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�1 AULA 12 ÉTICA E MORAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea passa por momento de grande dissimulação em face às transições de pensamento e ideais, onde nas organizações públicas comumente impera o pensamento maquiavélico entre os que agem e pensam de acordo com a ética e a moral em favor do bem comum e os que, infelizmente, utilizam o jeitinho, o improviso, e os fins justificando os meios. Fins esses às vezes não benéficos para a sociedade em geral. Mas afinal o que vem a ser ética e moral? Para responder essa pergunta recorremos a quatro princípios: o Filosófico, o Religioso, o Humano e o Político. O Filosófico procura fazer o bem pelo bem mesmo, por respeito as leis; O Religioso porque é a vontade de Deus, por amor a Deus; O Humano procura fazer porque teu bem-estar o requer, por amor próprio; O Político tenta fazer porque demanda a prosperidade da sociedade e de suas partes, por consideração à sociedade. Dentro da conjuntura apresentada vemos que ética representa uma abordagem sobre as constantes morais, aquele conjunto de valores e costumes mais ou menos permanente no tempo e uniforme no espaço. Segundo o professor Luiz Almir não podemos confundir ética com moral, visto que o moral é o 1 costume, os valores instituídos e evidenciados na sociedade. Entretanto, a simples existência da moral não significa, naturalmente, a existência da ética. Ética como uma filosofia moral que reflete sobre os significados dos valores morais do homem em sociedade, vem sendo estudada desde os tempos antigos até os nossos dias por inúmeros filósofos e pensadores, em distintas épocas da história. Para Vázquez (2007) apud Matias-Pereira (2012) , é a teoria ou 2 3 ciência do comportamento humano que os homens julgam valiosa, necessária e obrigatória, ou seja, é o estudo dos juízos de valor que dizem respeito à conduta humana suscetível de qualidade do ponto de vista do bem e do mal. O principal ponto em questão da moral e da ética diz respeito à vida em sociedade, que permite que o ser humano conviva com os outros seres humanos, tendo como referência um conjunto de normas e valores que regem sua conduta. O senso e a consciência moral dizem respeito aos valores, sentimentos, intenções, decisões e ações que se referem ao bem e ao mal, bem como ao desejo da felicidade. Nesse sentido, todo ser ético é sujeito moral, ou seja, para que o indivíduo possa ser ético precisa ter consciência e responsabilidade sobre seus atos, agindo em conformidade com a sua razão de forma ativa e sem deixar levar pelos impulsos ou opinião dos outros. http://www.seplan.am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/artigo_01.pdf1 SANCHEZ VÁSQUEZ, A. O objeto da ética. 13 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.2 MATIAS-PEREIRA, José. Manual de Gestão Pública Contemporânea. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012.3 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UnB) FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (FACE) DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO (ADM)� DISCIPLINA CÓDIGO CRÉDITOS TURMA PERÍODO PROFESSOR FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 200794 04 B 2016/2 MARCOS ALBERTO DANTAS http://www.seplan.am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/artigo_01.pdf �2 Conforme Matias-Pereira (2012), podemos concluir que ética é uma reflexão sobre o comportamento humano e a moral são os valores ou normas práticas que orientam ou deveriam orientar a vida de uma coletividade, considerados dentro de um contexto histórico e social. Fonte: http://www.jornaldastribos.com.br/diferenca-entre-etica-e-moral/ 2. ÉTICA, GESTÃO PÚBLICA E CIDADANIA A ética, quando estudada dentro no âmbito da gestão pública é aceita como um conjunto de princípios que direcionam o agir do homem numa integração entre o Estado e a sociedade, ou seja, no exercício da cidadania. Segundo Kant (2004) , teórico do pensamento político, no final do século XVIII, identificava algumas 4 características básicas de um cidadão: a) Autonomia – os cidadãos têm de ter a capacidade de conduzir-se segundo seu próprio arbítrio; b) Igualdade – todos os cidadãos são iguais perante a lei; c) Independência – remete a capacidade das pessoas de sustentar-se. A simples observação dessas três características citadas, dificilmente permitiria identificar um número expressivo de cidadãos que as atendessem. É importante ressaltar que existem duas dimensões do