos. 
Agradeço aos colegas do CIATox/SC por todo aprendizado fornecido. 
Agradeço ao Dr. Lúcio José Botelho e Dr. Frederico Fernandes Moreira que aceitaram 
participar da minha banca 
Por fim, reitero que, se estou aqui hoje concluindo este trabalho devo a minha família e muitas 
outras pessoas que estiveram comigo nesta jornada, dentre elas professores, amigos e 
profissionais da saúde, talvez eu não tenha conseguido contemplar todos aqui, mas saibam que 
sem vocês jamais eu chegaria aonde estou hoje, muito obrigado! 
 
VI 
 
 
RESUMO 
 
 
Objetivo: Analisar o comportamento epidemiológico das tentativas de suicídio, em Santa 
Catarina, entre 2014 e 2019 registrados no CIATox/SC por intoxicação com medicamentos e 
agrotóxicos. Métodos: Estudo descritivo, transversal, realizado com dados coletados do 
DATATOX, nos registros com a circunstância “tentativas de suicídio” e faixa etária 
compreendendo adultos acima de 20 anos completos, de janeiro de 2014 a dezembro de 2019. 
Resultados: Foram registrados 14.837 casos, aproximadamente 25% do total de atendimentos 
do serviço sendo a maioria do gênero feminino, na faixa etária de 20 e 39 anos, com mediana 
de 36,1 anos. As tentativas de suicídio ocorreram em sua maioria no período noturno, nos meses 
entre outubro e dezembro, em zona urbana/periurbana e na própria residência do paciente. A 
ampla maioria das ligações oriundas de serviços com suporte de urgência e emergência, sendo 
os médicos os principais informantes. A via de exposição mais comum foi oral, com predomínio 
dos casos classificados inicialmente como leve, assim mantidos como desfecho em 62%, e a 
maior parte dos pacientes não precisou de internação. Houve aumento do número de tentativas 
no período com destaque para as macrorregiões Vale do Itajaí, Planalto Norte e Nordeste e Foz 
do Itajaí. Os medicamentos foram a principal opção no uso isolado e combinado de substâncias, 
destaque para Clonazepam, Paracetamol, Fluoxetina, Amitriptilina e Diazepam. Glifosato foi o 
agrotóxico mais utilizado. Conclusão: Houve aumento de atendimento por tentativas de 
suicídio com medicamentos e agrotóxicos no período analisado e deve ser objeto de atenção 
dos gestores públicos. 
Palavras Chave: Tentativa de suicídio; Intoxicação; Suicídio; Santa Catarina; Toxicologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VII 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Objective: To analyze the epidemiological behavior of suicides, in Santa Catarina, between 
2014 and 2019 registered at CIATox / SC due to drug and pesticide poisoning. Methods: 
Descriptive, cross-sectional study, carried out with data collected from DATATOX, in the 
records with the circumstance “Suicide” and age group comprising adults over 20 years of age, 
from January 2014 to December 2019. Results: 14,837 cases were registered, approximately 
25% of the total number of visits to the service, with the majority being female, aged between 
20 and 39 years, with a median of 36.1 years. Suicide sequences occurred mostly at night, in 
the months between October and December, in urban/periurban areas and in the patient's own 
residence. The vast majority of calls came from urgent and emergency support services, with 
physicians being the main informants. The most common route of exposure was oral, with a 
predominance of cases classified as mild, thus collected as an outcome in 62%, and most 
patients did not require hospitalization. There was an increase in the number in the period, 
highlighting the macro-regions Vale do Itajaí, Planalto Norte and Nordeste and Foz do Itajaí. 
Medicines were the main option in isolated use and combinations of substances, especially 
Clonazepam, Paracetamol, Fluoxetine, Amitriptyline and Diazepam. Glyphosate was the most 
used pesticide. Conclusion: There was an increase in care for suicide with drugs and pesticides 
in the period analyzed and should be the object of attention from public managers. 
Keywords: Suicide attempt; Intoxication; Suicide; Santa Catarina; Toxicology 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIII 
 
 
LISTA DE QUADROS E TABELAS 
 
 
Quadro 1. Variáveis e categorias analisadas no estudo.............................................................07 
Tabela 1. Características clínicas e demográficas dos atendimentos classificados como 
tentativa de suicídio por medicamentos e agrotóxicos registrados no Centro de Informações e 
Assistência Toxicológica (CIATox) de Santa Catarina, período 2014 2019..............................11 
Tabela 2. Taxa (por 100 mil hab.) das tentativas de suicídio por medicamentos e agrotóxicos, 
ocorridos nas macrorregiões de Santa Catarina, registrados no CIATox/SC entre 2014 e 
2019...........................................................................................................................................14 
Tabela 3. Principais substâncias exógenas, utilizadas de forma isolada ou combinada nas 
tentativas de suicídio, segundo grupo, classe e tipo. Caso atendidos pelos CIATox/SC, Santa 
Catarina, 2014 a 2019................................................................................................................16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IX 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
 
 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
 
CIATOX SC Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina 
 
DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil 
 
DATATOX 
 
Sistema de registro, acompanhamento e recuperação de dados de 
toxicologia clínica 
 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
 
MS Ministério da Saúde 
 
NHMRC Centro de Excelênciaem Pesquisa em Prevenção de Suicídio do 
Conselho Nacional de Pesquisa Médica e Saúde da Austrália 
 
OMS Organização Mundial da Saúde 
 
OPAS Organização Pan-americana da Saúde 
 
SES/SC Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina 
 
SIM 
 
Sistema de Mortalidade 
SINAM Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
 
SINITOX Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas 
 
 
 
 
X 
 
 
LISTA DE ANEXOS 
 
 
Anexo 1. Parecer Consubstanciado do CEP ..............................................................................26 
Anexo 2. Modelo de Ficha de Atendimento da ABRACIT .......................................................30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XI 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 
2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 6 
2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 6 
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 6 
3 MÉTODO ................................................................................................................................ 7 
3.1 Amostra ................................................................................................................. 7 
3.2 Variáveis ............................................................................................................... 7 
3.3 Compilação e análises dos dados .......................................................................... 8 
3.4 Aspectos éticos ..................................................................................................... 9 
4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 10 
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 17 
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 21 
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 22 
ANEXO 1 PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ....................................................... 26 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A OMS define o suicídio como um ato deliberado e executado por uma pessoa ao atentar 
contra sua vida, com pleno conhecimento do desfecho fatal e envolve uma série de 
comportamentos que incluem pensamento (ou ideação), planejamento, tentativa e o próprio 
suicídio.1-2 As consequências causadas nos familiares e pessoas próximas dos pacientes que 
cometeram suicídio são incalculáveis, aumentando a chance de morte intencional, depressão, 
ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático.3 
O suicídio é um tema complexo, frequentemente relacionado a múltiplas causas, que 
engloba fatores sociais; comunitários; associados a relacionamentos, individuais; e aos sistemas 
de saúde. O maior acesso a armas, drogas, medicamentos e agrotóxicos são facilitadores sociais 
e culturais do suicídio. Desastres naturais, guerras e conflitos civis têm impactos negativos no 
bem-estar social, emprego, saúde e segurança financeira e podem contribuir para o aumento do 
suicídio. As mudanças culturais sofridas por determinados grupos étnicos/sociais e em maior 
vulnerabilidade social como indígenas, refugiados, LGBTQIA+, presidiários e pessoas que 
sofrem cyberbullying, também estão relacionadas com o aumento dos casos. Traumas e abusos, 
devido ao estresse emocional gerado, podem levar ao suicídio, dentre outros fatores importantes 
estão conflitos amorosos, sensação de isolamento entre familiares e amigos, transtornos 
mentais, tentativas prévias de suicídio, perda de emprego, dor crônica, história familiar de 
suicídio, desesperança e fatores biológicos e genéticos. Um bom sistema de vigilância e escuta 
qualificada por parte das equipes de saúde pode identificar precocemente tendência ou ideação 
suicida e adotar medidas preventivas e de monitoramento. O acesso facilitado e a cobertura 
populacional dos sistemas de saúde, com atenção aos problemas psicossociais, são 
fundamentais.1 
O suicídio é um importante problema de saúde pública, com alta incidência na 
população. Estima-se que mais de 703.000 pessoas se suicidam por ano no mundo e a cada 
adulto que se suicida, há várias outras tentativas contra a própria vida. O suicídio representa 
1,4% do total de óbitos no mundo, tornando-se, em 2019, a 15ª causa de mortalidade na 
2 
 
