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1 Pública UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DOUGLAS FERNANDES DE OLIVEIRA Energias renováveis e transição energética: A importância da realização de uma transição energética para as futuras gerações. RIO DE JANEIRO - RJ NOVEMBRO - 2023 2 Pública Energias renováveis e transição energética: A importância da realização de uma transição energética para as futuras gerações. Douglas Fernandes de Oliveira Trabalho de conclusão de curso, apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial, para obtenção do grau de bacharel em (Engenharia de Produção), sob orientação do Professor Mestre .... RIO DE JANEIRO – RJ 2023 3 Pública “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Isaac newton 4 Pública RESUMO Desde o início da revolução industrial o mundo nunca mais foi o mesmo. O surgimento da indústria e das máquinas foram essenciais para o desenvolvimento econômico da sociedade. Com isso, surgiu a necessidade de se utilizar fontes de energia cada vez mais eficientes e econômicas, sendo a principal delas na época o carvão. Porém, com o avanço tecnológico que o mundo foi experimentando nos anos seguintes outras fontes de energia foram surgindo ao mesmo tempo em que se exigia mais produtividade e um menor custo das empresas que não mediam esforços em atender a demanda de seus clientes. Entretanto, a relação entre o mundo capitalista e a natureza nunca foi um assunto de interesse global até poucos anos atrás e depois de décadas sendo explorada pelo Homem de forma irresponsável, ela nos alerta que o futuro pode ser catastrófico se nada for feito para mudar. Diante desse cenário, nas últimas décadas foram surgindo fontes de energia mais sustentáveis e que poderiam atender as demandas das empresas de forma mais segura como a energia eólica, solar e outras tantas; fazendo com que as empresas repensassem sua matriz energética através de estudos mais elaborados e da pressão social somada a da comunidade internacional que debate sobre o tema. Fazer uma transição enérgica depois de mais de um século utilizando fontes de energia de origem fóssil não é uma tarefa fácil, mas é necessária. Através de dados científicos e relatórios internacionais de energia pode se chegar a uma conclusão nem um pouco satisfatória para o planeta e as previsões para o futuro não são nada boas. A boa notícia é que ainda dá tempo de reverter esse quadro se as empresas se posicionarem da maneira correta na transição energética que o mundo tanto necessita passar para que as próximas gerações não sejam afetadas pelos erros das gerações passadas. O objetivo deste trabalho é mostrar através de dados e estudos científicos sobre transição energética, o quão urgente é a necessidade de o mundo rever a sua relação com os recursos naturais do planeta. Palavras-chave: Transição energética, meio ambiente, natureza 5 Pública ABSTRACT Since the beginning of the industrial revolution, the world has never been the same. The emergence of industry and machines were essential for the economic development of society. With this, the need arose to use increasingly efficient and economical energy sources, the main one at the time being coal. However, with the technological advances that the world experienced in the following years, other sources of energy emerged at the same time that greater productivity and lower costs were demanded from companies that spared no effort in meeting the demands of their customers. However, the relationship between the capitalist world and nature was never a subject of global interest until a few years ago and after decades of being irresponsibly exploited by Man, it warns us that the future could be catastrophic if nothing is done to change. Given this scenario, in recent decades more sustainable energy sources have emerged that could meet the demands of companies in a safer way, such as wind, solar energy and many others; causing companies to rethink their energy matrix through more elaborate studies and social pressure combined with that from the international community that debates the topic. Making an energetic transition after more than a century using fossil energy sources is not an easy task, but it is necessary. Through scientific data and international energy reports, a conclusion that is not at all satisfactory for the planet can be reached and the predictions for the future are not good at all. The good news is that there is still time to reverse this situation if companies position themselves correctly in the energy transition that the world needs to go through so that the next generations are not affected by the mistakes of past generations. The objective of this work is to show, through data and scientific studies on energy transition, how urgent the need is for the world to review its relationship with the planet's natural resources. Keywords: Energy transition, environment, nature 6 Pública SUMÁRIO CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 1.