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1 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S 2 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S 3 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino Revisão Ortográfica: Mariana Moreira de Carvalho PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S 6 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professores: Klenio Farias Lisiane Lucena Bezerra 7 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S O presente material tem por finalidade elencar o manejo popu- lacional de animais domésticos, com ênfase sobre o entendimento dos benefícios decorrentes da população desses animais, e seus proble- mas. Serão mostrados os aspectos técnicos e operacionais do manejo de cães e gatos, observando o processo de proteção, identificação e controle desses animais domésticos, contribuindo para a capacitação dos profissionais dessa área. A ênfase desse curso é capacitar para a implantação de ações efetivas de controle populacional de cães e gatos, de acordo com preceitos técnicos e éticos, com foco no manejo etológico e sem violência, que considera o comportamento natural da espécie alvo e promovendo assim seu bem-estar. O desafio na área de manejo e controle populacional de cães e gatos é a implantação de programa com foco na promoção da saúde e prevenção de agra- vos e doenças, considerando a proteção, identificação, recolhimento e guardas desses animais visando seu bem-estar, preservação do meio ambiente (Unidades de Conservação), repercutindo, dessa forma, na qualidade de vida da população. Manejo Proteção. Identificação. Recolhimento. 9 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 CÃES E GATOS NA COMUNIDADE Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 12 36 19 Benefícios e Problemas Decorrentes da População de Animais Domésticos ___________________________________________________ Manejo de Cães em Unidades de Conservação __________________ Aspectos Técnicos e Operacionais do Manejo de Cães e Gatos ____ CAPÍTULO 02 PROTEÇÃO, IDENTIFICAÇÃO, CONTROLE E MANEJO Proteção, Identificação e Controle de Animais de Rua ___________ 29 25Recapitulando ________________________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 42 CAPÍTULO 03 RECOLHIMENTO, TRANSPORTE E GUARDA DE ANIMAIS Recolhimento e Transporte de Animais ________________________ 46 A Guarda de Animais em Unidades Municipais __________________ 51 Recapitulando ________________________________________________ 61 Considerações Finais __________________________________________ 66 10 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Fechando a Unidade ____________________________________________ 67 Referências _____________________________________________________ 70 11 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Atualmente, nas cidades, estabeleceu-se uma fauna urbana composta por muitas espécies de animais, principalmente cães e gatos, que se adaptaram a este ambiente por diversos fatores para aprovei- tar, por exemplo, o desperdício de alimentos e do lixo produzidos pela população, a ausência de predadores, a abundância de abrigos, a con- vivência amigável com os humanos, e até para terapias, principalmente com crianças e idosos. Essas e demais condições contribuem para a permanência desses animais nos centros urbanos, como também o aumento da po- pulação, uma vez que medicina preventiva, a saúde pública, o controle de zoonoses, o comportamento e bem-estar animal, o manejo popula- cional canino e felino, a bioética, o gerenciamento de recursos huma- nos, são assuntos de ampla importância para a população. Dessa forma, os desafios do diálogo humano com animais do- mésticos, especialmente cães e gatos, em área urbana são inúmeros, onde acontecem muitas questões como barulhos e sujidades, atropela- mentos, doenças (zoonoses) e os agravos decorrentesde mordeduras. Além disso, cães e gatos vivendo nas ruas convivem diariamente com a fome e agressões, e não desfrutam de ocasião de segurança. Esses fatores somados ao manejo de cães e gatos contribuem, para que, quanto antes, sejam implementados planos de ação, contri- buindo assim, para o aperfeiçoamento da relação entre as pessoas, o poder público e as populações de cães e gatos nas comunidades urba- nas brasileiras. 12 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S BENEFÍCIOS E PROBLEMAS DECORRENTES DA POPULAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS Os animais de estimação representam uma parcela bem signi- ficativa de espécies introduzidas no campo das relações humanas, pois são mantidos nas residências ou em seu meio ambiente, sendo o maior contingente de novos agregados aos grupos comunitários. O universo de animais de estimação varia em cada país e continente, e dentre es- ses animais, geralmente cães e gatos são os mais populares. CÃES E GATOS NA COMUNIDADE M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S 12 13 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 1 – Animais de estimação mais populares Fonte: UOL (2016). Dados do Gedef (2017), mostram que existem cerca de 700 milhões de cães no mundo, e só no Brasil, possui 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos domiciliados e distribuídos pelos 27 estados. Cerca de 44,3% dos lares brasileiros, existe pelo menos um cão e, em 17,7% dos domicílios, há pelos menos um gato. (IBGE 2015). Figura 2 - Quantidade de cães e gatos distribuídos pelo Brasil Fonte: GEDEF (2017). Conforme a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), mais de 70% desses animais são bem cuidados e possui um tutor, porém em muitas comunidades, os animais vivem soltos. Ainda assim, os que já tiveram um tutor e foram abandonados nas ruas, têm grande dificuldade de encontrar alimentação, restos de comida, por isso, na maioria das vezes, eles são encontrados desnutridos, com a saúde debilitada, além de problemas físicos e psicológicos. Os animais de estimação estão influenciando no estilo de vida das pessoas. Essa tendência pode ser observada no mercado de produ- tos e serviços para esses animais, pois cães e gatos trazem muitos bene- fícios para a sociedade. Além de ambos servirem de companhia, os cães podem ser treinados para identificar doenças em seres humanos, guiar pessoas com deficiências visuais (Figura 3) e proteger fazendas e casas. 14 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 3 - Cães-guia são capazes de melhorar a qualidade de vida de porta- dores de deficiência visual Fonte: Mundo Educação (2019). Os seres humanos possuem diversos motivos para conviver e se relacionar com os animais, pois as interações com eles fornecem be- nefícios para a saúde física e psicológica das pessoas. Existem vários estudos sobre essa interação, mostrando que ela é capaz de reduzir o estresse, combater a depressão e a obesidade, diminuir a pressão san- guínea, prevenir doenças cardíacas, e diminuir os gastos com a saúde. Sendo assim, a convivência com os animais de estimação tem sido indicada para promover o desenvolvimento das crianças, o bem- -estar de idosos e até mesmo terapias. Inclusive há estímulos para a presença desses animais nos locais de trabalho. Para LAGES (2009) “esses animais de companhia são facilitadores do contato social entre as pessoas, uma vez que os cães, por exemplo, promovem interação e diálogo entre estranhos, aproximam as pessoas, e facilita o estabeleci- mento de laços de confiança entre as pessoas, trazendo dessa relação diversos benefícios econômicos.”. Figura 4 - Terapia com cães ajuda no tratamento de crianças Fonte: G1 (2019). COSTA (2006) cita que “Os animais de companhia proporcio- 15 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S nam significativa melhoria na qualidade de vida das pessoas, aumentan- do estados de felicidade, reduzindo sentimentos de solidão e melhorando as funções físicas e a saúde emocional”. A vida das pessoas idosas é frequentemente desorganizada por perdas e mudanças e, nesses casos, animais de companhia podem aliviar os efeitos das perdas e trazer con- forto nos momentos estressantes de transição, como a aposentadoria. Do mesmo modo que as pessoas são beneficiadas pela intera- ção com os animais, estes também o são pelo ser humano. Os efeitos positivos dessa interação incluem aspectos psicológicos e fisiológicos. Segundo SUTHERS-MCCABE (2001), “Animais de estimação são com- panhias íntimas que não oferecem competição e podem ser amados sem o medo da rejeição”. Eles inspiram humor e brincadeira e promo- vem experiências estimulantes. Em pessoas idosas, a autoestima pode ser aumentada ou restaurada pelo sentimento de que os animais que eles cuidam os amam em troca. Dessa forma, influencia positivamente a saúde das pessoas como um todo, principalmente as pessoas idosas, pois eles acabam funcionando como um ‘lubrificante social’, já que sua presença labora como estímulo à conversa com outras pessoas. Figura 5 - Troca de carinho entre cães e idosos Fonte: G1 (2019). Os animais de estimação podem prover conforto, intimidade e a chance de cuidar de outro ser, para as pessoas que não têm mais liga- ções íntimas com outras pessoas em suas vidas. Os animais domésticos podem fornecer aos idosos que participam do seu cuidado um incremen- to no senso de interesse, responsabilidade, orgulho e propósito de viver. Segundo relato de VINING (2003), “muitos mecanismos têm sido propostos para explicar a natureza da relação homem animal de estimação: animais oferecem conforto, companhia e suporte social, são facilitadores sociais, reforçam o orgulho próprio das pessoas através do que é percebido como amor incondicional do animal e ajudam os huma- 16 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S nos a desenvolverem o senso de autoestima.”