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aula 4

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ANÁLISE DO CONTEXTO 
ECONÔMICO E SOCIAL 
BRASILEIRO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Itamir Caciatori Junior 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, iniciaremos o detalhamento dos dados de crescimento e 
desenvolvimento expostos em capítulos anteriores. Para isso, dividimos o 
conteúdo nos seguintes tópicos: indicadores de desenvolvimento; indicadores do 
mercado financeiro e classificação de risco; as contas públicas e as políticas de 
gastos públicos; indicadores setoriais – agronegócio, indústria, comércio e 
serviços e; indicadores regionais de atividade econômica. 
CONTEXTUALIZANDO 
Diariamente somos atingidos por notícias sobre os principais dados 
econômicos brasileiros. Porém, como ocorre em outros campos do 
conhecimento, é necessário um detalhamento maior para que possamos tirar 
nossas conclusões a respeito dos números que nos são demonstrados. 
Isso nos leva a algumas questões, tais como: como os indicadores de 
desenvolvimento de um país são trabalhados? Como está o mercado financeiro 
nacional e sua classificação de risco? Qual a estratificação das contas públicas 
sob responsabilidade da União? De que forma o PIB é dividido em agronegócio, 
indústria, comércio e serviços? Como está o comportamento dos principais 
indicadores regionais de atividade econômica? 
TEMA 1 – INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO 
 
Crédito: Daniela Barreto/Shutterstock. 
 
 
3 
Antes da exposição dos índices de desenvolvimento, é necessário 
diferenciar crescimento e desenvolvimento econômico. Para Giambiagi (2012), 
enquanto o crescimento econômico tenta entender o fenômeno do crescimento 
de modo geral, o desenvolvimento econômico busca entender as diferenças 
entre os países. 
Outra polêmica envolvendo esses conceitos é o uso do PIB como 
indicador de desenvolvimento. Para o autor, considerando a média de períodos 
mais longos, o PIB por habitante não é um índice que possa ser desprezado 
quando se trata de analisar o desenvolvimento. Neste tópico, apresentaremos o 
PIB per capita e o Índice de Gini. 
1.1 PIB per capita 
O PIB per capita é um indicador calculado pelo Banco Mundial e está 
disponível no banco de dados World Bank Data. O PIB per capita é o produto 
interno bruto dividido pela população no meio do ano. O PIB é a soma do valor 
bruto agregado por todos os produtores residentes na economia mais quaisquer 
impostos sobre os produtos. 
É calculado sem fazer deduções por depreciação de bens fabricados ou 
por esgotamento e degradação de recursos naturais. Os dados desse indicador 
são demonstrados em dólares americanos atuais e o período de cálculo é anual. 
A figura 1 demonstra a distribuição do PIB per capita pelo planeta, incluindo as 
variações de acordo com cada país analisado. 
 
 
4 
Figura 1 – Distribuição do PIB per capita pelo mundo para o ano de 2021 (em 
US$ dólares) 
 
Fonte: World Bank Data, 2021. 
Para o caso do Brasil, o país possui um histórico de crescimento nesse 
indicador a partir do ano de 1960. Porém, após atingir um pico no ano de 2011, 
o Brasil vem experimentando quedas consecutivas no PIB per capita. A figura 2 
demonstra a evolução desse indicador de 1960 a 2021 em nosso país. 
Figura 2 – Evolução do PIB per capita brasileiro de 1960 a 2021 (em US$) 
 
Fonte: elaborado por Caciatori, 2022, com base em World Bank Data, 2022. 
236 
2.839 
13.245 
7.519 
 -
 2.000
 4.000
 6.000
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$0 $ 1.000 $ 2.000 $ 5.000 $ 10.000 $ 20.000 $ 50.000 $ 100.000 $ 200.000 
 
 
5 
1.2 Índice de Gini 
O Índice de Gini é um indicador de concentração calculado a partir da 
curva de Lorenz. No caso da distribuição pessoal de renda, essa curva considera 
as faixas da população acumulada (dos mais pobres aos mais ricos), com a 
participação acumulada dessas faixas (Gremaud et al., 2016). A figura 3 
demonstra um exemplo da Curva de Lorenz. 
Figura 3 – Curva de Lorenz 
 