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................9 1.2 – JUSTIFICATIVA.............................................................................................................9 1.3 – OBJETIVO GERAL.........................................................................................................9 1.4 – OBJETIVO ESPECÍFICOS..........................................................................................10 1.5 – METODOLOGIA ........................................................................................................... 10 1.6 – LIMITAÇÕES DO TRABALHO ................................................................................ 10 1.7 – ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................... 10 CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO 2.1- O INÍCIO DE UM SISTEMA INOVADOR ...................................................................... 16 CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO 3.1- RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E A NATUREZA ATÉ AQUI ................................. 12 3.3- ESTRATÉGIAS PARA A EFICIENCIA ENERGÉTICA.....................................14 3.4- FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS...............................................................20 3.5-GANHO FINANÇEIRO PARA AS EMPRESAS COM FONTES RENOVÁVEIS.................27 CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 52 CAPÍTULO V - BIBLIOGRAFIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 53 7 Pública CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 1.1- Considerações Iniciais O mercado e energia sempre foi de suma importância para o mundo. Diante disso, sempre despertou interesse da maioria dos cientistas e da comunidade acadêmica. Porém, os diversos problemas ambientais pelo qual o planeta vem sendo vítima levaram órgãos ambientais a questionarem a maneira como o mundo capitalista utiliza os recursos naturais. O aumento desenfreado das temperaturas no mundo, a extinção de diversas espécies e a contaminação das águas são apenas alguns dos problemas que se não dermos a devida atenção, poderão trazes consequências catastróficaspara a humanidade. Ao atuar nesse mercado consegui entender não apenas a dimensão dele para o mundo, mas também o quão agressivo ele é para a natureza. Com isso, o tema: Transição energética, começou a criar raízes no meu cérebro me levando a pesquisar e estudar mais sobre o tema afim de que as informações contidas nessa monografia ajudem a sociedade e as empresas a repensarem seus comportamentos frente ao meio ambiente. 1.2 – Justificativa Acredito que com esse estudo e com os argumentos apresentados nessa tese, a visão da sociedade e das empresas irá mudar de maneira significativa e com isso, daremos um passo importante na construção de um mundo melhor e mais sustentável. 1.2 - Objetivo Geral Mostrar através de estudos qualitativos e quantitativos os riscos e as consequências que a poluição pode gerar para o planeta e a necessidade de uma transição energética 8 Pública 1.3 - Objetivos Específicos - Mostrar através de dados o quanto de contaminantes são gerados por ano ao redor do mundo - Mostrar os danos causados na natureza e na saúde das pessoas - Fazer uma previsão para os próximos anos - Mapear as empresas e indústrias que mais contribuem pra isso - Apresentar soluções sustentáveis de energia e o lucro bruto que elas podem trazer 1.4 – Metodologia - Leitura de artigos científicos sobre o tema. - Leitura de blogs e debates sobre o tema. - Construção de um documento word com uma sequência lógica para a defesa do projeto apresentando toda a metodologia e o objeto de pesquisa 1.5 - Limitações do Trabalho A presente monografia irá focar nos aspectos quantitativos e qualitativos de estudos e pesquisar acadêmicas a respeito do tema. Não serão abordados aspectos políticos e nem teorias sem fundamentos teóricos. 