. Os homens são seres sociais e apelam pela propensão de in- teragir socialmente, já os animais ajudam a remediar desordens psico- lógicas e fisiológicas e prolongar nossas vidas, auxiliando, por exemplo, os homens a conectar-se com a natureza. (COSTA, 2006). Para GEDEF (2017), p. 34: A maioria dos problemas comportamentais relacionados aos animais de es- timação advém de um tratamento irresponsável dispensado pelos proprietá- rios. Concentrações elevadas em um mesmo ambiente, confinamento, e o livre acesso às ruas, contribuem para o aumento da agressividade. Agravos, como por exemplo, mordedura e arranhadura, não só aumentam os riscos de contrair uma zoonose, como podem deixar a ví- tima com sequelas psicológicas, principalmente se o ataque acontecer durante a infância. Figura 6 - Cães confinados em local sem higiene e sem luz do sol Fonte: G1 (2016). Segundo PALACIO et al., (2007), p. 32: Apesar da incidência da agressão felina ser menor do que a da canina, aque- la também tem grande repercussão na saúde pública. Associadas a agres- são felina estão, dentre outras, duas enfermidades importantes: a doença da arranhadura do gato e a raiva. A agressão felina é, na maioria das vezes, reflexo da não manutenção do bem-estar animal. Diante dos inúmeros benefícios, os perigos associados à es- treita convivência com os animais de estimação não podem ser menos- prezados. Problemas que são comumente associados aos cães e gatos são as zoonoses, a poluição ambiental, os agravos e o abandono. No Brasil, por exemplo, a deterioração da qualidade de vida ocorrida em certas comunidades humanas levou a hábitos inadequados 17 M A N E JO P O P U LA C IO N A LD E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S de manutenção desses animais, dessa maneira a procriação descontro- lada e a não previsão do destino das crias constituem graves problemas nas pequenas e grandes cidades, uma vez que podem acarretar a acú- mulo de animais nas ruas. (FRIAS et al., 2007). Figura 7 - Animais na rua Fonte: G1 (2019). Somado a isto, a relação do ser humano com o animal não veio acompanhada da conscientização de uma posse responsável (NUNES, 2008). Nesse contexto, as ocorrências dos agravos e das doenças zoo- nóticas revestem-se de grande importância. Estudos científicos apontam que os animais de companhia pro- porcionam efeitos positivos à saúde e ao bem-estar humano. No entan- to, os cães e os gatos também podem trazer problemas para as comu- nidades, principalmente quando estão soltos nas ruas. Sendo eles: Transmissão de Doenças (Zoonoses) A transmissão de doenças pode ser tanto para outros animais quanto para os seres humanos. Já o termo “Zoonose”, COSTA (2006) define como “aquelas doenças e infecções naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e o homem”. “A maioria das zoonoses está relacionada com intervenções inadequadas no meio ambiente e passam a incidir nas populações ani- mais, principalmente os animais domésticos, e na população humana, especialmente crianças, idosos e gestantes.” (LAJES, 2009) Estima-se que o número de doenças zoonóticas esteja entre 150 e 200, mas sabe-se que apenas 35 agentes de doenças zoonóticas podem afetar animais e, subsequentemente, humanos pela convivência entre eles. O incremento relativo na incidência de zoonoses recentemente parece ser resultado tanto da evolução das técnicas de diagnóstico la- 18 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S boratoriais, quanto do crescimento das populações humanas e animal, aumentando as chances de interação. “O risco de contrair zoonoses pode ser maior em outras fontes que nos animais de estimação, ainda assim, estes podem transmitir ao ser hu- mano diverso agente infeccioso como vírus, bactérias, fungos e parasitas. Cães e gatos podem abrigar de 30 a 40 agentes zoonóticos, transmitidos por diversas vias. (GRANT & OLSEN, 1999; WESTGARTH et al. 2007).” Mordeduras, Arranhões e Ataques As mordeduras, arranhões e ataques podem causar traumas tanto físicos quanto mental às pessoas atingidas, gerar gastos financei- ros para a família ou para o governo, além de transmitir doenças. Dentre as vias de transmissão de zoonoses, estão a mordedura e a arranhadura. A mordedura leva a elevada morbidade e é responsável, em várias partes do mundo, pela mortalidade humana. Segundo GEFFREY & PARIS (2001), “3% a 18% das mordeduras de cães e 28% a 80% das mordeduras de gatos geram infecções por agentes como estreptococos, pasteurelas, pseudomonas, corinebactérias, moxarelas, dentre outros”. Como exemplo, da doença da arranhadura do gato Albuquer- que et al., (2002), p. 23 cita que é uma: Enfermidade causada pela bactéria Bartonella henselae, que é albergada na cavidade oral do animal, sendo passada aos pelos e garras durante o asseio, com incidência de 10 casos por cem mil habitantes por ano nos EUA, represen- tando no mesmo, a causa mais comum de linfoadenopatia crônica na infância. Incômodo Sonoro e Contaminação ambiental O barulho que os animais, gatos e cães fazem durante as bri- gas e durante a procura por comida, ocasiona sujeira e problemas sa- nitários, pois rasgam sacos e reviram lixeiras, e, gera também barulho incômodo e contaminação ambiental. Baixo Grau de Bem-estar Animal O baixo grau de bem-estar animal pode ser ocasionado por crueldade e maus-tratos contra cães e gatos, devido à percepção ne- gativa que os humanos têm em relação a esses animais, bem como a eliminação cruel e ineficiente desses seres. 19 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Aumento no Número de Acidentes de Trânsito A presença de animais domésticos em vias públicas pode cau- sar acidentes, que, por sua vez, ocasionam perdas financeiras para governos, concessionárias e donos de veículos, além de gerarem um impacto negativo na percepção de turistas e visitantes. Efeitos Negativos para o Poder Público e Turismo Aumento dos gastos públicos associados ao manejo de popu- lações caninas e felinas, tratamento de zoonoses, remoção de cadáve- res, proteção da vida selvagem e prejuízo ao turismo. Desastres Naturais ou Desocupações Eventualmente, cães e gatos soltos também estão presentes em áreas que passaram por desastres naturais ou desocupações, onde as pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas e seus animais. Nessas circunstâncias, os animais soltos necessitam ser manejados. ASPECTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS DO MANEJO DE CÃES E GATOS A sociedade deve reconhecer e incluir em políticas públicas ações que viabilizem a segurança e o bem-estar dos animais, incluindo os seres humanos e o ambiente natural (American Veterinary Medical Association, 2016). A existência de leis específicas para o manejo populacional não pode se manter apenas como um norteador dessas ações, mas sim um instrumento viável e factível dentro das realidades regionais e locais, em diferentes núcleos comuns entre cães e gatos e humanos no país. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as atividades isoladas de recolhimento e eliminação de cães e gatos não são efetivas para o controle da população. Assim sendo, é indispen- sável que todo programa seja amplo, e atue nas principais causas do problema do excesso populacional. O manejo das populações de animais e o controle de zoonoses devem ser contemplados em programas ou políticas públicas em todos os municípios. A implantação de um programa de manejo de população 20 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S animal, além da alocação de recursos financeiros, técnicos e humanos, exige planejamento que englobe diagnóstico situacional, ações preven- tivas e corretivas, monitoramento, avaliação e dedicação permanente. Para os gestores municipais, são grandes desafios: o planeja- mento e execução de ações de manejo das populações de cães e gatos em áreas urbanas, pois ações desta natureza são necessárias na tentativa de minimizar os inúmeros problemas devido ao elevado número de animais observados em vias públicas sem supervisão de um responsável ou tutor. Vale salientar que os cães e gatos visualizados em vias públicas, podem ser enquadrados como animais que possuem um responsável que os deixa com livre acesso à rua, que possuem mantenedores com forte vínculo com animais e animais em abandono. Dessa forma, para que as propostas de manejo e controle das populações de