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3 INSS Instituto Nacional do Seguro Social TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL NÍVEL MÉDIO Conhecimentos gerais e específicos www.focusconcursos .com.br 5 2016 Focus Concursos Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. Proibida a reprodução de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográ- ficos, reprográficos, microfílmicos, fotográficos, gráficos e outros. Essas proibições aplicam-se tam- bém à editoração da obra, bem como às características gráficas. ORGANIZADORES: Vitor Matheus Krewer , Marcelo Adriano Ferreira, Pablo Jamilk Flores DIREÇÃO EDITORIAL Pablo Jamilk Flores Marcelo Adriano Ferreira COORDENAÇÃO EDITORIAL Pablo Jamilk Flores Marcelo Adriano Ferreira Daniel Sena REVISÃO Vítor Matheus Krewer Pablo Jamilk DIRETORIA EXECUTIVA Evaldo Roberto da Silva Ruy Wagner Astrath PRODUÇÃO EDITORIAL Vítor Matheus Krewer DIAGRAMAÇÃO Liora Vanessa Coutinho CAPA/ILUSTRAÇÃO Rafael Lutinski APOSTILA PREPARATÓRIA PARA O CONCURSO DE TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL NÍVEL MÉDIO Conhecimentos gerais e específicos Publicado em Janeiro/2016 www.focusconcursos .com.br 7 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DE TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL Prezado aluno, Este material foi concebido para que você tivesse a oportunidade de entrar em contato com os conteúdos necessários para realizar a prova do seu concurso. Muito esforço foi empregado para que fosse possível chegar à síntese de conteúdos que aqui está proposta. Na verdade, esse material é o re- sultado do trabalho dos escritores que se dedicam – há bastante tempo – à preparação de candidatos para a realização de concursos públicos. A sugestão é que você faça um estudo sistemático com o que está neste livro. Dito de outra ma- neira: você não deve pular partes deste material, pois há uma ideia de unicidade entre tudo que está aqui publicado. Cada exercício, cada capítulo, cada parágrafo, cada linha dos textos será fundamental (serão fundamentais em sua coletividade) para que sua preparação seja plena. Caso o seu objetivo seja a aprovação em um concurso público, saiba que partilhamos desse mesmo objetivo. Nosso sucesso depende necessariamente do seu sucesso! Por isso, desejamos muita força, concentração e disciplina para que você possa “zerar” os conteúdos aqui apresentados, ou seja, para que você possa estudar tudo que verá aqui e compreender bem. Desejamos que todo esse esforço se transforme em questões corretas e aprovações em concursos. Bons estudos! Professor Pablo Jamilk www.focusconcursos .com.br www.focusconcursos .com.br 9 PROPOSTA DA APOSTILA PARA O CONCURSO DO INSS - ATUALIZADA E REVISADA O presente material tem como objetivo preparar candidatos para o certame do Instituto Nacional do Seguro Social. Com a finalidade de permitir um estudo autodidata, na confecção do material foram utilizados diversos re- cursos didáticos, dentre eles, Dicas e Gráficos. Assim, o estudo torna-se agradável, com maior absorção dos assun- tos lecionados, sem, contudo, perder de vista a finalidade de um material didático, qual seja uma preparação rápida, prática e objetiva. O presente material tem como objetivo o cargo de Técnico do Seguro Social, conforme o último edital publi- cado em 2015: CONHECIMENTOS BÁSICOS E ESPECÍ- FICOS 01.Ética e Conduta Pública Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: Decreto nº 1.171/94 e De- creto 6.029/07. 02.Regime Jurídico Único Lei 8.112/90 e alterações posteriores, direitos e deve- res do Servidor Público. O servidor público como agente de desenvolvimento social; Saúde e Qualidade de Vida no Serviço Público. 03.Noções de Direito Constitucional Direitos e deveres fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; direitos so- ciais; nacionalidade; cidadania; garantias constitu- cionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos. Da Administração Pública (artigos de 37 a 41, capítulo VII, Constituição Federal). 04.Noções de Direito Administrativo Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios. Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios. Organização administrativa da União; administração direta e indireta. Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; regime jurídico único: provimento, vacân- cia, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa. Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder. Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; ex- tinção, desfazimento e sanatória; classificação, espé- cies e exteriorização; vinculação e discricionariedade. Serviços Públicos; conceito, classificação, regulamen- tação e controle; forma, meios e requisitos; delegação: concessão, permissão, autorização. Controle e responsabilização da administração: con- trole administrativo; controle judicial; controle legis- lativo; responsabilidade civil do Estado. Lei nº. 8.429/92 e alterações posteriores (dispõe sobre as sanções apli- cáveis aos agentes públicos nos casos de enriqueci- mento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências). Lei n°9.784/99 e alterações posteriores (Lei do Pro- cesso Administrativo). 05.Língua Portuguesa Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual. Ortografia oficial. Acentuação gráfica. Emprego das classes de palavras. Emprego do sinal indicativo de crase. Sintaxe da oração e do período. Pontuação. Concordância nominal e verbal. Regências nominal e verbal. Significação das palavras. Redação de correspondências oficiais. 06.Raciocínio Lógico Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de linhas da tabela verdade; conectivos; pro- posições simples; proposições compostas. Tautologia. Operação com conjuntos. Cálculos com porcentagens. 07.Noções de Informática Conceitos de Internet e intranet. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnolo- gias, ferramentas, aplicativos e procedimentos de in- formática. Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas e apresentações utilizan- do-se a suíte de escritório LibreOffice. Conceitos e modos de utilização de sistemas opera- cionais Windows 7 e 10. Noções básicas de ferramentas e aplicativos de nave- gação e correio eletrônico. Noções básicas de segurança e proteção: vírus, wor- ms e derivados. 08.Conhecimentos Específicos Seguridade Social. Origem e evolução legislativa no Brasil. Conceituação. Organização e princípios constitucionais. Legislação Previdenciária. Conteúdo, fontes, autonomia. Aplicação das normas previdenciárias. www.focusconcursos .com.br 10 Vigência, hierarquia, interpretação e integração. Regime Geral de Previdência Social. Segurados obrigatórios, Filiação e inscrição. Conceito, características e abrangência: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, tra- balhador avulso e segurado especial. Segurado facultativo: conceito, características, filia- ção e inscrição. Trabalhadores excluídos do Regime Geral. Empresa e empregador doméstico: conceito previ- denciário. Financiamento da Seguridade Social. Receitas da União. Receitas das contribuições sociais: dos segurados, das empresas, do empregador doméstico, do produtor ru- ral, do clube de futebol profissional, sobre a receita de concursos de prognósticos, receitas de outras fontes. Salário-de-contribuição. Conceito. Parcelas integrantes e parcelas não-integrantes. Limitesmínimo e máximo. Proporcionalidade. Reajustamento. Arrecadação e recolhimento das contribuições desti- nadas à seguridade social. Competência do INSS e da Secretaria da Receita Fede- ral do Brasil. Obrigações da empresa e demais contribuintes. Prazo de recolhimento. Recolhimento fora do prazo: juros, multa e atualização monetária. 6 Decadência e prescrição. 7 Crimes contra a seguridade social. Recurso das decisões administrativas. Plano de Benefícios da Previdência Social: beneficiá- rios, espécies de prestações, benefícios, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário-de- -benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor dos benefícios. Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de segurado. Lei n.° 8.212, de 24/07/1991 e alterações posteriores. Lei n.º 8.213, de 24/07/1991 e alterações posteriores. Decreto n.° 3.048, de 06/05/1999 e alterações poste- riores; Lei de Assistência Social – LOAS: conteúdo; fontes e autonomia (Lei n° 8.742/93 e alterações posteriores; Decreto nº. 6.214/07 e alterações posteriores). Bons estudos! Vítor Matheus Krewer Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 11Ética no Serviço Público Autor: Tiago Zanolla Curriculum: Professor de Ética no Serviço Público, Conhe- cimentos Bancários e Direito Regimental. For- mado em Engenharia de Produção pela Uni- versidade Pan-Americana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Envolvido com concursos públicos desde 2009 é professor em diversos estados do Brasil. www.focusconcursos .com.br www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 12 SUMÁRIO 1. COMO ESTUDAR ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO ............................................................................................................................................ 13 2. ÉTICA, MORAL, PRINCÍPIOS E VALORES ....................................................................................................................................................... 13 3. ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA ..................................................................................................................................17 4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ÉTICA ................................................................................................................................................................ 18 5. DECRETO 1.171/1994 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................ 19 6. DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS .......................................................................................................................................................................... 21 7. SEÇÃO II - DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO ..................................................................................................... 24 8. SEÇÃO III - DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO ............................................................................................................................26 9. DAS COMISSÕES DE ÉTICA – DECRETO 1.171 ............................................................................................................................................... 28 10. DECRETO 6.029/2007 ................................................................................................................................................................................................29 www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 13 1. COMO ESTUDAR ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Introdução Muitos candidatos, desprezam o estudo da discipli- na Ética no Serviço Público. Acreditam que apenas uma leitura da “lei seca” é suficiente. Ocorre que muitas ban- cas têm elaborado questões mesclando conhecimentos de outras disciplinas, tais como, direito administrativo, direito constitucional, direito penal, leis especiais, entre outros, com dispositivos do Decreto 1.171. Além disso, temos o estudo da “Teoria da Ética”. O estudo da ética é muito subjetivo, existem centenas de conceitos. Veja o exemplo de recentes questões que concur- so: (CESPE – 2008 – Analista do Seguro Social) O códi- go de ética se caracteriza como decreto autônomo no que concerne à lealdade à instituição a que o indivíduo serve (CESPE – 2012 – IBAMA – Téc. Adm.) A ética, en- quanto filosofia da moral, constata o relativismo cultural e o adota como pressuposto de análise da conduta huma- na no contexto público. (CESPE - 2015 - MPU - Técnico do MPU) A ética envolve um processo avaliativo do modo como os seres humanos, a natureza e os animais intervêm no mundo ao seu redor. O que achou? Conseguiu respondê-las? Questões desse tipo, podem ser a diferença entre a aprovação no certame pretendido. Quem visa passar em concurso público deve lutar por cada ponto. Apesar de muitos acharem a disciplina complica- da, pois o tema é amplo e difícil de ser previsto devido à grande referência bibliográfica, a grande verdade é que o foco de cobrança de Ética tem sido tratado sobre a abor- dagem sobre o cliente-cidadão. Com a metodologia apro- priada, o estudo torna-se muito agradável. 2. ÉTICA, MORAL, PRINCÍPIOS E VALO- RES O tema ética está presente na vida das pessoas, seja em pequenas ou grandes decisões, dilemas éticos surgem cotidianamente. A escolha entre o caminho fácil e o mais correto, entre obediência e sentimento, conflitos de foro íntimo são travados. A ética é uma ciência de estudo da filosofia., pauta- da no indivíduo. O termo Ética deriva do grego ethos (ca- ráter, modo de ser de uma pessoa). A ética serve para que haja um EQUILÍBRIO E BOM FUNCIONAMENTO SOCIAL, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sen- tido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. Ética Significa COMPORTAMENTO, sendo um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade Ca pí tu lo 0 1 - C om o Es tu da r É tic a no S er vi ço P úb lic o A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais, ou seja, antecede qual- quer lei ou código. Evolução Histórica da Ética A evolução do conceito de ética foi, sempre, dentro de determinados contextos específicos, elaborados pelo homem. Significa que a evolução do conceito resulta de condições civilizacionais e de contemporaneidade que foram mudando ao longo do tempo. Por outras palavras é a sociedade que determina as regras da ética (seja através das leis, dos costumes , da Moral, de códigos de conduta ou da deontologia) mas existe sempre um espaço de consciência individual que permite a cada cidadão estabelecer as suas fronteiras desde que não infrinja princípios determinados por re- gras de conduta sociais. A ética na civilização Grega: A ética tinha uma re- lação muito estreita com a política. Atenas era o ponto de encontro da cultura grega onde nasceu uma democracia com assembleias populares e tribunais e as teorias éti- cas incidiam sobre a relação entre o cidadão e a polis. As correntes filosóficas: ética aristotélica, ética socrática e ética platónica, têm em comum que o homem deverá pôr os seus conhecimentos ao serviço da sociedade. A Ética na civilização grega era apenas uma ética normativa. Li- mitava-se a classificar os atos do homem. Após as conquistas de Alexandre Magno, a huma- nidade presencia uma nova era: No mundo helenístico e romano, a ética passa a sustentar-se em teorias mais individualistas que analisam de diversas formas o modo mais agradável de viver a vida. Já não se tratava de con- ciliar o homem com a cidade. Em todas as abordagens éticas estava subjacente a procura de felicidade como o bem supremo a atingir. A Ética na Idade Média: Na idade média o conceito de ética altera-se radicalmente. Desliga-se da natureza parase unir com a moral cristã. A influência da igreja, en- tre os séculos IV e XIV, impede que nas cidades europeias a ética se afaste das normas que ela própria dita. Só o en- contro do Homem com Deus lhe possibilitará a felicidade. Ética e moral fundiam-se numa simbiose que a igreja considerava perfeita. Durante este período a Ética deixa de ser uma opção, passa a ser imposta, confundin- do-se com a religião e a moral. Continua porém apenas a ser normativa. Idade contemporânea: Surgem ramos diferencia- dos aplicados nos diferentes campos do saber e das ati- vidades do ser humano. No Séc. XIX começa a aparecer a ética aplicada. A ciência e a economia substituem a reli- gião. Começa a falar-se de “ética utilitarista”: tudo o que contribua para o progresso social é bom. Anos 50 a 80, Ética, consumo e sustentabilidade: Sociedade de consumo – cidadão consumidor Final do séc. passado: As desigualdades fazem despertar uma consciência cívica. O consumidor-objeto dá lugar ao consumidor sujeito, mais preocupado com o significado e as consequências dos seus padrões de con- sumo. Multiplicam-se os códigos de ética ou de conduta. Nasce a empresa-cidadã: postura ética empresarial. Séc. XXI: Ética sustentável – caracterizada pelo respeito pela natureza. Do ponto de vista da Filosofia, Ética é a parte da fi- www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 14 losofia que estuda os fundamentos da moral e os princí- pios ideais da conduta humana, ou seja, tem como objeto de estudo o estímulo que guia a ação: os motivos, as cau- sas, os princípios, as máximas, as circunstâncias. As ações (condutas) são baseadas em juízos éticos que nos dizem o que são o bem, o mal e a felicidade. Enun- ciam também que atos, sentimentos, intenções e com- portamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral. Juízos éticos de valor, que são também normati- vos, enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos, nossos comportamen- tos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam inten- ções e ações segundo o critério do bem e do mal, ou seja, do correto e do incorreto. Fique atento: o examinador pode cobrar dois tipos de juízo: Juízo de Fato Juízo de Valor São aqueles que dizem o que as coisas são, como são e porque são. Em nossa vida cotidiana, os juízos se fato estão presentes Constitui avaliações sobre coisas, pessoas, situações, e são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião, enfim, em todos os campos da existência social do ser humano. Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, ex- periências, acontecimen- tos, sentimentos, estados de espíritos, intenções e decisões como sendo boas ou más, desejáveis ou indesejáveis Qual a origem da diferença entre os dois tipos de juízo? A diferença está entre a natureza e a cultura. A natureza é constituída por estruturas e proces- sos necessários, que existem em si e por si mesmos, in- dependentemente de nós. A chuva, por exemplo, é um fenômeno meteorológico cujas causas e efeitos necessá- rios podemos constatar e explicar. A cultura, por sua vez, nasce da maneira como os seres humanos se interpretam a si mesmos, e as suas re- lações com a natureza, acrescentando-lhe sentidos no- vos, intervindo nela, alterando-a através do trabalho e da técnica dando-lhe valores. Outro ponto de cobrança é a diferença entre ética filosófica e ética científica: ÉTICA FILOSÓFICA x ÉTICA CIENTÍFICA A ÉTICA FILOSÓFICA é aquela que tenta estabelecer princípios constantes e universais para a boa condu- ta da vida em sociedade, em suma, tenta estabelecer uma moral universal, a qual os homens deveriam se- guir independentemente das contingências de lugar e de tempo. A ética tem como objeto de estudo o estímulo que guia a ação: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas ações. Por outro lado, a ÉTICA CIENTÍFICA constata o relati- vismo cultural e o adota como pressuposto. Qualifica o bem e o mal, assim como a virtude e o vício, a partir de seus fundamentos sociais e históricos. Na investigação da ética científica, a pluralidade, a diversidade cultural e a dinâmica da sociedade são relevantes. Para memorizar: Ética Filosófica Ética Científica Moral universal Relativismo cultural Princípios universais Depende da situação Lei natural Cultura e sentimentos Consciência imutável Relativismo moral SÓCRATES, considerado o pai da filosofia, dizia que a obediência à lei era o divisor entre a civilização e a bar- bárie. Segundo ele, as ideias de ordem e coesão garantem a promoção da ordem política. A ética deve respeitar às leis, portanto, à coletividade. KANT afirmava que o fundamento da ética e da moral seria dado pela própria razão humana: a noção de dever. Mais recentemente, o filósofo inglês BERTRAND RUSSELL afirmou que a ética é subjetiva, portanto não conteria afirmações verdadeiras ou falsas. Porém, de- fendia que o ser humano deveria reprimir certos desejos e reforçar outros se pretendia atingir o equilíbrio e a feli- cidade. Quer um exemplo prático? Imagine que você pre- cisa ir ao banco. Chegando lá há uma enorme fila, porém você está atrasado para um compromisso. O que você faz? Por que está com pressa, já vai “furando” a fila? NÃO, CLARO QUE NÃO, pois, é ético respeitá-la, ou seja, apesar de seu desejo e necessidade, você vai lá para o final da fila, mantendo assim a harmonia da coletividade ali presente. Quem chegou antes, tem o direito de ser atendido antes. E essa coisa de respeitar a fila, está em alguma lei? Tam- bém não, pois é um valor arraigado em nossa sociedade. O termo moral deriva do latim – mos/mores (do latino “morales”), e significa COSTUMES. Moral é agir de maneira ética. No contexto filosófico, ética e moral pos- suem diferentes significados. Segundo Aranha e Martins (1997, p. 274): A moral é o conjunto das regras de conduta admiti- das em determinada época ou por um grupo de homens. Nesse sentido, o homem moral é aquele que age bem ou mal na medida que acata ou transgride as regras do gru- po. A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios Ca pí tu lo 0 2 - Ét ic a, M or al , P ri nc íp io s e Va lo re s www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 15 Ca pí tu lo 0 2 - É tic a, M or al , P ri nc íp io s e Va lo re s que fundamental a vida moral. Essa reflexão pode seguir as mais diversas direções, dependendo da concepção de homem que se toma como ponto de partida . Moral São os costumes, regras, tabus e convenções estabe- lecidas por cada sociedade em determinada época, por isso, é mutável. A moral pessoal é formada pela cultura e tradição do grupo ao qual o indivíduo está inserido. Segundo Cordi, desde a infância a pessoa está su- jeita à influência do meio social por intermédio da famí- lia, da escola, dos amigos e dos meios de comunicação de massa (principalmente a televisão). Assim, ela vai adqui- rindo aos poucos princípios morais. Portanto, ao nascer o sujeito se depara com um conjunto de normas já esta- belecidas e aceitas pelo meio social. Este é o aspecto so- cial da moral. Mas a MORAL NÃO SE REDUZ AO ASPECTO SOCIAL. À medida que o indivíduo desenvolve a reflexão crítica, os valores herdados passam a ser colocados em questão. Ele reflete sobre as normas e decide aceitá-las ou negá-las. A decisão de acatar uma norma é fruto de uma reflexão pessoal consciente que se chama interio- rização. Essa interiorização da norma é que qualifica o ato como moral. Caso não seja interiorizado, o ato não é considerado moral, é apenas um comportamento deter- minado pelos instintos, pelos hábitos ou pelos costumes. A Moral sempre existiu, sendo, portanto anterior ao Direito. Nem todas as regras Morais são regras jurídi- cas. A linguagem da moral possui caráter prescritivo sig- nifica, portanto, afirmar que elanão se limita à descrição ou à análise do modo como as coisas são, mas dita o modo como devem ser. A semelhança que o Direito tem com a Moral é que ambas são formas de controle social e cons- tituem um padrão para julgamento dos atos. MORAL TRADICONAL x MORAL MODERNA A moral tradicional é aquela que repousa sobre a crença em uma autoridade. Por que devemos aceitar tais e tais mandamentos? Porque os mesmos refletem a vontade divina, a vontade de um governante ou de qualquer in- divíduo no qual reconhecemos uma autoridade, nossos pais, ídolos, etc. A moral moderna recusa a transcen- dência e questiona o fundamento de autoridade. Será para ela que dirigiremos agora a pergunta: por que de- vemos então aceitar um princípio moral? Encontramos no dicionário Houaiss, várias defini- ções de moral, entre elas: • “Conjunto de valores como a honestidade, a bon- dade, a virtude etc., considerados universalmente como norteadores das relações sociais e da conduta dos ho- mens.” • “Conjunto das regras, preceitos característicos de determinado grupo social que os estabelece e defende.” • “Cada um dos sistemas variáveis de leis e valores estudados pela ética, caracterizados por organizarem a vida de múltiplas comunidades humanas, diferenciando e definindo comportamentos proscritos, desaconselha- dos, permitidos ou ideais.” • “Do latim Moraallis, Mor, Morale – relativos aos costumes.” • “Parte da filosofia que estuda o comportamento humano à luz dos valores e prescrições que regulam a vida das sociedades; No sentido prático, a finalidade da ética, da moral e do direito são muito semelhantes. Todas são responsá- veis e objetivam construir as bases que vão guiar a con- duta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade. AÇÕES DO HOMEM E FENÔMENOS DA NATUREZA “A ética envolve um processo avaliativo especial sobre o modo como os seres humanos intervêm no mundo ao seu redor, principalmente quando se relacionam com os seus semelhantes. Assim como os fenômenos da natureza (movimentos das rochas, dos mares e dos planetas, etc.), as ações humanas também modificam o mundo. Contudo, esses dois tipos de eventos - naturais e humanos - são apre- ciados por nós de formas completamente distintas. Quando se trata de uma ação humana, por exemplo um roubo praticado por alguém, fazemos não apenas uma avaliação moral do aspecto exterior, visível, do even- to (a apropriação indevida de algo que pertence a outra pessoa), mas principalmente uma avaliação moral do sentido dessa ação para o agente que a pratica, em um esforço para compreender as suas intenções. Quando, porém, se trata de um fenômeno da natureza, como uma acomodação de placas da crosta terrestre que causa terremotos na superfície do planeta, essa avaliação moral não ocorre, exatamente porque não há como atribuir uma intenção àquela força. Vamos a um exemplo: não é incomum vermos na im- prensa denúncias contra agentes públicos que se apro- priam indevidamente de recursos do Estado, prejudi- cando, assim, investimentos nas políticas públicas e atendimento das demandas sociais. Muitas catástrofes naturais, em sua manifestação exterior e visível, provocam destruição e morte. São frequentes as notícias de terremotos, tempestades e furacões que devastam cidades inteiras, causando um número grande de vítimas. Porém, a repulsa e a indig- nação com o desvio de verbas públicas é muito mais significativo”. A ética no serviço público está diretamente re- lacionada com a conduta dos funcionários que ocupam cargos públicos. Tais indivíduos devem agir conforme um padrão ético, exibindo valores morais como a boa fé e outros princípios necessários para uma vida saudável no seio da sociedade. Ética diz respeito ao cuidado do ser- vidor público com a sua conduta, de modo a considerar sempre os efeitos desta na realização dos próprios inte- resses. Conduta Manifestação de comportamento do indivíduo. Esta pode ser boa ou má dependendo do código moral-éti- co do grupo onde aquele se encontra. www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 16 Conduta vem do latim conducta e é uma manifes- tação do comportamento do indivíduo. É, de acordo com o dicionário Melhoramentos (1997, p. 30), procedimento moral (bom ou mau). O dicionário Michaelis (2010) a define como Condu- ção. Reunião de pessoas que são conduzidas para algum lugar por ordem superior. Procedimento moral; compor- tamento. Comportamento consciente do indivíduo, in- fluenciado pelas expectativas de outras pessoas. E, ainda, segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (2008, p. 141), conduta é ato de conduzir; con- junto de pessoas conduzidas para algum lugar; procedi- mento; comportamento. É possível também encontrar definições doutriná- rias, como as do autor Antônio Lopes de Sá (2001) no sen- tido de que a conduta do ser é a resposta a um estímulo mental, ou seja, é uma ação seguidora de um comando do cérebro e, ao se manifestar variável, também pode ser observada e avaliada. Valores são o conjunto de normas que corporifi- cam um ideal de perfeição buscado pelos seres humanos: solidariedade, verdade, lealdade, bondade etc. Essas ati- tudes classificam a conduta como honesta ou desonesta. Valores Morais São conceitos que adquirimos ao longo da vida com base nos ensinamentos e influencias que recebemos. Tais conceitos norteiam nossa forma de ver o mundo e de agir em sociedade impondo limites ao nosso com- portamento, uma vez que muitas vezes tais valores entram em conflito com nossos desejos. Quando uma pessoa é eleita para um cargo públi- co, a sociedade deposita nela confiança e espera que ela cumpra um padrão ético. Assim, essa pessoa deve estar ao nível dessa confiança e exercer a sua função seguindo determinados valores, princípios, ideais e regras. Princípios São norteadores que orientam as pessoas em diver- sas situações. Cada sociedade forma seus princípios ao longo da história. Os princípios são requisitos de otimização na aplicação das regras. De igual forma, o servidor público deve assumir o compromisso de promover a igualdade social, de lutar para a criação de empregos, desenvolver a cidadania e de robustecer a democracia. Para isso ele deve estar prepa- rado para pôr em prática certas virtudes que beneficiem o país e a comunidade a nível social, econômico e político. Um profissional que desempenha uma função pública deve ser capaz de pensar de forma estratégica, inovar, cooperar, aprender e desaprender quando neces- sário, elaborar formas mais eficazes de trabalho. Infeliz- mente os casos de corrupção no âmbito do serviço públi- co são fruto de profissionais que não trabalham de forma ética. Temos ainda a ética profissional. O indivíduo pre- cisa cumprir com suas responsabilidades e atividades da profissão, seguindo os princípios determinados pela so- ciedade e pelo seu grupo de trabalho. Ética Profissional Conjunto de normas de conduta que deverão ser pos- tas em prática no exercício de qualquer profissão. Se- ria a ação reguladora da ética agindo no desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respei- te seu semelhante quando no exercício da profissão A ética profissional estuda e regula o relaciona- mento do profissional com sua clientela, visando à digni- dade humana e a construção do bem-estar no contexto sociocultural onde exerce sua profissão. Um código de ética profissional oferece, implici- tamente, uma série de responsabilidades ao indivíduo. Atinge todas as profissões e quando falamos de ética profissional, estamos nos referindo ao caráter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão, a partir de estatutos e códigos específicos, assim, como a ética médica, do advogado, engenheiro, administrador, biólogo etc. Acontece que, em geral, as profissões apre- sentam a ética firmada em questões muito relevantes que ultrapassam o campo profissional em si. ATENÇÃO:É importante destacar a diferença entre ética de responsabilidade e ética de convicção. Na ética da convicção seguimos valores ou prin- cípios absolutos – tais como não matar, não roubar, não mentir. Neste caso, a intenção é sempre mais importante do que o resultado concreto das nossas ações. É a ética da moralidade do indivíduo. A ética da responsabilidade, estabelecida por Ma- quiavel e aprimorada por Max Weber, leva em considera- ção as consequências dos atos dos agentes, geralmente políticos. Para a ética da responsabilidade, serão morais as ações que forem úteis à comunidade, e imorais aquelas que a prejudicam, visando os interesses particulares. Ética da convicção são as ações morais individuais praticadas independente dos resultados alcançados. No dizer de Kant, não há regulamento, é o dever pelo dever. Por sua vez, ética de responsabilidade é a moral do grupo, muito diferente da individual, pois aquela re- fere-se a decisões tomadas pelos governantes para o bem-estar geral, embora, muitas vezes, possam pare- cer erradas aos olhos da moral individual. Sendo a ÉTICA INERENTE À VIDA HUMANA, sua importância é bastante evidenciada na vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades indivi- duais e responsabilidades sociais, pois envolve pessoas que dessas atividades se beneficiam. No âmbito empresarial, significa uma filosofia ou ética do serviço. Ou seja, é na medida em que o meu pro- duto, a maneira de produzi-lo e tudo mais que eu faço em relação a ele representarem um serviço para o mercado, que minha empresa poderá obter um resultado econômi- co válido. Aqui, o valor maior é a solidariedade, o objetivo maior é o crescimento do outro. O lucro, o benefício eco- nômico, é um subproduto. Devemos esclarecer ainda que, todos os códigos de ética profissional, trazem em seu texto a maioria dos se- guintes princípios: honestidade no trabalho, lealdade na empresa, alto nível de rendimento, respeito à dignidade Ca pí tu lo 0 2 - Ét ic a, M or al , P ri nc íp io s e Va lo re s www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 17 humana, segredo profissional, observação das normas administrativas da empresa e muitos outros. 3. ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA Segundo Dalmo Dallari (2008), “a cidadania ex- pressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possi- bilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, fican- do numa posição de inferioridade dentro do grupo social”. Segundo o dicionário Aurélio, cidadão é aquele in- divíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Esta- do, ou no desempenho de seus deveres para com este, ou habitante da cidade, indivíduo, homem, sujeito. Para a ética, não basta que exista um elenco de princípios fundamentais e direitos definidos nas Consti- tuições. O desafio ético para uma nação é o de universa- lizar os direitos reais, permitido a todos cidadania plena, cotidiana e ativa. A atitude de ceder um assento a um idoso em um transporte coletivo constitui um exemplo de comporta- mento relacionado à cidadania. Este é um exemplo que demonstra um conceito ético universal, não expresso em qualquer código. É a transformação de valores e prin- cípios em atitudes que atendam aos interesses coletivos. A cidadania esteve e está em permanente cons- trução; é um referencial de conquista da humanidade através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e cole- tivas, e não se conformam frente às dominações arro- gantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não deverá será obstada (SANTANA, 2008). A escravidão era legal no Brasil até 120 anos atrás. As mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar apenas há 60 anos e os analfabetos apenas há alguns anos. Chamamos isso de ampliação da cidadania (MAR- TINS, 2008). Hoje, no entanto, o significado da cidadania assu- me contornos mais amplos, que extrapolam o sentido de apenas atender às necessidades políticas e sociais, e as- sume como objetivo a busca por condições que garantam uma vida digna às pessoas. O conceito de cidadania está fortemente ligado ao de democracia. Na antiguidade clássica, ser cidadão era ter participação política. A palavra cidadão servia para definir, na Grécia antiga, o indivíduo nascido na Pólis e que tinha direitos políticos. Com o tempo o conceito de cidadania foi se ampliando para além dos direitos, hoje ela está associada aos direitos e deveres dos indivídu- os. Quando falamos de direitos e deveres, devemos en- tender como cidadania a preocupação e o exercício de ações que garantam o desenvolvimento harmonioso da sociedade e a preservação dos direitos alheios. Ser cidadão, não é simplesmente cobrar seus direitos, mas lutar para defender os interesses dos nossos semelhan- tes. O pleno exercício da cidadania e da democracia es- tão associados a ideia de igualdade entre os indivíduos. Fundamentalmente, a acepção que se tem de cida- dania abrange duas dimensões. A primeira está intrin- secamente ligada e deriva dos movimentos sociais, que, geralmente, encampa a luta por direitos. O exercício da cidadania relaciona-se com a consolidação da democra- cia. A segunda, além da titularidade de direitos, é aquela que deriva do republicanismo clássico, enfatizan- do a preocupação com a coisa pública (res pública). O gestor público, ocupa cargo de natureza transi- tória, e os bens que ele administra, não é dele, é coisa pú- blica. Por isso, os agentes públicos devem representar o povo, atuando de maneira ética e moral. O descaso com a “coisa pública”, a confusão patrimonial, os casos de cor- rupção, veem sendo cada vez mais refutados pela socie- dade. Vale lembra que DEMOCRACIA é o sistema político onde o povo é soberano. Kant enumerava algumas características comuns do que se entende por ser um cidadão. A primeira é a au- tonomia. Os cidadãos têm de ter a capacidade de condu- zir-se segundo seu próprio arbítrio. A segunda é a igual- dade perante a lei. A terceira é a independência, ou seja, a capacidade de sustentar-se a si próprio. Max Weber se ocupou-se com a fundamentação ética das ações políticas, que demandam senso moral di- ferenciado das ações individuais. Para o autor, dois são os tipos de fundamentação ética que distinguem as boas e as más razões dos atores políticos: o de natureza “prin- cipiológica preestabelecida” (como os são os Dez Manda- mentos) e o da categoria que visa a “resultados” (a educa- ção do maior número de pessoas, por exemplo). Weber chama a primeira de ética de convicção (correspondente à ética de deveres), e a segunda, de ética de fins, que dá legitimidade, por ele denominada de ética de responsabilidade. Esta própria e adequada à política, pois não é pautada no valor consagrado no princípio, e sim na racionalidade segundo o fim. Enquanto tal, essa ética funda-se na adequação dos meios aos fins pretendidos, o que exige do juízo sobre a ação boa algo mais que a prudência: exige uma técnica de atuação que leve em consideração as consequências da decisão, tal como uma relação de causa e efeito. Situ- ação em que se verifica tal postura seria a do médico que mente para o paciente para poupá-lo do sofrimento: tra- ta-se de uma mentira caridosa. Ainda, segundo os filósofos, o que dá o conteúdo à or- ganização social é a ética. Assim como a estética está relacionada com a construção do belo, com a busca da perfeição na arte, a ética está relacionada à busca da perfeição na convivência social. O mundo ético é o mundo bom. A ética é indispensável para o desenvol- vimento social. Há quem diga que ética é bem estar so-cial. Giannetti, por exemplo, diz que sem ética a própria sobrevivência fica comprometida Os cidadãos em maioria desconhecem o histórico e o contexto atual de seus próprios direitos fundamentais; não reconhecem o valor da conquista de uma Constitui- Ca pí tu lo 0 3 - É tic a e D em oc ra ci a: E xe rc íc io d a C id ad an ia www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 18 Ca pí tu lo 0 4 - A dm in is tr aç ão P úb lic a e Ét ic a ção democrática, o significado de res publica. Mas é possível formar o cidadão, para que ele te- nha condições de reivindicar ética nas atuações políti- cas? Como sugeriu Platão, podemos educar o indivíduo no espírito das melhores leis? De acordo com Puig (1998, p.15), deve converter-se em um âmbito de reflexão individual e coletiva que per- mita elaborar racionalmente e autonomamente princí- pios gerais de valor, princípios que ajudem a defrontar-se criticamente com realidades como a violência, a tortura ou a guerra. De forma específica, para esse autor, a edu- cação ética e moral deve ajudar na análise crítica da re- alidade cotidiana e das normas sociomorais vigentes, de modo que contribua para idealizar formas mais justas e adequadas de convivência. Cortina (2003, p.113) entende que a educação do cidadão e da cidadã deve levar em conta a dimensão co- munitária das pessoas, seu projeto pessoal e também sua capacidade de universalização, que deve ser exercida dialogicamente, pois, dessa maneira, elas poderão ajudar na construção do melhor mundo possível, demonstrando saber que são responsáveis pela realidade social. De forma específica, lidar com a dimensão comu- nitária, dialogar com a realidade cotidiana e as normas sociomorais vigentes nos remete ao trabalho com a di- versidade humana, à abordagem e ao desenvolvimento de ações que enfrentem as exclusões, os preconceitos e as discriminações advindos das distintas formas de de- ficiência, e pelas diferenças sociais, econômicas, psíqui- cas, físicas, culturais, religiosas, raciais, ideológicas e de gênero. Conceber esse trabalho na própria comunidade onde está localizada a escola, no bairro e no ambiente natural, social e cultural de seu entorno, é essencial para a construção da cidadania efetiva. 4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ÉTICA O estado é a instituição de mais alto poder na so- ciedade, cujas decisões afetam profundamente a vida dos cidadãos e para isso, convergem forças representan- do interesses diversos e conflitantes. Além disso, o Estado reclama para si o monopó- lio de certas atividades e decisões que tornam inevitá- veis as pressões contraditórias da sociedade (SERPRO – ENAP, 2007). O decoro, a probidade e a integridade não são ape- nas patrimônios pessoais. São caracteres imediatamente transferidos à “personalidade do Estado”. Uma adminis- tração pública proba e íntegra, atenta ao decoro, é função direta da probidade e integridade de seus servidores. As ações do estado encontram-se norteados por diversos princípios dentre os quais destaca-se o da lega- lidade, que delimita o campo de atuação possível do Es- tado e garante aos cidadãos a titularidade de direitos. No entanto, sendo o Estado um ser ético-político, a avaliação da conduta de seus agentes não pode pautar-se, apenas, pelo aspecto da legalidade. Revela-se imperiosa a verifi- cação quanto a obediência aos preceitos éticos que este- jam disseminados na própria sociedade. A ética na con- dução da res publica emerge como instrumento eficaz de PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, a exemplo da liberdade e da igualdade. A governança pública, segundo Matias-Pereira (2008) está apoiada em quatro princípios: Governança Pública Relações Ética Conformidade Transparência Prestação Responsável de Contas Os conceitos dos princípios de transparência e prestação de contas são os mesmos aplicáveis à gover- nança na gestão privada. As relações éticas dizem res- peito a permissões de ações, cujo parâmetro limitador é a não nocividade social; a conformidade refere-se à com- patibilidade dos procedimentos com as leis e regulamen- tos. A Administração Pública se constitui no instru- mental de que dispõe o Estado para implementar as prio- ridades do Governo. Assim, merece atenção especial o estudo acerca das ações empreendidas pelo gestor da coisa pública, sobretudo em relação ao grau de aderên- cia ao interesse público (efetividade). Deve haver compa- tibilidade entre as prioridades de governo e o querer da coletividade. O governante, tem a obrigação de prestar contas dos seus atos com transparência suficiente para que a sociedade, sob a análise da conformidade e do desempe- nho, possa avaliar a sua gestão e, em razão disso, ratificá- -la ou refutá-la (O’DONNELL, 1998). ACCOUNTABILITY: é a capacidade de prestar contas e de se fazer transparente. Na gestão pública parte de uma perspectiva ampla, surgindo como um instru- mento a serviço da manutenção dos ideais democráti- cos de um país controlando tanto os processos como os resultados a serem alcançados. Esse instrumento de análise pressupõe, de um lado, a conformidade da organização às leis que regulam suas atividades e, de outro lado, o desempenho ou per- formance aderente às expectativas e aos desejos da so- ciedade como um todo. No caso brasileiro, esta rede de agências de ac- countability englobaria, dentre outros, o Ministério Pú- blico, o sistema de controle interno dos Poderes, o Poder Judiciário e os Tribunais de Contas. Estes últimos foram, sobretudo a partir da edição da Lei de Responsabilidade Fiscal, alçados à condição de grandes provedores de in- formações sobre a gestão pública. Aos Tribunais de Contas compete verificar o cum- primento da Lei de Responsabilidade Fiscal, que está erigida sobre alguns pilares, dentre os quais, o da trans- parência. Assim entendida, não só a disponibilização de informações, mas sobretudo a compreensão dos dados divulgados por parte do cidadão mediano. O objetivo mais nobre do princípio da transparência é permitir e es- timular o exercício do controle social, a mais eficaz das formas de controle da conduta do gestor público. Mas, se a Administração Pública é orientada por valores que definem sua própria finalidade, como e de que jeito entra a Ética? Na Administração Pública, a ética é orientada es- pecialmente para a dimensão do agente público em si, www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 19 Ca pí tu lo 0 5 - D ec re to 1. 