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FUNDAMENTOS DA GESTÃO HOSPITALAR Olá , O surgimento da medicina científica e os avanços tecnológicos, ao longo do tempo, têm modificado a função dos hospitais. Antigamente, os hospitais eram locais em que os mais necessitados e doentes eram isolados e deixados até morrer. Contudo, perceba que, com as transformações tecnológicas e assistenciais, eles passaram a ter como função o cuidado e o tratamento de enfermidades, oferecendo à sociedade toda a atenção médica de que ela necessita. Ou seja, têm as funções de prevenir, recuperar e manter os padrões de saúde das populações. No entanto, entenda que, para executá- las, é preciso contar com atividades altamente complexas e distintas, exigindo uma administração competente e inovadora. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá as funções de um administrador hospitalar, a gestão de pessoas em saúde e o conceito de eficiência e eficácia no contexto da saúde. Bons estudos! AULA 4 –GESTÃO DE PESSOAS Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. ▪ Compreender o conceito de psicologia ▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia ▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, deve apresentar os seguintes aprendizados: • • Entender as principais funções do administrador hospitalar. • Analisar os desafios na área de gestão de pessoas. • Diferenciar eficiência de eficácia na gestão hospitalar. 4 FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR HOSPITALAR O administrador hospitalar deve estar sempre preparado para exercer as funções demandadas em um hospital, que, por sinal, são altamente complexas devido à quantidade de profissionais que nele atuam e à diversidade de atividades, que exigem a correta combinação dos mais variados recursos. Além disso perceba que esse profissional precisa lidar com os problemas comuns no dia a dia de qualquer organização. As funções de um hospital e de seu administrador, aspectos da gestão de pessoas em saúde, o conflito existente entre eficiência e eficácia e alguns dos problemas enfrentados pelo administrador hospitalar (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). Fazer a gestão dos hospitais no século XXI é uma tarefa cada vez mais complexa, visto, dentre outros fatores, o aumento da expectativa de vida da população e o contínuo aumento de doenças crônicas, que contribuem para o aumento na demanda nos hospitais, independentemente da região e do tipo de gestão, seja pública ou privada. A administração é considerada como uma das mais importantes áreas da atividade humana, uma vez que lida com toda a complexidade que envolve as organizações com mudanças e com o cenário incerto em que vivemos atualmente. Seu principal papel é fazer as coisas acontecerem, por meio da combinação e integração de vários recursos e da mobilização das pessoas em torno dos objetivos organizacionais. Por isso, é importante saber que é função da administração compreender e interpretar os objetivos estabelecidos pela organização, transformando-os em ações que permitam seu alcance, por meio de planejamento, organização, direção e controle dos esforços gerados nos diversos âmbitos da organização (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). O Ministério da Saúde (OMS, 2002) define o hospital como uma instituição necessária, pois, tem como função a promoção do cuidado com a saúde da sociedade, desde seu nascimento, doença e morte. Ou seja, o hospital é uma organização médica e social cuja principal finalidade é oferecer à população assistência médica integral, curativa e preventiva, independente do modelo de atendimento, inclusive o domiciliar. Além disso, constitui-se ainda como um centro de educação e pesquisa em saúde, com capacidade para formar recursos humanos. Assim podemos afirmar que as organizações hospitalares têm como funções: • Prevenir doenças por meio da mobilização de recursos humanos e tecnológicos e da capacidade instalada, promovendo assistência e vigilância em saúde; • Recuperar a saúde, diagnosticando e tratando as enfermidades em geral; • Promover pesquisa e ensino por meio de teste e aplicação de novas técnicas e instrumentos descobertos pela ciência, ou seja, manter-se atualizado diante dos avanços da medicina e tecnológicos, com a finalidade de investigar os males orgânicos e psíquicos que afetam a população, buscando soluções capazes de manter e/ou restaurar a saúde e prevenir a doença; • Colocar seus serviços à disposição para a formação de profissionais de saúde de todas as categorias, recebendo preceptores e estagiários em suas instalações, para a prática profissional. Podemos observar que a função de um hospital ultrapassa o aspecto sanitário curativo e preventivo, abrangendo também o aspecto