 
população geral. Mais de 50,0% dos suicídios ocorrem em pessoas com menos de 45 anos.2 O 
suicídio é a quarta causa de morte nas pessoas de 15 a 29 anos de ambos os sexos, perdendo 
apenas para acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Entre os adultos de 30 a 
49 anos, o suicídio é responsável por 4,1% de todas as mortes e é classificado como a quinta 
principal causa.1 
A maioria dos países não possui um bom banco de dados sobre o suicídio. Apenas 76 
dos 194 países membros da OMS relataram dados sobre o suicídio, portanto não há um 
levantamento oficial global de informações detalhadas sobre o tema. Esses países respondem 
por 28% de todos os suicídios registrados. Estudos indicam que em países de alta renda, o 
enforcamento corresponde a 50,0% dos casos de suicídio, seguido do uso de armas de fogo com 
18,0% .1 Nos países em desenvolvimento, Gunnell et al.4 através de revisão sistemática, 
estimam que a intoxicação por agrotóxico seja o principal agente responsável, particularmente 
em países com uma alta proporção de áreas rurais. 
Liakoni E. et al.5 em estudo com dados do centro de intoxicações Suíço, demonstraram 
maior número de intoxicações com analgésicos, antidepressivos, sedativos, anticonvulsivantes, 
neurolépticos e álcool. Dados semelhantes foram encontrados também no relatório do Sistema 
Nacional de Dados de Intoxicações da Associação Americana de Centros de Controle de 
Intoxicações. Em 2018, esse mesmo serviço identificou 50.294 casos de exposição onde há 
contato real ou suspeito (por exemplo, ingestão, inalação, absorção) com uma substância 
envolvendo apenas acetaminofeno (955 com risco de vida ou incapacitante; 110 fatal) e 17.377 
envolvendo acetaminofeno em combinação com outro medicamento (525 com risco de vida ou 
incapacitante; 32 fatal).6 McCall WV et al7 demonstraram, em 2016, que nos casos de suicídio 
relacionados aos benzodiazepínicos, a overdose de múltiplas drogas é a principal preocupação. 
Estudos de toxicologia mostram que os hipnóticos são frequentemente tomados em combinação 
com outros sedativos ou álcool.7 De acordo com a OPAS, estima-se que, cerca de 20,0% dos 
suicídios globais acontecem por intoxicação intencional com pesticidas, dos quais a maioria 
ocorre em zonas rurais de países com baixa e média renda.8 Gunnell et al.4 realizaram uma 
revisão sistemática sobre a distribuição global de suicídios por pesticidas indicando que 30,0% 
dos suicídios foram ocasionados por agrotóxicos, sendo este número subestimado. 
No Brasil, no período de 2007 a 2016, 46,7% das intoxicações exógenas notificadas 
foram em tentativa de suicídio em pessoas acima de 5 anos, sendo a faixa etária entre 15-59 
anos a mais acometida (75,0%). Os agentes mais utilizados, foram medicamentos, raticidas e 
3 
 
 
em terceiro lugar agrotóxicos em ambos os sexos.9 O relatório nacional de vigilância em saúde 
de populações expostas a agrotóxicos informa que, entre 2007 e 2015, houve aumento das 
notificações de intoxicações por agrotóxicos em 135% sendo, Santa Catarina o 6º estado com 
maiornúmero de notificações e o 8º no índice de mortalidade. A maioria das notificações de 
uso de agrotóxicos foi em tentativa de suicídio (53,6%). Os homens (55,7%) utilizaram mais 
agrotóxicos do que as mulheres, a faixa etária entre 20-34 anos respondeu por 36,0% das 
notificações e a maioria dos casos de intoxicação por agrotóxico evoluiu para cura sem sequelas 
(80,3%).10 
Em 2013, a OMS lançou o plano de saúde mental abrangente que compreende 4 pilares 
dentre eles fortalecer liderança e governança eficazes para a saúde mental; fornecer saúde 
mental e social abrangente, integrada, responsiva e serviços de atendimento em ambientes 
comunitários; implementação de estratégias de promoção e prevenção em saúde mental e 
fortalecer os sistemas de informação, evidências e pesquisas para a saúde mental. A taxa de 
suicídio é um indicador de monitoramento e sua redução uma meta do plano de ação. Destacam-
se alguns pontos específicos como: 
 Equipe multidisciplinar com profissionais habilitados em constante atualização e 
treinamento; 
Aumento e facilidade do acesso aos serviços de saúde especializados, através de 
linguagem clara e acessível ao paciente; 
Educação em saúde mental e sobre os serviços de saúde; 
Restrição de acesso aos métodos de suicídio, através de políticas de restrição ao acesso 
e ao uso de armas, agrotóxicos, medicamentos e drogas em especial o álcool com restrições de 
venda, políticas econômicas de precificação e contramedidas para evitar a direção ébria; 
 Diminuição da acessibilidade a gases tóxicos, principalmente monóxido de carbono; 
Intervenções físicas e estruturais em locais com alta incidência de tentativas de suicídio 
como pontes, edifícios e ferrovias; 
Aumento educacional sobre saúde mental reduzindo os estigmas; 
4 
 
