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ANÁLISE DO CONTEXTO ECONÔMICO E SOCIAL BRASILEIRO AULA 4 Prof. Itamir Caciatori Junior 2 CONVERSA INICIAL Nesta etapa, iniciaremos o detalhamento dos dados de crescimento e desenvolvimento expostos em capítulos anteriores. Para isso, dividimos o conteúdo nos seguintes tópicos: indicadores de desenvolvimento; indicadores do mercado financeiro e classificação de risco; as contas públicas e as políticas de gastos públicos; indicadores setoriais – agronegócio, indústria, comércio e serviços e; indicadores regionais de atividade econômica. CONTEXTUALIZANDO Diariamente somos atingidos por notícias sobre os principais dados econômicos brasileiros. Porém, como ocorre em outros campos do conhecimento, é necessário um detalhamento maior para que possamos tirar nossas conclusões a respeito dos números que nos são demonstrados. Isso nos leva a algumas questões, tais como: como os indicadores de desenvolvimento de um país são trabalhados? Como está o mercado financeiro nacional e sua classificação de risco? Qual a estratificação das contas públicas sob responsabilidade da União? De que forma o PIB é dividido em agronegócio, indústria, comércio e serviços? Como está o comportamento dos principais indicadores regionais de atividade econômica? TEMA 1 – INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO Crédito: Daniela Barreto/Shutterstock. 3 Antes da exposição dos índices de desenvolvimento, é necessário diferenciar crescimento e desenvolvimento econômico. Para Giambiagi (2012), enquanto o crescimento econômico tenta entender o fenômeno do crescimento de modo geral, o desenvolvimento econômico busca entender as diferenças entre os países. Outra polêmica envolvendo esses conceitos é o uso do PIB como indicador de desenvolvimento. Para o autor, considerando a média de períodos mais longos, o PIB por habitante não é um índice que possa ser desprezado quando se trata de analisar o desenvolvimento. Neste tópico, apresentaremos o PIB per capita e o Índice de Gini. 1.1 PIB per capita O PIB per capita é um indicador calculado pelo Banco Mundial e está disponível no banco de dados World Bank Data. O PIB per capita é o produto interno bruto dividido pela população no meio do ano. O PIB é a soma do valor bruto agregado por todos os produtores residentes na economia mais quaisquer impostos sobre os produtos. É calculado sem fazer deduções por depreciação de bens fabricados ou por esgotamento e degradação de recursos naturais. Os dados desse indicador são demonstrados em dólares americanos atuais e o período de cálculo é anual. A figura 1 demonstra a distribuição do PIB per capita pelo planeta, incluindo as variações de acordo com cada país analisado. 4 Figura 1 – Distribuição do PIB per capita pelo mundo para o ano de 2021 (em US$ dólares) Fonte: World Bank Data, 2021. Para o caso do Brasil, o país possui um histórico de crescimento nesse indicador a partir do ano de 1960. Porém, após atingir um pico no ano de 2011, o Brasil vem experimentando quedas consecutivas no PIB per capita. A figura 2 demonstra a evolução desse indicador de 1960 a 2021 em nosso país. Figura 2 – Evolução do PIB per capita brasileiro de 1960 a 2021 (em US$) Fonte: elaborado por Caciatori, 2022, com base em World Bank Data, 2022. 236 2.839 13.245 7.519 - 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 19 60 19 62 19 64 19 66 19 68 19 70 19 72 19 74 19 76 19 78 19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08 20 10 20 12 20 14 20 16 20 18 20 20 $0 $ 1.000 $ 2.000 $ 5.000 $ 10.000 $ 20.000 $ 50.000 $ 100.000 $ 200.000 5 1.2 Índice de Gini O Índice de Gini é um indicador de concentração calculado a partir da curva de Lorenz. No caso da distribuição pessoal de renda, essa curva considera as faixas da população acumulada (dos mais pobres aos mais ricos), com a participação acumulada dessas faixas (Gremaud et al., 2016). A figura 3 demonstra um exemplo da Curva de Lorenz. Figura 3 – Curva de Lorenz Crédito: Itamir Caciatori Junior, 2022. Explicando a figura 3, o ponto C demonstra que os 20% da população mais pobre possuem 4% da renda e o ponto D indica que 80% da população possui 45% da renda. Quando a renda é perfeitamente