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FORMAS ALTERNATIVAS DE ENERGIA E PLANEJAMENTO ENERGETICO

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Formas Alternativas de Energia e 
Planejamento Energético
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1
2/183
Formas Alternativas de Energia e Planejamento Energético
Autoria: Prof. Msc. Giancarlo Chesini
Como citar este documento: CHESINI, Giancarlo. Formas alternativas de energia e planejamento ener-
gético. Valinhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Definições Gerais 04
Unidade 2: Matriz Energética Brasileira 25
Unidade 3: Energia e Desenvolvimento 46
Unidade 4: Planejamento Energético 67
2/183
Unidade 5: Identificação e Levantamento de Opções e Recursos 89
Unidade 6: Modelos de Projeção de Demanda 111
Unidade 7: Avaliação Socioeconômica, Ambiental e Política 132
Unidade 8: Estudos Realizados no Brasil 154
3/183
Apresentação da Disciplina
Poucos são os temas que estão intrinseca-
mente ligados ao desenvolvimento da civi-
lização humana. A identificação, o planeja-
mento e a utilização dos recursos energé-
ticos é um deles. Desde o domínio do fogo, 
passando pelo uso de animais e até as re-
centes e gigantescas usinas geradoras de 
eletricidade, tudo se resume ao fato de que 
as sociedades evoluíram ao passo que fo-
ram capazes de aproveitar o potencial ener-
gético que lhes é disponível. 
Ao longo deste curso, você compreenderá 
que o planejamento energético não se limi-
ta a identificar as fontes de energia e a ex-
trair seu potencial com o máximo de efici-
ência possível. O planejamento energético 
não é, atualmente, apenas um projeto de 
engenharia. Ele necessita englobar temas 
que foram historicamente relevados ao se-
gundo plano. Questões como desenvolvi-
mento sustentável e ecodesenvolvimento 
permeiam o debate sobre o tema, ao lado 
de fatores como os impactos ambiental, so-
cial, político, econômico e histórico.
A grande pergunta que se coloca às socie-
dades modernas é: como aliar o desenvol-
vimento social e tecnológico, aproveitan-
do melhor os recursos e minimizando seus 
custos e os impactos sobre os ecossistemas 
e as próprias pessoas? Essa pergunta não 
tem resposta imediata, muito menos de-
finitiva. O debate é necessário e urgente, 
abrangendo um amplo espectro social, his-
tórico e político. E você não vai querer ficar 
de fora dele. Ao final deste curso, você terá 
mais elementos para discutir, posicionar-se 
perante o assunto e contribuir para o de-
senvolvimento da sociedade.
4/183
Unidade 1
Definições Gerais
Objetivos
1. Abordar os conceitos de energia pri-
mária, secundária, final e útil.
2. Compreender fatores importantes 
para o balanço energético.
3. Apresentar uma visão geral sobre a 
transformação de energia mecânica 
em energia elétrica.
Unidade 1 • Definições Gerais5/183
Introdução 
As medições mais modernas indicam que a 
idade da Terra é de aproximadamente 4,54 
bilhões de anos. Atualmente, muitos mode-
los tentam replicar as condições da atmos-
fera terrestre nos seus primórdios em busca 
de entender como, a partir de compostos 
químicos, a vida surgiu. Apesar de não ha-
ver, até o momento, consenso sobre essa 
questão, é fato inegável que a aparição de 
diversas formas de vida e suas consequen-
tes evoluções está intimamente ligada ao 
abundante fornecimento de energia do Sol. 
A vida da espécie humana, em particular, 
está baseada nos ciclos de carbono, da água 
e do ar, todos eles dependentes da energia 
solar. As sociedades modernas apresentam, 
além disso, forte dependência da energia 
elétrica e da energia vinda de combustíveis 
fósseis, como o petróleo. Você é capaz de 
imaginar o funcionamento de uma cida-
de sem eletricidade ou petróleo? Provavel-
mente não. Saiba, então, que é a radiação 
solar que evapora a água, permitindo a pre-
cipitação e formação de rios usados nas hi-
drelétricas. Ela também aquece o ar, produ-
zindo ventos que podem ser utilizados em 
parques eólicos. A radiação solar permite, 
ainda, a realização da fotossíntese, respon-
sável pela produção de alimentos vegetais, 
carvão e lenha, por exemplo. Por fim, a pre-
sença de matéria orgânica no próprio pe-
tróleo evidencia a importância da energia 
vinda do Sol no desenvolvimento da vida 
como a conhecemos hoje.
Unidade 1 • Definições Gerais6/183
1. Energia 
Apesar de intrínseca à vida, o conceito de 
energia é abstrato. Para fins práticos, no 
entanto, o grande interesse em se trabalhar 
com o conceito de energia reside no fato de 
que ela é uma quantidade que se conserva, 
ou seja, independentemente dos processos 
que ocorram, seu valor permanece cons-
tante. 
Para explicitar a ideia de conservação de 
energia, imagine um baralho com 52 cartas. 