Crédito: Itamir Caciatori Junior, 2022. 
Explicando a figura 3, o ponto C demonstra que os 20% da população 
mais pobre possuem 4% da renda e o ponto D indica que 80% da população 
possui 45% da renda. Quando a renda é perfeitamente distribuída, por exemplo, 
quando 40% da população possui 40% da renda, a Curva de Lorenz é 
exatamente a reta que liga os pontos A e B. Dessa forma, quanto mais próxima 
essa reta estiver da Curva de Lorenz, mais bem distribuída é a renda do país, e 
quanto mais essa curva se aproxima da curva AOB, mais mal distribuída é a 
renda do país. Quanto mais próximo de 1, maior é a área da curva e, 
consequentemente, maior é a concentração de renda no país. 
C A 
B 
D 
4%
 
 
 
 
 
 
 
45
%
 
% da população acumulada 
%
 d
a 
re
nd
a 
ac
um
ul
ad
a 
Curva de Lorenz 
 20% 80% 
 
 
6 
Para o caso brasileiro, a figura 4 demonstra a evolução desse indicador 
de 1981 a 2020. 
Figura 4 – Índice de Gini para o Brasil entre 1981 e 2020 
 
*Observação: os períodos em branco não tiveram medição do indicador 
Fonte: World Bank Data, 2022. 
Em comparação com os 169 países analisados e que tiveram seus dados 
mais recentes publicados pelo Banco Mundial, o Brasil ocupou a 17ª posição 
dentre os países com as piores distribuições de renda. A figura 5 demonstra a 
distribuição desse indicador pelo globo (quanto mais vermelho o país, pior o 
índice). 
0,45
0,47
0,49
0,51
0,53
0,55
0,57
0,59
0,61
0,63
0,65
 
 
7 
Figura 5 – Distribuição do Índice de Gini pelo mundo no ano de 2018 
 
 
Fonte: Our World in Data /Banco Mundial 
 
TEMA 2 – INDICADORES DO MERCADO FINANCEIRO E CLASSIFICAÇÃO DE 
RISCO 
 
Crédito: MarcosRony/Shutterstock. 
0, 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 
 
 
8 
Tendo como base os principais indicadores do mercado financeiro, este 
tópico apresenta três desses indicadores: concentração bancária; índice de 
Basileia e; inclusão financeira. 
2.1 Concentração Bancária 
Para mensurar a concentração bancária no Brasil, o BACEN utiliza o 
Índice Herfindahl-Hirschman Normalizado (IHHn) e a Razão de Concentração 
dos Cinco Maiores (RC5) nos agregados contábeis relativos aos ativos totais, às 
operações de crédito e aos depósitos totais no Brasil. O IHHn é obtido pelo 
somatório do quadrado da participação de mercado, na forma décima, de cada 
instituição financeira, resultando em um número entre 0 e 1. O BACEN considera 
a concentração pelo IHHn nos seguintes patamares (Banco Central do Brasil, 
2020). 
 Entre 0 e 0,10 = baixa concentração; 
 Acima de 0,10 até 0,18 = moderada concentração; 
 Acima de 0,18 e até 1 = elevada concentração. 
De acordo com os dados da instituição, os dados históricos desses dois 
indicadores estão apresentados na tabela 1. 
Tabela 1 – Indicadores de concentração do segmento bancário e não bancário 
brasileiro por ativos totais 
Indicadores Dez 2018 Dez 2019 Dez 2020 
IHHn 0,1090 0,1071 0,0983 
RC5 (%) 69,3 69,8 67,0 
Fonte: Banco Central do Brasil, 2020. 
Esses resultados indicam que, considerando o IHHn, o mercado bancário 
brasileiro apresentou um nível de concentração moderada nos períodos 
analisados. 
2.2 Índice da Basileia 
O índice da Basileia faz parte dos Acordos de Basileia, um conjunto de 
regras e metodologias estabelecidas pelo Comitê de Supervisão Bancária da 
Basileia para análise do risco de crédito bancário (Galvão et al., 2018). Esse 
Comitê estabelece regras de capitalização mínimas às quais os bancos dos 
países signatários do acordo devem estar de acordo. 
 