distribuída, por exemplo, quando 40% da população possui 40% da renda, a Curva de Lorenz é exatamente a reta que liga os pontos A e B. Dessa forma, quanto mais próxima essa reta estiver da Curva de Lorenz, mais bem distribuída é a renda do país, e quanto mais essa curva se aproxima da curva AOB, mais mal distribuída é a renda do país. Quanto mais próximo de 1, maior é a área da curva e, consequentemente, maior é a concentração de renda no país. C A B D 4% 45 % % da população acumulada % d a re nd a ac um ul ad a Curva de Lorenz 20% 80% 6 Para o caso brasileiro, a figura 4 demonstra a evolução desse indicador de 1981 a 2020. Figura 4 – Índice de Gini para o Brasil entre 1981 e 2020 *Observação: os períodos em branco não tiveram medição do indicador Fonte: World Bank Data, 2022. Em comparação com os 169 países analisados e que tiveram seus dados mais recentes publicados pelo Banco Mundial, o Brasil ocupou a 17ª posição dentre os países com as piores distribuições de renda. A figura 5 demonstra a distribuição desse indicador pelo globo (quanto mais vermelho o país, pior o índice). 0,45 0,47 0,49 0,51 0,53 0,55 0,57 0,59 0,61 0,63 0,65 7 Figura 5 – Distribuição do Índice de Gini pelo mundo no ano de 2018 Fonte: Our World in Data /Banco Mundial TEMA 2 – INDICADORES DO MERCADO FINANCEIRO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Crédito: MarcosRony/Shutterstock. 0, 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 8 Tendo como base os principais indicadores do mercado financeiro, este tópico apresenta três desses indicadores: concentração bancária; índice de Basileia e; inclusão financeira. 2.1 Concentração Bancária Para mensurar a concentração bancária no Brasil, o BACEN utiliza o Índice Herfindahl-Hirschman Normalizado (IHHn) e a Razão de Concentração dos Cinco Maiores (RC5) nos agregados contábeis relativos aos ativos totais, às operações de crédito e aos depósitos totais no Brasil. O IHHn é obtido pelo somatório do quadrado da participação de mercado, na forma décima, de cada instituição financeira, resultando em um número entre 0 e 1. O BACEN considera a concentração pelo IHHn nos seguintes patamares (Banco Central do Brasil, 2020). Entre 0 e 0,10 = baixa concentração; Acima de 0,10 até 0,18 = moderada concentração; Acima de 0,18 e até 1 = elevada concentração. De acordo com os dados da instituição, os dados históricos desses dois indicadores estão apresentados na tabela 1. Tabela 1 – Indicadores de concentração do segmento bancário e não bancário brasileiro por ativos totais Indicadores Dez 2018 Dez 2019 Dez 2020 IHHn 0,1090 0,1071 0,0983 RC5 (%) 69,3 69,8 67,0 Fonte: Banco Central do Brasil, 2020. Esses resultados indicam que, considerando o IHHn, o mercado bancário brasileiro apresentou um nível de concentração moderada nos períodos analisados. 2.2 Índice da Basileia O índice da Basileia faz parte dos Acordos de Basileia, um conjunto de regras e metodologias estabelecidas pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia para análise do risco de crédito bancário (Galvão et al., 2018). Esse Comitê estabelece regras de capitalização mínimas às quais os bancos dos países signatários do acordo devem estar de acordo. 9 Esse índice busca medir a solvência dasinstituições financeiras, ou seja, quanto de capital próprio o banco possui no passivo com outros agentes econômicos. O acordo da Basileia está em sua terceira versão, em resposta à crise financeira de 2008 e o índice atual exigido no Brasil está em 11%. Ou seja, dos ativos ponderados ao risco, cada instituição deve possuir, no mínimo, 11% desses valores em seu patrimônio de referência. De forma mais simplificada, isso significa que, para cada R$ 100,00 emprestados para pessoas físicas e empresas, o banco possui R$ 11,00 de patrimônio do banco para resguardar essas operações. No Brasil, a composição dos cinco maiores bancos para o Índice da Basileia em dezembro de 2021 está demonstrada na Tabela 2. Tabela 2 – Índice de Basileia para os cinco maiores bancos brasileiros em dezembro de 2021 Banco Índice B1 14,72% B2 15,76% B3 17,76% B4 19,27% B5 14,91% Fonte: Bacen, 2022. Considerando os cinco maiores bancos brasileiros, podemos verificar que esse indicador apresenta adequado grau de solvência, indo de 14,72% para 19,27%. 