cães e gatos sejam efetivas, e necessárias o envolvimento de diversos atores sociais, sendo eles: os criadores de animais, os responsáveis por cães e gatos, os zootecnistas, os médicos veterinários e sociedade como um todo. No Brasil, as atividades de manejo de populações de cães e gatos realizadas tem por objetivo o controle de zoonoses de relevân- cia, como a raiva e a leishmaniose. Entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005), não existe evidência que a remoção de cães isoladamente tenha apresentado algum impacto significativo na população canina ou na disseminação da raiva. No entanto, são reconhecidos três métodos para o manejo da po- pulação canina: restrição da movimentação, controle do habitat e controle reprodutivo. Sendo assim, a lógica é reduzir o fluxo da população canina e o número de cães suscetíveis à raiva, através de castração e vacinação. Figura 8 - Cartaz da campanha de vacinação de cães e gatos, realizada pela Secretaria de Saúde de Goiás em 2012 21 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A ISD O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Blog da USP (2014). Diante disso, é necessário implementar um programa de ma- nejo das populações de cães e gatos, estabelecendo um planejamento na alocação de recursos financeiros e humanos, e na elaboração de um plano de ação que englobe a realização conforme a imagem a seguir. Figura 9 - Elaboração de Plano de Ação Fonte: Adaptado de CRMV – PR (2011). Em se tratando de plano de ação, o Boletim Epidemiológico Paulista, 2009 (BEPA) elencou um roteiro a ser seguido, que foi estabe- lecido pelo Programa de Controle de Populações de Cães e Gatos de São Paulo, citando a estruturação dos programas e políticas públicas devem ser geridas pelo poder público. Também é preciso incluir atividades no Plano Plurianual da Gestão Municipal, implantar programa de registro e identificação de ani- mais conforme a Portaria nº 1.172/2004 do Ministério da Saúde como também realizar educação continuada humanitária e sensibilizante em guarda responsável. É de grande importância que sejam executados programas permanentes de controle reprodutivo de cães e gatos, realizar ações de 22 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S recolhimento seletivo de cães e gatos e realizar ações para prática dos 4R’s em relação a animais abandonados. Quanto ao controle reprodutivo da população canina e felina de- vem-se levar em consideração alguns fatores, pois a muito tempo o contro- le reprodutivo nesses animais tem sido considerado um dos métodos para reduzir o tamanho da população. Estudos têm sido feito com relação ao controle da reprodução desses animais, entretanto, mostraram resultados bem divergentes nessa questão, pois enquanto alguns estudos relatam uma redução, outros evidenciam a manutenção do tamanho da população. Na atualidade, algumas evidências sugerem que o comporta- mento da comunidade ou dos proprietários regule o tamanho da popula- ção local, e diante disso, o tamanho da população pode causar mudan- ça de atitudes relacionadas à guarda dos animais. Caso seja implantada a esterilização de cães em massa, deve levar em conta critérios populacionais específico e atitudes locais relati- vas aos animais. Essa esterilização pode ser usada em caso específico, como forma para lidar com comportamento problemático. Como exem- plos: a agressividade durante o período reprodutivo ou propensão de cães específicos a perambular. Apesar de a esterilização nem sempre diminuir esses comportamentos. O controle reprodutivo também pode abordar problemas relacio- nados ao bem-estar, como o descarte e sacrifício de filhotes indesejados. Dentre os diversos métodos de controle reprodutivo existentes, a esteriliza- ção cirúrgica de cães machos e fêmeas é uma das opções mais confiáveis. Nas esterilizações cirúrgicas devem ser sempre conduzidas por um profissional veterinário treinado. E em específico, para preser- var o bem-estar animal são necessárias boas técnicas de assepsia e controle da dor durante e após do procedimento. Figura – 10: Benefícios do Controle Reprodutivo de Cães 23 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Fonte: World Animal Protection (2019). Com relação à realização de ações de recolhimento seletivo de cães e gatos, devem-se considerar alguns pontos. E, nesse caso, um dos primeiros passos seria estabelecer um programa bem-sucedido e sustentável, delineando claramente o problema específico e identifican- do os atores envolvidos. Os fatores que influenciam os problemas devem ser avaliados e entendidos, uma vez que algumas tentativas mal-sucedidas de pro- gramas de manejo de cães focam em ‘sintomas’ da população canina e felina, e um dos sintomas poderia ser o problema visível de haver cães em excesso nas ruas. Isso pode resultar em matança, esterilização ou recolhimento em canis, deixando de atender as causas do problema. Por exemplo, os proprietários podem permitir que seus cães andem livremente por ques- tões culturais ou locais, e podem não ter condições de pagar por cercas ou alguma outra forma de conter seus cães que respeite seu bem-estar. Outro ponto importante seria realizar ações para prática dos 4R’s em relação a animais abandonados. Abandono de animais é frequente no Brasil e em toda a América Latina, acarretando uma série de consequên- cias decorrentes da sua presença em locais públicos, sem qualquer tipo de supervisão, restrição e cuidados veterinários. Além disso, o abandono de animais é considerado uma ameaça potencial nas áreas de saúde pública devido às zoonoses, social, desconforto com relação ao compor- tamento animal, ecológico, principalmente, no que se refere ao impacto ambiental e econômico custos com a estratégia de controle populacional. As consequências econômicas derivadas da presença de cães de rua estão relacionadas principalmente aos gastos representados por estratégias de manejo populacional. Dessas estratégias, destaca-se a 24 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S manutenção de centros de controle de zoonoses, programas de este- rilização e eutanásia. Nas áreas rurais podem ocorrer também perdas associadas à predação de animais de produção. Figura 11 – Animais em situação de abandono Fonte: Procure 1 Amigo (2018). Os impactos do abandono no bem-estar animal também são de especial relevância. Apesar da evidência de que o bem-estar dos cães de rua pode ser aceitável em ocasiões, a situação mais frequente carac- teriza-se por condições de saúde física e mental, agravadas pela maior suscetibilidade a estados de sofrimento e exposição a maus tratos. Diante disso, faz-se necessário obter enfoque manejo das populações animais, por meio do controle de zoonoses, promoção de comportamentos de harmonia entre animais, e o meio ambiente e os seres humanos. 25 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2017 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: Médico Veterinário Nível: Superior No “manejo” de animais, os ambientes em geral, mas principal- mente os biotérios, os ambulatórios e laboratórios, devem estar rigorosamente higienizados. Isto inclui desinfecção de todas as áreas do ambiente de trabalho e dos materiais utilizados na rotina. A desinfecção compreende um (a): (A) Tratamento físico ou químico próprio para eliminar todas as formas de micro-organismos e partículas vivas de um ambiente ou material. (B) Tratamento químico que reduz os agentes biológicos presentes num local ou material. (C) Conjunto de práticas usado em organismos vivos para impedir a entrada de micro-organismos ainda inexistentes. (D) Destruição ou remoção de micro-organismos patogênicos, ou noci- vos, por agentes físicos ou químicos, não incluindo, necessariamente, esporos bacterianos. (E) Processo unicamente químico capaz de eliminar todas as formas viá- veis de micro-organismos e partículas vivas de um ambiente ou material. QUESTÃO 2 Ano: 2017 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: Médico Veterinário Nível: Superior Determinantes da doença são quaisquer características que afe- tem a saúde de uma população. O conhecimento deles facilita a identificação das categorias de animais particularmente em risco de desenvolver a doença. Os determinantes são classificados em primários e secundários, intrínsecos e extrínsecos e associados ao hospedeiro, ao agente ou ao meio ambiente. Um possível deter- minante intrínseco para prurido canino é: (A) Dermatite aguda úmida. (B) Doença renal. (C) Excesso de carboidrato na dieta. (D) Infecção por Otodectes spp. QUESTÃO 3 Ano: 2017 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: Médico Veterinário Nível: Superior Assinale a alternativa que contenha os significados correto das descrições abaixo, respectivamente.26 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S 1) Presença contínua, ou prevalência habitual, de uma doença ou agente infeccioso na população animal de uma área geográfica. 2) Conceito utilizado em veterinária e ecologia das populações para qualificar uma enfermidade contagiosa que ataca um número inusitado de animais ao mesmo tempo, e na mesma região e que se propaga com rapidez. 