9 Pública CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO O autor irá apresentar o conteúdo teórico da sua pesquisa. No desenvolvimento da pesquisa se faz necessário um referencial bibliográfico, portanto escolha, no mínimo, dois autores para que seja feita citações no decorrer do trabalho. Toda citação, seja ela longa, curta, direta ou indireta, deve ter sua respectiva autoria destacada, para não ser considerado plágio. As imagens que forem adicionadas ao trabalho devem conter a fonte em que foram retiradas, em casos de sites também deve conter a data de acesso, caso o próprio autor do trabalho tenha “construído” o elemento em questão, citar a fonte como: “do autor”. Procure interligar as suas ideias tendo como comprovação a teoria bibliográfica. Exemplos de citações: CITAÇÕES DIRETAS CURTAS (até 3 linhas) 10 Pública CAPÍTULO III - DESENVOLVIMENTO. 3.1- RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E A NATUREZA ATÉ AQUI Para um melhor entendimento da relação do homem com a natureza é necessário dividir a linha do tempo em 2 partes: antes da revolução industrial e depois da revolução industrial. Nas sociedades consideradas primitivas, a natureza nem sequer era reconhecida como algo distinto dos homens e de seus espaços de vida. Se as relações sociais não tivessem historicamente conduzido a uma ruptura entre o “mundo natural” e o “mundo social”, até hoje não teríamos problemas em nos enxergar como parte da natureza. A percepção que as primeiras civilizações tinham a respeito da natureza eram muito diferentes da que temos atualmente, naquela época as pessoas não se viam como seres separados da natureza. Para o homem pré-histórico a natureza e ele eram uma coisa só, e inseparáveis. Esse entendimento permaneceu assim por milénios. Podemos ver o início dos problemas ambientais no início da civilização. A madeira foi e ainda é um dos elementos mais utilizados da história. O início da sua utilização remonta desde a Grécia antiga quando era utilizada para construção de casas, embarcações, ferramentas de trabalho etc. Depois ferramentas de metais como o cobre foram criadas, fazendo com que se tenha uma intervenção cada vez maior do homem na natureza, porém esses instrumentos eram sempre criados para melhorar a produtividade de suas atividades. Portanto podemos ver que apesar do homem explorar os recursos naturais desde o iniciou das civilizações a relação era muito mais saudável do que vemos hoje. Muitos atribuem a mudança de chave com o surgimento das tecnologias que remonta o início da revolução industrial, mas, segundo a historiadora Riane Eisler, o problema não é a tecnologia em si, mas na ênfase dada a seu uso. Pois se considerarmos a tecnologia como a grande vilã como a sociedade iria se desenvolver ao longo dos anos? Uma tesoura pode ser utilizada para cortar um tecido ou para matar uma pessoa. A mudança de mentalidade da humanidade foi a grande responsável pela ruptura drástica na forma dos homens se relacionarem e se relacionarem com a natureza. Ao longo da história gradativamente o pensamento coletivo e participativo foi substituído 11 Pública pela individualidade e pelo domínio. Com isso, guerras por territórios e dominação cultural sobre outros povos foram os principais meios utilizados pelo homem para ao longo de toda história para impor seus desejos e vontades. Dessa forma, passou a enxergar a natureza não mais como “amiga”, mas sim como uma fonte de recursos que deve ser explorada a todo custo. O grande marco dessa mudança de paradigma foi a Revolução Industrial, a partir daí a produtividade e o lucro começaram a se transformar em ídolos que até hoje se fazem presente no coração do mundo capitalista. Durante esse período a exploração de recursos se intensificou de tal forma que levaram empresas europeias a migrar para o continente africano com a finalidade de colonizar e explorar os recursos naturais da região de forma ganancioso e sem respeito algum com os povos que ali abitavam. Mais tarde essa atitude levou ao aumento da disputa por mercado consumidor e o mundo a duas grandes guerras mundiais. Ao fim da segunda guerra um tratado de paz foi assinado, porém a nasceu uma disputa no campo ideológico que levou ao surgimento de duas grandes superpotências que passaram a influenciar todo o globo terrestre. Com isso, intensificou mais ainda a exploração dos recursos naturais e o desenvolvimento tecnológico caminhava de forma descontrolada no mundo. A preocupação com o futuro do planeta só foi inaugurada no final dos anos 80 com a conferência de Estocolmo onde pela primeira vez o pensamento coletivo dos líderes mundiais se deu conta que se a coisa continuasse caminhando dessa forma talvez não teríamos um planeta pra morar no futuro. Outras conferências foram realizadas depois, porém boa parte da humanidade ainda não tinha alcançado a ideia de cultivar um mundo mais sustentável. No século 21, desastres ambientais se intensificaram de forma assustadora e pela primeira vez a preocupação com o futuro da natureza passou a fazer parte das metas e objetivos de boa parte das grandes corporações. 