2.3 Inclusão financeira A inclusão financeira, também definida como cidadania financeira, representa a participação dos bancos na vida das pessoas por meio de indicadores como grau de bancarização, percentual de utilização de produtos e serviços financeiros e quantidade de agências bancárias instaladas. Com base no fechamento de 2020, o Relatório de Cidadania Financeira, elaborado pelo Bacen, apresenta que o percentual de adultos com relacionamento com instituições financeiras no Brasil está acima de 85%. A figura 6 detalha as quantidades por tipo de instituição. 10 Figura 6 – Relacionamentos de pessoas físicas com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) por segmento Fonte: Relatório de Cidadania Financeira, Bacen, 2021. Um destaque desses números é a quantidade de clientes atendidos por instituições de pagamento. Essas instituições são conhecidas como bancos digitais e, via de regra, não possuem agências físicas para atendimento ao público. Dessa forma, além de apresentar o aumento da bancarização, esses números também indicam aumento no uso de dispositivos móveis para acesso a serviços financeiros. Dos novos relacionamentos entre 2018 e 2020, grande parte deles se deve à pandemia de COVID-19, durante a qual os bancos restringiram parcial ou totalmente o atendimento e houve a criação do auxílio emergencial. Esse auxílio demandou a abertura de milhões de novas contas para o seu recebimento e, durante o ano de 2020, aproximadamente 14 milhões de cidadãos iniciarem relacionamento com o SFN. A figura 7 detalha esses números. - 50 100 150 200 250 300 2018 2019 2020 M ilh õe s Bancos Instituições Pagamento Cooperativas Instituições Crédito Mercado Capitais Bancos Especializados 11 Figura 7 – Novos relacionamentos de pessoas físicas com o SFN por segmento Fonte: Relatório de Cidadania Financeira, Bacen, 2021. TEMA 3 – AS CONTAS PÚBLICAS E AS POLÍTICAS DE GASTOS PÚBLICOS Crédito: Rafastockbr/Shutterstock. As contas públicas são definidas pelo orçamento da União. Nesse tópico, apresentaremos as principais políticas de gastos públicos, o orçamento da União e a divisão dos gastos pelos ministérios e setores do governo. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 ja n- 17 m ar -1 7 m ai -1 7 ju l-1 7 se t-1 7 no v- 17 ja n- 18 m ar -1 8 m ai -1 8 ju l-1 8 se t-1 8 no v- 18 ja n- 19 m ar -1 9 m ai -1 9 ju l-1 9 se t-1 9 no v- 19 ja n- 20 m ar -2 0 m ai -2 0 ju l-2 0 se t-2 0 no v- 20 M ilh õe s Bancos Instituição de Pagamento Cooperativas Instituição de Crédito Mercado de Capitais Bancos especializados 12 3.1 Políticas de Gastos Públicos A arrecadação de um país se dá por meio dos impostos que, totalizados, representam a carga tributária bruta. A carga tributária líquida representa a carga tributária bruta menos as transferências governamentais (juros da dívida pública, subsídios e gastos com assistência e previdência social). Os gastos correntes do governo são financiados com a carga líquida e a diferença entre a receita líquida e o consumo do governo é caracterizada como poupança do governo em conta corrente (Lopes, 2018). Outro conceito importante na política fiscal é o déficit público, definido como a diferença entre o investimento público e a poupança do governo em conta corrente. Quando o déficit é negativo, indicamos que há um superávit e uma política fiscal contracionista, ou seja, com restrição na demanda. Quanto o déficit é positivo, dizemos que o governo está com uma política fiscal expansionista, ou seja, gastando mais do que arrecadando. Quanto esse déficit ocorre, ele deve ser financiado com a venda de títulos públicos ao setor privado ou internamente com a venda de títulos públicos ao Banco Central. Nessa segunda opção, a compra de títulos pelo Banco Central é feita com a emissão de moeda e as duas causam o endividamento do setor público. Esse endividamento é uma nova categoria de gastos, ou seja, com a rolagem e o pagamento dos serviços dessa dívida. Os juros da dívida são caracterizados como gastos com transferências (Lopes, 2018). 