3) Considerado um surto de uma doença infecciosa animal que se espalhe por uma vasta região geográfica ou à escala global. As definições 1, 2 e 3 acima correspondem respectivamente a: (A) Epizootia, Enzootia e Panzootia. (B) Enzootia, Epizootia e Panzootia. (C) Panzootia, Epizootia e Enzootia. (D) Enzootia, Panzootia e Epizootia. QUESTÃO 4 Ano: 2017 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: Médico Veterinário Nível: Superior A importância dos acidentes por animais peçonhentos para a saú- de pública pode ser expressa pelos mais de 100 mil acidentes e quase 200 óbitos registrados por ano, decorrentes dos diferentes tipos de envenenamento. Destes, o escorpionismo vem adquirindo magnitude crescente, correspondendo em 2007 a 30% das notifi- cações, e superando em números absolutos os casos de ofidismo. Ainda sobre escorpiões, análise e classifique as afirmativas abaixo em falsas (F) ou verdadeiras (V) e a seguir assinale a alternativa que contenha a sequência de classificação correta, respectivamente. ( ) A espécie Tityus bahiensis reproduz-se por partenogênese. As- sim, só existem fêmeas e todo indivíduo adulto pode parir sem a necessidade de acasalamento. ( ) Cada mãe da espécie T. serrulatus tem aproximadamente dois partos, com, em média, 20 filhotes cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida. ( ) É necessário controlar as populações de escorpiões pelo risco que representam para a saúde humana, já que a erradicação des- sas espécies não é possível e nem viável. No entanto, o controle pode diminuir o número de acidentes e, consequentemente, a mor- bimortalidade. ( ) A intervenção para o controle de escorpiões consiste na busca ativa em todo e qualquer imóvel, área interna e externa, visando a captura de exemplares, conhecimento e manejo dos ambientes propícios à ocorrência e proliferação desses animais e conscienti- zação da população. 27 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S (A) V, V, V, V. (B) V, F, V, F. (C) F, V, V, V. (D) F, F, V, V. QUESTÃO 5 Ano: 2017 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: Médico Veterinário Nível: Superior A Cinomose Canina é uma doença altamente contagiosa de cães que apresenta distribuição mundial, caracterizada por uma infec- ção generalizada que envolve vários sistemas e órgãos. Considerando o vírus da Cinomose Canina, é correto afirmar que: (A) A doença foi descrita pela primeira vez em 1926, quando surtos gra- ves foram relatados na Inglaterra e no Oriente Médio. (B) O vírus da Cinomose Canina é um vírus do gênero Morbilivírus e subfamília Pneumovirinae que produz uma infecção multissistêmica e mortalidade variável. (C) O Morbilivírus causa uma infecção grave no trato respiratório supe- rior dos cães, com coriza e inchaço dos seios, sendo a doença conheci- da como síndrome da cabeça inchada. (D) A confirmação laboratorial é realizada somente por meio do isola- mento viral e o teste de inibição da hemoaglutinação, usando antissoro específico, confirmando a presença de cinomose. (E) Em populações urbanas de cães, o vírus é mantido pela infecção em animais suscetíveis, dissemina-se rápido entre cães jovens, normal- mente de três a seis meses, idade em que a imunidade materna declina. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE O número de animais abandonados é bastante assustador, já que existe um crescimento exponencial nos centros urbanos de felinos e caninos nas ruas e, com isso, existe o crescimento da taxa de ocorrência de zoonoses. Nesse sentido, cite quais as zoonoses mais comuns decor- rentes de animais abandonados. TREINO INÉDITO Assunto: Abandono Sobre os riscos que podem surgir com o abandono de animais, assinale a alternativa correta. a. Ocorrência de zoonoses. b. Ocorrência de bem-estar. c. Crescimento de oportunidades. d. Redução de oportunidades. 28 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S e. NDA. NA MÍDIA ABANDONO DE ANIMAIS: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA Animais são abandonados nas ruas durante todos os dias do ano, mas com a chegada das festas e viagens de férias, esse número descaso cres- ce ainda mais. Dados da Organização Mundial de Saúde de 2014 estimam que existam 30 milhões de animais abandonados só no Brasil, dentre eles, 10 milhões de gatos e 20 milhões de cachorros. Essa negligência, que par- te dos tutores e do poder público, contribui para a superpopulação animal nas ruas, fator que afeta o bem-estar social e aumenta o risco de ocorrên- cias das zoonoses, doenças transmitidas por animais aos seres humanos. Fonte: Victoria Lima Data: 2018 Leia na íntegra em: https://medium.com/betaredacao/abandono-de-animais- -como-um-problema-de-sa%C3%BAde-p%C3%BAblica-bce849681127 NA PRÁTICA A Medicina Veterinária do Coletivo é uma área em ascensão no Brasil. Envolve a medicina preventiva, a saúde pública, o controle de zoonoses, o comportamento e bem-estar animal, o manejo populacional canino e felino, a bioética, o gerenciamento de recursos humanos, entre outros importantes assuntos relacionados à nossa profissão. O elevado número de cães e gatos em situação de rua representa atualmente um grande desafio para os municípios mineiros. Em 15 de janeiro 2016 foi publica- da a Lei n° 21.970 que dispõe sobre a proteção, identificação e controle populacional de cães e gatos no Estado de Minas Gerais. As estratégias de Manejo Populacional canino e felino serão abordadas neste volume introdutório à Medicina Veterinária do Coletivo, visando promover conhe- cimento aos profissionais e fornecer subsídios técnicos que viabilizem a aplicabilidade da lei com benefícios para a saúde de toda a sociedade. Fonte: https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/file/ct83.pdf PARA SABER MAIS Filme sobre o assunto: Voando Alto Peça de teatro: O baile dos animais Acesse os links: https://youtu.be/Z_UdayxeDNA https://youtu.be/uVcd66R_bjU 29 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S PROTEÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE ANIMAIS DE RUA As pessoas foram aumentando sua convivência com os caní- deos, desde os primeiros registros da atividade humana. Desde a do- mesticação dos lobos até a atualidade, em uma relação de mutualismo, os laços foram se tornando gradualmente mais fortes, onde o homem fornece alimento e o animal à proteção e a companhia. Considerando a grande proximidade de relação entre os seres humanos e os animais domésticos, principalmente cães e gatos, que na maioria já são considerados membros da família (GARCIA, 2009), deve-se ponderar, consequentemente, além do laço afetivo, a questão da sanidade e da saúde pública. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feito pelo IBGE PROTEÇÃO, IDENTIFICAÇÃO, CONTROLE E MANEJO M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S 29 30 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S (2013), mostram que o número de cães domiciliados no Brasil superou o número de crianças entre 0 e 14 anos, sendo 52,2 milhões de cães e 44,9 milhões de crianças, mostrando, a importância destes animais no cotidiano no país. Entretanto, é preciso ter em mente que a maior proximidade en- tre humano e o animal, além de gerar grande contribuição social, psico- lógica e fisiológica para os seres humanos, também pode provocar maior risco de transmissãode doenças originárias dos animais, as zoonoses. Figura 12 - Percentual de domicílios com cachorro ou gato no Brasil e nas regiões Fonte: O Globo (2015). Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), zoonoses são “Doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos” (WHO, 2010), e acordo com a Organiza- ção Mundial da Saúde Animal (OIE) cerca de 60% dos patógenos hu- manos são zoonóticos, 75% das doenças humanas emergentes são de origem animal e 80% dos patógenos que poderiam ser utilizados para bioterrorismo são de origem animal. (OIE, 2010). Assim, percebe-se a importância de programas públicos de manejo populacional, que contemple os animais domiciliados e erran- 31 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S tes. Estes programas devem levar em consideração diversos fatores, tais como: prevenção ao abandono, educação e legislação para guarda responsável, registro e identificação de animais e controle de reprodu- ção. (GARCIA et al, 2012). Uma das principais questões relacionadas ao cuidado e prote- ção da saúde humana e animal consiste no conhecimento do número de animais e suas interações. Conhecer a dinâmica populacional de cães e gatos errantes, bem como todos os fatores envolvidos proporção de ani- mais por homem, taxa de adoção, taxa de abandono, taxa de mortalidade torna-se importante para que os gestores em saúde possam planejar de forma mais efetiva estratégias de ações, que envolvam os animais. Para o Programa de Controle de Populações de Cães e Gatos do Estado de São Paulo (PCPCG-SP, 2008), a anotação oficial dos da- dos relativos aos proprietários e seus animais é chamado de registro, que tem como função atribuir um código individual para cada animal. Esses dados que relacionam os proprietários aos seus animais formam um sistema de informação que é essencial aos programas de promoção da saúde, controle de populações de cães e gatos e preservação do meio ambiente, que possibilitam: Figura 13 - Vantagens da identificação dos animais Fonte: PCPCG-SP (2009). O registro e a identificação de animais são de responsabilidade das administrações municipais Portaria GM, n.