 
Campanhas de conscientização pois possuem aumento positivo no engajamento 
comunitário; 
Intervenções específicas para grupos vulneráveis socialmente e militares. 
Orienta ainda treinamento específico para reconhecimento de padrões de 
comportamentos suicidas aplicados a professores, profissionais de saúde, líderes comunitários, 
equipes de recursos humanos, militares, policiais, bombeiros, outros socorristas e líderes 
religiosos. Centros de atendimentos públicos podem auxiliar por serem de fácil acesso e 
disponíveis quando outros recursos não estiverem presentes. O acompanhamento e apoio 
comunitário é uma medida eficaz e de baixo custo. Questionar e abordar o assunto em pessoas 
acima de 10 anos que sofrem de dor crônica ou sofrimento emocional agudo, sobre seus 
pensamentos, planos ou atos de automutilação/suicídio, é outra medida apontada no plano.1 
Em 2014, uma revisão sistemática de estudos do NHMRC, na Austrália, verificou que 
programas em ambientes escolares são eficazes para diminuir tentativas e ideação suicida, com 
escolas mostrando uma promessa particular em jovens de 12 a 25 anos. Dado o alcance das 
escolas e o público cativo que elas fornecem, este pode ser um bom ambiente para promover e 
direcionar programas de prevenção ao suicídio e intervenção precoce.11 
Percebe-se a importância crescente de atenção ao suicídio e suas tentativas devido ao 
aumento do número de casos, mesmo sendo uma causa de morte evitável, depende de um 
conjunto de estratégias que aborde o problema de formar multiangular. O conhecimento das 
características de ocorrência do suicídio é fundamental para orientar de forma efetiva as ações 
e programas de prevenção. Além disso, fortes conexões familiares e apoio comunitário, 
valorização de crenças pessoais, culturas e religiões que desincentivem o suicídio e apoiem a 
autopreservação juntamente com o acesso fácil e assistência de qualidade para doenças mentais 
e físicas são fortes fatores de proteção.12 
O presente estudo teve como objetivo analisar o comportamento clínico e 
epidemiológico das tentativas de suicídio por intoxicação exógena praticadas por adultos acima 
de 20 anos completos, registradas no Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa 
Catarina (CIATox/SC) entre 2014 e 2019. O CIATox/SC é uma unidade pública de referência 
no Estado de Santa Catarina na área de toxicologia clínica. Iniciou suas atividades em maio de 
1984, fruto de um Convênio entre a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, a 
5 
 
 
Universidade Federal de Santa Catarina e a Fundação Oswaldo Cruz. Em, 2003 entrou no 
organograma oficial da SES/SC e hoje está subordinado à Superintendência de Serviços 
Especializados e Regulação da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, mantendo 
cooperação técnica e parceria com a UFSC e o Hospital Universitário. Atua 24 horas por dia 
auxiliando nas tomadas de decisões frente a casos de intoxicações e envenenamentos, através 
de informações específicas, em caráter de urgência, a profissionais de saúde, principalmente 
médicos da rede hospitalar e ambulatorial, e de caráter educativo/preventivo à população em 
geral, diretamente e/ou através de ligação gratuita. Possui uma equipe multidisciplinar de 
profissionais (médicos, farmacêuticos, biólogos, professores e técnicos administrativos) e de 
estudantes da área da saúde (medicina, farmácia e biologia). Entre 1984 e 2019 o serviço 
auxiliou em 75.180 casos de intoxicações humanas por medicamentos e agrotóxicos.13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
2 OBJETIVOS 
 
 
2.1 Objetivo Geral 
Analisar o comportamento epidemiológico das tentativas de suicídio registradas no 
CIATox/SC por intoxicação com medicamentos e agrotóxicos, praticadas por adultos acima de 
20 anos completos, em Santa Catarina, entre janeiro de 2014 a dezembro de 2019. 
2.2 Objetivos Específicos 
• Analisar o comportamento demográfico das ocorrências registradas no período; 
• Analisar o comportamento das ocorrências segundo macrorregião do estado 
catarinense ao longo do período; 
• Identificar as principais substâncias utilizadas nas tentativas de suicídio 
atendidas pelo serviço no período estudado. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
3 MÉTODO 
 
 
Trata-se de um estudo descritivo, transversal, realizado através das informações 
registradas nas fichas de atendimentos com a circunstância “tentativa de suicídio” do 
CIATox/SC ocorridos em Santa Catarina, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2019. 
Os dados anônimos foram disponibilizados pelo responsável técnico do CIATox/SC. 
3.1 Amostra 
O estudo contemplou todos os atendimentos de adultos com idade igual ou superior a 
20 anos, registrados nos anos de 2014 a 2019, residentes no estado de Santa Catarina, cuja 
circunstância envolvida foi tentativa de suicídio por medicamentos e/ou agrotóxicos. Os 
critérios de exclusão do estudo foram casos em que a circunstância não foi confirmada como 
tentativa de suicídio e sim “exposição acidental”, casos em que a circunstância foi tentativa de 
suicídio, mas que não ocorreram por intoxicação/envenenamento, paciente com idade inferior 
a 20 anos completos e casos atendidos em municípios fora do estado de Santa Catarina. 
3.2 Variáveis 
O banco de dados do CIATox/SC é composto de dados sociodemográficos do paciente, 
local de atendimento e de exposição, agente utilizado, manifestações clínicas no momento do 
primeiro atendimento e a classificação inicial do quadro que pode ser alterada de acordo com a 
sua evolução. Contém a história inicial e resumo de todos os contatos feitos posteriormente para 
avaliar a evolução da situação do paciente. O Quadro 01 apresenta o conjunto de variáveis e as 
categorias analisadas no estudo. 
 
Quadro 1: Variáveis e categorias analisadas no estudo. 
VARIÁVEL CATEGORIAS DE ANÁLISE 
Ano de 
Atendimento 
2014/ 2015/ 2016/ 2017/ 2018/ 2019 
Gênero Feminino/Masculino 
8 
 
 
Faixa Etária (em 
anos completos) 
20-29/ 30-39/ 40-49/ 50-59/60+ 
Turno da 
Exposição 
Matutino (06:01-12h)/ Vespertino (12:01-18h)/ Noturno 
(18:01-6h) 
Período 
(agrupada por 
trimestre)Janeiro-Março/ Abril-Junho/ Julho-Setembro/Outubro-
Dezembro 
Zona de 
Ocorrência 
Urbana-Periurbana/ Rural 
Local de 
Ocorrência 
Residência 
Outros (residência-outra como casa de outros familiares, 
escola-creche, ambiente externo-público, local de trabalho, 
serviço de saúde) 
Local do 
Chamado 
Serviços de Urgência e Emergência (hospital, UPA, unidade 
móvel de nível pré-hospitalar particular, SAMU) 
Outros (busca ativa CIATox, CIATox-ambulatório de 
toxicologia, vigilância epidemiológica, residência, serviços 
1º, clínica particular, unidade básica de saúde, centro de 
saúde, posto de saúde, consultório) 
Solicitante 
Médico 
Outros (Enfermeiro, outro profissional de saúde, estudante 
de medicina, estudante de outra área da saúde, farmacêutico, 
técnico ou Auxiliar de enfermagem, paciente) 
Gravidade Leve/ Moderado/ Grave 
Desfecho 
Assintomático/ Leve/ Moderado/ Grave/ Óbitos/ Outros 
(perda de seguimento ou exposição não confirmada) 
Internações Sim/ Não 
Via de Exposição 
Oral 
Outros (Mais de uma via de exposição, cutânea, ocular, 
nasal, otológica, vaginal, retal, parenteral) 
Macrorregião de 
Ocorrência 
Grande Florianópolis/ Planalto Norte e Nordeste/ Sul/ Meio 
Oeste e Serra Catarinense/ Extremo Oeste/ Vale do Itajaí/ 
Foz do Itajaí 
Agentes Tóxicos 
Analisadas segundo Grupo (Medicamento/Agrotóxicos), 
Classe Farmacológica e Espécie 
Forma de Uso Uso isolado/ Uso combinado (2 ou + substâncias) 
 
