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Parte considerável do território do Brasil tem origem nas Eras Geológicas Arqueozoico e Proterozoico, subdivisões do Pré-Cambriano. No caso a estrutura geológica brasileira é antiga e em tais eras geológicas se formou 36% de nossa superfície terrestre nacional em rochas que abrigam enorme diversidade mineral. São rochas magmáticas ou metamórficas. Mais precisamente é em terrenos do proterozoico que há minerais metálicos, tais terrenos correspondem a 4% da superfície do território nacional. E no seio dessas estruturas rochosas que prospectamos minerais como ouro, diamante, prata, ferro, alumínio, manganês etc. Esses terrenos são chamados de Escudos Cristalinos. Figura 1. Mapa geológico Brasil. Como se pode ver no mapa em pelo menos 1/3 do Brasil há Escudos Cristalinos, não é por acaso que o Brasil é um dos mais importantes exportadores de minérios aos países industrializados. Outros países que dispõem de importantes reservas minerais são a Federação Russa, o Canadá, a Austrália, a China e os Estados Unidos, pois a grandeza territorial desses países propicia grandes concentrações minerais em seus subsolos. A produção de minério no Brasil tem importância significativa em nossa geração de riqueza, pois a mineração corresponde a 5% do Produto Interno Bruto (produto in natura) e pode chegar até ¼ de nosso PIB quando considerado no uso mineral em nossas atividades industriais. Ademais, o Brasil é quase autossuficiente em minérios, exceto alguns que importamos como cobre (Cu), enxofre (S) e mercúrio (Hg). A propósito, vale ressaltarmos a diferença entre mineral e minérios. Os minerais são elementos químicos ou compostos químicos inorgânicos. Há os minerais de hematita, bauxita, cassiterita etc. Os minérios são agregados de minerais, no caso o minério é rico em algum mineral. A história econômica do Brasil se confunde com nossa extração mineralógica, pois a importância da mineração em nossa história forçara a mudança de capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. E mais, o Estado brasileiro desenvolveu projetos de exploração de nossas riquezas em vários momentos de nossa história, a exemplo do Projeto Grande Carajás, a fim de prospecção, extração, exploração e exportação de ferro e alumínio. Observe o mapa das províncias minerais brasileiras: Figura 2. Mapa províncias minerais do Brasil. Observa-se no mapa acima os enclaves minerais brasileiros e sua sobreposição aos Escudos Cristalinos. No estado de Roraima, fronteira com a Venezuela, há uma das maiores reservas de diamantes do mundo. Além de ser uma região aurífera. Hoje, sobrepõe-se aos enclaves minerais roraimenses algumas reservas indígenas. As demarcações de tais reservas levaram a sociedade brasileira, em especial setores das Forças Armadas, notadamente do Exército, a questionarem a Segurança Nacional e a segurança de tais reservas indígenas por se tratar de região fronteiriça. Figura 3. Mapa Roraima, reservas indígenas. Fonte: Folha de Boa Vista A correlação entre riqueza mineral e delimitação de terras indígenas levanta suspeitas quanto ao real interesse de grandes reservas indígenas em território brasileiro. Outrossim, as recentes investidas da Venezuela contra a Guiana denotam as pretensões territoriais nada diplomáticas do gigante petrolífero da América do Sul. A região Norte do Brasil apresenta importantes regiões de extração mineral, destaque-se a serra Pelada e a serra dos Carajás, no sudeste do Pará, e em tal estado há importantes províncias minerais como os vales dos rios Trombetas e Tapajós. A região de serra Pelada, sudeste do Pará, a 100km leste de Carajás, localiza- se no município de Curionópolis. Ficou conhecida historicamente por sua grande e importante garimpagem nas décadas de 1970 e 1980, a qual exerceu forte atração de trabalhadores pelo ouro local, hoje a região abriga enorme lagoa que foi preenchida por água na década de 1990. O objetivo do governo, ao inundar a