º 1.172, que devem viabi- lizar econômica e geograficamente o cadastramento para atender toda a sociedade. A redução ou isenção de taxas durante os primeiros anos de implantação do registro e da identificação pode incentivar e acelerar o processo de implantação, de um lado, e desestimular o abandono de animais, de outro. (PCPCG – SP, 2008). 32 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S A redução ou isenção de taxas para animais esterilizados tam- bém pode estimular o controle reprodutivo das populações de cães e gatos. Atividades de informação, educação e comunicação, para o in- centivo da comunidade ao registro e à identificação de cães e gatos, deverão ser implantadas e permanentemente implementadas. Identificação Animal e Uso de Microchip Intradérmico Conforme Organização Mundial para Saúde Animal (OIE) (2010), o registro e identificação dos animais e monitoração do tama- nho populacional faz parte de um programa de manejo populacional. A identificação dos animais auxilia no monitoramento de animais nas vias urbanas, manejo ambiental, visualização da taxa de sobrevivência e identificação dos guardiões, já que fornece indicadores para o gerencia- mento das informações. (GARCIA, CALDERÓN E FERREIRA, 2012). Fica estabelecida na Lei n° 21.970/16 a atribuição do Estado para disponibilização do banco de dados: Parágrafo 2º: “Compete ao Estado disponibilizar sistema de banco de dados padronizado e acessível que ar- mazene as informações de que trata o inciso II do caput deste artigo”. Embora a Lei n° 21.970/16 de MG estabeleça a criação de um banco de dados para armazenagem de informações dos animais em cada município, há necessidade para um controle correto de comunica- ção entre as três esferas de Governo (Municipal, Estadual e Federal), para que possa ser criado um sistema único para coleta e armazena- mento de informações individualizadas dos animais e seus tutores, faci- litando o registro, a interpretação dos dados e desta forma possibilitan- do maior eficiência no manejo populacional de cães e gatos. O Grupo Especial de Defesa da Fauna (GEFED, 2017) cita que: “Instituir um programa governamental, mandatório e gratuito de registro e identificação dos animais domésticos, de preferência através de microchipa- gem dos animais, que permita o rastreamento dos tutores. Assim, coíbe-se o abandono e os maus-tratos e atribui-se maior responsabilidade aos tutores. Esse programa também servirá como ferramenta de fiscalização de legisla- ção e de controle e pesquisa das populações de cães e gatos”. A aplicação do microchip no animal, embora simples, deve se- guir orientações técnicas que garantam segurança e evitem riscos aos animais. O microchip deve ser esterilizado, possuir uma proteção es- pecifica que impeça sua migração pelo corpo do animal de acordo com normas especificas da ABNT (São Paulo 2009). E sua dimensão é de 2 mm de diâmetro por 12mm de comprimento. 33 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 14 - Comparação do tamanho do microchip para cães com um grão de arroz Fonte: Microchip Animal (2019). O aplicador para microchip é agulhado, tem uma rosca bastan- te robusta e uma mola interna que retorna o êmbolo automaticamente, facilitando a sua utilização. Os custos dos microchips variam no merca- do, dependendo da marca e suas características. Figura 15 - Aplicador de microchip para cães Fonte: Microchip Animal (2019). É essencial que todos os animais que participam de um pro- grama de registro e identificação tenham um leitor universal, garantindo assim a possibilidade de reconhecimento do animal diferentes momen- tos, uma vez que ele será portador do microchip, e esse ajudará caso o animal esteja perdido, em casos de acidentes nas vias públicas, no resgate de animais abandonados, programas de no controle reprodutivo através dos programas como também no controle de zoonoses. Além disso, é fundamental que os animais possam estar portan- do uma identificação externa, para que o reconhecimento seja facilitado, mesmo a uma determinada distância daquele animal. Entendo, assim, que este animal já foi alvo de uma ação de controle animal, e como exem- plo desta ação pode citar a esterilização cirúrgica para controle popula- 34 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S cional. Nesse caso, o sistema local de registro em cada localidade, preci- sam ter os dados cadastrados, e isso depende de cada local. Para identificação de cães e gatos, o uso da técnica de implan- tação de microchip intradérmico é interessante, pois é uma ferramenta de planejamento de manejo populacional, contudo, é necessário que os ges- tores e técnicos possam viabilizar a implantação desta técnica além de analisar como também os benefícios que são gerados através da mesma. Dessa forma, além da identificação dos animais, faz-se neces- sário que sejam elaboradas estratégias sanitárias, políticas, ecológicas e humanitárias, envolvendo a comunidade científica, a população geral e os gestores de saúde. Tudo isso para que as medidas de ação sejam toma- das, melhorando, dessa forma, a relação homem-animal-ambiente, promo- vendo saúde e reduzindo o risco de zoonoses, beneficiando a população. O método de identificação adotado deve garantir a eficácia e a segurança do sistema em relacionar o proprietário ao cadastro do seu animal. A identificação permanente pode ser por método eletrônico microchip ou tatuagem, e a não permanente, com coleiras e plaquetas. Para a realização das tatuagens há necessidadede sedação prévia do animal, e elas podem ser realizadas na face interna da orelha ou da coxa. Este tipo de identificação pode tornar-se ilegível com o tem- po. A implantação dos microchips não requer sedação prévia do animal e a leitura é fidedigna e permanente. O dispositivo deve atender às normas ISO 11784, ISO 11785 e NBR 4766 ou outras que as substituam: • Ser estéril. • Revestido por camada antimigratória. • Lido por leitores universais. Cada órgão municipal é responsável pela implantação e deve- rá ter pelo menos um leitor universal. Segue abaixo: Figura 16 - Coleiras e pingentes podem ajudar na identificação dos animais Fonte: G1 (2018). A implantação do microchip deve ser realizada com agulhas e 35 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S aplicadores específicos para este fim. As agulhas devem ser de uso indi- vidual e estéril. A implantação deve ser feita por via subcutânea na região dorso-caudal do pescoço, entre as escápulas. A plaqueta de identificação deve ser de metal, leve, resistente e de longa duração, permitindo a gra- vação de informações. Deve ser fixada na coleira e conter: • Número de identificação sequencial selecionado pelo município. • Nome do município. • Telefone do órgão público ou instituição responsável pelas atividades de controle de populações de cães e gatos. As coleiras devem ser de material resistente, hipoalérgicas, impermeáveis e laváveis, preferencialmente de cores quentes e perma- nentes e de material extensível, para gatos. Figura 17 - Cão com a plaqueta de identificação da Prefeitura Municipal Fonte: PMRG (2005). A reposição das coleiras e plaquetas deverá ser feita permanen- temente, em caso de extravio. Devido a esse risco, recomenda-se seu uso associado a um método de identificação permanente, sendo o microchip o mais aconselhável pela rapidez de colocação e confiabilidade que oferece. No sistema, deve conter o cadastro do responsável pelo animal com as seguintes informações, conforme quadro abaixo: Figura 18 – Dados cadastrais do responsável pelos cães e gatos 36 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Adaptado de BEPA (2005). A Legislação Municipal que se refere ao registro e à identifica- ção de proprietários de cães e gatos deve contemplar: 1. Obrigatoriedade do registro e identificação dos cães e gatos, relacionando-os aos seus responsáveis. 2. Período estabelecido para a renovação do registro. 3. Método escolhido a obrigatoriedade de os animais portarem permanentemente a identificação visual. 4. Obrigatoriedade da vacinação anual contra a raiva. 