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Indaial – 2019 Práticas de elementos de máquinas Prof.a Vanessa Moura de Souza 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.ª Vanessa Moura de Souza Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: SO729p Souza, Vanessa Moura de Práticas de elementos de máquinas. / Vanessa Moura de Souza. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 170 p.; il. ISBN 978-85-515-0388-1 1. Elementos de máquinas. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 620 III aPresentação Caro acadêmico! Neste momento, você está iniciando o estudo da disciplina de Prática de Elementos de Máquina, que tem como objetivo complementar as disciplinas de Elemento de Máquina I e II através de teorias e técnicas de estudos atuais, assim como sugestões de projetos e práticas. Seja bem-vindo! Sou a professora Vanessa Moura de Souza, Engenheira Mecânica, Mestre em Engenharia com ênfase em processos de fabricação, Especialista em Educação para Engenharia, cursando doutorado e lecionando há alguns anos. É com grande satisfação que escrevo este livro didático com o intuito de que você, acadêmico, se aproxime desta disciplina e perceba quanto o seu estudo é indispensável na otimização de produtos, na implementação de novas tecnologias, na prevenção de falhas e melhorias de processos já existentes. Nossa meta, como professora de mecânica, é através deste livro didático despertar seu interesse pela disciplina, pela pesquisa científica, preparando-o para uma formação profissional promissora e concreta. Na Unidade 1, estudaremos as técnicas que norteiam os projetos em engenharia: aplicações, questões organizacionais e patentes assim como estrutura de máquina nos quesitos de designer e ergonomia. Estudaremos também a tribologia das superfícies e aplicação desses conceitos no aumento da vida útil de ferramentas com a engenharia de superfície. A Unidade 2 abrangerá um conceito mais prático: mecanismos, seus pares e aplicações seguido de ensaios mecânicos e tribológicos para garantirem a escolha certa de cada elemento de máquina. A Unidade 3 contempla as ferramentas de análise de projetos, contemplando estudos tecnológicos recentes. Com o estudo dessa unidade, você será capaz de projetar peças e máquinas, além de realizar pequenas simulações com elementos finitos. Boa leitura e bons estudos! Prof.ª Vanessa Moura de Souza IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES..........................................................1 TÓPICO 1 – TÉCNICAS DE PROJETO .............................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 TÉCNICAS DE PROJETOS E PATENTES .....................................................................................4 3 ESTRUTURA E DESIGN DE MÁQUINAS ...................................................................................7 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................24 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................25 TÓPICO 2 – TRIBOLOGIA..................................................................................................................31 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................31 2 DEFINIÇÃO .........................................................................................................................................32 3 ASPECTOS TRIBOLÓGICOS DA CONFORMAÇÃO MECÂNICA ......................................35 4 ATRITO E DESGASTE ......................................................................................................................37 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................41 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................42 TÓPICO 3 – ENGENHARIA DE SUPERFÍCIES .............................................................................43 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................43 2 MATERIAIS DE ENGENHARIA .....................................................................................................43 3 TÉCNICAS DE ENGENHARIA DE SUPERFÍCIES ....................................................................51 3.1 ASPERSÃO TÉRMICA OXICOMBUSTÍVEL DE ALTA VELOCIDADE – HIGH VELOCITY OXYFUEL (HVOF) .........................................................................................53 3.1.1 Preparação de superfície para deposição do revestimento ............................................55 3.2 NITRETAÇÃO A PLASMA ..........................................................................................................56 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................59 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................64 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................65 UNIDADE 2 – ENSAIOS MECÂNICOS EM ELEMENTOS DE MÁQUINAS E MECANISMOS ..............................................................................67 TÓPICO 1 – MECANISMOS ...............................................................................................................69 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................69 2 TIPOS DE MECANISMO ................................................................................................................69 3 MECANISMOS APLICADOS..........................................................................................................77 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................85AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................86 TÓPICO 2 – ENSAIOS MECÂNICOS ...............................................................................................87 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................87 2 ENSAIO DE FLUÊNCIA....................................................................................................................88 3 ANÁLISE DE VIBRAÇÕES APLICADAS À DETECÇÃO DE FALHAS ................................89 4 ENSAIO POR ULTRASSOM ..........................................................................................................92 5 APLICAÇÕES EM ELEMENTOS DE MÁQUINAS ....................................................................94 sumário VIII 5.1 TÉCNICAS DE DETECÇÃO DE FALHAS EM ROLAMENTOS ...........................................94 5.2 ANÁLISE DE TENSÕES EM DENTES DE ENGRENAGENS ................................................97 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 TÓPICO 3 – ENSAIOS TRIBOLÓGICOS ........................................................................................101 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101 2 TRIBÔMETRO ....................................................................................................................................101 3 PINO NO DISCO ................................................................................................................................104 4 ESFERA NO DISCO ...........................................................................................................................105 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................110 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................115 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................116 UNIDADE 3 – FERRAMENTAS DE ANÁLISE ...............................................................................119 TÓPICO 1 – DESENHO DE MÁQUINA ..........................................................................................121 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121 2 CROQUI E ESBOÇO DIGITAL ......................................................................................................122 3 PROTOTIPAGEM DE ELEMENTOS DE MÁQUINAS .............................................................128 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................131 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................132 TÓPICO 2 – SIMULAÇÃO POR ANÁLISE DE ELEMENTOS FINITOS ..................................133 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133 2 ANÁLISE DE ELEMENTOS FINITOS ..........................................................................................134 3 FERRAMENTA COMPUTACIONAL GRÁFICA: CÍRCULO DE MOHR ..............................137 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................140 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141 TÓPICO 3 – ESTUDOS DE CASO .....................................................................................................