 
9 
Esse índice busca medir a solvência dasinstituições financeiras, ou seja, 
quanto de capital próprio o banco possui no passivo com outros agentes 
econômicos. O acordo da Basileia está em sua terceira versão, em resposta à 
crise financeira de 2008 e o índice atual exigido no Brasil está em 11%. Ou seja, 
dos ativos ponderados ao risco, cada instituição deve possuir, no mínimo, 11% 
desses valores em seu patrimônio de referência. De forma mais simplificada, 
isso significa que, para cada R$ 100,00 emprestados para pessoas físicas e 
empresas, o banco possui R$ 11,00 de patrimônio do banco para resguardar 
essas operações. 
No Brasil, a composição dos cinco maiores bancos para o Índice da 
Basileia em dezembro de 2021 está demonstrada na Tabela 2. 
Tabela 2 – Índice de Basileia para os cinco maiores bancos brasileiros em 
dezembro de 2021 
Banco Índice 
B1 14,72% 
B2 15,76% 
B3 17,76% 
B4 19,27% 
B5 14,91% 
Fonte: Bacen, 2022. 
 Considerando os cinco maiores bancos brasileiros, podemos verificar que 
esse indicador apresenta adequado grau de solvência, indo de 14,72% para 
19,27%. 
2.3 Inclusão financeira 
A inclusão financeira, também definida como cidadania financeira, 
representa a participação dos bancos na vida das pessoas por meio de 
indicadores como grau de bancarização, percentual de utilização de produtos e 
serviços financeiros e quantidade de agências bancárias instaladas. Com base 
no fechamento de 2020, o Relatório de Cidadania Financeira, elaborado pelo 
Bacen, apresenta que o percentual de adultos com relacionamento com 
instituições financeiras no Brasil está acima de 85%. A figura 6 detalha as 
quantidades por tipo de instituição. 
 
 
10 
Figura 6 – Relacionamentos de pessoas físicas com o Sistema Financeiro 
Nacional (SFN) por segmento 
 
Fonte: Relatório de Cidadania Financeira, Bacen, 2021. 
Um destaque desses números é a quantidade de clientes atendidos por 
instituições de pagamento. Essas instituições são conhecidas como bancos 
digitais e, via de regra, não possuem agências físicas para atendimento ao 
público. Dessa forma, além de apresentar o aumento da bancarização, esses 
números também indicam aumento no uso de dispositivos móveis para acesso 
a serviços financeiros. 
Dos novos relacionamentos entre 2018 e 2020, grande parte deles se 
deve à pandemia de COVID-19, durante a qual os bancos restringiram parcial ou 
totalmente o atendimento e houve a criação do auxílio emergencial. Esse auxílio 
demandou a abertura de milhões de novas contas para o seu recebimento e, 
durante o ano de 2020, aproximadamente 14 milhões de cidadãos iniciarem 
relacionamento com o SFN. A figura 7 detalha esses números. 
 -
 50
 100
 150
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 250
 300
2018 2019 2020
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Bancos Instituições Pagamento Cooperativas
Instituições Crédito Mercado Capitais Bancos Especializados
 
 
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Figura 7 – Novos relacionamentos de pessoas físicas com o SFN por segmento 
 
Fonte: Relatório de Cidadania Financeira, Bacen, 2021. 
TEMA 3 – AS CONTAS PÚBLICAS E AS POLÍTICAS DE GASTOS PÚBLICOS 
 
Crédito: Rafastockbr/Shutterstock. 
As contas públicas são definidas pelo orçamento da União. Nesse tópico, 
apresentaremos as principais políticas de gastos públicos, o orçamento da União 
e a divisão dos gastos pelos ministérios e setores do governo. 
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Bancos Instituição de Pagamento
Cooperativas Instituição de Crédito
Mercado de Capitais Bancos especializados
 