social, uma vez que envolve o homem no ambiente social, familiar e de relacionamento onde está inserido. Nesse contexto podemos afirmar que os hospitais são unidades sociais compostas por sistemas complexos e dinâmicos, ou seja, estão em constante transformação e sob influência de forças ambientais, exigindo dos gestores a capacidade de lidar a todo o momento com a incerteza e a imprevisibilidade (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). Isso quer dizer que os hospitais são organizações complexas marcadas por diferentes necessidades e especificidades, onde todos os setores e profissionais são interdependentes, ou seja, o trabalho de cada setor e de cada profissional impacta nos demais setores e no trabalho de outros profissionais, e, por esse motivo, o ideal é que cada um busque otimizar não apenas o resultado de seu trabalho ou do setor onde atua, como também o resultado da organização como um todo. Para administrar o hospital não existe uma receita pronta para isso, até porque, como os hospitais são organizações que recebem influência de seu meio externo, possuem diferenças entre si em sua demanda, no tipo de usuários, no capital investido, nos recursos necessários, entre outros. Lembrando ainda que existem outras particularidades se os hospitais forem públicos, ou seja, financiados pelo governo, ou particulares, financiados por instituições privadas. Cabe destacar que, apesar dessas diferenças, todos os hospitais possuem a mesma subdivisão, podendo ser gerais ou especializados (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). Para exercer sua função e alcançar seus objetivos, o administrador hospitalar deve ser o responsável pelas funções de planejamento, organização, direção e controle, de modo a atender as necessidades de demanda dos usuários do sistema de saúde e dos profissionais que atuam no hospital. Ao planejar o administrador determina antecipadamente o que será feito, quais objetivos deverão ser alcançados e como isso se dará, de preferência com o mínimo de esforço e menor custo, ou seja, o planejamento é a função que serve de base para as demais, pois é nessa primeira fase que se definem as estratégias que irão orientar o trabalho dos administradores e que se desenvolvem os planos de ação que irão coordenar as atividades necessárias à consecução dos objetivos. Ao executar a função de organizar, o administrador lida com todos os recursos disponíveis e necessários para o funcionamento das atividades hospitalares, ou seja, organizar significa reunir, alocar e coordenar os recursos humanos, financeiros, físicos, de informação e outros necessários para o alcance dos objetivos da organização. Nessa função o administrador também faz a divisão do trabalho; o agrupamento de atividades emuma estrutura lógica; a distribuição das pessoas para execução das atividades e a coordenação dos serviços por meio de diretrizes claras (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). A função da direção diz respeito a garantir que a organização funcione por meio das pessoas, ou seja, essa é a função administrativa referente à gestão de pessoas, cujas atividades envolvem liderar, motivar e coordenar os trabalhadores para que desenvolvam suas atividades; estimular a capacitação e inovação permanentes do conhecimento; comunicar; gerir conflitos; reconhecer e recompensar; manter o incentivo, o comando e a disciplina; e resolver problemas. Essa função é uma das que mais exige do administrador, e exige mais ação do que o planejamento e a organização. Nesse sentido, o administrador deve promover um ambiente favorável à realização de um trabalho de 4 Funções e problemas enfrentados pelo administrador hospitalar qualidade, onde os profissionais se sintam motivados e comprometidos com a missão do hospital (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). Controlar, por sua vez, consiste em monitorar e avaliar o desempenho da organização, verificando se os objetivos planejados estão sendo alcançados ou se existe a necessidade de realizar ajustes nas estratégias e nos planos de ação. Assim, podemos dizer que nenhum plano estará totalmente acabado se não possuir meios para avaliar seus resultados e consequências (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). Dentre as funções de controle estão: definir medidas de desempenho; verificar e monitorar o desempenho; compará-lo com os padrões e objetivos determinados; e estabelecer medidas corretivas, garantindo o alcance dos objetivos. Além das funções apresentadas acima, destacamos outras funções, como (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000): • Prever, programar e supervisionar as áreas de recursos humanos; recursos econômicos e financeiros, instalações, equipamentos e materiais; serviços