região, foi acabar com o mito da presença de ouro local para que a região não atraísse mais garimpeiros. Estima-se que extraíram 30 toneladas de ouro da serra Pelada, pois literalmente arrancaram a serra dali com as unhas. Nessa região a garimpagem se deu em áreas de aluvião e em rochas primárias, foi o maior garimpo a céu aberto do mundo. As fotos de Sebastião Salgado são incríveis, feita na região em seu momento mais alto de exploração. O que vemos nas fotos de Sebastião Salgado são garimpeiros empilhados uns sobre os outros em busca por sua pepita de ouro. Figura 4. Foto: Sebastião Salgado. Fonte: Google Fotos. O Projeto Grande Carajás Na região sudeste do estado do Pará, há a maior reserva polimineral do mundo, conhecida como anomalia geológica, trata-se da reserva Carajás. Localiza-se a 600km de Belém (PA) e o núcleo urbano mais importante na região é Marabá (PA). A infraestrutura construída para exploração mineral na região abrangeu três estados da Federação e obras de grande porte, obras chamadas pelos críticos de faraônicas. O projeto teve início efetivo em 1982, sob o governo do ex-presidente João Batista Figueiredo, e tocado pela então Companhia Vale do Rio Doce, à época uma empresa estatal. Apesar disso, entretanto, projetos de exploração mineral na região começa ainda na década de 1960 quando a empresa United States Steel – empresa americana – atuava na região. O projeto é regional e se estende pelos estados de Tocantins, do Pará e do Maranhão, em seu limite há rios importantíssimos como o Araguaia e o Tocantins, além do rio Xingu. Envolveu o Projeto Carajás a construção, por parte do Estado brasileiro, de uma usina hidroelétrica, uma ferrovia e um porto. A infraestrutura construída na região segue a lógica dos governos militares de tentativas de integração do território nacional, apesar do projeto em Carajás ter priorizado a exportação mineralógica. O rio Tocantins, no Pará, que é importante veia de drenagem hídrica, foi fortemente aproveitado, pois no rio se construiu – entre os anos de 1974 e 1984 – a terceira maior Usina Hidroelétrica do Brasil. Isto pois, a Usina de Itaipu, com capacidade instalada de 14 000 MW, é binacional, já a Usina de Tucuruí, localizada a 300 quilômetros de Belém, é totalmente brasileira e sua capacidade é de 8 370 MW. Fica atrás apenas da recente Usina de Belo Monte (PA), construída no rio Xingu. Além da usina foi construída a Ferrovia de Carajás, cuja extensão é de 892 km desde o Pará e as regiões de extração mineral até o porto de Itaqui no estado do Maranhão. Tal Estrada de Ferro é hoje um dos mais importantes corredores de exportação do Brasil, por essa via o país exporta mais de 100 milhões de toneladas de ferro por ano, além de manganês e cobre em menores quantidades. O Brasil exporta minérios ao Japão e à China de tal reserva. Figura 5. Grande Carajás. A leitura do mapa acima nos evidencia o caráter fortemente exportador da riqueza natural brasileira. Carajás é a segunda maior região produtora de minério de ferro do Brasil, fica atrás da produção em Minas Gerais, mas é a mais importante região produtora de manganês. O mapa destaca – além da mineração em Carajás, onde se explora ferro, níquel, bauxita manganês e cobre – a produção e exportação de alumínio da região Norte, tal produto é extraído do vale do rio Trombetas, no município de Oriximiná. No ano de 1974 se desenvolveu o Projeto Trombetas com a finalidade de construção de infraestrutura para acomodar trabalhadores da exploração mineral local, mais precisamente da serra de Saracá. Outrossim, há escoamento via ferrovia de bauxita até a o porto de Trombetas, para finalmente, seguir viagem pelo rio Trombetas que deságua no rio Amazonas. Explora-se bauxita na região, tal mineral é a matéria-prima para produção de alumínio que é exportado, em sua maior parte, aos Estados Unidos, ao Japão e a países da Europa. É a Ciade Mineração do Rio Norte (MRN) a principal empresa que atua na região. Por fim, o minério