3.2 Legislação do Orçamento Público O orçamento do Governo Federal é estipulado pela Lei Orçamentária Anual (LOA). Essa lei apresenta um planejamento que indica o quanto e onde gastar o dinheiro público no período de um ano, com base no valor arrecadado pelos impostos. O Poder Executivo elabora a LOA e o Poder Legislativo a transforma em lei. Os 26 Estados e o Distrito Federal também elaboram seus orçamentos, prevendo a arrecadação e os gastos a serem realizados no exercício. Existem outras duas leis orçamentárias que balizam esse processo. A primeira delas é o Plano Plurianual (PPA), responsável pelo planejamento de um período de quatro anos. Essa lei é encaminhada pelo Executivo ao Congresso até o dia 31 de agosto do primeiro ano de cada governo e começa a valer no ano 13 seguinte. Ou seja, o presidente que a encaminhou irá obedecê-la por três anos e restará um ano ao presidente seguinte, o que auxilia a manutenção da continuidade administrativa. Com a PPA aprovada, o Executivo envia ao Congresso a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a qual, após aprovada pelo Legislativo, irá definir as diretrizes da LOA. Os projetos do PPA, LDO e LOA são realizados pelo Presidente da República e alterados/votados pelo Legislativo. Após o projeto de Orçamento ser aprovado, ele volta ao Executivo para a sanção pelo presidente da República, sendo transformado em lei. Daí em diante inicia-se a fase da execução, que é a liberação das verbas. 3.3 Orçamento ministerial A distribuição do orçamento da União é realizada por ministérios e setores (ex. Economia, Trabalho e Presidência da República). O orçamento de despesas previstas para o ano de 2021 foi de R$ 4,33 trilhões, enquanto o de receitas foi R$ 4,18 trilhões. Desse valor, foram executados R$ 4,08 em receitas e R$ 3,66 trilhões em despesas, equivalente a 84,53% do total das despesas orçadas. No momento da elaboração da LOA, os gastos previstos devem ter sua fonte de origem definida para não gerar déficit nas contas públicas. A tabela 3 demonstra os valores referentes aos 10 maiores orçamentos ministeriais em termos de valores orçados (previstos) e realizados. Tabela 3 – Orçamento previsto e realizado por ministérios para o ano de 2021 Órgão Receitas Despesas Previsto 2021* Realizado 2021* % realizado e previsto Previsto 2021* Realizado 2021* % executado e previsto Ministério da Economia 3.114.400 3.445.687 110.64% 2.661.457 2.322.905 87.28% Ministério do Trabalho 765.863 516.386 67.43% 809.003 722.818 89.35% Ministério da Educação 87.428 33.828 38.69% 153.505 123.429 80.41% Ministérioda Defesa 68.519 15.614 22.79% 117.058 98.718 84.33% Ministério de Minas e Energia 43.184 15.204 35.21% 71.653 58.746 81.99% Ministério do Desenvolvimento Regional 19.544 2.416 12.36% 37.883 15.408 40.67% Ministério da Agricultura, Pecuária e Abast. 15.303 6.586 43.03% 24.891 15.433 62.00% Ministério da Infraestrutura 15.071 22.193 147.26% 24.788 6.703 27.04% Ministério da Justiça e Segurança Pública 10.191 4.445 43.62% 18.347 14.340 78.16% Ministério da Ciência, Tec., Inov. e Com. 9.861 4.591 46.55% 12.782 5.779 45.21% Demais órgãos 31.351 13.282 42,37% 402.868 273.846 67,97% Total 4.180.716 4.080.232 97,60% 4.334.236 3.658.125 84,40% * Valores em R$ milhões Fonte: Portal da Transparência 14 Destacam-se as arrecadações do Ministério da Economia, as quais superaram em 10,64% o valor previsto na LOA e o fato de que o orçamento total das despesas foi equivalente a 84,40% do valor orçado. Ou seja, houve um superávit de receitas superiores às despesas em R$ 422 bilhões. TEMA 4 – INDICADORES SETORIAIS: AGRONEGÓCIO, INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS Crédito: VectorMine/Shutterstock. Este tópico demonstra a participação dos segmentos do agronegócio, indústria, comércio e serviços no percentual do PIB. Além disso, apresentamos a estratificação por segmentos de cada um desses setores. 4.1 Agricultura O agronegócio é caracterizado como a soma de quatro segmentos: insumo para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou primária, agroindústria (processamento) e agrosserviços. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) - ESALQ USP, 2022). O Cepea/Esalq-USP, responsável pelo cálculo do PIB do agronegócio brasileiro, mede o PIB do agronegócio pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor 15 Adicionado (VA) total deste setor na economia, avaliado a preços de mercado (considera impostos indiretos menos subsídios). O PIB do agronegócio brasileiro se refere, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho). A figura 8 demonstra a divisão do ramo agrícola entre os anos de 2012 e 2021. Figura 8 – PIB da agricultura brasileira entre os anos de 2012 e 2021 (em R$ milhões) Fonte: Cepea/Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A figura 8 demonstra que a o ramo de serviços agrícolas representa, historicamente, o maior percentual da série histórica. Para exemplificar, em 2021 esse segmento representou 43,12% do total do PIB do ramo agrícola. Em relação ao ramo pecuário, demonstrado na figura 9, o segmento de serviços também se destaca, equivalente a 42,12% do total da pecuária para o ano de 2021. - 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000 1.600.000 1.800.000 2.000.000 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Insumos Agropecuária Indústria Serviços 16 Figura 9 – PIB do ramo pecuário entre os anos de 2012 e 2021 (em R$ milhões) Fonte: Cepea/CNA. Considerando sua participação no PIB, dados do Cepea/CNA para o ano 2021 demonstram que o setor de agronegócio teve uma participação de 24,7% no PIB brasileiro. 4.2 Indústria A mudança no perfil da economia brasileira desde os anos 1980 é refletida também na participação da indústria no PIB. O setor industrial, que já alcançou 48% de participação no total do PIB, em 2021 encerrou o ano com uma participação equivalente a 22,2% desse indicador (Confederação Nacional da Indústria). A figura 10 demonstra a participação dos segmentos no total da indústria. - 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000 1.600.000 1.800.000 2.000.000 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Insumos Agropecuária Indústria Serviços 17 Figura 10 – Participação trimestral dos segmentos na indústria brasileira Fonte: IBGE, 2022. 4.3 Comércio e serviços O setor de comércio e serviços apresentou participação de 69,75% no PIB brasileiro para o ano de 2021. A literatura demonstra que, quanto maior a participação desse setor na economia, mais desenvolvido tende a ser o país. A figura 11 demonstra a divisão do setor de serviços por segmento em bases trimestrais. Figura 11 – Total trimestral do setor de serviços e seus segmentos Fonte: IBGE, 2022. - 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 400.000 450.000 500.000 3º trimestre 2020 4º trimestre 2020 1º trimestre 2021 2º trimestre 2021 3º trimestre 2021 4º trimestre 2021 1º trimestre 2022 2º trimestre 2022 Indústrias extrativas Indústrias de transformação Eletricidade e gás, água, esgoto Construção - 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000 1.600.000 3º trimestre 2020 4º trimestre 2020 1º trimestre 2021 2º trimestre 2021 3º trimestre 2021 4º trimestre 2021 1º trimestre 2022 2º trimestre 2022 Comércio Transp., armazenagem e correio Informação e comunic. Atividades financ., de seguros Atividades imobiliárias Outras atividades de serviços Adm., saúde e ed. pub. e seg. social 18 TEMA 5 – INDICADORES REGIONAIS DE ATIVIDADE ECONÔMICA Crédito: Timyee/Shutterstock. As duas medidas mais importantes de atividade econômica por região são o PIB Regional e a arrecadação de impostos federais. Neste tópico, trataremos desses assuntos e das particularidades que eles apresentam. 5.1 PIB Regional A demonstração dos valores do PIB brasileiro por regiões demonstra uma distribuição desigual desse indicador dentre os Estados. A região que apresenta o maior PIB é a Sudeste, com 53%. Esse resultado equivale a mais da metade do PIB brasileiro sendo dividido entre três estados. A região que possui o menor PIB é a Norte, com 6% do total. A tabela 4 demonstra o PIB estadual para o ano de 2019, período com última disponibilização de dados do IBGE. 19 Tabela 4 – PIB por Estados brasileiros e regiões para o ano de 2019 Unidades da Federação PIB em 2019 (1.000.000 R$) PIB per capita Região Estado % PIB por Região Distrito Federal 273.614 90.743 Centro Oeste 3,70% 10% Goiás 208.672 29.732 2,82% Mato Grosso 142.122 40.787 1,92% Mato Grosso do Sul 106.943 38.483 1,45% Alagoas 58.964 17.668 Nordeste 0,80% 14% Bahia 293.241 19.716 