12 Pública 3.3- ESTRATÉGIAS PARA A EFICIENCIA ENERGÉTICA PROGRAMA DE ETIQUETAGEM Os Programas de Etiquetagem têm auxiliado diversos países do mundo em iniciativas de redução no consumo de energia e, consequentemente, na redução da ‘pegada de carbono’. No Brasil, esse tipo de programa se iniciou em 1993. Em 2007, o rótulo foi aplicado a 21 categorias de produtos. Nesse período, estimou-se uma economia de 3,7 TWh. Esse desafio obrigou a indústria a evoluir e produzir produtos mais eficientes, a exemplo do motor de indução elétrica com consumo de 29% de toda energia produzida no Brasil. Ao final de 2007, com o programa de etiquetagem, conseguiu-se alcançar uma economia de 428 GWh (CARDOSO et al., 2009). Em 2009, outro Programa de Etiquetagem foi implementadono Brasil, o Programa de Etiquetagem de Automóveis O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular – PBEV, foi lançado no final de 2008. Desde 2009 o programa apresenta informações relacionadas à eficiência energética dos veículos comercializados no Brasil, buscando orientar e influenciar na decisão de compra do consumidor, que dessa forma pode levar em consideração o consumo de combustível, além do preço e outros atributos. A figura abaixo mostra como é estruturada a etiqueta do programa 13 Pública Diversas organizações participam da gestão do programa, entre elas o Programa Nacional da Racionalização do uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (CONPET), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Ministério de Minas e Energia (MME), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (CENPES), a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) e a Associação Brasileira de Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotivos (ABEIFA). O gráfico abaixo mostra a evolução do programa de etiquetagem de 2011 a 2016 (número de veículos por ano). Com a análise do gráfico acima, pode-se concluir que houve um aumento significativo de carros que passaram a utilizar a etiqueta energética e com isso a indústria passou a se preocupar cada vez mais com a eficiência energética de seus veículos resultando em um maior número de carros utilizando a etiqueta A (maior eficiência energética). Isso mostra que por muitos anos as montadoras não se preocuparam com a qualidade de seus 14 Pública veículos e com a poluição do meio ambiente e que políticas públicas podem ser um ótimo caminho para se obter um futuro mais sustentável. Este Programa, conforme demonstrado por Cella; Guarda e Domingos (2020), também pode ser aplicado em edifícios comerciais, pois o consumo elétrico em edificações de serviço, no Brasil, ultrapassa o percentual de 21% do consumo nacional, sendo considerado, pelos governos uma grande O mesmo programa de etiquetagem pode ser aplicado a edificações comerciais utilizando a mesma faixa do A (mais eficiente) ao E (menos eficiente). Essa preocupação começou em 2001 quando o Brasil se deparou com um grave problema de falta de energia originada pela escassez de chuvas provocando o não funcionamento pleno das hidrelétricas e a falta de outras fontes de geração de energias às hidrelétricas. Depois disso, foram adotadas soluções para se diminuir o consumo de energia no país. O gráfico abaixo mostra o consumo energético no setor comercial Edifícios de hotéis tem uma das mais altas taxas de consumo de energia, variando significativamente de acordo com as características de funcionamento, tipo de serviços oferecidos, operação e uso pelos usuários. A Eletrobrás (2010) estima que 50% da energia elétrica que se produz no país seja consumida na operação, manutenção e nos sistemas artificiais de iluminação, climatização e aquecimento de água de edificações residenciais, comerciais, de serviços e públicas. Santamouris et al. (1996) indica que um dos principais responsáveis pelo consumo de energia nas edificações é o projeto arquitetônico inadequado, por estar relacionado ao tipo de uso da edificação; tipo de 15 Pública construção; manutenção; sistemas de iluminação e equipamentos; sistemas de aquecimento e resfriamento; entre outros sistemas. Cabe aos arquitetos, engenheiros e outros profissionais que atuam na área de projeto e construção, a responsabilidade