Se, após uma noite de jogos com seus ami-
gos, você contar as cartas e perceber que há 
50 delas, você provavelmente pensará que 
duas delas estão perdidas em algum lugar 
do ambiente. Se, ao contar as cartas, o nú-
mero que você obtiver for 53, sua explicação 
provavelmente será a de que alguém acres-
centou uma carta durante a noite. A conclu-
são é a de que, se o número de cartas au-
mentar ou diminuir, sempre haverá um me-
canismo pelo qual se inserem ou se retiram 
cartas do conjunto total. Dificilmente você 
pensará que algumas das cartas foram cria-
das ou destruídas espontaneamente. Caso 
não haja esses mecanismos, não importa o 
que seja feito, a quantidade de cartas será 
sempre a mesma. Nessa analogia, a quan-
tidade de energia é equivalente ao número 
de cartas e as diferentes formas de energia 
são os jogos jogados durante a noite. 
No que concerne à física, as diferentes for-
mas de energia podem ser classificadas em: 
energia gravitacional, cinética, elétrica, tér-
mica, elástica, química, nuclear, energia da 
Unidade 1 • Definições Gerais7/183
radiação e energia da massa. No que se re-
fere ao planejamento energético, é conve-
niente trabalhar com nomenclaturas como 
energia primária, secundária, final e útil. 
1.1 Energia Primária e Secundá-
ria 
Define-se uma fonte de energia como pri-
mária quando ela provém da natureza em 
sua forma bruta, direta, sem sofrer qual-
quer tipo de transformação. São exemplos 
de fontes primárias de energia: o petróleo, 
o xisto, o gás natural, o carvão mineral, re-
síduos animais ou vegetais, produtos da 
cana-de-açúcar, bem como energia solar, 
hidráulica, eólica, nuclear, de marés, de on-
das, geotérmica, entre outras. Geralmente, 
é necessário algum tipo de intervenção para 
que a disponibilidade potencial da fonte de 
energia primária se torne efetiva. Por exem-
plo, uma região com ventos de velocidade 
média alta e constante e com baixa turbu-
lência apresenta um bom potencial eólico, 
no entanto, essa energia só será aproveita-
da se ali forem instaladas turbinas eólicas.
Se o recurso primário não é diretamente 
utilizado, então, ele deve ser submetido a 
algum processo nos chamados centros de 
transformação (refinarias, centrais elétri-
Link
Formas de energia e transformações (simulação 
interativa). Disponível em: <https://phet.colo-
rado.edu/pt_BR/simulation/legacy/energy-
-forms-and-changes>. Acesso em: 19 set. 2017.
https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/energy-forms-and-changes
https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/energy-forms-and-changes
https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/energy-forms-and-changes
Unidade 1 • Definições Gerais8/183
cas, carvoarias e destilarias). A partir dessa 
etapa, a fonte de energia é definida como 
secundária e pode se destinar a qualquer 
setor de consumo ou até mesmo a outro 
centro de transformação. São exemplos de 
fontes secundárias de energia: a gasolina, 
o óleo diesel, o gás liquefeito de petróleo 
(GLP) e a eletricidade. Dentro das fontes se-
cundárias, há também aquelas que não são 
utilizadas para fins energéticos, como as-
falto, graxas e lubrificantes.
1.2 Energia Final e Útil
Para o setor energético, entende-se por 
energia final qualquer forma de energia, pri-
mária ou secundária, tal como ela é entre-
gue aos diferentes setores de consumo: in-
dústrias, residências, comércios etc. Para o 
usuário, a energia ainda precisa sofrer maisuma transformação para então ser utiliza-
da, seja na iluminação, no aquecimento, em 
motores de carro ou aparelhos elétricos, por 
exemplo.
A realização de mais uma transformação 
depois de chegar ao usuário faz com que a 
energia final não seja completamente apro-
veitada por ele. Ao abastecer seu carro, por 
exemplo, parte da energia contida no com-
bustível é utilizada para movimentá-lo e 
parte é perdida na forma de calor. A mesma 
situação de perda de energia acontece, por 
exemplo, quando você utiliza algum aparelho 
eletrônico ou eletrodoméstico na sua casa. 
Normalmente, os aparelhos emitem ruídos e 
esquentam, ou seja, parte da energia é con-
Unidade 1 • Definições Gerais9/183
sumida em processos que não são a finali-
dade do aparelho. Agora você deve estar se 
perguntando se o princípio da conservação 
de energia deixou de ser verdadeiro. Não, ele 
ainda permanece correto, desde que se leve 
em consideração essas outras transforma-
ções que retiram energia do sistema.
Para fins energéticos, é conveniente definir 
uma energia útil, ou seja, a parte da energia 
final que é aproveitada pelo usuário. Com 
isso, é possível definir o rendimento ener-
gético como a razão entre a energia útil e 
a energia final, sendo esta última calcula-
da somando-se a energia útil com a par-
te “perdida” na transformação. A “energia 
perdida”, por sua vez, é calculada soman-
do-se o potencial de economia de energia 
(PEE) com a energia não recuperável (EÑR). 
2. Balanço Energético Nacional 
(BEN)
Segundo José Goldemberg, “energia é um 
ingrediente essencial para o desenvolvi-
mento” (1998, p. 7), sendo o consumo de 
energia per capita um possível indicador 
desse desenvolvimento. Em geral, os paí-
ses desenvolvidos apresentam os maiores 
Para saber mais
Estima-se a energia útil de acordo com a eficiên-
cia média das instalações de cada setor de ativi-
dade. Já o PEE é estimado considerando-se ape-
nas as instalações mais modernas e eficientes dos 
mesmos setores. A diferença entre eles é o valor 
da EÑR.