conceito de cidadania. A primeira deriva da experiência dos movimentos sociais, ou seja, as lutas do direito. Essa experiência está agregada na consolidação da democracia. A segunda deriva do republicanismo clássico, enfatizando a preocupação com a coisa pública, a tão conhecida (res)pública. A ética e a cidadania têm sua importância inquestionável, pois trabalha com responsabilidade do ato moral-social, ou seja, a decisão de agir numa situação concreta é um problema prático-moral-social, mas KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos. São Paulo: Martins Claret, 2004.4 �3 investigar se a pessoa pôde escolher entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua decisão é um problema teórico-ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos. É perceptível que a definição do padrão ético efetivo faz parte de um movimento internacional para garantir a confiança das pessoas nas instituições e dar segurança às pessoas para exercerem suas funções em toda sua plenitude. Num ambiente mais transparente e numa sociedade cada vez mais ociosa de respeito a uma conduta estritamente ética, muitos profissionais procuram não tomar certas decisões ou desenvolver certas ações em face das dúvidas quanto ao sentido ético apresentado. 3. ÉTICA E MORAL NA GESTÃO PÚBLICA A expressão gestão ética, especialmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988, passou a ser utilizada com muita frequência na administração pública brasileira. Ela deu enorme relevância aos textos que tratam dos valores éticos e morais da boa conduta da administração pública, reforçando, em particular, a exigência do cumprimento dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O grande desafio imposto aos cidadãos, segundo Wagner Freire Rocha , é como ser ético e moral em 5 uma sociedade extremamente corrompida, trata-se de uma tarefa extremamente árdua e contraditória frente aos valores e atitudes de alguns governantes, que se deixam corromper pelos vícios, e usam seus respectivos cargos e poderes para o beneficio próprio. Esses governantes e gestores esquecem as virtudes e passam a agir pautados pelos vícios e pelo egoísmo. O “levar vantagem em tudo” a todo o custo é o símbolo da sociedade atual, os fins justificando os meios, pensando de forma completamente maquiavélica, no entanto, esses fins geralmente não são tão nobres assim, muito menos os meios são plausíveis. Ele ainda ressalta que, como os gestores públicos e privados, políticos entre outros são frutos dessa sociedade, alguns esquecem a ética e a moral e começam a agir de forma imoral e antiética na busca constante da satisfação pessoal (o individualismo). O individualismo é uma característica tão marcante desse atual estágio da sociedade moderna, onde o consumismo exacerbado e a busca pelo poder e riqueza a todo custo é gritante, ou seja, as práticas egocêntricas são cada vez mais valorizadas em detrimento do pensamento coletivo e do bem comum. Considerando as diversidades culturais existente na sociedade e as diferenças de caráter político e administrativo, torna-se possível identificar algumas características que a administração pública estabelece, tais como: a) valores éticos – representam a expectativa da sociedade quanto à conduta dos agentes públicos; b) normas de conduta – determina que os valores explicitados sejam observados; c) administração – procura zelar pelos valores e pelas normas de conduta, assegurando a efetividade. O objetivo da gestão ética visa a definição de padrões éticos deconduta nas organizações, de tal forma que não deixa nenhuma dúvida quanto à conduta que se espera em situações específicas. A definição de conduta como meio prático para que os valores éticos sejam respeitados representa a objetivação do relacionamento do funcionário com suas partes. Contar com um aparato administrativo para dar efetividade a valores e regras de conduta significa o reconhecimento de que a solução de dilemas éticos exige mais do que a boa formação e o bom senso dos funcionários. Essa nova conduta requer o estabelecimento de padrões transparente e previsível. A grande maioria das administrações públicas dos países do mundo tem modelos de gestão da ética composta por amplo elenco de regras de conduta cuja inobservância, em muitos casos, configura crime. Na maioria dos países da região da América Latina, inclusive o Brasil, coexiste uma multiplicidade de órgãos com Especialista em Administração Pública pela Universidade Federal do Espírito Santo5 �4 responsabilidades