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143 2 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS NO ESTUDO DAS TENSÕES DE FLEXÃO EM ENGRENAGENS ................................................................................................143 3 ANÁLISE DAS SOLICITAÇÕES DO BRAÇO DO FREIO DE UMA BICICLETA ...............148 4 ANÁLISE DAS SOLICITAÇÕES EM UM MECANISMO DE QUATRO BARRAS .............153 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................159 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................163 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................165 1 UNIDADE 1 PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender o conceito de projeto vinculado à engenharia e a produtos; • identificar patentes, executar buscas e confecções básicas; • aplicar os conceitos da tribologia em projetos mecânicos; • selecionar materiais conforme sua aplicação; • otimização de vida útil de superfícies através de técnicas de revestimento. Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles você encontrará atividades visando à compressão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – TÉCNICAS DE PROJETO TÓPICO 2 – TRIBOLOGIA TÓPICO 3 – ENGENHARIA DE SUPERFÍCIE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 TÉCNICAS DE PROJETO 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, você já refletiu a respeito da importância dos projetos de máquina? Da manufatura aplicada em produtos brutos? Países de terceiro mundo são países que se caracterizam por apenas ser regiões de extração e fabricações simples, manutenção para manter esse ciclo; enquanto países de primeiro mundo desenvolvem, criam, inovam e agregam valor a produtos. É de suma importância que nós, futuros engenheiros, sempre trabalhemos no sentindo de manufaturar para potencializar a matéria-prima, ou seja, agregar valor e desenvolvê-la para aumentar os lucros e os ganhos por trás de cada venda. Atualmente, o Brasil é competitivo em uma série de itens, mas em sua maioria, com produtos de baixo valor agregado, por exemplo, café, soja, suco de laranja, celulose, minério de ferro. Vamos fazer uma comparação? Se em termos kg a soja custa R$ 0,10, o ferro R$ 10,00, um automóvel R$ 100,00, um avião R$ 10.000,00 e um satélite 50.000,00, pode-se perceber que quanto mais processos de manufatura envolvidos na produção do item ou quanto mais complexo é o material maior será o valor de venda. Por isso, a importância de aplicarmos os conhecimentos obtidos, buscando sempre o desenvolvimento das matérias-primas obtidas. Segundo Asimow (1968), projeto de engenharia é uma atividade orientada para o atendimento das necessidades humanas, principalmente aquelas que podem ser satisfeitas por fatores tecnológicos da nossa cultura. É um processo inovador e altamente interativo, multidisciplinar e de tomada de decisões, algumas próprias da criatividade do engenheiro, outras técnicas e legislativas. A engenharia é uma mistura criteriosa de ciência e arte; em que a ciência consiste no conhecimento organizado e a arte na habilidade adquirida, ou seja, na criatividade, intuição, estudo, observação e experiência. O engenheiro deve possuir habilidades suficientes para prever situaçõesde risco, além de saber relacionar tecnologia, fabricação com designer, ética e economia. Ao longo deste tópico, estudaremos alguns desses aspectos. UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 4 2 TÉCNICAS DE PROJETOS E PATENTES A abordagem científica, sua organização e métodos começaram a ser estudadas e interpretadas a partir dos anos 1950 devido ao grande progresso tecnológico obtido durante a Segunda Guerra Mundial. A primeira Conferência de Técnicas de Projetos aconteceu em Londres em 1962 e é considerada o evento que marcou o lançamento de metodologia de projeto como objeto de pesquisa. A primeira geração de pesquisadores desta área foi Asimow (1962), Woodson (1966), Cain (1969), Koller (1976), Rodenacker (1976), Pahl e Beitz (1977) com abordagens específicas de métodos de projeto. Já na segunda geração descaram-se os estudiosos Blanchard e Fabrycky (1981), Pugh (1991), Ullman (1992), Clausing (1993), Rozemburg e Eekels (1995), Ulrich (1995), que abordaram adaptação de mercado consumidor globalizado, ou seja, conhecimento específico vinculado às necessidades do cliente. Atualmente, um projeto cria e resolve circunstâncias que a sociedade, às vezes, sequer tinha noção de que necessitava; no século passado os projetos atendiam necessidades imediatas da sociedade, não se previam essas situações antes delas chegarem aos clientes. Existem diversos tipos de projetos, entre os quais se destacam: • Projeto adaptativo – é baseado em um projeto já existente, porém os princípios de solução são conservados. Envolve adaptação de produto, atualização. • Projeto evolutivo – inicia-se sobre um projeto existente focando na atualização, por exemplo escala, limites, conceitos. • Projeto inovador – é um projeto totalmente novo, porém baseado em princípios científicos e uso da criatividade. Não está necessariamente relacionada a uma invenção em si (ASIMOW, 1968). Há também os projetos baseados em métodos (ASIMOW, 1968): • Projeto racional – é baseado pela determinação das tensões e deformações e assim dimensionado os componentes. • Projeto empírico – baseado em fórmulas empíricas e experimentado na prático, pela observação e experiência. • Projeto industrial – relacionado com as considerações industriais, normas versus mercado, observações da concorrência, capacidade instalada, baixo custo, padrões e otimização. Criatividade é a capacidade das pessoas gerarem novos projetos, produtos ou ideias que, até o momento da geração eram completamente desconhecidos do criador, e esse elemento é diferente de inovação. Inovação é um processo de seleção e tradução de uma ideia em realidade enquanto a criatividade é apenas a geração da ideia em si. Todo tipo de projeto inicia através da mesma prerrogativa: criatividade (FABRYCKY, 1981). Claro, sem dúvidas, há uma série de etapas que devem ser consideradas no desenvolvimento de um produto, conforme se observa na Figura 1, mas a criatividade aliada a recursos técnicos, sempre estão presentes. TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 5 FIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE PRODUTO: PROCESSO DE PROJETO FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2017, p. 11) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/3950501/mod_resource/content/0/aula2_tecnicas_de_projeto.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2019. Reconhecimento da necessidade Definição do problema Síntese Análise e otimização Avaliação Documentação A ruptura da tecnologia existente e a adoção de uma tecnologia inovadora se dá com o passar do tempo, com a resposta do mercado. As fases fundamentais de um projeto se baseiam na Figura 1, na qual: • O reconhecimento da necessidade são as informações sobre a necessidade de um produto. Envolve pesquisa de mercado, oportunidades, tecnologia, criatividade, definição do produto, segmento do mercado e riscos. • Já a definição do problema são as especificações do produto. • A síntese do produto está relacionada ao projeto propriamente dito: conceito, forma, design e dimensões. Emprega-se modelagem geométrica nesta etapa, geralmente por Desenho Assistido por Computador (CAD). • Análise e otimização é a análise e melhoria da proposta apresentada pela síntese do produto, empregam-se cálculos e simulações através de Engenharia Assistido por Computador (CAE). • Avaliação do protótipo físico ou digital, verifica-se o atendimento das especificações impostas na definição do problema. • Documentação, desenhos de fabricação e métodos, novamente utiliza-se o desenho automatizado (FORTULAN, 2019). É muito importante a utilização destas etapas na pesquisa e concepção de um projeto ou produto, como se pode ver na Figura 2, quanto maior o investimento em conceito e planejamento menor será o custo com protótipos e com a produção em si. FIGURA 2 – GRÁFICO DESEMPENHO X CUSTO FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2017, p. 18) <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3950501/mod_resource/content/0/aula2_tecnicas_ de_projeto.