de projetar edificações mais eficientes de energia PROGRAMA DE RECICLAGEM O capitalismo tem gerado uma sociedade cada vez mais consumista e exigente com relação ao consumo. Diante desse cenário, se faz necessário a implementação de programas de reciclagem a fim de se evitar o desperdício e a contaminação do solo com resíduos sólidos. De acordo com o Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA, 2012), a produção de resíduos sólidos mundial aumentará de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas até o ano de 2025, aumentando os efeitos negativos do consumismo desenfreado atualmente praticado e extremamente nocivo ao meio ambiente. O processo de reciclagem é uma ferramenta vital para melhorar a qualidade ambiental e a saúde humana. Segundo o Ministério do Meio Ambiente 28 (MMA, 2017) a reciclagem é um conjunto de técnicas de reaproveitamento de materiais descartados, reintroduzindo-os no ciclo produtivo, transformando objetos e materiais usados em novos produtos para o consumo. Além dos benefícios ambientais, a reciclagem dos RSU pode gerar retorno financeiro com a economia de insumos e de matérias primas na produção, permitindo, ainda, a criação de empregos regularizados que retiram da marginalidade catadores que dependem de venda de recicláveis para sobreviver, com a formação de possíveis cadeias de negócios. Barros et al (1997) cita as principais vantagens da implantação de um programa de reciclagem dos resíduos sólidos como: redução dos custos de coleta, aumento da vida útil dos aterros, reutilização de bens que são normalmente descartados, diminuição dos custos de produção e dinamização da economia local, com a criação de emprego e, até mesmo, com o surgimento de empresas recicladoras, gerando economia para o país na importação de matérias-primas e na exploração de recursos naturais. 16 Pública Quadro 2 - Geração e composição do RSU no mundo por nível econômico dos países Giovannini (2008) desenvolveu um estudo econômico para avaliar a sustentabilidade alcançada em uma empresa de tintas imobiliárias que buscava formas de reduzir seus custos de produção de resina, importante componente na fabricação de tintas e revestimentos. O empreendimento optou pela utilização de PET reciclado para produção de resina alquídica, obtida a partir de parcerias com cooperativas de reciclagem para o fornecimento dos flocos de PET reciclados. O resultado da utilização desse material gerou economia de mais de R$1.400.000,00 ao ano em matérias-primas e despesas gerais de fabricação, já que o PET reciclado exige menos processamento que as matérias-primas originais, sendo uma economia equivalente a 5% dos custos de produção da resina (GIOVANNI, 2008). Uma outra análise que merece destaque é o custo evitado das prefeituras com aterros sanitários, estações de tratamento de resíduos e outros gastos com os resíduos quando se é feita a reciclagem do material. Um estudo feito com a prefeitura do Pará em 2017 apresentou os seguintes resultados. Os gastos acima envolvem todas as etapas de tratamento dos resíduos sólidos. Analisando os dados acima ao somar as despesas do Quadro 33 nos serviços prestados por terceiros de coleta convencional, transporte, tratamento e disposição final de 17 Pública resíduos sólidos, foi verificado que a prefeitura municipal de Belém gastou o total de R$ 113.027.036,63 (R$ 00,33/Kg RS), desconsiderando outros gastos e as despesas com a coleta seletiva. Com isso a reciclagem surge como opção para diminuir esses gastos Foram feitos 3 cenários: O primeiro cenário avaliado foi a reciclagem de 50% do material coletado, o segundo cenário de 25% e o terceiro de 10%. É possível verificar que conforma a porcentagem de material reciclável aumenta o valor economizado cresce significativamente e quando chega aos 50% se tem uma economia de R$ 56.513.518,32. Com isso pode se concluir que o programa de reciclagem quando feito de maneira eficiente pode gerar grandes economias para asociedade. 