 
12 
3.1 Políticas de Gastos Públicos 
A arrecadação de um país se dá por meio dos impostos que, totalizados, 
representam a carga tributária bruta. A carga tributária líquida representa a carga 
tributária bruta menos as transferências governamentais (juros da dívida pública, 
subsídios e gastos com assistência e previdência social). Os gastos correntes 
do governo são financiados com a carga líquida e a diferença entre a receita 
líquida e o consumo do governo é caracterizada como poupança do governo em 
conta corrente (Lopes, 2018). Outro conceito importante na política fiscal é o 
déficit público, definido como a diferença entre o investimento público e a 
poupança do governo em conta corrente. 
Quando o déficit é negativo, indicamos que há um superávit e uma política 
fiscal contracionista, ou seja, com restrição na demanda. Quanto o déficit é 
positivo, dizemos que o governo está com uma política fiscal expansionista, ou 
seja, gastando mais do que arrecadando. Quanto esse déficit ocorre, ele deve 
ser financiado com a venda de títulos públicos ao setor privado ou internamente 
com a venda de títulos públicos ao Banco Central. 
Nessa segunda opção, a compra de títulos pelo Banco Central é feita com 
a emissão de moeda e as duas causam o endividamento do setor público. Esse 
endividamento é uma nova categoria de gastos, ou seja, com a rolagem e o 
pagamento dos serviços dessa dívida. Os juros da dívida são caracterizados 
como gastos com transferências (Lopes, 2018). 
3.2 Legislação do Orçamento Público 
O orçamento do Governo Federal é estipulado pela Lei Orçamentária 
Anual (LOA). Essa lei apresenta um planejamento que indica o quanto e onde 
gastar o dinheiro público no período de um ano, com base no valor arrecadado 
pelos impostos. O Poder Executivo elabora a LOA e o Poder Legislativo a 
transforma em lei. Os 26 Estados e o Distrito Federal também elaboram seus 
orçamentos, prevendo a arrecadação e os gastos a serem realizados no 
exercício. 
Existem outras duas leis orçamentárias que balizam esse processo. A 
primeira delas é o Plano Plurianual (PPA), responsável pelo planejamento de um 
período de quatro anos. Essa lei é encaminhada pelo Executivo ao Congresso 
até o dia 31 de agosto do primeiro ano de cada governo e começa a valer no ano 
 
 
13 
seguinte. Ou seja, o presidente que a encaminhou irá obedecê-la por três anos 
e restará um ano ao presidente seguinte, o que auxilia a manutenção da 
continuidade administrativa. 
Com a PPA aprovada, o Executivo envia ao Congresso a Lei de Diretrizes 
Orçamentárias (LDO), a qual, após aprovada pelo Legislativo, irá definir as 
diretrizes da LOA. Os projetos do PPA, LDO e LOA são realizados pelo 
Presidente da República e alterados/votados pelo Legislativo. Após o projeto de 
Orçamento ser aprovado, ele volta ao Executivo para a sanção pelo presidente 
da República, sendo transformado em lei. Daí em diante inicia-se a fase da 
execução, que é a liberação das verbas. 
3.3 Orçamento ministerial 
A distribuição do orçamento da União é realizada por ministérios e setores 
(ex. Economia, Trabalho e Presidência da República). O orçamento de despesas 
previstas para o ano de 2021 foi de R$ 4,33 trilhões, enquanto o de receitas foi 
R$ 4,18 trilhões. Desse valor, foram executados R$ 4,08 em receitas e R$ 3,66 
trilhões em despesas, equivalente a 84,53% do total das despesas orçadas. No 
momento da elaboração da LOA, os gastos previstos devem ter sua fonte de 
origem definida para não gerar déficit nas contas públicas. A tabela 3 demonstra 
os valores referentes aos 10 maiores orçamentos ministeriais em termos de 
valores orçados (previstos) e realizados. 
Tabela 3 – Orçamento previsto e realizado por ministérios para o ano de 2021 
Órgão 
Receitas Despesas 
Previsto 
2021* 
Realizado 
2021* 
% realizado 
e previsto 
Previsto 
2021* 
Realizado 
2021* 
% 
executado 
e previsto 
Ministério da Economia 3.114.400 3.445.687 110.64% 2.661.457 2.322.905 87.28% 
Ministério do Trabalho 765.863 516.386 67.43% 809.003 722.818 89.35% 
Ministério da Educação 
 
87.428 
 
33.828 38.69% 153.505 123.429 80.41% 
Ministérioda Defesa 
 
68.519 
 
15.614 22.79% 117.058 
 
98.718 84.33% 
Ministério de Minas e Energia 
 
43.184 
 
15.204 35.21% 
 
71.653 
 
58.746 81.99% 
Ministério do Desenvolvimento Regional 
 
19.544 
 
2.416 12.36% 
 
37.883 
 
15.408 40.67% 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abast. 
 