5. Obrigatoriedade do proprietário ou responsável comunicar óbito dos animais ou transferência para novo proprietário. MANEJO DE CÃES EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO As Unidades de Conservação constituem instrumentos de grande importância na execução da Política Nacional do Meio Ambien- te, na medida em que consistem em espaços territoriais que, por reu- nirem certas características especiais sob o ponto de vista ambiental, são destinados pelo Poder Público à preservação do meio ambiente, possibilitando a conservação de um determinado ecossistema, espéci- mes da fauna e flora ou mesmo de um modo de vida tradicional, assim como a realização de outras atividades que pressupõem a preservação ambiental, tais como pesquisas científicas e práticas de turismo. A criação de espaços territoriais especialmente protegidos, que englobam as unidades de conservação e as demais espécies de espaços de proteção específica, vem sendo apontada pela comunidade científica como uma das melhores estratégias para conservação da biodiversidade In Situ. Como a perda em massa de espécies vivas no planeta vem se agravando devido à crescente pressão exercida pelas sociedades huma- nas sobre o ambiente natural, a instituição de espaços protegidos exerce um papel fundamental na batalha pela preservação da vida. Sendo assim, unidades de conservação são áreas naturais im- 37 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S portantes que são protegidas para garantir a conservação das espécies e do meio abiótico. Dessa forma, existem vários tipos de unidades de conservação, sendo que elas podem envolver o uso direto ou indireto da área protegida. Sua regulamentação no Brasil ocorre por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) instituído pela Lei n°9.985 de julho de 2000. Em esfera Federal do Governo, as Unidades de Conservação são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio- diversidade (ICMBio). Nas esferas Estadual e Municipal, são adminis- tradas por meio dos Sistemas Estaduais e Municipais de Unidades de Conservação. Figura 19 - Unidade de Conservação no Brasil Fonte: ICMBio (2019). Os únicos tipos de Unidade de Conservação em que é permi- tida a presença de animais domésticos são os Refúgios da Vida Silves- tre, reservas particulares do Patrimônio Natural e Monumentos Natu- rais, desde que dentro das áreas particulares presentes nesses tipos de Unidade de Conservação esteja em acordo com o que for estipulado em seu plano de manejo. Os animais domésticos que estiverem inadequadamente den- tro das unidades, em Áreas de Proteção Permanente ou ainda que pos- sam estar impedindo a regeneração da vegetação de um local, podem ser apreendidos de acordo com o Decreto 6.514 de Julho de 2008. Sendo assim, por Lei, não há permissão para a presença desses animais dentro do território de unidades de conservação e há medidas 38 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S que podem ser tomadas por órgãos competentes garantidas por Decreto. Dessa forma, o bom manejo de uma Unidade de Conserva- ção, que garanta os seus objetivos de proteção, pode ser afetado por diversos fatores, que incluem ocupação humana e fragmentação, mas também compreendem a presença de espécies como gado, cães e ga- tos domésticos. Para Vilela, o contato dos animais domésticos com os animais nativos cresceu com um consequente aumento no potencial de trans- missão de doenças, predação e competição, devido às diversas amea- ças que reincidem sobre os remanescentes florestais. Figura 20 - Cachorro de caça encontrada dentro do Parque Estadual Nova Baden (PENB) em Lambari, Minas Gerais Fonte: Vilela (2014). A introdução de organismos exóticos, incluindo cães, gatos, cava- los, porcos e outros vertebrados vêm causando um impacto drástico nas espécies nativas, especialmente, em ilhas ou em populações isoladas. Um animal é classificado como feral quando se trata de um animal doméstico que vive em um hábitat selvagem, sem alimentos ou abrigo fornecidos por humanos, e que mostra certa resistência ao contato com pessoas. Figura 21 - Cães soltos predando uma lebre Fonte: Espaço Silvestre (2018). 39 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S No Brasil, ainda são pouco conhecidos nas Unidades de Con- servação (UCs), os efeitos da presença de cães ferais sobre a vida selvagem nativa, pois caça clandestina e a fragmentação florestal tem um efeito decisivo na diminuição das populações de aves e mamíferos de grande porte, sendo o impacto dos gatos e cães ferais ainda menos- prezados. (CHIARELLO, 2000). Conforme VILELA (2014) “O cão doméstico (Canis Lupus Fa- miliaris L.,) adaptou-se aos diversos habitats, exceto as florestas úmidas e aos desertos”. Essa espécie possui, depois do homem, a distribuição natural mais ampla entre os mamíferos terrestres. Para o MMA (2000): A Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) estabelece que se deva prevenir e impedir a entrada de espécies exóticas em novos ambientes, as- sim como controlar ou erradicar espéciesexóticas invasoras que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies. “A preocupação com a invasão de cães nas UCs vem aumentan- do nas últimas décadas, principalmente em relação à fauna exótica, por isso, foram providenciadas algumas medidas para eliminá-las de algumas UCs, sem resultar na solução dos problemas existentes.” (VILELA, 2014). Nas UCs, para se desenvolver estratégias para controle de fau- na, é importante realizar ensaios prévios sempre que possível, para ter melhor noção do esforço a ser gasto, e ainda, quando há mais de uma espécie a se controlar, medir as consequências provocadas pelo controle de uma sobre as demais e considerar o risco para espécies não alvo. Sendo assim, na maioria das vezes, a entrada de cães em uni- dades de conservação dar-se pelo descaso da população do entorno das UCs, por causa da soltura indevida, de forma proposital, livrar-se de animais que não são mais desejados, mesmo que a intenção não seja causar danos ao ambiente em si. Os cães são eficientes predadores, roe- dores e ainda podem transmitir várias doenças para as espécies nativas. Figura 22. Cachorros errantes no Parque Estadual de Ilha Grande Fonte: Fauna do Rio (2012). 40 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Os cães ficavam soltos, fugiam ou eram abandonados pelos seus donos, procurando abrigo e alimento dentro da mata nativa. VILELA (2009), p. 34 registrou: Atividade de caça com o uso de cachorros no Parque Estadual Nova Baden (PENB) em Lambari, Minas Gerais. Alguns dos cachorros se perdiam de seus donos e vagavam pelo parque. Segundo funcionários do PENB, algumas ve- zes veados [Mazama americana Erxleben (1777), Cervidae] foram persegui- dos pelos cães dentro do parque, em uma destas situações, os caçadores ao perceberem a presença de outras pessoas na área, fugiram deixando os cães abaterem um veado. Esses cães foram apreendidos pela equipe do PENB. Figura 23 - Cão no entorno da reserva florestal Fonte: Jornal da USP (2016). Para LENNETTE E EMMONS, (1972) “Afirma que as espécies exóticas também são responsáveis pela introdução de inúmeros micro- -organismos, que podem causar doenças as espécies nativas”. Quando uma área recebe animais que não fazem parte da sua fauna natural devem ser considerados alguns riscos, conforme a figura 24. À medida que o controle vai sendo realizado, vai ficando mais difícil encontrar os indivíduos da espécie alvo de controle, tanto pela di- minuição na densidade da população, quanto por consequências advin- das da atenuação dos impactos provocados pela espécie, por exemplo, o controle de uma espécie que traz como impacto o pisoteio da vegeta- ção, levará ao aumento do porte e da cobertura de vegetação nativa, o que dificultará a visualização dos indivíduos da espécie animal. A escolha do método a ser utilizado vai variar de acordo com o grupo a que a espécie pertence, com a situação populacional encontra- da e com as condições ambientais locais. 41 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 24 - Riscos possibilitados pelas espécies exóticas para os animais da fauna natural Fonte: Adaptado de Lennette e Emmons (1972). É importante ressaltar que os métodos devem ser os menos dolosos possíveis, resultando em mortes rápidas e sem sofrimento para o animal, pois ele tem como principal objetivo controlar as espécies in- vasoras e assim, conservar a diversidade nativa. Muitos gestores de unidades de conservação no Brasil, têm elaborado planos de ação para controle de espécies vegetais exóticas invasoras em ambientes terrestres, a partir de levantamentos de pro- cessos de invasão ocorrentes e do estabelecimento de prioridades para implementação. Definindo-se os métodos para iniciar, a ação de contro- le não deve ser postergada. É fundamental que esses planos sejam implementados como atividades emergenciais e que entrem na rotina de manejo das unida- des de conservação, mesmo em unidades que não tenham seus planos de manejo elaborados ou para aquelas nas quais os planos de ação não façam parte dos planos de manejo. Com relação a animais domésticos, não soltar animais de es- timação na natureza. Muitos são exímios caçadores e outros se es- tabelecem e ocupam o lugar de espécies nativas, pois a invasão de espécies exóticas em Unidades de Conservação pode provocar impac- tos irreversíveis no ecossistema uma vez que se pode descobrir tarde demais a presença de determinada espécie invasora. 