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2019. Con ceit ual Plan ejam ent o Pro tóti po Pro duç ão UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 6 Outra etapa interessante e necessária ao desenvolver um produto é a confecção de uma patente. Patente é uma concessão pública, conferida pelo estado, que garante ao seu titular a exclusividade ao explorar comercialmente a sua criação. A propriedade intelectual é um fator decisivo para o desenvolvimento econômico e social sustentável de um país, pois, para somar a sua competitividade precisa criar um ambiente de negócios de modo a proporcionar as empresas a proteção ao investimento e ao estímulo a inovação e a capacitação tecnológica. Logo, é essencial a existência de um respaldo jurídico por meio de uma legislação atual sobre as regras para marcas e patentes e sobre a propriedade intelectual (ROZEMBURG, 1995). Entre as nações que buscam posicionar a produção do conhecimento no meio do desenvolvimento econômico e social, o Brasil se encontra em situação intermediária. A defesa da propriedade intelectual produziu efeitos benéficos para as grandes potências e para as economias emergentes, a utilização do sistema de propriedade intelectual proporciona desenvolvimento econômico, tecnológico e social pois instiga a produtividade e a geração de empregos internos. No Brasil, o órgão que gerencia a emissão de patentes é o Instituto Nacional de Produtividade Intelectual (INPI). Este instituto exige minimamente um relatório descritivo para o pleito de uma patente. De acordo com Marson (2014), toda patente bem redigida contém os itens: • Título • Campo da invenção • Estado da técnica • Objetivo da invenção • Sumário da invenção • Breve descrição das figuras • Descrição detalhada da invenção • Reivindicações • Resumo. O título deve descrever detalhadamente a patente, incluindo palavras- chave e de maneira objetiva. No campo de invenção faz-se uma descrição da utilização da patente, ou seja, onde ela se insere, como definida. O estado da técnica é a relação com outras patentes já existente, comparando, diferenciando e defendendo o ineditismo dela; mostram-se as inovações e o que existe não atende às necessidades atuais. O objetivo da invenção, como próprio nome diz, significa apresentar quais são as metas e expectativas da criação e, mais uma vez, demonstrar seu diferencial. Na sequência temos o sumário da invenção o qual engloba a descrição resumida das funcionalidades da criação, seu funcionamento seguido da breve descrição das figuras. Por fim, na descrição detalhada da invenção se faz a explicação da invenção e se buscam as figuras e seus números para explicar o funcionamento do equipamento, também se reforçam as diferenças com as outras patentes e declara-se que todo o descrito é objeto de patente. As reivindicações são enumeradas de 1 a n, a partir de 10 haverá custo adicional. TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 7 Reivindicação 1 – apresentação da principal reivindicação, a caracterização; a Reivindicação 2 – deve ser relacionada coma anterior e assim sucessivamente, por exemplo: dispositivo, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pela justificativa adequada do processo. O resumo deve apresentar o título e resumo da patente, em parágrafo único. Durante o processo de documentação e estabelecimento da patente podem ocorrer questionamentos, pois os técnicos responsáveis executam um relatório de busca de anterioridade, por isso, é importante descrever e caracterizar a criação, sabendo desenvolver respostas e mostrar as diferenças e ineditismo, caso encontrado um produto similar na busca, defendendo assim a patente. Acadêmicos! Neste link, você terá acesso a um exemplo de desenvolvimento de patente e todo o passo a passo de confecção. Acesse e aproveite: https://edisciplinas. usp.br/course/view.php?id=51891. DICAS 3 ESTRUTURA E DESIGN DE MÁQUINAS Máquina é um dispositivo, engenho, equipamento capaz de transformar uma forma de energia em outro ou utilizar essa energia para produzir determinado mecanismo. Facilita a realização de um trabalho, pois de acordo de Koller (1976), é capaz de: • transferir uma força de um lugar para outro; • mudar a direção de uma força; • aumentar a magnitude de uma força; • aumentar a velocidade de uma força; • automatizar uma força. Uma máquina é constituída basicamente de estrutura, movimentação, atuação e controle, conforme mostra a Figura 3. FIGURA 3 – CONSTITUINTES DE UMA MÁQUINA FONTE: A autora Estrutura • Material • Desenho • Fabricação Movimentação • Linear • Rotativo • Contínuo • Pulsante Atuação e Controle • Hidráulico ou Pneumático • Rotativo de motor • Precisão e estabilidade UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 8 É de extrema importância a consideração de alguns aspectos em um projeto de máquina, nessa mesma estrutura da Figura 3, como os tipos de cargas e tensões causadas pelo carregamento, por exemplo: cargas estáticas e dinâmicas, choques eventuais ou impactos relacionados à velocidade de aplicação, tensões normais de tração e compressão, cisalhamento, flexão e tensões térmicas. O desenho e as dimensões serão determinados pela aplicação de forças ou torque nos componentes de tal forma que uma falha, ruptura ou deformação excessiva não ocorra. Além da cinemática da máquina, ou seja, os movimentos dos componentes, é necessário encontrar uma disposição simples, mas eficiente. Associado à seleção dos materiais, suas propriedades e comportamento em condição de trabalho: resistência, dureza, durabilidade, flexibilidade, peso, resistência ao calor, corrosão, condutividade elétrica, usinabilidade, entre outros. A estrutura tem a função de receber esforços, ter resistência e rigidez necessária; também localiza e posiciona os componentes, amortece as vibrações, recebe e conduz calor, logo, é necessário projetar as questões de expansão térmica e condutividade. Precisa ser uma estrutura funcional, ergonômica e estética. A forma segue a função; a função e a estética devem ser tratadas com igual importância. FIGURA 4 – (a) ESTRUTURA EM L; (b) ESTRURA EM PONTE FONTE: Adaptado de SLOCUM (1992) Mesa de trabalho Mesa de trabalho ZZ Y Y X X A Figura 4 apresenta dois tipos de estrutura em L e em ponte. Ambas as estruturas têm suas vantagens e desvantagens, por exemplo, na Figura 4(a) na estrutura em L, a mesa de trabalho fica mais ampla e com movimento em x e y, porém o eixo da ferramenta mantém-se apenas em Z. Na Figura 4(b) observa- se movimentação nos eixos y e z, porém a mesa de trabalho fica mais estrita na questão de área e na movimentação de apenas o eixo x. Na fase conceitual, uma estrutura baseada no material deve ser decidida, as principais classes de estrutura são: ferro fundido, soldadas, granito, concreto, compósitos, parafusada, estrutura impressa em 3D, dentre outras. No Quadro 1 podem-se visualizar as características e propriedades de alguns desses materiais, como resistência tração (σt), resistência à compressão (σc), módulo de Young (E), massa específica (ρ), Dureza Brinnell, Dureza Vickers e tenacidade à fratura (KIC). TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 9 QUADRO 1 – CONSTITUINTES DE UMA MÁQUINA Materiais para estrutura σt (MPa) σc (MPa) E (GPa) ρ (g/cm 3) Dureza Brinnell Dureza Vickers Kic. MPa.(m) 1/2 Ferro fundido cinzento classe 20 152 572 66-97 7,15 156 161 - Fofo nodular ASTM A897 965 1380 163 7,1 302 - 22,1 AISI 1020 laminado 450 - 200 7,87 143 179 51,9 AISI 1045 laminado a quente 565 - 200 7,87 163 170 51,9 Alumínio 6063-T5 186 - 68,9 2,7 60 70 209 FONTE: Adaptado de <http://www.matweb.com/search/PropertySearch.aspx>. Acesso em: 26 jun. 2019. As estruturas em ferro fundido são a base da indústria de máquinas e ferramentas devido a sua facilidade de fundição, conformabilidade, atrito, amortecimento, capacidade de fabricação de grandes dimensões, baixo custo além das propriedades já citadas no Quadro 1. Algumas desvantagens estão relacionadas ao molde, baixa soldabilidade, resistência a fadiga e, no caso do nodular e cinzento, baixa resistência mecânica e usinabilidade. As estruturas soldadas geralmente podem ser fabricadas sem grandes investimentos de infraestrutura e equipamentos com possibilidade de montagem parcial e muitas vezes até totalmente em campo. Uma das grandes vantagens é o baixo custo, a alta resistência mecânica, usinabilidade e estabilidade. As desvantagens referem-se às distorções que podem ocorrer de forma geométrica e dimensional, falhas em juntas soldadas e mão de obra qualificada. Em contrapartida, as estruturas parafusadas, trazem uma rapidez de montagem, padronização, acabamento e facilidade de alterações. Compósito caracteriza-se por ser um material multifásico os quais as propriedades sejam uma combinação, uma sinergia de duas ou mais fases que o constituem. Geralmente são constituídos por dois materiais distintos que apresentam um comportamento único e distinto através das propriedades individuais. As vantagens de uma estrutura fabricada com materiais compósitos são leveza, rigidez, estética e resistência mecânica, já as desvantagens, encontram-se na necessidade de juntas, na manufatura complexa e na difícil automação e descarte. UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 10 Você sabia que o carro Lamborghini Sesto Elemento pesa apenas 999 kg? Esse baixo peso é devido ao compósito com o qual foi confeccionado: um pastoso de fibra de carbono e resina epóxi é injetado a alta pressão em moldes especiais. Este novo material foi chamado de Forged Composite (compósito forjado, em alusão aos processos de forjamento de alta pressão em moldes fechados). CARRO FABRICADO COM COMPÓSITO DICAS FONTE: Adaptado de Ciência dos materiais (2014, p. 7) <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4354018/mod_resource/content/1/PMT%20 3200%20-%20Semana%204%20-%20Compósitos.