15.303 
 
6.586 43.03% 
 
24.891 
 
15.433 62.00% 
Ministério da Infraestrutura 
 
15.071 
 
22.193 147.26% 
 
24.788 
 
6.703 27.04% 
Ministério da Justiça e Segurança Pública 
 
10.191 
 
4.445 43.62% 
 
18.347 
 
14.340 78.16% 
Ministério da Ciência, Tec., Inov. e Com. 
 
9.861 
 
4.591 46.55% 
 
12.782 
 
5.779 45.21% 
Demais órgãos 
 
31.351 
 
13.282 42,37% 402.868 273.846 67,97% 
Total 4.180.716 4.080.232 97,60% 4.334.236 3.658.125 84,40% 
* Valores em R$ milhões 
Fonte: Portal da Transparência 
 
 
14 
 
Destacam-se as arrecadações do Ministério da Economia, as quais 
superaram em 10,64% o valor previsto na LOA e o fato de que o orçamento total 
das despesas foi equivalente a 84,40% do valor orçado. Ou seja, houve um 
superávit de receitas superiores às despesas em R$ 422 bilhões. 
TEMA 4 – INDICADORES SETORIAIS: AGRONEGÓCIO, INDÚSTRIA, 
COMÉRCIO E SERVIÇOS 
 
Crédito: VectorMine/Shutterstock. 
Este tópico demonstra a participação dos segmentos do agronegócio, 
indústria, comércio e serviços no percentual do PIB. Além disso, apresentamos 
a estratificação por segmentos de cada um desses setores. 
4.1 Agricultura 
O agronegócio é caracterizado como a soma de quatro segmentos: 
insumo para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou primária, 
agroindústria (processamento) e agrosserviços. A análise desse conjunto de 
segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao 
serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do 
agronegócio (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) - 
ESALQ USP, 2022). 
O Cepea/Esalq-USP, responsável pelo cálculo do PIB do agronegócio 
brasileiro, mede o PIB do agronegócio pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor 
 
 
15 
Adicionado (VA) total deste setor na economia, avaliado a preços de mercado 
(considera impostos indiretos menos subsídios). O PIB do agronegócio brasileiro 
se refere, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de 
insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas 
as atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, 
por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e 
trabalho). A figura 8 demonstra a divisão do ramo agrícola entre os anos de 2012 
e 2021. 
Figura 8 – PIB da agricultura brasileira entre os anos de 2012 e 2021 (em R$ 
milhões) 
 
Fonte: Cepea/Confederação Nacional da Agricultura (CNA). 
A figura 8 demonstra que a o ramo de serviços agrícolas representa, 
historicamente, o maior percentual da série histórica. Para exemplificar, em 2021 
esse segmento representou 43,12% do total do PIB do ramo agrícola. 
Em relação ao ramo pecuário, demonstrado na figura 9, o segmento de 
serviços também se destaca, equivalente a 42,12% do total da pecuária para o 
ano de 2021. 
 -
 200.000
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 800.000
 1.000.000
 1.200.000
 1.400.000
 1.600.000
 1.800.000
 2.000.000
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Insumos Agropecuária Indústria Serviços
 
 
16 
Figura 9 – PIB do ramo pecuário entre os anos de 2012 e 2021 (em R$ milhões) 
 
Fonte: Cepea/CNA. 
Considerando sua participação no PIB, dados do Cepea/CNA para o ano 
2021 demonstram que o setor de agronegócio teve uma participação de 24,7% 
no PIB brasileiro. 
4.2 Indústria 
A mudança no perfil da economia brasileira desde os anos 1980 é refletida 
também na participação da indústria no PIB. O setor industrial, que já alcançou 
48% de participação no total do PIB, em 2021 encerrou o ano com uma 
participação equivalente a 22,2% desse indicador (Confederação Nacional da 
Indústria). A figura 10 demonstra a participação dos segmentos no total da 
indústria. 
 -
 200.000
 400.000
 600.000
 800.000
 1.000.000
 1.200.000
 1.400.000
 1.600.000
 1.800.000
 2.000.000
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Insumos Agropecuária Indústria Serviços
 
