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LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS Professora Ma. Daniela Carla Monteiro REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Yan Allef FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M775L Monteiro, Daniela Carla Licitações, contratos e convênios / Daniela Carla Monteiro. Paranavaí: EduFatecie, 202. 130 p. 1.Licitação pública - . 2. Contratos e convênios – Administração pública. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 341.3527 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9 /1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas dos bancos de imagens Shutterstock. 2022 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2022. Os autores. Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ AUTORA Professora Ma. Daniela Carla Monteiro Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM-2002), Especialização em Direito do Estado – área de concentração em Direito Administrativo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL – 2006) e Mestrado em Economia Regional pela Universidade Estadual de Londrina (UEL – 2013). É professora Formadora (EAD) no Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Endereço para acessar o curriculum lattes: http://lattes.cnpq.br/0168207316464790 3 http://lattes.cnpq.br/0168207316464790 4 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá, caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) ao livro Licitações, Contratos e Con- vênios. É com muita satisfação que apresento a você este livro, que é resultado de um trabalho feito com muita dedicação. Sou a professora Daniela Carla Monteiro, autora deste material. Escrever sobre licitações e contratos é um grande desafio, afinal, são muitas as regras que precisam ser observadas. Por outro lado, é uma grande paixão, pois além de lecionar na área, empreender no ramo, então meu contato com esse universo é diário, logo, não tem como não amar! Certamente, você deve estar animado para conhecer o mercado que envolve as licitações e seus respectivos contratos, vez que o procedimento licitatório constantemente está em pauta. Evidentemente não tenho a pretensão, de torná-lo (a) especialista em lici- tações, por meio deste material, mas tenho a pretensão de ensinar a você as principais características dos procedimentos licitatórios, ao passo que a formação de um profissional nessa área requer, além de muita dedicação, um estudo exaustivo sobre as Leis, Decretos, Instruções Normativas, entre outros, que regulamentam o referido procedimento. Em se tratando da estrutura geral do livro, para que você tenha uma noção do que estudará, conheça a partir de agora uma breve apresentação das unidades. Na unidade I, cujo título é: LICITAÇÕES PÚBLICAS: aspectos introdutórios, você aprenderá considerações iniciais sobre a Lei de Licitações e contratos, qual seja, a Lei n.º 14.133/2021, bem como as regras que envolvem a chamada contratação direta. Na unidade II, cujo título é: DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: provocações iniciais, você aprenderá as principais características da fase interna e externa das licitações, bem como a forma como cada uma delas se desenvolve. Sequencialmente, na Unidade III, cujo título é: MODALIDADES E CRITÉRIOS DE JULGAMENTO, você aprenderá as modalidades vigentes, sendo elas: (a) pregão; (b) concorrência; (c) Concurso; (d) Leilão; e (e) Diálogo Competitivo. Ademais, aprenderá os critérios de julgamento, quais sejam: (a) Menor preço; (b) Maior desconto; (c) Melhor técni- ca; (d) Melhor conteúdo artístico; (e) Técnica e Preço; e (f) Maior retorno econômico. Posteriormente, na quarta e última unidade, cujo título é: DOS CONTRATOS ADMINISTRA- TIVOS, você aprenderá a respeito da formalização dos contratos; suas garantias; e prerrogativas da administração, bem como a respeito das peculiaridades da fase de execução. Quanta coisa não é mesmo? No entanto, calma! Cada unidade foi desenvolvida passo a passo, para que você aprenda tudo que é necessário sem desgaste. O conhecimento precisa ser prazeroso, pois somente assim, você avançará nos estudos mais e mais. E assim, caro (a) aluno(a), concluo essa breve apresentação na certeza de que esta in- trodução ao conhecimento das licitações e contratos administrativos será de grande valia para sua vida enquanto cidadão ativo em nosso país e para a sua formação profissional. Em caso de dúvidas, encontro-me à sua disposição juntamente com a equipe UNIFATECIE, para atendê-lo. Um forte abraço! Bons Estudos SUMÁRIO 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Considerações iniciais sobre a Lei 14.133/2021; • Contratação Direta. Objetivos da Aprendizagem ●Conhecer os aspectos introdutórios das licitações públicas; ●Aprender os princípios constitucionais aplicados às licitações; ●Compreender a Contratação Direta, em suas três formas: dispensada, dispensável e inexigível. 1UNIDADEUNIDADELICITAÇÕES PÚBLICAS:LICITAÇÕES PÚBLICAS:ASPECTOSASPECTOS INTRODUTÓRIOSINTRODUTÓRIOSProfessora Mestra Daniela Carla Monteiro 8 INTRODUÇÃO Olá, querido (a) aluno (a), Seja bem-vindo (a) ao livro Licitações, Contratos e Convênios. Nesta unidade, você estudará os aspectos introdutórios das licitações, ou seja, estudará o conceito de licitação; o âmbito de abrangência da Lei n.º 14.133/2021, que é a Lei de Licitações e Con- tratos; os princípios constitucionais aplicados à licitação; bem como a contratação direta, em suas três formas: dispensada, dispensável e inexigível. Aprender os conteúdos supracitados é fundamental para o entendimento dos procedimentos administrativos que envolvem as licitações para aquisições de bens e serviços, tanto para aqueles que estão do lado da administração pública, ou seja, que representam os contratantes, quanto para aqueles que estão do lado dos contratados, quais sejam, os fornecedores. Visando atingir os objetivos de aprendizagem elencados para este estudo, o mesmo foi dividido em dois itens. No primeiro item, você estudará o conceito, o âmbito de abrangência da lei geral de licitações e os princípios constitucionais aplicados à licitação. No segundo item, por sua vez, você estudará a contratação direta em suas três formas: dispensada, dispensável e inexigível. É importante ressaltar, que a contratação direta constitui uma exceção importante para a regra que é licitar. Por isso, além das três formas, serão abordadas neste item as formalidades da contratação direta, bem como a responsabilidade por dano quando ela ocorre de maneira indevida. Nessa direção, ao término desta unidade, você será capaz de entender o conceito, o âmbito de abrangência da Lei 14.133/2021, bem como de compreender os princípios pri- mordiais que norteiam o procedimento administrativo em questão. Além disso, será capaz de discutir as exceções à regra geral que é licitar, ou seja, será capaz de identificar os casos em que pode haver dispensas ou inexigibilidade de licitação. Espero que você absorva o máximo de conhecimento possível e que se encante por tudo que aprenderá nesta unidade. O conhecimento que você adquirirá aqui será fun- damental para o desenvolvimento das atividades profissionais que você escolheu. Bons estudos e um forte abraço! 8UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 O presente título tem como propósito apresentar considerações iniciais acerca da Lei 14.133/2021 e está dividido em três subtítulos. No primeiro subtítulo, será explicado o que é licitação e tudo o mais que esse conceito compreende. No segundo subtítulo, por sua vez, as discussões e os ensinamentos serão em torno do âmbito de abrangência da referida lei. Por fim, no terceiro e último subtítulo serão identificados e compreendidos os princípios constitucionais aplicados ao supracitado procedimento. 1.1 Conceito de Licitação A busca por uma proposta que seja capaz de aliar preço e qualidade dos produtos e/ou serviços oferecidos é um procedimento obrigatório para a União; Estado-Membro; Dis- trito Federal; Municípios; Autarquias; Empresas públicas; Sociedades de Economia Mista; e Fundações (GASPARINI, 2011). A seleção dessas propostas, denominada de proposta mais vantajosa, é realizada com base em normas definidas e que se dá entre os interessa- dos que visem contratar com a Administração Pública e que atendam ao seu chamamento promovido por meio de edital. Em outras palavras, contratar de forma mais vantajosa é contratar com o melhor custo-benefício. Ou seja, para que uma oferta seja realmente vantajosa para a Adminis- tração Pública, é preciso que além do menor preço quando comparada com as demais a oferta também atenda todos os requisitos predeterminados em edital, inclusive quanto à qualidade do produto. Isto posto, podemos dizer que a proposta mais vantajosa é sinônimo de preço, qualidade e demais exigências previamente estabelecidas em edital. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A LEI 14.133/2021TÓPICO 9UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 10UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Nessa direção, para efeito de avaliação e classificação, somente serão conside- radas as propostas que tenham sido apresentadas, a partir do edital de chamamento em questão. O referido procedimento administrativo do qual decorre o edital de chamamento é denominado licitação. Segundo Bandeira de Melo apud Barchet (2012, p. 1), licitação é um: Certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados e com elas, travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniên- cias públicas. Estriba-se na ideia de competição, a ser travada isonomica- mente entre os que preencham os atributos e aptidões necessários ao bom cumprimento das obrigações que se propõem a assumir. Já de acordo com Pietro (2004, p.300), quando se fala em “procedimento admi- nistrativo”, está se fazendo menção a inúmeros atos preparatórios do ato final objetivado pela Administração Pública, e que a licitação é “um procedimento integrado por atos e fatos da Administração, e atos e fatos dos licitantes, todos contribuindo para formar a vontade contratual”. Por sua vez, Costa (2013, p. 67) define licitação como: Procedimento administrativo pelo qual a administração pública seleciona a proposta mais vantajosa para a celebração de contrato de seu interesse por meio de convocação de pessoas físicas ou jurídicas interessadas no ofereci- mento de bens e serviços. Portanto, pode-se dizer que a licitação corresponde a uma oferta dirigida a todos os que se interessarem e que se sujeitam às condições previamente fixadas em edital. Note que estamos discutindo a forma como o governo compra, que é totalmente diferente da forma adotada pela iniciativa privada. Mas afinal, por que os entes públicos possuem uma forma própria de comprar? A resposta para essa questão é bastante simples! Os entes públicos administram dinheiro público e por esse motivo não podem comprar da forma como preferem, não podem comprar da marca que preferem, não podem comprar no tempo e do jeito que preferem. A administração do dinheiro público requer transparência e por isso um procedimento de compra precisa ser seguido. Você sabe quais são os itens que o governo compra e o quanto ele compra desses itens? O governo, caro (a) aluno (a) é o maior comprador do país, por isso costuma comprar dos produtos mais convencionais, como uniformes, por exemplo, a produtos nada conven- cionais, como becas para cantadas de Natal. Desta forma, são inúmeras as necessidades, que por sua vez se convertem em inúmeras possibilidades, afinal, a máquina pública não para. Assim, em uma leitura inicial do conceito de licitação é possível compreender que, 11UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS para que o governo possa realizar as suas compras, será necessário seguir um regulamen- to. Esse regulamento é chamado de licitação e é balizado na Lei de Licitações e Contratos Administrativos, qual seja, a Lei 14.133/2021. 1.2 Âmbito de abrangência da Lei n.º 14.133/2021 A Lei 14.133/2021, estabelece normas gerais de licitação e contratação. No entan- to, engana-se aqueles que acreditam que a referida lei abrange todos os entes federados, sem exceção. Em outras palavras, existem entes cuja aplicação da lei deve ser integral, entes cuja aplicação não deve ocorrer, pois são detentores de regulamento próprio, salvo em algumas exceções, e entes cuja aplicação será subsidiária. Vejamos o que nos diz o art. 1º da Lei 14.133/2021, acerca da temática: Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contratação para as Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios, e abrange: I - Os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de função administrativa; II - Os fundos especiais e as demais entidades controladas direta ou indireta- mente pela Administração Pública. § 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei (grifo nosso). § 2º As contratações realizadas no âmbito das repartições públicas sediadas no exterior obedecerão às peculiaridades locais e aos princípios básicos es- tabelecidos nesta Lei, na forma de regulamentação específica a ser editada por ministro de Estado. [...] § 5º As contratações relativas à gestão, direta e indireta, das reservas inter- nacionais do País, inclusive as de serviços conexos ou acessórios a essa atividade, serão disciplinadas em ato normativo próprio do Banco Central do Brasil, assegurada a observância dos princípios estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição Federal. Observe que o caput e os incisos I e II exibem os chamados destinatários integrais, que são aqueles que não podem deixar de aplicar a Lei 14.133/2021. Isto é, para tais entes, a aplicação da Lei 14.133/2021 deve ser integral, sem exceções. 12UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS O art. 1º da Lei 14.133/2021, prevê a sua aplicação aos “fundos especiais”. Na ver- dade, um fundo especial é uma dotação de recurso (dinheiro) direcionada a uma finalidade específica. Assim, não é o fundo que faz a licitação, mas o ente encarregado de gerir o recurso. Porém, em questões literais, devemos saber que a lei de licitações se aplica “aos fundos especiais”. Fonte: ALMEIDA, H. Nova Lei de Licitações Esquematizada. 3. ed. [S. l.: s. n.], [2022]. Por outro lado, existem entes que não recepcionaram a lei em discussão. Tais entes são classificados como não destinatários. Ser um não destinatário, desobriga tais entes a empregá-la em seus processos licitatórios. Mas afinal, quem são esses entes? Esses, estão relacionados no § 1º da Lei em apreço, sendo eles: as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas subsidiárias. Registre-se, que o processo de contratação dos não destinatários é regulamentado por lei própria, qual seja, a Lei n.º 13.303/2016. Cumpre ressaltar, que esses entes não estão isentos da aplicação penal prevista na lei 14.133/2021. Ademais, há determinação expressa na Lei 13.303/2016 para a adoção da Lei 14.133/2021, quando for aberta contratações por meio da modalidade pregão e para fins de desempate. 13UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS O Art. 173, § 1º da Constituição da República Federativa do Brasil, autoriza o legisla- dor ordinário instituir por Lei específica um Estatuto de Licitações e Contratos próprios para as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, observados os princípios da Administração Pública. Fonte: Barchet (2012, p. 6). Já no âmbito das repartições pública sediadas fora do Brasil, o procedimento deve- rá acontecer observando três questões básicas, quais sejam: (a) respeito as peculiaridades locais; (2) respeito aos princípios básicos da lei de licitações; (3) respeito a regulamentações específicas editadas pelo Ministro de Estado. Por outro lado, se a licitação envolve gestão das reservas internacionais do país, como por exemplo, a compra e venda de dólares, utilizará o Banco Central do Brasil regulamento próprio. Isto é, operações dessa natureza não serão regulamentadas pela Lei 14.133/2021. O mesmo se aplica para os casos de: operações de crédito; gestão da dívida pública; e contratações sujeitas a legislação própria. 14UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS A compra e venda de dólares, isto é, as operações cambiais realizadas pelo Banco Central do Brasil, não são regidas pela Lei Geral de Licitações, mas por ato normativo próprio. Qual a finalidade dessa medida? Fonte: ALMEIDA, H. Nova Lei de Licitações Esquematizada. 3. ed. [S. l.: s. n.], [2021]. Por fim, mas não menos importante, a aplicação subsidiária acontecerá, entre ou- tros, para: a) Concessões e permissões de serviços públicos (Lei nº 8.987/95); b) Parcerias público-privadas (Lei nº 11.079/04); e c) Contratação de serviços de publicidade (Lei nº 12.232/10). As entidades fiscalizadoras de profissão, também conhecidas como conselhos pro- fissionais, estão sujeitas à Lei Geral de Licitações, pois tem natureza jurídica de autarquias. Fonte: Barchet (2012, p. 14) 15UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS É certo ainda, que não existindo norma específica entre as normas próprias, aplica- -se a Lei de licitações aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos consagrados por órgãos e por entidades da Administração Pública (ALMEIDA, 2021). 