abastece os projetos em São Luís de empresas como a ALBRÁS e ALUNORTE. O estado do Pará é o maior produtor de bauxita do Brasil. Destaca-se que a Cia Vale do Rio Doce é a grande empresa por trás da mineração no Brasil. Fundada no governo de Getúlio Vargas, mas privatizada em 1997. Veja a imagem de satélite da região de Carajás, no Pará: Figura 6. Serra dos Carajás. Fonte: NASA. Maciço do Urucum – MS Localizado na região oeste do estado do Mato Grosso do Sul é onde aflora o Maciço Urucum, importante reserva mineral do Brasil com grande concentração de manganês (Mn). Situa-se no município de Corumbá, na proximidade com a fronteira do Brasil com a Bolívia e às margens do rio Paraguai, em meio ao Pantanal Matogrossense. Apesar da reserva se localizar distante dos principais centros consumidores do Sudeste do país, sua posição geográfica pode ser estratégia à exportação, pois o minério, sobretudo o manganês, é escoado pela bacia Paraguai – importante afluente da Bacia da Platina – que desagua no Atlântico via portos de Buenos Aires, na Argentina, e de Montevidéu, no Uruguai. Figura 7. Bacia do Rio da Prata. A região meridional da América do Sul é extremamente importante economicamente, especialmente por causa da integração natural que há na Bacia do Prata. Um dos fatores que impulsionam a formação do Mercosul é justamente a Bacia do Prata. Pela Bacia do Prata, também conhecida como Bacia Platina, o Brasil exporta à Ásia e aos Estados Unidos consideráveis quantidades de minério anualmente. Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais. O mais importante enclave mineral brasileiro, não só pela importância econômica voltada à exportação, mas por abastecer o mercado interno. A posição geográfica do Quadrilátero Ferrífero é fundamental para economia do Sudeste e seus importantes parques industriais no triângulo Rio-São Paulo- Minas. A região mineradora do Quadrilátero Ferrífero tem seus limites nas cidades de Belo Horizonte, Congonhas, Santa Bárbara, Mariana e Ouro Preto, conforme se pode observar no mapa abaixo. Outrossim, a região dispõe de aproximadamente 7 mil km2 e está inserida dentro de 4 serras que a circunscreve. No caso, a serra de Ouro Branco ao sul, a serra da Caraça a leste, serra do Curral ao norte e serra da Moeda a oeste. Na região do Quadrilátero Ferrífero se produz aproximadamente 60% de todo minério de ferro brasileiro, destacam-se ainda os minérios de ouro, que é extraído no seio das rochas, e do minério de manganês. Foi nessa cercania que floresceu o Ciclo do Ouro nacional que atraiu milhares de brasileiros para o interior do Brasil em nossa fase aurífera no contexto do Brasil Colônia. O resultado da mineração do Brasil colonial são as belíssimas cidades de São João del-Rei, Mariana, Ouro Preto e Congonhas e seu barroco esplendoroso. Figura 8. Quadrilátero Ferrífero. Há significativa infraestrutura para o abastecimento do mercado interno e para exportação do minério mineiro. A Estrada de Ferro Vitória-Minas é importante corredor de exportação. Em Vitória, capital do Espírito Santo, há o movimentado porto de Tubarão que faz a ligação entre Minas e o mercado externo. Além disso, em Vitória há importante indústria siderúrgica que é abastecida com minério oriundo do Quadrilátero Ferrífero. Tanto a ferrovia, bem como o porto são propriedades da Cia Vale do Rio Doce. Hoje a empresa é chamada apenas de VALE. As companhias siderúrgicas do Sudeste são abastecidas por minério a fim de produzirem aço ao parque industrial da região. Usiminas (MG), Cia Siderúrgica Nacional, a CSN (RJ) e Cosipa (SP) são importantes indústrias produtoras de aço e localizadas em locais específicos e estratégicos para abastecer a economia local. O escoamento de minério ocorre também pela antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, que parte de Belo Horizonte, até o Rio de Janeiro. Manganês no Brasil O Brasil tem grandes reservas de manganês no Maciço Urucum, em Carajás e no Quadrilátero Ferrífero, de