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2019. Estrutura impressas em 3D, também chamada de manufatura aditiva, é um processo de fabricação de peças tridimensionais a partir da adição de material em camadas planas. É uma tecnologia cuja origem se baseia em duas técnicas: a topografia e a fotoescultura. A primeira foi um método desenvolvido por Blanther, no final do século XIX, para a confecção de mapas de relevo, e consiste na impressão de uma série de discos de areia, contendo as curvas de nível das cartas topográficas. Já no início da década de 1970, Matsubara da Mitsubishi Motors propôs um processo fotográfico. Regiões de uma camada de fotopolímero recoberta por pó de grafite ou areia eram endurecidas após a exposição à luz, e, mais tarde, as outras partes eram retiradas com a utilização de um solvente. Verificou-se que essa técnica poderia ser empregada para reproduzir as superfícies de fabricação complexa, em função da operação da máquina. A estereolitografia (SLA) é uma das mais utilizadas no mundo na fabricação de componentes 3D, baseia-se na polimerização de uma resina fotossensível; acrílica, epóxi ou vinil; composta de monômeros, fotoiniciadores e aditivos,através de um feixe de laser ultravioleta (BADOTTI, 2003). A máquina contém uma cuba preenchida com a resina, no interior da qual há uma plataforma que se movimenta na vertical. Um computador transmite para a plataforma a primeira camada do modelo virtual a ser polimerizada, e então o controle numérico da máquina posiciona a plataforma na superfície da resina e os espelhos galvanométricos direcionam o feixe de laser para a porção correspondente à primeira fatia. Desencadeia-se uma reação localizada que promove a formação de uma cadeia polimérica entre as moléculas do monômero dispersas na resina, ocorrendo a solidificação (CAPUANO; CARVALHO, 2000). A Figura 5 ilustra este princípio básico de funcionamento. TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 11 FIGURA 5 – FUNCIONAMENTO DA TÉCNICA DE ESTEREOLITOGRAFIA (SLA) FONTE: Raulino (2011, p. 9) el ev ad or (z ) espelhos (xy) feixe do laser nível da resina coincidente com o foco do feixe de laser camada sendo construída plataforma faca objeto suportes cuba c/ resina fotossensível ótica laser Após a conclusão desse primeiro passo, a plataforma desce, imergindo a primeira camada solidificada na resina, permitindo assim que uma nova camada seja polimerizada sobre a primeira, e assim sucessivamente. Uma faca regulariza a camada de resina líquida, devido à viscosidade elevada. Quando pronto, o modelo sólido é removido do banho e lavado. Os suportes são retirados e o modelo é introduzido em um forno de radiação ultravioleta para ser submetido a uma cura completa (RAULINO, 2011). Na Unidade 3 estudaremos outras técnicas de manufatura aditiva. ESTUDOS FU TUROS Outra etapa importante na constituição de uma máquina é o design. Afinal, que é design? Design é uma atividade especializada de caráter técnico- científico, criativo e artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que equacionem sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos, que atendam concretamente às necessidades humanas (PUGH, 1991). Pode-se dizer que o design está intimamente ligado à ciência, através da aplicação da física, química e tecnologia aliada a uma arte útil, prática e funcional. O design possui alguns princípios norteadores os quais utilizam basicamente aspectos da matemática, podendo-se conseguir diferentes tipos de composições, estilos e consistência visual. Todos os princípios do design podem ser aplicados a qualquer projeto, e a maneira como eles são utilizados determinam a eficácia da mensagem e quão interessante e atraente o design será. Seguem os seis principais princípios norteadores do designer de acordo com Pugh (1991): UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 12 • Unidade e harmonia • Balanço • Hierarquia • Escala e proporção • Ênfase • Similaridade e contraste Unidade e harmonia O conceito de unidade refere-se à similaridade, continuação, repetição e ritmo. Similaridade é quando um elemento se repete com outros elementos. Continuação é um padrão que se estende de alguma forma. Repetição são elementos copiados e repetidos diversas vezes. Por sua vez, ritmo se caracteriza quando elementos possuem aspectos em comum que de alguma forma estejam em um padrão, por exemplo posição, cor e tamanho (ROZEMBURG, 1995). Quando um observador encontra vários elementos em algo qualquer, o cérebro automaticamente tenta associar conexões, o designer utiliza isto a seu favor, arranjando objetos para criar um significado e melhor disseminar a mensagem, isto chama-se harmonizar. A harmonia cria um vínculo entre os elementos de uma página; objetos próximos uns dos outros sugerem algum tipo de relacionamento, se estiverem mais longe, realçam a diferença. A Figura 6 ilustra o contraste da harmonia. FIGURA 6 – CAOS x HARMONIA FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 12) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. Balanço É o princípio do equilíbrio dos elementos, ou seja, de que forma os elementos são dispostos e quanto da composição está sendo ocupada. Por exemplo: simetria – os elementos em ambos os lados estão dispostos de forma similar; assimetria – os elementos em ambos os lados são diferentes em formato, porém, ainda estão em equilíbrio; radial – elementos dispostos em uma forma circular. A Figura 7 ilustra uma máquina de costura do século passado sem balanço em comparação a uma máquina atual, com designer aplicado. TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 13 FIGURA 7 – MÁQUINA SEM DESIGNER X COM DESIGNER APLICADO FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 15) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. Hierarquia Demonstra a partir de alguns aspectos de disposição dos elementos quais devem chamar a atenção primeiro à ordem do projeto. Exemplos: árvore – os elementos são dispostos a partir de uma árvore com as ramificações sendo os próximos níveis abaixo; ninho – os elementos estão interligados e a partir dos elementos principais as ramificações são criadas; peso – podemos utilizar o tamanho que o elemento ocupa numa composição para destacar sua posição hierárquica. Escala e proporção O tamanho e a proporção desempenham um papel importante na construção de uma composição visual, a partir desse princípio é possível estabelecer diferentes relações e organizar as informações. Exemplos: tamanho – elementos de diferentes tamanhos se relacionam de formas diferentes; proporção – elementos dispostos em uma proporção fixa podem trazer harmonia visual; divisão – assim como a proporção, dividir elementos dentro dos seus espaços na composição ajudam a dar mais equilíbrio. A Figura 8 mostra o designer de uma marca no século passado sem proporção e escala e atualmente, aplicando os conceitos de designer. FIGURA 8 – SEM PROPORÇÃO E ESCALA X COM PROPORÇÃO E ESCALA FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 19) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 14 Ênfase Significa destacar um elemento específico através de uma quebra da regra ou da hierarquia visual. Por exemplo, a cor, para distinguir elementos quando possuem outros aspectos em comum, como a forma. O tamanho também deve ser considerado, algo com grandes dimensões ou minimalista demais, pode chamar a atenção. Similaridade e contraste O contraste ocorre quando dois elementos são diferentes, e quanto maior a diferença maior o contraste. A dica mais importante é fazer com que a diferença seja óbvia – pouca diferença pode dar a aparência de ser um erro. Os métodos mais comuns de contraste são os de criar diferenças em tamanho, valor, cor e tipo. Utiliza-se o contraste no design para dar ênfase ao que é mais importante ou para direcionar o olhar do observador. Designer ao longo dos séculos A industrialização constituiu, historicamente, o fator mais poderoso no processo de aceleração do crescimento econômico e desde o século passado o designer, mesmo que rudimentar era utilizado. O setor industrial exerceu impacto dinâmico sobre outros setores da economia e todo o ambiente social e institucional. A indústria de máquinas e equipamentos é o setor-chave no processo de industrialização e desenvolvimento econômico de um país, fornecendo máquinas e equipamentos que transformam as condições de produção da agricultura e da indústria. Além disso, essa indústria é importante para o desenvolvimento econômico porque incorpora novos conhecimentos tecnológicos ao processo produtivo, por meio da introdução de novos bens de capital que elevam a produtividade e a eficiência do sistema econômico. A indústria mecânica possui característica especial, uma vez que seu desenvolvimento dá apoio à expansão deoutros setores industriais, ou seja, seus produtos são destinados a aparelhar os outros setores por meio da oferta de máquinas e equipamentos. A forma mais comum de aperfeiçoamento técnico no processo de industrialização, dá-se mediante mudanças tecnológicas, principalmente com o desenvolvimento de máquinas para construir máquinas (MARSON, 2014). Portanto, o desenvolvimento da indústria mecânica é fundamental no processo de industrialização e o designer está profundamente interligado com essa evolução. Observe a