assistenciais; serviços complementares e de apoio; serviços acadêmicos e de pesquisa; sistemas de informação. „ Atuar como porta-voz da instituição, ou seja, responder oficialmente pela instituição, buscando apoio e comunicando permanentemente as atividades realizadas e planejamentos elaborados. • Propor novas políticas, apresentar propostas de melhorias e de inovação, criar ou suspender serviços de acordo com as necessidades da instituição e com base nos avanços científicos e tecnológicos, bem como na legislação vigente. • Fornecer informações relacionadas ao desempenho do hospital e à gestão desenvolvida, além de outras informações sobre os vários setores e serviços do hospital, de forma clara, ao conselho diretor. • Coordenar e executar políticas de saúde de iniciativas próprias do hospital, voltadas às necessidades da população local, por meio de atividades que impactem positivamente em sua qualidade de vida. • Possuir conhecimentos técnicos-científicos administrativos e conhecimentos na área de saúde e de assistência médica e hospitalar, de modo que possa equilibrar custos e benefícios; desenvolver melhores políticas e processos de trabalho; executar os planos de ação e cumprir com a missão do hospital. • Promover a atualização constante do corpo de profissionais de saúde e avaliar programas de estágio para estudantes. • Cumprir as exigências dos órgãos de saúde. • Dar atenção a pacientes e seus familiares. Porém é importante destacar que os administradores enfrentam muitos problemas em sua gestão, assim como todos os administradores em outros tipos de organização. Em todas elas os administradores enfrentam problemas internos, como conflitos entre profissionais, falta de recursos suficientes para o bom funcionamento da organização, resistência dos funcionários diante de mudanças, falhas na comunicação, rotatividade de pessoal, recursos financeiros limitados, etc e problemas externos, como mudanças de legislação, de cenário econômico, nas políticas públicas, etc (MALAGÓN-LONDOÑON, 2000). Administrar um hospital não é algo simples e fácil são tantas funções e responsabilidades que administrá-lo torna-se um desafio diário, por serem instituições com grande função social, marcadas por características científicas, técnicas, administrativas, tecnológicas e econômicas, além da característica não linear de suas atividades, ou seja, muitas atividades e muitos processos não definidos de forma clara e, com a grande diversidade entre os atores, ou seja, pessoas com diferentes formações e funções, os hospitais são unidades altamente complexas, que exigem dos administradores maior qualificação e capacidade de adaptação e resposta em um ambiente em constante transformação . 4.1 Gestão de pessoas em saúde e seus desafios Você já sabe que o setor da saúde é marcado por grandes e contínuas transformações que contribuem cada vez mais para o aumento da complexidade de suas organizações. Os avanços tecnológicos, a evolução da medicina, o crescimento de doenças crônicas e o aumento da expectativa de vida da população são alguns aspectos que vêm contribuindo para isso. Aqui no Brasil, as instituições de saúde têm sido cada vez mais cobradas, no sentido de oferecer serviços de saúde com maior qualidade à sociedade e, portanto, necessitam de uma gestão qualificada, com práticas de gestão inovadoras e capazes de aumentar a produtividade e a qualidade da organização. Com certeza, você também sabe que as pessoas são vistas hoje pelas organizações como elementos chave para seu sucesso e sobrevivência. Ou seja, são as pessoas que assumem maior importância no contexto das organizações, uma vez que são capazes de aumentar ou diminuir a produtividade, de melhorar ou piorar a qualidade dos serviços e de gerar maior ou menor lucro para elas (LA FORGIA,2009). Dessa forma, podemos dizer que não bastam as melhores estruturas, recursos e tecnologia, se as empresas não puderem contar com profissionais qualificados e comprometidos, ou seja, o funcionamento das organizações e também dos hospitais depende muito de seus funcionários. Um dos relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007) destaca a importância dos recursos humanos nos sistemas de saúde e sua qualificação. No Brasil, essa importância é reconhecida, e há grande preocupação com a formação, o desempenho e a gestão desses profissionais, uma vez que é comprovado que sua atuação afeta significativamente a qualidade dos serviços prestados e o grau de satisfação daqueles que o utilizam. Essa realidade exige do administrador, a adoção de políticas e práticas de gestão de pessoas capazes de responder às necessidades atuais e futuras. Para que isso aconteça o administrador deve abandonar a mentalidade tradicional de gestão e adotar um conjunto de políticas, práticas