modo, inclusive, que possuímos a terceira maior reserva mundial desse minério. Ficam à frente do Brasil, a África do Sul e a Austrália. Uma das regiões de maior importância para o manganês no Brasil se deu na Serra do Navio, em município homônimo, no estado do Amapá. A produção de manganês na região ocorreu desde 1953 com a Indústria de Comércio de Minérios, a empresa nacional Icomi, junto a conglomerados estrangeiros. A Icomi atuou na produção mineral até 1997, quando encerrou suas atividades na região. O encerramento das atividades minerais no Amapá ocorreu porque se exauriram as reservas minerais locais. No caso, a mineração e seu fim na Serra do Navio, no Amapá, é bastante controversa e desperta muitas críticas, pois se explorou manganês na região basicamente até à exaustão das reservas, sobrou, lamentavelmente, o vazio no seio das rochas e os impactos ambientais. Na infraestrutura local a Icomi construiu a ferrovia (Estrada de Ferro do Amapá) dedes a serra do Navio até o porto Santana, aprofundou a capacidade portuária e construiu a Usina Hidroelétrica de Coaracy Nunes. Urânio no Brasil O Brasil tem duas Usinas Nucleares que abastecem pelo menos 30% de energia elétrica o estado do Rio de Janeiro. A fonte energética em tais usinas é o urânio, urânio prospectado e produzido em solo nacional. Nossa produção de urânio começara na reserva de Poços de Caldas, em Minas Gerais, em 1982 e se estendeu até 1995 quando se exauriu a reserva. No ano 2000, voltamos a produzir urânio em nosso país, mas dessa vez na reserva que se exauriu em 2015 em solo baiano na reserva de Caetité. As reservas de urânio no Brasil figuram entre as dez maiores do mundo e, curiosamente, nosso país fez a varredura de apenas 1/3 de nossa estrutura rochosa a fim de mensurar tais riquezas no solo nacional. Ou seja, a potencialidade do Brasil ter as maiores reservas de urânio do mundo são grandes diante do não conhecimento pleno de nosso território. Os países que têm maiores quantidades de urânio são, segundo a World Nuclear Association, a Austrália, o Cazaquistão, o Canadá, a Rússia, a Namíbia, a África do Sul, a China e Níger. As reservas mais promissoras de urânio no Brasil estão em Santa Quitéria (CE), onde há a presença de fosfato em grandes quantidades. Além do Ceará, as reservas de Caetité na Bahia, Figueira no Paraná e Pitinga no Amazonas. Veja no mapa abaixo: Figura 9. Reservas de urânio no Brasil. Fonte: Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Nióbio no Brasil O Brasil concentra pelo menos 90% desse minério. A cidade de Araxá, em Minas Gerais, é onde encontramos a maior reserva desse produto. O nióbio é utilizado para fabricação de aço e ligas leves e altamente resistente à alta temperatura e pressão, de modo que é utilizado na fabricação de turbinas de aeronaves, motores e materiais de propulsão. Em Araxá há produção de fosfato, que é produzido pela Vale Fertilizantes S.A., e nióbio, cuja empresa produtora é a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração. Outro estado brasileiro que concentra quantidades consideráveis de nióbio é Goiás. Apesar da produção em Goiás, a mineração em Araxá (MG) representa ao em torno de 3/5 da produção mundial de nióbio. Além de nióbio, sua exploração envolve a produção de materiais radioativos, terras raras, cloro e bário. Os principais consumidores de nióbio são os Estados Unidos, a China, o Japão e países da União Européia. Cassiterita. O estanho em Rondônia O Brasil dispõe de grandes quantidades de estanho. Esse produto se concentra no estado da Amazônia Ocidental, Rondônia. Sal – Rio Grande do Norte A maior produção salina no Brasil ocorre no litoral do Rio Grande do Norte. Impactos Ambientais. Os impactos ambientais associados à prospecção de minérios são variados e têm escalas variáveis,mas os mais comuns são: - Desmatamento; - Perda da Biodiversidade; - Contaminação de Lenções Freáticos, Ricos e Corpos Hídricos.
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