Figura 9: TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 15 FIGURA 9 – DESIGN DAS MÁQUINAS FERRAMENTAS DE SÉCULOS ANTERIORES FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 23) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. Descrição da Figura 9. a) Balancim de Nicholas Briot (1626), projetado por Leonardo da Vinci. b) Torno de Gravação; equipada com ARC (1435), princípio de operação ainda em uso em alguns países. c) Esboço de um torno de pedal e duplo polo de Leonardo da Vinci, que não conseguiu construir devido à falta de meios (século XV). NOTA Nos próximos anos descobriu-se novas fontes de energia e o desenvolvimento das máquinas continuou, conforme aponta Marson (2014): • 1775 – Perfuradora Wilkinson, propulsão hidráulica encomenda por James Watt. • 1797 – Torno Maudslay marcou uma nova era, cuja influência na máquina- ferramenta britânica, durou grande parte do século XIX. • 1800 – Maudslay construiu o primeiro torno feito inteiramente do metal para parafusos de competência, padrão: fuso. Diz-se que Maudslay passou dez anos de trabalho para conseguir um fuso padrão satisfatório. • 1818 – Hitney Co máquina para produzir rifles durante a guerra da independência americana. O eixo poderia ser desengatado com o uso de uma coroa dentada. • 1862 – Primeira máquina de usinagem universal fabricada por Joseph R. Brown, equipada com divisor, mesa XY automática com a implementação do acoplamento Cardan. • 1863 – As primeiras máquinas-ferramentas fabricadas na Espanha: a imprensa tipo Thonelier, construída por "La Maquinista Terrestre y Maritime” para a Casa da Moeda de Madrid. • 1884 – Fresadora universal por Cincinnati, que foi incorporada pela primeira vez uma RAM cilíndrica deslizante axialmente, atingiu o desenvolvimento máximo deste tipo de máquinas. UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 16 Percebe-se em ambas as máquinas um designer rudimentar, focava-se apenas na produtividade sem projetar sua estética, ergonomia e funcionalidade e em como isso, muitas vezes, afeta diretamente o custo; otimizando processos e evitando acidentes de trabalho. Não se inseria princípios de designer como harmonia, unidade, proporção, ênfase e balanço. Acreditava-se ser desnecessário, um custo extra no projeto. Porém, com um planejamento no sentido de designer de materiais, pode-se reduzir custos. Um exemplo muito interessante é a lata de achocolato, conforme podemos ver a evolução na Figura 10. FIGURA 10 – EVOLUÇÃO DE EMBALAGENS FONTE: Adaptado de <https://www.nestle.com.br/nescau/produtos/nescau-2-0>. Acesso em: 21 jun. 2019. Você acha que essa lata foi remodelada apenas por beleza? Não! Houve todo um estudo, simulações, pesquisas e cálculos para chegar em uma embalagem que mantivesse o mesmo volume de achocolatado com o mínimo de matéria- prima na fabricação da embalagem. Outra evolução significativa ocorreu na área industrial, nas linhas de montagem, observe as roupas e o esforço nas Figuras 11 e 12: FIGURA 11 – LINHA DE MONTAGEM AUTOMOTIVA EM 1920 FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 28) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 17 FIGURA 12 – LINHA DE MONTAGEM AUTOMOTIVA EM 1922 FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 29) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. Compare, agora, as Figuras 11 e 12 com as Figuras 13 e 14: observa-se uma maior organização e automatização nos processos, o que, consequentemente, gera um menor esforço e maior produtividade. FIGURA 13 – LINHA DE MONTAGEM AUTOMOTIVA EM 2000 FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 42) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. FIGURA 14 – LINHA DE MONTAGEM AUTOMOTIVA EM 2002 FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 43) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 18 Antes de 1980, as máquinas costumavam ser cinza-escuros ou pretas para não mostrar a sujeira a óleo ou graxa, a tinta era espessa também para encobrir defeitos de acabamento prévio conforme mostra a Figura 15. FIGURA 15 – MÁQUINA EM AMBIENTE FABRIL DO SÉCULO PASSADO FONTE: Adaptado de Projeto mecânico (FORTULAN, 2018, p. 36) <https://edisciplinas.usp.br/ pluginfile.php/4825943/mod_resource/content/0/aula4_design_em_maquinas.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019. Hoje, ao contrário, a pintura busca destacar a sujeira para incentivar a limpeza. A cor, o tom e o brilho têm grande efeito sobre mentalidade e filosofia humana, nas máquinas têm várias funções: estética no sentido de harmoniosa e moderada; sinalização, organização dos setores de trabalho; limpeza; representação do nível científico e tecnológico e sua precisão; marca e marketing; confiabilidade e até mesmo perigo. Em 1965, Ralph Nader, advogado, escreveu um livro chamado Unsafe at any speed com críticas à falta de segurança de diversos automóveis, em especial ao Chevrolet Corvair, acabou sendo processado pela GM, fabricante do Corvair, porém ganhou a causa. Com isso, ao passar dos anos, surgiram as normas de segurança aplicadas a máquinas, como Ergonomia, referente à NR17. A NR17 (2009) é uma norma regulamentadora que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. No item 17.3.2 consta que: para trabalho manual sentado ou que deva ser realizado em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: • Ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento. • Ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador. • Ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais (NR17, 2009). TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 19 FIGURA 16 – CARACTERÍSTICAS DA NR17 REFERENTE A TRABALHOS EM PÉ E SENTADO FONTE: Adaptado de Dul (2004) Já o item 17.3.2.1, traz a informação que: para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executado (NR17, 2009). FIGURA 17 – POSICIONAMENTO E DIMENSÕES DE OPERADOR EM SUAS ATIVIDADES CONFORME NR17 FONTE: Dul (2004) O item 17.4.1 salienta que “todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado” (NR17, 2009). Na Figura 18 pode-se visualizar duas situação, em que, sem espaço paraos pés, o operador fica com uma postura inclinada, e que ao longo dos anos pode trazer desgaste físico; paralelamente, mostra que, um simples espaço de 10x10 cm, obtém-se um local correto para os pés, facilitando a postura ereta, evitando, assim, futuras dores e desgaste na lombar. É muito importante o planejamento, pensar nesses detalhes nos projetos de máquina, faz a diferença na produtividade e na saúde da equipe. UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 20 FIGURA 18 – OPERAÇÃO MANUAL COM ESPAÇO PARA OS PÉS E SEM ESPAÇO PARA OS PÉS FONTE: Iida e Buarque (2016, p. 34) No item 17.4.3 a norma traz que: os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte: a) Condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador. b) O teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas. c) A tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho- documento sejam aproximadamente iguais. d) Serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável (NR17, 2009). No Quadro 2 têm-se as recomendações para a altura das mãos e dos olhos, nas posturas sentada ou em pé, conforme NR17: QUADRO 2 – ALTURAS RECOMENDADAS PARA SUPERFÍCIE DE TRABALHO FONTE: Adaptado de NR 17 (2009) TIPO DE TAREFA ALTURA DA SUPERFÍCIE DE TRABALHO Uso dos olhos: muito Uso das mãos e braços: pouco 10 a 30 cm abaixo da altura dos olhos Uso dos olhos: muito Uso das mãos e braços: muito 0 a 15 cm abaixo da altura do cotovelo Uso dos olhos: pouco Uso das mãos e braços: muito 0 a 30 cm abaixo da altura do cotovelo Na Figura 19 podemos ver um exemplo ilustrado das alturas para superfícies de trabalho: alturas para homem e mulher, e trabalhos com e sem o antebraço. Postura inclinada Postura ereta Sem espaço para os pés Com espaços para os pés TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 21 FIGURA 19 – OPERAÇÃO EM PÉ: ESPAÇAMENTO DAS SUPERFÍCIES FONTE: Iida e Buarque (2016, p. 37) Trabalho de Precisão Trabalho Leve Trabalho Pesado No item 17.5.2.1 “para as atividades que possuam características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB” (NR17, 2009). Com relação à carga, no Art. 198 constam “60 quilogramas o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher”. O Art. 390 consta que “ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20 quilos para o trabalho continuo, ou 25 quilos para o trabalho ocasional”. Na prática a NR17 recomenda 14 kgf (Quilograma-força) de peso máximo com apenas um dos membros superiores ou 20 kgf de peso máximo individual, sendo a partir daí necessário auxílio de outras pessoas ou equipamentos. Outra norma importante em projetos é a NR12 que trata da proteção ao trabalho em máquinas e equipamentos. Seguem os seguintes princípios gerais (NR12, 2018): NR-12 – SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 12.1. Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda a sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras – NR aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. H 100-110 90-95 75-90 105 M 95-105 85-90 70-85 85 UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 22 12.24. Consta que os dispositivos de partida, acionamento e parada das máquinas devem ser projetados, selecionados e instalados de modo que: a) não se localizem em suas zonas perigosas; b) possam ser acionados ou desligados em caso de emergência por outra pessoa que não seja o operador; c) impeçam acionamento ou desligamento involuntário pelo operador ou por qualquer outra forma acidental; d) não acarretem riscos adicionais; e) não possam ser burlados. 12.94. As máquinas e equipamentos devem ser projetados, construídos e mantidos com observância aos os seguintes aspectos: a) atendimento da variabilidade das características antropométricas dos operadores; b) respeito às exigências posturais, cognitivas, movimentos e esforços físicos demandados pelos operadores; c) os componentes como monitores de vídeo, sinais e comandos, devem possibilitar a interação clara e precisa com o operador de forma a reduzir possibilidades de erros de interpretação ou retorno de informação; d) os comandos e indicadores devem representar, sempre que possível, a direção do movimento e demais efeitos correspondentes; e) os sistemas interativos, como ícones, símbolos e instruções devem ser coerentes em sua aparência e função; f) favorecimento do desempenho e a confiabilidade das operações, com redução da probabilidade de falhas na operação; g) redução da exigência de força, pressão, preensão, flexão, extensão ou torção dos segmentos corporais; h) a iluminação deve ser adequada e ficar disponível em situações de emergência, quando exigido o ingresso em seu interior. 12.95. Os comandos das máquinas e equipamentos devem ser projetados, construídos e mantidos com observância aos seguintes aspectos: a) localização e distância de forma a permitir manejo fácil e seguro; b) instalação dos comandos mais utilizados em posições mais acessíveis ao operador; c) visibilidade, identificação e sinalização que permita serem distinguíveis entre si; d) instalação dos elementos de acionamento manual ou a pedal de forma a facilitar a execução da manobra levando em consideração as características biomecânicas e antropométricas dos operadores; e) garantia de manobras seguras e rápidas e proteção de forma a evitar movimentos involuntários. FONTE: Portaria SIT nº 197, de 17 de dezembro de 2010. Altera a Norma Regulamentadora nº 12. Máquinas e Equipamentos, aprovada pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit197_2010.htm. Acesso em: 3 out. 2019. TÓPICO 1 | TÉCNICAS DE PROJETO 23 Entre outros aspectos que englobam a NR12, também é importante no planejamento de projetos de equipamentos, máquinas, produtos e rotinas é a Consolidação das Leis do Trabalho, também chamada de CLT, surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, unificando toda legislação trabalhista existente no Brasil. Seu principal objetivo é, até os dias de hoje, a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho, nela previstas. A CLT é o resultado de 13 anos de trabalho – desde o início do Estado Novo até 1943 – de destacados juristas, que se empenharam em criar uma legislação trabalhista que atendesse à necessidade de proteção do trabalhador, dentro de um contexto de estado regulamentador. As CLTs regulamentam as relações trabalhistas, tanto do trabalho urbano quanto do rural. Desde sua publicação, já sofreu várias alterações, visando adaptar o texto às nuances da modernidade. Apesar disso, ela continua sendo o principal instrumento para regulamentar as relações de trabalho e protegeros trabalhadores. Seus principais assuntos são: Registro do Trabalhador/Carteira de Trabalho; Jornada de Trabalho; Período de Descanso; Férias; Medicina do Trabalho; Categorias Especiais de Trabalhadores; Proteção do Trabalho da Mulher; Contratos Individuais de Trabalho; Organização Sindical; Convenções Coletivas; Fiscalização; Justiça do Trabalho e Processo Trabalhista. FONTE: BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452. htm. Acesso em: 3 out. 2019. 24 Neste tópico, você aprendeu que: • Os tipos de projeto são: adaptativo, evolutivo e inovador. • Os projetos baseados em métodos são: racional, empírico e industrial. • Inovação é um processo de seleção e tradução de uma ideia em realidade enquanto a criatividade é apenas a geração da ideia em si. • O processo de projeto baseia-se em reconhecimento da necessidade, definição do problema, síntese, análise e otimização, avaliação e documentação. • Patente é uma concessão pública, conferida pelo estado, que garante ao seu titular a exclusividade ao explorar comercialmente a sua criação. • No Brasil, o órgão que gerencia a emissão de patentes é o Instituto Nacional de Produtividade Intelectual (INPI). • Máquina é um dispositivo, engenho, equipamento capaz de transformar uma forma de energia em outro. • Uma máquina é constituída basicamente de estrutura, movimentação, atuação. • A estrutura tem a função de receber esforços, ter resistência e rigidez necessária; também localiza e posiciona os componentes, amortece as vibrações, recebe e conduz calor. • Design é uma atividade especializada de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de atendendo concretamente às necessidades humanas. • A NR17 é uma norma regulamentadora que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. • NR12 é a norma referente à segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, trata da proteção ao trabalho em máquinas e equipamentos. RESUMO DO TÓPICO 1 25 1 Elabore um fluxograma de desenvolvimento de um projeto a ser desenvolvido nesta disciplina; esboce um planejamento de suas atividades e cronologia no desenvolvimento do projeto. Podendo englobar melhoria de projetos de máquina ou produtos já existentes, projetos de minimáquinas ou kit didáticos. Segue modelo com características básicas necessárias nesta atividade: AUTOATIVIDADE Concepção do projeto Ensaio ou simulação computacionais Eventuais otimizações de medidas Conjunto + Subconjunto + Componentes para a fabricação Construção de um protótipo Estimativas das frequências de vibração e amplitude Funcionamento ideal de vibração para a moagem Testes de moagem METODOLOGIA MINIMOINHO VIBRATÓRIO Identificação da necessidade Estudo da viabilidade física e econômica Projeto detalhado Fabricação do minimoinho Concepção do minimoinho e jarros Deter conhecimento de projeto Falta de um equipamento nacional para a moagem de partículas submicrométicas Projeto adaptativo Há conhecimento tecnológico? Qual o custo? Verificação da infraestrutura: há processos e máquinas suficientes e sem grandes adaptações para a fabricação dos componentes? A tecnologia em cerâmica é conhecida? Estudos econômicos para eventuais adaptações ou serviços terceirizados Técnicas de solução e avaliação Mais esboços Escolha de 1 ou 2 soluções viáveis Há equipamentos nacionais? Há demanda? Projeto preliminar 26 2 Observe a estruturação de uma patente conforme Tópico 1 e em uma folha A4, respeitando as margens e legenda, esboce uma página de rosto de uma patente, ou que for possível dela, exemplo: • Título • Inventor • Resumo – utilizar as palavras “caracterizado por” • Desenho (esboço – projeção ortogonal, isométrica) com numeração Note e descreva inovações em seu projeto seguindo o modelo a seguir: Título: kdsufmgsrie kusfe faskfa Inventor: ksfu fsfagç hkwosj Resumo: çsopf,a que caracteriza das sl,lçikosf lçsjkpoara fsf a Figura: esboço (corte, vista frontal ou perspectiva). Para esta atividade pode-se utilizar o Software: Solid Edge 3D Profissional. É um software gratuito, está disponível para todos os alunos ou instrutores em atividade acadêmica, o qual o download se realiza diretamente do site https:// www.plm.automation.siemens.com/pt_br/academic/resources/solidedge/ studentdownload.cfm. Acesso em: 3 out. 2019. Segue modelo com características básicas necessárias nesta atividade: • Título: MOINHO VIBRATÓRIO PARA PROCESSAR MATERIAIS CERÂMICOS • Campo da Invenção: Esta patente se refere a um moinho vibratório para processamento de cerâmica técnica (pode ser usado para reforçar algum valor) ou para suprir uma necessidade do processamento cerâmico. • Estado da Técnica: A patente PI9503979-1 citada como estado da técnica diz respeito a um Moinho com Mecanismo de Agitação; esse moinho com mecanismo de agitação apresenta. Não são conhecidos no estado da técnica moinhos vibratórios com a característica de mini máquina. 