 
17 
Figura 10 – Participação trimestral dos segmentos na indústria brasileira 
 
Fonte: IBGE, 2022. 
4.3 Comércio e serviços 
O setor de comércio e serviços apresentou participação de 69,75% no PIB 
brasileiro para o ano de 2021. A literatura demonstra que, quanto maior a 
participação desse setor na economia, mais desenvolvido tende a ser o país. A 
figura 11 demonstra a divisão do setor de serviços por segmento em bases 
trimestrais. 
Figura 11 – Total trimestral do setor de serviços e seus segmentos 
Fonte: IBGE, 2022. 
 
 -
 50.000
 100.000
 150.000
 200.000
 250.000
 300.000
 350.000
 400.000
 450.000
 500.000
3º trimestre
2020
4º trimestre
2020
1º trimestre
2021
2º trimestre
2021
3º trimestre
2021
4º trimestre
2021
1º trimestre
2022
2º trimestre
2022
Indústrias extrativas Indústrias de transformação Eletricidade e gás, água, esgoto Construção
 -
 200.000
 400.000
 600.000
 800.000
 1.000.000
 1.200.000
 1.400.000
 1.600.000
3º trimestre
2020
4º trimestre
2020
1º trimestre
2021
2º trimestre
2021
3º trimestre
2021
4º trimestre
2021
1º trimestre
2022
2º trimestre
2022
Comércio Transp., armazenagem e correio
Informação e comunic. Atividades financ., de seguros
Atividades imobiliárias Outras atividades de serviços
Adm., saúde e ed. pub. e seg. social
 
 
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TEMA 5 – INDICADORES REGIONAIS DE ATIVIDADE ECONÔMICA 
 
Crédito: Timyee/Shutterstock. 
As duas medidas mais importantes de atividade econômica por região são 
o PIB Regional e a arrecadação de impostos federais. Neste tópico, trataremos 
desses assuntos e das particularidades que eles apresentam. 
5.1 PIB Regional 
A demonstração dos valores do PIB brasileiro por regiões demonstra uma 
distribuição desigual desse indicador dentre os Estados. A região que apresenta 
o maior PIB é a Sudeste, com 53%. Esse resultado equivale a mais da metade 
do PIB brasileiro sendo dividido entre três estados. A região que possui o menor 
PIB é a Norte, com 6% do total. A tabela 4 demonstra o PIB estadual para o ano 
de 2019, período com última disponibilização de dados do IBGE. 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 4 – PIB por Estados brasileiros e regiões para o ano de 2019 
Unidades da 
Federação 
PIB em 2019 
(1.000.000 R$) 
PIB per 
capita Região Estado 
% PIB por 
Região 
Distrito Federal 273.614 90.743 
Centro Oeste 
3,70% 
10% 
Goiás 208.672 29.732 2,82% 
Mato Grosso 142.122 40.787 1,92% 
Mato Grosso do Sul 106.943 38.483 1,45% 
Alagoas 58.964 17.668 
Nordeste 
0,80% 
14% 
Bahia 293.241 19.716 3,97% 
Ceará 163.575 17.912 2,21% 
Maranhão 97.340 13.758 1,32% 
Paraíba 67.986 16.920 0,92% 
Pernambuco 197.853 20.702 2,68% 
Piauí 52.781 16.125 0,71% 
Rio Grande do Norte 71.337 20.342 0,97% 
Sergipe 44.689 19.441 0,60% 
Acre 15.630 17.722 
Norte 
0,21% 
6% 
Amapá 17.497 20.688 0,24% 
Amazonas 108.181 26.102 1,46% 
Pará 178.377 20.734 2,41% 
Rondônia 47.091 26.497 0,64% 
Roraima 14.292 23.594 0,19% 
Tocantins 39.356 25.021 0,53% 
Espírito Santo 137.346 34.177 
Sudeste 
1,86% 
53% 
Minas Gerais 651.873 30.794 8,82% 
Rio de Janeiro 779.928 45.174 10,56% 
São Paulo 2.348.338 51.140 31,78% 
Paraná 466.377 40.789 
Sul 
6,31% 
17% Rio Grande do Sul 482.464 42.406 6,53% 
Santa Catarina 323.264 45.118 4,37% 
 
Pela Tabela 4 podemos verificar que São Paulo é o Estado com o maior 
PIBnacional, enquanto que Roraima é o que apresenta o menor PIB, com 0,19% 
do total. Em relação ao PIB per capita, este varia de R$ 13,8 mil (Maranhão) até 
o valor de R$ 90,7 mil per capita. A figura 12 demonstra um mapa de calor com 
o detalhamento desses valores. 
 