e padrões atitudinais, empregar ações e instrumentos capazes de interferir no comportamento humano e direcioná-lo no ambiente de trabalho, como por exemplo, estruturas de trabalho mais flexíveis; descentralização dos processos decisórios; implementação de mudanças; maior envolvimento entre todos os setores da organização na busca por resultados comuns e incentivo a relações de trabalho mais integradas e dinâmicas (LA FORGIA, 2009). O papel do administrador é isso cabe também para as unidades de saúde e hospitais, adotar na gestão de pessoas funções e problemas enfrentados pelo administrador hospitalar: • Um conjunto de políticas e práticas integradas que atendam, ao mesmo tempo, aos interesses e expectativas da organização e das pessoas. • Cabe destacar que equilibrar esses interesses e expectativas para que essa relação seja produtiva e as responsabilidades compartilhadas é um dos desafios da gestão de pessoas. • Cabe à organização estimular e dar o suporte necessário para que as pessoas possam entregar o que têm de melhor, oferecendo a elas também o seu melhor. Por isso é importanteressaltar que até pouco tempo atrás as organizações consideravam as pessoas como peças de um processo produtivo, ou seja, as práticas tradicionais de gestão de recursos humanos enxergavam o homem como um coadjuvante no processo produtivo. No entanto, as grandes mudanças ocorridas a partir dos anos 1990, ocasionadas pela globalização e pelo desenvolvimento tecnológico, mudaram a visão dos gestores em relação as funções e problemas enfrentados pelo administrador hospitalar papel das pessoas nas organizações, imprimindo a elas o papel de principais responsáveis pela transformação e desenvolvimento da organização, como já comentado anteriormente (LA FORGIA, 2009). Hoje a gestão estratégica de pessoas privilegia o contínuo desenvolvimento de seus funcionários, entendendo competências como um conjunto de capacidades e saberes que se manifestam nas atividades realizadas pelos funcionários. As políticas de gestão de pessoas no setor da saúde enxergam os profissionais como a maior riqueza da organização, uma vez que a relação destes com o cliente é fundamental para que os objetivos e a missão da organização sejam alcançados. São algumas funções da gestão de pessoas nas organizações e também nas unidades de saúde: • Agregar pessoas: atrair, selecionar e integrar novos funcionários. Nesse sentido é importante elaborar políticas eficazes de atração e retenção do capital humano. • Aplicar pessoas: mapear as atividades, analisar e descrever cargos, viabilizar planos de carreira, avaliar o desempenho e disseminar a cultura organizacional. É importante que as funções estejam alinhadas às estratégias da organização e que a gestão do desempenho seja baseada em políticas eficazes. • Recompensar pessoas: remunerar e reconhecer em razão do trabalho realizado. Uma boa política de remuneração e reconhecimento também é uma forma de atrair e reter talentos. • Desenvolver pessoas: capacitar e desenvolver os profissionais; levantar as necessidades para a execução de programas de desenvolvimento; executar programas de gestão de mudança e de comunicação interna (LA FORGIA, 2009). As Funções e problemas enfrentados pelo administrador hospitalar: • Treinamento e o desenvolvimento dos profissionais deve ser contínuo e alinhado a seus perfis individuais de competência e às demandas organizacionais. Deve ter conteúdo motivador e contribuir para a melhoria do desempenho individual, da equipe e da organização. • Manter pessoas: criar e manter um bom clima e cultura organizacional, gerir programas de saúde; segurança do trabalho, higiene e qualidade de vida. Ou seja, é fundamental a implantação e manutenção de um ambiente de trabalho satisfatório e seguro. • Monitorar pessoas: acompanhar e gerir pessoas por meio de resultados. O acompanhamento das pessoas deve ser operacionalizado por meio de reuniões periódicas com os envolvidos, com a finalidade de analisar o desenvolvimento do trabalho e os resultados alcançados (LA FORGIA, 2009). Todas as funções acima são imprescindíveis para o sucesso da gestão de pessoas e para atender o contexto organizacional contemporâneo. Assim é notório que atualizar a forma de lidar com as pessoas no trabalho é fundamental. Os profissionais de saúde devem ser motivados, capacitados e preparados para exercer suas atividades, principalmente, porque lidam todos os dias com a vida das pessoas, ou seja, devem se relacionar com os pacientes e seus familiares. É importante que cada um deles tenha consciência de sua responsabilidade e que possuam a capacidade de posicionar-se corretamente diante dos desafios de um ambiente em constante transformação, atendendo às necessidades da população, cada vez mais exigente. Por