18 Pública 3.4 FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS ETANOL O etanol é uma substância química, de fórmula C2H6O, pertencente à função orgânica dos álcoois. Comercialmente, é conhecido como álcool etílico, sendo um líquido incolor, inflamável e miscível em água. Possui diversas aplicações industriais, entre elas como solvente e na produção de bebidas alcoólicas, embora sua principal forma de utilização seja como biocombustível. Oriundo de matrizes vegetais, o etanol é produzido basicamente por fermentação de açúcares. O etanol pode ser utilizado de duas formas para motores a combustão: o etanol anidro, que serve como aditivo à gasolina; e, o etanol hidratado, que é utilizado diretamente no tanque de combustível de forma completamente autônoma (ZANARDI e COSTA JUNIOR, 2016). Se estima que o uso do etanol levou o Brasil a evitar a emissão de 566 milhões de toneladas de CO desde 2003, o que seria o equivalente às emissões anuais somadas de Argentina, Venezuela, Chile, Colômbia, Uruguai e Paraguai (ARAUJO, 2021). Ademais, a título de comparação, são emitidos 720 g de CO por real gasto com gasolina, enquanto 142 g de CO são emitidos quando o mesmo veículo está abastecido pelo Etanol por real gasto (FERREIRA, s.d.). Considerando a média do setor produtivo, o uso de etanol comparado a gasolina, impede a emissão de: 2,564 kg de CO /litro de etanol anidro e 1,722 kg de CO /litro de etanol hidratado Quadro 2- principais produtores mundiais de etanol 19 Pública Por ser considerado uma fonte de energia limpa e renovável, o etanol possui uma grande importância para a sustentabilidade ambiental. Entretanto, a tendência mundial é de crescimento do mercado de carros elétricos e enfraquecimento do apoio ao setor de biocombustíveis. Vale salientar, que o uso do etanol por meio da tecnologia dos veículos híbridos, que combinam motores elétricos com motor a combustão, representa uma possibilidade de transição menos abrupta da tecnologia dos veículos convencionais para os carros elétricos; esse cenário é particularmente promissor para o Brasil que já possui conhecimento consolidado em engenharia de produção de carros flex e produção de etanol em grande escala (JORNAL DA CANA, 2022). O setor produtivo de etanol no Brasil está em expansão; segundo a ANP, em 2021, havia vinte e duas solicitações para construção de novas unidades de produção com capacidade de adicionar 4.330 m³/dia de anidro e 6.269 m³/dia de hidratado no mercado. Também existe intensão de ampliação da capacidade de produção em 51 unidades existentes (ANP, 2022a) Tabela 4: Produção de etanol no Brasil 20 Pública Entre 2020 e 2021, o consumo do etanol hidratado no Brasil recuou 26% em relação a 2019, pois o biocombustível perdeu competitividade frente à gasolina. No início de 2020, a demanda por etanol foi reduzida diante da queda do preço do petróleo e por conta do isolamento social. Como o hidratado é substituto da gasolina, seu preço teve que ser reduzido para continuar competitivo. Em 2021, com o retorno da demanda e redução da oferta de etanol causada pelo maior direcionamento da matéria-prima para a fabricação de açúcar, juntamente com condições climáticas adversas, o preço médio do biocombustível ultrapassou 70% do preço da gasolina (Gráfico 5), deixando de ser competitivo em grande parte do País. Gráfico 4: – Relação (%) entre os preços médios do etanol hidratado e da gasolina comum no Brasil (ago/2018 a ago/2022). 21 Pública Gráfico 5: Venda de etanol hidratado e de gasolina C no Brasil pelas distribuidoras A produção brasileira de etanol é destinada principalmente ao consumo doméstico, o mercado externo é pouco representativo; em 2021 houve redução tanto das exportações quanto das importações do biocombustível. O etanol brasileiro tem como principal destino os Estados Unidos que importam o biocombustível para atender o Programa Padrão de Combustível de Baixo Carbono da Califórnia. Em 2021, a taxação das importações brasileiras de etanol em 20% resultou numa queda de 57,1% no volume e de 46,0% no valor das importações brasileiras de etanol (Tabela 5). No mesmo ano, as importações pelo Nordeste caíram 54,5% em termos de volume e 42,0% no faturamento. Porém, esse cenário deve se modificar em 2022, pois no início do ano, o Governo brasileiro decidiu zerar a tarifa de importação de etanol até 31 de dezembro. Assim, o Brasil deverá voltar a ser um dos principais mercados para o etanol de milho dos Estados Unidos; entre janeiro e julho de 2022, o volume de etanol importado dos EUA cresceu 59% e o valor, 120% em relação ao mesmo período de 2021. Tabela 6: Exportações e importações brasileiras de etanol 22 Pública BIODISEL Uma outra opção de combustível renovável que pode ser utilizado em substituição ao combustível fóssil é o biodiesel etílico e o biodiesel metílico. Ambos podem ser oriundos da mamona, palma ou soja, por exemplo. Este combustível é obtido através de uma reação química entre triglicerídeos ou ácidos graxos e um álcool e, em casos de concentrações de 100% de biodiesel, as emissões evitadas podem chegar a: 2,76 kgCO2eq/litro para o Biodiesel Etílico de Palma; 2,537 