42 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2014 Banca: UFAL Órgão: UFAL Prova: Biotério Nível: Superior Dadas as afirmativas sobre as obrigações do encarregado pelo se- tor de gerenciamento e pessoal em biotérios: I. Deve garantir que os membros da equipe recebam e utilizem ves- timentas de proteção adequadas e equipamentos de proteção in- dividual (EPI), mantenham altos padrões de higiene pessoal, não comam, bebam ou fumem em áreas onde se encontrem animais. II. Deve comunicar imediatamente ao médico veterinário do setor a existência de animais doentes ou feridos para que sejam pronta- mente atendidos. III. Deve submeter todos os projetos de pesquisa da instituição à Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA). Verifica-se que está (ão) correta(s): (A) II, apenas. (B) I e II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) I, II e III. QUESTÃO 2 Ano: 2017 Banca: IESES Órgão: CRMV Prova: Fiscalização Veteri- nária Profissional Nível: Superior Segundo a Lei 5.517/68, na prática profissional da medicina veteri- nária, é da competência privativa do médico veterinário o exercício das seguintes atividades e funções a cargo da União, dos Estados, dos Municípios, dos Territórios Federais, entidades autárquicas, paraestatais e de economia mista e particulares. I. A prática da clínica em todas as suas modalidades e a direção dos hospitais para animais. II. A inspeção e a fiscalização sob o ponto de vista sanitário, higiênico, tecnológico e administrativo dos matadouros, frigoríficos, fábricas de conservas de carne e de pescado, fábricas de banha e gorduras em que se empregam produtos de origem animal, usinas e fábricas de lacticínios, entrepostos de carne, leite peixe, ovos, mel, cera e demais derivados da indústria pecuária e, de um modo geral, quando possí- vel e de todos os produtos de origem vegetal e mineral nos locais de produção, manipulação, armazenagem e comercialização. III. A peritagem sobre animais, identificação, defeitos, vícios, doen- ças, acidentes, e exames técnicos em questões judiciais e as perí- 43 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S cias, os exames e as pesquisas reveladores de fraudes ou opera- ção dolosa nos animais inscritos nas competições desportivas ou nas exposições pecuárias. IV. A direção técnica sanitária dos estabelecimentos industriais e, sempre que possível, dos comerciais ou de finalidades recreativas, desportivas ou de proteção onde estejam, permanentemente, em exposição, em serviço ou para qualquer outro fim animais ou pro- dutos de sua origem. A sequência correta é: (A) Apenas as assertivas I e II estão corretas. (B) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas. (C) Somente as assertivas I, III e IV estão corretas. (D) Somente as assertiva I, II e III estão corretas. QUESTÃO 3 Ano: 2014 Banca: UFAL Órgão: UFAL Prova: Biotério Nível: Superior Dadas as afirmativas sobre o abrigo dos animais em biotérios: I. A renovação de ar, controle de temperatura, umidade, luz e ruídos devem ser mantidos dentro de limites compatíveis com o bem-es- tar e saúde dos animais. II. Odores nocivos, em especial amônia, devem ser mantidos em concentração compatível com a saúde e conforto dos animais e dos funcionários.III. Não há necessidade de áreas específicas e adequadas para o armazenamento de alimento. Verifica-se que está (ão) correta(s): (A) II, apenas. (B) I e II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) I, II e III. QUESTÃO 4 Ano: 2014 Banca: UFAL Órgão: UFAL Prova: Biotério Nível: Superior A Eutanásia pode ser indicada nas situações em que o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor ou o sofrimento dos animais que não podem ser controlados por meio de analgésicos, sedativos ou outros tratamen- tos. Assinale a alternativa que corresponde a um método aceitável para a realização da eutanásia de animais da espécie canina. (A) Embolia gasosa. (B) Descompressão. 44 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S (C) Uso isolado de bloqueador neuromuscular. (D) Eletrocussão sem insensibilização prévia. (E) Anestesia geral prévia seguida de cloreto de potássio. QUESTÃO 5 Ano: 2014 Banca: UFAL Órgão: UFAL Prova: Biotério Nível: Superior De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), a categoria de Unidade de Conservação que corresponde a um exemplo de Unidade de Proteção Integral é: (A) Monumento natural. (B) Floresta nacional. (C) Área de proteção ambiental. (D) reserva de fauna. (E) Reserva de desenvolvimento sustentável. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE É bastante corriqueiro encontrar animais abandonados nas ruas e as consequências para a saúde humana são bem complexas. Nesse sen- tido, discorra sobre a importância da adoção responsável como método de minimização do número de animais abandonados nas ruas. TREINO INÉDITO Assunto: Medicina Veterinária Sobre uma das atividades mais utilizadas para o controle da popu- lação de caninos e felinos nas ruas é: a. Castração. b. Fertilização. c. Acompanhamento ambulatorial. d. Auditoria urbana. e. NDA. NA MÍDIA CONTROLE DE POPULAÇÃO NAS RUAS Além de aplicar as diretrizes do Guia para o Controle Humanitário das Po- pulações de Cães, na sigla em inglês (ICAM), nós promovemos campa- nhas voltadas à guarda responsável dos cães em todo o mundo, evitando assim abusos, maus-tratos e o abandono destes animais. Almejamos, com isto, um efeito dominó. Ao atuarmos em países onde o sacrifício de animais ainda é uma triste realidade, reduzimos conflitos entre pessoas e cães através de políticas mais eficientes para o controle de populações de cães e por meio de treinamentos direcionados a seus proprietários. Fonte: Proteção Animal mundial 45 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Data: Sem data Leia na íntegra em: https://www.worldanimalprotection.org.br/nosso-trabalho/protegemos- -os-animais-em-comunidades/controle-da-populacao-de-caes-de-rua NA PRÁTICA Atividades de manejo populacional de cães têm sido empregadas como política pública em diversos municípios brasileiros. Conhecer a dinâmica da população canina, incluindo o seu grau de dependência e vínculo com a população humana e o uso de áreas urbanas, tem se mostrado necessá- rio para o seguimento e efetividade de programas públicos de manejo de cães. De acordo com o 8º informe do Comitê de Especialistas da Organiza- ção Mundial da Saúde em Raiva, “A renovação das populações caninas é muito rápida e a sua taxa de sobrevivência facilmente sobrepõe a sua taxa de eliminação”, fato que tem contribuído para avanços no planejamento e execução de políticas públicas por parte de gestores municipais. Fonte: https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/arti- cle/view/36867 PARA SABER MAIS Filme sobre o assunto: Marley e Eu Peça de teatro: Os Animais e o Castigo Acesse os links: https://youtu.be/zMZscO7hvy8 https://youtu.be/59DLoJxAbOs?t=1 46 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S RECOLHIMENTO E TRANSPORTE DE ANIMAIS O recolhimento dos animais envolve diversos processos, que para GARCIA et al (2008) vai desde a tomada de decisão da retirada do animal até seu transporte. Podemos dividir esse Ponto de Estrangulamento (PE) em 5 fases e a sequência das ações depende de cada caso, sendo num pri- meiro momento (Fase 1) onde se tem contato com a comunidade e isso e de fundamental importância e deve-se acontecer sempre em primeiro lugar. Segue abaixo uma figura descrevendo cada sequência: RECOLHIMENTO, TRANSPORTE E GUARDA DE ANIMAIS M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S 46 47 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 25 - Sequência das ações para recolhimento de animais Fonte: Adaptada de Garcia et al (2008). No Projeto de Lei n.º 215, de 2007, o recolhimento de cães e gatos deve atender as seguintes determinações: Figura 26 - Recolhimento de cães e gatos 48 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Câmara dos Deputados (2007). Os animais recolhidos devem ser transferidos dos veículos para os locais de alojamento com segurança, tranquilidade, evitando ru- ídos e movimentos bruscos para reduzir situações de risco, de traumas, estresse, acidentes ou fugas. A alimentação dos animais deve ser de boa qualidade, e todos devem ter acesso à ração, e esta deve ser comercial. Devem ser for- necidas duas vezes ao dia, no mínimo, ser específica para cada faixa etária da espécie. Para os filhotes, deve ser fornecida a cada três horas, com formulação específica para as espécies. A água deve estar limpa e disponível para os animais. Quanto à limpeza, os comedouros e bebedouros devem ser lavados. A água deve estar limpa e disponível permanentemente, e os comedouros e bebedouros deverão ser lavados diariamente com sabão ou detergente neutro e água limpa, quantas vezes forem necessários. Figura 26 – Alimentação de cães e gatos Fonte: UFLA (2019). 