3.3 Compilação e análises dos dados 
Os dados foram compilados e analisados em planilhas usando a ferramenta Microsoft 
Excel. Inicialmente realizou-se a transposição dos dados para uma planilha onde fosse possível 
analisar as características dos indivíduos atendidos, eliminando a duplicidade gerada no banco 
original. Dada a utilização de substâncias combinadas, o banco original do CIATox/SC está 
orientado para a particularização de cada substância, informação de interesse do serviço, o que 
gera a repetição. Assim os dados foram analisados em duas planilhas, sendo necessário ainda a 
9 
 
 
criação de novas variáveis que permitissem gerar informações sobre as características do evento 
por indivíduo: tipo de uso (combinado ou isolado); número de substâncias utilizadas. Na 
sequência foi analisada a consistência dos dados para cada uma das variáveis disponíveis e 
identificado o percentual de completude de cada uma delas, excluindo da análise aquelas com 
percentual superior a 20% de incompletude (não preenchido) ou respondido como ignorado. 
Realizou-se análise descritiva com apresentação tabular da distribuição da frequência 
absoluta e relativa dos casos de tentativas de suicídio segundo características clínicas e 
demográficas dos atendimentos, e sobre o uso das substâncias. Foram calculadas a média, 
mediana e o desvio padrão das variáveis idade e número de substâncias utilizadas. Na análise 
dos casos por macrorregião calculou-se a taxa de tentativas de suicídio por 100.000 habitantes, 
para cada ano analisado, usando a estimativa populacional do DATASUS, e o percentual de 
variação da taxa entre 2014 e 2019.14 
3.4 Aspectos éticos 
O trabalho foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da 
Universidade Federal de Santa Catarina sob o número de parecer 4.219.294 (Anexo I). 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
4 RESULTADOS 
 
 
No período analisado, o CIATox realizou 14.837 registros classificados como tentativa 
de suicídio envolvendo pessoas com idade acima de 20 anos, com uso de medicamentos e/ou 
agrotóxicos, em Santa Catarina. As tentativas de suicídio representam aproximadamente 25,0% 
do total de atendimentos do setor e o uso de medicamentos e agrotóxicos registrado em 69,7% 
das ocorrências dessa natureza. O número desse tipo de registro passou de 1.630 em 2014 para 
4.074 em 2019, um aumento em torno de 150,0% no período. 
Na análise das características demográficas e clínicas foram excluídas as variáveis cor, 
ocupação, escolaridade, duração da exposição e dose do agente utilizado devido ao não 
preenchimento dos dados. O percentual de incompletude variou entre 80,0% e 99,0%, sendo 
recorrente em todos os anos do presente estudo, impossibilitando o uso dessas variáveis. 
A maioria dos registros referiam-se a pessoas do gênero feminino (72,3%), mantendo 
comportamento similar ao longo dos anos. A idade média foi de 36,1 anos (DP =12,0), variando 
entre 20 e 94 anos, com uma mediana de 34,0 e 75% dos indivíduos com até 44 anos. Na análise 
por faixa etária observa-se um aumento do percentual de ocorrências na faixa etária entre 20-
29 anos e um decréscimo na faixa etária de 30-39 anos ao longo dos anos, enquanto as demais 
apresentam estabilidade. As tentativas de suicídio por medicamentos ou agrotóxicos ocorreram 
com maior frequência no período noturno (38,4%), nas residências dos indivíduos (81,2%) e 
nas áreas urbanas e periurbanas (95,2%). Para analisar se havia sazonalidade nas ocorrências 
dividiu-se o período em trimestres e, quando a data da tentativa de suicídio era incerta, utilizou-
se a data de primeiro contato com o CIATox/SC. Não foi observada diferença no percentual 
atendimentos entre os trimestres com pequeno predomínio do período de outubro a dezembro 
em todos os anos analisados (Tabela 01). 
 
 
11 
 
 
Tabela 1: Características clínicas e demográficas dos atendimentos classificados como tentativa de suicídio por medicamentos e agrotóxicos 
registrados no Centro de Informações e Assistência Toxicológica (CIATox) de Santa Catarina, período 2014-2019. 
 2014 (n = 1630) 2015 (n = 1785) 2016 (n = 1973) 2017 (n = 2447) 2018 (n = 2928) 2019 (n = 4074) TOTAL (n = 14837) 
GÊNERO n % n % n % n % n % n % n % 
FEMININO 1171 71,8 1274 71,4 1412 71,6 1760 71,9 2094 71,5 3019 74,1 10730 72,3 
MASCULINO 459 28,2 511 28,6 561 28,4 687 28,1 834 28,5 1055 25,9 4107 27,7 
IDADE (ANOS) 
20-29 532 32,6 585 32,8 657 33,3 840 34,3 1118 38,2 1579 38,8 5311 35,7 
30-39 522 32,0 542 30,4 564 28,6 721 29,5 801 27,4 1131 27,8 4281 28,8 
40-49 337 20,7 385 21,6 436 22,1 489 20,0 603 20,6 823 20,2 3073 20,7 
50-59 164 10,1 192 10,8 227 11,5 273 11,2 293 10,0 414 10,2 1563 10,5 
60+ 75 4,6 81 4,5 89 4,5 124 5,1 113 3,9 127 3,1 609 4,1 
TURNO DA EXPOSIÇÃO 
Manhã 338 20,7 321 18,0 398 20,2 457 18,7 583 19,9 755 18,5 2852 19,2 
Tarde 475 29,1 571 32,0 576 29,2 720 29,4 899 30,7 1218 29,9 4459 30,1 
Noite 625 38,3 655 36,7 751 38,1 974 39,8 1124 38,4 1571 38,6 5700 38,4 
Ignorado 192 11,8 238 13,3 248 12,6 296 12,1 322 11,0 530 13,0 1826 12,3 
 
PERIODO 
Janeiro-Março 438 26,9 462 25,9 496 25,1 596 24,4 709 24,2 933 22,9 3634 24,5 
Abril-Junho 387 23,7 410 23,0 421 21,3 515 21,0 692 23,6 861 21,1 3286 22,1 
Julho-Setembro 382 23,4 433 24,3 498 25,2 630 25,7 698 23,8 1047 25,7 3688 24,9 
Outubro-Dezembro 418 25,6 466 26,1 541 27,4 689 28,2 807 27,6 1204 29,6 4125 27,8 
Ignorado 5 0,3 14 0,8 17 0,9 17 0,7 22 0,8 29 0,7 104 0,7 
 
ZONA 
Urbana/Periurbana 1370 84,0 1389 77,8 1590 80,6 2039 83,3 2480 84,7 3181 78,1 12049 81,2 
Rural 89 5,5 122 6,8 106 5,4 105 4,3 121 4,1 139 3,4 682 4,6 
Ignorado 171 10,5 274 15,4 277 14,0 303 12,4 327 11,2 754 18,5 2106 14,2 
 
12 
 
 
LOCAL 
Residência 1551 95,2 1670 93,6 1847 93,6 2330 95,2 2797 95,5 3933 96,5 14128 95,2 
Outros 23 1,4 28 1,6 44 2,2 35 1,4 59 2,0 57 1,4 246 1,7 
Ignorado 56 3,4 87 4,9 82 4,2 82 3,4 72 2,5 84 2,1 463 3,1 
 