6kgCO2eq/litro para o Biodiesel Etílico de Soja; e 1,7676 kgCO2eq/litro para o Biodiesel Etílico de Mamona. Em todos os casos, considera-se o ciclo completo de produção. (EPE, 2005) O Brasil é o quarto maior produtor mundial de biodiesel (OCDE, 2021); de acordo com dados da ANP (2022), a capacidade total de produção no Brasil em 2021 foi de 12,2 milhões de m3. Porém, existe no País uma elevada capacidade ociosa em todas as regiões. A produção de biodiesel no Brasil é limitada pelo percentual de mistura obrigatória; a forma de diminuir a capacidade ociosa do setor é elevar a mistura para o percentual previsto na Resolução n°16 de 29 de outubro de 2018, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que é de 15% para 2023. Mesmo com a redução do percentual da mistura obrigatória de 12% para 10% a partir de 2021, a produção de biodiesel no Brasil teve um crescimento de quase 60% entre 2017 e 2021. Gráfico: produção brasileira de biodiesel 23 Pública GÁS NATURAL O gás natural é um combustível fóssil que se encontra na natureza, normalmente em reservatórios profundos no subsolo, associado ou não ao petróleo. Assim como o petróleo, ele resulta da degradação da matéria orgânica, fósseis de animais e plantas pré- históricas, sendo retirado da terra através de perfurações. De queima mais limpa que os demais combustíveis, o gás natural é resultado da combinação de hidrocarbonetos gasosos, nas condições normais atmosféricas de pressão e temperatura, contendo, principalmente, metano e etano. Sabe-se que o Gás Natural Veicular (GNV) é 20% menos emissor de CO do que a gasolina. Dessa forma, ele contribui para a redução da poluição (COPPE/UFRJ, 2011). Entretanto, quando comparado ao carvão mineral, as emissões de CO eq são 42% menores (CAMIOTO e REBELATTO, 2014) HIDROGENIO O hidrogênio é produzido através da hidrólise da água, o que demanda consumo de energia. Em sua conversão, possui um maior poder calorífico com menor peso molecular, ou seja, mais energia com menos massa. Ademais, ele é estocável, o que significa que quando associado a outras formas de energia limpa, como: solar, geotérmica, hidráulica ou eólica, produz o chamado hidrogênio verde, que é acumulado em abundância. Posteriormente, essegás pode ser convertido em energia e, ao invés de produzir CO2 e outros elementos tóxicos, a queima do hidrogênio produzirá água e eletricidade. Ele, também, pode ser combinado ao gás natural levando a uma queima mais limpa (EPBR, 2020). 24 Pública ENERGIA SOLAR E EÓLICA O vento já é usado como fonte de energia mecânica há muitos anos. Atualmente, tem sido utilizado, também, para a geração de energia elétrica, sendo um dos seus maiores problemas de penetração, o ruído gerado pelas pás. Há uma estimativa de que existam 20 mil geradores instalados mundialmente, com um custo médio de 48 Euros por MWh (GUERRA e YOUSSEF, 2011). O vento é produzido por cerca de 2% da energia térmica solar absorvida da terra em associação com o movimento de rotação terrestre. O potencial eólico de uma região varia de acordo a características geográficas, como, por exemplo: relevo, obstáculos e altura (GUERRA e YOUSSEF, 2011; DUFFY et al., 2020). Os principais componentes de um sistema eólico são: o vento; o rotor; a transmissão; a caixa multiplicadora; o gerador elétrico; o mecanismo de controle; a torre e o transformador. Em termos de construção, o eixo de geração pode ser vertical ou horizontal, sendo que a quantidade de pás pode variar de acordo com a aplicação (GUERRA e YOUSSEF, 2011). A energia solar foi criada e desenvolvida nos Estados Unidos em 1954, mas tinha um custo de produção muito elevado (acima de 100 USD/w), que foi sendo reduzido com o tempo e o avanço tecnológico (40 USD/w em 1980). Devido a um impulso do governo alemão para incentivar as energias renováveis, no ano 2000 (>10 USD/w), a China passou a ter uma maior participação no mercado e, com isso, o preço caiu ainda mais (>5 USD/w). (DW PLANET A, 2021a) ENERGIA HIDRELÉTRICA A energia hidráulica usa a energia potencial acumulada pela água represada em reservatórios, entretanto, é válido destacar que são necessárias condições geográficas favoráveis para a produção de eletricidade. Esse sistema tem a vantagem de permitir que a energia seja produzida por meio de comportas. Porém, sua capacidade é limitada pelo volume do reservatório, impactado pela potência incerta de chuvas e, consequentemente, de afluência de água. Nesse cenário, em alguns casos se faz necessário optar pelo esvaziamento do reservatório e abertura das comportas, o que leva a não geração de energia. Se, neste caso, fosse possível o armazenamento da energia produzida, ela poderia ser utilizada para aplicações futuras (ALENCAR et al., 2009). 