3,97% Ceará 163.575 17.912 2,21% Maranhão 97.340 13.758 1,32% Paraíba 67.986 16.920 0,92% Pernambuco 197.853 20.702 2,68% Piauí 52.781 16.125 0,71% Rio Grande do Norte 71.337 20.342 0,97% Sergipe 44.689 19.441 0,60% Acre 15.630 17.722 Norte 0,21% 6% Amapá 17.497 20.688 0,24% Amazonas 108.181 26.102 1,46% Pará 178.377 20.734 2,41% Rondônia 47.091 26.497 0,64% Roraima 14.292 23.594 0,19% Tocantins 39.356 25.021 0,53% Espírito Santo 137.346 34.177 Sudeste 1,86% 53% Minas Gerais 651.873 30.794 8,82% Rio de Janeiro 779.928 45.174 10,56% São Paulo 2.348.338 51.140 31,78% Paraná 466.377 40.789 Sul 6,31% 17% Rio Grande do Sul 482.464 42.406 6,53% Santa Catarina 323.264 45.118 4,37% Pela Tabela 4 podemos verificar que São Paulo é o Estado com o maior PIBnacional, enquanto que Roraima é o que apresenta o menor PIB, com 0,19% do total. Em relação ao PIB per capita, este varia de R$ 13,8 mil (Maranhão) até o valor de R$ 90,7 mil per capita. A figura 12 demonstra um mapa de calor com o detalhamento desses valores. 20 Figura 12 – PIB per capita no ano de 2019 por Estados brasileiros Fonte: IBGE, 2020. Crédito: Mghstars/Shutterstock. 5.2 Arrecadação de Receitas Federais As receitas federais incluem os impostos sob responsabilidade da União, tais como: Imposto sobre Importação; Imposto de Renda; Imposto sobre Operações Financeiras e; Cofins. No ano de 2021, esses impostos totalizaram uma arrecadação bruta de R$ 1,878 trilhão, divididos conforme demonstrado na Tabela 5. Tabela 5 – Arrecadação de impostos federais no ano de 2021 (em R$ milhões) UF Valor UF Valor São Paulo 715.682 Pará 17.874 Rio de Janeiro 329.313 Mato Grosso do Sul 12.722 Distrito Federal 137.541 Maranhão 11.616 Minas Gerais 125.754 Paraíba 9.075 Santa Catarina 97.167 Rio Grande do Norte 8.521 Paraná 91.884 Alagoas 6.341 Rio Grande do Sul 88.409 Piauí 5.921 Bahia 40.660 Sergipe 5.877 Pernambuco 32.126 Rondônia 5.317 Espírito Santo 30.445 Tocantins 3.863 Ceará 30.135 Acre 1.768 Goiás 28.171 Roraima 1.583 Amazonas 20.444 Amapá 1.484 Mato Grosso 19.123 Fonte: Receita Federal do Brasil. 21 TROCANDO IDEIAS Quais dos indicadores tratados você considera mais relevantes ou mais interessantes? Como é a participação do nosso país ou do seu Estado nesse indicador? Quais as relações que podem ser feitas a partir dessas mensurações? NA PRÁTICA Com o objetivo de trazer maior participação popular para os assuntos do país, estados e municípios, o Governo Federal criou o Portal da Transparência. Esse recurso fornece informações detalhadas sobre a execução orçamentária e financeira da União de forma clara e acessível para o público. Os dados contidos nesse portal abrangem informações do Poder Executivo e da esfera federal. Alguns exemplos de informações tratadas nesse recurso são: Auxílio Brasil; benefícios ao cidadão; notas fiscais; viagens a serviço e; estados e municípios. O endereço para acesso disponível em: <https://www.portaltransparencia.gov.br/>. Acesso em: 11 nov. 2022. FINALIZANDO Nesta etapa, iniciamos uma análise mais detalhada dos indicadores da economia brasileira, do nível da União para os estados da federação. Para isso, foram tratados assuntos referentes aos principais indicadores de desenvolvimento, do mercado financeiro, dados das contas públicas, indicadores setoriais e regionais de atividade econômica. 22 REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Economia Bancária - 2020. Brasília, 2020. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ USP. PIB do agronegócio brasileiro. Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx>. Acesso em: 11 nov. 2022. GALVÃO, A. M.; OLIVEIRA, V. I. D.; FLEURIET, M. Gestão de riscos no mercado financeiro. São Paulo: Saraiva, 2018. GIAMBIAGI, F. Desenvolvimento econômico - uma perspectiva brasileira. São Paulo: Grupo GEN, 2012. GREMAUD, A. P.; VASCONCELLOS, M. A. S. D.; JR, R. T. Economia Brasileira Contemporânea. 8. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2016. LOPES, L. M. Macroeconomia - teoria e aplicações de política econômica. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2018. Conversa inicial Contextualizando Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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