isso cabe ao administrador de saúde se empenhar para transformar os conhecimentos, habilidades e atitudes das pessoas em níveis crescentes de excelência, fazendo com que as coisas “aconteçam” e gerando uma grande transformação no dia a dia da organização (LA FORGIA, 2009). É fundamental, ainda, que ele estimule as boas relações humanas, desenvolva novos líderes, identifique o potencial de cada funcionário nos diferentes setores da organização, estimule o trabalho em equipe, trace estratégias para o enfrentamento de pressões externas, defina prioridades, entre outras ações necessárias ao alcance dos objetivos da organização. Apesar de tantas ações positivas, a gestão de pessoas nas organizações ainda é um desafio para os gestores. Não é diferente nas unidades de saúde e hospitais, principalmente pela complexidade que os envolve, aliada à diversidade dos profissionais que compõem seu quadro, ou seja, são diferentes formações e níveis de complexidade de atuação e uma grande variedade de atividades em todos os níveis e setores, que necessitam ser gerenciados (LA FORGIA, 2009). Funções e problemas enfrentados pelo administrador hospitalar no cenário nacional e internacional, são desafios organizacionais comuns na área de gestão de pessoas: aumentar a cobertura e as equipes de profissionais, garantindo a assistência de saúde de forma adequada e igualitária; desenvolver e manter competências e habilidades essenciais para os profissionais de saúde; melhorar o desempenho da equipe de profissionais de acordo com os objetivos definidos; fortalecer a capacidade de planejamento e gerenciamento do setor de gestão de pessoas na saúde; fortalecer e melhorar as práticas de recrutamento e diminuir a rotatividade dos trabalhadores. Por isso esses e outros desafios a que as organizações estão sujeitas devem ser enfrentados para que estas se tornem efetivas no mercado em que atuam, principalmente para que consigam determinar uma nova postura em relação aos seus colaboradores e uma ação direcionada à gestão de pessoas, estimulando o comprometimento de todos com os resultados da organização (LA FORGIA, 2009). 4.2 Eficiência e eficácia na gestão hospitalar Os hospitais são organizações responsáveis por prestar serviços essenciais de saúde, incluindo prevenção, diagnóstico, acompanhamento e tratamento dos pacientes. Todos esses serviços possuem um custo, pois, para que aconteçam, são necessários recursos materiais e humanos (GIL, 2006). Por isso obter capital para arcar com esses custos é um desafio para o administrador hospitalar. Soma-se a isso a diversidade de atividades técnicas e profissionais que são realizadas simultaneamente nos hospitais, tornando a administração dessas organizações complexa, exigindo um forte aparato organizacional que apoie toda essa sofisticação. Assim como as demais organizações, os hospitais não estão imunes às consequências geradas pelas mudanças econômicas e tecnológicas que vêm ocorrendo nas últimas décadas. Os administradores necessitam de alto investimento em tecnologia e equipamentos de última geração, que normalmente são importados, o que eleva mais ainda seu custo. Outro fator que contribui para elevar os custos com saúde é o envelhecimento da população e o aumento das doenças crônicas, que demandam mais cuidados médicos e hospitalares (GIL, 2006). Além dos altos custos, muitos hospitais possuem restrições quanto à forma de obter receitas, como, por exemplo, os hospitais privados que possuem convênio ou contrato com o Sistema Único de Saúde (SUS), em especial os sem fins lucrativos, que não possuem o controle dos preços dos procedimentos remunerados pelo SUS, cujo valor não cobre sequer os custos da prestação dos serviços, pela alta defasagem dos valores repassados. Esses hospitais, ao mesmo tempo em que possuem parceria com o SUS, estão inseridos na esfera privada, não sendo custeados totalmente pelo SUS, dependendo de doações. Os hospitais privados, por sua vez, com fins lucrativos, possuem maior liberdade para ajustar os preços dos procedimentos. Não entanto, têm nos concorrentes e na pressão sofrida pelos planos de saúdeobstáculos quanto à prática de preço de seus procedimentos. Apesar dessas diferenças, todos os hospitais, públicos ou privados, tem como grande desafio a busca pela excelência, nos âmbitos nacional e internacional. Assim, cada um deles adota medidas diferentes no sentido de alcançar eficiência e eficácia financeira e operacional. Porem você sabe o que significa eficiência e eficácia? • Eficiência e eficácia são termos bastante utilizados na administração para demonstrar o grau de desempenho das organizações em relação ao objetivo alcançado. • Eficácia diz respeito ao alcance de resultados, enquanto eficiência refere-se à utilização 12 Funções