25 Pública ENERGIA GEOTERMICA A energia geotérmica usa o calor da terra para produzir vapor de água e, com isso, produzir energia elétrica. Ela foi explorada em escala experimental, inicialmente, na Itália, em 1904, porém não tinha um potencial econômico de interesse. Em 1970, com a crise energética, a Islândia, que era fortemente dependente de combustíveis fósseis para a produção de eletricidade teve que explorar mais essa tecnologia e, hoje, possui cerca de 30% da sua matriz energética baseada em energia geotérmica, que está disponível 24 horas por dia e 365 dias no ano (DW PLANET A, 2020). Praticamente, todos os países possuem potencial de energia geotérmica. Ademais, mapas com o potencial geotérmico de cada região podem facilmente serem encontrados. Estima-se que de 3 a 4% da demanda mundial por energia possa ser coberta com energia geotérmica e, a Indonésia, presente no círculo de fogo, é o país com maior potencial geotérmico (DW PLANET A, 2020). O processo de produção dessa energia consiste em bombear água através de um poço até uma região subsuperficial de interesse geotérmico e usar o vapor que retorna desse bombeio para produzir eletricidade em uma turbina de vapor. Esse processo é chamado de uso indireto, mas há também o uso direto, onde o vapor gerado é utilizado para o aquecimento. Nesse contexto, a produção de eletricidade pode acontecer em um sistema fechado (CLGS, Closed-loop Geothermal System) ou através de fraturas (EGS, Enhanced Geothermal System), tendo, esse segundo, um potencial de causar terremotos (ALLAHVIRDIZADEH, 2020; DW PLANET A, 2020) O poço utilizado na produção de energia geotérmica tem um processo de perfuração muito similar a perfuração de um poço de petróleo, porém sofre com maiores desafios tecnológicos, uma vez que precisa atravessar zonas de altas temperaturas, rochas vulcânicas com maior dureza e muitas vezes fraturadas, que afetam as ferramentas de perfuração e, consequentemente, elevam o investimento inicial na construção da planta geotérmica (ALLAHVIRDIZADEH, 2020; DW PLANET A, 2020). Além disso, existe, também, a opção de utilizar poços de petróleo abandonados para a produção direta ou indireta de energia geotérmica (CAULK e TOMAC, 2017). Entretanto, um dos principais problemas da energia geotérmica é que ela é produzida em um local específico e é de difícil transporte. Dessa forma, uma alternativa seria o uso da energia Geotérmica para a produção do hidrogênio 26 Pública e posterior exportação, aproveitando, assim, ao máximo o potencial de algumas regiões do planeta (HILL, 2021). 27 Pública 3.4 GANHOS FINANÇEIROS PARA AS EMPRESAS COM ENERGIAS RENOVÁVEIS CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS ▪ Análise e contribuição para o meio acadêmico; ▪ Dialogue com os objetivos, apresentando os resultados; ▪ Fechamento dos resultados; ▪ Melhorias ou dicas para próximas pesquisas; ▪ Contribuição e conclusão. CAPÍTULO V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Dissertação de PÓS- GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO ( AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE HOTÉIS DE QUATRO ESTRELAS EM FLORIANÓPOLIS: APLICAÇÃO DO PROGRAMA DE ETIQUETAGEM DE EDIFICAÇÕES) MARIANA GARNICA BOTTAMEDI • A AVALIAÇÃO DO PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM VEICULAR DEMONSTRA A NECESSIDADE DA MELHORIA CONTÍNUA Marcelo Pereira Bales1 , Silmara Regina da Silva1 , Cristiane Dias1 e Willian de Oliveira Santos2 1CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) 2Universidade Nove de Julho • AS RELAÇÕES ENTRE O HOMEM E A NATUREZA E A CRISE SÓCIO-AMBIENTAL Bruno Pinto de Albuquerqu (Fundação Oswaldo Cruz Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnica de Nível Médio em Saúde Laboratório em Biodiagnóstico em Saúde) 28 Pública • CAPÍTULO 4 NORMALIZAÇÃO PARA A INOVAÇÃO: O PROGRAMA BRASILEIRO DE ETIQUETAGEM VEICULAR (PBE-V) Janaina Oliveira Pamplona da Costa1 • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL - PPGEC HEITOR CAPELA SANJAD RECICLAGEM COMO ALTERNATIVA PARA A EFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA NO SETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE BELÉM - PA. Todos os autores que forem citados no decorrer do trabalho devem estar na bibliográfica. Apresente também os sites utilizados no trabalho. Os nomes dos livros devem estar em negrito.
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