Unidade 1 • Definições Gerais10/183
consumos de energia em tep/capita e, por 
essa razão, o planejamento energético deve 
fazer parte da agenda política de qualquer 
país. 
No Brasil, a oferta e o consumo de energia 
são contabilizados pelo Ministério de Mi-
nas e Energia. A EPE (Empresa de Pesquisa 
Energética) publica anualmente um docu-
mento chamado Balanço Energético Na-
cional (BEN). A estrutura geral do BEN é 
composta pelas energias primária e secun-
dária, além da transformação e do consumo 
final. Nele é feita, por exemplo, a análise da 
oferta e demanda de energia de acordo com 
sua fonte, são contabilizados dados de pro-
dução, importação, exportação, variações 
de estoque, uso e perdas.
Link
Balanço Energético Nacional segundo o EPE. Dis-
ponível em: <https://ben.epe.gov.br/default.
aspx>. Acesso em: 19 set. 2017.
Para saber mais
Por convenção, utiliza-se para consumo de ener-
gia a unidade tonelada equivalente de petróleo 
(tep), definida como a quantidade de calor libera-
da quando se queima 1 tonelada de petróleo cru. 
Como esse valor depende da composição quími-
ca do petróleo, a Agência Internacional de Ener-
gia (OECD) define 1 tep como sendo 41,868 J ou 
11,630 MWh.
https://ben.epe.gov.br/default.aspx
https://ben.epe.gov.br/default.aspx
Unidade 1 • Definições Gerais11/183
3. Transformação de Energia Me-
cânica em Energia Elétrica 
Tendo em vista que uma das principais for-
mas de energia secundária utilizada pela 
sociedade é a eletricidade e que a maioria 
dos processos de geração envolve a trans-
formação de energia mecânica em ener-
gia elétrica, é importante que você saiba os 
princípios básicos dessa conversão. 
Historicamente, acreditava-se que eletrici-
dade e magnetismo eram efeitos indepen-
dentes. Em 1820, entretanto, duas desco-
bertas mudaram esse panorama: a de que 
correntes elétricas em fios geram campos 
magnéticos e a de que fios conduzindo cor-
rente elétrica imersos em regiões com cam-
pos magnéticos ficam sujeitos à ação de 
forças. Um motor eletromagnético se utili-
za, em especial, dessa última descoberta. 
Sabendo que correntes elétricas em fios 
geram campos magnéticos, você pode se 
perguntar se o processo inverso também é 
possível, ou seja, campos magnéticos (ímãs) 
são capazes de gerar eletricidade? Essa 
questão foi amplamente abordada nos anos 
seguintes às descobertas de 1820. Muitas 
tentativas foram feitas utilizando-se fios 
paralelos e ímãs próximos a fios, mas mes-
mo com as maiores correntes elétricas e os 
mais intensos ímãs, nenhum efeito foi ob-
servado. Apenas em 1831, Michael Faraday 
(Inglaterra, 1791-1867) descobriu o “pulo 
do gato”. O surgimento de uma corrente 
elétrica induzida pelo campo magnético só 
ocorre quando algo varia. Para o par de fios 
Unidade 1 • Definições Gerais12/183
paralelos, quando a corrente elétrica que 
percorre um dos fios varia, uma corrente 
elétrica é induzida no outro fio. Para o con-
junto ímã e fio, se um deles se movimenta 
com relação ao outro, surge uma corrente 
elétrica no fio. Esse efeito é conhecido como 
indução eletromagnética. 
O fenômeno da indução eletromagnética, 
apesar de parecer uma simples curiosidade, 
está por trás das principais formas de ger-
ação de eletricidade que, por sua vez, per-
mitem que você usufrua das mais diversas 
aplicações tecnológicas. E a chave para a 
ocorrência do fenômeno reside na palavra 
variação. A grandeza que deve variar para o 
surgimento de correntes elétricas induzidas 
recebe o nome de fluxo magnético. Imag-
ine uma usina hidrelétrica, na qual água é 
represada e dirigida por canos até as hélices 
de enormes turbinas. O fluxo de água mov-
imenta as turbinas, fazendo-as girar. Con-
dutores elétricos acoplados às turbinas são, 
então, postos em movimento numa região 
onde existe um campo magnético. O mov-
imento de rotação faz com que a “quanti-
Para saber mais
De família pobre, Faraday teve uma educação 
precária. Durante a adolescência, foi ajudante de 
livraria, situação que lhe permitiu o contato com 
muitos livros. Não cursou a universidade. Além do 
eletromagnetismo, desenvolveu trabalhos sobre 
química. Foi conselheiro e membro de institui-
ções de como a Royal Society e a Royal Institution, 
da qual se aposentou após 38 anos de trabalho.
Unidade 1 • Definições Gerais13/183
dade” de campo magnético que atravessa 
a região delimitada pelos condutores varie 
conforme passa o tempo. Essa variação do 
fluxo magnético induz o aparecimento de 
correntes elétricas no condutor, que são, 
posteriormente, distribuídas para centros 
de transformação ou setores de consumo 
de eletricidade. A mesma ideia se aplica a 
outros tipos de usinas geradoras de eletri-
cidade. No caso de usinas eólicas, o vento 
substitui o movimento das águas. Em usi-
nas nucleares ou termoelétricas, a fonte de 
energia primária (urânio, carvão etc.) é us-
ada para aquecer vapor d’água que, então, 
é dirigido para as turbinas, fazendo-as se 
mover. 