LOCAL DO CHAMADO 
Serviço c/ suporte de urgência 
e emergência 
1569 96,3 1741 97,5 1913 97,0 2386 97,5 2842 97,1 3972 97,5 14423 97,2 
Outros 61 3,7 44 2,5 60 3,0 61 2,5 86 2,9 102 2,5 414 2,8 
 
SOLICITANTE 
Médico 1450 89,01622 90,9 1764 89,4 2258 92,3 2693 92,0 3677 90,3 13464 90,7 
Outros 173 10,6 161 9,0 209 10,6 186 7,6 235 8,0 394 9,7 1358 9,2 
Ignorado 7 0,4 2 0,1 0 0,0 3 0,1 0 0,0 3 0,1 15 0,1 
 
CLASSIFICAÇÃO INICIAL 
DE GRAVIDADE 
 
Leve 1288 79,0 1355 75,9 1531 77,6 1972 80,6 2363 80,7 3348 82,2 11857 79,9 
Moderado 162 9,9 232 13,0 266 13,5 264 10,8 296 10,1 309 7,6 1529 10,3 
Grave 141 8,7 192 10,8 171 8,7 202 8,3 246 8,4 307 7,5 1259 8,5 
Ignorado 39 2,4 6 0,3 5 0,3 9 0,4 23 0,8 110 2,7 192 1,3 
 
DESFECHO 
Assintomático 281 17,2 268 15,0 364 18,4 291 11,9 455 15,5 548 13,5 2207 14,9 
Leve 1043 64,0 1079 60,4 1135 57,5 1569 64,1 1780 60,8 2681 65,8 9287 62,6 
Moderado 95 5,8 155 8,7 166 8,4 171 7,0 191 6,5 152 3,7 930 6,3 
Grave 107 6,6 143 8,0 135 6,8 156 6,4 198 6,8 214 5,3 953 6,4 
Óbitos 26 1,6 30 1,7 25 1,3 39 1,6 32 1,1 30 0,7 182 1,2 
Outros 55 3,4 81 4,5 116 5,9 193 7,9 214 7,3 162 4,0 821 5,5 
Ignorado 23 1,4 29 1,6 32 1,6 28 1,1 58 2,0 287 7,0 457 3,1 
 
13 
 
 
 
 
 
INTERNAÇÕES 
 
Sim 489 30,0 552 30,9 514 26,1 648 26,5 812 27,7 905 22,2 3920 26,4 
Não 1119 68,7 1193 66,8 1421 72,0 1751 71,6 2028 69,3 2995 73,5 10507 70,8 
Ignorado 22 1,3 40 2,2 38 1,9 48 2,0 88 3,0 174 4,3 410 2,8 
 
VIA DE EXPOSIÇÃO 
Oral 1623 99,6 1758 98,5 1940 98,3 2406 98,3 2872 98,1 4001 98,2 14600 98,4 
Oral/outros 1 0,1 19 1,1 23 1,2 34 1,4 48 1,6 58 1,4 183 1,2 
Outros 3 0,2 8 0,4 5 0,3 7 0,3 8 0,3 14 0,3 45 0,3 
Ignorado 3 0,2 0 0,0 5 0,3 0 0,0 0 0,0 1 0,0 9 0,1 
14 
 
 
Os registros tiveram origem em sua ampla maioria por profissionais médicos (90,7%) e 
a partir de serviços com suporte de urgência e emergência (97,2%), com pequenas variações 
percentuais ao longo dos anos. Em relação ao quadro clínico, grande parte dos casos foram 
classificados inicialmente como leves e 77,5% se mantiveram como assintomáticos ou leves até 
o encerramento do atendimento. Pouco mais de um quarto das ocorrências necessitou de 
internação, observando-se uma redução no percentual de internações quando comparamos o 
início e final do período analisado. A via de exposição na quase totalidade dos casos foi a oral 
(Tabela 01). 
O estado de Santa Catarina é subdividido em sete macrorregiões de saúde e dentre elas 
a Grande Florianópolis apresentou o maior registro considerando a taxa de tentativas de suicídio 
por medicamento e agrotóxicos junto ao CIATox/SC em todos os anos analisados. A partir de 
2017 observa-se um aumento da taxa de registros de todas as regiões. As regiões do Vale do 
Itajaí (218,6%), Planalto Norte e Nordeste (197,8%) e Foz do Itajaí (179,7%) apresentaram os 
maiores percentuais de variação entre 2014 e 2019 (Tabela 02). 
Tabela 2: Taxa (por 100 mil hab.) das tentativas de suicídio por medicamentos e agrotóxicos, 
ocorridos nas macrorregiões de Santa Catarina, registrados no CIATox/SC entre 2014 e 2019. 
MACRORREGIÕES 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Variação (%) 
Extremo Oeste 20,51 22,55 26,09 30,48 34,94 46,85 128,4 
Foz do Itajaí 21,39 20,21 22,25 32,84 35,20 59,82 179,7 
Grande Florianópolis 40,68 39,14 40,19 45,05 53,20 63,48 56,0 
Meio Oeste e Serra 22,11 19,39 19,88 23,10 26,19 53,75 143,1 
Planalto Norte e Nordeste 21,12 26,18 30,65 39,19 50,71 62,91 197,8 
Sul 26,55 29,16 30,10 38,39 44,81 58,95 122,0 
Vale do Itajaí 14,99 22,03 25,33 30,42 34,70 47,75 218,6 
 
Os medicamentos foram a opção mais frequente dos indivíduos (91,2%) predominando 
tanto no uso isolado (83,7%) quanto na combinação de substâncias (97,1%) (Tabela 3). O 
número de substâncias utilizadas nas tentativas de suicídio variou entre um e trinta, com uma 
média geral de 2,19 (DP+ 1,6) e 70,6% dos indivíduos utilizando até duas combinações. Entre 
os indivíduos que fizeram uso de substâncias combinadas, a média foi de três combinações 
(DP=1,6) correspondendo a 72,7% deste grupo. 
15 
 