por zelar essas normas. Matias-Pereira (2012), coloca como perceptível o elevado nível de ineficiência, ineficácia e falta de efetividade do referido modelo, que se apresenta complexo, incongruente e descoordenado. O que está evidenciado é que a falta de ética e a corrupção existem em grande escala e os meios convencionais de repressão legal tem apresentado resultados insatisfatórios. A falta de ética compromete a capacidade de governança e representa risco à sobrevivência das instituições públicas. Nesse sentido, o acesso à informação foi aumentado e democratizado, os negócios se tornaram mais visíveis, passando a ser acompanhado mais de perto pela sociedade. Torna-se importante, dentro do contexto abordado, medidas para promoção da ética e para o fortalecimento das instituições públicas de forma que a modernização e o combate à corrupção garanta a capacidade de geração de resultados, bem como a reversão da sensação de impunidade que ainda subsiste na população. ➔ As boas práticas em gestão da ética revela o interesse em áreas que cuidam da gestão da ética através das declarações nas quais os servidores revelam situações que efetiva ou potencialmente podem suscitar conflitos de interesses com o exercício da função pública. ➔ Para evitar que o desconhecimento ou o despreparo seja motivo de desvio ético, torna-se importante haver uma comunicação efetiva das normas, canais de orientação que funcionem e programas de capacitação e treinamento sistemático. ➔ A avaliação é um importante instrumento que permite aferir os resultados dos trabalhos desenvolvidos e assim proporcionar aos funcionários maior segurança e menos conflitos. 4. CÓDIGO DE ÉTICA DO GESPÚBLICA O Código de Conduta da Alta Administração Federal normas complementares e sua legislação correlata, foi aprovado pelo Senhor Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em 21 de agosto de 2000 e foi revisada e atualizada pelo Presidente da Comissão de Ética Pública José Paulo Sepúlveda Pertence em 2008. 6 Com vistas a facilitar a consulta dos seus destinatários e de quaisquer interessados, o “Código de Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF) e normas complementares” foi reformulada e ampliada visando à melhor divulgação das normas e posições adotadas pela Comissão de Ética Pública (CEP). Foram acrescidas legislações correlatas referentes ao tema. Dentre elas, a Resolução da CEP nº 10, de 29 de setembro de 2008 – “disposições referentes ao funcionamento e rito apuratório ético dirigido às comissões de ética” –, assim como orientações e interpretações mais recentes desta Comissão de Ética Pública. Republicam-se ainda, em especial, o Decreto 1.171, de 22 de junho de 1994 – Códigos de Ética Profissional do Servidor Público – e o Decreto 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, que consolidou o Sistema de Gestão de Ética do Poder Executivo Federal. As normas de natureza ética ora divulgadas ou reeditadas inspiram-se na disposição constante do artigo 37 da Constituição Federativa do Brasil, cujos princípios norteiam a atividade da Administração Pública. Embora o CCAAF se aplique às altas autoridades da Administração Pública Federal, como expresso no seu artigo 2º, trata-se de diploma com reflexos verticalizados, atingindo todo o corpo de agentes públicos do Executivo Federal, na forma do que dispõe a exposição de motivos de 18 de agosto de 2000. A positivação de regras e padrões de conduta ética do agente público traduz o propósito de retomada de valores e princípios que as inspiram e proporciona o balizamento das ações das autoridades. Gera, assim, um evidente estímulo ao respeito do público em geral, afastando dúvidas sobre a retidão ética do Código de Conduta da Alta Administração Federal Brasília: Presidência da República, Comissão de Ética Pública, 2008. 4a. edição 6 revisada e atualizada. �5 comportamento administrativo, preocupação que se expressa no artigo 3º do Código. Nesse sentido, a regulamentação na seara ética apresenta-se como recurso utilizado para afastar o grau de ceticismo, desconfiança e insatisfação da sociedade, tanto com relação a imperfeições institucionais, quanto às suspeitas da prática de desvios éticos na Administração. Dessa compreensão, derivaram o compromisso e o esforço estatal em desenvolver normativos éticos e uma estrutura composta por órgãos incumbidos de zelar por sua consecução. Este o papel primordial dos componentes do Sistema de Gestão da Ética, que, como diretriz prioritária, exercem sobretudo, uma