Link
Aplicações do fenômeno da indução: mini-usi-
na hidroelétrica. Disponível em: <http://eaulas.
usp.br/portal/video.action?idItem=6073>. 
Acesso em: 19 set. 2017.
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=6073
http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=6073
Unidade 1 • Definições Gerais14/183
Glossário
Energia gravitacional: forma de energia associada à localização de uma massa num campo gra-
vitacional criado por outra massa.
Energia cinética: energia relacionada ao movimento.
Fluxo magnético: grandeza física associada à intensidade do campo magnético que atravessa 
uma determinada área.
Questão
reflexão
?
para
15/183
Como você viu, a transformação de energia primária em ener-
gia secundária requer alguma forma de intervenção que, por 
sua vez, traz impactos sociais, ambientais, políticos, econô-
micos etc. Tendo em vista que o desenvolvimento de uma so-
ciedade está associado ao consumo energético dela, escolha 
um tipo de usina geradora de eletricidade (hidrelétrica,nu-
clear, térmica etc.) e elenque possíveis impactos gerados por 
sua construção e funcionamento, ordenando-os de acordo 
com o grau de relevância que você julga mais adequado.
16/183
Considerações Finais
• A energia é parte fundamental da vida em sociedade, e seu consumo é uma 
medida do grau de desenvolvimento dela.
• As fontes de energia podem ser divididas em primárias ou secundárias, sen-
do a energia primária a energia em sua forma bruta, extraída direto da na-
tureza.
• Energia secundária é toda forma de energia proveniente de uma transfor-
mação.
• O fenômeno por trás da geração de eletricidade é chamado indução eletro-
magnética.
Unidade 1 • Definições Gerais17/183
Referências
DALRYMP, G. B. The age of the Earth in the twentieth century: a problem (mostly) solved. Geolo-
gical Society, London, Special Publications, 190, p. 205-221, 2001.
DIAS, V. S.; MARTINS, R. A.; Michael Faraday: o caminho da livraria à descoberta da indução ele-
tromagnética. Ciência & Educação, v. 10, n. 3, p. 517-530, 2004.
FEYNMAN, R. P.; LEIGHTON, R. B.; SANDS, M. Lições de Física. v. 2. Porto Alegre: Bookman, 2008.
GOLDEMBERG, J. Energia e desenvolvimento. Estudos Avançados, v. 12, n. 33, p. 7-15,1998.
EPE. Balanço Energético Nacional 2015: Ano base 2014 – Empresa de Pesquisa Energética – Rio 
de Janeiro: EPE, 2015.
18/183
1. Se em toda transformação de energia ocorrem perdas, o princípio da con-
servação de energia é relevante por quê?
a) Ele fornece um valor máximo de energia a ser obtido a partir de determinada fonte.
b) A energia perdida pode sempre ser capturada e aproveitada novamente.
c) As perdas são uma questão tecnológica e assim que forem superadas, a energia disponível 
será ilimitada.
d) As fontes energéticas estão ficando escassas e, consequentemente, é preciso conservá-las.
e) Ele fornece um valor mínimo de energia a ser obtido a partir de determinada fonte.
Questão 1
19/183
2. Qual dos pares abaixo apresenta um tipo de energia primária e de ener-
gia secundária respectivamente?
a) Asfalto e petróleo.
b) Gasolina e eletricidade.
c) Lenha e urânio.
d) Álcool etílico e energia solar.
e) Gás natural e eletricidade.
Questão 2
20/183
3. A finalidade dos centros de transformação de energia é:
a) Extrair a fonte de energia primária direto da natureza.
b) Transportar a fonte de energia primária até o consumidor final.
c) Converter a energia a partir de qualquer outra forma de energia.
d) Transformar a energia secundária em energia útil.
e) Acrescentar perdas de energia durante a conversão energética.
Questão 3
21/183
4. O rendimento energético é definido pela razão entre:
a) A energia final e a energia útil.
b) A energia final e a energia primária.
c) A energia útil e a energia primária.
d) A energia útil e a energia final.
e) A energia secundária e a energia final.
Questão 4
22/183
5. No fenômeno da indução eletromagnética, muito utilizado para gerar 
eletricidade, correntes elétricas são produzidas a partir de:
a) Variações do fluxo elétrico por meio de um isolante elétrico.
b) Variações do fluxo magnético por meio de um condutor elétrico.
c) Um fluxo magnético constante, porém, muito intenso.
d) Um fluxo elétrico constante, porém, muito intenso.
e) Variações das dimensões físicas do condutor elétrico.
Questão 5
23/183
Gabarito
1. Resposta: A.
O princípio da conservação de energia diz, 
basicamente, que a energia não pode ser 
criada ou destruída, apenas transforma-
da. Assim, o princípio informa qual o valor 
máximo de energia seria possível extrair de 
qualquer fonte caso não houvesse perda na 
conversão. As perdas, apesar de poderem 
ser diminuídas, não podem ser eliminadas, 
e a energia perdida, na maioria dos casos, 
não consegue ser reaproveitada, portanto, 
os itens “b” e “c” estão incorretos. A conser-
vação no nome do princípio não está rela-
cionada com sustentabilidade, logo, o item 
“d” também é incorreto.
