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ATIVIDADE 03 – CITOLOGIA ONCOTICA O exame preventivo não é aplicado somente para o rastreamento das lesões precursoras do câncer de colo uterino. Processos infecciosos podem ser detectados ao analisar o preventivo, assim como a citologia cérvico-vaginal também contribui para o reconhecimento e a avaliação da intensidade dos processos inflamatórios do trato genital, em certos casos, estabelecendo a natureza do agente causal. Além disso, esfregaços inflamatórios são difíceis de serem interpretados e podem confundir o analista clínico. Cite e descreva quais podem ser as possíveis causas de inflamação na região cervical. RESPOSTA: A vagina e o colo do útero podem conter uma enorme gama de microrganismos, que, em algumas circunstâncias, podem interagir com agentes externos e causarem processos patológicos na região do trato feminino genital, como as cervicovaginites, as maiores causas de corrimentos vaginais. No trato genital feminino, podem existir os microrganismos da flora vaginal normal e os patogênicos. Na flora normal, ocorre a predominância de bactérias do gênero Lactobacillius e, em menor quantidade, bactérias do gênero Bifidobacterium. Esses dois gêneros são responsáveis pelo equilíbrio do pH vaginal. É importante ressaltar que, sem a presença dessas bactérias, o trato vaginal fica suscetível a microrganismos da flora patogênica, em que predomina a presença de organismos transitórios, ou seja, microrganismos externos, que são capazes de causar infecções. Dentre os organismos predominantes, destaca-se a presença do fungo Candida albicans, das bactéricas Gardnerella vaginalis e Chlamydia trachomatis e dos microrganismos do gênero Fusobacterium (INSTITUTO, 2011). A inflamação é um mecanismo de defesa do organismo que age contra agentes agressores interno e externos. Normalmente, após a inflamação, ocorre uma reação ao agente agressor por meio dos neutrófilos no TGF (trato genital feminino), seguida de uma reparação do tecido lesionado (GAMBONI; MIZIARA, 2011). No TGF, encontramos duas situações de inflamação: aguda e crônica. A inflamação aguda é caracterizada pela formação de novos capilares e pelo surgimento de piócitos e neutrófilos, que adentram a região de tecido lesionado. Já na inflamação crônica, o estímulo ocorre em função de um processo inflamatório que não cessou, ou seja, um estímulo persistente de alguns microrganismos ou até mesmo uma relação de parasitismo de alguns protozoários com o TGF. Na inflamação crônica, é comum encontrarmos linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e histiócitos. Algumas alterações microscópicas inflamatórias são comuns nesses processos. Entretanto outras são características de processos patológicos comuns para algumas condições, como no caso do vírus da herpes, ou específicos do bacilo de Koch. Portanto, é possível encontrar somente em algumas ocasiões quais são os agentes que estão nos esfregaços cérvico-vaginais, causadores dos processos inflamatórios (KOSS; GOMPEL, 2006). Algumas alterações citológicas se destacam no formato das células do TGF. Algumas células apresentam formatos citoplasmáticos e celulares aberrantes, além de uma mudança na atividade tintorial celular (GAMBONI; MIZIARA, 2011). Em células inflamadas, as características são os contornos nucleares e citoplasmáticos irregulares, em que não é visível a delimitação do fim. Outras características dessas células são a pseudoeosinofilia, ou seja, algumas células não devem apresentar o padrão de coloração rosa e, devido ao processo de inflamação, isso ocorre, além de dupla afinidade tintorial (ARAÚJO, 2012). O halo perinuclear também é uma alteração citológica comum, encontrado em lâminas inflamatórias. Em algumas situações, as amostras apresentam achados que podem evidenciar halos perinucleares em número de dois, além de agrupamento de piócitos sobre uma célula escamosa, que quando visível nas lâminas, esse achado é conhecido como "bala de canhão". É importante destacar que o halo nuclear é característico de infecções por protozoários Trichomonas e por infecções virais por HPV (GAMBONI; MIZIARA, 2011). Uma outra característica que pode ser evidenciada, é a presença de vacúolos citoplasmáticos, que vão surgir durante a inflamação em resposta a distúrbios relacionados à troca de água entre o meio intracelular e extracelular, portanto, são resultantes de acúmulos