 
Ao todo foram utilizados 1765 tipos de substâncias nas tentativas de suicídio atendidas 
no período, as quais pertenciam a 82 diferentes classes. Ansiolíticos, Antidepressivos, 
Analgésicos e Antipiréticos foram observados em 77,3% dos casos. As substâncias mais 
frequentes foram Clonazepam, Paracetamol, Fluoxetina, Amitriptilina e Diazepam, utilizadas 
por 66,0% dos indivíduos. Destaque para o Glifosato, agrotóxico mais frequente ao se analisar 
as dez principais substâncias utilizadas segundo uso isolado ou combinado (Tabela 03). 
O uso isolado de substâncias foi observado em 44,5% de todos os casos. Foram 
utilizados 696 tipos de substâncias diferentes no período analisado, onde os medicamentos 
Clonazepam, Amitriptilina, Diazepan e Paracetamol e o agrotóxico Glifosato foram a opção de 
40,0% dos indivíduos. Nos demais casos em que os indivíduos optaram por fazer combinações 
de substâncias, a utilização de diferentes tipos de medicamentos prevaleceu. Observou-se 1645 
diferentes espécies de substâncias usadas em combinação com predomínio dos medicamentos 
Clonazepam, Paracetamol, Fluoxetina, Amitriptilina, Diazepam observados em 66,1% dos 
casos. No uso de medicamentos e agrotóxicos associados a outro tipo de substância destaca-se 
o álcool etílico, especialmente a partir do ano de 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
Tabela 3: Principais substâncias exógenas, utilizadas de forma isolada ou combinada nas 
tentativas de suicídio, segundo grupo, classe e tipo. Caso atendidos pelos CIATox/SC, Santa 
Catarina, 2014 a 2019. 
SUBSTÂNCIAS 
EXÓGENAS 
ISOLADO COMBINADO TOTAL 
(n= 6.595) (n=8.241) (n=14.836) 
n % n % n % 
GRUPOS 
Medicamentos 5.522 83,7 6.486 78,7 12.008 80,9 
Agrotóxicos 1.074 16,3 67 0,8 1.141 7,7 
Medicamentos/Outros - - 1.327 16,1 1.327 8,9 
Agrotóxicos/Medicamentos - - 191 2,3 191 1,3 
Agrotóxicos/Outros - - 170 2,1 170 1,1 
CLASSES 
Ansiolíticos 1.683 25,5 3.955 48 5.638 38,0 
Antidepressivos 898 13,6 2.663 32,3 3.561 24,0 
Analgésicos e Antipiréticos 276 4,2 1.986 24,1 2.262 15,2 
Antiepiléticos 168 2,5 536 6,5 704 4,7 
Antipsicóticos - - 1.232 14,9 1.232 8,3 
Herbicida 386 5,9 - - 386 2,6 
Hipnóticos e Sedativos 196 3,0 - - 196 1,3 
MEDICAMENTOS 
Clonazepam 1.195 18,1 2.984 36,2 4.179 28,2 
Paracetamol 276 4,2 1.352 16,4 1.628 11,0 
Fluoxetina 232 3,5 1.017 12,3 1.249 8,4 
Amitriptilina 470 7,1 1.006 12,2 1.476 9,9 
Diazepam 309 4,7 971 11,8 1.280 8,6 
Carbonato de Lítio - - 673 8,2 673 4,5 
Sertralina 196 3,0 640 7,8 836 5,6 
Dipirona - - 634 7,7 634 4,3 
Quetiapina - - 559 6,8 559 3,8 
Ácido Valpróico - - 536 6,5 536 3,6 
Glifosato 386 5,9 - - 386 2,6 
Zolpidem 196 3,0 - - 196 1,3 
Alprazolam 179 2,7 - - 179 1,2 
Carbamazepina 168 2,5 - - 168 1,1 
 
 
17 
 
 
5 DISCUSSÃO 
 
 
O presente estudo analisou os registros por tentativa de suicídio usando medicamentos 
e agrotóxicos de um serviço de referência do estado de Santa Catarina. Não permite afirmar que 
se trata do total de tentativas de suicídio por essa estratégia no estado. O conhecimento de 
fatores associados ao suicídio, em especial as tentativas, são muito importantes para orientar 
medidas que possam evitar o desfecho indesejável. No período estudado o grupo das Causa 
Externas foi a quarta principal causa de mortalidade em Santa Catarina onde acidentes de 
trânsito, homicídios e suicídios se destacaram como os agravos mais frequentes neste grupo. O 
uso de pesticidas e medicamentos foi a segunda estratégia mais utilizada nos óbitos por suicídio 
em Santa Catarina, perdendo apenas para o enforcamento. Foram notificados no SIM, 355 
suicídios de catarinenses por uso de pesticidas e medicamentos, no período, com predomínio 
dos medicamentos (72,1%).15 A literatura estima que para cada suicídio ocorram cerca de mais 
de 20 tentativas prévias, uma estimativa de aproximadamente 7.100ocorrências.1 O número de 
registros analisados neste estudo é maior do que a estimativa da literatura, mesmo se 
considerarmos um percentual de subnotificações de óbitos por suicídio elevado. Soma-se a isso 
o fato de o CIATox/SC ser o único Centro de Referência em Toxicologia Clínica de Santa 
Catarina, com atendimento 24 horas por dia, e nos 37 anos de existência ter se consolidado 
como referência dos profissionais e população nos casos de intoxicação em geral. Portanto 
considera-se que os resultados aqui apresentados possam colaborar com o conhecimento sobre 
o objeto de estudo na população de referência. 
Uma outra limitação do estudo a não possibilidade do uso de todas as variáveis do banco 
original devido ao alto percentual de incompletude de diversas variáveis importantes para a 
caracterização do perfil dos pacientes e do evento. O CIATox/SC desenvolve seu trabalho, 
através da plataforma online DATATOX, o que é uma estratégia de qualificação de registro de 
dados importante. Porém, é fundamental o correto preenchimento de todas as variáveis da 
plataforma, pressupondo que tenham sido selecionadas por serem necessárias e importantes 
para o setor e para a tomada de decisão. 
18 
 
 
O aumento observado ao longo dos anos nos registros por tentativa de suicídio fazendo 
uso de medicamento e agrotóxicos pode em parte, ser justificado pela ampliação dos 
atendimentos do CIATox/SC, que foi na ordem de 95,0% quando comparamos 2014 e 2019. 
Porém o aumento do registro para esta circunstância superou em quase 60,0% a ampliação do 
serviço. Esse comportamento é condizente com os dados da literatura10,16-17 e os autores 
apontam como possíveis fatores explicativos o aumento da população,14 a alta prevalência de 
distúrbios psiquiátricos18 e a facilidade de acesso às substâncias.1 
O predomínio de ocorrências no gênero feminino corrobora os estudos da literatura com 
valores um pouco superiores aos encontrados por Liakoni E. et al.5 analisando dados de um 
serviço de referência em toxicologia na Suíça e Fleischmann A. et al.19 analisando países de 
baixa renda e aos encontrados na literatura brasileira todos variando em torno de 60,0%.10-20 
Acredita-se que os motivos que levam a esse predomínio é o fato de os homens serem mais 
efetivos em suas tentativas utilizando outras estratégias como o enforcamento e o uso de armas 
de fogo, ou mesmo substâncias mais tóxicas e letais.20 Um outro ponto refere-se ao 
comportamento dos profissionais apontado por Schurter D. et al.17 na Suíça, onde os médicos 
entravam mais em contato com o centro de intoxicações local quando eram casos envolvendo 
mulheres. Não há uma explicação plausível para esta observação os autores supõem que pelo 
fato de as mulheres ingerirem diferentes tipos de substâncias, o profissional necessite de um 
apoio e orientação para sua abordagem, recorrendo ao serviço de referência. No presente estudo 
o uso combinado foi opção mais frequente entre as mulheres, mas o número de substâncias 
usadas ao mesmo tempo praticado em maior percentual pelos homens. Observou-se que as 
tentativas de suicídio foram maiores, na faixa etária de 20-39 anos, também correspondendo ao 
encontrado na literatura.5,9,17,20-21 
O turno de maior exposição foi o noturno, com dados semelhantes aos encontrados em 
Schurter D et al.17 principalmente pelo fato de o período noturno estar, frequentemente, mais 
associado ao uso de drogas recreativas e álcool. O local de maior ocorrência das tentativas de 
suicídio foi a residência habitual, similar ao encontrado no boletim epidemiológico do MS.9 
Este alto índice pode ser explicado pela correlação entre tentativas de suicídio e desemprego, 
aposentadoria e condições psiquiátricas que limitam os pacientes ao convívio social 
pleno.19,22,23,24-25 No presente estudo não pudemos fazer tal comparação devido à ausência do 
registro dessas informações no banco de dados. 
19 
 