1.3 Princípios Constitucionais aplicados à licitação De acordo com o art. 5º da Lei 14.133/2021, Lei de Licitações e Contratos, prin- cípios constitucionais devem ser aplicados à licitação. Nessa direção, este subitem será destinado a apresentação de alguns desses princípios. No entanto, antes de iniciar essa apresentação, quero convidá-lo (a) a refletir comigo sobre o papel de um princípio. Para essa reflexão, levantarei alguns questionamentos, sendo eles: (1) O que são princípios? (2) Qual a função de um princípio? (3) Em se tratando de licitação, onde os princípios serão aplicados? Então, vamos lá! Os princípios têm grande importância para o ordenamento jurídi- co, pois são normas que auxiliam na interpretação e aplicação do direito. Nessa direção, a principal função de um princípio é obter um melhor significado para as regras. Portanto, em se tratando de licitação, os princípios são aplicados principalmente nas impugnações e dos recursos. Nas próximas unidades você aprenderá o que são impugnações e recursos, então fique tranquilo (a), pois neste momento, o importante é compreender os princípios em discussão. Após essa compreensão, finalize sua reflexão e responda mentalmente se o papel que cada princípio tem, é relevante ou não para que uma compra idônea aconteça. O quadro abaixo, desenvolvido por Almeida (2021, p. 18) apresenta de forma clara e objetiva os princípios mais usuais em procedimentos licitatórios. Isto posto, vamos conhe- cer, ainda que brevemente, cada um deles? 16UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS QUADRO 1 RESUMO DOS PRINCIPAIS PRINCÍPIOS QUE REGEM AS LICITAÇÕES. 17UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Fonte: A autora (2022). Em suma, os princípios basilares da licitação, tem por objetivo nortear o procedimento administrativo. Não há hierarquia entre eles e somente o respeito a tais princípios, pode garantir a plena satisfação do interesse público. Note, que os princípios protegem tanto contratantes, quanto contratados. Por isso, eu sempre oriento fornecedores e entes públicos para se valerem dos princípios sem moderação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2 CONTRATAÇÃO DIRETATÓPICO 18UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Este título tem como propósito apresentar as principais possibilidades de contrata- ção direta e está dividido em três subitens. O primeiro subitem, explicará o que é Contrata- ção Dispensada e quais as suas características. O segundo subitem, por sua vez, tratará das Contratações dispensáveis e suas particularidades. Por fim, o terceiro e último subitem, lecionará sobre Contratações inexigíveis. 2.1 Contratação DispensadaDe acordo com o artigo 37, inciso XXI, da Constituição da República Federa- tiva do Brasil, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- cesso licitatório. Portanto, a regra é a realização de licitação pública. Em outras palavras, o procedimento licitatório, segundo a nossa Constituição, deve ser adotado como regra, pois, é por meio dele que a escolha da proposta que melhor satisfaz o interesse público será identificada. Vejamos o artigo 37, inciso XXI da Constituição: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin- cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 19UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condi- ções efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. No entanto, há exceções, e são conhecidas como contratação direta. Para tanto, tal denominação é decorrente do fato que em alguns casos a contratação poderá acontecer sem licitação. Nessa direção, é importante ressaltar que a contratação direta se subdivide em: (1) Dispensada; (2) Dispensável; e (3) Inexigível. Em se tratando de Contratação Dispensada, registre-se que o legislador determina que não seja realizada a licitação. Esta possibilidade de contratação direta é mais rara de acontecer e geralmente é empregada em transações entre órgãos públicos. Logo, não faz sentido algum organizar uma licitação, conforme leciona o artigo 76, inciso II, alínea “f” da Lei 14.133/2021: Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à exis- tência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avalia- ção e obedecerá às seguintes normas: II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de: f) venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível por quem de- les dispõe para outros órgãos ou entidades da Administração Pública. A título de exemplo, considere que um determinado órgão público pretenda alienar impressoras em condições de uso que foram substituídas por impressoras novas e que um outro órgão público se interesse por tais impressoras. Nessa direção, não será necessário abrir uma licitação para a venda de tais impressoras, pois a legislação permite que essa venda seja realizada diretamente. Mas atenção, a referida determinação para que não seja realizada a licitação está compreendida em um rol taxativo. Rol taxativo nada mais é do que uma lista determinada de possibilidades; lista esta que não dá margem a interpretações. Ademais, é importante destacar que a natureza da contratação dispensada é vinculada, isto é, seus elementos constitutivos são vinculados à lei. 20UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 2.2 Contratação Dispensável A contratação dispensável, ao contrário da dispensada, em que o legislador determina que não se licite, tem uma autorização para não licitar. Em outras palavras, o legislador autoriza que não seja realizada a licitação. Seu rol, como da dispensada também é taxativo, no entanto, a sua natureza é discricionária, ou seja, é praticada com liberdade de escolha. Desta maneira, o administrador público, em posse da autorização, tem a facul- dade de contratar diretamente ou não. Isto é, a contratação dispensável ocorrerá em casos/ situações em que será materialmente possível realizar a licitação, no entanto, o legislador retira essa obrigatoriedade e garante ao administrador público o poder de decisão. 2.2.1 Contratação Dispensável por baixo valor Existe uma hipótese de contratação dispensável que é denominada de baixo valor, ela está prevista no Art. 75, incisos I e II, da Lei 14.133/2021. Art. 75. É dispensável a licitação: I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de manu- tenção de veículos automotores; II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras; Os dois incisos delimitam valores para a contratação de obras e serviços de enge- nharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores; qual seja, R$ 100.000,00 (cem mil reais); e para a contratação de outros serviços e compras, no importe de R$ 50.000,00. No entanto cuidado, o limite imposto pelo legislador não é de até R$ 100.000,00 ou de até R$ 50.000,00 e sim, inferiores a R$ 100.000,00 e inferiores a R$ 50.000,00. Além disso, é importante destacar que esses valores são atualizados a cada 1º de janeiro. Tal reajuste é realizado por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou pelo índice que possa substituí-lo. Dessa forma, o limite do valor de dispensa de licitação em 2022 passou a ser de R$ 54.020,41 (cinquenta e quatro mil vinte reais e quarenta e um centavos) para compras e serviços e de R$ 108.040,82 (cento e oito mil quarenta reais e oitenta e dois centavos) para obras e serviços de engenharia. Esses valores serão duplicados para compras, obras e serviços contratados por consórcio público ou por autarquia ou fundação qualificadas como agências executivas, na forma do Art. 75, § 2º da Lei 14.133/2021. Em outras palavras, nos dias atuais, um consórcio público ou uma agência executiva tem como limite os valores inferiores a R$ 216.081,64 e R$ 108.040,82, conforme o caso. 21UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Art. 75. É dispensável a licitação: § 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão dupli- cados para compras, obras e serviços contratados por consórcio público ou por autarquia ou fundação qualificadas como agências executivas na forma da lei. Em regra, estes valores são apurados por exercício financeiro e pela natureza do objeto. Por exemplo: Considere que o exercício financeiro em vigor é de 2022 e que a prefeitura do seu município decida dispensar a compra de pó de café (produto pertencente ao centro de custo gêneros alimentícios). Para que essa dispensa seja legal e possível, o somatório da compra de produtos pertencentes ao centro de custo de gêneros alimentícios ao longo de 2022 deve ser inferior a R$ 54.020,41. Diante disso, considere que a referida administração já tenha gasto, até o presente momento, R$ 50.000,00, dispensando as com- pras de alguns produtos pertencentes ao supracitado centro de custo. Diante do exposto, poderá ela dispensar a compra de pó de café? A resposta para essa questão é: sim, desde que o montante da dispensa em pó de café, somados a R$50.000,00 (já gastos até o presente momento), não atinja o valor de R$ 54.020,41. É importante frisar que, quando o exercício financeiro virar, isto é, quando um novo exercício financeiro passar a vigorar, zera-se o montante gasto com gêneros alimentícios e se inicia o somatório outra vez. Nessa direção, leciona o Art. 75, § 3º, que: Art. 75. É dispensável a licitação: § 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo se- rão preferencialmente precedidas de divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de interesse da Administração em obter propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser selecionada a proposta mais vantajosa. Isto é, ao se dispensar uma contratação por diminuto valor, os administrado-res deverão preferencialmente divulgar a dispensa em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de três dias úteis. Essa divulgação deverá contemplar: (a) especificação do objeto pretendido; e (b) manifestação de interesse em obter propostas de eventuais interessados, devendo ser selecionada a mais vantajosa. 22UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 2.2.2 Contratação Dispensável em função de Licitação Deserta ou fracassada O Art. 75, inciso III, alíneas (a) e (b), da Lei 14.133/2021, lecionam que será possível dispensar: III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que na- quela licitação: a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas válidas; b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superio- res aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes. Ou seja, quando a licitação se concretizar deserta ou fracassada, poderá o Administrador dispensar a contratação. Licitação deserta nada mais é do que aquela licitação em que no seu certame não acudiram interessados, isto é, que não houve inte- ressados em participar da contratação. Já a licitação fracassada, por sua vez, decorre da desclassificação ou da inabilitação de todos os participantes. No entanto, a Lei não previu expressamente a dispensa diante da inabilitação de todos os fornecedores, por isso, é importante analisar e conhecer casos concretos acerca da temática. Nessa direção, é mais prudente afirmar que a contratação poderá ser dispensável caso não surjam interessados ou quando nenhuma proposta apresentada for válida. Uma outra possibilidade de dispensa nessa vertente é apresentação de pro- postas com preços manifestamente superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os estimados pela Administração. Note que nesta hipótese a licitação fracassa, mas não porque as propostas foram ofertadas erroneamente gerando a desclassificação e sim, porque os preços ofertados não são acatados pelo Administrador justificadamente. Destaca-se que o Administrador, só poderá valer-se dessas hipóteses, em que a licitação foi deserta ou fracassou (por valor ou validade das propostas), se ela não tiver ultrapassado um ano. Isto é, o prazo máximo entre a licitação e a dispensa não poderá ultrapassar 12 meses. Ademais, todas as condições definidas em edital de licitação devem ser mantidas. 23UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 2.2.3 Contratação Dispensável em função de situações graves A contratação dispensável também poderá ocorrer nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da ordem, conforme legisla o Art. 75, inciso VII, da Lei 14.133/2021. Art. 75. É dispensável a licitação: VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção fe- deral ou de grave perturbação da ordem. Faz sentido para você, dispensar a contratação nessas hipóteses? Tenho certeza de que sim, pois, mesmo que você não conheça o conceito de todas as hipóteses, você tem noção que trata-se de contextos delicados e que é preciso agilidade na contra- tação. Por exemplo: Considere que o Brasil está em um contexto de guerra. Te parece prudente abrir uma licitação e percorrer todas as regras do procedimento para atender uma determinada demanda? Óbvio que não, não é mesmo? Contextos de guerra são críticos e é muito mais prudente dispensar a contratação e resolver o problema, do que arriscar ter que lidar com uma licitação fracassada ou deserta. Nessa direção, com o intuito de que você conheça um pouco mais sobre as hipóteses compreendidas neste inciso, conceituarei ainda, que de forma baste simples, Estado de Defesa; Estado de Sítio; Intervenção Federal e Perturbação da Ordem. O Estado de Defesa, nada mais é do que uma medida, prevista em nossa Constituição que suspende, de modo temporário, alguns direitos individuais dos cidadãos. O Estado de sítio, por sua vez, suspende temporariamente a atuação do legisla- tivo e do judiciário. Já a Intervenção Federal, refere-se ao afastamento temporário de um ente federativo. Por fim, mas não menos importante, a grave perturbação da ordem pública é aplicada em caso de grande comoção e repercussão social. 2.2.4 Contratação Dispensável em função de Emergência ou Calamidade Pública Uma das hipóteses mais comuns da contratação dispensável é a em função de emergência ou calamidade pública. A situação de emergência tem como característica principal um contexto anormal provocado por desastres. Desastre este, que causa danos e/ ou prejuízos que comprometem parcialmente a capacidade de resposta do ente atingido. Já na calamidade pública, esse comprometimento ocorre de modo substancial. 24UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Vejamos o artigo 75, inciso VIII, da Lei 14.133/2021 Art. 75. É dispensável a licitação: VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracte- rizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particu- lares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no disposto neste inciso. Observe que, de acordo com esta hipótese, considera-se emergencial a contrata- ção por dispensa com objetivo de manter a continuidade do serviço público, e que deverão ser observados os valores praticados pelo mercado. Em outras palavras, não é porque está-se diante de uma emergência ou calamidade que qualquer valor será admitido. Ou seja, é possível dispensar a licitação por emergência desde que: 1. A finalidade seja manter a continuidade do serviço público; 2. Haja compatibilidade com os valores que vigoram no mercado; 3. Que as providências para a conclusão do processo licitatório sejam adotadas pela Administração; 4. A apuração de responsabilidade dos agentes públicos que deram causa a situa- ção emergencial ocorra; Por fim, vale a pena frisar que os contratos que decorrerem desta condição não poderão ultrapassar um ano, e que tanto a prorrogação quanto a recontratação de empresa já contratada com base no disposto nesta hipótese de contratação direta, são vedadas. 2.3 Contratação Inexigível Segundo o Art. 74, da Lei 14.133/2021, a licitação será inexigível quando hou- ver inviabilidade de competição. Em outras palavras, diante da impossibilidade de realizar um procedimento competitivo em virtude de casos que inviabilizam a competição, estará caracterizada a inexigibilidade. O supracitado artigo apresenta um rol exemplificativo, isto é, nem todos os casos possíveis de inexigibilidade estão ali expressamente descritos. 25UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Vejamos o artigo 74, da Lei 14.133/2021: Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de: I - Aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou represen- tante comercial exclusivos; II - Contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública; III - Contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de nature- za predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divul- gação: a) Estudos técnicos,planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos; b) Pareceres, perícias e avaliações em geral; c) Assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; d) Fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; e) Patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; f) Treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; g) Restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; h) Controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de engenharia que se enqua- drem no disposto neste inciso; IV - Objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credencia- mento; V - Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha. § 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a Administra- ção deverá demonstrar a inviabilidade de competição mediante atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, declaração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de comprovar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos, vedada a pre- ferência por marca específica. § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua contrato, decla- ração, carta ou outro documento que ateste a exclusividade permanente e contínua de representação, no País ou em Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada a possibilidade de contratação direta por inexigi- bilidade por meio de empresário com representação restrita a evento ou local específico. § 3º Para fins do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se de notória