17 1/ 19 94 como padrões de comportamento pré-formatados como (IM)próprios pelo Código de Ética do Servido Público (De- creto 1.171). Exige-se ética na vida pública porque as pesso- as não apenas desejam o cumprimento da lei, mas sim o seu bom cumprimento. Capturar essa dimensão do bom cumprimento da lei é tarefa difícil, mas que caberia per- feitamente a um código de ética. Por outro lado, também não faria sentido ter um código de ética que apenas repetisse o que já está plena- mente determinado e assegurado na lei. Para evitar que um código de ética seja uma repetição do que já é propos- to por lei, é preciso que tal documento explicite valores afirmados por um grupo e, em seguida, solidifica-lo atra- vés de normas que sirvam de instrumentos para realizar os valores afirmados. O código de ética não deve ser en- tendido como um instrumento disciplinar e repressivo. Deve articular princípios e valores que frequen- temente entram em choque, colocando-se em perspec- tiva, a fim de conciliá-los ou priorizá-los. Isso pode ser útil na resolução de dilemas morais, vividos justamente por aqueles que procuram uma conduta ética. (SERPRO - ESAF, 2007) Em tese, desconsidera-se a circunstância de que o agir da Administração Pública nunca é unipessoal, mas, normalmente, é processualizado e envolve uma multi- plicidade de Agentes. No modelo constitucional vigente, é no campo da ética que se poderá construir os argumentos que vão le- gitimar as escolhaspúblicas, numa sociedade plural, e portanto, conflitiva. A ética na função pública é a criação de uma cul- tura de justificação de escolhas, delimitando parâmetros objetivos para a formulação dessas escolhas, que substi- tuam os critérios de racionalidade emanados de lei. Os Sete Princípios da Vida Pública Em maio de 1995, foi encaminhado ao primeiro-minis- tro do Reino Unido um relatório elaborado pela assim chamada Comissão Nolan, sobre normas de conduta na vida pública britânica. A Comissão, presidida por Lord Nolan (cujo nome se aplica também ao relatório), reuniu-se durante seis meses, recebeu cerca de duas mil cartas e ouviu mais de cem pessoas em audiências públicas. Seu trabalho concentrou-se sobre questões relativas ao Parlamento, a ministros e a servidores do Executivo e às organizações não governamentais semi-autônomas. O Relatório Nolan é um documento sóbrio que detecta e discute problemas de um serviço público do qual os britânicos muito se orgulham, pelo menos desde o século XIX. A Comissão Nolan, basicamente, tenta salvaguardar uma esfera pública eficiente, distinguindo-a, com niti- dez, do domínio privado dos indivíduos. A tentação de beneficiar-se a qualquer custo é humana, demasiada- mente humana. A Comissão pressupõe isso, de modo tácito, e estabelece padrões para afastar interferências privadas ilegítimas, mantendo o interesse coletivo, de forma eficiente e acima de suspeitas insuperáveis. Neste ponto, a estratégia da Comissão Nolan é esta- belecer um conjunto de princípios simples, objetivos e abrangentes, aplicáveis a toda a vida pública. São eles 1. Interesse Público: Os ocupantes de cargos públicos de- verão tomar decisões baseadas unicamente no inte- resse público. Não deverão decidir com o objetivo de obter benefícios financeiros ou materiais para si, sua família ou seus amigos. 2. Integridade: Os ocupantes de cargos públicos não de- verão colocar-se em situação de obrigação financeira ou de outra ordem, para com indivíduos ou organiza- ções externas, que possa influenciá-los no cumpri- mento de seus deveres oficiais. 3. Objetividade: No desempenho das atividades públi- cas, inclusive nomeações, concessão de contratos ou recomendação de pessoas para recompensas e bene- fícios, os ocupantes de cargos públicos deverão decidir apenas com base no mérito. 4. “Accountability” (Prestação de contas): Os ocupan- tes de cargos públicos são responsáveis perante o pú- blico por suas decisões ou ações e devem submeter-se a qualquer fiscalização apropriada ao seu cargo. 5. Transparência: Os ocupantes de cargos públicos de- vem conferir às suas decisões e ações a maior trans- parência possível. Eles devem justificar suas decisões e restringir o acesso à informação somente se o inte- resse maior do público assim o exigir. 6. Honestidade: Os ocupantes de cargos públicos têm o dever de declarar quaisquer interesses particulares que tenham relação com seus deveres públicos e de tomar medidas para resolver quaisquer conflitos que possam surgir, de forma a proteger o interesse público. 7. Liderança: Os ocupantes de cargos públicos devem promover e apoiar estes princípios, através da lide- rança e do exemplo. Esta lista vem acompanhada de uma observação, que declara os princípios aplicáveis a qualquer aspecto da vida nacional. Eles devem ser empregados por todos que, de alguma forma, prestem serviços públicos. Isso implica que também os setores terceirizados estão a eles sujeitos. 5. DECRETO 1.171/1994 - INTRODUÇÃO O Decreto 1.171/94 aprova o Código de Ética Profis- sional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Fe- deral. Este decreto, cria normas de conduta, conhecidas no Direito como normas materiais, porque impõem com- portamentos. Assim, não poderia ser imposta nenhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é uma norma se- cundária, porque só a norma primária tem esta capaci- dade constitucional. Sua finalidade maior é produzir na pessoa do ser- vidor público a consciência de sua adesão às normas preexistentes através de um espírito crítico, o que cer- tamente facilitará a prática do cumprimento dos deveres legais por parte de cada um e, em consequência, o resgate do respeito aos serviços públicos e à dignidade social de cada servidor. O estabelecimento de um código de ética para o exercício das funções públicas busca garantir que as di- ferenças individuais não sejam tratadas de modo parti- cular, arbitrário, ou seja, com base na vontade do agente público que presta determinado serviço. Isso é reforçado em todo o Código de Ética. É pra- ticamente impossível relatar em um regulamento, todas www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 20 Ca pí tu lo 0 5 - D ec re to 1. 17 1/ 19 94 as situações e como agir perante a cada uma delas. Nesse sentido, o Decreto 1.171/94 oferece um rol não taxativo de deveres e proibições direcionados aos servidores públi- cos. Apesar de esse assunto ser tópico da próxima aula, veja alguns exemplos que reforçam esse pensamento: XIV - São deveres fundamentais do servidor pú- blico: c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajo- sa para o bem comum; g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações in- dividuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; Fique atento as pegadinhas de prova. Por ser um Decreto e não uma Lei, o Código de Ética instituído pelo 1171, não é aplicável aos Estados e Municípios, nem aos poderes Judiciário e Legislativo, bem como as Forças Ar- madas. O Decreto 1.171 é aplicável apenas aos servidores pú- blicos dos órgãos da esfera federal do Poder Executivo (Administração Direta e Indireta). Mas, quem seriam esses “servidores públicos”? No Decreto 1171, servidores públicos tem sentido amplo. Ve- jamos o que diz o Decreto 1.171/1994: XXIV - Para fi ns de apuração do comprometimen- to ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição fi nanceira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as so- ciedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. Assim, se cair em prova, algo dizendo que o De- creto 1171 é aplicável ao servidor público tanto no sentido amplo quanto no sentido estrito, a resposta é SIM! Calma, parece confuso né? Vamos explicar. Estuda-se muito essas acepções de “servidor pú- blico” em Direito Administrativo: Segundo o mestre Carvalho Filho, Servidor Públi- co em sentido amplo é: Conjunto de pessoas que, “a qualquer título”, exercem uma função pública como prepostos do Estados. Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada ou gratuita, defi nitiva ou transitória, política ou jurídica. Para complementar, vamos trazer o conceito tra- zido pela Lei 8.429/1992: Art. 2° Reputa-se agente público, (...), todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remune- ração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função (...). Juntando tudo isso, concluímos: SERVIDOR PÚ- BLICO para aplicação do Decreto 1.171 é todo aquele que exerce, a qualquer título, seja temporário ou permanente, remunerado ou não, seja de alguma forma vinculado ao interesse do Estado, são servidores públicos Agora, uma questão mais bem elaborada pode ci- tar o local de trabalho, por isso, vamos complementar a informação retro: Aplica-se o Decreto1.171 ao servidor seja estatu- tário (servidor-Lei 8.112) ou celetistas (empregado-CLT) da Administração Pública direta e indireta autárquica e fundacional sociedades de economia mista, das empre- sas públicas e aos servidores das Autarquias Aqui vai um esquema para você se orientar caso a questão traga algum órgão específi co [rol não taxativo]: ATENÇÃO: Diretores e Conselheiros de Empresas Públicas sujeitam-se ao Código de Ética Profi ssional do Servidor Público Civil. Cabe complementar que o código de ética não se confunde com o regime disciplinar do servidor público previsto nas leis administrativas (lei 8.112). Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes. www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 21 Ca pí tu lo 0 6 - D as R eg ra s D eo nt ol óg ic as O que podemos extrair de importante desse artigo é que a Comissão de Ética, é composta por TRÊS servidores/ empregados os quais devem ter cargo efetivo/emprego permanente, ou seja, devem ser servidores/empregados de “carreira”, não podendo ser compostas pelos que ocupam cargos em comissão. CUIDADO: Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto no 1171, de 1994, será integrada por três membros titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro permanente, e designados pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não coincidentes de três anos. Entende-se por “Quadro Permanente” aquele com- posto por servidores/empregados admitidos para o desempenho das atividades fi ns e meios nos órgãos ou entidades, estejam eles ocupando cargo comis sionado ou não. Excluem-se desse quadro permanente somen- te os ocupantes de cargo comissionado sem vínculo efetivo com a administração, de livre nomeação e exo- neração. A atuação da Comissão de Ética, no que concerne ao exercício de suas competências próprias, não se subordina a instância superior a que se vincule. Eventuais dúvidas de natureza legal devem ser resolvidas junto ao jurídico da entidade ou órgão. Dúvidas sobre a aplicação das normas do Código de Ética devem ser dirimidas pela Comissão de Ética Pública. O código de ética é composto de dois capítulos, e foi dividido na forma de incisos: As regras deontológicas representam o padrão ético desejável na Administração Pública Federal. Tais valores são: dignidade, decoro, honra, zelo, honestidade, efi cácia, consciência dos princípios morais, bem comum, cortesia, boa vontade, respeito ao cidadão etc. Porém, o Código de Ética não se limita a apontar o comportamento que se espera dos servidores públicos. Estabelece também deveres a serem observados a fi m de que os valores possam ser alcançados. Alguns desses deveres refl etem os valores desejados; outros, a integridade do exercício da função pública, e, outros, ainda, o que se poderia chamar de “boas maneiras” no ambiente de trabalho. São deveres que refl etem a integridade da função pública e a busca dos valores que norteiam seu exercício. O servidor não tem escolha ele tem o dever de agir “de acordo com os interesses coletivos e de procurar orientar seus esforços para a otimização da satisfação do maior número de pessoas manifestando conduta ética baseada na moral e nos direitos.” As condutas “vedadas”, de forma geral, correspondem a condutas que são qualifi cadas como crimes contra a Administração Pública, como atos de improbidade administrativa e como infrações disciplinares de natureza grave, previstas no Estatuto do Servidor Público (Lei no 8.112/1990). 6. DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS Regras deontológicas referem-se ao conjunto de princípios e regras de conduta — os deveres — inerentes a determinado grupo profi ssional. Assim, cada classe pro- fi ssional está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profi ssão, conforme o Código de Ética de sua categoria. Neste caso, é o conjunto codifi cado das obrigações impostas aos profi ssionais de uma determi- nada área, no exercício de sua profi ssão. Vocês irão perceber que as regras expressas aqui, estão intimamente relacionados com só deveres e proi- bições encontrados na Lei 8.112/1990 (Regime Jurídico Único). Vamos lá: I - A dignidade, o decoro, o zelo, a efi cácia e a cons- ciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refl etirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, compor- tamentos e atitudes serão direcionados para a preserva- ção da honra e da tradição dos serviços públicos. II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que de- cidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportu- no, mas principalmente entre o honesto e o desonesto. Sim, você leu certo. O servidor deve manter-se éti- co não apenas no trabalho, mas também fora dele, pois, ele representa o serviço público perante a sociedade. E sabe por que isso é importante? Lembra do caso do Juiz que foi parado na blitz da Lei Seca e deu voz de pri- são à agente? Ele agiu certo? A atitude dele, sujou a ima- gem da Entidade a qual trabalha. Imagine um prefeito que dirige bêbado. Ele certa- mente manchará a imagem da prefeitura. Fazendo um “link” com a lei 8.112, temos: Art. 116, II: “O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o LEGAL E O ILEGAL, o JUS- TO E O INJUSTO, o conveniente e o inconveniente, o opor- tuno e o inoportuno, mas principalmente entre o hones- to e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. E que regras são estas previstas pela Constituição? Vejamos: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de le- galidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi - ciência. www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 22 Ca pí tu lo 0 6 - D as R eg ra s D eo nt ol óg ic as § 4º - Os atos de improbidade administrativa im- portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. Viram? Acham que é “fácil” ser concursado? Temos que fazer um “link” com diversos diplomas legais para atingirmos o entendimento necessário para sua prova. Veja que a ética aqui é bem abrangente. O servidor público deve estar sempre atento às questões legais, jus- tas, convenientes e honestas. Concluímos que, tanto a serviço, quanto “fora dele” o servidor público está imbuído dessa postura ética (res- peitando os princípios da lei). III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. Não basta ser moral, deve-se primar pelo bem co- mum, finalidade de qualquer ato administrativo, pois, ao praticar um ato, não é o agente que o está praticando, mas sim a própria Administração Pública. Novamente trazendo conceitos importantes do Di- reito Administrativo: Agentes Públicos são todosaqueles que, a qualquer tí- tulo, executam uma função pública como prepostos do Estado. São integrantes dos órgãos públicos, cuja von- tade é imputada à pessoa jurídica (...). Os agentes, são o elemento físico da Administra- ção Pública, sendo que, pelas ações daqueles é que este consigna sua vontade. Aliás, “O princípio da moralidade está indissociavelmente li- gado à noção do bom administrador, que não somente deve ser conhecedor da lei como dos princípios éticos regentes da função administrativa”. IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contraparti- da, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em fator de legalidade. A moralidade é tão importante que, em caso de imoralidade, consistirá em ofensa direta a lei, e então, violará o princípio da legalidade. V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acrésci- mo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, inte- grante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser con- siderado como seu maior patrimônio. Ou seja, o servidor público também é beneficiado com o seu trabalho, visto que ele também é um cidadão. VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcio- nal. Olha aí de novo! Os atos praticados “fora da repar- tição” poderão influenciar, negativamente ou positiva- mente, no âmbito profissional. Considera-se que os atos praticados pelo servidor público no âmbito privado são associados de sua conduta pública, influenciando, portanto, seu conceito funcional nem a prestação de serviços ao público. Cabe aqui uma complementação. Essa dita “profis- sionalização”, não é de exclusividade do servidor. O Po- der Público deve promover essa ‘evolução” do servidor. Para tanto, em 1998 foi inserido na Constituição Federal: § 2º A União (..) manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos (...). Como registra a doutrina, “para a efetiva profissio- nalização, é imprescindível ampliar os horizontes profis- sionais daquele que trabalha para a Administração” . VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- tigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em proces- so previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui re- quisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar. Simples: é aético negar publicidade dos atos admi- nistrativos. Até porque, se algo está sendo mantido em segredo, é porque, alguma coisa, pode “não cheirar bem”.. Essa “ocultação” dos atos, viola os princípios da adminis- tração pública. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Admi- nistração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou esta- bilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. Já ouviu a máxima “doa a quem doer”? É mais ou menos isso que quer dizer o inciso VIII. Sendo favorável ou contra a pessoa interessada, ou mesmo, seja em des- favor da Administração Pública, o Agente deve falar a verdade. Mas, e os casos que são sigilosos? Bem, esses ca- sos, o sigilo continua resguardado e, não se pode prestar informações sobre ele, pois, nesse caso específico, está sendo protegido um bem maior: a Segurança Nacional. Para finalizar esse item, é importante destacar que ele traz: • Direito a verdade, proibindo o servidor omitir ou www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 23 Ca pí tu lo 0 6 - D as R eg ra s D eo nt ol óg ic as falsear a verdade • Dignidade da pessoal humana (igualdade), livre da corrupção, do hábito do erro, da opressão e da mentira. Esse caminho rumo a igualdade, é baseado na te- oria política. Lord Acton afi rmou que “o poder tende a corromper - e o poder absoluto corrompe absolutamen- te”. Com essa afi rmação sobre o poder político, lord Acton disse que a autoridade política, nas sociedades humanas, em função apenas e tão somente de sua existência, tende a danifi car as relações entre seres inicialmente dotados de igualdade . IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente signifi ca causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem perten- cente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descui- do ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligên- cia, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. Meus caros, mister citar que é DEVER do servidor zelar pela economia do material e a conservação do pa- trimônio público. Tenho certeza que tu já viu por ai algum bem público “largado às moscas” e isso lhe causou re- volta. É isso mesmo que o inciso IX retrata. É uma ofensa direta ao cidadão que contribuiu direta ou indiretamente para a aquisição dele. Outro ponto importante: Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente signifi ca causar-lhe dano moral. Por isso fi que ligado. X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas fi las, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do servi- ço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos. Mais uma vez o 1171 traz regramentos direcionados à presteza no atendimento ao cidadão. O que você faria se presenciasse as situações abaixo: Lógico, não é toda e qualquer fi la que é condenável. Existem situações que simplesmente acumulam, devido a diversos fatores aquém da vontade do servidor, seja, falta de estrutura, falta de pessoal, falta de equipamen- tos etc. Também fi que atento, pois, o decreto, não traz um número específi co. Seria algo razoável dentro do enten- dimento do homem médio. XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negli- gente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de des- vios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracteri- zam até mesmo imprudência no desempenho da função pública. Você sabe o que é uma conduta negligente? Na ne- gligência, alguém deixa de tomar uma atitude ou apre- sentar conduta que era esperada para a situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as devidas precauções. E quanto a imprudência? Na imprudência, pressupõe-se uma ação precipi- tada e sem cautela. A pessoa não deixa de fazer algo, não é uma conduta omissiva como a negligência. Na impru- dência, ela age, mas toma uma atitude diversa da espe- rada. Concluímos então que, o servidor deve fi car atento as ordens, para que não deixe de cumpri-las, e, ao cum- pri-las, fazer do jeito certo. Mas cuidado! E no caso de uma ordem manifesta- mente ilegal? A lei 8112, diz o seguinte: Art. 116. São deveres do servidor: IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; O que é uma ordem manifestamente ilegal? Uma ordem manifestamente ilegal é aquela que, você sabe que não está dentro da lei, ou seja,ela destoa do curso normal dos procedimentos legais. Ordem manifestamente ilegal é a ordem que, apesar de emanada de autoridade legíti- ma, não reveste as características de legalidade. Exemplifi cando: Imagine você servidor público do INSS. De repente seu chefe manda você pegar 10 caixas de folha A4 (papel sulfi te) e levar na casa dele. Oras.... Tem algo errado ai né? E se, o servidor, sabedor da aparente ilegalidade, seguir essas ordens? Bem, ai é culpado também, pois, sa- be-se que é ilegal o que que está sendo feito. Agora, e se foi uma ordem ilegal com aparência de legal? Vejamos os ensinamentos de MIRABETE: “Porque, se a ordem for legal, o problema deixa de ser de culpabilidade, podendo caracterizar causa de ex- clusão de ilicitude. Se o agente cumprir ordem legal de superior hierárquico, estará no exercício de estrito cumprimento de dever legal.” Se a ordem cumprida for manifestamente ilegal é punível também o subordina- do juntamente com o seu superior. “É punido sempre, segundo o dispositivo, o autor da ordem legal; trata- se também de autoria mediata quando o subordinado desconhece a ilegitimidade da ordem não manifesta- mente ilegal. O mais correto, diante da lei brasileira, é verifi car, no caso concreto, se podia ou não desconhe- cer a ilegalidade, havendo culpabilidade, na segunda hipótese. www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 24 Ca pí tu lo 0 7 - Se çã o II - D os P ri nc ip ai s D ev er es d o Se rv id or P úb lic o XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas re- lações humanas. Vamos combinar com o que diz o Regime Jurídico dos Servidores (lei 8112): Art. 116. São deveres do servidor: X - ser assíduo e pontual ao serviço; Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; O código é direto ao mencionar a desmoralização do serviço público e que isso conduz à desordem. Mas, como isso ocorre? Imagine você ir a uma repartição e chegando lá, o servidor, sumiu! Está trabalhando, mas não está na mesa dele. E você precisa do atendimento... o que vai acontecer.. passa 5, 10, 50 minutos e nada do servidor aparecer...é ló- gico que você vai ficar é muito nervoso com essa espera.... XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber cola- boração, pois sua atividade pública é a grande oportuni- dade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. Esse inciso é mais uma postura a ser adotada pelo servidor do que propriamente uma regra ou proibição. E convenhamos, é lindo né? Veja: “A sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação”. Brincadeiras à parte, é isso mesmo. Seu trabalho como servidor público, engrandece o país. 7. SEÇÃO II - DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO A responsabilidade do servidor público é enorme, tornando-se um privilegio, pois, no exercício da função, atua como agente de transformação do Estado. O servi- dor público deve estar sempre a serviço do público e, a partir desta lógica, são alguns princípios fundamentais à sua atuação: - Agente de transformação a serviço da cidadania. O que o torna uma diferença marcante dos demais traba- lhadores; - Compromisso intransigente com a ética e com os princípios constitucionais; - Atualização permanente e desenvolvimento de novas competências; - Capacidade de lidar com a diferença e a diversi- dade; - Habilidade política para atuar em diferentes con- textos e sob diversos comandos; - Lidar com o que é de todos. Uma atuação ancorada em tais “princípios”, deve converter-se no âmbito da reflexão individual e coletiva, permitindo, autonomamente, gerar valor à sua ativida- de. De forma específica, uma atuação baseada, simulta- neamente, em ética e cumprimento dos deveres, propor- ciona o desenvolvimento socioeconômico do país. O exercício compartilhado da atividade pública sustenta seu sucesso duradouro. Para isso, é necessário, haver um certo padrão de deveres para quem os execu- ta. No que diz respeito ao Decreto 1.171, há de se notar que o legislador pátrio, ao decretar o Código de Ética, preo- cupou-se em enumerar os principais deveres, ou seja, é um rol não exaustivo. Isso quer dizer que, além destes expressos na seção II, há outros deveres que devem ser seguidos pelos servidores. Vamos a eles: XIV - São deveres fundamentais do servidor públi- co: a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular; O termo “servidor público” é usado em sentido am- plo. Esse inciso “reforça” a tese dessa aplicação, pois, fala em cargo, função ou emprego público. Mas qual a diferença? Cargo: é o conjunto de atribuições e responsabilidades que possui um agente público, criado por lei (conjunto), em número determinado, com denominação própria e remunerado pelos cofres públicos. É o vínculo de tra- balho que liga a espécie de agente público servidor pú- blico à Administração. Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacio- nal que devem ser cometidas a um servidor. (LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990). Dividem-se em cargos de provimento efetivo e em provimento em comissão. Na primeira modalidade, o agente público poderá adquirir estabilidade após três anos de efetivo exercício. Na modalidade de provimen- to em comissão, não há garantia de permanência ou de forma de perda, como o efetivo, mas é uma atividade de caráter transitório, ou seja, dura enquanto a confiança da pessoa que nomeou o agente existir. Emprego: é o vínculo estabelecido entre a pessoa natural e a Administração Pública Indireta (empresas públicas e sociedades de economia mista), sendo que es- sas relações empregatícias serão regidas pela Consoli- dação das Leis do Trabalho. Função: o termo função aqui não se refere àquelas atividades que todo agente público exerce, mas sim a um vínculo de trabalho entre uma pessoa física e a Adm. Pú- blica. Conjunto de atribuições e responsabilidades exer- cidas por pessoa, em regra para a execução de serviços eventuais. b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamen- te resolver situações procrastinatórias, principalmen- te diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; O que é uma situação procrastinatória? Seria algo já enrolado, demorado, algo que esteja sendo empurrado www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 25 Ca pí tu lo 0 7 - Se çã o II - D os P ri nc ip ai s D ev er es d o Se rv id or P úb lic o com a barriga, adiado, deixado para depois. Assim, ob- serve que mais uma vez o código menciona o “dano mo- ral” ao usuário por “procrastinação” sem motivo. c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções a melhor e a mais vantajo- sa para o bem comum; Ser probo, reto, é ser íntegro, honesto, confiável. Fique atento, pois, a questão pode trazer uma pegadinha, dizendo que o servidor deve escolher a opção mais van- tajosa a administração Pública, o que está incorreto. d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; A prestação de contas é direito do cidadão. Sua re- cusa enseja violação ao principio da publicidade. Até por- que, espera-se uma atitude íntegra do servidor, e, sendo essa atitude leal e justa, não há motivos para recusar a prestação de contas. e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviçosaperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público; Inciso simples, porém, quando você for servidor, perceberá que os próprios servidores tem dificuldade em obter informações. É corriqueiro ir a uma repartição e o servidor simplesmente dizer: “isso não é comigo”, “não sei”, “veja em outro departamento”. Mas isso não é o correto. O servidor deve atuar com presteza, servido a público, pois, é este público que contribui para os cofres públicos e tem direito a ser bem atendido. f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada pres- tação dos serviços públicos; Esse item vem complementar o anterior. Podemos entender que o objetivo “mestre” de uma conduta ética é uma prestação de serviços eficientes, sem demoras, sem erros, visando atender aos desejos de cada cidadão. Hã??? Pegadinha! CUIDADO! A prestação de serviços pú- blicos visa atender o BEM COMUM, ou seja, a COLETIVI- DADE. g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações in- dividuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; O servidor deve tratar com respeito e presteza a todos os usuários, porém, ele deve ter a capacidade de se adaptar a cada indivíduo. O que isso quer dizer? Vamos a uma exemplo prático: Em minha função de oficial de justiça atendemos diversas pessoas, que, costumeiramente chamamos de “clientes”. Imagine que eu pego uma citação e é endereçada a dois clientes: um deles advogado e o outro o acusado. Oras, apesar do texto ser o mesmo, ao citar o acusado, nós temos que usar palavras mais claras, objetivas, explicar minuciosamente. E isso não é preconceito, isso é adap- tar-se a diferentes níveis de conhecimento e diferentes culturas. h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te- mor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; Vamos combinar a leitura desse item com a lei 8.112/90: Art. 116. São deveres do servidor: XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata o in- ciso XII será encaminhada pela via hierárquica e aprecia- da pela autoridade superior àquela contra a qual é formu- lada, assegurando-se ao representando ampla defesa. O servidor deve respeitar a hierarquia, porém, caso haja “abuso de poder” o mesmo deve representar ao su- perior hierárquico daquele que está agindo com ilegali- dade. i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- quicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevi- das em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; Pois é meu aluno, posso dizer que é corriqueiro “ofertas” para que você “de uma maõzinha” em um ex- pediente, agilize etc. Bem, além de NÃO ACEITAR, o ser- vidor deve DENUNCIAR. j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exi- gências específicas da defesa da vida e da segurança co- letiva; É considerado antiético o servidor público fazer greve? O próprio decreto afirma que a greve, não afronta a ética, porém, no exercício deste direito, deve-se zelar pela defesa da vida e da segurança coletiva. l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema; Ser assíduo é ser pontual, aplicado. Esse dever, re- flete as “boas maneiras” no ambiente de trabalho. m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; O servidor público deve sempre comunicar a seus superiores qualquer ato ou fato contrário aos interesses e princípios éticos da administração pública, mesmo em situações políticas e administrativas adversas. Perceba que, além de comunicar, o servidor deve exigir as providências cabíveis. www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 26 n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra- balho, seguindo os métodos mais adequados à sua orga- nização e distribuição; Isso é até meio que óbvio. Um local desorganizado peca pela eficiência, pois, o ideal é “cada coisa em seu lu- gar”, e, “um lugar para cada coisa” é sinônimo de organi- zação. o) participar dos movimentos e estudos que se re- lacionem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum; Ou seja, o servidor deve participar dos treinamen- tos que objetivem a melhora do exercício de suas fun- ções. Um servidor bem treinado é sinônimo de serviço público bem prestado. p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função; Isso não quer dizer que você deva ir de terno e gra- vata ao trabalho, porém, também não deva ir de shorts, chinelo etc (meninas, cuidado com o comprimento da saia..ok?). A boa aparência (e isso não quer dizer que você deve ser bonito) é tão importante quanto estar qualifi- cado para atender. Quem não tem uma boa apresentação no atendimento, não terá chance de mostrar suas qualifi- cações e aptidões para o atendimento (sua competência). q) manter-se atualizado com as instruções, as nor- mas de serviço e a legislação pertinente ao órgão onde exerce suas funções; r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem. Estes itens, retratam uma série de posturas a se- rem adotadas pelo servidor. Perceba que o servidor deve estar atualizado com a legislação pertinente, o que, inclu- sive, influência no correto cumprimento de suas tarefas. s) facilitar a fiscalização de todos os atos ou servi- ços por quem de direito; Esse item retrata que, todos os servidores, sem ex- ceção, devem zelar pelo seu ambiente de trabalho, assim, como as condutas de seus colegas. t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê- -lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalida- des legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; Seria a famosa “carteirada”. A depender do cargo ocupado, é impressionante o respeito que a sociedade demonstra para com o servidor. Isso, porém, pode levar a certos “abusos”, o quais, devem ser evitados. O poder tende a corromper, por isso, nada de deixar o cargo “subir a cabeça”. v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, estimu- lando o seu integral cumprimento. Hodiernamente, a grande maioria dos concursos cobra o conhecimento do código de ética, porém, não só devemos conhecer e fazer conhecer, mas também, esti- mular o seu cumprimento. 8. SEÇÃO III - DAS VEDAÇÕES AO SERVI- DOR PÚBLICO O Código de Ética trata também de condutas “ve- dadas”, as quais, de forma geral, correspondem a condu- tas que são qualificadas como crimes contra a Adminis- tração Pública, como atos de improbidade administrativa ou como infrações disciplinares de natureza grave, pre- vistas no Estatuto do Servidor Público (Lei nº 8.112/1990). XV - É vedado ao servidor público; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favore- cimento, para si ou para outrem; Um exemplo recente do uso inapropriado da fun- ção, foi da Sra. Marta Suplici, à época ministra do Turismo: “Não foi exatamente tranquilo o início do voo 455 da Air France que na terça-feira passada decolou deSão Paulo para Paris. A responsável pela trepidação foi Marta Suplicy, que ia para a China, com escala em Paris. Ao em- barcar, o casal Marta e Luis Favre relaxou e decidiu não passar pela revista de bagagem de mão feitas por raios X. Os Favres furaram a fila da Polícia Federal. Vários pas- sageiros se revoltaram. Marta respondeu que, no Brasil, para as autoridades não valem as exigências que reca- em sobre os passageiros comuns. Os passageiros não relaxaram com a explicação. Continuaram a reclamar, mesmo com todos já embarcados. Deu-se, então, o inusi- tado: o comandante do Boeing 777 saiu do avião, chamou a segurança e disse que não decolaria até que todos os passageiros passassem suas bagagens pelo raio X. Mar- ta Suplicy deixou seu assento na primeira classe (Favre estava na executiva) e dignou-se fazer o que o coman- dante pediu. Nesse instante, os passageiros “relaxaram e gozaram. (Revista “VEJA” de 26 de março de 2008) O uso do cargo para obter vantagens indevidas pode ainda ser enquadrado como crime de corrupção passiva nos termos do código penal. Vejamos: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para ou- trem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in- devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con- Ca pí tu lo 0 8 - Se çã o III - D as V ed aç õe s ao S er vi do r P úb lic o www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 27 Ca pí tu lo 0 8 - Se çã o III - D as V ed aç õe s ao S er vi do r P úb lic o sequência da vantagem ou promessa, o funcionário re- tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pra- tica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, ce- dendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Em síntese, na corrupção passiva, o servidor pú- blico comercializa sua função pública. Sujeito ativo do crime é o funcionário público, sem distinção de classe ou categoria, podendo ser típico ou equiparado, ainda que afastado do seu exercício. Também aquele que ainda não assumiu o seu posto (aguarda a posse, por exemplo), mas em razão do cargo, solicita ou recebe a vantagem ou pro- messa de vantagem indevida, pratica o delito de corrup- ção. O sujeito passivo é o Estado ou, mais especifica- mente, a Administração Pública, bem como a pessoa constrangida pelo agente público, desde que, é claro, não tenha praticado o crime de corrupção ativa. São três as condutas típicas que caracteriza cor- rupção passiva: solicitar (pedir) vantagem indevida; re- ceber referida vantagem; e, por fim, aceitar promessa de tal vantagem, anuindo com futuro recebimento. No verbo solicitar, a corrupção parte do servidor público corrupto. Aqui reside a diferença marcante entre os crimes de corrupção passiva e concussão (316 do CP). A ação do funcionário, no caso da concussão, representa uma exigência, e, no caso da corrupção passiva, repre- senta uma solicitação (pedido). Nos verbos receber e aceitar promessa, a iniciativa é do corruptor (particular, extraneus). Todas as condutas típicas acabam por enfocar a negociação do agente com a função pública. A corrupção passiva é a prostituição da pureza do cargo pela parciali- dade ou pelo interesse. Além do crime de corrupção ativa, também pode ensejar o crime de prevaricação: Art. 319 do Código Penal: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo con- tra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. b) prejudicar deliberadamente a reputação de ou- tros servidores ou de cidadãos que deles dependam; Essa conduta pode configurar crime contra a hon- ra (calúnia, difamação e injúria) e, também, resultar em ação de indenização por danos morais, cuja responsabi- lidade pode ser imputada ao poder público ou ao próprio servidor (José Morais). c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão; É dever do servidor comunicar as superiores se constatar algo errado ou estranho. A conduta omissiva (deixar de fazer) pode configurar crime de condescen- dência criminosa. Do código penal: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa, causan- do-lhe dano moral ou material; Essa conduta pode também configurar crime de prevaricação previsto no art. 319 do Código Penal (visto acima). e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científi- cos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendi- mento do seu mister; Este na verdade trata-se de um dever do servidor. O servidor tem o dever de se atualizar no quesito de no- vas tecnologias que podem ser aplicadas em seu traba- lho. f) permitir que perseguições, simpatias, antipa- tias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente supe- riores ou inferiores; O servidor, no exercício de sua função, deve ser imparcial. Caso a prática de um ato esteja comprometida, o servidor deve informar que não está apto para praticar determinado ato em função de razões pessoais. Chama- se, nesse caso, de suspeição. g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; São os famosos casos de corrupção, nos quais o servidor pede dinheiro para praticar ou agilizar certos atos. Essa conduta também é vedada nos termos da Lei 8.112 e pode configurar crime de corrupção passiva pre- visto no art. 317 do Código Penal. Lei 8.112, Art. 117. Ao servidor é proibido: XII - receber propina, comissão, presente ou van- tagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências; Essa conduta pode configurar crime de falsidade ideológica previsto no art. 299 do Código Penal: Art. 299 - Omitir, em documento público ou parti- cular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 28 documento é público, e reclusão de um a três anos, e mul- ta, se o documento é particular. Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsi- ficação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces- site do atendimento em serviços públicos; Essa conduta pode configurar ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei no 8.429/1992. Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de hones- tidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às institui- ções, e notadamente: j) desviar servidor público para atendimento a in- teresse particular; Isso é grave! Usar um servidorpara atender a ne- cessidades estranhas ao serviço. Essa conduta pode configurar ato de improbidade administrativa previsto no art. 10, inciso XIII, da Lei nº 8.429/1992: Art. 10. Constitui ato de improbidade administrati- va (...): XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou mate- rial de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. E infração disciplinar de natureza grave, prevista no art. 117, inciso XVI, da Lei nº 8.112/1990. Art. 117. Ao servidor é proibido: XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da re- partição em serviços ou atividades particulares; l) retirar da repartição pública, sem estar legal- mente autorizado, qualquer documento, livro ou bem per- tencente ao patrimônio público; Veja que não há exceção. Se retirar uma simples resma de papel já estará configurado o crime de Peculato. m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; Muitas vezes, decisões que serão ainda tornadas públicas, podem ter grande impacto na sociedade, não só na questão de convivência, mas também no mercado financeiro. E também, o servidor público não pode fazer uso de informação privilegiada obtida no âmbito interno do seu serviço, mesmo quando a informação afetar inte- resse do próprio servidor n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; Poxa professor! Quer dizer que vou passar no Con- curso, ganhar meu rico dinheirinho e não vou poder be- ber! Nada disso, claro que você pode, e para quem gosta até faz bem! O inciso I que diz que o servidor deve ser ético tanto dentro quanto fora da repartição. Pois é, o que não pode é estar “normalmente” bêbado! Essa conduta pode configurar justa causa para rescisão do contrato de trabalho quando se tratar de ser- vidor regido pela Consolidação das Leis do Trabalho. Atualmente o alcoolismo já vem sendo tratado como doença, mas meu querido aluno, não queira sofrer desse mal. o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; O servidor deve saber, de antemão, que a escolha pela carreira pública é a escolha pela transparência de vida. Transparência esta que serve como fator de morali- dade de seu exercício profissional. Uma instituição que atente contra a moral, a ho- nestidade ou a dignidade da pessoa humana, é algo bem subjetivo. Mas não se preocupe que, se cair na prova, a banca vai dizer que a instituição que o sujeito participa “atenta conta a moral” ou contra a honestidade ou a dig- nidade. Um exemplo disso foram aquelas pessoas que criaram um site onde marcavam hora e local para espan- car e matar travestis, manifestavam seu ódio contra mu- lheres, negros, homossexuais, etc. Sem dúvida esse gru- po atenta violentamente contra a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana. p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. Um servidor, por exemplo, não pode ter seu nome ligado a um comércio de produtos piratas. 9. DAS COMISSÕES DE ÉTICA – DECRETO 1.171 As comissões de ética são encarregadas de orien- tar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor quando este lida com pessoas ou com o patrimônio pú- blico. Compete a comissão de Ética conhecer concreta- mente de imputação ou de procedimento susceptível de censura. Em todos os órgãos da Administração Pública Fe- deral, direta ou indireta, ou, qualquer órgão ou entida- de que exerça atribuições delegadas pelo poder público deve existir uma comissão de Ética. Estas comissões, são tratadas como COMISSÃO DE ÉTICA SETORIAL, e atuam como elemento de ligação com a Comissão de Ética Pública (CEP). É dever do titular da entidade ou órgão da Admi- nistração Pública Federal, direta e indireta, assegurar as condições de trabalho para que as Comissões de Éti- ca cumpram suas funções, inclusive para que do exercí- Ca pí tu lo 0 9 - D as C om is sõ es d e Ét ic a – D ec re to 1. 17 1 www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 29 cio das atribuições de seus integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo ou dano. Eventuais faltas nesse senti- do poderão confi gurar descumprimento de dever funcio- nal. À essas comissões, no âmbito dos respectivos ór- gãos e entidades, cabe supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta administração Federal e co- municar à Comissão de Ética Pública situações que pos- sam confi gurar descumprimento de suas normas. Vejamos o que diz o Decreto 1.171/94 sobre as Co- missões de Ética: XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- tração Pública Federal direta, indireta autárquica e fun- dacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, DEVERÁ SER CRIADA UMA COMISSÃO DE ÉTICA, encarregada de orien- tar e aconselhar sobre a ética profi ssional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura. Temos aqui a obrigatoriedade de criação de uma Comissão de Ética que terá como missão ORIENTAR E ACONSELHAR sobre a ética profi ssional do servidor. A pena que a Comissão de Ética imputa ao servidor é a de CENSURA. Portanto, qualquer outra pena que vir na sua prova apresentada pela Comissão de Ética é errônea. Dentre as atribuições, cabe às comissões de ética prestar informações que subsidiem a gestão do quadro de carreiras dos servidores, instruindo, por exemplo, a promoção por merecimento prevista nos planos de car- reira. XVIII - À Comissão de Ética incumbe FORNECER, aos organismos encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da car- reira do servidor público. Essas comissões são integradas por três membros titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro permanente, e designados pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não coincidentes de três anos. O QUE SERIA MANDATO NÃO COINCIDENTE? Isso quer dizer que, por exemplo, a cada ano, um integrante da Comissão será substituído. Vejamos um exemplo: Os componentes dessas Comissões de Ética são escolhidos entre os servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do seu quadro permanente, designados por ato do dirigente máximo do correspon- dente órgão ou entidade. O dirigente máximo de órgão ou entidade NÃO PODERÁ SER MEMBRO DA COMISSÃO DE ÉTICA. Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 Não havendo servidores públicos no órgão ou na enti- dade em número sufi ciente para instituir a Comissão de ética, poderão ser escolhidos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do quadro per- manente da Administração. Para fi xar: O DIRIGENTE MÁXIMO DO ÓRGÃO OU ENTIDADE NÃO PODERÁ SER MEMBRO DE COMISSÃO DE ÉTICA. O entendimento justifi ca-se para evitar eventuais confl i- tos que possam surgir da análise dos casos encaminha- dos à Comissão, tendo em vista que o próprio dirigente eventualmente terá que executar algumas das decisões deliberadas pela Comissão de Ética do Órgão ou Entidade do Poder Executivo Federal. Essa ideia é reforçada pela disposição contida no artigo 5º, do Decreto 6.029/07, ao mencionar que os membros da Comissão serão desig- nados pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão. Cada Comissão de Ética deve ser integrada exa- tamente por três membros titulares e três suplentes ou esse é uma quantidade mínima? Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto nº 1.171/94será integrada por três membros titulares e três suplentes. As entidades maiores e distribuídas geogra- fi camente pelo país podem lançar representantes de áreas, exclusivamente para que sirvam de elemento de ligação com a Comissão. Os membros das Comissões ou eventuais representantes de áreas podem ser escolhidos entre ocupantes de cargos de confi ança, desde que esses cargos integrem a estrutura de cargos permanentes da entidade, e o presidente escolhido funcionará com ele- mento de ligação com a Comissão de Ética Pública. 10. DECRETO 6.029/2007 O Decreto 6.029/2007 institui o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal que, basicamente, regulamenta a criação e o funcionamento das Comissões de Ética. Foi criado com a fi nalidade de PROMOVER ATI- VIDADES QUE DISPÕEM SOBRE A CONDUTA ÉTICA NO ÂMBITO DO EXECUTIVO FEDERAL. Nessa linha, o Decreto 1.171 determina que os ór- www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 30 Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 gãos e entidades da Administração Pública Federal dire- ta e indireta devem constituir Comissões de Ética. Essas comissões, que tenham sido criadas no âmbito do Poder Executivo Federal, compõem o Sistema de Gestão da Éti- ca do Poder Executivo Federal. Em entidades ou órgãos distribuídos geografi ca- mente pelo país a criação de subcomissões de ética pode ser de grande valia para assegurar proximidade aos ser- vidores. Nesse caso, às subcomissões pode ser cometido o exercício de todas as atribuições da Comissão, desde que reservada a esta o poder revisor de ofício das orien- tações e decisões exaradas. Compete ao Sistema de Gestão da Ética: I - integrar os órgãos, programas e ações relacio- nadas com a ética pública; II - contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a transparência e o acesso à informação como instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da ética pública; III - promover, com apoio dos segmentos pertinen- tes, a compatibilização e interação de normas, procedi- mentos técnicos e de gestão relativos à ética pública; IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro. Sobre as competências, é importante que você grave o seguinte: O Sistema de Gestão de Ética é composto por: I - a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo Decreto de 26 de maio de 1999; II - as Comissões de Ética de que trata o Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994; e III - as demais Comissões de Ética e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal. A Comissão de Ética Pública foi criada pelo Decre- to de 26 de maio e tem a missão de “ZELAR PELO CUM- PRIMENTO DO CÓDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMI- NISTRAÇÃO FEDERAL, ORIENTAR AS AUTORIDADES QUE SE CONDUZAM DE ACORDO COM SUAS NORMAS E INSPIRAR O RESPEITO À ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO” e PROMOVER A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, em linha com o Decreto 6.029, de 1º de fevereiro de 2007. É vinculada ao Presidente da República Federativa do Brasil (Presidência da República Federativa do Brasil). Cabe ressaltar que a Comissão de Ética Pública (CEP) é um órgão consultivo do Governo Brasileiro. Segundo Diogo Freitas do Amaral (2006), “Podem dividir-se os órgãos em deliberativos e consultivos. Os órgãos deliberativos são aqueles que tomam decisões enquanto que os órgãos consultivos são aqueles que emitem pareceres, opiniões, conselhos que por sua vez são transmitidos aos órgãos deliberativos para auxilia- rem os órgãos deliberativos na sua tomada de decisão.” Ele ainda assevera que estes órgãos têm então uma função auxiliar na relação com os órgãos deliberati- vos e tem uma função complementar no sistema. Todo aquele que investir em função pública ou celebrar contrato de trabalho, NO ATO DA POSSE deverá pres- tar compromisso solene de acatamento das regras ob- servadas no Código de Conduta da Alta Administração Federal pelo Código de Ética Profi ssional do Servidor Público e pelo Código de Ética do órgão ou entidade. Há uma diferença entre a Composição da Comissão de Ética Pública e as Comissões de Ética de acordo com o Decreto 1.171? Enquanto a CEP possui 7 membros a outra possui 6 membros. Leiamos o que reza o Art. 3º do Decreto: Art. 3o A CEP será integrada por sete brasileiros que preencham os requisitos de idoneidade moral, re- putação ilibada e notória experiência em administração pública, designados pelo Presidente da República, para mandatos de três anos, não coincidentes, permitida uma única recondução. As Comissões instituídas pelo Decreto 1.171 são integradas por três membros titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu qua- dro permanente, e designados pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não coinci- dentes de três anos. www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 31 Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 Para memorizar: Todos os membros que compõe a CEP não recebe- rão qualquer remuneração. Além disso, seus trabalhos são considerados importantíssimos para o serviço públi- co. Militares da ativa que ocupem cargo da estrutura permanente do órgão poderão integrar a respectiva Co- missão de Ética. Também militares da reserva remune- rada ou não, que não ocupem exclusivamente cargo em comissão de assessoramento superior de livre nomeação e exoneração poderão integrar a respectiva Comissão. O Presidente da Comissão de Ética terá mandato de um ano, permitida a recondução. Nas deliberações do grupo, o presidente terá o chamado “voto de qualidade”. Voto de qualidade, ou, voto de minerva, é uma ex- pressão popular usada na língua portuguesa e signifi ca o voto que decide uma votação que se encontrava empata- da. A expressão “voto de minerva” pode ser substituída pela expressão “voto de desempate” ou “voto de quali- dade”. Em inglês, “voto de minerva” é traduzido para “the deciding vote” ou “the casting vote”. Sendo assim, o Presidente usará desse voto ape- nas para desempatar alguns processos deliberativos. Entenderam? O presidente da Comissão de Ética Pública será es- colhido pelos próprios integrantes da Comissão, de acor- do com o inciso VI do art. 4º do Decreto 6029/07. Já para a escolha do presidente de Comissão de Ética de que trata o Decreto 1171/94, na ausência de norma expressa, reco- menda-se que seja seguida a mesma sistemática esta- belecida para a CEP, ainda que essa escolha possa ser fei- ta pela própria autoridade no ato de designação de seus membros. É recomendável que o presidente da Comissão seja substituído em suas ausências pelo membro mais antigo. Sobre os membros da CEP ressalto ainda que os mandatos de 3 anos são não coincidentes, ou seja, os mandatos dos primeiros membros serão de um, dois e três anos. A expressão “para mandatos não coincidentes de três anos”, constante do art. 5º do Decreto 6029, indica a necessidade do termo fi nal dos primeiros mandatos se- rem não coincidentes, recomendando-se que os primei- ros a serem designados o sejam para mandatos de um, dois e três anos, respectivamente, podendo ser recondu- zidos uma única vez após o cumprimento desse primeiro período, desta feita de três anos para qualquer deles. Essa forma de organizar a comissão provavel- mente previu a possibilidade de perda de sequência dos trabalhos se todos os membros saíssem da comissão na mesma data e entrassem novos membros sem experiên- cia do funcionamento da comissão. As Competências da Comissão de Ética Pública e das Comissões de Ética Setorial, são “parecidas”, porém, há diferenças sutis. Confi ra: COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA (Art. 4º) COMISSÃO DE ÉTICA SETORIAL (Art. 7º) I - atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de Estado em matéria de ética pública; I - atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbitode seu respectivo órgão ou entidade; www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 32 COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA (Art. 4º) COMISSÃO DE ÉTICA SETORIAL (Art. 7º) II - administrar a aplica- ção do Código de Conduta da Alta Administração Federal, devendo: II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto 1.171, de 1994, devendo: a) submeter ao Presiden- te da República medidas para seu aprimoramento; a) submeter à Comissão de Ética Pública propos- tas para seu aperfeiçoa- mento; b) dirimir dúvidas a res- peito de interpretação de suas normas, deliberan- do sobre casos omissos; b) dirimir dúvidas a res- peito da interpretação de suas normas e deliberar sobre casos omissos; c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desacordo com as normas nele pre- vistas, quando praticadas pelas autoridades a ele submetidas; c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desacordo com as normas éticas pertinentes; e III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto no 1.171, de 1994; d) recomendar, acompa- nhar e avaliar, no âmbito do órgão ou entidade a que estiver vinculada, o desenvolvimento de ações objetivando a dis- seminação, capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disci- plina; IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pú- blica do Poder Executivo Federal; III - representar a respec- tiva entidade ou órgão na Rede de Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o art. 9o; e V - aprovar o seu regi- mento interno; e VI - escolher o seu Presi- dente. IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Admi- nistração Federal e co- municar à CEP situações que possam configurar descumprimento de suas normas. Vejam que a CEP tem o papel de esclarecer sobre dúvidas oriundas das próprias normas e nos casos que não estarão presentes nas normas poderá decidir. As dúvidas levantadas sobre a aplicação do Decre- to 1171/94 devem ser resolvidas pela Comissão de Ética do próprio órgão ou entidade, cabendo à Comissão de Éti- ca Pública atender às dúvidas dessas Comissões ou se manifestar em caso de interpretações divergentes. A infração de natureza ética cometida por membro de Comissão de Ética Setorial será apurada pela Comis- são de Ética Pública. ATENÇÃO: Os eventuais códigos de ética próprios das empresas estatais e demais órgãos e entidades de- vem estar alinhados com o Decreto 1.171/94 e, portanto, as propostas para elaboração e aperfeiçoamento dos có- digos de ética próprios também devem encaminhados para a CEP. A CEP conta com uma Secretaria-Executiva, vin- culada à Casa Civil da Presidência da República, à qual compete prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da Comissão. Serão vinculadas administrati- vamente à instância máxima desse órgão e quem a pre- side é um servidor ou empregado do quadro permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de direção com- patível com sua estrutura, alocado sem aumento de des- pesas. Não obstante a ausência de norma expressa, tendo em vista que a Secretaria-Executiva da Comissão deve vincular-se administrativamente à instância máxima da entidade ou órgão, é recomendável que a própria Co- missão vincule-se também à autoridade executiva má- xima. Como o Secretário Executivo deve ocupar cargo de direção compatível com a estrutura do órgão ou enti- dade, mas sem aumento de despesas, é possível que sua designação recaia sobre servidor ocupante de cargo ou função de área que não integra a estrutura do gabinete do dirigente máximo. No entanto, mesmo nesse caso, a Secretaria deve estar vinculada administrativamente a esse gabinete. O Secretário-Executivo deverá cumprir plano de trabalho aprovado pela Comissão, bem como prover apoio técnico e material necessário ao cumprimento das atribuições da respectiva Comissão. O Secretário-Exe- cutivo deverá ser pessoa diversa dos membros da Co- missão devido à existência de vinculação administrativa da Secretaria-Executiva à instância máxima do órgão ou entidade. A escolha do Secretário-Executivo da Comissão de Ética pode recair sobre servidor, civil ou militar da re- serva, que ocupe exclusivamente cargo em comissão de assessoramento superior, pois integrante do quadro per- manente do órgão, conforme definido pela Lei 3780/60. O cargo ou função do secretário-executivo da Co- missão de Ética deve ser compatível com a estrutura do órgão ou função, entendendo-se essa compatibilidade como cargo ou função de nível suficiente que lhe permita a necessária interlocução hierárquica para o exercício de suas obrigações. O chefe da referida Secretaria deve conhecer bem a organização e seus processos e ter capacidade geren- cial para dar consequência às decisões da Comissão de Ética, ocupando cargo ou função compatível da estrutura da organização. Os membros das Comissões de Ética exercerão suas atividades com a garantia do mandato e de que do exercício de suas atribuições não lhes resultará nenhum dano ou prejuízo, sendo responsabilidade do titular da entidade ou órgão assegurar as condições necessárias ao trabalho. Cada Comissão de Ética, que trata o Decreto 1.171, terá também uma Secretaria Executiva, chefiada por um servidor ou empregado do quadro permanente, e vincu- lada administrativamente à instância máxima da enti- dade ou órgão em que estiver instalada. Como já vimos, Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 33 Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 a função da Secretaria Executiva é dar cumprimento ao plano de trabalho aprovado pela Comissão, além de dar o apoio técnico e material necessário ao cumprimento de suas atribuições. Os chefes das secretarias executivas serão servi- dores ou empregados do quadro permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de direção compatível com sua estrutura, alocado sem aumento de despesas. O cargo ou função do secretário-executivo da Comissão de ética deve ser tal que não se confi gure em empecilho para o cumprimento de suas funções diretamente, sem que tenha questionado seu nível hierárquico. Consider4ar-se que um cargo ou função compatível seja aquele que não apresente instâncias intermediárias nem comprometa a comunicação ins- titucional com todos os escalões da entidade ou órgão. Certa dúvida recai sobre empresas que possuem código de ética próprio. A recomendação da Comissão de Ética Pública é que todos os órgãos e entidades do Poder Executivo Federal incorporem as normas do Código de Ética do Servidor Civil ao seu escopo estatutário e regu- lamentar, sem prejuízo de que sejam complementadas por normas próprias que se façam necessárias em razão de peculiaridades de suas respectivas áreas de negócio. Neste caso, é recomendável que as respectivas comis- sões de ética ou unidades equivalentes assumam tam- bém a responsabilidade pela administração dessas nor- mas complementares. Também é atribuição das Comissões de Ética a representação do órgão ou entidade na Rede de Ética do Poder Executivo Federal. Essa rede é composta pelos re- presentantes das Comissões de Ética, e tem por objetivo a promoção da cooperação técnica e a avaliação em ges- tão da ética. A Comissão de Ética da entidade ou órgão será o canal preferencial de relacionamento com a Comissão de Ética Pública, funcionando o seu presidente com “ele- mento de ligação” entre as duas Comissões. A Rede de Ética do Poder Executivo Federal trata- se de um grupo representado por membros das Comis- sões de Ética das entidades e órgãos, além de membros da CEP que terão como objetivo promover a cooperação técnica e a avaliação em gestão da ética. Esse grupo se reúne, NO MÍNIMO, uma vez por ano paradiscutir os rumos dos assuntos relativos à Ética na Administração Pública. Essa reunião acontece como se fosse um FÓRUM DE DISCUSSÃO. Durante esse encontro avaliam o programa e as ações para a promoção da ética na administração públi- ca. Segundo o Art. 10 do Decreto as atividades exer- cidas pelas Comissões de Ética e pela Comissão de Ética Pública obedecem aos seguintes princípios: Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comis- sões de Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e observância dos seguintes princípios: I - proteção à honra e à imagem da pessoa inves- tigada; II - proteção à identidade do denunciante, que de- verá ser mantida sob reserva, se este assim o desejar; e III - independência e imparcialidade dos seus membros na apuração dos fatos, com as garantias asse- guradas neste Decreto. Sobre o inciso I que trata sobre a proteção à honra e a imagem da pessoa investigada, o art. 5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988, estabelece que são inviolá- veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Além disso, O pacto de São José da Costa Rica (Con- venção Interamericana de Direitos Humanos), vigente em nosso país, reconhece a proteção à honra no art. 11, dispondo que “toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade”. Portanto, quando afi rmamos “toda pessoa”, inclui-se nesse aspec- to a pessoa investigada. O inciso II é extremamente importante para con- solidação dos trabalhos das Comissões de Ética, por isso, os membros das Comissões de Ética exercerão suas ati- vidades com a garantia do mandato e de que do exercício de suas atribuições não lhes resultará nenhum dano ou prejuízo. Imagine se identidade daqueles que denuncias- sem os casos antiéticos não fosse protegida? Com certe- za todo o trabalho seria prejudicado, certo? O trabalho de combate à corrupção da OIT (Orga- nização Internacional do Trabalho) recebeu grande des- taque. A Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Co- merciais Internacionais, da OCDE1, traz, em seus Artigos 1º e 2º, normas gerais de proteção ao funcionário denun- ciante, referindo-se à proteção contra discriminação ou punição disciplinar de empregados do setor público e pri- vado que denunciem, de boa-fé e com razoáveis motivos, aquilo que acreditem ser evidência de crime, violação de regras de trabalho, conduta ímproba, atos de corrupção ou qualquer outro assunto que deva ser de conhecimento das autoridades responsáveis, em face de seu interesse público. Por último, o inciso III assevera que toda conduta dos membros das comissões deverá ser imparcial e inde- pendente, com o objetivo de não infl uenciar nas decisões tomadas. Quem pode acionar a CEP ou as Comissões de Éti- ca? Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, as- sociação ou entidade de classe poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de Ética, visando à apuração de infração ética imputada a agente público, órgão ou setor específi co de ente estatal. O artigo 11 traz quem são os sujeitos ativos no pro- cesso de apuração ética. São eles: www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 34 Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 Devido a importância e cobrança corriqueira em provas, vamos rever o conceito de agente público, desta vez trazido pelo Decreto 6.029: Parágrafo único. Entende-se por agente público, para os fi ns deste Decreto, todo aquele que, por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou even- tual, ainda que sem retribuição fi nanceira, a órgão ou en- tidade da administração pública federal, direta e indireta. Processo de Apuração Ética O processo de apuração de prática de ato em des- respeito ao preceituado no Código de Conduta da Alta Administração Federal e no Código de Ética Profi ssio- nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo Fede- ral será instaurado, de ofício ou em razão de denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as garantias do contraditório e da ampla defesa, pela Comissão de Ética Pública ou Comissões de Ética, conforme o caso, que no- tifi cará o investigado para manifestar-se, por escrito, no prazo de dez dias. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegurado o direito de saber o que lhe está sendo impu- tado, de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos au- tos, no recinto das Comissões de Ética, mesmo que ainda não tenha sido notifi cada da existência do procedimento investigatório. O investigado tem o direito de obter cópia dos autos e de certidão do seu teor. Feita a denúncia FUNDAMENTADA, ou seja, aque- la que que se fundamenta em algo que já é comprovado, que já possui concretude, o investigado será notifi cado e deverá no PRAZO MÁXIMO DE 10 DIAS manifestar-se por escrito quanto ao fato. Após essa notifi cação poderá ele produzir provas para sua defesa e as Comissões de Ética poderão requi- sitar os documentos que entenderem necessários à ins- trução probatória e, também, promover diligências e so- licitar parecer de especialista. Se por ventura novos elementos forem juntados à investigação o investigado terá mais um prazo de 10 dias para novamente se manifestar. Feita essa instrução será proferida a decisão con- clusiva e fundamentada. Quais providências serão tomadas caso conclui-se que foi uma infração por falta de ética? Teremos então 3 hipóteses de providências: Se a conclusão for pela existência de falta ética, além das providências previstas no Código de Conduta da Alta Administração Federal e no Código de Ética Pro- fi ssional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Fe- deral, as Comissões de Ética tomarão as seguintes provi- dências, no que couber: I - encaminhamento de sugestão de exoneração de cargo ou função de confi ança à autoridade hierarquica- mente superior ou devolução ao órgão de origem, confor- me o caso; II - encaminhamento, conforme o caso, para a Con- troladoria-Geral da União ou unidade específi ca do Siste- ma de Correição do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto n o 5.480, de 30 de junho de 2005, para exame de eventuais transgressões disciplinares; e III - recomendação de abertura de procedimento administrativo, se a gravidade da conduta assim o exigir. Qualquer procedimento instaurado para apuração de prática em desrespeito às normas éticas será manti- do como “chancela reservado” até a conclusão e decisão. Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os autos do procedimento deixarão de ser reservados. A chancela “reservado” refere-se ao grau de si- gilo que pode ser atribuído a informações na Adminis- tração Pública. Atualmente o sigilo é tratado na lei n° 12.527/2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação. A informação classifi cada no grau reservado permane- ce sigilosa por no máximo 5 anos. De qualquer forma, o próprio Decreto determina que os autos deixaram de ser considerados reservados após a conclusão da investiga- ção e a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética. Na hipótese de os autos estarem instruídos com documento acobertado por sigilo legal, o acesso a esse tipo de documento somente será permitido a quem deti- ver igual direito perante o órgão ou entidade originaria- mente encarregado da sua guarda. Para resguardar o sigilo de documentos que as- sim devam ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de concluído o processo de investigação, providenciarão para que tais documentos sejam desentranhados dos au- tos, lacrados e acautelados. E no caso de documentos submetidos a Legislação do sigilo bancário, cuja hierarquia é superior ao Decreto? As autoridades competentes não poderão alegar sigilo para deixar de prestar informação solicitada por Comissão de Ética,desde que relativa ao fato sob exame. Cabe à Comissão de Ética observar e fazer observar o si- gilo de informações protegidas por lei. Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal darão tratamento prioritário às solicitações de documentos necessários à instrução dos procedimentos de investigação instaurados pelas Comissões de Ética. Caso haja o apoio necessário, a Comissão de Ética poderá recomendar a abertura de Procedimento Administrati- vo. As Comissões de Ética sempre que constatarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbi- dade administrativa ou de infração disciplinar, encami- nharão cópia dos autos às autoridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo das medidas de sua competência. Por serem considerados de elevada relevância, os tra- balhos das comissões de ética tem prioridade sobre as atribuições próprias do cargo de seus membros quan- do estes não atuarem com exclusividade na comissão. As Comissões de Ética NÃO PODERÃO ESCUSAR- www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 35 Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 SE DE PROFERIR DECISÃO SOBRE MATÉRIA DE SUA COMPETÊNCIA alegando omissão do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código de Ética Pro- fissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal ou do Código de Ética do órgão ou entidade. Não havendo dispositivo legal nesses diplomas, a lacuna será suprida pela analogia e invocação aos princípios da lega- lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efici- ência. Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão de Ética competente deverá ouvir previamente a área jurídica do órgão ou entidade. Sobre as decisões das Comissões de Ética leiamos o artigo 18 do Decreto: Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua aprecia- ção ou por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos investigados, divulgadas no sítio do próprio órgão, bem como remetidas à Comis- são de Ética Pública. O objetivo básico das ementas não é a identifica- ção dos envolvidos, mas o conhecimento da jurisprudên- cia. Com finalidade distinta, a Comissão de Ética Pública manterá banco de dados de sanções aplicadas pelas Co- missões de Ética e os de suas próprias sanções, para fins de consulta pelos órgãos e entidades da administração pública federal, em caso de nomeação para cargo em co- missão ou de alta relevância pública. Esta consulta de- verá ser precedida mediante ofício dirigido à Comissão de Ética Pública. ATENÇÃO: Mesmo de licença, as normas do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe- cutivo Federal e do Código de Ética do órgão ou entidade aplicam-se, no que couber, às autoridades e agentes pú- blicos neles referidos. Exercícios comentados QUESTÃO 01 (CESPE - 2011 - FUB - Cargos de Nível Médio) Considere que um servidor público, profunda- mente insatisfeito com seu trabalho, execute, diaria- mente, suas tarefas com impaciência e utilize, com o ob- jetivo de dificultar o acesso do público à sua repartição, uma série de artifícios para procrastinar a prestação de serviços. Nessa situação, a conduta do servidor, embora reprovável do ponto de vista moral, não constitui viola- ção ao Código de Ética dos Servidores Públicos. COMENTÁRIOS: Segundo o Decreto 1.171 é vedado ao servidor público usar de artifício para procrastinar/ dificultar o exercício regular do direito por qualquer pes- soa, causando-lhe dano moral/material. GABARITO DA QUESTÃO: ERRADO QUESTÃO 02 (IADES - 2011 - PG-DF - Técnico Jurí- dico - Apoio Administrativo) Como cidadão e integrante da sociedade, a posição que ocupa o servidor público jus- tifica sua omissão contra o bem comum e contra a mora- lidade. COMENTÁRIOS: O trabalho desenvolvido pelo ser- vidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. GABARITO DA QUESTÃO: ERRADO QUESTÃO 03 (CESPE - 2011 - FUB - Cargos de Ní- vel Médio) Suponha que Ana, servidora de uma funda- ção pública, tente convencer seu colega André, também servidor público, a aceitar de um empresário gratificação pelos serviços prestados, e ele, indignado, rechace a pro- posta, dizendo-lhe que nada mais fez que cumprir seus deveres. Suponha, ainda, que, alguns dias depois, André aceite do referido empresário uma oferta de emprego para seu filho recém-formado. Nessa situação, a atitude de André, por não estar prevista no Código de Ética dos Servidores Públicos, não é passível de reprimenda. COMENTÁRIOS: Das Vedações ao Servidor Público: XV - É vedado ao servidor público: a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição, e influências, para obter qualquer favo- recimento, para si ou para outrem; g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; GABARITO DA QUESTÃO: ERRADO QUESTÃO 04 (CESPE - 2011 - PREVIC - Técnico Administrativo – Básicos) A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público carac- terizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, dete- riorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que de- dicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. COMENTÁRIOS: A questão é puro texto de lei: Re- gras Deontológicas IX – A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem perten- cente ao patrimônio público, deteriorando-o, por des- cuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a to- dos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteli- gência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. GABARITO DA QUESTÃO: CORRETO QUESTÃO 05 (CESPE – ANEEL – 2010) A ética tem como objetivo fundamental levar a modificações na mo- ral, com aplicação universal, guiando e orientando racio- nalmente e do melhor modo a vida humana. COMENTÁRIOS: A ética tenta estabelecer princí- pios constantes e universais para a boa conduta da vida em sociedade, em suma, tenta estabelecer uma moral www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 36 universal, a qual os homens deveriam seguir indepen- dentemente das contingências de lugar e de tempo. A ética tem como objeto de estudo o estímulo que guia a ação: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas ações. GABARITO: CERTO QUESTÃO 06 (CESPE – 2008 – TST) O servidor pú- blico deve ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos. No item a seguir é apre- sentada uma situação hipotética, seguida de uma asser- tiva que deve ser julgada considerando os princípios éti- cos do serviço público. Marcos é servidor público e, todos os dias, sai para bares com amigos e ingere grande quantidade de bebida alcoólica. Por conta disso, Marcos é conhecido por em- briagar-se habitualmente, e, ainda que isso não interfira na sua assiduidade ao serviço, tem afetado reiterada-mente a sua pontualidade, situação que Marcos busca compensar trabalhando além do horário de expediente. Nesse caso, o comportamento de Marcos não pode ser considerado incompatível com o serviço público. COMENTÁRIOS: O inciso I do Decreto 1.171 diz que o servidor deve ser ético tanto dentro quanto fora da re- partição. I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons- ciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, compor- tamentos e atitudes serão direcionados para a preserva- ção da honra e da tradição dos serviços públicos. Estar, “normalmente”, bêbado, mesmo fora do ser- viço, é conduta reprovável e vedada pelo referido código. Vejamos: XV - É vedado ao servidor público; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; Portanto, o comportamento de Marcos é incompa- tível com o serviço público. GABARITO DA QUESTÃO: INCORRETO QUESTÃO 07 (CESPE – 2008 – TST) Há algum tem- po, Bruno, servidor público responsável pelo controle do material de expediente do setor em que trabalha, ob- serva que Joana, servidora pública lotada nesse mesmo setor, utiliza recursos materiais da repartição em ativi- dades particulares. Em razão de seu espírito de solidarie- dade e da amizade que nutre por Joana, Bruno se abstém de levar ao conhecimento do chefe do setor os atos prati- cados por sua colega de trabalho. Nessa situação, Bruno age de forma correta, pois compete ao chefe detectar, por si mesmo, quaisquer ir- regularidades no setor, caracterizando ofensa à ética o servidor público denunciar colega de trabalho. COMENTÁRIOS: Vamos analisar a questão sob a atitude de cada servidor: JOANA: A atitude de Joana é condenável pelo códi- go de ética. Utilizar materiais em atividades particulares é a mesma coisa que retirar algum bem da repartição. Além disso, exercer atividades particulares, é situação estranha ao serviço. Vejamos os incisos corresponden- tes: XV – É vedado ao servidor público: l) retirar da repartição pública, sem estar legal- mente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público. u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalida- des legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; BRUNO: Também age contrariamente ao código de ética, pois, omitiu-se bem como não impediu que Joana usa-se o material de expediente em atividades particu- lares. Veja o que diz o código de ética: XV - E vedado ao servidor público; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão; Bruno, através de sua atitude omissiva, também contrariou outro item o código. Veja: XIV - São deveres fundamentais do servidor pú- blico: m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; GABARITO: INCORRETO QUESTÃO 08 (CESPE – 2008 – TST) Ricardo, ser- vidor público, enquanto participava da preparação de um edital de licitação para contratação de fornecimen- to de refeições para o órgão em que trabalha, antecipou algumas das regras que iriam fazer parte do edital para Carlos, dono de uma empresa de fornecimento de mar- mitas, famosa pela boa qualidade e ótimos preços dos seus produtos, a fim de que esse pudesse adequar alguns procedimentos de sua empresa ao edital. A iniciativa de Ricardo deveu-se somente ao fato de ele conhecer bem os produtos da empresa de Carlos, não lhe trazendo qual- quer vantagem pecuniária. Nessa situação, é correto afirmar que Ricardo agiu em prol do interesse coletivo e que a sua atitude não fere a ética no serviço público. COMENTÁRIOS: O Decreto 1.171 veda expressa- mente tal conduta: XV - É vedado ao servidor público; m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; No serviço público, não tem essa de “fazer algo contrário aos regramentos em benefício do interesse coletivo”. Não caia nessa. Por mais que pareça o melhor, cabe ao servidor público agir no estrito cumprimento das atividades próprias de suas funções. GABARITO DA QUESTÃO: INCORRETO QUESTÃO 09 (CESPE – 2008 – TST) Todos os servi- dores públicos, independentemente da função assumida e do órgão ao qual estão vinculados, devem cumprir a lei incondicionalmente. COMENTÁRIOS: O servidor público deve desempe- nhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou empre- go público de que seja titular. O princípio da Legalidade dentro da Administração Pública restringe a atuação em aquilo que é permitido por lei, de acordo com os meios e formas que por ela estabelecidos e segundo os interesses Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 37 públicos. Hely Lopes Meirelles assim define: “A legalidade, como princípio de administração (CF, art. 37, caput), sig- nifica que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”. Na Administração Pública, não há espaço para li- berdades e vontades particulares, deve, o agente público, sempre agir com a finalidade de atingir o bem comum, os interesses públicos, e sempre segundo àquilo que a lei lhe impõe. GABARITO DA QUESTÃO: CORRETA. QUESTÃO 10 (CESPE – 2010 – Técnico do Ministé- rio Público da União) m determinado órgão público, uma servidora concursada foi nomeada para cargo de con- fiança, com considerável ganho pecuniário. Depois de al- gum tempo, seu chefe imediato passou a ameaçá-la com a retirada do cargo caso ela não se encontrasse com ele fora do local de trabalho. Por não ceder às investidas do superior, a servidora passou a sofrer perseguição no tra- balho e, por fim, optou por deixar o cargo. Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, relativos à ética no serviço público. A conduta do chefe imediato da referida servidora, além de antiética, é considerada crime. COMENTÁRIOS: A conduta do chefe é reprovável. Vejamos: c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajo- sa para o bem comum; f) permitir que perseguições, simpatias, antipa- tias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente supe- riores ou inferiores; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalida- des legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; A conduta do chefe também é tratada como assé- dio sexual. O assédio sexual ofende a honra, a imagem, a dig- nidade e a intimidade da pessoa. Destacam-se a presen- ça do assediado (vítima) e do assediador (agente), con- duta sexual, rejeição à conduta, reiteração da conduta e relação de emprego ou de hierarquia. Para que se caracterize assédio sexual, não é pre- ciso o contato físico. São várias as condutas que podem constituir a prática do assédio, desde expressões verbais ou escritas claras, comentário sutis, gestos, imagens etc. A Lei n. 10.224, de 15 de maio de 2001, introduziu no Código Penal o artigo 216-A, criminalizando o assédio sexual nas relações de trabalho e de ascendência. Ela define a prática do assédio como “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento se- xual, prevalecendo-seo agente da sua condição de su- perior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”, e fixa pena de detenção de um a dois anos para o assediador. Portanto, atualmente o assédio sexual é considerado crime quando praticado nas relações de trabalho e de ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Agora, a servidora deveria ter tido uma conduta ética: a de representar contra o chefe (inciso XIV, alíneas h, i e m do decreto 1171/94), quais sejam: XIV - São deveres fundamentais do servidor pú- blico:(...) h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimen- to indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- quicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevi- das em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; GABARITO DA QUESTÃO: CORRETO Questões Gabaritadas QUESTÃO 01 (CESPE – 2009 – ANATEL - Técnico Administrativo) A insatisfação com a conduta ética no serviço público é um fato que vem sendo constantemente criticado pela sociedade brasileira. Nesse cenário, é na- tural que a expectativa da sociedade seja mais exigente com a conduta daqueles que desempenham atividades no serviço e na gestão de bens públicos. Com referência à ética no serviço público, julgue o item que se segue. O comportamento profissional do servidor deve ser formal, frio, distante e objetivo, de modo a garantir impessoalidade no tratamento aos cidadãos usuários. QUESTÃO 02 (CESPE – 2006 – Analista Adminis- trativo – ANATEL) Com relação ao Código de Ética Profis- sional do Servidor Público, julgue o item que se segue. É vedado ao servidor público receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, do- ação ou vantagem de qualquer espécie, para o cumpri- mento da sua missão ou para, com a mesma finalidade, influenciar outro servidor. QUESTÃO 03 (CESPE – 2012 – IBAMA – Técnico Administrativo) Uma psicóloga, funcionária concursa- da e contratada em um órgão público, que, após atender uma servidora do órgão, sugerir que essa servidora faça acompanhamento terapêutico em seu consultório parti- cular, por achar que atender nas dependências do órgão é impróprio, estará agindo de maneira ética, já que se pron- tifica a ajudar a servidora. QUESTÃO 04 (CESPE – 2012 - Técnico em Regula- ção da Atividade Cinematográfica e Audiovisual) O prin- cípio da legalidade estrita é critério suficiente para regu- lar a conduta do servidor público. QUESTÃO 05 (CESPE – 2013 – TJDF – Técnico Ju- diciário) A respeito de ética no serviço público, julgue o próximo item. Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 38 No contexto da administração pública, a legitimi- dade dos atos do servidor público, de acordo com a CF, relaciona-se, entre outros fatores, ao dever de probidade. QUESTÃO 06 (CESPE – 211 – PREVIC – Técnico Ad- ministrativo) No que se refere a ética e conduta pública, julgue o item a seguir. O cumprimento dos princípios administrativos — especialmente o da finalidade, o da moralidade, o do in- teresse público e o da legalidade — constitui um dever do administrador e apresenta-se como um direito subjetivo de cada cidadão. QUESTÃO 07 (CESPE – 2013 - Técnico do Ministé- rio Público da União) No que se refere à ética no serviço público, julgue o item que se segue. Considere a seguinte situação hipotética. O chefe de determinada repartição pediu a um su- bordinado, que estava de saída para comprar um lanche em estabelecimento localizado no próprio órgão, que fosse até o supermercado mais próximo comprar fraldas. Para agradar o chefe, o subordinado prontamente aten- deu a solicitação. Nessa situação, o chefe não cometeu falta ética, pois o subordinado já estava de saída para sa- tisfazer um interesse pessoal. QUESTÃO 08 (CESPE – 2013 - Técnico do Ministério Público da União) No que se refere à ética no serviço pú- blico, julgue o item que se segue. Ao colher, em seu local de trabalho, assinaturas em um abaixo-assinado para pleitear a substituição do co- ordenador de sua repartição, o servidor público não agirá de maneira antiética, já que o direito de livre expressão lhe é garantido por lei. QUESTÃO 09 (CESPE – 2014 – SUFRAMA) O concei- to de ética, que está vinculado aos valores sociais, sofre alterações com o passar do tempo, ao passo que a moral, por estar relacionada à tradição de um povo, é imutável. QUESTÃO 10 (CESPE – 2013 – DEPEN – Agente Pe- nitenciário Federal) A pena aplicável ao servidor público pela comissão de ética é a pena de suspensão do serviço público por, no máximo, trinta dias. QUESTÃO 11 (CESPE – 2013 – DEPEN – Agente Pe- nitenciário Federal) Para fins de apuração de comprome- timento ético, a retribuição financeira pela prestação de serviço não constitui elemento indispensável para a ca- racterização do indivíduo como servidor público. QUESTÃO 12 (INÉDITA) Caso haja alguma dúvida quanto aspectos legais, a Comissão de Ética poderá ouvir a área jurídica do órgão ou entidade. QUESTÃO 13 (INÉDITA) A notificação ao investiga- do pela Comissão de Ética deverá ocorrer no prazo de até 30 dias. QUESTÃO 14 (INÉDITA) Somente poderá provocar a atuação da Comissão de Ética Pública agentes públicos vinculados aos órgãos e entidades da Administração Pú- blica Federal. QUESTÃO 15 (CESPE – 2002 – SENADO) Os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia do servidor em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional, podendo caracterizar, inclu- sive, violação ao Código de Ética, o que será passível de censura. QUESTÃO 16 (NCE/UFRJ – 2008 – CVM) Segundo o Decreto nº. 1.171 de 22 de junho de 1994 toda ausência in- justificada do servidor de seu local de trabalho é um fator: suficiente para suspensão imediata por 30 dias e, na rein- cidência, suspensão por 90 dias. QUESTÃO 17 (CESPE – 2008 - Analista do Seguro Social) Órgãos que exercem atribuições delegadas do po- der público devem criar comissões de ética. QUESTÃO 18 (CESPE – 2008 - Analista do Seguro Social) Na estrutura da administração, os integrantes de comissão de ética pública têm cargo equivalente ao de ministro de Estado no que se refere a hierarquia e remu- neração. QUESTÃO 19 (CESPE – 2014 – MDIC) A fim de que haja apuração de comprometimento ético, todos os ex- pedientes encaminhados à Comissão de Ética Pública da Presidência da República são considerados, a priori, como reservados até a sua deliberação final. QUESTÃO 20 (CESPE – 2010 – ANEEL) O conheci- mento do dever está desvinculado da noção de ética, pois este é consequência da percepção, pelo sujeito, de que ele é um ser racional e, portanto, está obrigado a obedecer ao seguinte imperativo categórico: a necessidade de res- peitar todos os seres racionais na qualidade de fins em si mesmos. QUESTÃO 21 (CESPE – 2008 - Analista do Seguro Social) Caso um servidor público tenha cometido peque- nos deslizes de conduta comprovados por comissão de sindicância que recomende a pena de censura, o relatório da comissão de sindicância deve ser encaminhado para a comissão de ética, pois é esta que tem competência para aplicar tal pena ao servidor. QUESTÃO 22 (CESPE – 2010 – Perito Médico Previ- denciário do INSS) Uma perseguição sofrida por um ser- vidor por parte de seu chefe imediato é motivo justo para a alteração no trato desse servidor com o público e com seus colegas de trabalho. QUESTÃO 23 (CESPE – 2009 – Analista Técni- co Administrativo) O imperativo do aprimoramento da conduta ética do servidor público assumiu uma impor- tância política inquestionável em nossos dias. De fato, a opinião pública, manifestadade maneira espontânea ou condicionada pelos meios de comunicação, concorda que o grau de obediência a princípios éticos é muito baixo no serviço público. Nesse sentido, as frequentes denúncias de corrupção estimularam na sociedade essa percepção. Algumas pesquisas recentes de opinião revelam que o ci- dadão brasileiro tem um conceito negativo a respeito da conduta ética da classe política. Ainda que tais pesquisas tenham se cingido à opinião sobre o universo parlamen- tar, é lícito presumir que a mesma opinião negativa se es- Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 39 tenda, ainda que em diferentes graus, à conduta ética nas esferas dos Poderes Executivo e Judiciário. Pouco impor- ta, para fins desta análise, se a opinião pública é fundada, infundada ou meramente preconceituosa. Importante é a opinião em si, pois revela um ceticismo intrínseco do povo em relação ao padrão ético do aparelho de Estado. João Geraldo Piquet Carneiro. Revista do Serviço Público. Ano 49, n.º 3, jul.-set./1998, p. 123 (com adapta- ções). Tendo o texto acima como referência inicial e con- siderando o Código de Ética do Servidor Público, julgue o seguinte item. O servidor público não pode permitir que perse- guições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores, o que não significa que ele possa ser conivente com erro ou in- fração às normas vigentes. QUESTÃO 24 (CESPE – 2009 – Assistente Técnico- -Administrativo) A servidora pública Margarida vinha observando, já há algum tempo, que seu colega de tra- balho, Sílvio, também servidor público lotado no mesmo setor em que trabalha, vem retirando materiais, como folhas de papel, borrachas, lápis e canetas, para compor a lista de material escolar de seus filhos, em função de gra- ves dificuldades financeiras pelas quais vem passando. Margarida, após certificar-se que os materiais retirados pelo colega não possuíam valor econômico expressivo, sentiu-se compadecida com a situação em que Sílvio se encontrava e, em razão disso, imbuída dos mais altos sentimentos de solidariedade, absteve-se de levar tais fatos ao conhecimento de seu chefe. Nessa situação, o comportamento de Margarida tem respaldo legal no có- digo de ética do servidor, uma vez que esse instrumento é claro ao rechaçar a delação, por classificá-la como ati- tude desleal, desonesta e antiética. QUESTÃO 25 (CESPE – 2009 – Analista Técnico Administrativo) As comissões de ética têm o encargo de orientar o servidor quanto à sua ética profissional, além de aconselhá-lo no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo a elas conhecer concre- tamente acerca de imputação ou de procedimento sus- cetível de censura. QUESTÃO 26 (CESPE – 2009 – Analista Técnico Administrativo) A função pública deve ser tida como um exercício profissional que se integra à vida particular de cada servidor público. Por essa razão, tanto no exercício do cargo ou da função que lhe compete, quanto fora dele, o servidor público deve sempre nortear sua conduta pe- los primados da dignidade, do decoro, do zelo, da eficácia e da consciência dos princípios morais, haja vista que os fatos e os atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada podem acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. QUESTÃO 27 (CESPE/UnB Agente Administrativo – MPS/2009) O Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal serve para estimular o com- portamento ético do servidor público, uma vez que é de livre adesão. QUESTÃO 28 (CESPE – 2009 – Assistente Técnico- -Administrativo) O princípio hierárquico do trabalho do servidor público não é totalmente compatível com a éti- ca, já que não é possível, ao mesmo tempo, cumprir or- dens, respeitar hierarquias e ser ético. O servidor público deve manter-se fiel aos interesses corporativos do Esta- do, ainda que, para tanto, tenha que sacrificar os direitos dos cidadãos. QUESTÃO 29 (CESPE – 2009 – Assistente Técnico- -Administrativo) O servidor público Juarez, ao atender o cidadão Otávio, foi cortês, polido e contido, mantendo in- questionável autocontrole mesmo quando Otávio passou a comportar-se de forma agressiva e a tentar humilhá-lo. Juarez não reagiu aos ataques de Otávio nem o impediu de depredar o patrimônio da sua repartição. Nessa situ- ação, Juarez agiu adequadamente em face do comporta- mento de Otávio. QUESTÃO 30 (CESPE – 2009 – Assistente Técni- co-Administrativo) O servidor público Caio recusou-se a obedecer ordem de seu chefe para executar um ato vetado pelo código de ética do serviço público. Caio en- tendeu que seu dever de respeitar a hierarquia não deve- ria suscitar-lhe o temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se fun- da o poder estatal, e que seria seu dever resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que visassem obter quaisquer fa- vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas. Nessa situação, o en- tendimento e a postura de Caio foram compatíveis com os deveres fundamentais do servidor público. GABARITO 01 02 03 04 05 Errado Certo Errado Errado Certo 06 07 08 09 10 Certo Certo Errado Errado Errado 11 12 13 14 15 Certo Certo Errado Errado Certo 16 17 18 19 20 Errado Certo Errado Certo Errado 21 22 23 24 25 Certo Errado Certo Errado Certo 26 27 28 29 30 Certo Errado Errado Errado Certo Ca pí tu lo 10 - D ec re to 6 .0 29 /2 00 7 www.focusconcursos .com.br Ét ic a no S er vi ço P úb lic o 40 R eg im e Ju rí di co Ú ni co 41Regime Jurídico Único Autor: Tiago Zanolla Curriculum: Professor de Ética no Serviço Público, Conhe- cimentos Bancários e Direito Regimental. For- mado em Engenharia de Produção pela Uni- versidade Pan-Americana de Ensino. Técnico Judiciário Cumpridor de Mandados no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Envolvido com concursos públicos desde 2009 é professor em diversos estados do Brasil. www.focusconcursos .com.br www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 42 Ca pí tu lo 0 1 - C on ce ito d e A ge nt es P úb lic os SUMÁRIO 1. CONCEITO DE AGENTES PÚBLICOS .................................................................................................................................................................... 43 2. FORMAS DE PROVIMENTO E VACÂNCIA DO CARGO PÚBLICO ......................................................................................................... 43 3. DIREITOS, DEVERES E PROIBIÇÕES DO SERVIDOR PÚBLICO E SEU REGIME DISCIPLINAR .............................................. 51 4. O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL; SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SER- VIÇO PÚBLICO ...............................................................................................................................................................................................................................74 www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 43 1. CONCEITO DE AGENTES PÚBLICOS A expressão Agentes públicos abrange todas as pessoas físicas que prestam serviços à Administração Pública direta ou indireta, com ou sem vínculo empre- gatício, mediante o pagamento ou não de remuneração. Como podemos perceber, trata-se de conceito bastante amplo. Os agentes públicos podem ser classifi cados da se- guinte forma: • agentes políticos; • agentes administrativos: celetistas, temporá- rios e estatutários; • agentes honorífi cos; • agentes delegados; e • agentes credenciados IMPORTANTE: Nota-se que nem todos os doutrinadores classifi - cam os agentes públicos da forma apresentada acima. Há a classifi cação que aponta para: agentespolíticos; servi- dores públicos: celetistas, temporários e estatutários; militares; particulares em colaboração com o Poder Pú- blico: requisição, conta própria e delegação. Essa classi- fi cação embora dita contemporânea não é a adotada em geral nos concursos públicos. Não vamos, aqui, estudar cada uma das espécies de agentes públicos. Para nós interessa saber onde se enquadram os agentes administrativos, para que possa- mos identifi car dentro desta estrutura os servidores ad- ministrativos do Ministério da Fazenda, em especial dos Assistentes Técnicos Administrativos. Conforme esquematizamos acima, os agentes ad- ministrativos abrangem os empregados públicos (deno- minados de celetistas), os servidores temporários e os servidores estatutários. • empregados públicos: pessoas contratadas sob o regime da legislação trabalhista (celetistas) por prazo indeterminado; • servidores temporários: são agentes contratados de forma temporária, por excepcional interesse público, para exercer função por prazo determinado; e • servidores públicos estatutários: são servidores contratados para exercerem funções administrativas, de apoio aos objetivos básicos do Estado, submetidos ao regime comum estatutário. Os servidores estatutários são os titulares de car- go público e estão sujeitos ao regime jurídico defi nido em seu estatuto. Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacio- nal que devem ser cometidas a um servidor. Cada ente da federação possui, em regra, um estatuto que rege as relações de seus servidores. No âmbito do Poder Executivo Federal a lei de re- gência dos servidores públicos é a Lei 8.112/1990, que será analisada adiante em nossos estudos. Em suma, vejamos o quadro que segue: 2. FORMAS DE PROVIMENTO E VACÂNCIA DO CARGO PÚBLICO A Lei n. 8.112/90 estabelece no art. 5º os requisitos básicos para a investidura em cargo público, quais sejam: Requisitos básicos para ingresso em cargo público • a nacionalidade brasileira; • o gozo dos direitos políticos; • a quitação com as obrigações militares e eleito- rais; • o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; • a idade mínima de 18 anos; • aptidão física e mental. Se a pessoa preencher esses requisitos básicos po- derá concorrer a um cargo público e, se aprovado dentro do número de vagas ou se nomeado dentro do prazo de validade do concurso público, será provido em um cargo público. Provimento O provimento é o ato pelo qual o servidor público é investido no cargo, emprego ou função. O provimento pode ser originário ou derivado. • Originário é o provimento realizado por inter- médio da nomeação (conforme mencionamos acima) e pressupõe a inexistência de vínculo anterior com a Administração; e • Derivado é o provimento que depende de um vínculo anterior com a Administração. As formas de provimento são: I – NOMEAÇÃO A nomeação é defi nida como o ato administrativo por meio do qual a Administração Pública dá ciência ao aprovado em concurso público (para o caso de provimen- to efetivo) ou designado (para os casos de provimento em comissão) para que, querendo apresente os documentos Ca pí tu lo 0 1 - C on ce ito d e A ge nt es P úb lic os www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 44 necessários para tomar posse. Segundo o art. 9º da Lei n. 8.112/90, a nomeação far- -se-á: I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira; II – em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confi ança vagos. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confi ança, sem prejuí- zo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. O art. 10 da Lei n. 8.112/90 disciplina para a nomea- ção para cargo de carreira ou cargo isolado de provimen- to efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a or- dem de classifi cação e o prazo de sua validade. Em síntese: Atenção: Não se pode confundir NOMEAÇÃO com INVESTI- DURA, POSSE e EXERCÍCIO. • nomeação é a forma de provimento. • investidura é uma operação de atos do Estado e do interessado para permitir o legítimo pro- vimento do cargo público. • posse é o ato que completa a investidura e que se dá com a assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deve- res, as responsabilidades e os direitos ineren- tes ao cargo ocupado. Quanto à posse, são previstas algumas regras im- portantes: • No momento da posse o nomeado deverá apre- sentar declaração de bens e valores que com- põem o patrimônio do servidor; • Deverá declarar, ainda, se exerce outro cargo ou função no Poder Público, informando, em caso positivo, se há compatibilidade nos ter- mos previstos na Constituição; e • É possível a posse por intermédio de procura- ção com poderes específi cos (ou poderes ex- pressos). • Registre-se que a posse ocorrerá no prazo de 30 dias contados da publicação do ato de pro- vimento, ou seja, da nomeação. • exercício é o efetivo desempenho das atribui- ções do cargo público ou da função de confi an- ça. • Para o exercício o prazo de é 15 dias a contar da data da posse. II - PROMOÇÃO Promoção é a forma de provimento pela qual o ser- vidor passa a um cargo de maior grau de responsabilida- de dentro da carreira a que pertence. Deve-se registrar que um dos requisitos para a promoção é a participação do servidor em cursos de aperfeiçoamento (art. 39, § 2º, da CF). A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira a par- tir da data de publicação do ato que promover o servidor. III - READAPTAÇÃO A readaptação é a investidura do servidor em car- go de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, verifi cada em inspeção médica. Assim dispõe o art. 24, da Lei 8.112/1900: Se julgado incapaz para o serviço público, o rea- daptando será aposentado. A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afi ns, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de venci- mentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. IV – REVERSÃO Reversão Reingresso no serviço Público do funcionário aposen- tado, quando insubsistentes os motivos da aposenta- doria. Reversão é o retorno à atividade de servidor apo- sentado, em razão das seguintes situações: Em síntese: • por invalidez, quando junta médica ofi cial de- clarar insubsistentes os motivos da aposenta- doria; • no interesse da administração, desde que: • tenha solicitado a reversão; • a aposentadoria tenha sido voluntária; • estável quando na atividade; • a aposentadoria tenha ocorrido nos cin- co anos anteriores à solicitação; • haja cargo vago. A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo Ca pí tu lo 0 2 - Fo rm as d e Pr ov im en to e V ac ân ci a do C ar go P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 45 resultante de sua transformação. O tempo em que o ser- vidor estiver em exercício será considerado para con- cessão da aposentadoria. O servidor que retornar à atividade por interesse da Administração perceberá, em substituição aos pro- ventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria. Por fi m, no caso de servidor aposentado que já ti- ver completado 70 (setenta) anos de idade, não é possível a reversão. A reintegração é a reinvestidura do servidor es- tável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo re- sultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisãoadministrativa ou judicial, com o ressarcimento de todas as vantagens. Se outra pessoa ocupava o cargo, e também já for estável, será reconduzida ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tem- po de serviço. Se provido o cargo, o seu eventual ocupante será: • reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, • aproveitado em outro cargo; • posto em disponibilidade. VI - RECONDUÇÃO A recondução é defi nida como o retorno do servi- dor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorre de: • inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo • reintegração do anterior ocupante. Pelo dispositivo legal, a recondução engloba duas situações: a do inabilitado em estágio probatório e a da reintegração do anterior ocupante. No primeiro caso, imaginemos um servidor já es- tável, que ocupa determinado cargo público, por exem- plo, investigador de polícia, e que preste o concurso para delegado. Na hipótese de aprovação, ele iniciará o está- gio para delegado. Em não sendo aprovado no estágio de delegado, esse investigador voltará para seu cargo de origem, por meio da recondução, já que foi inabilitado no estágio probatório relativo a outro cargo, qual seja, o de delegado. Na segunda situação prevista na lei, o servidor é reconduzido ao seu cargo, porque outro servidor que o ocupava anteriormente e fora demitido, volta, por meio da reintegração. VII - APROVEITAMENTO O aproveitamento ocorre quando o servidor é co- locado em disponibilidade. O retorno à atividade desse servidor far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. Remoção e redistribuição A remoção e a redistribuição embora não consti- tuam formas de provimento deve ser analisada em razão de sua importância e para evitar confusões na hora da prova. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mu- dança de sede. Ela pode ser: Ca pí tu lo 0 2 - Fo rm as d e Pr ov im en to e V ac ân ci a do C ar go P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 46 • de ofício, no interesse da Administração; • a pedido, a critério da Administração; • a pedido, para outra localidade, independente- mente do interesse da Administração: a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Admi- nistração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, com- panheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica ofi cial; c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabe- lecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. Em síntese: A redistribuição é o deslocamento de cargo de pro- vimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder. Para a redistribuição é necessário observar alguns preceitos: Preceitos para redistribuição • interesse da Administração; • equivalência de vencimentos; • manutenção da essência das atribuições do cargo; • vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; • mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profi ssional; • compatibilidade entre as atribuições do cargo e as fi nalidades institucionais do órgão ou entidade. A redistribuição ocorrerá ex offi cio para ajusta- mento de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, ex- tinção ou criação de órgão ou entidade. A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC (Central do Sistema de Pessoal Civil) e os órgãos e enti- dades da Administração Pública Federal envolvidos. Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desneces- sidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento. O servidor que não for redistribuído ou colocado em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabili- dade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado aprovei- tamento. Acumulação de cargos Em regra: veda-se a acumulação de cargos. O art. 37, XVI, da CF, contudo, estabelece as seguintes exceções, desde que haja compatibilidade de horários: • dois cargos de professor; • um cargo de professor com outro técnico ou científi co; • dois cargos ou empregos privativos de profi s- sionais de saúde, com profi ssões regulamen- tadas. Lembre-se: Vale lembrar que os arts. 95, § único, e 128, § 5º, II, d, da CF/88 estabelecem possibilidades de acumulação para juízes e promotores com a função de magistério. Estágio probatório O estágio probatório pode ser defi nido como um lapso de tempo no qual a aptidão e a capacidade do servi- dor serão avaliadas de acordo com critérios de: • assiduidade; • disciplina; • capacidade de iniciativa; • produtividade; • responsabilidade. Para os servidores vitalícios, o prazo do estágio probatório é de dois anos e, como já fora dito anterior- Ca pí tu lo 0 2 - Fo rm as d e Pr ov im en to e V ac ân ci a do C ar go P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 47 mente, só perdem o cargo em razão de sentença com trânsito em julgado. Já no tocante aos demais servidores, existe uma discussão controvertida acerca do prazo de duração do estágio probatório. A CF determina, no art. 41, que são estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concur- so público. Por outro lado, a Lei n. 8.112/90 prescreve, no art. 20, que servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 meses. Fixe: Deixando de lado a questão doutrinária, para fins de concurso público, deve-se adotar a previsão constitu- cional, de modo que a estabilidade ocorre apenas após 3 anos de efetivo exercício. É possível também a concessão de algumas licen- ças e afastamentos ao servidor em estágio probatório, conforme determinam os art. 81, I a IV, 94, 95 e 96 da Lei n. 8.112/90. Nesses casos, o estágio ficará suspenso. Dentre as licenças e afastamentos, têm-se: • licença por motivo de doença; • licença por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; • licença para o serviço militar; • licença para a atividade política; • afastamento para exercício de mandato eleti- vo; • afastamento para estudo ou missão no exte- rior; • afastamento de servidor para servir em orga- nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere; • afastamento para participar de curso de for- mação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública Federal. Vacância A vacância é o ato pelo qual o servidor é desinves- tido do cargo, e isso pode decorrer em razão de: • exoneração; • demissão; • promoção; • readaptação; • aposentadoria; • posse em outro cargo inacumulável; • falecimento. Em síntese: Formas de Vacância • exoneração; • demissão; • promoção; • readaptação; • aposentadoria; • posse em outro cargo inacumulável; • falecimento. Por fim, vejamos os dispositivos da Lei 8.112/1990, cujo estudo é fundamental: Título II - Do Provimento, Vacância, Remoção, Redis- tribuição e Substituição Capítulo I - Do Provimento Seção I - Disposições Gerais Art. 5º São REQUISITOS básicos para investidura em cargo público: I - a nacionalidade brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as obrigaçõesmilitares e eleito- rais; IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental. § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exi- gência de outros requisitos estabelecidos em lei. § 2º Às pessoas portadoras de deficiência é asse- gurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam com- patíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. § 3º As universidades e instituições de pesqui- sa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com PROFESSORES, TÉCNICOS E CIENTISTAS ESTRANGEIROS, de acordo com as normas e os procedi- mentos desta Lei. Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder. Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. Art. 8º São FORMAS DE PROVIMENTO de cargo pú- blico: I - nomeação; II - promoção; III – Revogado; IV – Revogado; V - readaptação; VI - reversão; VII - aproveitamento; VIII - reintegração; IX - recondução. Seção II - Da Nomeação Art. 9º A nomeação far-se-á: Ca pí tu lo 0 2 - Fo rm as d e Pr ov im en to e V ac ân ci a do C ar go P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 48 I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo iso- lado de provimento efetivo ou de carreira; II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de con- fiança, SEM prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá OPTAR pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou car- go isolado de provimento efetivo depende de prévia ha- bilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. Parágrafo único. Os demais requisitos para o in- gresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, me- diante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pú- blica Federal e seus regulamentos. Seção III - Do Concurso Público Art. 11. O concurso será de provas OU de provas e títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao paga- mento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas. Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, podendo ser prorrogado uma ÚNICA vez, por IGUAL período. § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publi- cado no Diário Oficial da União E em jornal diário de grande circulação. § 2º NÃO se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. Seção IV - Da Posse e do Exercício Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do res- pectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que NÃO poderão ser alterados unilateral- mente, por QUALQUER das partes, RESSALVADOS os atos de ofício previstos em lei. § 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias conta- dos da publicação do ato de provimento. § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do impe- dimento. Hipóteses: 1. licença por motivo de doença em pessoa da famí- lia; 2. licença para prestar o serviço militar; 3. licença para capacitação; 4. afastamento de férias; 5. afastamento para participação em programa de treinamento ou programa de pós-graduação stric- to sensu no País; 6. afastamento para participação em Júri e outros serviços obrigatórios; 7. licença à gestante, à adotante e à paternidade; 8. licença para tratamento da própria saúde (máxi- mo de 24 meses ao longo do serviço público); 9. licença por motivo de acidente em serviço ou do- ença profissional; 10. licença para capacitação; 11. licença por convocação do serviço militar; 12. afastamento para descolamento para nova sede; 13. afastamento para participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrar representação desportiva nacional § 3º A posse poderá dar-se mediante procuração específica. § 4º SÓ haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação. § 5º No ato da posse, o servidor apresentará decla- ração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. § 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo [30 dias]. Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial. Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. Art. 15. EXERCÍCIO é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança. § 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empos- sado em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. § 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em exercício nos prazos pre- vistos neste artigo, observado o disposto no art. 18. § 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício. § 4º O início do exercício de função de confiança coincidirá com a data de publicação do ato de designação, SALVO quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que NÃO poderá exceder a trinta dias da publicação. Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o rei- nício do exercício serão registrados no assentamento in- dividual do servidor. Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servi- dor apresentará ao órgão competente os elementos ne- cessários ao seu assentamento individual. Art. 17. A promoção NÃO interrompe o tempo de exercício, que é contado no novo posicionamento na car- reira a partir da data de publicação do ato que promover o servidor. Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, NO MÍNIMO, DEZ E, NO MÁXIMO, TRINTA DIAS de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efe- Ca pí tu lo 0 2 - Fo rm as d e Pr ov im en to e V ac ân ci a do C ar go P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 49 tivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nes- se prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede. § 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em li- cença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir do término do impedimento. § 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos es- tabelecidos no caput. Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de traba- lho fixada em razão das atribuições pertinentes aos res- pectivos cargos, respeitada a duração máxima do traba- lho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, res- pectivamente. § 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança submete-se a regime de integraldedicação ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Administra- ção [cumulação do cargo em comissão com cargo efetivo, quando há compatibilidade de horário e local, declarado pelas autoridades máximas a que subordina em cada uma das atividades]. § 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho estabelecida em leis especiais. Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nome- ado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a es- tágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: I - assiduidade; II - disciplina; III - capacidade de iniciativa; IV - produtividade; V- responsabilidade. § 1º 4 (QUATRO) MESES antes de findo o período do estágio probatório, será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regu- lamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado OU, se estável, reconduzido ao cargo an- teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. § 3º O servidor em estágio probatório PODERÁ exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e SOMENTE poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo- -Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem as- sim afastamento para participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública Federal. Afastamentos e licenças permitidas ao servidor em estágio probatório: 1. licença por motivo de doença em pessoa da fa- mília; 2. licença por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; 3. licença para o serviço militar; 4. licença para atividade política; 5. afastamento para o exercício de mandato eleti- vo; 6. afastamento para estudo ou missão no exterior; 7. afastamento para participar de curso de forma- ção decorrente de aprovação noutro concurso para a Administração Federal. § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir do término do impedimento. Seção V - Da Estabilidade Art. 21. O servidor habilitado em concurso públi- co e empossado em cargo de provimento efetivo adqui- rirá estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. [aplica-se a CRFB, que prevê 03 anos] Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja as- segurada ampla defesa. Seção VI - Da Transferência Art. 23. Revogado Seção VII - Da Readaptação Art. 24. Readaptação é a INVESTIDURA DO SER- VIDOR EM CARGO DE ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILI- DADES COMPATÍVEIS COM A LIMITAÇÃO QUE TENHA SOFRIDO EM SUA CAPACIDADE FÍSICA OU MENTAL VE- RIFICADA EM INSPEÇÃO MÉDICA. § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o re- adaptando será aposentado. § 2º A readaptação será efetivada em cargo de atri- buições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipó- tese de INEXISTÊNCIA de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como EXCEDENTE, até a ocorrência de vaga. Seção VIII - Da Reversão Art. 25. Reversão é o RETORNO À ATIVIDADE DE SERVIDOR APOSENTADO: I - POR INVALIDEZ, QUANDO JUNTA MÉDICA OFI- CIAL DECLARAR INSUBSISTENTES OS MOTIVOS DA APOSENTADORIA; ou II - NO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO, desde que: a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c) estável quando na atividade; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; e) haja cargo vago. § 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no car- Ca pí tu lo 0 2 - Fo rm as d e Pr ov im en to e V ac ân ci a do C ar go P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 50 go resultante de sua transformação. § 2º O tempo em que o servidor estiver em exercí- cio será considerado para concessão da aposentadoria. § 3º No caso do inciso I [quando insubsistentes os motivos que levaram à aposentadoria], encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições como EXCEDENTE, até a ocorrência de vaga. § 4º O servidor que retornar à atividade por inte- resse da administração perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, INCLUSIVE com as vantagens de natu- reza pessoal que percebia anteriormente à aposentado- ria. § 5º O servidor de que trata o inciso II [no interesse da administração] somente terá os proventos calculados com base nas regras atuais SE permanecer pelo menos cinco anos no cargo. § 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo. Art. 26. Revogado. Art. 27. NÃO poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70 (setenta) anos de idade. Seção IX - Da Reintegração Art. 28. A reintegração é a REINVESTIDURA DO SERVIDOR ESTÁVEL NO CARGO ANTERIORMENTE OCU- PADO, OU NO CARGO RESULTANTE DE SUA TRANSFOR- MAÇÃO, QUANDO INVALIDADA A SUA DEMISSÃO POR DECISÃO ADMINISTRATIVA OU JUDICIAL, COM RESSAR- CIMENTO DE TODAS AS VANTAGENS. § 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servi- dor ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. § 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu even- tual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, SEM direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. Seção - Da Recondução Art. 29. Recondução é o RETORNO DO SERVIDOR ESTÁVEL AO CARGO ANTERIORMENTE OCUPADO E DE- CORRERÁ DE: I - INABILITAÇÃO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO RE- LATIVO A OUTRO CARGO; II - REINTEGRAÇÃO DO ANTERIOR OCUPANTE. Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em outro, obser- vado o disposto no art. 30. Seção XI - Da Disponibilidade e do Aproveitamento Art. 30. O RETORNO À ATIVIDADE DE SERVIDOR EM DISPONIBILIDADE FAR-SE-Á MEDIANTE APROVEI- TAMENTO OBRIGATÓRIO EM CARGO DE ATRIBUIÇÕES E VENCIMENTOS COMPATÍVEIS COM O ANTERIORMENTE OCUPADO. Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal. Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37 [reorganização ou extinção de órgão nos casos de redistribuição, o servidor estável se não redistribuído será colocado em disponibilidade], o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilida- de do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi- nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveita- mento em outro órgão ou entidade. Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, SALVO doença comprovada por junta médica oficial. Capítulo II - Da Vacância Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: I - exoneração; II - demissão; III - promoção; IV - Revogado. V - Revogado. VI - readaptação; VII - aposentadoria; VIII - posse em outro cargo inacumulável; IX - falecimento. Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, OU de ofício.Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; II - quando, tendo tomado posse, o servidor não en- trar em exercício no prazo estabelecido. Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função de confiança dar-se-á: I - a juízo da autoridade competente; II - a pedido do próprio servidor. Parágrafo único. Revogado. Capítulo III - Da Remoção e da Redistribuição Seção I - Da Remoção Art. 36. Remoção é o DESLOCAMENTO DO SER- VIDOR, A PEDIDO OU DE OFÍCIO, NO ÂMBITO DO MESMO QUADRO, COM OU SEM MUDANÇA DE SEDE. Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção: I - de ofício, no interesse da Administração; II - a pedido, a critério da Administração; III - a pedido, para outra localidade, INDEPENDEN- TEMENTE do interesse da Administração: a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qual- quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no in- teresse da Administração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, com- panheiro ou dependente que VIVA ÀS SUAS EX- PENSAS e CONSTE DO SEU ASSENTAMENTO FUNCIONAL, condicionada à COMPROVAÇÃO POR JUNTA MÉDICA OFICIAL; c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for su- perior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. Seção II - Da Redistribuição Art. 37. Redistribuição é o DESLOCAMENTO DE CARGO DE PROVIMENTO EFETIVO, OCUPADO OU VAGO Ca pí tu lo 0 2 - Fo rm as d e Pr ov im en to e V ac ân ci a do C ar go P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 51 NO ÂMBITO DO QUADRO GERAL DE PESSOAL, PARA OU- TRO ÓRGÃO OU ENTIDADE DO MESMO PODER, com pré- via apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: I - interesse da administração; II - equivalência de vencimentos; III - manutenção da essência das atribuições do cargo; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profi ssional; VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as fi nalidades institucionais do órgão ou entida- de. § 1º A redistribuição ocorrerá ex offi cio para ajus- tamento de lotação e da força de trabalho às necessida- des dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato conjunto entre o órgão central do SI- PEC e os órgãos e entidades da Administração Pública Federal envolvidos. § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua des- necessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. § 4º O servidor que NÃO for redistribuído ou co- locado em disponibilidade poderá ser mantido sob res- ponsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento. Capítulo IV - Da Substituição Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou fun- ção de direção ou chefi a e os ocupantes de cargo de Na- tureza Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. § 1º O substituto assumirá automática e cumula- tivamente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou chefi a e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais ou re- gulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóte- ses em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o respectivo período. § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercí- cio do cargo ou função de direção ou chefi a ou de cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impe- dimentos legais do titular, SUPERIORES a trinta dias con- secutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substi- tuição, que excederem o referido período. Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. 3. DIREITOS, DEVERES E PROIBIÇÕES DO SERVIDOR PÚBLICO E SEU REGIME DISCI- PLINAR Direitos e vantagens O servidor público não aufere salários, mas: subsí- dio ou vencimento ou remuneração. Subsídio O subsídio é o pagamento em parcela única, ser- vindo para determinada categoria de agentes públicos. Por força do art. 39, § 4º, da CF/88, receberão subsídios o membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Mi- nistros de Estado e os Secretários Estaduais e Munici- pais, sendo vedado o acréscimo de qualquer gratifi cação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou ou- tra espécie remuneratória. Existem outras categorias de servidores remune- radas por subsídios, além das acima citadas, tais como: integrantes da Defensoria Pública, membros da Advoca- cia Pública (procuradores federais, estaduais e munici- pais, advogados da União e de autarquias) e integrantes das polícias federal, rodoviária federal, ferroviária fede- ral e das polícias civis. Vencimento e remuneração O vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer- cício de cargo público, com valor fi xado em lei. A remu- neração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias estabelecidas em lei. O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é irredutível, sendo assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vanta- gens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. O vencimento, a remuneração e o provento não se- rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. Em síntese: A Lei n. 8.112/90 traz hipóteses em que o servidor perderá a remuneração e em que há a possibilidade de descontos. O servidor perderá: I – a remuneração do dia em que faltar ao serviço, Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r Pú bl ic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 52 sem motivo justificado; II – a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as con- cessões de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o mês sub- sequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão ser compen- sadas a critério da chefia imediata, sendo assim conside- radas como efetivo exercício. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou pro- vento. Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a critério da Administração e com reposição de custos, na forma definida em regulamento. Vantagens Além do vencimento, poderão ser pagas ao servi- dor as seguintes vantagens: • indenizações; • gratificações • adicionais. Lembre-se: Vantagens Indenizações Indenizações Não se incor- poram Ajuda de custo Gratificações Incorporam- -se Diárias Adicionais Auxílio-moradia Transporte Indenizações As indenizações não se incorporam ao vencimen- to ou provento para qualquer efeito. Já as gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento ou provento nos casos e condições indicados em lei. De acordo com o art. 51 da Lei n. 8.112/90, consti- tuem indenizações ao servidor: • ajuda de custo; • diárias; • transporte; • auxílio-moradia.A ajuda de custo destina-se a compensar as des- pesas de instalação do servidor que, no interesse do ser- viço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pa- gamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro, que detenha também a condi- ção de servidor, vir a ter exercício na mesma sede. As diárias e passagens destinam-se a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, ali- mentação e locomoção urbana, e são devidas ao servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior. O art. 60 da Lei n. 8.112/90 determina que será con- cedida indenização de transporte ao servidor que reali- zar despesas com a utilização de meio próprio de locomo- ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. Gratificações e adicionais Além do vencimento e das vantagens previstas na lei, o art. 61 determina que serão deferidas aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e adicionais: • retribuição pelo exercício de função de dire- ção, chefia e assessoramento; • gratificação natalina; • adicional pelo exercício de atividades insalu- bres, perigosas ou penosas; • adicional pela prestação de serviço extraordi- nário; • adicional noturno; • adicional de férias; • outros, relativos ao local ou à natureza do tra- balho; • gratificação por encargo de curso ou concurso. O art. 62 da lei prevê que, ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de natureza especial, é devida retribuição pelo seu exer- cício. A gratificação natalina corresponderá a 1/12 da re- muneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Segundo o art. 68 da lei, os servidores que traba- lhem com habitualidade em locais insalubres ou em con- tato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho. Somente será permitido servi- ço extraordinário para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 horas por jornada. O serviço noturno, prestado em horário compre- endido entre 22 horas de um dia e horas do dia seguin- te, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta segundos. O adicional de férias, de acordo com o art. 76 da lei, corresponde a 1/3 da remuneração do período das férias. A Lei n. 11.314/2006 incluiu no art. 76-A a Gratifi- cação por Encargo de Curso ou Concurso para o servidor que: • atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regular- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 53 mente instituído no âmbito da Administração Pública Federal; • participar de banca examinadora ou de comis- são para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para ela- boração de questões de provas ou para julga- mento de recursos intentados por candidatos; • participar da logística de preparação e de re- alização de concurso público envolvendo ati- vidades de planejamento, coordenação, su- pervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluí- das entre as suas atribuições permanentes; • participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. Direito de petição e tempo de serviço O direito de petição assegurado constitucional- mente é previsto ao servidor de acordo com o disciplina- do nos arts. 104 a 115 da Lei n. 8.112/90. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse le- gítimo. O requerimento será dirigido à autoridade com- petente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado o re- querente. Na hipótese de indeferimento, cabe pedido de re- consideração à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado. O art. 107 da Lei n. 8.112/90 determina que caberá recurso: do indeferimento do pedido de reconsideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente inter- postos. O recurso será dirigido à autoridade imediatamen- te superior à que tiver expedido o ato ou proferido a deci- são, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. O prazo para interposição de pedido de re- consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. A juízo da autoridade competente, o recurso pode- rá ser recebido com efeito suspensivo e, em caso de pro- vimento do pedido de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado. Com relação ao prazo prescricional do direito de requerer, a Lei n. 8.112/90 determina no art. 110: • 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou disponibi- lidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; • 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, sal- vo quando outro prazo for fixado em lei. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição, que é de ordem pú- blica, não podendo ser relevada pela Administração. Com relação ao tempo de serviço, é contado para todos os efeitos o tempo de serviço público federal, inclu- sive o prestado às Forças Armadas. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano como 365 dias. São considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de (art. 102): I – férias; II – exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal; III – exercício de cargo ou função de governo ou administração, em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente da República; IV – participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-gradu- ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regula- mento; V – desempenho de mandato eletivo federal, esta- dual, municipal ou do Distrito Federal, exceto para pro- moção por merecimento; VI – júri e outros serviços obrigatórios por lei; VII – missão ou estudo no exterior, quando auto- rizado o afastamento, conforme dispuser o regulamento; VIII – licença: a) à gestante, à adotante e à paternidade; b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem- po de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo; c) para o desempenho de mandato classista ou participação de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para efeitode promoção por merecimento; d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; e) para capacitação, conforme dispuser o regula- mento; f) por convocação para o serviço militar; IX – deslocamento para a nova sede (...); X – participação em competição desportiva nacio- nal ou convocação para integrar representação despor- tiva nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; XI – afastamento para servir em organismo inter- nacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade (art. 103): I – o tempo de serviço público prestado aos Esta- dos, Municípios e Distrito Federal; II – a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses; III – a licença para atividade política (...); IV – o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no serviço público federal; V – o tempo de serviço em atividade privada, vin- culada à Previdência Social; VI – o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; VII – o tempo de licença para tratamento da própria saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea b do Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 54 inciso VIII do art. 102. O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado apenas para nova aposentadoria. Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças Arma- das em operações de guerra. É vedada a contagem cumu- lativa de tempo de serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Municí- pio, autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista e empresa pública. Licenças e afastamentos O servidor tem direito de obter licenças, conforme determina o art. 81 da Lei n. 8.112/90. São elas: • por motivo de doença em pessoa da família; • por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; • para o serviço militar; • para atividade política; • para capacitação; • para tratar de interesses particulares; • para desempenho de mandato classista. Da licença por motivo de doença em pessoa da família Poderá ser concedida licença ao servidor por moti- vo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos fi- lhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamen- to funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. A licença somente será deferida se a assistên- cia direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário. A licença poderá ser concedida a cada período de 12 meses nas seguintes condições (art. 83, §§ 2º e 3º): I – por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a remuneração do servidor; e II – por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remuneração. § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a partir da data do deferimento da primeira li- cença concedida. A soma das licenças remuneradas e das licenças não remuneradas, incluídas as respectivas prorroga- ções, concedidas em um mesmo período de 12 (doze) me- ses, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º. Da licença por motivo de afastamento do cônjuge Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Execu- tivo e Legislativo. A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração. No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou com- panheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri- to Federal e dos Municípios, poderá haver exercício pro- visório em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exer- cício de atividade compatível com o seu cargo. Da licença para o serviço militar Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida licença, na forma e nas condições previstas na legislação específica. Concluído o serviço militar, o servi- dor terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reas- sumir o exercício do cargo. Da licença para atividade política O servidor terá direito a licença, sem remunera- ção, durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscali- zação, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses. Da licença para capacitação Após cada quinquênio de efetivo exercício, o ser- vidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remu- neração, por até três meses, para participar de curso de capacitação profissional. Os períodos de licença não são acumuláveis. Da licença para tratar de interesses particulares A critério da Administração, poderão ser conce- didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até três anos conse- cutivos, sem remuneração. A licença poderá ser inter- rompida, a do qualquer tempo, a pedido servidor ou no interesse do serviço. Da licença para o desempenho de mandato clas- sista É assegurado ao servidor o direito à licença sem remuneração para o desempenho de mandato em con- federação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou enti- dade fiscalizadora da profissão, ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- ços a seus membros. Somente poderão ser licenciados servidores elei- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 55 tos para cargos de direção ou representação nas referi- das entidades, desde que cadastradas no Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorroga- da, no caso de reeleição, e por uma única vez. Do afastamento para servir a outro órgão ou en- tidade O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta- dos, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguin- tes hipóteses: I – para exercício de cargo em comissão ou função de confiança; II – em casos previstos em leis específicas. Na hipótese do número I, sendo a cessão para ór- gãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão ou en- tidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos. No caso de o servidor cedido a empresa pública ou sociedade de economia mista, nos termos das respecti- vas normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo acrescida de percen- tual da retribuição do cargo em comissão, a entidade ces- sionária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. A cessão far-se-ámediante portaria publicada no Diário Oficial da União. Mediante autorização expressa do Presidente da República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. As cessões de empregados de empresa pública ou de sociedade de economia mista, que receba recursos do Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, independem das dis- posições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º do art. 93 (Lei n. 8.112/90), ficando o exercício do empregado cedido condicionado a autorização específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão ou função gratificada. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- tão, com a finalidade de promover a composição da for- ça de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá determinar a lotação ou o exercí- cio de empregado ou servidor. Do afastamento para exercício de mandato eleti- vo Ao servidor investido em mandato eletivo apli- cam-se as seguintes disposições, conforme art. 94 da Lei n. 8.112/90: I – tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afastado do cargo; II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- ção; III – investido no mandato de vereador: a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua re- muneração. No caso de afastamento do cargo, o servidor con- tribuirá para a seguridade social como se em exercí- cio estivesse. O servidor investido em mandato eletivo ou classista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. Do afastamento para estudo ou missão no exte- rior O servidor não poderá ausentar-se do país para es- tudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal. A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e, fin- da a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova ausência. Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento. Essa disposição não se aplica aos servidores da carreira diplomática. O afastamento de servidor para servir em organis- mo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração. Do afastamento para participação em programa de pós-graduação “stricto sensu” no país O servidor poderá, no interesse da Administração, e desde que a participação não possa ocorrer simultane- amente com o exercício do cargo ou mediante compen- sação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em pro- grama de pós-graduação stricto sensu em instituição de ensino superior no país. Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade de- finirá, em conformidade com a legislação vigente, os pro- gramas de capacitação e os critérios para participação em programas de pós-graduação no país, com ou sem afastamento do servidor, que serão avaliados por um co- mitê constituído para este fim. Os afastamentos para realização de programas de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivos no respectivo ór- gão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestra- do e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio probatório. Os afastamentos para realização de programas de pós-doutorado somente serão concedidos aos servido- res titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio probatório. Os servidores beneficiados pelos afastamentos te- rão que permanecer no exercício de suas funções, após o seu retorno, por um período igual ao do afastamento concedido. Caso o servidor venha a solicitar exoneração do Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 56 cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência, deverá ressarcir o órgão ou entidade dos gastos com seu aperfeiçoamento. Regime disciplinar dos servidores Deveres do servidor Os deveres do servidor público no âmbito federal estão previstos no art. 116 da Lei n. 8.112/90; são eles: • exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; • ser leal às instituições a que servir; • observar as normas legais e regulamentares; • cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; • atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informa- ções requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situa- ções de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pú- blica; • levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em ra- zão do cargo; • zelar pela economia do material e pela conser- vação do patrimônio público; • guardar sigilo sobre assunto da repartição; • manter conduta compatível com a moralidade administrativa; • ser assíduo e pontual ao serviço; • tratar com urbanidade as pessoas e represen- tar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Proibições do servidor O servidor, por força do art. 117 da Lei n. 8.112/90, tem as seguintes proibições: • ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; • retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; • recusar fé a documentos públicos; • opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; • promover manifestação de apreço ou desa- preço no recinto da repartição; • cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; • coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindi- cal, ou a partido político; • manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; • valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; • participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não per- sonificada, exercer o comércio, exceto na qua- lidade de acionista, cotista ou comanditário; • atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assis- tenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; • receber propina, comissão, presente ou van- tagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; • aceitar comissão, emprego ou pensão de esta- do estrangeiro; • praticar usura sob qualquer de suas formas; • proceder de forma desidiosa; • utilizar pessoal ou recursos materiais da re- partição em serviços ou atividades particula- res; • cometer a outro servidor atribuições estra- nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; • exercer quaisquer atividades que sejam in- compatíveis com o exercício do cargo ou fun- ção e com o horário de trabalho e recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici- tado. Responsabilidades O tema das responsabilidades do servidor é trata- do na legislaçãonos arts. 121 a 126 da Lei n. 8.112/90. As responsabilidades civil, penal e administrati- va, conforme anteriormente dito, são independentes, ou seja, por um mesmo fato, o servidor poderá responder nas três esferas. O servidor responde civil, penal e administrativa- mente pelo exercício irregular de suas atribuições. A res- ponsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Tratando-se de dano causado a terceiros, res- ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. A obrigação de reparar o dano estende-se aos su- cessores e contra eles será executada, até o limite do va- lor da herança recebida. A responsabilidade penal abran- ge os crimes e contravenções imputados ao servidor, nessa qualidade. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função. As sanções civis, penais e adminis- trativas poderão cumular-se, sendo independentes en- tre si. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. Penalidades Três são as maneiras de desinvestidura do servi- dor do cargo: a demissão, a exoneração e a dispensa. A demissão ocorre pelo cometimento de falta gra- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 57 ve. A exoneração pode ser a pedido do interessado ou de ofício, quando não satisfeitas as condições do estágio probatório ou para os cargos em comissão. A dispensa ocorre em relação aos contratados pela CLT, quando não houver justa causa. Sendo assim, trataremos neste tópico das penali- dades aplicáveis ao servidor, que, de acordo com o art. 127, resumem-se em: • advertência; • suspensão; • demissão; • cassação de aposentadoria ou disponibilidade; • destituição de cargo em comissão e destitui- ção de função comissionada. Na aplicação das penalidades, serão considerados: a natureza e a gravidade da infração cometida; os danos que dela provierem para o serviço público; as circuns- tâncias agravantes ou atenuantes; e os antecedentes funcionais. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção discipli- nar. Advertência A advertência será aplicada por escrito, nos casos de: • ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; • retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; • recusar fé a documentos públicos; • opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; • promover manifestação de apreço ou desa- preço no recinto da repartição; • cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; • coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindi- cal, ou a partido político; • manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; • recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado; • inobservar dever funcional previsto em lei, re- gulamentação ou norma interna, que não jus- tifique imposição de penalidade mais grave. Suspensão A suspensão será aplicada em caso de reincidên- cia das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (no- venta) dias. É possível também no caso do servidor que, injus- tificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, ces- sando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a de- terminação. Quando houver conveniência para o serviço, a pe- nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de venci- mento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. Por fim, as penalidades de advertência e de sus- pensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respecti- vamente, se o servidor não houver, nesse período, prati- cado nova infração disciplinar. O cancelamento da pena- lidade não surtirá efeitos retroativos. Demissão A demissão será aplicada nas hipóteses do art. 132 da Lei n. 8.112/90: • crime contra a Administração Pública; • abandono de cargo; • inassiduidade habitual; • improbidade administrativa; • incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; • insubordinação grave em serviço; • ofensa física, em serviço, a servidor ou a par- ticular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; • aplicação irregular de dinheiros públicos; • revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; • lesão aos cofres públicos e dilapidação do pa- trimônio nacional; • corrupção; • acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; • valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; • participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não per- sonificada, exercer o comércio, exceto na qua- lidade de acionista, cotista ou comanditário; • atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assis- tenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; • receber propina, comissão, presente ou van- tagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; • praticar usura sob qualquer de suas formas; • proceder de forma desidiosa; • utilizar pessoal ou recursos materiais da re- partição em serviços ou atividades particula- res. Cassação de aposentadoria e destituição do cargo em comissão Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta puní- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 58 vel com a demissão. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demis- são. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em co- missão nas seguintes situações: • crime contra a Administração Pública; • improbidade administrativa; • aplicação irregular de dinheiros públicos; • lesão aos cofres públicos e dilapidação do pa- trimônio nacional; • corrupção. Competência para aplicação de penalidades A competência para aplicação das penalidades disciplinares segue a regra estabelecida no art. 141 da Lei n. 8.112/90, conforme abaixo: • Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da Repúbli- ca, quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou enti- dade; • autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas acima quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; • pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regu- lamentos, nos casos de advertência ou de sus- pensão de até 30 (trinta) dias; • pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão. Prazo prescricional da ação disciplinar Com relação ao prazo da ação disciplinar contra o servidor, a lei no art. 142, determina: • 5 (cinco) anos,quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em co- missão; • 2 (dois) anos, quanto à suspensão; • 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertên- cia. Processo administrativo disciplinar A Lei n. 8.112/90, a partir do art. 116, trata do regime disciplinar do servidor público. Para aplicação de pena- lidades aos servidores, existem dois procedimentos de- finidos na lei: a sindicância e o processo administrativo disciplinar. Vejamos cada um deles. Sindicância A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administra- tivo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ense- jar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar. A sindicância pode ser conceituada como o meio sumário de apuração de infrações que possam ser ape- nadas somente com advertência ou suspensão por até 30 dias. A sindicância poderá resultar em: • arquivamento do processo; • aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; • instauração de processo disciplinar. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a autorida- de instauradora do processo disciplinar poderá determi- nar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. Quando o fato narrado não configurar evidente in- fração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arqui- vada, por falta de objeto. O prazo para conclusão da sindicância não exce- derá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior. Processo administrativo disciplinar Nenhuma pena poderá ser aplicada ao servidor senão por sindicância ou processo administrativo disci- plinar, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa. O art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal garante o contraditório e a ampla defesa em processo judicial ou administrativo, não mencionando a sindicância, mas a esta se estende porque dela pode resultar a aplicação de uma pena. No que se refere à necessidade de presença de ad- vogado no processo administrativo disciplinar, o Supre- mo Tribunal Federal, por meio da Súmula Vinculante 5, decidiu que: Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. Portanto, no processo administrativo disciplinar, não existe a obrigatoriedade de participação de advoga- do. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração pra- ticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido. Sua condução se dará por comissão composta de três servidores estáveis designados pela autoridade competente e se desenvolve nas seguintes fases: instau- ração, com a publicação do ato que constituir a comissão; inquérito administrativo, que compreende instrução, de- fesa e relatório e julgamento. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de pu- blicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 59 Na fase do inquérito, a comissão promoverá a to- mada de depoimentos, acareações, investigações e di- ligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor- rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de procura- dor, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial. O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebi- mento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade instauradora do processo, este será enca- minhado à autoridade competente, que decidirá em igual prazo. O julgamento acatará o relatório da comissão, sal- vo quando contrário às provas dos autos. Quando o relatório da comissão contrariar as pro- vas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motiva- damente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volunta- riamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade acaso aplicada. Processo sumário por acumulação de cargo pú- blico No caso de acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a Lei n. 8.112/90 estabelece um pro- cedimento sumário para a apuração da infração admi- nistrativa cometida pelo servidor. Sendo assim, detectada a qualquer tempo a acu- mulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade competente notificará o servidor, por in- termédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência, e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolve- rá nas seguintes fases: • instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indi- car a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração; • instrução sumária, que compreende indicia- ção, defesa e relatório; • julgamento. A indicação da autoria dar-se-á pelo nome e ma- trícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vincu- lação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico. A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato que a constituir, termo de indiciação em que serão transcritas as informações de que trata o parágrafo an- terior, bem como promoverá a citação pessoal do servi- dor indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela- tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilida- de do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o pro- cesso à autoridade instauradora, para julgamento. No prazo de cinco dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoriaou disponibilidade em rela- ção aos cargos, empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou enti- dades de vinculação serão comunicados. O prazo para a conclusão do processo administra- tivo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá 30 dias, contados da data de publicação do ato que cons- tituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até 15 dias, quando as circunstâncias o exigirem. Processo sumário por abandono de cargo O abandono de cargo configura-se quando há au- sência intencional do servidor ao serviço por mais de 30 dias consecutivos. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por 60 dias, intercalada- mente, durante o período de 12 meses. Na apuração de abandono de cargo ou inassidui- dade habitual, também será adotado o procedimento su- mário, observando-se especialmente que: • a indicação da materialidade dar-se-á: a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica- ção precisa do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a 30 dias; b)no caso de inassiduidade habitual, pela indica- ção dos dias de falta ao serviço sem causa justifi- cada, por período igual ou superior a 60 dias inter- caladamente, durante o período de 12 meses; • após a apresentação da defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à ino- cência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opina- rá, na hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço supe- rior a 30 dias e remeterá o processo à autorida- de instauradora para julgamento. Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 60 Revisão do processo O processo disciplinar poderá ser revisto, a qual- quer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que requer elemen- tos novos, ainda não apreciados no processo originário. Em caso de falecimento, ausência ou desapare- cimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo. No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respec- tivo curador. O requerimento de revisão do processo será dirigi- do ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo disci- plinar. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade e o prazo é de 20 (vinte) dias, contados do re- cebimento do processo, no curso do qual a autoridade jul- gadora poderá determinar diligências. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade. Para finalizar vejamos as disposições constantes da Lei 8.112/1990: Título III - Dos Direitos e Vantagens Capítulo I - Do Vencimento e da Remuneração Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei. Parágrafo único. Revogado. Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efe- tivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. § 1º A remuneração do servidor investido em fun- ção ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62 [prevê a remuneração a estes servidores]. § 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93 [quando ocorre a cessão do servidor a responsabilida- de pelo pagamento será do cessionário, no caso de cessão de servidor federal para o serviço público estadual, dis- trital ou municipal, nos demais casos a responsabilidade pelo pagamento dos salários é do cedente]. § 3º O vencimento do cargo efetivo, ACRESCIDO DAS VANTAGENS DE CARÁTER PERMANENTE, é irredu- tível. § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natu- reza ou ao local de trabalho. § 5º Nenhum servidor receberá remuneração infe- rior ao salário mínimo. Art. 42. NENHUM servidor poderá perceber, men- salmente, a título de remuneração, importância superior à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- deres, pelos Ministros de Estado [para os cargos do Poder Executivo], por membros do Congresso Nacional [para os cargos do Poder Legislativo] e Ministros do Supremo Tri- bunal Federal [para os cargos do Poder Judiciário]. Parágrafo único. Excluem-se do teto de remune- ração as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61 [não são considerados para fins do cálculo do teto os valo- res recebidos a título de: a) 13º; b) adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; c) adicio- nal pela prestação de serviço extraordinário; d) adicional noturno; e) gratificação por encargo de curso ou concurso; e f) demais adicionais relativos ao local ou natureza das atividades]. Art. 43. Revogado. Art. 44. O servidor perderá: I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, SEM motivo justificado; II - a parcela de remuneração diária, proporcio- nal aos atrasos, ausências justificadas, RESSALVADAS as concessões de que trata o art. 97 [por exemplo, para doação de sangue e para alistamento eleitoral], e saídas antecipadas, SALVO na hipótese de compensação de ho- rário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser esta- belecida pela chefia imediata. Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão ser compen- sadas a critério da chefia imediata, sendo assim conside- radas como efetivo exercício. Art. 45. SALVO por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. § 1º Mediante autorização do servidor, poderá ha- ver consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de custos, na forma definida em regulamento. § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º não excederá trinta e cinco por cento da re- muneração mensal, sendo cinco por cento reservados exclusivamente para a amortização de despesas contra- ídas por meio de cartão de crédito. Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pen- sionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado. § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, pro- vento ou pensão. § 2º Quando o pagamento indevido houver ocorri- do no mês anterior ao do processamento da folha, a re- posição será feita imediatamente, em uma única parcela. § 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrên- cia de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipa- da ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da reposição. Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.brR eg im e Ju rí di co Ú ni co 61 para quitar o débito. Parágrafo único. A NÃO quitação do débito no pra- zo previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exce- to nos casos de prestação de alimentos resultante de de- cisão judicial. Capítulo II - Das Vantagens Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens: I - indenizações; II - gratificações; III - adicionais. § 1º As indenizações NÃO SE INCORPORAM ao ven- cimento ou provento para qualquer efeito. § 2º As gratificações e os adicionais INCORPORAM- -SE ao vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão com- putadas, nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento. Seção I - Das Indenizações Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: I - ajuda de custo; II - diárias; III - transporte. IV - auxílio-moradia. Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento. Subseção I - Da Ajuda de Custo Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interes- se do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, VEDADO o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. § 1º Correm por conta da administração as despe- sas de transporte do servidor e de sua família, compre- endendo passagem, bagagem e bens pessoais. § 2º À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados ajuda de custo e transporte para a loca- lidade de origem, dentro do prazo de 1 (UM) ANO, contado do óbito. §3º- Não será concedida ajuda de custo nas hipóte- ses de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remu- neração do servidor, conforme se dispuser em regula- mento, NÃO podendo exceder a importância correspon- dente a 3 (três) meses. Art. 55. NÃO será concedida ajuda de custo ao ser- vidor que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, NÃO sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio. Parágrafo único. No afastamento previsto no in- ciso I do art. 93 [afastamento para exercício de cargo em comissão em outro órgão], a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a aju- da de custo quando, injustificadamente, NÃO se apresen- tar na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias. Subseção II - Das Diárias Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a pas- sagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. § 1º A diária será concedida por dia de afastamen- to, sendo DEVIDA PELA METADE quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União cus- tear, por meio diverso, as despesas extraordinárias co- bertas por diárias. A diária concedida por dia de afastamento, será concedida pela metade em duas situações: 1. não exigir pernoite fora da sede; ou 2. a União custear indiretamente as despesas (alo- jamento, veículo do órgão etc.). § 2º Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo, o servidor NÃO FARÁ JUS A DIÁRIAS. § 3º Também NÃO FARÁ JUS A DIÁRIAS o servidor que se deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países limí- trofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, enti- dades e servidores brasileiros considera-se estendida, SALVO se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os afasta- mentos dentro do território nacional. Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a res- tituí-las integralmente, no prazo de 5 (CINCO) DIAS. Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retor- nar à sede em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput [EM 5 DIAS]. Subseção III - Da Indenização de Transporte Art. 60. Conceder-se-á indenização de transpor- te ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. Subseção IV - Do Auxílio-Moradia Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarci- mento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospe- dagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao ser- vidor se atendidos os seguintes requisitos: I - não exista imóvel funcional disponível para uso Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 62 pelo servidor; II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocu- pe imóvel funcional; III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário, promitente compra- dor, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação [OU SEJA, NÃO TENHA TIDO IMÓVEIS NO LOCAL ONDE EXERCE O CARGO NOS ÚLTIMOS 12 MESES]; IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servi- dor receba auxílio-moradia; V - o servidor tenha se mudado do local de resi- dência para ocupar cargo em comissão ou função de con- fiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; VI - o Município no qual assuma o cargo em comis- são ou função de confiança não se enquadre nas hipóte- ses do art. 58, § 3º [refere-se às regiões metropolitanas e microrregiões], em relação ao local de residência ou do- micílio do servidor; VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou te- nha residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em comissão ou função de confiança, DESCONSIDERANDO-SE PRAZO INFERIOR A SESSENTA DIAS DENTRO DESSE PERÍODO; e VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo. IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de ju- nho de 2006. Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão relacionado no inciso V. Requisitos para concessão do auxílio moradia: 1. não exista imóvel funcional; 2. o cônjuge não ocupe imóvel funcional; 3. não tenha tido imóvel no local nos últimos 12 meses; 4. não resida com pessoa que receba auxílio-mo- radia; 5. mudança para ocupar cargo em comissão ou função de confiança DAS níveis 4, 5 ou 6; 6. não assuma o cargo em local da região metropo- litana da qual antes morava; 7. não tenha residido no local nos últimos 12 meses (não se consideram os dois últimos 2 meses); 8. não vale para nomeação em cargo efetivo; e 9. deslocamento após 30.06.2006. Art. 60-C. O auxílio-moradia não será concedido por prazo superiora 8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze) anos. Parágrafo único. Transcorrido o prazo de 8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze) anos, o paga- mento somente será retomado se observados, além do disposto no caput deste artigo, os requisitos do caput do art. 60-B desta Lei, não se aplicando, no caso, o parágrafo único do citado art. 60-B. Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é LI- MITADO A 25% (VINTE E CINCO POR CENTO) do valor do cargo em comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 § 1º O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. § 2º Independentemente do valor do cargo em co- missão ou função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (MIL E OITOCENTOS REAIS). Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, co- locação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. Seção II - Das Gratificações e Adicionais Art. 61. Além do vencimento e das vantagens pre- vistas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as se- guintes retribuições, gratificações e adicionais: I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento; II - gratificação natalina; III – Revogado IV - adicional pelo exercício de atividades insalu- bres, perigosas ou penosas; V - adicional pela prestação de serviço extraordi- nário; VI - adicional noturno; VII - adicional de férias; VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. Gratificações • retribuição pelo exercício de função • 13º • adicional insalubridade, periculosidade ou peno- sidade • hora extra • adicional noturno • adicional de férias • adicionais relativos ao local ou natureza do tra- balho • gratificação por curso ou concurso Subseção I - Da Retribuição pelo Exercício de Fun- ção de Direção, Chefia e Assessoramento Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo in- vestido em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Espe- cial é devida retribuição pelo seu exercício. Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a re- muneração dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9º. Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pes- soal Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo somente estará sujeita às revisões gerais de re- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 63 muneração dos servidores públicos federais. Subseção II - Da Gratificação Natalina Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada como MÊS INTEGRAL. Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro de cada ano. Parágrafo único. Vetado. Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua grati- ficação natalina, proporcionalmente aos meses de exer- cício, calculada sobre a remuneração do mês da exone- ração. Art. 66. A gratificação natalina não será conside- rada para cálculo de qualquer vantagem pecuniária. Subseção III - Do Adicional por Tempo de Serviço Art. 67. Revogado Subseção IV - Dos Adicionais de Insalubridade, Peri- culosidade ou Atividades Penosas Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitu- alidade em locais insalubres ou em contato permanen- te com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. § 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insa- lubridade e de periculosidade deverá optar por um deles [não são cumulativos os adicionais de insalubridade, pe- riculosidade e penosidade]. § 2º O direito ao adicional de insalubridade ou peri- culosidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão. Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em operações ou locais considerados pe- nosos, insalubres ou perigosos. Parágrafo único. A servidora gestante ou lactan- te será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em serviço não peno- so e não perigoso. Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão ob- servadas as situações estabelecidas em legislação espe- cífica. Art. 71. O adicional de atividade penosa será devi- do aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em regulamento. Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que as do- ses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máxi- mo previsto na legislação própria. Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. Subseção V - Do Adicional por Serviço Extraordiná- rio Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (CINQÜENTA POR CENTO) em re- lação à hora normal de trabalho. Art. 74. Somente será permitido serviço extraordi- nário para atender a situações excepcionais e temporá- rias, respeitado o limite máximo de 2 (DUAS) HORAS POR JORNADA. Subseção VI - Do Adicional Noturno Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (VINTE E DUAS) HORAS de um dia e 5 (CINCO) HORAS do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (VINTE E CINCO POR CENTO), compu- tando-se cada HORA COMO CINQÜENTA E DOIS MINU- TOS E TRINTA SEGUNDOS. Parágrafo único. Em se tratando de serviço extra- ordinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73 [o adicional no- turno incide sobre a hora extraordinária]. Subseção VII - Do Adicional de Férias Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (UM TERÇO) da remuneração do período das férias. Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será conside- rada no cálculo do adicional de que trata este artigo. Subseção VIII - Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter eventual: I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente insti- tuído no âmbito da administração pública federal; II - participar de banca examinadora ou de comis- são para exames orais, para análise curricular, para cor- reção de provas discursivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; III - participar da logística de preparação e de re- alização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execu ção e avaliação de resultado, quando tais atividades não esti- verem incluídas entre as suas atribuições permanentes; IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionaressas atividades. § 1º Os critérios de concessão e os limites da grati- ficação de que trata este artigo serão fixados em regula- mento, observados os seguintes parâmetros: I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; II - a retribuição NÃO poderá ser superior ao equi- valente a 120 (CENTO E VINTE) HORAS de trabalho anu- ais, RESSALVADA situação de excepcionalidade, de- vidamente justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar o ACRÉSCIMO DE ATÉ 120 (CENTO E VINTE) HO- RAS de trabalho anuais; Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 64 III - o valor máximo da hora trabalhada correspon- derá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da administração pública federal: a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. § 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Con- curso somente será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo forem exercidas sem pre- juízo das atribuições do cargo de que o servidor for titu- lar, devendo ser objeto de compensação de carga horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do § 4º do art. 98 desta Lei. § 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Con- curso NÃO se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e NÃO poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da aposenta- doria e das pensões. Capítulo III - Das Férias Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois perí- odos, no caso de NECESSIDADE DO SERVIÇO, RESSALVA- DAS as hipóteses em que haja legislação específica. § 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias se- rão exigidos 12 (doze) meses de exercício. § 2º É VEDADO levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. § 3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim REQUERIDAS pelo servidor, e no INTERESSE da administração pública. Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respecti- vo período, observando-se o disposto no § 1º deste artigo. § 1° e § 2° Revogados. § 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração su- perior a quatorze dias. § 4º A indenização será calculada com base na re- muneração do mês em que for publicado o ato exonera- tório. § 5º Em caso de parcelamento, o servidor recebe- rá o valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal quando da utilização do primeiro período. Art. 79. O servidor que opera direta e permanente- mente com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (VINTE) DIAS consecutivos de férias, POR SEMESTRE de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação. Parágrafo único. Revogado. Art. 80. As férias somente poderão ser interrompi- das por motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi- ma do órgão ou entidade. Hipóteses em que é possível a interrupção de fé- rias: 1. calamidade pública; 2. comoção interna; 3. convocação para Júri; 4. serviço militar; 5. serviço eleitoral; 6. necessidade de serviço declarada pela autorida- de máxima do órgão ou entidade. Parágrafo único. O RESTANTE do período inter- rompido será gozado de uma só vez, observado o dispos- to no art. 77. Capítulo IV - Das Licenças Seção I - Disposições Gerais Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: I - por motivo de doença em pessoa da família; II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- panheiro; III - para o serviço militar; IV - para atividade política; V - para capacitação; VI - para tratar de interesses particulares; VII - para desempenho de mandato classista. § 1º A licença prevista no inciso I [doença em pes- soa da família] do caput deste artigo bem como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame por pe- rícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 des- ta Lei [no caso de licença médica inferior a 15 dias dentro de 1 ano poderá ser dispensada a perícia]. § 2º Revogado § 3º É VEDADO o exercício de ATIVIDADE REMUNE- RADA durante o período da licença prevista no inciso I deste artigo [doença em pessoa da família]. Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (SES- SENTA) DIAS do término de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação. Seção II - Da Licença por Motivo de Doença em Pes- soa da Família Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante COMPROVAÇÃO POR PERÍCIA MÉDICA OFICIAL. § 1º A licença somente será deferida se a assistên- cia direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo OU mediante compensação de horário, na forma do disposto no inciso II do art. 44 [regra que prevê a compensação de horários até o mês subsequente de em acordo com chefia imediata]. § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes condições: I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, MANTIDA a remuneração do servidor; e II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, SEM remuneração. § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a partir da data do deferimento da primeira li- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 65 cença concedida. § 4º A soma das licenças remuneradas e das licen- ças não remuneradas, incluídas as respectivas prorroga- ções, concedidas em um mesmo período de 12 (doze) me- ses, observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º. Seção III - Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi des- locado para outro ponto do território nacional, para o ex- terior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. § 1º A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração. § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou mi- litar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Fe- deral direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. Seção IV - Da Licença para o Serviço Militar Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço mili- tar será concedida licença, na forma e condições previs- tas na legislação específi ca. Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o ser- vidor terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para re- assumir o exercício do cargo. Seção V - Da Licença para Atividade Política Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem re- muneração, durante o período que mediar entre a sua es- colha em convenção partidária, comocandidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura pe- rante a Justiça Eleitoral. § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na locali- dade onde desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefi a, assessoramento, arrecadação ou fi s- calização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. § 2º A partir do registro da candidatura e até o déci- mo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, SOMENTE pelo período de três meses. Seção VI - Da Licença para Capacitação Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse da Administração, afas- tar-se do exercício do cargo efetivo, COM a respectiva re- muneração, por até três meses, para participar de curso de capacitação profi ssional. Parágrafo único. Os períodos de licença de que tra- ta o caput NÃO são acumuláveis. Art. 88. Revogado. Art. 89. Revogado. Art. 90. Vetado. Seção VII - Da Licença para Tratar de Interesses Par- ticulares Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, DES- DE QUE NÃO esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até TRÊS ANOS consecutivos, SEM remuneração. Parágrafo único. A licença poderá ser interrompi- da, A QUALQUER TEMPO, a pedido do servidor ou no inte- resse do serviço. Seção VIII - Da Licença para o Desempenho de Man- dato Classista Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licen- ça sem remuneração para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou enti- dade fi scalizadora da profi ssão ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi- ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em re- gulamento e observados os seguintes limites: I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) asso- ciados, 2 (dois) servidores; II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, 8 (oito) servidores. § 1º Somente poderão ser licenciados os servido- res eleitos para cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, desde que cadastradas no órgão competente. § 2º A licença terá duração igual à do mandato, po- dendo ser renovada, no caso de reeleição. Capítulo V - Dos Afastamentos Seção I - Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exer- cício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: I - para exercício de cargo em comissão ou função de confi ança; II - em casos previstos em leis específi cas. § 1º Na hipótese do inciso I [cargo em comissão ou função de confi ança], sendo a cessão para órgãos ou enti- dades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ÔNUS DA REMUNERAÇÃO será do órgão ou entidade cessionária, mantido o ÔNUS PARA O CEDENTE NOS DE- MAIS CASOS. § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou sociedade de economia mista, nos termos das Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 66 respectivas normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão, a en- tidade cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. § 3º A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial da União. § 4º Mediante autorização expressa do Presidente da República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para fim deter- minado e a prazo certo. § 5º Aplica-se à União, em se tratando de emprega- do ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. § 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de sociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, INDEPENDEM das dispo- sições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido condicionado a autorização específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, EXCETO nos casos de ocupação de cargo em comissão ou função gratificada. § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos órgãos e entidades da Adminis- tração Pública Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, INDEPENDENTE- MENTE da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. Seção II - Do Afastamento para Exercício de Manda- to Eletivo Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as seguintes disposições: I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará AFASTADO DO CARGO; II - investido no mandato de Prefeito, será AFAS- TADO DO CARGO, sendo-lhe FACULTADO optar pela sua remuneração; III - investido no mandato de vereador: a) havendo COMPATIBILIDADE DE HORÁRIO, per- ceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remu- neração do cargo eletivo; b) NÃO HAVENDO COMPATIBILIDADE DE HORÁRIO, será AFASTADO DO CARGO, sendo-lhe FACULTADO optar pela sua remuneração. § 1º No caso de AFASTAMENTO do cargo, o servidor CONTRIBUIRÁ PARA A SEGURIDADE SOCIAL como se em exercício estivesse. § 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela onde exerce o mandato. Seção III - Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou missão oficial, sem AUTORIZAÇÃO do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo E Presidente do Supremo Tribunal Federal [autorizações cumulativas]. § 1º A ausência não excederá a 4 (QUATRO) ANOS, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual perío- do, será permitida nova ausência. § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo NÃO será concedida exoneração ou LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSE PARTICULAR antes de decorrido período igual ao do afastamento, RESSALVADA a hipóte- se de ressarcimento da despesa havida com seu afasta- mento. § 3º O disposto neste artigo NÃO se aplica aos ser- vidores da carreira diplomática. § 4º As hipóteses, condições e formas para a auto- rização de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regu- lamento. Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração. Seção IV - Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu no País Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Ad- ministração, e desde que a participação não possa ocor- rer simultaneamente com o exercício do cargo ou me- diante compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em instituição de ensino superior no País. § 1º Ato do dirigente máximo do órgão ou entida- de definirá, em conformidade com a legislação vigente, os programas de capacitação e os critérios para partici- pação em programas de pós-graduação no País, com ou sem afastamento doservidor, que serão avaliados por um comitê constituído para este fim. § 2º Os afastamentos para realização de progra- mas de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivos no respecti- vo órgão ou entidade há pelo menos 3 (TRÊS) ANOS para mestrado e 4 (QUATRO) ANOS para doutorado, INCLUÍDO o período de estágio probatório, que NÃO tenham se afas- tado por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (DOIS) ANOS ANTERIORES à data da solicita- ção de afastamento. § 3º Os afastamentos para realização de progra- mas de pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivo no respectivo ór- gão ou entidade há pelo menos QUATRO ANOS, INCLUÍ- DO o período de estágio probatório, e que NÃO tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste artigo, nos QUATRO ANOS an- teriores à data da solicitação de afastamento. Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 67 § 4º Os servidores beneficiados pelos afastamen- tos previstos nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo terão que per- manecer no exercício de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento concedido. § 5º Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência previsto no § 4º deste artigo [período em que esteve afastado para o curso], deverá ressarcir o ór- gão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento. § 6º Caso o servidor NÃO obtenha o título ou grau que justificou seu afastamento no período previsto, apli- ca-se o disposto no § 5º deste artigo, SALVO na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. § 7º Aplica-se à participação em programa de pós- -graduação no Exterior [aplica-se o previsto neste dispo- sitivo], autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o dis- posto nos §§ 1º a 6º deste artigo. Capítulo VI - Das Concessões Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do serviço: I - por 1 (UM) DIA, para doação de sangue; II - pelo período comprovadamente necessário para alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2 (dois) dias; III - por 8 (OITO) DIAS consecutivos em razão de : a) casamento; b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma- drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. Concessões 1 dia doação de sangue 2 dias alistar-se eleitor 8 dias casamento 8 dias falecimento do cônjuge, pais, madrasta, padrasto, filhos, entea- dos, menor sob guarda ou tutela e irmãos Art. 98. Será concedido horário especial ao servi- dor ESTUDANTE, quando comprovada a incompatibilida- de entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigi- da a compensação de horário no órgão ou entidade que ti- ver exercício, respeitada a duração semanal do trabalho. § 2º Também será concedido horário especial ao servidor PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, quando compro- vada a necessidade por junta médica oficial, independen- temente de compensação de horário. § 3º As disposições do parágrafo anterior são ex- tensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou depen- dente portador de deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de horário na forma do inciso II do art. 44. § 4º Será igualmente concedido horário especial, vinculado à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei [adicional por encargo de curso ou concurso participando do CURSO DE FORMAÇÃO ou da BANCA EXAMINADORA]. Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração é assegurada, na localida- de da nova residência ou na mais próxima, MATRÍCULA em instituição de ensino congênere, em qualquer época, INDEPENDENTEMENTE de vaga. Parágrafo único. O disposto neste artigo estende- -se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial. Horário especial estudante comprovada a incompatibilidade de horários compensar horários portador de deficiência não há previsão de com- pensação Participar de curso de formação compensar horários Participar de banca exa- minadora compensar horários Capítulo VII - Do Tempo de Serviço Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano como de TREZENTOS E SESSENTA E CINCO DIAS. Parágrafo único. Revogado. Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar Requisitos do afastamento para participação em programa de pós-graduação stricto sensu NO PAÍS Mestrado titular do cargo a 3 anos desde que não tenha se afastado por motivos parti- culares há 2 anos incluído o estágio probatório deverá permanecer em exercício pelo período do curso Doutorado titular do cargo a 4 anos Pós-doutorado titular do cargo a 4 anos desde que não tenha se afastado por motivos parti- culares há 4 anos www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 68 Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de: I - férias; II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal; III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente da República; IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-gradu- ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regula- mento; V - desempenho de mandato eletivo federal, esta- dual, municipal ou do Distrito Federal, EXCETO para pro- moção por merecimento; VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; VII - missão ou estudo no exterior, quando autori- zado o afastamento, conforme dispuser o regulamento; VIII - licença: a) à gestante, à adotante e à paternidade; b) para tratamento da própria saúde, ATÉ O LIMI- TE DE VINTE E QUATRO MESES, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo; c) para o desempenho de mandato classista ou participação de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores para prestar ser- viços a seus membros, EXCETO para efeito de promoção por merecimento; d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; e) para capacitação, conforme dispuser o regula- mento; f) por convocação para o serviço militar; IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18 [casos de servidor removido, redistribuído, requi- sitado, cedido ou posto em exercício provisório]; X - participação em competição desportiva nacio- nal ou convocação para integrar representação despor- tiva nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; XI - afastamento para servir em organismo inter- nacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere. São considerados como de efetivo exercício: 1. férias; 2. exercício de cargo em comissão 3. exercício de cargos/função por nomeação do Presidente 4. participação de treinamento regularmente ins- tituído ou programa de pós stricto sensu 5. desempenho de mandatoeletivo (exceto, para fins de promoção por merecimento) 6. júri e serviços obrigatórios por lei 7. missão ou estudo do exterior; 8. licença à gestante, à adotante e à paternidade 9. licença para tratamento da própria saúde (limi- tado a 24 meses ao longo do tempo de serviço público prestado) 10. licença para desempenho de mandato classis- ta ou para participação de gerência ou administração em cooperativa de servidores 11. licença em razão de acidente ou doença profis- sional 12. licença para capacitação 13. licença por convocação para o serviço militar 14. tempo despendido para deslocamento para a nova sede em razão de remoção, redistribuição, requisi- ção, cessão ou colocação em exercício provisório 15. participação em competição desportiva 16. agastamento para servir organismo interna- cional. Art. 103. Contar-se-á APENAS para efeito de apo- sentadoria e disponibilidade: I - o tempo de serviço público prestado aos Esta- dos, Municípios e Distrito Federal; II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do servidor, COM REMUNERAÇÃO, que exce- der a 30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses. III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2º [refere-se à licença entre o registro da candidatu- ra até o 10 dias após às aleições]; IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, ANTERIOR ao ingresso no serviço público federal; V - o tempo de serviço em atividade privada, vin- culada à Previdência Social; VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art. 102 [24 meses durante o serviço público]. § 1º O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado apenas para nova aposentadoria. § 2º Será contado em DOBRO O TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO ÀS FORÇAS ARMADAS EM OPERAÇÕES DE GUERRA. § 3º É VEDADA a contagem cumulativa de tem- po de serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista e em- presa pública. Capítulo VIII - Do Direito de Petição Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de re- querer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou in- teresse legítimo. Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermé- dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente. Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autori- dade que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, NÃO podendo ser renovado. Parágrafo único. O requerimento e o pedido de re- consideração de que tratam os artigos anteriores deve- rão ser despachados no prazo de 5 (CINCO) DIAS e decidi- dos dentro de 30 (TRINTA) DIAS. Art. 107. Caberá recurso: I - do indeferimento do pedido de reconsideração; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. § 1º O recurso será dirigido à autoridade imediata- mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às de- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 69 mais autoridades. § 2º O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver imediatamente subordinado o requerente. Art. 108. O PRAZO para interposição de pedido de reconsideração OU de recurso é de 30 (TRINTA) DIAS, a contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, A JUÍZO da autoridade competente. Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão re- troagirão à data do ato impugnado. Art. 110. O direito de requerer prescreve: I - em 5 (CINCO) ANOS, quanto aos atos de demis- são e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultan- tes das relações de trabalho; II - em 120 (CENTO E VINTE) DIAS, nos demais ca- sos, SALVO quando outro prazo for fi xado em lei. Parágrafo único. O prazo de prescrição será conta- do da data da publicação do ato impugnado OU da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO. Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não po- dendo ser relevada pela administração. Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é as- segurada vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procurador por ele constituído. Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos es- tabelecidos neste Capítulo, SALVO motivo de força maior. Título IV - Do Regime Disciplinar Capítulo I - Dos Deveres Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, EXCETO quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defe- sa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe- rior OU, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; VII - zelar pela economia do material e a conserva- ção do patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apre- ciada pela autoridade superior àquela contra a qual é for- mulada, assegurando-se ao representando ampla defe- sa. Capítulo II - Das Proibições Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da reparti- ção; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustifi cada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapre- ço no recinto da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi liarem-se a associação profi ssional ou sindical, ou a partido político; VIII - manter sob sua chefi a imediata, EM CARGO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pesso- al ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personifi cada ou não personifi cada, exercer o comércio, EXCETO na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; XI - atuar, como procurador ou intermediário, jun- to a repartições públicas, SALVO quando se tratar de be- nefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; XII - receber propina, comissão, presente ou van- tagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de es- tado estrangeiro; Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 70 XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; XV - proceder de forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da re- partição em serviços ou atividades particulares; XVII - cometer a outro servidor atribuições estra- nhas ao cargo que ocupa, EXCETO em situações de emer- gência e transitórias; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam in- compatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X [vedação à participação de gerência/administração de sociedade privada] do caput deste artigo NÃO se aplica nos seguintes casos: I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar ser- viços a seus membros; e II - gozo de licença para o trato de interesses parti- culares, na forma do art. 91 desta Lei [licença para trato de assunto particular por período de até 3 anos, a servidor estável e a critério da administração], observada a legis- lação sobre conflito de interesses. Capítulo III - Da Acumulação Art. 118. RESSALVADOS os casos previstos na Constituição, é VEDADA a acumulação remunerada de cargos públicos. § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de ho- rários. § 3º Considera-se acumulação proibida a percep- ção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, SALVO quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumulá- veis na atividade. Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, EXCETO no caso previsto no pa- rágrafo único do art. 9º [hipótese em que o servidor ocu- par cargo em comissão e é nomeado interinamente para exercício de função de confiança, hipótese em que deve- rá optar pela remuneração ], nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. Parágrafo único. O disposto neste artigo NÃO se aplica à remuneração devida pela participação em con- selhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e con- troladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha parti- cipação no capital social, observado o que, a respeito, dis- puser legislação específica. Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará AFASTADO DE AMBOS OS CARGOS EFETIVOS, SALVO na hipótese em que houver compatibilidade de horário e lo- cal com o exercício de um deles, declarada pelas autori- dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. Capítulo IV - Das Responsabilidades Art. 121. O servidor responde civil, penal e admi- nistrativamente pelo exercício irregular de suas atribui- ções. Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. § 1º A indenização de prejuízo dolosamente causa- do ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46 [trata da forma de reposição de dinheiro ao erário], na falta de outros bens que assegurem a execução do dé- bito pela via judicial. § 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, res- ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. § 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida. Art. 123. A responsabilidade penal abrange os cri- mes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qua- lidade. Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no de- sempenho do cargo ou função. Art. 125. As sanções civis, penais e administrati- vas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será AFASTADA no caso de ABSOLVIÇÃO CRI- MINAL que negue a existência do fato ou sua autoria. Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsa- bilizado civil, penal ou administrativamente por dar ci- ência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ain- da que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública. Capítulo V - Das Penalidades Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. Art. 128. Na aplicação das penalidades serão con- sideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antece- dentes funcionais. Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 71 Parágrafo único. O ato de imposição da penalida- de mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. Art. 129. A ADVERTÊNCIA será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcio- nal previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifi que imposição de penalidade mais grave. Art. 130. A SUSPENSÃO será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifi quem in- fração sujeita a penalidade de demissão, NÃO PODENDO EXCEDER DE 90 (NOVENTA) DIAS. § 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, INJUSTIFICADAMENTE, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela au- toridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. § 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em mul- ta, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de ven- cimento ou remuneração, fi cando o servidor obrigado a permanecer em serviço. Art. 131. As penalidades de advertência e de sus- pensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respecti- vamente, se o servidor não houver, nesse período, prati- cado nova infração disciplinar. Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos. Art. 132. A DEMISSÃO será aplicada nos seguintes casos: I - crime contra a administração pública; II - abandono de cargo; III - inassiduidade habitual; IV - improbidade administrativa; V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; VI - insubordinação grave em serviço; VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a par- ticular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do pa- trimônio nacional; XI - corrupção; XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumula- ção ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au- toridade a que se refere o art. 143 [autoridade responsável pela apuração das irregularidades] notifi cará o servidor, por intermédio de sua chefi a imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de DEZ DIAS, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro- cedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se de- senvolverá nas seguintes fases: I - instauração, com a publicação do ato que cons- tituir a comissão, a ser composta por DOIS servidores es- táveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materia- lidade da transgressão objeto da apuração; II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório; III - julgamento. § 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materia- lidade pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do horá- rio de trabalho e do correspondente regime jurídico. § 2º A comissão lavrará, até três dias após a publi- cação do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal do ser- vidor indiciado, OU por intermédio de sua chefi a imediata, para, no prazo de CINCO DIAS, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, ob- servado o disposto nos arts. 163 e 164 [citação por edital e revelia]. § 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabi- lidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. § 4º No prazo de CINCO DIAS, contados do recebi- mento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3º do art. 167 [julgamento pela autoridade máxima do órgão a que se encontra subordinado o servidor]. § 5º A OPÇÃO PELO SERVIDOR ATÉ O ÚLTIMO DIA DE PRAZO PARA DEFESA CONFIGURARÁ SUA BOA-FÉ, hipótese em que se converterá automaticamente em pe- dido de exoneração do outro cargo. § 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á a PENA DE DEMISSÃO, destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em re- lação aos cargos, empregos ou funções públicas em regi- me de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. § 7º O prazo para a conclusão do processo adminis- trativo disciplinar submetido ao rito sumário não exce- derá TRINTA DIAS, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. § 8º O procedimento sumário rege-se pelas dispo- sições deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicá- vel, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a dispo- nibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 72 falta punível com a demissão. Art. 135. A destituição de cargo em comissão exer- cido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. Parágrafo único. Constatada a hipótese de que tra- ta este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em comissão. Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132 [improbidade administrativa, aplicação irregular de re- cursos públicos, lesão ao cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional e corrupção], implica a indisponibi- lidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI [usar do cargo para lograr proveito pessoal ou participar de ge- rência/administração de sociedade privada], incompati- biliza o ex-servidor para nova investidura em cargo pú- blico federal, pelo PRAZO DE 5 (CINCO) ANOS. Parágrafo único. NÃO poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, inci- sos I, IV, VIII, X e XI [crime contra a administração pública, improbidade administrativa, aplicação irregular de re- cursos públicos, lesão ao cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional e corrupção]. Advertência Suspensão Demissão/ cassação da aposentadoria/ disponibilidade 1. ausentar-se sem prévia autorização 2. retirar da re- partição objeto/ documento sem autorização 3. recusar fé a documento público 4. resistência injustificada ao andamento de processo 5. manifestação de des/apreço 6. cometer a 3º atribuição de sua responsa- bilidade ou de subordinado 7. coagir/aliciar subordinados a filiarem-se 8. manter parentes sob chefia imediata (art. 2º grau) 9. recursar a atualizar os da- dos cadastrais 10. inobservân- cia do dever funcional pre- visto em lei 1. reincidência em advertência 2. recusar-se, injustificada- mente, a ins- peção médica (será por, no máximo 15 dias) 3. demais pu- nições, que não caracterizem demissão 1. crime contra a administração pública 2. abandono de cargo 3. inassiduidade 4. incontinên- cia ou conduta escandalosa 5. insubordina- ção grave em serviço 6. ofensa física 7. aplicação irre- gular de dinhei- ro público 8. revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo 9. lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional 10. corrupção 11. acumulação ilegal de fun- ções 12. valer-se do cargo para lograr proveito pessoal 13. participar de gerência/ administração de sociedade privada; Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 73 Advertência Suspensão Demissão/ cassação da aposentadoria/ disponibilidade 14. atuar como procurador/ intermediário junto a reparti- ções públicas 15. receber di- nheiro em razão das atribuições 16. aceitar dinheiro ou em- prego de Estado estrangeiro 17. praticar usura 18. proceder de forma desidiosa 19. utilizar pes- soal/recursos em proveito próprio não poderá ex- ceder a 90 dias pode ser con- vertida em perda de 50% da remunera- ção, por dia de suspensão registro cance- lado em 3 anos registro cance- lado em 5 anos --- atos relativos a suspensão e de- missão implicam perda do cargo em comissão para os cargos em comissão, haverá indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erários, nos seguintes casos: • improbidade administrativa, • aplicação irregular de recursos públicos, • lesão ao cofres públicos e dilapidação do patrimô- nio nacional • corrupção Advertência Suspensão Demissão/ cassação da aposentadoria/ disponibilidade Não mais poderá retornar ao serviço público quem for punido com: • crime contra a administração pública, • improbidade administrativa, • aplicação irregular de recursos públicos, • lesão ao cofres públicos e dilapidação do patrimô- nio nacional • corrupção Ficará afastado do serviço público por período de 5 anos, quem: • usar do cargo para lograr proveito pessoal • participar de gerência/administração de socieda- de privada Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidorao serviço por MAIS DE TRINTA DIAS CONSECUTIVOS. Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por SESSENTA DIAS, interpoladamente, durante o período de doze me- ses. Abandono de Cargo Inassiduidade Habitual Ausência ao serviço por mais de 30 dias Falta ao serviço por 60 dias, durante 12 meses Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também será adotado o procedi- mento sumário a que se refere o art. 133, observando-se especialmente que: I - a indicação da materialidade dar-se-á: a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica- ção precisa do período de ausência intencional do servi- dor ao serviço superior a trinta dias; b) no caso de inassiduidade habitual, pela indica- ção dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a sessenta dias interpolada- mente, durante o período de doze meses; II - após a apresentação da defesa a comissão ela- borará relatório conclusivo quanto à inocência ou à res- ponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a trin- ta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para julgamento. Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplica- das: I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibi- lidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade; II - pelas autoridades administrativas de hierar- quia imediatamente inferior àquelas mencionadas no in- Ca pí tu lo 0 3 - D ire ito s, D ev er es e P ro ib iç õe s do S er vi do r P úb lic o e Se u R eg im e D is ci pl in ar www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 74 ciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (TRINTA) DIAS; III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de ATÉ 30 (TRINTA) DIAS; IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão. Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I - EM 5 (CINCO) ANOS, quanto às infrações puní- veis com demissão, cassação de aposentadoria ou dispo- nibilidade e destituição de cargo em comissão; II - EM 2 (DOIS) ANOS, quanto à suspensão; III - EM 180 (CENTO E OITENTA) DIAS, quanto à ad- vertência. § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas tam- bém como crime. § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a deci- são final proferida por autoridade competente. § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a inter- rupção. Prescrição em 5 anos • atos que importem demissão • atos que importem cassação de aposen- tadoria • atos que importem casssação da dispo- nibilidade • atos que importem a destituição de cargo em comissão Prescrição em 2 anos • Atos que importem a suspensão Prescrição em 180 dias • Atos que importem advertência 4. O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL; SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLI- CO O cidadão quer um serviço público proporcionado pelo Estado que funcione, e para isso exige servidores dedicados e preparados para fazerem o melhor com o ob- jetivo de atenderem às suas necessidades. A prestação do serviço público é das mais impor- tantes atividades de uma comunidade, de uma sociedade ou de uma nação. Nenhum país, estado ou município funciona sem seu quadro de servidores públicos, responsáveis pelos diversos serviços colocados à disposição do cidadão. Portanto, é de suma importância exaltar quem executa o papel de prestador de serviço à sociedade. Neste contexto, prestar serviço à população com quali- dade e dedicação deve ser sempre a meta dos servidores e estar entre seus objetivos. Segundo se depreende das disposições constitu- cionais em vigor, servidores públicos são todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com os ór- gãos e entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos de qualquer delas: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e respectivas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. Trata-se de designação genérica e abrangente in- troduzida pela Carta de 1988, uma vez que, até a promul- gação da Constituição Federal hoje em vigor, prevalecia a denominação de funcionário público para identificação dos titulares de cargos na administração direta, conside- rando-os equiparados aos ocupantes de cargos nas au- tarquias, aos quais se estendia o regime estatutário. A partir, portanto, da Constituição de 1988, desa- parece o conceito de funcionário público, passando-se adotar a designação ampla de servidores públicos. A cada dia, o papel do servidor público não é ape- nas o de ser estável. É muito mais do que isso, pois a sua atuação está necessariamente voltada para os anseios da comunidade ou sociedade. A estabilidade dos servidores somente se justifica se ela assegura, de um lado, a continuidade e a eficiência da Administração e, de outro, a legalidade e impessoali- dade da gestão da coisa pública. A responsabilidade do servidor público é muito grande, tornando-se um privilégio por tratar-se de um agente de transformação do Estado. O servidor deve estar sempre a serviço do público e, a partir desta lógica, listamos alguns princípios funda- mentais à sua atuação: Agente de transformação a serviço da cidadania, o que se torna uma diferença marcante dos demais tra- balhadores; • Compromisso intransigente com a ética e com os princípios constitucionais; • Atualização permanente e desenvolvimento de novas competências; • Capacidade de lidar com a diferença e a diver- sidade; • Habilidade para atuar em diferentes contextos e sob diversos comandos; • Lidar com o que é de todos. O principal diferencial do servidor público é que este tem a oportunidade de servir à comunidade em que está inserido. Por isso, esta não pode ser vista como uma profissão qualquer, e sim como um desafio de se cuidar do que é de todos nós. O mundo do trabalho A reestruturação produtiva, a internacionalização e abertura das economias e a integração mundial dos mercados são conformações econômico-político-so- ciais que vêm causando profundas transformações nas relações de trabalho, conforme Merlo e Lapis (2007). Se- gundo estes autores, tais mudanças se ampliam a partir dos anos 1970, quando teve início a Terceira Revolução Tecnológica, que ainda está em curso. O trabalho ocupa grande parte da vida, permite o Ca pí tu lo 0 4 - O S er vi do r P úb lic o co m o A ge nt e de D es en vo lv im en to So ci al ; S aú de e Q ua lid ad e de V id a no S er vi ço P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 75 estabelecimento de relações e maior ou menor valori- zação social. Antunes (2005) afirma que, no capitalismo contemporâneo, o trabalho permanece com papel cen- tral nas relações sociais e na manutenção do capitalis- mo, e que as transformações que aconteceram, como as da tecnologia e as da informática, apenas trouxeram mudanças nas formas de exploração e acumulação do capital. Pesquisas sobre essas novas relações de traba- lho apontam para um agravamento do adoecimento do trabalhador: “As profundas transformações do modelo econômico vêm atingindo, de forma acelerada e diferen- ciada, sobretudo na última década, amplos setores da população trabalhadora” (Gomez & Thedim-Costa,1999, p. 412). O mundo do trabalho atual preconiza uma no- ção de competência que traz em seu bojo o aumento da pressão e da competição, além da exploração da subje- tividade do indivíduo. De acordo com Machado (2007), “dos trabalhadores, além do encargo de alimentar as máquinas, passou-se a demandar a mobilização subje- tiva de seus recursos pessoais – saberes, capacidades e atitudes – como condição de participação e integração na nova dinâmica produtiva” (p. 282). Sennett (1999) aborda a flexibilização das relações de trabalho, que traz conse- quências para o trabalhador – como a exigência de ser polivalente, a perda de direitos trabalhistas e o aumento da jornada de trabalho –, que, muitas vezes, são estendi- das ao espaço de fora do trabalho, gerando insegurança e influenciando suas relações. Mendes e Araújo (2011) denunciam a perversão dos novos modelos de gestão e seus efeitos sobre a saú- de dos trabalhadores, salientando o desamparo e a soli- dão, originados das falsas promessas da gestão pautada na qualidade total, na ideologia da excelência e na lógica produtivista: “Os modos de organização do trabalho, no contexto do capital flexível, têm conduzido à desestrutu- ração dos coletivos de trabalho, a uma carência de soli- dariedade e confiança e a um enfraquecimento dos laços sociais” (Mendes & Araújo, 2011, pp. 15-18). Antunes (2005) aponta que a precarização das re- lações de trabalho aliena e infelicita o ser social e que é essencial o reconhecimento dessas relações para que o trabalho exerça seu potencial emancipador. Compre- endemos que esses autores abordam a questão da cap- tura da subjetividade e da necessidade de compreensão dessas relações, de forma que articulam-se com Dejours (1992), quando este analisa que a experiência no mundo do trabalho pode gerar o pior e o melhor, mas que isso de- pende da capacidade de pensar as relações entre subjeti- vidade, trabalho e ação. O mundo do trabalho do servidor público Objetivando conhecer as peculiaridades da admi- nistração pública e do mundo do servidor público, busca- mos uma compreensão da estrutura organizacional do Estado. Meirelles (2008) explica que a estrutura da admi- nistração pública compreende a administração direta e a administração indireta; a primeira compõe-se de ór- gãos com subordinação direta ao executivo, que são os Ministérios, as Secretarias de Estado e as Secretarias Municipais, respectivamente, das esferas federal, esta- dual e municipal. A administração indireta compreende a atividade administrativa dos serviços públicos do Es- tado transferida para outra entidade por ele criada: são as autarquias, as fundações e as empresas públicas. Nes- tes espaços denominados “instituições públicas”, atuam os trabalhadores do setor público ou servidores públicos. Para Dallari (1989), “servidor público é quem trabalha para a administração pública em caráter profissional, não eventual, sob vínculo de subordinação e dependên- cia, recebendo remuneração paga diretamente pelos co- fres públicos” (pp. 15-17). O ingresso desse servidor no serviço público acontece de maneira formal, por meio de regras estabelecidas, mediante concurso público, como prescreve o artigo 37, inciso II, da Constituição da Repú- blica Federativa do Brasil (Brasil, 2006). No entanto, acompanhando as mudanças ocorri- das com a reestruturação produtiva, depois da década de 1970, surgem novas formas de ingresso no serviço pú- blico, coexistindo uma variedade de categorias e formas diversas de vínculo empregatício, como o concursado, o ocupante de cargo de confiança e o prestador de serviço contratado por terceirização. Saúde do trabalhador Percebemos que o tema saúde do trabalhador tem sido objeto de estudos e investimentos em setores que compreendem a necessidade de investir na promoção da saúde dos empregados, com o objetivo de obter melhoria no seu desempenho e no desempenho da organização. Conceitos como qualidade de vida, ergonomia e progra- mas de promoção da saúde têm sido introduzidos no co- tidiano das organizações. Constata-se que vários fatores podem ter influência na saúde do trabalhador. Em conse- quência, ampliam-se os desafios e as dificuldades com relação a um programa nacional de segurança e saúde do trabalhador, seja este do setor privado ou do setor pú- blico: “Há avanços na universalidade e na descentraliza- ção de saúde, especialmente com a municipalização das ações e dos serviços. Mas ainda estamos a passos lentos quanto ao acesso, em razão da imposição de obstáculos para utilizar os serviços” (Brasil, 2011). Saúde é um tema abrangente, que pode ser enfo- cado sob vários aspectos. Partimos do entendimento de saúde com uma visão que ressalta os recursos sociais e pessoais e ultrapassa o conceito de ausência de doença. Utilizamos, para fundamentar esse entendimento, con- tribuição de Christophe Dejours3, sobre a relação saúde e trabalho. Ao estudar como algumas pessoas conseguem não adoecer nas relações de trabalho, ele argumenta que existem algumas qualidades psíquicas que permitem o desempenho de determinadas funções que evitam o adoecimento (Dejours, 1992). Ele amplia a compreensão sobre saúde e a relaciona ao trabalho, ao afirmar: A saúde, então, não é um estado natural, mas uma construção intencional, na qual o trabalho ocupa lugar importante. A construção da saúde está ligada a uma série de relações. De um lado, as relações interindividu- ais, para a construção da saúde no registro do amor; de outro, as relações intersubjetivas coletivas, no campo do trabalho. A saúde de uma pessoa depende muito de seus colegas, assim como suas doenças. Nossa capacidade de resistir ou de ficar doente está intimamente relacionada à qualidade das relações de trabalho (Dejours, 1999, p. 98). Nosso estudo parte da compreensão do processo Ca pí tu lo 0 4 - O S er vi do r P úb lic o co m o A ge nt e de D es en vo lv im en to So ci al ; S aú de e Q ua lid ad e de V id a no S er vi ço P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 76 saúde-doença do homem em sua relação com o trabalho como um fenômeno que sofre influência da cultura, da política, da economia e dos processos sociais mais am- plos, conforme visão de Dejours (1986), para quem a saú- de compreendida como um estado é um equívoco. Sato, Lacaz, Bernardo (2006) e outros autores abordam igual- mente a questão da saúde/doença e qualidade de vida no trabalho com uma perspectiva ampliada, que ultrapassa visões consideradas como limitadas: [...] a abordagem assistencialista e hegemônica não dá conta de enfrentar as causas reais e mais profundas das fontes de mal-estar dos trabalhadores... o modo mais apropriado para se construir uma concepção, baseada na realidade das organizações contemporâneas, é per- guntar aos próprios trabalhadores, a todos os que atuam numa dada organização (Ferreira, 2011, pp. 109-110). Considerando o atual mundo do trabalho, com relação ao trabalhador do serviço público, Domingues Júnior (2005) avalia: “possuímos hoje um Estado muito mais complexo, abrangendo um sem número de ativida- des econômicas, que oferecem uma ampla gama de ris- cos à saúde e à segurança do trabalhador no serviço pú- blico” (p. 55). Santos-Filho (2007) discute as adversidades inerentes a esse setor: [...] a própria instabilidade e adversidades habitu- ais no trabalho no setor público [...] mobilizam e desesta- bilizam os investimentos e interesses dos trabalhadores, incessantemente provocando e desafiando [...] mesclan- do-se perspectivas e saídas “criativas”, “inventivas”, e também desgastantes, geradoras de sofrimento (p. 2). A argumentação apresentada por esse autor so- bre “perspectivas e saídas criativas”, coexistindo com perspectivas e saídas “desgastantes”, articula-se com Dejours (1992), ao referir-se à forma como os trabalhado- res enfrentam situações de angústia e insatisfação de- correntes do trabalho. Entendemos quea existência de espaços de discussão e busca de compreensão são saí- das produtivas, enquanto algumas alternativas ampliam o sofrimento por serem produzidas defesas individuais, como a competição entre os trabalhadores ou até o pro- cesso de culpabilizar-se por não conseguir lidar com as situações e adoecer. Investigar junto ao servidor público a percepção que este tem sobre o tema da saúde do ser- vidor coincide com a proposta de Dejours, ao permitir que aconteça o processo de busca da compreensão por meio da fala. Para uma maior compreensão do fenômeno anali- sado, traçaremos um perfil da área de saúde do trabalha- dor no Brasil. Políticas de saúde do trabalhador no Bra- sil O conceito de saúde do trabalhador surgiu como uma prática instituinte, com a proposta de transformar e compreender o processo saúde-doença nos trabalhado- res, na década de 1980 (Sato et al., 2006), quando, segundo Lacaz (2005), aconteceu o processo da Reforma Sanitária Brasileira4 e a sociedade debateu amplamente o conceito de saúde. A relação do trabalho com a saúde foi reconhe- cida como uma questão de saúde pública, sendo incluída na Constituição de 1988 como responsabilidade do Sis- tema Único de Saúde (SUS), com a determinação de in- tegrar as ações de vigilância dos ambientes de trabalho às de atenção à saúde dos trabalhadores. Desse processo também resultou a 1ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador (CNST) (1986), a Assembleia Nacional Cons- tituinte e a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica da Saúde, de 1990 e a 2ª e a 3ª CNST. Com a criação do SUS em 1988, a partir de 1990, ocorreu a regulamentação da organização e do funcionamento dos serviços de saú- de (Lacaz, 2005; Sato et al., 2006). Toda essa construção trouxe grandes avanços para a área de saúde do trabalhador, por permitir discus- sões e resultar em uma ampliação de conceitos e objeti- vos. Uma vez definidos o arcabouço e as intenções para a área, o processo encaminhou-se no sentido da estru- turação da área de atenção à saúde do trabalhador no SUS, sendo definida em 2002, pela Portaria 1.679/GM, a composição da Rede Nacional de Atenção Integral à Saú- de do Trabalhador no SUS (RENAST), que responde pela execução de ações curativas, preventivas, de promoção e de reabilitação à saúde do trabalhador brasileiro. A RE- NAST é composta por 178 Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST)5 e por uma Rede Sentinela de serviços médicos e ambulatoriais de média e alta complexidade responsáveis por diagnos- ticar os acidentes e as doenças relacionados ao trabalho e por registrá-los no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN-NET (Brasil, 2010a). Componen- te importante da área de atenção à saúde do trabalhador, a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), vincula- da ao Ministério da Saúde, dirige ações de prevenção de agravos e promoção da saúde do trabalhador.6 Integrando atividades e setores, em maio de 2005, a Portaria Interministerial nº 800 publicou o texto-base da minuta da Política Nacional sobre Saúde e Seguran- ça do Trabalho (PNSST). Esta política é desenvolvida em esfera interinstitucional pelo Ministério da Saúde, in- tegrada com o Ministério do Trabalho e Emprego e com o Ministério da Previdência Social. Compreende a aten- ção integral à saúde, a articulação intra e intersetorial, a participação popular, o apoio a estudos e a capacitação de recursos humanos (Brasil, 2010c). A Política Nacional sobre Saúde e Segurança do Trabalho é descentralizada entre estados e municípios. Na Bahia, a Secretaria da Saúde do Estado (SESAB) man- tém o Programa de Atenção à Saúde do Trabalhador e as seguintes unidades a ela vinculadas: Diretorias Regio- nais de Saúde (DIRES); Centro Estadual em Referência à Saúde do Trabalhador (CESAT), criado em 1988 para atender às necessidades de assistência e prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho no âmbito do estado; Núcleos de Saúde do Trabalhador (NUSAT), que existem em alguns municípios e representam o CESAT. Buscamos, dessa forma, contextualizar a área de Saúde do Trabalhador, para ampliar a visão sobre essa realida- de, demarcando as políticas existentes e o funcionamen- to dos serviços (Bahia, 2010). Políticas e discussões sobre a saúde do trabalhador do serviço público no Brasil Buscando identificar novos referenciais sobre a saúde do trabalhador do serviço público, identificamos ações que estão sendo desenvolvidas no âmbito do fun- cionalismo público federal. O Ministério de Planejamento lançou uma política que se expande entre os estados da Ca pí tu lo 0 4 - O S er vi do r P úb lic o co m o A ge nt e de D es en vo lv im en to So ci al ; S aú de e Q ua lid ad e de V id a no S er vi ço P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 77 federação: em 2009, foi instituído pelo Decreto nº 6833 o SIASS – Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor, que reúne áreas de recursos humanos de ór- gãos do Poder Executivo, de órgãos federais dos estados e técnicos dos serviços de saúde, buscando construir uma Política de Atenção à Saúde (Brasil, 2012a). Para implementar a política, disseminar informa- ções e capacitar os profissionais da rede SIASS, foram realizados Encontros Nacionais de Atenção à Saúde do Servidor – ENASS. Em outubro de 2012 aconteceu o IV ENASS, abordando temas como a capacitação em Qua- lidade de Vida no Trabalho – QVT para a promoção da saúde dos servidores e o fortalecimento do SIASS (Bra- sil, 2012b). No estado da Bahia, existem unidades SIASS no Ministério da Fazenda e na Universidade Federal da Bahia – UFBA, em Salvador (Brasil, 2012c). Ao buscar aprofundar o conhecimento sobre o tema de saúde do servidor público, identificamos pes- quisa da Universidade de Brasília (UNB), sobre gestão de qualidade de vida no trabalho (QVT) no serviço público federal, que investigou as práticas de QVT em dez órgãos públicos federais e apontou que permanecem pouco ex- ploradas, sendo detectada uma abordagem de viés assis- tencialista, que tem no trabalhador a variável de ajuste (Ferreira, Alves & Tostes, 2009). Foi criado no ano de 2007 o Laboratório de Psicodi- nâmica e Clínica do Trabalho (LPCT), na Universidade de Brasília. O LPCT realiza pesquisas e desenvolve a clínica psicodinâmica do trabalho em empresas públicas e pri- vadas, com base na clínica do trabalho e da ação confor- me postulada por Dejours (1992). Mendes e Araújo (2011) apresentam a trajetória brasileira dessa prática e assina- lam que as experiências em organizações privadas e pú- blicas encontraram diversas limitações, mas que abrem a possibilidade de o trabalhador pensar nas relações de trabalho e de perceber que tem um papel a desempenhar nesse cenário. Outras produções realizadas no LPCT apontam que, no âmbito científico, a produção bibliográ- fica sobre QVT, na ótica dos trabalhadores, é incipiente (Ferreira, Antloga, Ferreira & Bergamaschi, 2009). Objetivos Conforme já explicitado, esta pesquisa objetiva perceber como as políticas propostas são percebidas por servidores públicos de uma região do sudoeste da Bahia e, nesse sentido, como ações desenvolvidas no âmbito do funcionalismo público federal e as produções sobre o tema da saúde do servidor alcançam estes servidores das esferas municipal, estadual e federal. Vamos ver como esse tema é abordado pela Lei 8.112/1990 Da Assistência à Saúde Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família, compreende assistência médi- ca, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, prestada pelo Sistema Único de Saúde ou diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servi- dor, ou, ainda, mediante convênio, na forma estabelecida em regulamento. Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família, compreende assistência médi- ca, hospitalar, odontológica, psicológicae farmacêutica, prestada pelo Sistema Único de Saúde - SUS ou direta- mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou, ainda, mediante convênio ou contrato, na forma estabelecida em regulamento. Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família compreende assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou me- diante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxí- lio, mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros privados de assis- tência à saúde, na forma estabelecida em regulamento. § 1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausên- cia de médico ou junta médica oficial, para a sua realiza- ção o órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do sistema pú- blico de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Se- guro Social - INSS. § 2º Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a contratação da prestação de ser- viços por pessoa jurídica, que constituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão. § 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacio- nais autorizadas a: I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de serviços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados ativos, aposentados, pensio- nistas, bem como para seus respectivos grupos fami- liares definidos, com entidades de autogestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efeti- vamente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os convênios celebra- dos depois dessa data somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de auto- gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios exis- tentes até 12 de fevereiro de 2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do órgão regulador; (In- cluído pela Lei nº 11.302 de 2006) III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) § 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) § 5º O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Ca pí tu lo 0 4 - O S er vi do r P úb lic o co m o A ge nt e de D es en vo lv im en to So ci al ; S aú de e Q ua lid ad e de V id a no S er vi ço P úb lic o www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 78 Questões Gabaritadas Questão 1: CESPE - Admin (SUFRAMA)/SUFRA- MA/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Acerca de agentes administrativos, poderes adminis- trativos, improbidade administrativa e serviços pú- blicos, julgue o item seguinte. Considere a seguinte situação hipotética. Em razão de uma reforma administrativa realizada pelo governo, determinados servidores estáveis tive- ram seus cargos extintos por lei e foram colocados em disponibilidade. Após intensa negociação, meses de- pois, eles reingressaram no serviço público em cargos de atribuições e vencimentos compatíveis. Nessa situação hipotética, o reingresso desses servi- dores se deu por recondução. Questão 2: CESPE - AnaTA SUFRAMA/SUFRAMA/ Geral/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Julgue o item que se segue, relativo aos agentes públi- cos, aos poderes administrativos e à responsabilidade civil do Estado. Se um candidato lograr êxito em concurso público, mas, dias antes da posse, for acometido por dengue que o impossibilite de comparecer pessoalmente para o referido ato, a posse poderá dar-se mediante procu- ração específica firmada pelo candidato. Questão 3: CESPE - Ag Adm (SUFRAMA)/SUFRA- MA/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Considerando que, no interesse da administração, um servidor efetivo da SUFRAMA tenha sido removido de ofício para outra localidade, julgue o item a seguir, considerando que CF corresponde à Constituição Fe- deral de 1988. Ao servidor removido deverá ser concedido o pra- zo de, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias para entrar em exercício na outra localidade para onde foi removido. Questão 4: CESPE - AA (ICMBio)/ICMBio/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Julgue o item que se segue, com base nas disposições da Lei n.º 8.112/1990 e da Lei n.º 9.784/1999. Caso um analista do ICMBio tenha sido nomeado para determinado cargo em comissão no próprio instituto, não poderá ser nomeado, mesmo interinamente, para outro cargo de confiança. Questão 5: CESPE - AA (ICMBio)/ICMBio/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Julgue o item que se segue, com base nas disposições da Lei n.º 8.112/1990 e da Lei n.º 9.784/1999. Considere que Pedro, técnico judiciário de um tribunal de justiça, tenha tomado posse no cargo de analista do ICMBio em 2011 e se aposentado voluntariamente, aos sessenta anos de idade, em 2012. Nessa situação hipo- tética, se Pedro requerer sua reversão ao instituto em 2014, ainda que haja cargo vago e interesse da admi- nistração, sua solicitação deverá ser indeferida. Questão 6: CESPE - AA (ICMBio)/ICMBio/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Acerca do regime dos servidores públicos federais, julgue o item. O servidor em exercício nomeado para cargo de pro- vimento efetivo está sujeito a estágio probatório pelo período de três anos, durante o qual serão avaliadas sua aptidão e sua capacidade para o desempenho do cargo, observando, entre outros fatores, a assiduidade e a responsabilidade a fim de adquirir estabilidade. Questão 7: CESPE - TA (ICMBio)/ICMBio/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Com base na Lei n.º 8.112/1990 e na Lei n.º 9.784/1999, julgue o item subsecutivo. Um técnico do ICMBio aprovado no estágio probató- rio somente perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo admi- nistrativo disciplinar em que lhe sejam assegurados a ampla defesa e o contraditório. Questão 8: CESPE - TA (ICMBio)/ICMBio/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Com base na Lei n.º 8.112/1990 e na Lei n.º 9.784/1999, julgue o item subsecutivo. Caso um técnico do ICMBio tenha tomado posse no seu cargo em 2013 e entre em gozo de licença para ati- vidade política em 2014, o estágio probatório deverá ser suspenso durante o período de afastamento. Questão 9: CESPE - Ag Adm (CADE)/CADE/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) No que se refere aos agentes públicos, aos poderes ad- ministrativos e ao controle da administração pública, julgue o item subsecutivo. Considere que determinado servidor estável demiti- do, após regular processo administrativo disciplinar, por desvio de verbas públicas, comprove sua inocên- cia por meio de ação judicial. Nesse caso,tendo sido a pena de demissão anulada no âmbito judicial, o servi- dor deverá ser reintegrado ao cargo por ele anterior- www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 79 mente ocupado. Questão 10: CESPE - ERSTA (ANTAQ)/ANTAQ/Econo- mico-Financeira/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Com relação aos agentes públicos, julgue o item a se- guir. Reintegração é o retorno do servidor aposentado à atividade, no mesmo cargo em que tenha sido aposen- tado ou em cargo equivalente. Questão 11: CESPE - TA (ANTAQ)/ANTAQ/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) A respeito dos agentes públicos, julgue o próximo item. Um dos requisitos de acessibilidade aos cargos públi- cos é a nacionalidade brasileira, não sendo permitida, portanto, aos estrangeiros a ocupação de cargo na ad- ministração pública. Questão 12: CESPE - Ag Adm (SUFRAMA)/SUFRA- MA/2014 Assunto: Remoção, redistribuição e substituição (Lei 8.112 – arts. 36 a 39) Considerando que, no interesse da administração, um servidor efetivo da SUFRAMA tenha sido removido de ofício para outra localidade, julgue o item a seguir, considerando que CF corresponde à Constituição Fe- deral de 1988. Com a remoção, o cargo que o servidor ocupava ante- riormente será considerado vago. Questão 13: CESPE - Tec MPU/MPU/Apoio Técnico e Administrativo/Segurança Institucional e Transpor- te/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Acerca do regime jurídico dos servidores públicos fe- derais, julgue o item subsequente. Os impedimentos, as proibições e os deveres previs- tos na Lei n.º 8.112/1990 somente se aplicam ao servi- dor público após a posse, momento em que ocorre a investidura no cargo. Questão 14: CESPE - AJ TRE GO/TRE GO/Administra- tiva/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Acerca do regime jurídico dos servidores públicos ci- vis da União, no próximo item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Flávia, analista judiciária do TRE/GO, acumula licita- mente o cargo de analista e um cargo de professora na rede pública de ensino em Goiânia. Por sua compe- tência, foi convidada a ocupar cargo em comissão no governo estadual de Goiás. Nesse caso, para ocupar o cargo em comissão, Flávia deve afastar-se dos dois cargos efetivos. Questão 15: CESPE - AJ TRE GO/TRE GO/Administra- tiva/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Acerca do regime jurídico dos servidores públicos ci- vis da União, no próximo item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Ana, que está em licença por afastamento de seu ma- rido, e Júlio, que está de férias, são servidores do TRE/ GO e foram nomeados para ocupar cargos na admi- nistração pública federal. Nessa situação, as posses dos dois servidores em seus novos cargos devem ocorrer no prazo de trinta dias contados da publicação dos respectivos atos de provimento nos cargos. Questão 16: CESPE - TJ TRE GO/TRE GO/Administrati- va/”Sem Especialidade”/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) A respeito da Lei n.º 8.112/1990, o item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Alice, aprovada em concurso público para o cargo de técnico administrativo de um TRE, precisa acompa- nhar cirurgia de ente familiar que ocorrerá no mesmo dia em que foi marcada sua posse. Nessa situação, Ali- ce poderá nomear, por procuração específica, alguém que a represente no ato da posse. Questão 17: CESPE - TJ TRE GO/TRE GO/Administrati- va/”Sem Especialidade”/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) A respeito da Lei n.º 8.112/1990, o item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Em razão de uma reforma administrativa realizada no âmbito do Poder Judiciário, os cargos ocupados por alguns servidores estáveis de determinado TRE foram extintos, e esses servidores foram colocados em disponibilidade. Nessa situação, o retorno dos ser- vidores à atividade pública poderá dar-se por recon- dução, caso em que eles passarão a ocupar cargos de atribuições e vencimentos compatíveis com os ante- riormente ocupados. Questão 18: CESPE - TJ TRE GO/TRE GO/Administrati- va/”Sem Especialidade”/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Acerca de ato administrativo e agentes públicos, jul- gue o item subsecutivo. Promoção e readaptação são formas de provimento em cargo público. Questão 19: CESPE - Cont (FUB)/FUB/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Maria, servidora pública federal estável, integrante www.focusconcursos .com.br R eg im e Ju rí di co Ú ni co 80 de comissão de licitação de determinado órgão públi- co do Poder Executivo federal, recebeu diretamente, no exercício do cargo, vantagem econômica indevida para que favorecesse determinada empresa em um procedimento licitatório. Após o curso regular do pro- cesso administrativo disciplinar, confirmada a res- ponsabilidade de Maria na prática delituosa, foi apli- cada a pena de demissão. Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base na legislação aplicável ao caso. Caso a penalidade aplicada seja posteriormente inva- lidada por meio de sentença judicial, Maria deverá ser reintegrada ao cargo anteriormente ocupado. Questão 20: CESPE - Ass Adm (FUB)/FUB/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Com referência às disposições do regime jurídico dos servidores públicos civis da União (Lei n.º 8.112/1990), julgue o item que se segue. Considere que determinado servidor público tenha sido investido em novo cargo, compatível com as suas limitações decorrentes de acidente de trânsito. Nes- sa situação, é correto afirmar que o referido servidor está em provimento originário. Gabarito: 1 2 3 4 5 Errado Certo Certo Errado Certo 6 7 8 9 10 Certo Certo Certo Certo Errado 11 12 13 14 15 Errado Errado Errado Errado Errado 16 17 18 19 20 Certo Errado Certo Certo Errado Exercício comentado Questão Comentada: CESPE - Adm (FUB)/FUB/2015 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Julgue o próximo item, relativo ao regime dos servi- dores públicos federais. São formas de provimento de cargo público: nomea- ção, promoção, readaptação, reversão, aproveitamen- to, reintegração e recondução. Resposta: certo. Comentário: Questão corretíssima conforme previ- são expressa no artigo 8º da lei 8.112/90. Questão comentada: CESPE - TL (CAM DEP)/CAM DEP/Agente de Polícia Legislativa/2014 Assunto: Formas de provimento (Lei 8.112 - arts. 5º a 32) Julgue o seguinte item, referente ao regime jurídico dos servidores públicos federais. Um cidadão aprovado no cargo de técnico legislativo da Câmara dos Deputados que não possa comparecer à sua posse por motivos de foro pessoal poderá tomar posse mediante procuração específica. Resposta: certa. Comentário: A questão está correta pois a lei 8.112/90 prevê expressamente a possibilidade de que o servi- dor tome posse por procuração. Esta é a leitura do ar- tigo 13, § 3º. 81Direito Constitucional Autor: Adriano Marcos Marcon Curriculum: Graduado em direito pela Universidade Esta- dual de Maringá (UEM). Possui pós-graduação lato sensu em Direito do Estado (Constitucio- nal, Tributário e Administrativo) pela Universi- dade Estadual de Londrina (UEL) e em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade de Ciên- cias Sociais Aplicadas de Cascavel (UNIVEL). É advogado e professor de cursos preparatórios para concurso públicos há mais de onze anos. www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l www.focusconcursos .com.br www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 82 SUMÁRIO 1. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ..........................................................................................................................................832. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ......................................................................................................................... 84 3. DOS DIREITOS SOCIAIS ..............................................................................................................................................................................................93 4. DA NACIONALIDADE .................................................................................................................................................................................................. 