2. Resposta: E.
Fontes primárias de energia são aquelas ob-
tidas da natureza na sua forma bruta, sem 
qualquer tipo de conversão. Quando a fonte 
primária passa por alguma transformação, 
em algum centro de transformação, ela re-
cebe o nome de fonte secundária. Na ques-
tão, são exemplos de fontes primárias: pe-
tróleo, gás natural, lenha, urânio e energia 
solar. As fontes secundárias são: gasolina, 
eletricidade, álcool etílico e asfalto (é se-
cundário, mas não tem caráter energético).
3. Resposta: C.
Os centros de transformação fazem a con-
versão da energia proveniente de fontes 
primárias ou mesmo secundárias, nas suas 
24/183
Gabarito
diferentes formas. Eles não precisam, ne-
cessariamente, extrair a fonte primária da 
natureza. O item “b” é incorreto porque ra-
ramente a fonte primária é utilizada dire-
tamente pelo consumidor e, mesmo nesse 
caso, não é finalidade do centro de trans-
formação o transporte dela. A transforma-
ção da energia secundária em energia útil 
é feita pelo consumidor e seus aparelhos, 
logo o item “d” está incorreto. Apesar de in-
serir perdas durante as transformações, não 
é essa a finalidade do centro de transforma-
ção, o que faz o item “e” ser falso.
4. Resposta: D.
O rendimento energético é a razão entre a 
energia disponível para uso e a quantidade 
que, de fato, é utilizada para o fim desejado. 
Assim, por ocorrerem diversas transforma-
ções ao longo do percurso, não se compara 
energia final ou útil com energia primária 
ou secundária, o que invalida as alternati-
vas “b”, “c” e “e”. A alternativa “a” está in-
correta porque o rendimento, por definição, 
é algo inferior a 1 (ou 100%).
5. Resposta: B.
A palavra-chave para a geração de correntes 
elétricas induzidas é a variação da grandeza 
chamada fluxo magnético, que mede a quan-
tidade de campo magnético que atravessa a 
área delimitada por um condutor elétrico. As-
sim, as alternativas “a”, “c” e “d” estão incorre-
tas. As dimensões do condutor de eletricidade 
pouco influenciam o efeito da indução, logo, a 
alternativa “e” também está incorreta.
25/183
Unidade 2
Matriz Energética Brasileira
Objetivos
1. Compreender o conceito de matriz 
energética.
2. Conhecer a matriz energética e a ma-
triz elétrica brasileira.
3. Quantificar o uso de energia no Brasil, 
qual tipo de energia e quem a usa.
4. Localizar as principais unidades gera-
doras de energia elétrica do país.
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira26/183
Introdução
A história da humanidade pode ser escrita 
tomando como base a descoberta e utiliza-
ção das mais diversas fontes de energia pri-
mária. Energia solar, força muscular, tração 
animal, lenha, energia hidráulica e, mais re-
centemente, o petróleo e o gás natural for-
necem um bom panorama de como as so-
ciedades evoluíram e se constituíram. 
Para cada fonte de energia primária, à me-
dida que seu uso se tornava mais intenso e 
requisitado, buscavam-se fontes que pu-
dessem complementar ou até mesmo subs-
tituir a fonte anterior, fosse por questões de 
eficiência ou abundância. 
No cenário atual, é imprescindível que cada 
país saiba as fontes de energia primária de 
que dispõe em sua extensão territorial, bem 
como a confiabilidade e a estabilidade ne-
cessárias para ofertá-las aos consumido-
res, sejam eles indústrias, a agricultura, os 
transportes ou a população. Além disso, 
uma preocupação recente diz respeito à 
racionalidade do uso de tais fontes, numa 
tentativa de aliar o crescimento econômico 
ao não esgotamento dos recursos naturais. 
Por esses motivos, o conhecimento da ma-
triz energética é essencial.
1. Matriz energética
No campo da matemática, uma matriz é 
uma coleção de elementos dispostos de 
forma ordenada em linhas e colunas. Nes-
sa linha de raciocínio, a matriz energética é 
o conjunto de informações sobre todas as 
formas de energia disponíveis numa região 
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira27/183
para serem consumidas, distribuídas ou 
transformadas. Em termos matemáticos, é 
uma representação da quantidade ou ofer-
ta dos recursos energéticos.Além da oferta, 
é necessário também conhecer e projetar a 
demanda de determinado país ou região.
Dados da Agência Internacional de Ener-
gia (IEA, do inglês International Energy Agen-
cy) indicam que, em 2014, o consumo final 
de energia atingiu a marca de 9.424  Mtep 
(milhões de toneladas equivalentes de pe-
tróleo). Desse total, 2.751 Mtep foram con-
sumidos pela indústria, 2.627  Mtep pelo 
transporte, 3.218  Mtep para usos diversos 
e 828  Mtep para fins não energéticos. As 
principais fontes de energia utilizadas pela 
indústria foram o carvão (31%), a eletricida-
de (26%), o gás natural (20%) e os derivados 
de petróleo (11%). Já o setor de transportes 
consumiu majoritariamente produtos do 
petróleo (92%). 