citoplasmáticos de água. Segundo Araújo (2012), é comum encontrarmos, como alteração citológica, as anomalias nucleares conhecidas como multinucleações, que ocorrem pelo surgimento de dois ou mais núcleos em uma célula. As multinucleações acontecem por infecções pelo vírus da herpes e do HPV, que são responsáveis por aumentar a quantidade e volume de núcleos em uma célula. É importante destacar que a multinucleação só deve ser uma alteração valorizada quando o tamanho, a forma e a estrutura da cromatina nos núcleos estiverem de forma bem variada. Além das multinucleções, as células também podem apresentar alterações com núcleos volumosos devido ao aumento da cromatina. Essas alterações são conhecidas como cariomegalia e ocorrem por infecções de HPV. Assim, é comum que essas alterações sejam evidenciadas por meio de processos inflamatórios por HPV, algumas necroses celulares em função da fragmentação nuclear são conhecidas como cariorrexe (ARAÚJO, 2012). Essas alterações celulares benignas podem ser seguidas de infecção, por exemplo, por fungos. Já as alterações com aparecimento de células reativas podem estar associadas a inflamação por atrofia, radiação, dispositivo intrauterino (DIU) e outros. Em especial, nas anormalidades em células epiteliais, as atipias podem ser de significado indeterminado, lesão intraepitelial de baixo grau e lesão intraepitelial de alto grau. As lesões inflamatórias do colo uterino e vagina são comumente observadas, em particular em mulheres de países tropicais em desenvolvimento. A inflamação cervical é devida principalmente à infecção (em geral, mista ou por vários microorganismos); outras causas compreendem corpos estranhos (dispositivo intra-uterino, tampão retido etc.), traumatismo e irritantes químicos como géis ou cremes. As lesões inflamatórias estão associadas com corrimento mucopurulento, soropurulento, branco ou seroso e sintomas como dor abdominal baixa, dor lombar, prurido e dispareunia. Como mencionado anteriormente, são mais comumente causadas por infecções ou corpos estranhos irritantes. Os microorganismos infecciosos comumente causadores de tais lesões incluem protozoários como Trichomonas vaginalis; fungos como Candida albicans; crescimento excessivo de bactérias anaeróbias (Bacteriodes, Peptostreptococcus, Gardnerella vaginalis, Gardnerella mobiluncus) em uma afecção como a vaginose bacteriana; outras bactérias como Chlamydia trachomatis, Haemophilus ducreyi, Mycoplasma hominis, Streptococcus, Escherichia coli, Staphylococcus e Neisseria gonorrhoea e vírus como o vírus do herpes simples. A inflamação cervical provoca um corrimento diário que pode ser ou não pruriginoso, purulento, fétido ou espumoso, que mancha a roupa de baixo e requer o uso regular de absorventes higiênicos. Essas afecções inflamatórias são sintomáticas e devem ser identificadas, diferenciadas da neoplasia cervical e tratadas. Em caso de dúvida, deve-se fazer uma biopsia. Cervicovaginite refere-se à inflamação do epitélio escamoso da vagina e do colo uterino. Neste quadro, a mucosa cervical e vaginal responde à infecção com uma reação inflamatória que é caracterizada pela destruição das células superficiais. Esta conduz à descamação e ulceração, que causam uma redução da espessura epitelial devido à perda de células da camada superficial e de parte da camada intermediária (que contêm glicogênio). Nas camadas mais profundas, as células sofrem tumefação com infiltração de neutrófilos no espaço intercelular.A superfície do epitélio é recoberta por resíduos celulares e secreções inflamatórias mucopurulentas. O tecido conjuntivo subjacente sofre congestão, com dilatação dos vasos superficiais e as papilas do estroma se tornam hipertróficas e dilatadas. Cervicite é o termo usado para indicar a inflamação que acomete o epitélio colunar do colo uterino. Causa congestão do tecido conjuntivo subjacente, descamação celular e ulceração com secreção mucopurulenta. Se a inflamação persiste, as vilosidades tornam-se mais delgadas e há perda do aspecto botrióide (semelhante à uva) e a mucosa pode secretar menos muco. Em ambos as afecções anteriores, depois de inflamação e necrose tecidual repetidas, as lesões regeneram e o tecido necrótico é eliminado. O epitélio recém- formado apresenta numerosos vasos e a proliferação de tecido conjuntivo dá origem à fibrose de grau variável.
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