 
A zona urbana/periurbana predominou entre os casos de tentativa de suicídio, dados 
semelhantes aos encontrados no SINITOX26, possivelmente pelo fato de a concentração 
populacional do estado de Santa Catarina, ser maior nesta área, com mais acesso e 
conhecimento sobre o CIATox/SC. 
O predomínio de registros provenientes de serviços de saúde com suporte de urgência e 
emergência e solicitantes médicos e similar aos achados de Liakoni E. et al.5 Estes dados podem 
indicar que a sociedade conhece pouco o Centro de Informação e Assistência Toxicológica e 
suas funções uma vez que a maioria das intoxicações foram inicialmente classificadas como 
leves, mantendo-se com baixa gravidade e pouco percentual de internação, onde o paciente ou 
familiares poderiam receber orientações de manejo e cuidado antes de buscarem um serviço de 
saúde. Os registros nos casos de assintomáticos durante todo período podem ter sido feitos 
devido a exposição a agentes incomuns, ter garantia de que era aceitável dar alta aos pacientes 
ou como precaução quando se esperava que o paciente desenvolvesse sintomas. Estudos 
desenvolvidos na Suíça e no Brasil apresentam dados semelhantes. 5-27 
Todas as macrorregiões em saúde de Santa Catarina possuem taxas de registros por 
tentativas de suicídio acumuladas maiores que 150 por 100.000 habitantes no período estudado 
e as maiores na região da Grande Florianópolis, o que pode ser explicado em parte por ser essa 
a região de localização do CIATox/SC. Observou-se ainda aumento nas taxas de registro em 
todas as regiões entre 2014 e 2019 com destaque para o Vale do Itajaí, Planalto Norte e Nordeste 
e Foz do Itajaí. Refletindo o aumento nos atendimentos do CIATox/SC no período (95,0%). 
Os altos números de ingestas de substâncias em tentativas de suicídio poderiam ser 
evitados com maiores restrições ao acesso e a disponibilidade destes medicamentos, maior 
regulamentação das embalagens dessas substâncias e do maior apoio psicológico/psiquiátrico 
imediato e a longo prazo voltado para prevenção.1-19 
O predomínio dos medicamentos sobre os agrotóxicos é corroborado pela literatura 
explicado em parte pelo fato de a maior parte da população fazer parte da zona urbana e, 
portanto, ter menos acesso a meios agrícolas de produção e/ou agrotóxicos e maior acesso aos 
serviços de saúde e a medicamentos.9-26 Estudo anterior do CIATox/SC, demonstrou que os 
medicamentos ocupavam 56,0% e os agrotóxicos 34,0% de todas as tentativas de suicídio 
atendidas no serviço, entre 1994 e 2006.16 O alto número de ansiolíticos e antidepressivos nas 
tentativas de suicídio, parece refletir o aumento da prevalência de desordens mentais na 
20 
 
 
população, mas expõe um paradoxo, já que tais medicações deveriam ajudar nos sintomas e 
prevenir o evento. McCall WV et al.7 atribuem esse paradoxo ao uso incorreto das medicações, 
como por exemplo com associação com álcool, em dose superior à recomendada, se o paciente 
não adormece logo após a ingesta ou acorda algumas horas após a ingestão. Além disso a idade 
parece ser um fator determinante, quanto mais jovem o paciente usuário de antidepressivos, 
maior a chance de tentativa de suicídio. Outros fatores listados incluem a acatisia induzida por 
antidepressivos e transtornos de personalidade borderline, seja diretamente por meio do 
aumento da impulsividade ou por meio de efeitos paradoxais de drogas.7 
Apesar do baixo percentual de registros utilizando agrotóxico, cabe aqui ressaltar que 
os homens fizeram esta opção com maior frequência do que as mulheres assim como os mais 
jovens, similar ao Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a 
Agrotóxicos, houve importante aumento da liberação de agrotóxicos no Brasil nos últimos anos 
dado que pode influenciar os futuros registros com este agente. Em 2014, o glifosato foi o 
pesticida mais comercializado no Brasil, sendo o único agrotóxico encontrado dentre as dez 
principais substâncias de uso combinado e isolado no presente estudo.1021 
 
 
6 CONCLUSÃO 
 
 
O presente estudo identificou um aumento significativo dos registros ao longo dos anos, 
principalmente no último ano analisado, o que pode indicar um aumento real no número de 
tentativas de suicídio no estado de Santa Catarina e deve ser objeto de atenção no âmbito da 
saúde pública. 
Nas tentativas de suicídio por substâncias químicas há predomínio de mulheres, adultos 
jovens, uso de medicamentos no ambiente residencial em zonas urbana/periurbana. Esta 
caracterização é importante para direcionar as tomadas de decisões iniciais, mas, devendo-se 
atentar, para o sexo masculino, tendo em vista a possibilidade de pouca busca aos serviços e 
possível uso de medidas mais rápidas e efetivas. 
A alta porcentagem de substâncias medicamentosas nas tentativas, desperta um alerta 
sobre o possível uso inadvertido das medicações, prescrições inadequadas ou fácil acesso. Além 
disso, os agrotóxicos têm papel fundamental nos dados levantados mesmo com menor 
porcentagem em comparação com os medicamentos, principalmente a partir de 2015, ano em 
que a liberação de agrotóxicos no Brasil iniciou sua ascensão, saltando de 139 para 493 
substâncias liberadas pelo Ministério da Agricultura, muitos destes, proibidos no continente 
Europeu pelos seus efeitos extremamente tóxicos.28 As mudanças apresentadas podem 
modificar as estatísticas futuras aumentando consideravelmente o número de tentativas por 
agrotóxicos. 
Considera-se importante a introdução de políticas públicas voltadas para prevenção do 
suicídio, com coleta e sistematização de dados que possam orientar as melhores práticas. 
Destaque para estratégias de ampliação do acesso aos serviços de saúde, redução do estigma, 
maior restrição e controle do uso de substâncias como os medicamentos e agrotóxicos 
supracitados. Implantação de serviços de intervenção mediante crises, ampliação de centros 
toxicológicos nacionais e coleta unificada dos dados são urgentes e necessários. 
22 
 
 
7 REFERÊNCIAS 
 
 
1. World Health Organization. Preventing suicide: A global imperative; 2014. Available from: 
https://www.who.int/publications-detail-redirect/9789241564779. 
2. World Health Organization. Suicide in the world Global Health Estimate 2019; 2021. 
Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240026643 
3. Maple M, Cerel J, Sanford R, Pearce T, Jordan J. Is Exposure to Suicide Beyond Kin 
Associated with Risk for Suicidal Behavior? A Systematic Review of the Evidence. Suicide 
And Life-threatening Behavior. 2016 oct;47(4):461 – 474. Available from: 
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/sltb.12308. 
4. Gunnell D, Eddleston M, Phillips MR, Konradsen F. The global distribution of fatal pesticide 
self-poisoning: Systematic review. BMC Public Health [Internet]. 2007 Dec;7(1). Available 
from: http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-7-357 
5. Liakoni E, Berger F, Klukowska-Rtzler J, Kupferschmidt H, Haschke M, Exadaktylos AK. 
Characteristics of emergency department presentations requiring consultation of the national 
Poisons Information Centre. Swiss Med Wkly [Internet]. 2019 Dec 17; Available from: 
http://dx.doi.org/10.4414/smw.2019.20164 
6. Gummin DD, Mowry JB, Beuhler MC, Spyker DA, Brooks DE, Dibert KW, et al. 2019 
Annual Report of the American Association of Poison Control Centers’ National Poison Data 
System (NPDS): 37th Annual Report. Clinical Toxicology [Internet]. 2020 Dec 1;58(12):1360–
541. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/15563650.2020.1834219 
7. McCall WV, Benca RM, Rosenquist PB, Riley MA, McCloud L, Newman JC, et al. Hypnotic 
Medications and Suicide: Risk, Mechanisms, Mitigation, and the FDA. AJP [Internet]. 2017 
Jan;174(1):18–25. Available from: http://dx.doi.org/10.1176/appi.ajp.2016.16030336 
 