especialização o profissional ou a empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, expe- 26UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS riência, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu tra- balho é essencial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do objeto do contrato. § 4º Nas contratações com fundamento no inciso III do caput deste artigo, é vedada a subcontratação de empresas ou a atuação de profissionais distintos daqueles que tenham justificado a inexigibilidade. § 5º Nas contratações com fundamento no inciso V do caput deste artigo, devem ser observados os seguintes requisitos: I - Avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de utilização, e do pra- zo de amortização dos investimentos; II - Certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e disponíveis que atendam ao objeto; III - Justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser comprado ou locado pela Administração e que evidenciem vantagem para ela. Observe que, o referido artigo, faz menção a cinco casos em que a contratação será inexigível, sendo eles: (a) Fornecedor exclusivo; (b) Artista; (c) Serviços técnicos es- pecializados de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização; (d) Credenciamento; e (e) Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha. Dada a relevância de cada um desses casos, até por serem relativamente comuns, vejamos, ainda que brevemente cada um deles. 2.3.1 Fornecedor Exclusivo A contratação de fornecedor exclusivo, é uma contratação bastante polêmica. E por que ela é polêmica? Você tem alguma ideia? Considerando o mercado nos dias atuais, é bem difícil “ser um fornecedor exclusivo”. E sendo esse fornecedor, será necessário com- provar essa condição. Em outras palavras, caso a Administração Pública queira contratar alegando inexigibilidade, será necessário a demonstração da inviabilidade de competição por meio de documentos cedidos pelo fornecedor que atestem tal exclusividade. Esses documentos podem ser: (a) atestados; (b) contratos; (c) declarações; e (d) qualquer outro documento que possa comprovar a referida condição. Registre-se que a regra se aplica para objetos fornecidos ou prestados, tanto por empresa exclusiva quanto por representan- te exclusivo. 27UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS A título de exemplo, considere que uma determinada empresa seja detentora de uma patente, isto é, seu produto é patenteado. O detentor de uma patente impede que terceiros produzam ou vendam sem o seu consentimento. Nessa direção, somente a empresa que criou o produto, pode produzi-lo e comercializá-lo, inviabilizando assim uma futura competição. Assim sendo, se há essa inviabilidade e se a detenção da patente pode ser comprovada, a condição necessária para que a contratação direta nesta modalidade ocorra, está satisfeita. 2.3.2 Artista A contratação de profissional do setor artístico, por meio de inexigibilidade de licitação é bem recorrente e requer que tal contratação aconteça de forma direta ou por meio de empresário exclusivo. Em outras palavras, para que a hipótese de inexigibilidade seja configurada, o Artista precisa ser consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Ademais, uma contratação com essas características requer, caso não seja diretamente, que o empresário seja exclusivo. Mas afinal, o que é um empresário exclusivo? Vejamos o Art. 74, § 2º da Lei 14.133/2021, que leciona acerca dessa questão. Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de: § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua contrato, decla- ração, carta ou outro documento que ateste a exclusividade permanente e contínua de representação, no País ou em Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada a possibilidade de contratação direta por inexigi- bilidade por meio de empresário com representação restrita a evento ou local específico. Note que, para que o empresário seja considerado exclusivo, sua atuação precisa ser permanente e contínua em todo o território nacional ou em um estado específico. Re- gistre-se que empresários que atuem somente para um evento ou para um local específico não são considerados exclusivos, logo, não podem intermediar contratações de artistas por meio de inexigibilidade. 28UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 2.3.3 Serviços Técnicos A licitação também será inexigível em se tratando da contratação de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual, prestados por pro- fissionais ou empresas de notória especialização. Assim sendo, para que a hipótese de inexigibilidade seja configurada é preciso que haja associação entre serviços técnicos especializados, cuja natureza seja predominantemente intelectual à notória especialização. Mas afinal, o que são serviços técnicos especializados? De acordo com a legislação que regula essa forma de contratação, são serviços técnicos especializados: 5. Estudos, planejamentos, projetos; 6. Pareceres, perícias, avaliações; 7. Assessorias, consultorias, auditorias; 8. Fiscalização, supervisão, gerenciamento de obras ou serviços; 9. Defesa de causas judiciais ou administrativas; 10. Treinamento, aperfeiçoamento de pessoal; 11. Restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; 12. Controles de qualidade e monitoramento. Por outro lado, o que é notória especialização? A notória especialização decorre de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outro requisito relacionado com as suas atividades. A notória especialização faz com que a prestação de serviços do profissionalque a possui, seja considerado essencial e adequado à plena satisfação do objeto que se pretende contratar. Desta maneira, é possível observar que não é muito simples contratar serviços técnicos por meio de inexigibilidade, ao passo que a referida contratação requer uma série de comprovações. Não obstante, o legislador deixou claro que não será admitida a inexigibilidade se o serviço for de publicidade e divulgação. Ademais, ressaltou que em hipótese alguma a sub- contratação de profissionais ou empresas distintas daquelas que justificaram a contratação sem licitação, será admitida. 2.3.4 Credenciamento Para que você possa compreender como contratar diretamente, por meio de cre- denciamento, é preciso que primeiro você compreenda o que é credenciamento. Creden- ciamento, nada mais é do que um processo administrativo de chamamento público em que num primeiro momento convoca-se interessados em prestar serviços ou fornecer bens. 29UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Tais interessados se submetem ao edital de chamamento preenchendo os requi- sitos necessários e assim credencia-se para quando convocados executar o objeto corres- pondente ao supracitado edital. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hipóteses de contratação: Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hipóteses de con- tratação: I - paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa para a Admi- nistração a realização de contratações simultâneas em condições padroni- zadas; II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção do contratado está a cargo do beneficiário direto da prestação; III - em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante do valor da prestação e das condições de contratação inviabiliza a seleção de agente por meio de processo de licitação. Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão definidos em regulamento, observadas as seguintes regras: I - a Administração deverá divulgar e manter à disposição do público, em sítio eletrônico oficial, edital de chamamento de interessados, de modo a permitir o cadastramento permanente de novos interessados; II - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, quando o objeto não permitir a contratação imediata e simultânea de todos os credenciados, deverão ser adotados critérios objetivos de distribuição da demanda; III - o edital de chamamento de interessados deverá prever as condições pa- dronizadas de contratação e, nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, deverá definir o valor da contratação; IV - na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a Administração deverá registrar as cotações de mercado vigentes no momento da contratação; V - não será permitido o cometimento a terceiros do objeto contratado sem autorização expressa da Administração; VI - será admitida a denúncia por qualquer das partes nos prazos fixados no edital. Observe que o credenciamento requer dos interessados apenas o atendimento dos requisitos exigidos, ou seja, nada além dos requisitos, será exigido de tais fornecedores, como por exemplo, competição entre eles (motivo pelo qual o procedimento ocorre por inexigibilidade). Um exemplo é o credenciamento de psicólogos, para aplicação de