missão pedagógica: enfatiza-se, portanto, a prevenção, especialmente nas áreas reconhecidamente mais vulneráveis e esclarecem-se situações enquadradas na chamada “zona cinzenta”, quando uma conduta observa a legalidade formal, mas descuida do dever de respeito aos limites éticos. A promoção da ética incorporou novos conceitos a partir do início da década de 90, alicerçando-se nas disposições da Constituição. Foram lançadas então as bases para a formulação de uma postura ética integral por parte da Administração Pública. É papel das autoridades públicas assegurar a sua observância, incluindo os princípios relacionados ao tema, consolidados no ordenamento jurídico brasileiro. Como saudável consequência da postura aventada, o Estado brasileiro se legitimará perante os seus representados, a partir da atuação dos agentes que o compõem, na busca de credibilidade nas instituições públicas, lastro indispensável da construção do Estado Democrático de Direito. De sua parte, a CEP – não obstante as dificuldades operacionais que enfrenta e as incompreensões que sofre de parte de setores da própria máquina administrativa – se tem esforçado por cumprir o seu papel, com firmeza e discrição. Todas as pessoas, neste Código, chamadas de colaboradores - servidores públicos ou não, que direta ou indiretamente, participam do processo de avaliação das organizações públicas, avaliadores, consultores, examinadores, juízes, conselheiros, revisores, coordenadores de núcleo, integrantes da gerência executiva, dos comitês, gerentes de sistemas, operadores de sistemas, atendentes, estagiários, pesquisadores e pessoal de apoio - por terem, de alguma forma, acesso a informações de caráter reservado das organizações públicas brasileiras, que participam do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) , estão 7 submetidas ao presente Código de Ética. De acordo com os princípios éticos profissionais do servidor público, aprovados pelo Decreto 1.171, de 22 de junho de 1994, os colaboradores comprometem-se a respeitar os seguintes preceitos: ➡ Conduzir-se profissionalmente conforme a veracidade, a exatidão, a imparcialidade e a responsabilidade perante o Estado e a Sociedade. ➡ Manter sigilo das informações fornecidas pelas organizações atendidas, salvo quando forem liberadas por elas; devem ser adotadas as seguintes precauções: ✓ As informações não devem ser objeto de discussão com terceiros, nem mesmo com familiares, pessoas de relacionamentoe outros colaboradores, à exceção daqueles que compõem uma mesma equipe de avaliação ou Banca Examinadora; ✓ A identidade das organizações em avaliação não pode ser revelada pelo nome ou por qualquer outra característica que possa identificá-las durante e após o processo de avaliação ou da análise crítica dos Relatórios da Gestão; ✓ Os documentos recebidos, utilizados e produzidos no ciclo de avaliação ou de premiação não podem ser copiados; ✓ Ao término do processo de validação ou avaliação, os colaboradores que dele participaram deverão devolver ao Programa todos os documentos recebidos e produzidos a respeito da organização. Secretaria de Gestão (Seges)7 �6 ➡ Manter sigilo da participação. Os colaboradores que participarem do processo de auto-avaliação, mesmo com assistência a distância, ou participarem da preparação do Relatório da Gestão de uma candidata inscrita no Prêmio Nacional da Gestão Pública não podem discutir ou revelar essa participação a outros colaboradores, nem participar da validação ou das bancas de examinadores e de juízes dessa organização. ➡ Manter sigilo da participação. Os colaboradores que participarem do processo de auto-avaliação, mesmo com assistência a distância, ou participarem da preparação do Relatório da Gestão de uma candidata inscrita no Prêmio Nacional da Gestão Pública não podem discutir ou revelar essa participação a outros colaboradores, nem participar da validação ou das bancas de examinadores e de juízes dessa organização. ➡ Agir com independência, evitar e denunciar as pressões recebidas de qualquer natureza destinadas à obtenção de privilégios no Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização. ➡ Não atuar como Avaliador ou Validador Externo, Examinador, Examinador-Sênior ou Juiz quando se tratar de organização à qual esteja vinculado profissionalmente ou com a qual tenha algum conflito de interesse. ➡ Não atuar como participante dos comitês ou da Banca de Juízes do Prêmio Nacional da Gestão Pública, quando exercer atividades de consultoria, remunerada