No Brasil, foram consumidos 232 Mtep, dos 
quais 81 Mtep pela indústria, 86,4 Mtep 
pelo transporte, 49,2 Mtep para usos di-
versos e 15,4 Mtep para fins não energéti-
cos. No setor de transporte, o Brasil seguiu 
a tendência mundial, com uso majoritário 
de produtos do petróleo (80%), com a di-
ferença de que 18% do consumo se deu a 
partir de biocombustíveis e resíduos. Já no 
setor industrial, o cenário brasileiro diferiu 
Link
Agência Internacional de Energia. Disponível em: 
<www.iea.org>. Acesso em: 20. set. 2017.
http://www.iea.org
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira28/183
consideravelmente do mundial, apresen-
tando como principal fonte energética os 
biocombustíveis e resíduos (42%), seguidos 
pela eletricidade (22%), derivados de pe-
tróleo (16%) e gás natural (11%). O carvão, 
principal fonte energética para a indústria 
mundial, tem baixa participação na matriz 
energética industrial brasileira, dada sua 
baixa disponibilidade e qualidade.
1.1 A Matriz Energética Brasileira 
Em 2016, segundo Relatório Síntese da Em-
presa de Pesquisa Energética (EPE), a ofer-
ta interna de energia no Brasil foi de 288,3 
Mtep e o consumo final foi de 255,4 Mtep, 
que representam variações de -3,8% e 
-2,2% respectivamente, ambas motivadas 
pelo enfraquecimento da economia. No 
mesmo ano, o Brasil registrou, em sua ma-
triz energética, 56,5% de participação das 
energias não renováveis e 43,5% das ener-
gias renováveis, uma das mais elevadas ta-
xas mundiais.
A participação das energias não renová-
veis na matriz energética brasileira se divi-
diu em: petróleo e seus derivados (36,5%), 
gás natural (12,3%), carvão mineral (5,5%), 
urânio (1,5%) e outras fontes (0,7%), totali-
zando os 56,5% do total. Pelo lado das ener-
gias renováveis, a lista foi encabeçada pela 
biomassa da cana (17,5%), energia hidráu-
lica (12,6%), lenha e carvão vegetal (8,0%) 
e lixívia e outras renováveis (5,4%), como o 
biodiesel e a energia eólica.
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira29/183
Os setores que mais consumiram energia 
no Brasil em 2016 foram a indústria (33%) 
e os transportes (32,4%), tanto de cargas 
como os relacionados à mobilidade huma-
na. O próprio setor energético consumiu 
10,3% do total, seguido pelas residências 
(9,7%), o setor de serviços (4,9%) e a agro-
pecuária (4,0%). O consumo não energéti-
co foi de 5,8%.
No setor industrial, as principais fontes de 
energia utilizadas foram o bagaço de cana 
(20,9% do total), a eletricidade (19,9%), 
o carvão mineral (12,3%) e o gás natural 
(11,3%). No setor de transportes, o óleo die-
sel seguiu em primeiro lugar (43,9% do to-
tal), acompanhado pela gasolina, normal e 
de aviação (29,3%), e pelo etanol (16,8%). 
Um ponto interessante que talvez você te-
nha notado é que, nas indústrias, a partici-
pação de energias renováveis é maior, 58% 
contra 20% do setor de transportes. Já o 
consumo residencial esteve, basicamente, 
dividido em eletricidade (46%), GLP (26,5%) 
e lenha (24,4%).
Para saber mais
Também conhecida como licor negro, a lixívia (ou 
lixívia negra) é usada como combustível em usi-
nas cogeradoras da indústria do papel. É um re-
síduo líquido obtido da cozedura da madeira para 
eliminação de componentes indesejáveis ao pro-
cesso de extração da celulose.
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira30/183
1.2 A Matriz Elétrica Brasileira 
No mundo moderno, a eletricidade tem pa-
pel central. Atividades simples como assistir 
à televisão, guardar alimentos na geladeira 
e carregar a bateria do telefone celular re-
querem o uso desse tipo de energia. Você é 
capaz, ainda, de imaginar alguma situação 
ou local em que não haja, por exemplo, uma 
lâmpada? Assim, conhecer a matriz elétri-
ca do Brasil, além da matriz energética, é 
questão fundamental quando se fala em 
energia e planejamento energético. 
A matriz elétrica brasileira se caracteriza 
pelo domínio das energias renováveis. Em 
2016, a participação desse tipo de energia 
atingiu o valor de 81,7%. A oferta interna de 
energia elétrica foi de 619,7 TWh e o con-
sumo final de 520 TWh. Entre todas as fon-
tes de energia elétrica, a energia hidráuli-
ca é a que tem maior participação (68,1%), 
seguida pelo gás natural (9,1%), biomassa 
(8,1%), energia eólica (5,4%), derivados do 
petróleo (3,7%), carvão e derivados (2,9%) 
e energia nuclear (2,6%). A elevada partici-
pação da energia hidráulica na matriz elétri-
ca brasileira é consequência da existência 
Para saber mais
O gás liquefeito de petróleo (GLP) é um grande 
conhecido da população e também atende pelo 
nome de gás de cozinha. É um combustível inco-
lor composto basicamente por butano e propano, 
ambos extraídos do petróleo. Sua produção ocorre 
em refinarias ou no processamento de gás natural.
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira31/183
de muitos rios com desníveis no território 
nacional, o que também a torna uma das 
soluções mais econômicas. 