testes psicológicos/avaliação psicológica para a concessão, manutenção e renovação de porte de armas de fogo a integrantes da guarda municipal. Nessa direção, a prefeitura poderia lançar um edital de credenciamento e todos os psicólogos que estivessem interessados 30UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS e que cumprissem aos requisitos do edital, poderiam se credenciar. A escolha do creden- ciado, para fins de execução do objeto, obedecerá a critérios claros e objetivos definidos em regulamento, conforme leciona o Art. 78, inciso I, § 1º da Lei 14.133/2021. Ademais, é importante ressaltar que desde que tempestivamente poderá qualquer uma das partes optar pela denúncia. Em se tratando de credenciamento, denúncia significa extinção do contrato. Em outras palavras, um dos psicólogos do exemplo acima, tempestivamente, deixa de ter interesse em continuar com o contrato e então resolve denunciá-lo. 2.3.5 Imóvel A aquisição ou locação de imóveis, na antiga lei de licitações, qual seja, a Lei 8.666/1993, era uma hipótese de dispensa de licitação, mas agora, com a nova lei, passou a ser caso de inexigibilidade. No entanto, para que a hipótese de inexigibilidade seja configu- rada, os requisitos previstos no Art. 74, § 5º da Lei 14.133/2021, precisam ser observados, sendo eles: Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de: § 5º Nas contratações com fundamento no inciso V do caput deste artigo, devem ser observados os seguintes requisitos: I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de utilização, e do pra- zo de amortização dos investimentos; II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e disponíveis que atendam ao objeto; III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser comprado ou locado pela Administração e que evidenciem vantagem para ela. Em outras palavras, quando a Administração Pública optar por adquirir ou locar um imóvel por meio de inexigibilidade, será necessário fundamentar as características e a localização que fundamentou tal escolha. Ademais, precisará, enquanto requisito avaliar previamente o bem; apresentar certificado de inexistência de imóvel público vago e dispo- nível; e justificar o motivo pelo qual tem que ser aquele imóvel e não outro. CONSIDERAÇÕES FINAIS 31UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Querido (a) aluno (a), Estamos terminando a unidade I que trata de aspectos introdutórios das licitações públicas, entre os quais, estão, o conceito de licitação; o âmbito de sua abrangência, os princípios constitucionais balizadores, e a contratação direta que se divide em dispensas e inexigibilidade. Vamos relembrar aqui, ainda que brevemente, tudo o que você estudou? Você se lembra que, em um primeiro momento, aprendeu o que é proposta van- tajosa para administração pública e que diante desse entendimento aprendeu o conceito de licitação, seus principais objetivos, bem como suas finalidades principais? Quanta coisa não é mesmo? Como ensinado um ente público não pode realizar suas compras da mesma forma que um ente privado, então para tal, precisa comprar por meio de procedimento administrativo, cuja denominação é a licitação. Em síntese, por meio desse procedimento, seleciona-se a proposta mais vantajosa para a Administração entre os interessados que atenderem ao seu chamamento. Ressalta-se que a administração, precisará resguardar a todos os interessados a possibilidade de participação no procedimento, bem como promo- ver o desenvolvimento nacional sustentável. Você se lembra também que aprendeu sobre os princípios basilares da licitação? Tais princípios são fundamentais para resguardar a lisura do procedimento e cada um preza por uma relevante parte do procedimento administrativo. Por fim, você aprendeu nesta unidade que existem algumas exceções à regra geral que é licitar. Em outras palavras, existem casos em que a Administração Pública, está desobrigada a licitar, casos determinados por Lei, onde o administrador público não decide sobre licitar ou não. Além dessa prerrogativa, têm-se as situações em que é possível licitar, mas dada a situação em que o órgão se encontra a desobrigação, mediante justificativa, também é possível, bem como situações em que em decorrência da impossibilidade de competição, a mesma não acontecerá. Espero que essa primeira unidade tenha sido proveitosa e que você tenha gostado de aprender sobre esse rico procedimento administrativo que é a Licitação. Um forte abraço! LEITURA COMPLEMENTAR 32UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS:ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PRINCÍPIOS GERAIS Toda atividade administrativa do Estado é regida pelos princípios da supremacia e da indisponibilidade do interesse público. O interesse público é aquele pertinente à socie- dade como um todo. É o interesse que a lei consagra e entrega à tutela do Estado como representante do corpo social. Sendo assim, é no âmbito do direito público, especialmente no Direito Constitucional e Administrativo que tais princípios têm seu apelo maior. Em nome da supremacia do interesse público, segundo lição de Maria Sílvia Zanella di Pietro, “o direito deixou de ser apenas instrumento de garantia dos direitos individuais e passou a ser visto como meio de consecução da justiça social, do bem comum, do bem- -estar coletivo.” As normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm como fundamento básico o atendimento do interesse público. É, portanto, pelo primado do benefício coletivo que a Administração Pública, regida por tais normas, deve atuar, fazendo-o em estrita conformidade com o que a lei preconiza. Ligado ao princípio da supremacia do interesse público está o de sua indisponibili- dade. Sobre ele, leciona Celso Antônio Bandeira de Mello que: sendo interesses qualifica- dos como próprios da coletividade – internos ao setor público -, não se encontram à livre disposição de quem quer que seja, por inapropriáveis. O próprio órgão administrativo que os representa não tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que lhe incumbe curá-los – o que é também um dever – na estrita conformidade do que predispuser a intentio legis. Dessa forma, os interesses públicos não se acham entregues à livre disposição da vontade do administrador público. Este tem o dever de curá-los e de realizá-los nos termos da finalidade a que estão restritos. A disponibilidade está permanentemente retida nas mãos do Estado. Por isso, a Administração Pública tem caráter apenas instrumental, devendo atuar em total conformidade com as determinações legais, ou seja, em obediência ao princípio da legalidade. Tal princípio é base para a configuração do regime jurídico-ad- ministrativo, caracterizado pela completa submissão da Administração às Leis. O agente público, responsável pela gestão dos recursos, portanto, tem toda a sua atividade definida em lei. Somente poderá praticar qualquer ato se a lei o tiver amparado ou previamente autorizado, e dentro dos limites desta lei. Ademais, como já dito, sua conduta estará sempre vinculada à realização do interesse público, princípio básico de toda e qualquer função administrativa. 33UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Para que a Administração possa atuar em estrita observância de tais princípios, atendendo ao interesse público, precisa recorrer, frequentemente, à colaboração de ter- ceiros, valendo-se da prestação de serviços e do fornecimento de bens pelos particulares. Para tal, utiliza-se do contrato administrativo, o qual, em regra, tem por pressuposto, para sua efetivação, a licitação. Fonte: PORTAL DE COMPRAS E LICITAÇÕES. Princípios Gerais. Disponível em: https://licitacoes.saquarema.rj.gov.br/licitacoes/principios-gerais/ Acesso em 04 out 2022. https://licitacoes.saquarema.rj.gov.br/licitacoes/principios-gerais/ MATERIAL COMPLEMENTAR 34UNIDADE 1 LICITAÇÕES PÚBLICAS: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS LIVRO Título: Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Comparada e Comentada) Autor: Rafael Carvalho Rezende Oliveira. Editora: Editora Forense. Sinopse: Além de trazer o quadro comparativo entre os disposi- tivos da nova Lei de Licitações e das Leis 8.666/1993 (Licitações), 10.520/2002 (Pregão) e 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratações Públicas), o livro contém comentários do autor em cada capítulo do novo diploma legal. A partir de uma linguagem clara e objetiva, apresentam-se as posições da doutrina e da jurisprudência, inclusive as decisões do Tribunal de Contas da União, sobre diversas questões polêmicas envolvendo a inter- pretação da Lei 8.666/1993, o que auxilia na compreensão das razões da manutenção ou da alteração de enunciados norma- tivos na nova Lei de Licitações. A comparação entre os regimes jurídicos anterior e atual revela-se pertinente não apenas para realçar as novidades consagradas na nova Lei de Licitações, mas também pelo fato de que a Lei 8.666/1993 continua em vi- gor por mais dois anos, a contar da publicação da nova lei, com exceção dos respectivos arts. 89 a 108, que foram revogados com a entrada em vigor do novo diploma legal. FILME/VÍDEO Título: Websérie: Nova Lei de Licitações |Episódio 16| Contra- tação Direta Ano: 2021. Link do Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XS_MZE- BOlzY https://www.youtube.com/watch?v=XS_MZEBOlzY https://www.youtube.com/watch?v=XS_MZEBOlzY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Fase interna; • Fase externa. Objetivos da Aprendizagem ● Compreender a fase interna do procedimento licitatório; ● Aprender as peculiaridades que envolvem a fase externa das licitações. 