96 5. DOS DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................................................................................................................................ 98 6. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS ....................................................................................................................................................................... 100 7. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................................103 www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 83 1. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDA- MENTAIS INTRODUÇÃO Este material se destina especialmente àqueles que pretendem participar do concurso público para o cargo de Técnico do Seguro Social, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Por isso, o seu conteúdo segue o programa constante do edital do último concurso. As questões incluídas aqui, para testar e reforçar o conhecimento da matéria foram extraídas de certames anteriores, realizados pelas organizadoras que tradicio- nalmente fazem as provas dos concursos do INSS. Ainda, neste material o aluno encontrará questões comentadas, cujo objetivo é demonstrar a forma como o conteúdo é cobrado pelas bancas, além de eventual es- pecificidade sobre o mesmo. CONCEITO Os direitos fundamentais são aqueles direitos que, previstos na Constituição Federal (CF), tem por principal objetivo a manutenção de patamares mínimos, necessá- rios à garantia de uma vida digna às pessoas. São direitos que visam à proteção e à promoção da dignidade da pessoa humana, a qual é fundamento da República (art. 1º, inciso III, da CF). DIREITOS E GARANTIAS Direitos e garantias fundamentais não se confun- dem; aqueles representam os bens, os valores que são socialmente relevantes e que precisam ser protegidos (p. ex.: a liberdade de locomoção, a vida, a propriedade); estas, por sua vez, possuem natureza instrumental, são mecanismos de visam a proteção e efetividade dos direi- tos fundamentais (p. ex.: mandado de segurança, habeas corpus, habeas data). As garantias fundamentais serão vistas em tópico mais a frente. ORGANIZAÇÃO Na Constituição Federal de 1988, os Direitos e Ga- rantias Fundamentais constam, inicialmente, do Título II, artigos 5º a 17, divididos em cinco Capítulos: • Capítulo I – “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos” (art. 5º); • Capítulo II – “Dos Direitos Sociais” (arts. 6º a 11); • Capítulo III – “Da Nacionalidade” (arts. 12 e 13); • Capítulo IV – “Dos Direitos Políticos” (arts. 14 a 16); • Capítulo V – “Dos Partidos Políticos” (art. 17). DICA: O rol de direitos fundamentais constante do Título II, da Constituição Federal é conhecido como “catálogo”. Conforme dispõe o artigo 5º, parágrafo 2º, da Cons- tituição Federal, os direitos e garantias ali expressos não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Assim, além daqueles previstos no “catálogo”, en- contraremos direitos fundamentais em praticamente todo o texto da Constituição Federal, além de outros mais que decorrem dos tratados internacionais ratificados pelo Brasil. TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HU- MANOS O Supremo Tribunal Federal (STF) entende, con- tudo, que apenas os tratados internacionais de direitos humanos que sejam aprovados no rito do artigo 5º, pará- grafo 3º, da Constituição Federal é que podem se tornar em nova fonte de direitos fundamentais. Segundo o artigo 5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais, ou seja, ocuparão o mesmo status normativo das demais normas constitucionais. Atualmente, existem apenas dois documentos in- ternacionais com esse status, a Convenção Internacio- nal sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o seu Protocolo Facultativo, promulgados internamente pelo Decreto n. 6.949, de 2009. Exercícios comentados (FCC) De acordo com a Constituição Federal brasi- leira, os tratados e convenções internacionais sobre di- reitos humanos serão equivalentes às a) leis ordinárias, desde que aprovados, pelo Sena- do Federal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. b) leis complementares, desde que aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. c) emendas constitucionais, desde que aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. CERTO. Conforme dispõe o artigo 5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal. d) emendas constitucionais, se aprovados pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta, por três quin- tos dos votos dos respectivos membros. e) emendas constitucionais, se aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, por maioria absoluta dos votos dos respectivos membros. 1.5 CLÁUSULAS PÉTREAS Dada a importância dos direitos e garantias funda- Ca pí tu lo 0 1 - D os D ire ito s e Ga ra nt ia s Fu nd am en ta is www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 84 mentais, a Constituição Federal garante-lhes uma prote- ção especial, em face de futuras alterações do seu texto. Nos termos do artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV, a Constituição Federal estabelece que não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais. O dispositivo cria, assim, uma vedação material – “cláusulas pétreas” – ao poder constituinte derivado reformador, vedando a deliberação de qualquer proposta de emenda constitucional que vise reduzir o âmbito ou suprimir os direitos e garantias individuais já existentes. O fato de a Constituição Federal impor uma veda- ção à supressão das normas de direitos fundamentais, não significa que tais direitos sejam absolutos. Ou seja, os direitos fundamentais podem sofrer limitações, de- correntes da análise de um caso concreto, via norma in- fraconstitucional, desde que as mesmas respeitem o seu núcleo essencial, preservem a matriz do direito. Questões Gabaritadas (CESPE) Na CF, a classificação dos direitos e garan- tias fundamentais restringe-se a três categorias: os di- reitos individuais e coletivos, os direitos de nacionalida- de e os direitos políticos. Resposta: ERRADO (CESPE) A CF traz uma enumeração taxativa dos direitos fundamentais. Resposta: ERRADO (CESPE) Os direitos fundamentais, considerados como cláusula pétrea das constituições, podem sofrer limitações por ponderação judicial caso estejam em con- fronto com outros direitos fundamentais, por alteração legislativa, via emenda constitucional, desde que, nesse último caso, seja respeitado o núcleo essencial que os ca- racteriza. Resposta: CERTO (CESPE) O catálogo de direitos fundamentais na CF inclui, além dos direitos e garantias expressos em seu texto, outros que decorrem do regime e dos princípios por ela adotados, ou de tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Resposta: CERTO GABARITO 1 2 3 4 Errado Errado CertoCerto 2. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS TITULARES São titulares – aqueles que são possuidores da posição jurídica de vantagem que o direito confere - dos direitos fundamentais, segundo o artigo 5º, caput, da Constituição Federal, os brasileiros e os estrangeiros re- sidentes no País. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), contu- do, também os estrangeiros não residentes no País e as pessoas jurídicas podem ser titulares de direitos funda- mentais. É claro que os estrangeiros não gozarão de todos os direitos reservados aos brasileiros e, as pessoas jurídi- cas, os mesmos direitos que possuem as pessoas físicas. Exercício comentado (CESPE) Uma pessoa jurídica pode pleitear na jus- tiça indenização por danos materiais e morais no caso de violação à sua honra objetiva, representada por sua re- putação e boa fama perante a sociedade. CERTO. A pessoa jurídica também é titular de direi- tos fundamentais, neste caso, o direito à honra objetiva (art. 5º, inciso X, da CF). DIREITO À VIDA Conceito O direito à vida é, sem sombra de dúvidas, o direito fundamental mais importante, pressuposto para o exer- cício dos demais. O direito à vida humana abarca desde a garantia da existência física, de que ninguém será privado de sua vida arbitrariamente (art. 5º, caput, da CF), passando pela proteção da integridade física e mental (psíquica) das pessoas (art. 5º, inciso XLIX, da CF) até a garantia de uma vida com dignidade (art. 1º, inciso III e art. 170, da CF). Assim é que se veda a tortura, tratamento desu- mano ou degradante (art. 5º, inciso III, da CF) e a existên- cia de penas de trabalhos forçados ou cruéis (art. 5º, inciso XLVII, da CF), por importarem em agressão à integridade física e moral das pessoas. Como decorrência do direito a uma vida com digni- dade é que o Estado fica compelido a assegurar um míni- mo de condições materiais, por meio da garantia de direi- tos fundamentais como o trabalho, a saúde, a assistência social. Exercício comentado (CESPE) O direito à vida compreende somente o di- reito de uma pessoa de continuar viva. ERRADO. Inclui, também, o direito à integridade fí- sica e moral e à vida digna. Relatividade Apesar de ser o direito fundamental mais impor- tante, o direito à vida não é absoluto, o que significa que, em determinadas situações, o mesmo deverá ceder. Assim, em primeiro lugar, dispõe o artigo 5º, inciso XLVII, alínea “a”, da Constituição Federal que é vedada a Ca pí tu lo 0 2 - D os D ire ito s e D ev er es In di vi du ai s e Co le tiv os www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 85 pena de morte, salvo em caso de guerra declarada. Ainda, na legislação infraconstitucional, o artigo 128, do Código Penal (CP) prevê que não será punido o aborto (interrupção não natural e forçada da gravidez) praticado por médico: I) se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre- cedido de consentimento da gestante ou, quando inca- paz, de seu representante legal. No artigo 128, inciso I, do CP encontramos o cha- mado “aborto necessário ou terapêutico” (vida da mãe x vida do feto). Já, no artigo 128, inciso II, do CP está previsto o “aborto sentimental ou humanitário” (liberdade sexual da mulher x vida do feto). DICA: As hipóteses do artigo 128, do CP não se con- fundem com a possibilidade de interrupção da gravidez quando da constatação de um feto anencefálico. No feto anencéfalo está caracterizada a ausência parcial do encéfalo e do crânio, sendo consi- derado, por isso, um natimorto, sem possibilidade de vida extrauterina. Segundo o Supremo Tribunal Fe- deral (STF), no julgamento da ADPF n. 54, em 2012, é possível, então, a interrupção da gravidez no caso de feto anencefálico, considerando não estar a conduta tipificada como aborto, nos termos do artigo 124, do Código Penal. A hipótese aqui mencionada também não pode ser confundida com uma permissão para o aborto eugênico. Exercício comentado (FCC) A pena de morte, conforme estabelece a Constituição Federal brasileira, a) não poderá ser aplicada ao brasileiro nato ou na- turalizado. b) poderá ser substituída por prisão perpétua. c) é proibida, sem qualquer exceção, por violar o di- reito fundamental à vida. d) poderá ser aplicada em caso de guerra declara- da. CERTO. Conforme dispõe o artigo 5º, inciso XLVII, alínea “a”, da CF. e) poderá ser aplicada em caso de prática de crimes hediondos e de terrorismo. Células-Tronco Embrionárias O artigo 5º, da Lei n. 11.105, de 2005 (Lei de Biosse- gurança) permite a utilização de células-tronco embrio- nárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo proce- dimento para fins de pesquisa e terapia. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3510, objetivou-se a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo, por violação ao direito à vida. O Supremo Tribunal Federal (STF), no ano de 2008, julgou improcedente a ação, por entender que somente se pode falar em vida humana quando o ovo ou zigoto se instala no ventre materno. Assim, não se pode falar em vida humana em um zigoto in vitro. Eutanásia Apesar de o direito à vida compreender o direito à uma vida com dignidade, não se admite, na atual ordem jurídica a prática da eutanásia, da morte assistida. Inclusive, o auxílio ao suicídio é considerado crime contra a vida, nos termos do artigo 122, do Código Penal. DIREITO À LIBERDADE No contexto dos Direitos e Garantias Fundamen- tais (Título II), inserto nos Direitos e Deveres Individu- ais e Coletivos (Capítulo I), da Constituição Federal (CF), o direito à liberdade se coloca como um típico direito de primeira dimensão, negativo, ou seja, sua observância depende da não interferência do Estado e dos demais in- tegrantes da sociedade, no exercício do mesmo, pelo seu titular. O direito à liberdade possui diversos desdobra- mentos, dos quais estudaremos, agora, apenas alguns, previstos no artigo 5º, da CF. Liberdade de ação O direito à liberdade de ação – princípio da lega- lidade ou princípio da autonomia da vontade - decorre do quanto contido no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal (CF), o qual dispõe que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. DICA: Não devemos confundir o princípio da legali- dade aqui previsto e dirigido aos particulares, com aquele do artigo 37, caput, da Constituição Federal, dirigido ao administrador público. Para este, o princípio da legalidade significa somente poder fa- zer aquilo que a lei determine ou permita. A “lei” de que fala artigo 5º, inciso II, da CF, são as espécies normativas do artigo 59, da Constituição Fede- ral, as chamadas normas “primárias”, ou seja, emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Assim, então e como regra, o particular pode fazer tudo aquilo que a lei não o proíba. Liberdade de manifestação do pensamento Prevê o artigo 5º, inciso IV, da Constituição Fede- ral (CF) que é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. A liberdade de manifestação do pensamento é es- pécie do direito maior à liberdade de expressão, que in- clui, também, o direito à expressão da atividade intelec- tual, artística, científica e de comunicação (art. 5º, inciso IX, da CF). Assegura-se, aqui, o direito à livre manifestação do pensamento ou direito à opinião, que se constitui da Ca pí tu lo 0 2 - D os D ire ito s e D ev er es In di vi du ai s e Co le tiv os www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 86 faculdade que todos possuem de expressar um juízo de valor, uma convicção, seja de forma escrita ou verbal. O direito à manifestação do pensamento não é, contudo, absoluto. A primeira restrição ao exercício do direito consta do próprio inciso IV, doartigo 5º, da CF, ou seja, a manifes- tação do pensamento não posse ser anônima, apócrifa, sem a precisa identificação de quem seja o seu autor. A razão para a restrição é muito simples. Como não há censura ou necessidade de licença prévia ao exercí- cio do direito de opinião, se de sua manifestação resultar violação a direito de outrem, será assegurado a este o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da in- denização por dano material, moral ou à imagem (art. 5º, inciso V, da CF). Outra restrição decorre da ideia de sistema e da necessidade de convivência das liberdades. Desta forma o direito à manifestação do pensamento não pode abrigar qualquer atitude reputada ilícita pelo sistema. O abuso no seu exercício pode conduzir, assim, à responsabilização civil ou criminal do agente. Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que, “o direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. As liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de ma- neira harmônica, observados os limites definidos na pró- pria CF” (STF, HC 82.424, DJ 19.03.2004). A manifestação anônima comporta uma exceção que deve ser mencionada. Segundo, também, o STF, “os escritos anônimos não podem justificar, só por si, desde que isoladamente considerados, a imediata instauração da persecutio criminis (...) nada impede, contudo, que o Poder Público provocado por delação anônima (‘disque- -denúncia’, p. ex.), adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, ‘com prudência e discrição’, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o obje- tivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denun- ciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal instauração da persecutio criminis, mantendo- -se, assim, completa desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas” (STF, Inq. 1957, DJ 11.11.2005). Exercício comentado (CESPE) A liberdade de manifestação do pensa- mento não constitui um direito absoluto. CERTO. É um direito relativo, assim como a maioria dos direitos fundamentais, comportando limitações. Liberdade de consciência e de crença Segundo a Constituição Federal (CF), artigo 5º, inci- so VI, “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. A liberdade de consciência nos permite possuir convicções intimas acerca dos valores morais, espiritu- ais, posicionamentos políticos, filosóficos, que entenda- mos corretos e conduzirmos nossas vidas a partir deles. Ela é o gênero, do qual a liberdade de crença é a espécie. A liberdade de crença assegura, em primeiro lugar, o direito de ter uma religião, de professar uma fé, ou mes- mo de não querer professar nenhuma. Garante-se, naquele dispositivo, também, a liber- dade de culto (adoração da divindade), as liturgias (série de atos públicos de adoração da divindade) e a proteção a quaisquer locais de culto. No contexto da liberdade de crença, o artigo 5º, in- ciso VII, da CF assegura, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, como os hospitais, penitenciárias, quartéis. Por fim, dispõe o artigo 5º, inciso VIII, da CF, que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos impos- ta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. O dispositivo prevê aquilo que se conhece como “escusa de consciência”, garantindo que as pessoas pos- sam se recusar (escusar) a cumprir, em virtude de suas convicções, uma obrigação a todos imposta, desde que cumpram a obrigação alternativa fixada na lei, se ela existir. O não cumprimento da obrigação a todos imposta e da obrigação alternativa fixada na lei, acarreta a sus- pensão dos direitos políticos (art. 15, inciso IV, da CF), como determinam, exemplificativamente, os artigos 4º, parágrafo 2º, da Lei n. 8.239, de 1991 e 438, do Código de Processo Penal. DICA: Para algumas bancas de concurso, como o CESPE/UnB, a hipótese enseja a perda dos di- reitos políticos. Exercício comentado (FCC) Por motivo de convicção política, ao com- pletar dezoito anos, Ernesto recusa-se a realizar seu alistamento eleitoral, assim como a cumprir qualquer prestação alternativa que se lhe queira exigir, ainda que prevista em lei. Nessa hipótese, a atitude de Ernesto é a) incompatível com a Constituição, pois ninguém pode eximir-se de cumprir obrigação legal a todos im- posta. b) albergada pela Constituição, que prevê possibi- lidade de objeção de consciência nesses exatos termos. c) passível de punição mediante imposição de pena restritiva de liberdade, por se configurar atentado contra a soberania do Estado brasileiro. d) causa para suspensão de seus direitos políticos, em função da recusa de cumprimento de prestação alter- nativa prevista em lei. CERTO. Conforme o artigo 5º, inciso VIII, da CF. e) parcialmente compatível com a Constituição, pois esta permite recusa a cumprimento de prestação al- ternativa, mas não da obrigação principal. Ca pí tu lo 0 2 - D os D ire ito s e D ev er es In di vi du ai s e Co le tiv os www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 87 Liberdade de exercício profissional O artigo 5º, inciso XIII, da CF assegura ser “livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, aten- didas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), a nor- ma aqui consubstanciada é de eficácia contida e de apli- cabilidade imediata, o que significa que, em princípio, podemos exercer qualquer trabalho, ofício ou profissão, até que norma infraconstitucional venha a estabelecer limites (relatividade). Neste ponto devemos atentar para algumas im- portantes decisões do STF sobre o assunto: “A vedação do exercício da atividade de advocacia por aqueles que desempenham, direta ou indiretamen- te, serviço de caráter policial, prevista no art. 28, V, da Lei 8.906/1994, não se presta para fazer qualquer distinção qualificativa entre a atividade policial e a advocacia. (...) O que pretendeu o legislador foi esta- belecer cláusula de incompatibilidade de exercício simultâneo das referidas atividades, por entendê-lo prejudicial ao cumprimento das respectivas funções. (...) Elegeu-se critério de diferenciação compatível com o princípio constitucional da isonomia, ante as peculiaridades inerentes ao exercício da profissão de advogado e das atividades policiais de qualquer natu- reza” (STF, ADI 3.541, DJE de 24-3-2014.). “Nem todos os ofícios ou profissões podem ser con- dicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização profis- sional. A atividade de músico prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de expressão” (STF, RE n. 414.426, DJE de 10-10-2011). “O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de informação. (...). Isso implica, logi- camente, que a interpretação do art. 5º, XIII, da Consti- tuição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220, da Constituição, que as- seguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral. (...) No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o controle, por parte doEstado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, carac- teriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da Constituição. (...)” (STF, RE n. 511.961, DJE de 13-11- 2009). Como consequência deste último julgamento, fi- cou consignado pelo STF que, (a) o artigo 4º, inciso V, do Decreto-Lei n. 972, de 1969, ao exigir diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista, não foi recepcionado pela CF e, (b) que, o Estado não pode criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização da profissão de jornalista. Ainda, no contexto, o artigo 5º, inciso XIV, da CF assegura “a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profis- sional”. Ressaltemos a proteção ao sigilo da fonte, quando isso for necessário ao exercício da liberdade de informa- ção jornalística pelos profissionais respectivos. Liberdade de locomoção A liberdade de locomoção está prevista no artigo 5º, inciso XV, da CF, que prevê ser “livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. O direito à liberdade de locomoção nos faculta, de forma livre, a possibilidade de ir, de vir e permanecer, tra- zendo conosco os nossos bens. Assim como os demais direitos fundamentais e em regra, o direito à liberdade de locomoção não é absoluto, podendo ser restringido, por exemplo e conforme dispõe o inciso XV, do artigo 5º, da CF, em tempo de guerra. No entanto, aquele que sofrer ou estiver ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco- moção poderá utilizar-se do remédio constitucional do habeas corpus (art. 5º, inciso LXVIII, da CF). Liberdade de reunião A liberdade de reunião está assegurada pelo ar- tigo 5º, inciso XVI, da CF: “todos podem reunir-se pacifi- camente, sem armas, em locais abertos ao público, inde- pendentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”. A liberdade de reunião possui nítida feição coletiva e se coloca como um direito “meio”, pois viabiliza o direito amplo à liberdade de expressão. Na reunião, a união, o agrupamento das pessoas se dá por período limitado, de forma não permanente. Aqui, é importante que atentemos para a decisão tomada pelo STF, na ADPF 187: “Concluiu-se que a defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal (desde que não implique em incita- mento à prática de ações ilegais) não significaria ilícito penal (em especial, a “apologia de crime ou crimino- so”, conforme o artigo 287, do CP), mas, ao contrário, representaria o exercício legítimo do direito à livre manifestação do pensamento, propiciada pelo exercí- cio do direito de reunião.” (STF, ADPF 187, julgamento em 15-6-2011). O direito também possui limitações, não é absolu- to. Conforme se pode ver do dispositivo constitucional, o seu exercício depende de que a reunião seja pacífica, que haja comunicação prévia a autoridade competente (para Ca pí tu lo 0 2 - D os D ire ito s e D ev er es In di vi du ai s e Co le tiv os www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 88 garantir a preferência, apenas) e que não se frustre outra reunião, anteriormente marcada para o mesmo dia, local e hora. A tutela do direito à liberdade de reunião é feita por meio da propositura do mandado de segurança (art. 5º, incisos LXIX e LXX, da CF). Liberdade de associação A liberdade de associação também se coloca como um direito “meio”, de feição nitidamente coletiva. Diferentemente do que se dá no direito à liberdade de reunião, a associação importa na união estável, dura- doura, permanente das pessoas. Na Constituição Federal há uma disciplina extensa do direito, no artigo 5º, incisos XVII a XXI: “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar” Lendo o dispositivo de outra forma, podemos con- cluir que é possível criar qualquer associação, desde que seu fim seja lícito. Associações paramilitares, não impor- ta o seu fim, são sempre vedadas. “a criação de associações e, na forma da lei, a de coo- perativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento”. O Estado somente pode atuar, “intervindo” de qualquer forma nas associações, nos termos do inciso seguinte. “as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por de- cisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsi- to em julgado”. Observe que a suspensão das atividades de uma associação pode ser determinada por decisão judicial que não tenha transitado em julgado (p. ex.: uma tutela antecipada liminar). A dissolução da associação depende, contudo, que a decisão judicial que o determine já tenha transitado em julgado. • “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado”. • Este dispositivo assegura o direito à liberdade de associação individual negativo. • “as entidades associativas, quando expres- samente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudi- cialmente”. Estamos diante da figura da representação pro- cessual. Não confundamos a representação com a subs- tituição processual, quando a atuação da entidade não depende de qualquer autorização dos associados, como ocorre no mandado de segurança coletivo (art. 5º, inciso LXX, da CF). Neste sentido, a Súmula 629, do STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de clas- se em favor dos associados independe da autorização destes”. Exercício comentado (FCC) Cinco amigos, moradores de uma favela, de- cidem criar uma associação para lutar por melhorias nas condições de saneamento básico do local. Um político da região, sabendo da iniciativa, informa-lhes que, para tanto, será necessário obter, junto à Prefeitura, uma au- torização para sua criação e funcionamento. Nesta hipó- tese, a) os cinco amigos não conseguirão criar a asso- ciação, pois a Constituição Federal exige um número mí- nimo de dez integrantes para essa iniciativa. b) a informação que receberam está errada, pois a Constituição Federal estabelece que a criação de asso- ciações independe de autorização. CERTO. É o que dispõe o artigo 5º, inciso XVIII, da CF. c) após a criação da associação, os moradores da favela serão obrigados a se associarem. d) o estatuto da associação poderá prever ativida- des paramilitares, caso essa medida seja necessária para a proteção de seus integrantes. e) para iniciar suas atividades, a associação pre- cisará, além da autorização da prefeitura, de um alvará judicial. DIREITO À IGUALDADE Conceito Em nosso sistema jurídico a igualdade (isono- mia) se coloca como um verdadeiro princípio, balizando a criação e a aplicação de todo o Direito. Manifesta-se, aquele princípio, em diversas regras (direitos de igualda- de), previstas tanto no texto constitucional – em especial no artigo 5º, do Capítulo I, do Título II, da Constituição Fe- deral (CF) -, quanto nas leis. Segundo o STF, o princípio da igualdade, enquanto postulado fundamental de nossa ordem político-jurídica, não é suscetível de regulamentação ou de complementa- ção normativa (STF, MI 58, DJ 19-4-1991). A igualdade impõe, na clássica lição de Rui Barbo- sa, que a ordem jurídica, buscando sempre o justo, a jus- tiça, deve dar tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na exata medida em que estes se desigualam. Assim, além de proibir comportamentos discri- minatórios injustificados, o princípio da igualdade vai permitirque a lei (em sentido amplo) possa estabelecer vantagens a determinados grupos ou pessoas, desde que justificadas em face dos valores constitucionais. Igualdade na lei e igualdade perante a lei A igualdade deve ser observada em dois momen- tos, segundo nos aponta a doutrina e o Supremo Tribunal Federal (STF). A “igualdade na lei” atua no momento de confec- Ca pí tu lo 0 2 - D os D ire ito s e D ev er es In di vi du ai s e Co le tiv os www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 89 ção do Direito, determinando ao legislador que, em sua atividade, não introduza nas normas discriminações in- justificadas, arbitrárias. A “igualdade perante a lei” (art. 5º, caput, da CF) está voltada ao aplicador do direito, que, diante de uma lei já elaborada, deve concretizá-la sem estabelecer dis- tinções não autorizadas entre aqueles que a ela devem se submeter. 2.4.3 Igualdade formal Naquelas hipóteses em que a lei dispensar a todos um tratamento igualitário, sem levar em conta quaisquer características pessoais, sociais, econômicas, estaremos diante do que se conhece como “igualdade formal”. Assim, por exemplo, prevê o artigo 5º, inciso I, da Constituição Federal (CF), que homens e mulheres são, em princípio, iguais em direitos e obrigações. A Constituição Federal também veda, em seu ar- tigo 7º, inciso XXX, o estabelecimento de limite de idade (fator discriminatório) como critério de admissão a um emprego. Esta vedação se estende na admissão de servi- dores públicos, por força do artigo 39, parágrafo 3º, da CF. O direito a um igual tratamento pela lei, sem quais- quer distinções, comporta, no entanto, exceções, desde que razoáveis e justificadas. Então, em princípio, a Constituição Federal impõe um tratamento sem quaisquer diferenciações, na admis- são dos servidores públicos. No entanto, o próprio parágrafo 3º, do artigo 39, da CF admite que a lei possa estabelecer requisitos diferen- ciados de admissão, quando a natureza do cargo o exigir. DICA: Os “requisitos diferenciados” devem ser previstos em lei, não bastando apenas a previsão no edital do concurso público. Nesse sentido, o STF possui entendimento, con- solidado na Súmula 683, de que o “limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”. Ainda, coaduna-se com a CF, segundo o STF, a exi- gência de altura mínima, desde que a mesma esteja pre- vista em lei e justificada em função da natureza e das atribuições do cargo a ser preenchido. Igualdade material Quando, no entanto, para alcançar a justiça for ne- cessário que a lei estabeleça distinções entre grupos ou pessoas, prevendo vantagens para uns em relação aos demais, estaremos diante da “igualdade material”. O objetivo destas medidas, chamadas de “discri- minação positiva”, de “ação afirmativa” é garantir uma igualdade de fato, substancial, social, a partir da conces- são de iguais oportunidades à grupos ou pessoas, margi- nalizadas socialmente ou hipossuficientes. Assim é que, apesar de assegurar a igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres (art. 5º, inciso I, da CF), a própria Constituição Federal vai prever um tratamento mais favorável à mulher em determina- dos casos, visando minimizar ou anular as diferenças concretas verificadas em relação ao homem. Neste sentido, para compensar preconceito arrai- gado na sociedade é que a Carta Magna vai autorizar, no artigo 7º, inciso XX, a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. Ainda, reconhecendo que a maioria das mulheres possui “dupla jornada”, a Constituição Federal, no arti- go 201, parágrafo 7º, incisos I e II, assegurar-lhes-á apo- sentadoria aos 30 (trinta) anos de contribuição e aos 60 (sessenta) anos de idade, ao invés dos 35 (trinta e cinco) anos de contribuição e 65 (sessenta e cinco) anos de idade exigidos aos homens. Ainda, é a Constituição Federal que determina, no artigo 37, inciso VIII, que a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão. Neste contexto, por fim, o STF entende estar de acordo com a CF, com a garantia da igualdade material, a reserva de vagas no processo de seleção de estudantes das universidades públicas, com base em critério étnico- -racial (STF, ADPF 186, julgamento em 26-4-2012). Exercício comentado (CESPE) O estabelecimento de regras distintas para homens e mulheres, quando necessárias para ate- nuar desníveis, é compatível com o princípio constitucio- nal da isonomia e poderá ocorrer tanto na CF quanto na legislação infraconstitucional. CERTO. O nosso ordenamento jurídico admite me- didas de ação afirmativa, objetivando a igualdade mate- rial. Exercício comentado (FCC) A previsão constitucional que determina a reserva de percentual dos cargos e empregos para as pessoas portadoras de deficiência tem como objetivo, precipuamente, promover o direito à a) vida. b) liberdade individual. c) igualdade material CERTO. O direito à igualdade material conduz a um tratamento desigual a pessoas/grupos em situações de- siguais, buscando, com isso, a justiça. d) segurança. e) saúde coletiva. DIREITO À PROPRIEDADE Conceito e âmbito de proteção Nos termos do Código Civil, artigo 1.228, o direito de propriedade constitui-se das faculdades de usar, gozar e dispor de uma coisa, de um bem, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou dete- nha. No artigo 5º, inciso XXII, a Constituição Federal (CF) assegura o direito de propriedade como um direito fun- damental de primeira dimensão e do qual pode ser titular tanto uma pessoa física quanto jurídica. A nossa Carta Magna assegura tanto o direito à Ca pí tu lo 0 2 - D os D ire ito s e D ev er es In di vi du ai s e Co le tiv os www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 90 propriedade de bens corpóreos, como a de bens incorpó- reos. Assim é que, no artigo 5º, inciso XXVII, a CF vai prever que aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Assegura-se, aqui, o direito à propriedade intelectual, na espécie propriedade autoral ou direito de autor. Também, o artigo 5º, inciso XXIX, da CF dispõe que a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri- vilégio temporário para sua utilização, bem como pro- teção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. Assegura-se, aqui, o direito à propriedade intelectual, na espécie propriedade industrial. A CF ainda vai prever especial proteção à peque- na propriedade rural, dispondo, em seu artigo 5º, inciso XXVI, que a mesma, conforme definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade pro- dutiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. Limitações O direito de propriedade, assim como os demais direitos fundamentais, não é absoluto. A própria Cons- tituição Federal estabelece diversas limitações. Outras, ainda, podem ser encontradas na legislação infraconsti- tucional. Função Social da Propriedade Dispõe o artigo 5º, inciso XXIII, da CF que toda a propriedade deverá atender a sua função social. Enquanto limite, a função social exige que o exer- cício do direito de propriedade se faça de forma a não prejudicar (art. 1228, parágrafo 2º, do CC) e, também, a atender, em maior ou menor medida, certos interesses coletivos, como a preservação da flora, da fauna, das be- lezas naturais, do equilíbrio ecológico e do patrimônio histórico e artístico (art.1228, parágrafo 1º, do CC). A CF ainda estabelece, nos artigos 182, parágrafo 2º e 186, os elementos caracterizadores do cumprimento da função social pela propriedade urbana e rural, respecti- vamente. Requisição Administrativa Segundo o artigo 5º, inciso XXV, da CF, no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietá- rio indenização ulterior (posterior), se houver dano. O dispositivo está prevendo aquilo que se conhe- ce como requisição administrativa, que é uma espécie de “empréstimo forçado”, por meio do qual - diante de um perigo iminente e para fazer frente a ele - uma autorida- de pública requisita (ato dotado de autoexecutoriedade) bens móveis ou imóveis, devolvendo-os, posteriormente e indenizando o seu proprietário, mas apenas se houver causado dano aos mesmos. Como se pode ver, então, pelo mero uso do bem re- quisitado não há indenização. Exercício comentado (CESPE) No caso de iminente perigo público, a au- toridade competente poderá usar de propriedade parti- cular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. CERTO. Conforme o artigo 5º, inciso XXV, da CF. Desapropriação A Constituição Federal dispõe de várias hipóteses em que o proprietário poderá perder seu bem, móvel ou imóvel, por meio da desapropriação. Assim, inicialmente, dispõe o artigo 5º, inciso XXIV, da CF, que a lei estabelecerá o procedimento para desa- propriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro. Nesta hipótese de desapropriação, por necessida- de pública, utilidade pública ou interesse social, o Estado deverá promover a justa e prévia indenização em dinhei- ro. Nos artigos 182, parágrafo 4º e 184, a CF vai abortar as hipóteses de desapropriação de bens imóveis urbanos e rurais, respectivamente, em virtude de o seu proprietá- rio ter descumprido a função social. Conforme o artigo 182, parágrafo 4º, da CF fica fa- cultado ao Poder Público municipal, mediante lei especí- fica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edifica- do, subutilizado ou não utilizado, que promova seu ade- quado aproveitamento, sob pena de, dentre outras me- didas, desapropriação, com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10 (dez) anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Nos termos do artigo 184, da CF, compete à União desapropriar, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 (vinte) anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. Por fim, o artigo 243, da CF vai trazer uma moda- lidade de desapropriação em que não há indenização ao proprietário, a chamada “desapropriação confisco” ou expropriação. Segundo o dispositivo, as propriedades rurais e ur- banas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Direito de Herança A herança representa o conjunto dos bens – corpó- Ca pí tu lo 0 2 - D os D ire ito s e D ev er es In di vi du ai s e Co le tiv os www.focusconcursos .com.br D ir ei to C on st it uc io na l 91 reos e incorpóreos – que se forma com o falecimento da pessoa que era o seu proprietário. Esse conjunto de bens será transmitido aos her- deiros, legítimos e testamentários, por meio de uma sé- rie de atos chamada de “sucessão”, prevista nos artigos 1.784 a 2.027, do Código Civil. Em primeiro lugar, a CF garante, no artigo 5º, inciso XXX, o direito de herança, ou seja, o direito dos herdeiros à propriedade dos bens deixados pelo “de cujus”. Depois, no inciso XXXI, do artigo 5º, a CF prevê que a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujos”, ou seja, do autor da herança. Assim, segundo este dispositivo, em princípio apli- cam-se as disposições constantes do Código Civil, a não ser que sejam mais favoráveis aos herdeiros brasileiros a legislação do país de origem do “de cujos”, sendo a mes- ma aplicada. Exercício comentado (FCC) Christian, empresário alemão, vivia há anos no Brasil com sua esposa brasileira e filhos brasileiros. Faleceu em trágico acidente aéreo, deixando diversos bens no Brasil. A sucessão dos bens situados no Brasil, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, será re- gulada a) pela lei brasileira ou pela lei pessoal dos pais do de cujus, caso esta última seja mais favorável. b) obrigatoriamente pela lei brasileira. c) obrigatoriamente pela lei pessoal do de cujus. d) obrigatoriamente pela lei pessoal dos pais do de cujus. e) pela lei brasileira ou pela lei pessoal do de cujus, caso esta última seja mais favorável CERTO. É o que determina o artigo 5º, inciso XXXI, da CF. DIREITO À SEGURANÇA O direito à segurança manifesta-se em diversas disposições destinadas a garantir a estabilidade, a segu- rança necessária, para que as pessoas possam buscar a realização dos seus objetivos, interesses pessoais e so- ciais. Veremos algumas de suas manifestações, presen- tes no artigo 5º, do Capítulo I, do Título II, da Constituição Federal (CF). Proteção ao domicílio O artigo 5º, inciso XI, da CF dispõe que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pe- netrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Neste dispositivo está-se promovendo a proteção à intimidade, à vida privada das pessoas, cuja manifesta- ção ocorre, principalmente, em seu domicílio. Porque o objeto de proteção é a intimidade, a vida privada, o Supremo Tribunal Federal (STF) adota em seus julgados um conceito amplo de “casa” para o fim desta proteção. Assim, a “casa” representa todo compartimen- to delimitado e separado, que alguém utilize com exclu- sividade, mesmo que temporariamente e ainda que para fins profissionais, não residenciais. Então, conforme o dispositivo, o ingresso na “casa” de alguém, como regra, somente pode se dar com o con- sentimento do seu morador. Sem o consentimento do morador, contudo, é pos- sível penetrar em sua “casa” em quatro hipóteses: no caso de flagrante delito, de desastre, para prestar socor- ro, ou, durante o dia, por determinação judicial, para o cumprimento de ordem judicial. DICA: A autorização para violação do domicílio, aqui referida, somente pode emanar de uma auto- ridade judicial, de um juiz (“reserva de jurisdi- ção”). Exercício comentado (FCC) Em certo processo, foi determinado pelo M.M. juiz a busca e apreensão judicial de um veículo que se en- contra no interior da residência de Camila. Considerando que o veículo é de seu namorado, Feliciano, no tocante à violação de domicílio legal, sem o consentimento do mo- rador, tratando-se de determinação judicial, o oficial de justiça que cumprirá o mandado a) somente poderá adentrar na residência de Ca- mila com o consentimento de Feliciano, em razão da pro- teção à dignidade familiar prevista na Constituição Fe- deral. b) poderá adentrar na residência, sem o consenti- mento de Camila, em quaisquer horários seja durante o dia ou durante a noite. c) não poderá adentrar na residência, em qualquer horário, sem o consentimento de Camila, uma vez que a Constituição Federal protege