e problemas enfrentados pelo administrador hospitalar de recursos. No âmbito econômico a eficácia está relacionada à capacidade de as organizações atenderem às necessidades da sociedade por meio de bens e serviços. A eficiência, por sua vez, está relacionada aos custos e benefícios existentes na relação técnica entre insumos (entradas) e produtos ou serviço (saídas). Dessa forma, quando necessitamos verificar a relação existente entre os recursos aplicados e o produto ou serviço final obtido, ou seja, a razão entre o esforço e o resultado; entre despesa e receita, nos referimos ao conceito de eficiência. Assim, quanto maior for a preocupação do administrador em fazer as coisas corretamente, mais perto de ser eficiente ele estará, ou seja, melhor ele estará utilizando os recursos disponíveis. No entanto, quando ele faz uso das ferramentas fornecidas por quem executa, para avaliar se os resultados estão sendo alcançados, ou seja, se as coisas que deveriam ser feitas estão sendo bem-feitas, então ele está focado no conceito de eficácia, que é alcançar resultados por meio dos recursos disponíveis (GIL,2006). Dessa forma, podemos dizer que: • Eficiência é a capacidade de realizar as atividades organizacionais utilizando o mínimo de recursos. Nesse contexto, quanto maior a produtividade, mais eficiente será a organização. Ou seja, a preocupação aqui é com a otimização dos recursos utilizados para atingir os objetivos, economizando recursos sem prejudicar a produtividade e qualidade dos produtos e serviços prestados. • Eficácia é a capacidade de realizar os objetivos propostos pela organização. Implica escolher os objetivos certos e conseguir atingi-los, ou seja, sua preocupação é com os fins. A eficácia é a chave para o sucesso das organizações. Como você pôde observar, eficiência é um conceito limitado que diz respeito ao volume de recursos utilizados para produzir uma unidade de produto ou serviço, ao passo que eficácia é um conceito mais abrangente, que representa o grau de realização das metas estabelecidas. Então, se um hospital consegue atingir seus objetivos utilizando menos recursos, dizemos que ele é eficiente. No entanto, apesar de às vezes a eficiência levar à eficácia, nem sempre elas estão relacionadas, ou seja, um hospital pode ser altamente eficiente e não conseguir alcançar suas metas, porque talvez ofereça um serviço para o qual não exista demanda suficiente. Um hospital pode alcançar suas metas financeiras, por exemplo, e ser ineficiente porque para isso, utilizou mais recursos do que normalmente disponibilizava. Está aí o conflito existente entre eficiência e eficácia. Dessa forma, a eficácia das organizações e também dos hospitais depende das relações estabelecidas entre pessoas, tecnologias, recursos e administração, ou seja, da combinação e coordenação perfeita de todos esses elementos para atingir os objetivos e prestar de serviços de qualidade (GIL, 2006). Cabe lembrar que o modelo de gestão adotado possibilita ao hospital mudar seus níveis de atenção e investir na qualidade dos serviços. Assim, o estilo de gestão deve estar adequado à organização, às suas estratégias e aos perfis dos profissionais que executam os serviços. Apesar de não ser possível identificar um estilo de gestão eficaz para todas as situações, existem algumas características que podem tornar os hospitais e as demais organizações mais eficazes: • Tarefas rotineiras e inovadoras, caracterizadas por níveis diferentes de complexidade sem padrões rígidos e executadas por pessoas que aceitem trabalhar em grupo; • Administradores capazes de entender a realidade social onde o hospital está inserido e que evidenciem competências que facilitem o funcionamento dos processos de gestão; • Gestão apoiada em sistemas de informação gerencial. O ideal é que a organização seja igualmente eficiente e eficaz, ou seja, o administrador deve estar atento à tarefa, para alcançar a eficiência, e aos objetivos e resultados, para alcançar a eficácia (GIL, 2006). Outro ponto fundamental para que se atinja a eficiência e a eficácia é contar com uma equipe preparada e comprometida com os objetivos da organização. Isso pode ser facilitado por meio de uma política de gestão de pessoas que valorize e reconheça a importância dos profissionais que atuam na instituição. Por fim, cabe destacar que o apoio do administrador hospitalar é fundamental na concretização desses resultados (GIL,2006). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2006. LA FORGIA, G. M.; COUTTOLENC, B. Desempenho hospitalar no Brasil: em busca da excelência. São Paulo: Singular, 2009. MALAGÓN-LONDOÑO, G. Introdução. In: MALAGÓN-LONDOÑO, G.; MOREIRA, R. G.; LAVERDE, G. P. Administração hospitalar. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.