2UNIDADEUNIDADEDO PROCEDIMENTODO PROCEDIMENTOProfessora Me. Daniela Carla MonteiroADMINISTRATIVO LICITAÇÃO:ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO:PROVOCAÇÕES INICIAISPROVOCAÇÕES INICIAIS INTRODUÇÃO Olá, caro (a) aluno (a), Seja bem-vindo (a) a segunda unidade do livro Licitações, Contratos e Convênios. Nesta unidade, você aprenderá as fases interna e externa das licitações. Em outras palavras, você estudará as fases que compõem as licitações públicas, sendo elas: interna e externa. A fase interna compreende aquela fase preparatória, ou seja, é o momento de se pensar no que se quer comprar para a partir daí planejar a compra. Já a fase externa é aquela fase em que as negociações para a compra acontecem. A aprendizagem em questão é fundamental para o entendimento dos procedimentos administrativos que envolvem as licitações que vigoram para aquisições de bens e serviços, tanto para aqueles que estão do lado da administração pública, ou seja, que representam os contratantes, quanto para aqueles que estão do lado dos contratados, quais sejam, os fornecedores. Visando atingir os objetivos de aprendizagem elencados para esta unidade, a mesma foi dividida em dois tópicos. No primeiro tópico, você estudará a fase interna das licitações que é composta por descrição da necessidade de compra; definição do objeto; regras de execução e pagamento; orçamento estimado; elaboração do edital e da minuta do contrato; regime de fornecimento; regras sobre a licitação; e análise de riscos. No segundo tópico, por sua vez, você estudará a fase externa das licitações. A fase externa das licitações envolve, entre outros, impugnação administrativa; julgamento; habilitação; fase recursal; e atos da autoridade superior. Isto posto, quero deixar uma dica, sendo ela: aproveito o máximo que você puder, pois o aprendizado que será apresentado nesta unidade é indispensável para a sua formação. Espero que ao terminar esse estudo você tenha absorvido o máximo de conhecimento possível e que se sinta instigado em aprendermuito mais sobre licitações. Bons estudos! Professora Me. Daniela Carla Monteiro. 36UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3737 O presente título tem como propósito apresentar alguns dos procedimentos que compõem a fase interna e foi composto por um subtítulo. O subtítulo em questão, deno- minado de Fase interna: Aspectos introdutórios, foi subdividido em 8 (oito) seções. Cada seção é um pequeno recorte do caminho que a fase interna de uma licitação percorre. 1.1 Fase interna: Aspectos Introdutórios A fase interna da licitação compreende todos os atos administrativos preparatórios, ou seja, todos os atos que preparam uma licitação, os quais devem ser executados antes do edital se tornar público; por isso é denominada de fase interna. Por se tratar de uma fase interna, onde está se preparando “as regras” que comporão o edital, não há necessidade de se fazerem públicas as ações que as envolvem. Tais ações, entre outras providências, visam promover: (1) Descrição da necessidade da contratação; (2) Definição do objeto; (3) Regras de Execução e pagamento; (4) orçamento estimado; (5) Elaboração do Edital; (6) Elaboração da minuta do contrato (se for o caso); (7) Regime de Fornecimento; (8) Regras sobre licitação; (9) Análise de riscos. Vejamos, o que nos diz, o Art. 18 da Lei 14.133/2021, acerca da temática: Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada pelo plane- jamento e deve compatibilizar-se com o plano de contratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12 desta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, bem como abordar todas as considerações técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação, compreen- didos: TÓPICO 1 FASE INTERNATÓPICO 37UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS 38UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estudo téc- nico preliminar que caracterize o interesse público envolvido; II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por meio de ter- mo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo, conforme o caso; III - a definição das condições de execução e pagamento, das garantias exi- gidas e ofertadas e das condições de recebimento; IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utilizados para sua formação; V - a elaboração do edital de licitação; VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação; VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços ou de exe- cução de obras e serviços de engenharia, observados os potenciais de eco- nomia de escala; VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo de disputa e a adequação e eficiência da forma de combinação desses parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública, considerado todo o ciclo de vida do objeto; IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como justifica- tiva de exigências de qualificação técnica, mediante indicação das parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do objeto, e de qualificação econômico-financeira, justificativa dos critérios de pontuação e julgamento das propostas técnicas, nas licitações com julgamento por melhor técnica ou técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à participação de empresas em consórcio; X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a boa execução contratual; XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da licitação, observado o art. 24 desta Lei. § 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I do caput deste artigo deverá evidenciar o problema a ser resolvido e a sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabilidade técnica e econômica da contra- tação, e conterá os seguintes elementos: I - descrição da necessidade da contratação, considerado o problema a ser resolvido sob a perspectiva do interesse público; II - demonstração da previsão da contratação no plano de contratações anual, sempre que elaborado, de modo a indicar o seu alinhamento com o planeja- mento da Administração; III - requisitos da contratação; IV - estimativas das quantidades para a contratação, acompanhadas das me- mórias de cálculo e dos documentos que lhes dão suporte, que considerem interdependências com outras contratações, de modo a possibilitar economia de escala; 39UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS V - levantamento de mercado, que consiste na análise das alternativas pos- síveis, e justificativa técnica e econômica da escolha do tipo de solução a contratar; VI - estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão supor- te, que poderão constar de anexo classificado, se a Administração optar por preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação; VII - descrição da solução como um todo, inclusive das exigências relaciona- das à manutenção e à assistência técnica, quando for o caso; VIII - justificativas para o parcelamento ou não da contratação; IX - demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis; X - providências a serem adotadas pela Administração previamente à cele- bração do contrato, inclusive quanto à capacitação de servidores ou de em- pregados para fiscalização e gestão contratual; XI - contratações correlatas e/ou interdependentes; XII - descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas medidas miti- gadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de energia e de outros recur- sos, bem como logística reversa para desfazimento e reciclagem de bens e refugos, quando aplicável; XIII - posicionamento conclusivo sobre a adequação da contratação para o atendimento da necessidade a que se destina. § 2º O estudo técnico preliminar deverá conter ao menos os elementos pre- vistos nos incisos I, IV, VI, VIII e XIII do § 1º deste artigo e, quando não con- templar os demais elementos previstos no referido parágrafo, apresentar as devidas justificativas. § 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar para contratação de obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada a inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de desempenho e qualidade almejados, a espe- cificação do objeto poderá ser realizada apenas em termo de referência ou em projeto básico, dispensada a elaboração de projetos. Numa leitura inicial, do caput do artigo, é possível observar que a fase interna, também conhecida como preparatória, é aquela onde a licitação será planejada. É nessa fase, que será investigado questões técnicas, mercadológicas e de gestão que poderão caracterizar o objeto que será licitado, bem como que poderão interferir na contratação. Registre-se que o referido planejamento deve ser compatível com o plano de contratações anual e com as leis orçamentárias. Isto posto, vamos analisar, isoladamente, cada um dos incisos que compõem essa estrutura de planejamento, ao passo que eles são indispensá- veis para a perfeita compreensão da fase interna. 40UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS 1.1.1 Descrição da Necessidade de Compra A descrição da necessidade de se comprar um determinado produto ou contratar um determinadoserviço, além de constituir o pontapé inicial de uma licitação, é de extrema relevância, pois é a partir da descrição da necessidade de contratação que a autorização para licitar será pleiteada. Em outras palavras, sendo a necessidade de contratação identi- ficada, o responsável pela mesma deverá descrevê-la e requerer à autoridade competente a abertura de uma licitação. Registre-se que identificar a necessidade de contratação e descrevê-la não é algo complexo, muito pelo contrário, visualizar o que está faltando e o que é necessário comprar ou contratar é um procedimento simples, porém importante. É como fazer uma lista de compras para ir ao supermercado. Por outro lado, a depender da natureza do objeto, a descrição da necessidade de contratação deverá ser fundamentada em estudo técnico preliminar. É este estudo que caracteriza o interesse público em apreço. 1.1.2 Definição do Objeto A definição do objeto deve ser realizada por meio de termo de referência; anteprojeto; ou projeto básico/executivo. Num primeiro momento, parece uma tarefa sim- ples, mas não é, e vou te explicar o porquê. Requerer esse bem e/ou serviço por meio de uma descrição que “não direcione” a licitação é algo extremamente difícil. É muito comum, sempre que pensamos em comprar ou adquirir um bem e/ou serviço, pensarmos em uma determinada marca. Como a lei de licitações proíbe tal conduta, delimitar um produto ou serviço cujas inúmeras marcas possam atendê-lo não é um processo simples. Muitas vezes, dependendo do produto ou serviço a ser delimitado, nem os próprios interessados na compra, sabem o que realmente querem e/ou necessitam em termos de descrição do produto. Via de regra, essa delimitação do produto ou serviço deve ser realizada por técnicos da Administração Pública que possuam conhecimento para tal atividade, ao passo que a descrição do produto ou serviço deve promover competitividade, ou seja, deve proporcionar a inserção do maior número possível de participantes. 1.1.3 Regras de execução e pagamento No tocante às regras de execução e pagamento, é importante destacar que são informações de suma relevância, pois é a partir delas que o fornecedor verificará se terá condições de atender o órgão, caso se submeta a licitação. Em outras palavras, as regras de execução e pagamento, estando bem definidas, poderá fazer com que fornece- 41UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS dores desistam de participar por entenderem que não terão condições de executar daquela forma, bem como que não poderão esperar por aquele prazo de pagamento. Note que, as regras de execução e pagamento tem uma importante função, qual seja, esclarecer tais regras para os possíveis e prováveis contratados e orientar o contratante sobre o que pode ser cobrado ou não. A título de exemplo, as regras de execução compreendem: dias de entrega; horários de entrega; quantidades a serem entregues; locais de entrega; prazo para conclusão das entregas; entre outros. Já os prazos para pagamento da nota fiscal após a entrega, a forma de pagamento (Pix ou Depósito), etc., estão compreendidos nas regras de pagamento. 1.1.4 Orçamento estimado O orçamento estimado, inicia-se com a pesquisa de mercado acerca do valor que em média está se praticando para com o referido produto ou serviço que se pretende contra- tar. Tal pesquisa tem por objetivo nortear o administrador público, ou seja, a administração precisa ter uma ideia do preço do produto ou serviço que quer comprar para que assim evite contratar com fornecedores que apresentem propostas de preços com valores muito acima ou muito abaixo do valor praticado pelo mercado. Assim sendo, os responsáveis por tais atividades geralmente realizam pesquisas de preços no mercado com pelo menos três fornecedores do ramo que se pretende licitar. Essa tarefa é um tanto quanto árdua, pois os fornecedores não se dispõem com facilidade a orçar para a administração pública, haja vista que, além de saberem que o orçamento apenas servirá para constituir o processo licitatório e orientar a administração pública, os mesmos são trabalhosos, pois envolvem uma considerável gama de produtos que são descritos de maneira bem complexa. Para você ter uma ideia, uma licitação de gêneros alimentícios, via de regra, é composta por mais de 100 itens. Já imaginou cotar 100 itens sem expectativa de venda? Provavelmente essa cotação acontecerá cheia de falhas e/ou riscos. Tal condição, pode gerar uma licitação frustrada. A frustração é consequência dos preços que vão parar nos editais como preço máximo estabelecido ou de referência que ora são atrativos demais, dando indícios de que é possível realizar vendas com valores bem acima do valor de mer- cado, ora são inviáveis, o que por sua vez pode resultar numa licitação deserta, ou seja, sem possíveis e prováveis interessados. Um outro ponto importante e que merece ser discutido quando o assunto é orça- mento, é o seu caráter, que pode vir a ser sigiloso. Vejamos, o que nos diz, o Art. 24 da lei 14.133/2021, sobre o assunto: 42UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estimado da contratação poderá ter caráter sigiloso, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quanti- tativos e das demais informações necessárias para a elaboração das propos- tas, e, nesse caso: I - o sigilo não prevalecerá para os órgãos de controle interno e externo; II - (VETADO). Parágrafo único. Na hipótese de licitação em que for adotado o critério de jul- gamento por maior desconto, o preço estimado ou o máximo aceitável cons- tará do edital da licitação (grifo nosso). Observe que, desde que mediante justificativa, o orçamento poderá ser sigiloso, embora seja indispensável que os quantitativos e demais informações sejam divulgadas. Ademais, registre-se que o sigilo não prevalecerá sobre o controle interno e externo. Por outro lado, se o critério de julgamento for do tipo maior desconto, o preço máximo deverá constar no edital. O fluxograma 01, apresenta de forma bem objetiva, o que estudamos até aqui, em termos de orçamento sigiloso FLUXOGRAMA 01: SIGILO DO ORÇAMENTO Fonte: Adaptado de: ALMEIDA, H. Nova Lei de Licitações Esquematizada. 3. ed. [S. l.: s. n.], 2021. 43UNIDADE 2 DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LICITAÇÃO: PROVOCAÇÕES INICIAIS Você sabia que é facultativa a declaração do sigilo de orçamento e que a mesma depende de motivação? Fonte: A autora (2022). Estimado o orçamento, faz-se necessário averiguar se existe ou não dotação or- çamentária para fazer frente a esse processo licitatório. Ressalta-se que a indicação da dotação orçamentária deve constar no instrumento convocatório, ao passo que tal indicação “assegura” o pagamento decorrente das obrigações assumidas com o fornecedor. 1.1.5 Elaboração do Edital e da minuta do contrato A elaboração do Edital deve prever o que leciona o Artigo 25 da Lei Geral n.º 14.133/2021. Vejamos o que ele nos diz: Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à entrega do objeto e às con- dições de pagamento. § 1º Sempre que o objeto permitir, a Administração adotará minutas padroni- zadas de edital e de contrato com cláusulas uniformes. § 2º Desde que, conforme demonstrado em estudo técnico preliminar, não sejam causados prejuízos à competitividade do processo licitatório e à efi- ciência do respectivo contrato, o edital poderá prever a utilização de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas existentes no local da execu- ção, conservação e operação do bem, serviço ou obra. § 3º Todos os elementos do edital, incluídos minuta de contrato, termos de referência, anteprojeto, projetos e outros anexos, deverão ser divulgados em sítio eletrônico
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