A capacidade instalada chegou a 150.338 
MW no ano de 2016. Desse total, 64,5% foi 
produzido por hidrelétricas, 27,5% por usi-
nas térmicas e 6,7% via energia eólica. A par-
ticipação das usinas nucleares foi de apenas 
1,3%, enquanto a energia solar não apresen-
tou contribuição significativa (24 MW). 
Das cinco principais usinas hidrelétricas 
brasileiras, de um total de 217, uma se en-
contra no rio Tocantins, no estado do Pará: 
a usina do Tucuruí. Duas delas estão insta-
ladas no rio Paraná: a binacional Itaipu, no 
município de Foz do Iguaçu (fronteira com 
o Paraguai); e a de Ilha Solteira, na divisa 
entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. Com-
pletam a lista a usina de Xingó, entre os es-
tados de Alagoas e Sergipe, e o Complexo 
Paulo Afonso, na Bahia, ambas instaladas 
no rio São Francisco. A energia hidráulica é 
considerada uma forma de energia limpa, 
uma vez que a água, depois de passar pela 
usina, retorna ao leito do rio sem sofrer de-
generações.
Para saber mais
entende-se por biomassa qualquer matéria or-
gânica, de origem vegetal ou animal, que apre-
sente potencial para ser transformada tanto em 
energia térmica quanto em elétrica. Além des-
ses tipos de energia, da biomassa obtêm-se bio-
combustíveis, como o etanol e o biodiesel, am-
bos substitutos de derivados de petróleo como a 
gasolina e o óleo diesel. 
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira32/183
As usinas termelétricas brasileiras utilizam 
os mais diversos tipos de combustíveis: 
óleo diesel, óleo combustível, bagaço de 
cana, gás natural, carvão mineral e vegetal, 
lixívia entre outros. Do total de 2.924 uni-
dades, destacam-se: a usina Governador 
Leonel Brizola (antiga TermoRio), instalada 
no município de Duque de Caxias, no Rio de 
Janeiro; as usinas Mário Lago e Norte Flumi-
nense, ambas em Macaé, também no esta-
do do Rio de Janeiro; a usina Porto do Pecém 
I, localizada em São Gonçalo do Amarante, 
no Ceará; e a usina Uruguaiana, na cidade 
de mesmo nome, no Rio Grande do Sul. Des-
sas cinco, todas utilizam o gás natural como 
combustível, com exceção da usina Porto do 
Pecém I, que utiliza carvão mineral. 
O parque eólico brasileiro conta com 430 
usinas, das quais 81 foram instaladas no ano 
de 2016. O estado que lidera a capacidade 
instalada de energia eólica é o Rio Grande 
do Norte, que também lidera o quesito ger-
ação,seguido por Bahia, Ceará, Rio Grande 
do Sul e Piauí. A região Nordeste correspon-
de a aproximadamente 85% da geração por 
fonte eólica, uma vez que a maior parte dos 
parques eólicos está ali instalada. O fator 
de capacidade médio das fontes eólicas 
brasileiras atingiu o patamar de 40% em 
2016, valor muito acima da média mundial 
Link
Itaipu Binacional. Disponível em: <https://www.
itaipu.gov.br/>. Acesso em: 20 set. 2017.
https://www.itaipu.gov.br/
https://www.itaipu.gov.br/
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira33/183
de 25%. Os estados que lideraram o rank-
ing de fator de capacidade médio são os 
mesmos que apresentam a maior capaci-
dade instalada, porém, em ordem diferente: 
Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e 
Rio Grande do Sul.
Com relação à energia nuclear, a primeira 
usina nuclear (ou termonuclear) brasileira, 
Angra 1, localizada na região de Angra dos 
Reis, no Rio de Janeiro, iniciou sua operação 
comercial em 1985. Em 2001, foi inaugura-
da a segunda usina nuclear do país, Angra 
2. Ambas utilizam como combustível o urâ-
nio enriquecido. Em 2015, a construção 
daquela que seria a terceira usina nuclear 
brasileira, Angra  3, foi suspensa por moti-
vos financeiros. 
Link
Energia Nuclear em dois minutos. Eletronuclear 
TV. Disponível em: <http://www.eletronuclear.
gov.br/>. Acesso em: 20 set. 2017. 
http://www.eletronuclear.gov.br/
http://www.eletronuclear.gov.br/
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira34/183
Glossário
Capacidade instalada: capacidade (no caso elétrico, potência) máxima que pode ser produzida 
sem interrupções, desconsiderando-se as perdas.
Fator de capacidade: razão entre a geração efetiva num determinado intervalo de tempo e ca-
pacidade total no mesmo tempo. Leva em consideração o valor gerado e a capacidade instalada.
Urânio enriquecido: urânio no qual a proporção do isótopo U-235 foi aumentada de 0,7% para 
cerca de 3%. O aumento se dá porque U-235 é físsil, enquanto seu isótopo mais abundante (U-
238) não é.
Questão
reflexão
?
para
35/183
Os dados da Agência Internacional de Energia mostram 
que a participação dos derivados de petróleo no setor 
de transportes é predominante. Em sua opinião, quais 
são as dificuldades (políticas, financeiras, de eficiência 
etc.) que impedem a participação mais efetiva das ener-
gias renováveis nos transportes brasileiros?
36/183
Considerações Finais 
• Matriz energética é o conjunto de informações sobre todas as formas de 
energia disponíveis para serem consumidas, distribuídas ou transformadas.