27 • Objetivo da Invenção: Visando oferecer soluções para esses problemas existentes no estado da técnica, bem como disponibilizar... foi desenvolvido o moinho vibratório para processar materiais cerâmicos. Esse moinho vibratório irá preencher uma grande lacuna... O objetivo do moinho vibratório descrito no presente documento é reprocessar as cerâmicas através... capaz de reduzir o tamanho das partículas abaixo de 1,0 micrometro, ou seja, na escala nanométrica. • Sumário da Invenção: A invenção compreende um moinho vibratório de pequeno porte para processar materiais cerâmicos, que o caracteriza como uma minimáquina de processamento de materiais. Pode processar (moer) simultaneamente diferentes... é constituído de duas partes separadas por molas helicoidais para suspensão; uma parte é estacionária e a outra é suspensa. • Breve Descrição das Figuras: A figura do arquivo é uma representação gráfica em uma perspectiva frontal do Moinho Vibratório para Processar Materiais Cerâmicos sem os jarros de moagem. A figura 1B é uma representação gráfica do interior do Moinho Vibratório para Processar Materiais Cerâmicos sem os jarros de moagem. • Descrição Detalhada da Invenção: A presente invenção trata de um moinho vibratório para processar materiais cerâmicos, que é um minimoinho.... processar materiais cerâmicos compreende: base cilíndrica (02); motor elétrico (03); contrapesos (04); flange basal (05); flange (06); cilindro (07); base de jarros (09); molas helicoidais (10); jarros (14) ... Como mencionado anteriormente, o referido moinho vibratório para processar materiais cerâmicos é caracterizado como moinho por processar ou moer partículas de minerais cerâmicos com diâmetro micrométrico relativo maior do que 1,0 micrometros. • Reivindicações: 1) Moinho Vibratório para Processar Materiais Cerâmicos, caracterizado pelo fato de compreender: base cilíndrica 02); motor elétrico (03); contrapesos (04); flange basal (05); 2) Moinho, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato moer materiais cerâmicos ou similares em partículas submicrometricas 3) Moinho, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fato de ter 250,0 a 350,0 mm de altura. • Resumo: MOINHO VIBRATÓRIO PARA PROCESSAR MATERIAIS CERÂMICOS A invenção compreende um moinho vibratório de pequeno porte para processar materiais cerâmicos, que o caracteriza como uma mini máquina. Pode processar (moer) simultaneamente diferentes materiais em quantidades variadas. O moinho vibratório é constituído de duas partes separadas por molas helicoidais. Quando em operação, a parte estacionária fica, portanto, parada e a parte. 28 • Relatório de Busca de Anterioridade: Foram encontrados os seguintes documentos: 1 –US 6098906 – Esse documento possui muita relevância, pois descreve um mecanismo de funcionamento do moinho muito próximo ao mecanismo descrito pelos inventores. Ou seja, a vibração é fornecida por um motor 24 que possui pesos centrais de modo a proporcionar um movimento do moinho para cima e para baixo. Além disso, pode-se notar a presença de molas abaixo do plano onde as partículas são moídas. 3 Fazer buscas sobre o respectivo projeto, selecionar e baixar um mínimo de 10 patentes utilizando os seguintes recursos: • www.inpi.org.br • https://worldwide.espacenet.com • www.uspto.gov • Thomson Reutersentrar → portal Capes (http://www.capes.gov.br/) → Periódicos → buscar base → Derwent Innovations Index-DII (Thomson Reuters Scientific) • Google patentes Segue modelo com características básicas necessárias nesta atividade: Apresentar imagem e código de patente, conforme segue: 1 CADEIRA DE RODA AUTOMATIZADA: 2 PRENSA ISOSOSTÁTICA Ivan Santos Porpíglio/2011 BR 10 2014 012646-5 Tenório (2011) Margarido, A (2011) Araujo, LA (2009) 29 3 EQUIPAMENTO PARA FISIOTERAPIA 4 Dinâmica em grupo para desenvolvimento de produto em três etapas: a) Cada aluno, em uma folha, escrever um produto que queira ser desenvolvido. b) Trocar de folhas e o outro aluno, em desenho, tentar atender ao requerente. c) Retornar o desenho ao requerente e este avaliar a satisfação do atendimento. 5 As Normas Regulamentadoras (NR) são orientações que definem procedimentos que devem, obrigatoriamente, serem aplicadas. São elaboradas por comissões específicas formadas por representantes do governo, empregadores e trabalhadores. Nesse contexto, descreva e defina a NR17 e a NR12: BR 10 2013 002784-7 BR 10 2015 0006381-4 30 31 TÓPICO 2 TRIBOLOGIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A tribologia pode parecer um tema contemporâneo e associado às tecnologias de última geração, porém a preocupação com assuntos voltados para esta área começou apenas no final do século XX. Grandes cientistas e inventores da antiguidade já se preocupavam com a fricção e com o desgaste de componentes mecânicos séculos atrás. Leonardo da Vinci já desenvolvia estudos relacionados à fricção, associando a rugosidade com a facilidade de deslizar um material sobre uma superfície, 200 anos antes de Newton estabelecer os primeiros conceitos do que era força. Além de da Vinci, outros grandes nomes da história preocuparam- se com assuntos relacionados à tribologia, como Coulomb e Gibbs. Estudos relacionados à tribologia estão em toda parte, desde o desenvolvimento dos mais simples componentes mecânicos, processos de fabricação como conformação mecânica e usinagem, até o desenvolvimento de carros de Fórmula 1. Todavia, muitas vezes não é dada a devida atenção a certos conceitos que envolvem esse estudo: pesquisas esquecem que o coeficiente de atrito depende de todo um sistema tribológico; duas superfícies em contato, atmosfera, lubrificação, entre outros; e ao fazerem estudos relacionados ao desempenho tribológico do material, esquecem também da importância que todos os fatores podem ter. O setor metalomecânico é um dos que mais perde dinheiro devido ao uso equivocado de conceitos tribológicos, desde a seleção e design de materiais inadequados até má aplicação dos mesmos. O estudo das propriedades tribológicas é de grande contribuição para não só reduzir a taxa de desgaste do ferramental como também para que o produto acabado seja produzido com melhor acabamento. Os mecanismos de desgaste de abrasão e adesão são responsáveis por praticamente dois terços do desgaste de ferramentas, sendo que para reduzi-los, muitas vezes, apenas a aplicação de um revestimento ou tratamento superficial adequado já poderia causar um incremento de mais de 100% na vida útil da ferramenta. Outro erro cometido é não se preocupar com as propriedades mecânicas e físicas do material que será trabalhado, pois as mesmas influenciarão em fatores como a formação de rebarba, formação de cavaco, adesão à ferramenta, formação de partículas duras abrasivas, dentre outros. UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 32 2 DEFINIÇÃO A tribologia é definida como a ciência e tecnologia envolvidas na relação entre duas superfícies com movimento relativo entre si. Esta ciência envolve o estudo de fricção, desgaste e lubrificação. No momento que dois corpos sólidos se tocam, forças de ação e reação surgem, além disso, a estrutura da superfície é alterada durante a interação, podendo haver fraturas na região de contato. Pequenas porções de material também podem ser transferidas entre as duas superfícies, caracterizando uma maneira diferente de desgastar as superfícies (MENEZES et al., 2013). Tribologia é a ciência e tecnologia de superfícies interativas que possuem movimento relativo entre si. O estudo da tribologia concentra-se no contato físico e mecânico das superfícies em movimento que geralmente envolve dissipação de energia. Sua aplicação primária se dá na engenharia mecânica e no design, na qual interfaces tribológicas são utilizadas para transmitir, distribuir ou converter energia. O contato entre dois materiais e a fricção que um exerce sobre o outro, causará um inevitável processo de desgaste (BHUSHAN, 2013). Tratando-se de processos de fabricação, tribologia é algo que precisa ser estudado para reduzir o desgaste da ferramenta e produzir peças com integridade superficial. Astakhov (2006) considera que o objetivo final da tribologia dentro da usinagem é a redução da energia de corte, considerando todos os processos físicos e químicos que tomam conta do processo. Aumento da vida útil da ferramenta, melhoria no acabamento superficial da peça usinada e melhor eficiência e estabilidade do processo são as principais metas dos estudos tribológicos. Uma série de fatores influenciará na vida útil da ferramenta, desde a escala nanométrica, como a textura da superfície, até fatores como o design e as condições de uso da mesma, vale lembrar que uma alteração na geometria da ferramenta poderá causar uma modificação na tensão máxima e sua distribuição na interface ferramenta-peça, o que também poderá causar uma modificação na temperatura de contato. Tratando-se de processos de fabricação, tribologia é algo que precisa ser estudado para reduzir o desgaste da ferramenta e produzir peças com integridade superficial. O comportamento tribológico de um sistema é afetado por diversos fatores, por exemplo, o material dos corpos em contato, a rugosidade e tipo de acabamento dado a cada superfície, a lubrificação, meio em que o sistema tribológico se encontra, carga aplicada no sistema, velocidade de deslizamento entre os corpos, entre outros. Há diversas formas de analisar esse comportamento, as principais delas são através de ensaios tribológicos para obtenção do coeficiente de atrito do sistema em