 
 
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Figura 12 – PIB per capita no ano de 2019 por Estados brasileiros 
 
 
Fonte: IBGE, 2020. 
Crédito: Mghstars/Shutterstock. 
5.2 Arrecadação de Receitas Federais 
As receitas federais incluem os impostos sob responsabilidade da União, 
tais como: Imposto sobre Importação; Imposto de Renda; Imposto sobre 
Operações Financeiras e; Cofins. No ano de 2021, esses impostos totalizaram 
uma arrecadação bruta de R$ 1,878 trilhão, divididos conforme demonstrado na 
Tabela 5. 
Tabela 5 – Arrecadação de impostos federais no ano de 2021 (em R$ milhões) 
UF Valor UF Valor 
São Paulo 715.682 Pará 17.874 
Rio de Janeiro 329.313 Mato Grosso do Sul 12.722 
Distrito Federal 137.541 Maranhão 11.616 
Minas Gerais 125.754 Paraíba 9.075 
Santa Catarina 97.167 Rio Grande do Norte 8.521 
Paraná 91.884 Alagoas 6.341 
Rio Grande do Sul 88.409 Piauí 5.921 
Bahia 40.660 Sergipe 5.877 
Pernambuco 32.126 Rondônia 5.317 
Espírito Santo 30.445 Tocantins 3.863 
Ceará 30.135 Acre 1.768 
Goiás 28.171 Roraima 1.583 
Amazonas 20.444 Amapá 1.484 
Mato Grosso 19.123 
Fonte: Receita Federal do Brasil. 
 
 
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TROCANDO IDEIAS 
Quais dos indicadores tratados você considera mais relevantes ou mais 
interessantes? Como é a participação do nosso país ou do seu Estado nesse 
indicador? Quais as relações que podem ser feitas a partir dessas mensurações? 
 
NA PRÁTICA 
Com o objetivo de trazer maior participação popular para os assuntos do 
país, estados e municípios, o Governo Federal criou o Portal da Transparência. 
Esse recurso fornece informações detalhadas sobre a execução orçamentária e 
financeira da União de forma clara e acessível para o público. Os dados contidos 
nesse portal abrangem informações do Poder Executivo e da esfera federal. 
Alguns exemplos de informações tratadas nesse recurso são: Auxílio 
Brasil; benefícios ao cidadão; notas fiscais; viagens a serviço e; estados e 
municípios. O endereço para acesso disponível em: 
<https://www.portaltransparencia.gov.br/>. Acesso em: 11 nov. 2022. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, iniciamos uma análise mais detalhada dos indicadores da 
economia brasileira, do nível da União para os estados da federação. Para isso, 
foram tratados assuntos referentes aos principais indicadores de 
desenvolvimento, do mercado financeiro, dados das contas públicas, indicadores 
setoriais e regionais de atividade econômica. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Economia Bancária - 2020. 
Brasília, 2020. 
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ 
USP. PIB do agronegócio brasileiro. Disponível em: 
<https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx>. 
Acesso em: 11 nov. 2022. 
GALVÃO, A. M.; OLIVEIRA, V. I. D.; FLEURIET, M. Gestão de riscos no 
mercado financeiro. São Paulo: Saraiva, 2018. 
GIAMBIAGI, F. Desenvolvimento econômico - uma perspectiva brasileira. 
São Paulo: Grupo GEN, 2012. 
GREMAUD, A. P.; VASCONCELLOS, M. A. S. D.; JR, R. T. Economia 
Brasileira Contemporânea. 8. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2016. 
LOPES, L. M. Macroeconomia - teoria e aplicações de política econômica. 
4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2018. 
	Conversa inicial
	Contextualizando
	Trocando ideias
	Na prática
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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