49 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Com relação ao manejo, aconselhar-se que os animais sejam observados duas vezes ao dia, no mínimo. Essa observação é para verificar comportamento, bem-estar e condições de saúde, podendo ser feita pelo veterinário ou pelos funcionários auxiliares, contribuindo para interações amigáveis e de melhor comportamento do animal, favore- cendo assim a socialização entre eles. Figura 27 – Atendimento veterinário a cães e gatos Fonte: Prefeitura de Itararé – SP (2019). Os animais devem receber tratamento clínico e serem submeti- dos à socialização, mediante avaliação de um médico veterinário e espe- cialistas em comportamento animal, e, durante todos os procedimentos de manejo, as pessoas devem evitar ruídos desnecessários, inclusive falando em tom de voz baixo, tranquilo e amigável, e sem movimentos bruscos. Os animais que já são conhecidos ou parceiros devem perma- necer juntos, e nos canis/gatis, eles devem ter acesso ao sol por pelo menos uma hora por dia. As viaturas, caixas de transporte, veículos, gaiolas, e outros equipamentos que foram utilizados no manejo, devem ser higienizados logo após o uso ou sempre que necessário, observando-se os seguin- tes procedimentos: Figura 28 - Processo de Higienização 50 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Adaptada de Garcia et al. (2008). A higienização é de grande importância para o bem-estar dos animais nos canis e gatis. Os animais não podem ser expostos a produtos de limpeza e atingidos pela água durante a higienização dos alojamentos. Dessa forma, seguem na imagem seguinte, as recomendações conforme o PCPCG – SP orienta: Figura 29 – Manejoem Canis e Gatis Fonte: Adaptada de PCPCG-SP (2009). Quanto aos cuidados especiais, GARCIA et al. (2008) reco- 51 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S menda que cada Município tenha o seu manual NBO (Normas Ope- racionais Básicas) do serviço de controle de zoonoses ou de controle de populações de cães e gatos, com a descrição dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP). A GUARDA DE ANIMAIS EM UNIDADES MUNICIPAIS No recolhimento dos animais, os mesmos devem ser mantidos da melhor forma para evitar fugas, acidentes, estresse e transmissão de doenças, proporcionando assim bem-estar. Oferecendo uma condição de bem-estar para esses animais é preciso atender as necessidades físicas e mentais. Para a Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do CFMV, um animal com alto grau de bem-estar é considerado aquele que tem uma boa saúde e que pode expressar seu comportamento natural. Figura 30 - Espaço destinado aos cães idosos no canil Fonte: G1 (2012). Dessa forma, o bem-estar animal anda de mãos dadas com o bem-estar humano e da sustentabilidade. No entanto, todo animal deve ter as cinco liberdades como forma de expressar seu comportamen- to natural. As cinco liberdades são um instrumento para diagnosticar o bem-estar animal e incluem os principais aspectos que influenciam a qualidade de vida do animal e é reconhecido mundialmente. As Cinco Liberdades compreendem critérios que aliados ao bem-estar animal (BEA) podem permitir uma avaliação e indicação de condições de qualidade de vida do animal, e estas circunstâncias são mensuráveis, servindo de recurso crítico para o BEA como ciência. Lembrando sempre que o Bem-estar pode ser bom ou ruim e estes ín- dices indicadores são mensuráveis. Essas cinco liberdades, visam à análise sob o ponto de vista do animal, e não somente sob o ponto de vista do homem. Para tal o Bem- -estar Animal tem como base três conceitos principais, que permeiam 52 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S todos os estudos e o convívio com os animais: • Sentimentos/Comportamento, pois os animais são seres pos- suem sentimentos e, portanto, sofrimento. • Funções Biológicas as necessidades básicas e fisiológicas dos animais como alimentação e saúde. • Características de sua vida natural, ou seja, a liberdade para expressar seus comportamentos naturais. Quando se trata de animais, ciência e ética, estes devem sem- pre andar lado a lado. Portanto a ciência do Bem-estar Animal, pode ser uma grande aliada no aprimoramento de nossa relação com animais. Os benefícios no final das contas se voltarão para o próprio animal homem. Seguem na imagem abaixo, as cinco liberdades, e detalhare- mos cada um desses conceitos para um melhor entendimento: Figura 31 - Conceitos para proporcionar Bem-estar ao Animal Fonte: PCPCG – SP (2009). Livre de Fome, Sede ou de Nutrição Deficiente O animal deve ter livre acesso à comida e água de qualidade, em quantidade e frequência ideais. Considerando a alimentação específica para cada espécie, os animais devem ter acesso à água e ao alimento para manter a saú- 53 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S de e energia, ou seja, um bem-estar nutricional, como é necessário ter conhecimento sobre as suas necessidades nutricionais ou alimentares dos animais. Além disso, os protocolos devem ser elaborados conforme o porte e o número de animais alojados, como também os horários de oferecimento e das trocas do alimento e água, para que a administração de rações e água seja fornecida em quantidades adequadas. As rações devem ser armazenadas em ambientes físicos, local exclusivo para esta finalidade, acondicionada em embalagens próprias para sua conservação, evitando a formação de bolores pelo excesso de umidade, mantendo assim uma quantidade ajustada com o consumo para um determinado tempo, período, evitando o uso de alimentos ven- cidos ou inadequados para consumo. Livre de Desconforto Diz respeito ao ambiente que o animal vive se possui abrigo, com temperaturas favoráveis a cada espécie, superfícies adequadas para proporcionar conforto e com acesso adequado para descanso. Respeitados os aspectos sociais da espécie liderança/submis- são, território, exercícios, o alojamento oferece aos animais recolhidos um ambiente diferente daquele que eles estão adaptados, por isso, é necessário evitar o estresse ambiental, oferecendo um local adequado aos animais, propiciando espaço ajustado para expressão de compor- tamentos naturais, tais como: andar, deitar-se e levantar, além de insta- lações que proporcionem o enriquecimento ambiental. Segundo PALOMA LUCIN BOSSO (2013) p. 32, o enriqueci- mento ambiental é o: Processo onde um ambiente mais complexo e interativo é criado para me- lhorar a qualidade de vida dos animais mantidos em cativeiro, permitindo que assim eles possam apresentar comportamentos mais naturais de sua espécie. Na prática, o enriquecimento ambiental consiste na introdução de variedades criativas nos recintos a fim de contribuir com o bem-estar dos animais cativos. Para que sejam proporcionados estímulos físicos e mentais aos animais alojados, é fundamental conhecer o comportamento ter- ritorial, a conduta espacial e a forma como o animal administra seus espaços e seu tempo e, além disso, é importante poder identificar os fatores de estresse ambiental. 54 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 32 – Fatores de estresse ambiental que afetam cães e gatos Fonte: Adaptado de PCPCG – SP (2009). Livre de Dor, Lesões e Doenças Engloba tudo que estiver relacionado à saúde física do animal, como dores, ferimentos e doenças. Esse ponto é de suma importância para garantir o bem-estar tanto dos animais quanto dos seres humanos. A prevenção é a melhor maneira de evitar ou diagnosticar a lesão ou doença e tratá-la de forma rápida, garantindo o bem-estar do animal, pois é através dessas condições do animal que são refletidas a boa saúde e a harmonia entre ele e seu meio. Ainda assim, é necessário também con- seguir identificar e interpretar o comportamento resultante da dor. 55 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 33 – Comportamento do animal resultante de dores Fonte: Adaptado de PCPCG – SP (2009). Livre de Medo e Estresse Os animais devem estar livres de qualquer sentimento negati- vo para se evitar sofrimento. Para se livrar do medo e do estresse, é necessário evitar condi- ções que facilitem tanto o sofrimento do animal como também o estresse mental. Por isso é preciso avaliar seu comportamento e suas atitudes, como também identificar e diagnosticar sintomas digestivos e dermatológicos. 56 M A N E JO P O P U LA C IO N A L D E A N IM A IS D O M É ST IC O S - G R U P O P R O M IN A S Figura 34 – Comportamentos e atitudes a serem observadas nos animais Fonte: Adaptado de PCPCG – SP (2009). Diversas características estão associadas à dor e à angústia, que manifesta alterações do comportamento e são evidências inequí- vocas de sofrimento, dentre elas: bipolaridade (alteração de humor), sinais vitais anormais, agressividade, alterações físicas, e mudança de comportamento, além de quadros de fobias. Livre para Expressar Comportamento Normal Deve-se sempre considerar a espécie para avaliar a qualidade de vida e bem-estar do animal. É necessário pensar em um espaço apro- priado que não impossibilite os comportamentos naturais do animal. Para que o animal se comporte normalmente, é preciso forne- cer espaço suficiente, instalações adequadas e companhia de animais da própria espécie. Sendo assim, almejando
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