23 
 
 
8. OPAS/WHO. Folha informativa - Suicidio; 2018. Available from: 
https://www.paho.org/bra/index.php?option=comcontentview = articleid = 5671 : folha 
−informativa − suicidioItemid = 839. 
9. Brasil, Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico. 
Suicídio: tentativas e óbitos por intoxicação exógena no Brasil, 2007 a 2016. 2019/Julho; 50:1 
12. 
10. da Saúde M. Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a 
Agrotóxicos; 2018. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-
conteudo/publicacoes/publicacoessvs/agrotoxicos/relatorionacionalvigilanciapopulacoesexpos
tasagrotoxicos.pdf /view. 
11. Calear AL, Christensen H, Freeman A, Fenton K, Busby Grant J, van Spijker B, et al. A 
systematic review of psychosocial suicide prevention interventions for youth. Eur Child 
Adolesc Psychiatry [Internet]. 2015 Oct 15;25(5):467–82. Available from: 
http://dx.doi.org/10.1007/s00787-015-0783-4 
12. World Health Organization. Mental Health Services. Public health action for the prevention 
of suicide: a framework:1 22. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/75166. 
13. Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina. Quem Somos;. 
Available from: http://ciatox.sc.gov.br/ciatox-sc/. 
14. de Informática do Sistema único de Saúde (DATASUS) D. 2000 a 2020 – Estimativas 
preliminares elaboradas pelo Ministério da Saúde/SVS/DASNT/CGIAE;. Available from: 
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?popsvs/cnv/popbr.def. 
15. de Informática do Sistema único de Saúde (DATASUS) D. Sistema de Mortalidade (SIM);. 
Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10sc.def 
16. Damas FB, Zannin M, Serrano AÍ. Tentativas de suicídio com agentes tóxicos: análise 
estatística dos dados do CIT/SC (1994 a 2006). Revista Brasileira de Toxicologia. 2009;22(1-
2):21 – 26. Available from: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-586453 
17. Schurter D, Rauber-Lüthy C, Jahns M, Haberkern M, Kupferschmidt H, Exadaktylos A, et 
al. Factors that trigger emergency physicians to contact a poison centre: findings from a Swiss 
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-586453
24 
 
 
study. Postgrad Med J [Internet]. 2014 Jan 17;90(1061):139–43. Available from: 
http://dx.doi.org/10.1136/postgradmedj-2013-132242 
18. Kessler RC, Ormel J, Petukhova M, McLaughlin KA, Green JG, Russo LJ, et al. 
Development of Lifetime Comorbidity in the World Health Organization World Mental Health 
Surveys. Arch Gen Psychiatry [Internet]. 2011 Jan 3;68(1):90. Available from: 
http://dx.doi.org/10.1001/archgenpsychiatry.2010.180 
19. FLEISCHMANN A, BERTOLOTE JM, De LEO D, BOTEGA N, PHILLIPS M, SISASK 
M, et al. Characteristics of attempted suicides seen in emergency-care settings of general 
hospitals in eight low- and middle-income countries. Psychol Med [Internet]. 2005 Jul 
22;35(10):1467–74. Available from: http://dx.doi.org/10.1017/S0033291705005416 
20. Albuquerque PCC de, Gurgel IGD, Gurgel A do M, Augusto LG da S, Siqueira MT de. 
Health information systems and pesticide poisoning at Pernambuco. Rev bras epidemiol 
[Internet]. 2015 Sep;18(3):666–78. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1980-
5497201500030012 
21. Okuyama JHH, Galvão TF, Silva MT. Intoxicações e fatores associados ao óbito por 
agrotóxicos: estudo caso controle, Brasil, 2017. Rev bras epidemiol [Internet]. 2020;23. 
Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720200024 
22. Kessler RC, Ormel J, Petukhova M, McLaughlin KA, Green JG, Russo LJ, et al. 
Development of Lifetime Comorbidity in the World Health Organization World Mental Health 
Surveys. Arch Gen Psychiatry [Internet]. 2011 Jan 3;68(1):90. Available from: 
http://dx.doi.org/10.1001/archgenpsychiatry.2010.180 
23. Hubers AAM, Moaddine S, Peersmann SHM, Stijnen T, van Duijn E, van der Mast RC, et 
al. Suicidal ideation and subsequent completed suicide in both psychiatric and non-psychiatric 
populations: a meta-analysis. Epidemiol Psychiatr Sci [Internet]. 2016 Dec 19;27(2):186–98. 
Available from: http://dx.doi.org/10.1017/S204579601600104924. Castellví P, Miranda-Mendizábal A, Parés-Badell O, Almenara J, Alonso I, Blasco MJ, et 
al. Exposure to violence, a risk for suicide in youths and young adults. A meta-analysis of 
longitudinal studies. Acta Psychiatr Scand [Internet]. 2016 Dec 20;135(3):195–211. Available 
from: http://dx.doi.org/10.1111/acps.12679 
http://dx.doi.org/10.1001/archgenpsychiatry.2010.180
http://dx.doi.org/10.1017/S2045796016001049
http://dx.doi.org/10.1111/acps.12679
25 
 
 
25. Han B, Crosby AE, Ortega LAG, Parks SE, Compton WM, Gfroerer J. Suicidal ideation, 
suicide attempt, and occupations among employed adults aged 18–64years in the United States. 
Comprehensive Psychiatry [Internet]. 2016 Apr;66:176–86. Available from: 
http://dx.doi.org/10.1016/j.comppsych.2016.02.001 
26. SINITOX. Dados de intoxicação 2014-2017; 2020. Available from: 
https://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-deagentes-toxicos. 
 
27. Santos SA, Legay LF, Lovisi GM, Santos JF de C, Lima LA. Suicídios e tentativas de 
suicídios por intoxicação exógena no Rio de Janeiro: análise dos dados dos sistemas oficiais 
de informação em saúde, 2006-2008*. Rev bras epidemiol [Internet]. 2013 Jun;16(2):376–
87. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2013000200013 
 
28. e Abastecimento Ministério da Agricultura P. Registros concedidos - 2005 - 2021; 2021. 
Available from: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-
agropecuarios/insumosagricolas/agrotoxicos/informacoes-tecnicas. 
 
 
https://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-deagentes-toxicos
26 
 
 
ANEXO 1 PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP 
 
 
27 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
30 
 
 
ANEXO 2 MODELO DE FICHA DE ATENDIMENTO DA ABRACIT 
 
 
 
31

Mais conteúdos dessa disciplina