função do tempo ou da distância percorrida, associado à taxa de desgaste ou perda de massa do material. Considerando um aço ferramenta, seu módulo de elasticidade e a rugosidade superficial é possível verificar a influência na área de contato real, Figura 20, que será formada durante o deslizamento em relação a outro material e como as asperezas da superfície se comportarão, se aderirem às asperezas do segundo corpo e romper, formando um debris, ou seja, uma partícula de terceiro corpo, o que poderá aumentar ou não a taxa de desgaste. TÓPICO 2 | TRIBOLOGIA 33 FIGURA 20 – ÁREA DE CONTATO REAL ENTRE DOIS CORPOS FONTE: Adaptado de MENEZES et al. (2013, p. 124) Materiais com boa ductilidade são desejáveis, todavia a deformação plástica excessiva e o arrasamento ou junção do material causando adesão (galling) é prejudicial para o aço ferramenta (PUJANTE et al., 2013). Hase e Michina (2009) propuseram um modelo, conforme mostra a Figura 21, no qual óxidos e filmes adsorvidos também afetam o contato entre dois corpos. FIGURA 21 – MODELO QUE PROPÕE A INFLUÊNCIA DE ÓXIDOS, FILMES ADSORVIDOS E LUBRIFICAÇÃO DE CONTORNOINFLUENCIANDO NA ÁREA DE CONTATO ENTRE DOIS CORPOS Área de contato real FONTE: Hase e Michina (2009, p. 139) O tipo de topografia e o grau de rugosidade do revestimento são fatores importantes referentes à interpretação de resultados relativos à qualidade e à estabilidade dimensional. Toda a superfície é rugosa, por mais que pareça perfeitamente polida, além de possuir erros, os quais são classificados em: erros macrogeométricos e erros microgeométricos. São erros macrogeométricos os erros de forma, verificáveis por meio de instrumentos convencionais de medição, como micrômetros, relógios comparadores, projetores de perfil. Erros microgeométricos são os erros conhecidos como rugosidade. Existem diferentes escalas para mensurar essa rugosidade. A rugosidade de uma superfície geralmente é caracterizada através da variação de amplitude de suas asperezas em função de uma determinada distância linear ao longo da superfície do material. Além da rugosidade, a topografia de uma superfície pode apresentar outras características, como ondulação, direção e imperfeições, a saber: • Rugosidade: a rugosidade superficial é produzida devido a picos e vales de asperezas de diferentes amplitudes e larguras. AtmosferaAtmosfera Área de contato verdadeira Área de contato real Camadas de contorno Camada de óxidos Filmes adsorvidos Lubrificante UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 34 • Ondulações: são irregularidades da superfície que possuem elevados comprimentos de onda. Podem ser causadas devido às vibrações durante a usinagem ou tratamento térmico. • Direção: é a direção principal para a qual a superfície está “orientada”; imperfeições são interrupções inesperadas na estrutura da superfície, devido a deslocamentos e defeitos em outros materiais. A rugosidade de uma superfície é caracterizada através da Rugosidade Superficial Média (Ra), que é a média aritmética dos desvios de uma linha média, medidos dentro de um deslocamento (Equação 1). A rugosidade também pode ser caracterizada através da medição da rugosidade total (ten point height) (Rz) que é uma média entre os 5 maiores picos e os 5 vales mais profundos (Equação 2), o que impede que alguns riscos e irregularidades da superfície interfiram no resultado (MENEZES et al., 2013; BHUSAN, 2013). 1 1 n i i Ra z z n = = −∑ 1 1 1 n n picos vales i i Rz R R n = = = − ∑ ∑ (Equação 1) (Equação 2) Onde n é o número de pontos medidos no perfil longitudinal e z são os pontos pontuais medidos ao longo do perfil e o ponto médio, respectivamente. A Figura 22 demonstra que a rugosidade superficial média é medida a partir de um valor absoluto. FIGURA 22 – ESQUEMATIZAÇÃO DA MEDIÇÃO DO VALOR DE RA FONTE: Menezes et al. (2013, p. 68) Perfil Eixo X Valor absoluto Eixo X a b Ei xo Z E ix o Z 1.50 1.00 0.50 0.00 -0.50 -1.00 1.50 1.00 0.50 0.00 TÓPICO 2 | TRIBOLOGIA 35 Apesar de ser a mais usada e uma maneira muito cômoda de caracterizar a topografia de uma peça, não se pode esquecer que Ra é apenas uma das maneiras de analisar uma superfície. Por exemplo, uma superfície polida e uma lixada podem ter a mesma Ra, mas irão se comportar de maneira muito diferente em serviço, ou até mesmo caso queira-se fazer um tratamento superficial na mesma. 3 ASPECTOS TRIBOLÓGICOS DA CONFORMAÇÃO MECÂNICA Irregularidades superficiais, também chamadas de asperezas, e seu comportamento durante o deslizamento associadas à lubrificação e propriedades químicas da superfície são fatores-chave para entender o comportamento friccional de ferramentas de conformação mecânica (ASM INTERNATIONAL HANDBOOK COMMITTEE, 1997). Processos de conformação, geralmente, consistem no movimento de pelo menos uma ferramenta em relação à geratriz (peça a ser conformada), sendo necessária a aplicação de elevadas tensões para que haja a deformação do material. A influência da fricção no desgaste da ferramenta é mais visível em processos de forjamento e extrusão a quente, devido à maior dificuldade em a matriz reter lubrificante. A curva de Stribeck, conforme a Figura 23 é uma ferramenta muito utilizada para analisar regimes de lubrificação, em que o coeficiente de atrito (µ) será função do número de Stribeck (S), definido através da velocidade de deslizamento entre as superfícies (U), a viscosidade do lubrificante (η) e a carga aplicada na interface (F) para os três regimes de lubrificação: elasto-hidrodinâmica, mista e de contorno (DAVIM, 2013) FIGURA 23 – CURVA DE STRIBECK FONTE: Davim (2013, p. 52) A lubrificação de contorno, Figura 24, apresenta alguns regimes de lubrificação durante processos de conformação mecânica. Quando os filmes de lubrificante com espessura igual ao tamanho de algumas moléculas do lubrificante, Figura 24 (c), (d), a fricção é fortemente afetada pela rugosidade e propriedades-físico químicas das superfícies (DAVIM, 2013), Lubrificação de contorno Mista Elastohidrodinâmica .US F η = UNIDADE 1 | PROJETOS MECÂNICOS E SUPERFÍCIES 36 FIGURA 24 – REGIMES DE LUBRIFICAÇÃO NA CONFORMAÇÃO MECÂNICA FONTE: Davim (2013, p. 85) L - lubrificante F - ferramente P - peça Filme de lubrificação de contorno O desgaste das ferramentas começa através da adesão entre as duas superfícies em deslizamento, formando junções de asperezas, que com a deformação contínua, rompem e são arrancadas das superfícies. Estas partículas duras poderão causar o desgaste abrasivo das superfícies, além disso, debris duros formados com oxigênio ou outros elementos químicos presentes, podem acelerar ainda mais o desgaste da ferramenta (DAVIM, 2013; MENEZES et al., 2013). Pujante et al. (2013) desenvolveram um estudo no qual é analisado o fenômeno de galling de alumínio comercialmente puro em aço ferramenta ABNT H13 com diferentes temperaturas durante os ensaios tribológicos. Para os ensaios feitos a 30 °C, Figura 25 (a) e (b), o alumínio apresentou alguns pontos de adesão ao longo da trilha desgasta; os ensaios realizados a 150 ºC, Figura 25 (c) e (d), o fenômeno de galling é extremamente severo devido à maior conformabilidade do alumínio; já os ensaios feitos a 450 ºC, Figura 25 (e) e (f), em que o alumínio apresenta altas taxas de oxidação, o qual limitou a adesão de alumínio na superfície de ABNT H13, todavia, houve a formação de debris extremamente duros de óxido de alumínio (Al2O3) que formaram sulcos profundos na superfície do aço ferramenta (PELCASTRE; HARDELL; PRAKASH, 2013). FIGURA 25 − (A, C, E): TOPOGRAFIAS TRIDIMENSIONAIS DA CROSS-SECTION DAS TRILHAS DESGASTADAS; (B, D, F): IMAGENS DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DAS TRILHAS DESGASTADAS NO AÇO ABNT H13 FONTE: PUJANTE et al. (2013, p. 89) TÓPICO 2 | TRIBOLOGIA 37 A relevância deste trabalho foi demonstrar que um aço ferramenta pode sofrer diversos tipos de desgaste para conformar um mesmo material, dependendo das condições nas quais o processo é realizado. 4 ATRITO E DESGASTE De acordo com Bowden e Tabor (2001), o atrito pode ser definido a partir de duas componentes: uma de adesão e outra de fricção, logo, o coeficiente de atrito (µ) pode ser expresso a partir da Equação 3. A componente de adesão depende da dureza do material mais macio e da área de contato real entre os dois corpos, enquanto a componente de abrasão depende da capacidade das asperezas do material duro penetrarem no material macio. adesão abrasãoµ µ µ= + (Equação 3) O desgaste de um material metálico acontece através da adesão entre as asperezas, e depois do arrancamento de asperezas durante o deslizamento. Todavia, ao ter-se um par tribológico do tipo duro-mole, a tendência é que o desgaste seja adesivo no material duro (LEMM et al., 2015) e abrasiva no material mole. Na Figura 26 é apresentada a formação de partículas de terceiro corpo, estas partículas são oriundas de reações entre os elementos dos dois corpos em deslizamento com a atmosfera, Figura 26 (a) e (b), formando
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