ou não, em organizações que pretendam participar ou participem do processo de premiação. ➡ Agir de maneira apropriada para a boa reputação e integridade do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização. ➡ Não usar nenhuma informação que chegue ao seu conhecimento como forma de oferecer serviços de consultoria ou qualquer outra forma que caracterize o uso indevido de informação privilegiada. ➡ Não solicitar à organização com a qual esteja atuando nem aceitar, em nome do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, honorários, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie para si, familiares ou qualquer pessoa. ➡ Cada Examinador é responsável por pontuar, pessoal e independentemente, os Relatórios da Gestão que receber para avaliação. Entretanto, com o objetivo de obter informações e conhecimento em áreas em que necessite de apoio, é permitido ao Examinador discutir o assunto, apenas em termos gerais, com especialistas, sem revelar a identidade da candidata. ➡ Os Examinadores e Juízes não podem comunicar-se com as candidatas solicitando documentação, informações ou esclarecimentos, sem autorização prévia da Gerência do Prêmio Nacional da Gestão Pública. ➡ Ao término do processo de avaliação individual, os examinadores deverão devolver à Gerência do Prêmio Nacional da Gestão Pública o Relatório da Gestão da candidata, acompanhado de todo o material de caráter sigiloso recebido, utilizado e produzido no ciclo de premiação, até mesmo os rascunhos. ➡ A não-devolução do Relatório da Gestão pelo Examinador à gerência do PQGF caracteriza quebra do código de ética. ➡ Seguir as regras da boa educação e da cordialidade, seja em relação às organizações atendidas, aos seus empregados, seja aos colegas colaboradores. ➡ Cooperar com a elucidação de qualquer violação aos princípios aqui estabelecidos. ➡ Contribuir para que os demais colaboradores do Programa ajam de acordo com esses mesmos princípios. ➡ Envidar esforços para apoiar o desenvolvimento profissional das pessoas e do processo de melhoria da gestão, como forma de estimular as organizações públicas brasileiras ao aperfeiçoamento contínuo do seu modelo de gerenciamento em direção ao paradigma da excelência da gestão constitui compromisso dos colaboradores.O Estado como referência em gestão. �7 4. COMPORTAMENTO ÉTICO NO SERVIÇO PÚBLICO Ao ingressar no serviço público, as pessoas trazem do meio familiar e social princípios éticos e valores morais que podem ou não ser compatíveis com a lógica da organização. Há, contudo, da parte de empregadores e empregados expectativas recíprocas. Nos dois polos objetiva-se crescimento e realização, crescimento do indivíduo e da organização e realização do bem comum. No polo produtor, ao mesmo tempo em que produz serviços o indivíduo produz e reproduz sua própria subjetividade, ficando exposto à influência dos princípios da organização, o que lhe exige “flexibilidade”, isto é capacidade de adaptação. Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em corrupção, extorsão, ineficiência, etc., mas na realidade o que devemos ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual possamos julgar a atuação dos servidores públicos ou daqueles que estiverem envolvidos na vida pública. Entretanto, não basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão seja ético, acima de tudo . O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão da ética pública está diretamente relacionada aos princípios fundamentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, de "Norma Fundamental", uma norma hipotética com premissas ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, podemos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos e essenciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembrando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, "bem viver". O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal define com muita clareza o assunto. II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. Torna-se importante destacar que os programas de promoção da ética pressupõem fortalecimento da capacidade de governança pública e corporativa, mas, também, o estabelecimento de um padrão ético em matéria de conduta. Se de um lado tem a criação das condições necessárias ao cumprimento da missão organizacional, do outro há o estabelecimento das regras de condutas que devem ser observadas. Definir regras de conduta em uma sociedade em que prevalecem as relações pessoais e de parentesco não é uma tarefa fácil. Administrar ética também configura-se como outro grande desafio. Representa transferir a solução de certos dilemas éticos de foro público e o reconhecimento de que somente formação e bom-senso, ainda que imprescindível, não bastante para garantir padrão ético adequado nas organizações. O desvio ético pode ser motivado pela “pressão” ou pela “tentação”. No primeiro caso, o servidor sucumbe a ordens ilegais ou ilegítimas de seus superiores ou de agentes privados poderosos. Ele age assim com vistas a preservar-se no cargo que ocupa. No segundo caso, o servidor faz uso das facilidades encontradas no serviço público e pela frequência de fatos ocorridos sem a devida repressões e punições. 5. ÉTICA NA POLÍTICA A ética estánormalmente relacionada ao ser humano, e como tal cria uma expectativa de conduta que temos em relação a terceiros e que os terceiros têm em relação a nós. Transpondo para política ou para prática política, ética pode-se confundir com as exigências que cada um de nós faz em relação à conduta dos políticos, o que reflete a conveniência de transpor para a política, que é um exercício público, conceitos e condutas privadas que tem a ver com a vida particular. �8 Devemos ter o cuidado em não transformar a ética, isto é, a impugnação aos políticos desonestos, num moralismo que tende a transformar a atividade política em uma mera extensão de atividades pessoais. Isso é um grande risco. Teremos que ter a preocupação de correlacionar ética e política e isso cresce de importância a cada dia onde todos falam e opinam a respeito. Esta situação decorre de um fato muito objetivo: é que as decisões políticas tem efeitos extensivos a todos nós. Isto coloca as relações entre ética e o direito. E, normalmente, colocam as relações entre a ética e a administração. Administração, Governo e Estado, categorias simplificadas que acabam caracterizando de maneira geral, o Poder Executivo, embora que no Estado Brasileiro exista a divisão institucional dos três poderes: Governo então é o Executivo, deixando a parte o Judiciário e o Legislativo. Hoje pode-se dizer que não haveria Estado sem Governo e é impossível admitir Governo sem Administração. E o que é Administração se não um sistema que inclui normas e pessoas cujo objetivo é tomar decisões. O pressuposto dessas decisões, cuja origem é a vontade de pessoas, provocada ou de ofício, obedecidos os marcos legais, é servir a população, atendendo, sempre que possível, suas demandas. É visível, portanto, o comprometimento desse sistema de tomadas de decisões com os valores éticos aceitos pela sociedade por um lado e contido nas leis que decorrem da sociedade representada no Poder legislativo. Trata-se, portanto, da democracia representativa e do estado de direito. As decisões tomadas no âmbito da administração pública supõe restrições legais mais apertadas do que aquelas previstas para a administração privada. O caráter institucional, o extenso sistema de controle e o cuidadoso processo de prestação e tomada de contas do Governo comprovam essa afirmação. Isso não quer dizer que o administrador público nos vários níveis de tomada de decisão abdique da sua história e experiência de vida, da sua formação profissional e da sua ética pessoal. Contudo o processo decisório no ambiente público é extremamente monitorado e/ou tutelado pelos cuidados jurídicos que cercam desde as grandes decisões àquelas aparentemente sem importância. O grande cuidado, portanto, na tomada de decisões no ambiente público é transformar a norma num valor por se eleger indicadores como realidades infalíveis e acreditar nas equações puramente racionais e objetivas. Uma situação deste tipo, que muita gente deseja, transformaria o ser humano em mero objeto de decisões numa espécie de radical neutro. O compromisso ético de decisão na administração pública, importa em reconhecer que ele tenha seu próprio estilo, sua própria visão do mundo, mas igualmente que ele seja subserviente aos marcos legais. O desejável justo equilíbrio entre esse dois valores é muito difícil de alcançar. O cotidiano na administração pública é um tormentoso conjunto de pequenas decisões que acabam compondo um grande conjunto que leva ao cumprimento das políticas públicas formuladas na esfera política do Governo. Creio que não é possível estabelecer malhas de controle tão eficazes que nos levam a afirmar, a apostar na probidade permanente dessas decisões. No entanto, há de uma forma geral uma enorme decepção quanto a sua plena eficácia.