• O setor de transportes é majoritariamente dependente de petróleo e de 
seus derivados. 
• A principal fonte energética da indústria no mundo é o carvão. No Brasil, 
porém, são os biocombustíveis e resíduos. 
• Matriz elétrica se refere ao conjunto de informações sobre a geração, dis-
tribuição e o consumo de energia elétrica especificamente.
• Energias renováveis, em especial a energia hidráulica, têm alta participa-
ção na matriz elétrica brasileira.
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira37/183
Referências 
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Atlas de Energia Elétrica. 2. ed. Brasília: 
ANEEL, 2005.
AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Gás liquefeito de 
petróleo – GLP. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/wwwanp/petroleo-e-derivados2/glp>. 
Acesso em: 3 jul. 2017.
AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA – IEA. Disponível em: <www.iea.org>. Acesso em: 3 
jul.2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA – ABEEólica. Boletim Anual de Geração Eólica 
2016. Disponível em <http://www.abeeolica.org.br/dados-abeeolica/>. Acesso em: 8 jul. 2017.
CARVALHO, J. F. O declínio da era do petróleo e a transição da matriz energética brasileira 
para um modelo sustentável. Tese de Doutorado – PPGE/USP – São Paulo, 2009.
ELETROBRÁS ELETRONUCLEAR. Disponível em: <http://www.eletronuclear.gov.br/>. Acesso em: 
5 jul. 2017.
GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos Avançados, v. 21, n. 59, 
p. 7-20, 2007.
http://www.anp.gov.br/wwwanp/petroleo-e-derivados2/glp
http://www.iea.org
http://www.abeeolica.org.br/dados-abeeolica/
http://www.eletronuclear.gov.br/
Unidade 2 • Matriz Energética Brasileira38/183
PORTAL BRASIL. Maiores usinas hidrelétricas do país. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/
old/copy_of_imagens/sobre/economia/energia/imagens/maiores-usinas-hidreletricas-do-pais/
view>. Acesso em: 3 jul. 2017.
http://www.brasil.gov.br/old/copy_of_imagens/sobre/economia/energia/imagens/maiores-usinas-hidreletricas-do-pais/view
http://www.brasil.gov.br/old/copy_of_imagens/sobre/economia/energia/imagens/maiores-usinas-hidreletricas-do-pais/view
http://www.brasil.gov.br/old/copy_of_imagens/sobre/economia/energia/imagens/maiores-usinas-hidreletricas-do-pais/view
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1. Assinale a alternativa que define corretamente “matriz energética”.
a) O conjunto das principais formas de energia utilizadas pela indústria.
b) A fonte de energia extraída diretamente da natureza, em seu estado bruto.
c) O conjunto de informações sobre a energia primária de uma determinada região.
d) O conjunto das principais formas de energia utilizadas numa região.
e) O conjunto de dados sobre toda a energia disponível para consumo, distribuição ou trans-
formação.
Questão 1
40/183
2. Assinale a alternativa correta. As principais fontes de energia consumidas 
pela indústria no mundo e no Brasil são, respectivamente:
Questão 2
a) Derivados de petróleo para ambos.
b) Carvão e biocombustíveis/resíduos.
c) Carvão e eletricidade.
d) Eletricidade e gás natural.
e) Biocombustíves/resíduos e produtos de petróleo.
41/183
3. Assinale a alternativa correta. A matriz energética brasileira se caracteriza 
por:
Questão 3
a) Elevada participação de energias renováveis, mas com forte dependência de derivados de 
petróleo. 
b) Baixa participação de energias renováveis e forte dependência de derivados de petróleo.
c) Elevada participação de energias renováveis, sendo a energia hidráulica a principal delas. 
d) Predomínio das energias renováveis sobre as não renováveis.
e) Forte predomínio das energias não renováveis com participação superior a 75%.
42/183
4. Assinale a alternativa correta. A matriz elétrica brasileira se caracteriza por:
Questão 4
a) Predomínio das energias não renováveis, como os derivados de petróleo. 
b) Predomínio das energias renováveis, especialmente a energia hidráulica.
c) Predomínio das energias renováveis, especialmente a energia eólica.
d) Igual participação das energias renováveis e não renováveis.
e) Participação de derivados do petróleo superior à energia hidráulica.
43/183
5. Assinale a alternativa correta. A maior parte dos parques eólicos brasilei-
ros se encontra na região:
Questão 5
a) Sul.
b) Sudeste.
c) Norte.
d) Nordeste.
e) Centro-Oeste.
44/183
Gabarito
1. Resposta: E.
A matriz energética é a informação sobre a 
quantidade total de energia disponível para 
consumo, distribuição e transformação. 
Não se refere somente às principais fontes 
de energia, como sugerido pelas alternati-
vas “b”, “c” e “d”, nem a setores específicos, 
como diz a alternativa “a”.
2. Resposta: B.
Segundo dados da Agência Internacional de 
Energia, a maior contribuição para o consu-
mo de energia pela indústria mundial vem 
do carvão (31%). Já no Brasil, a principal fon-
te são os biocombustíveis e resíduos (42%).
3. Resposta: A.
Os dados do Relatório Síntese da EPE, ano-
-base 2016, mostram que o petróleo e seus 
derivados têm a maior participação na ma-
triz energética brasileira, contribuindo com 
36,5% do total. Todas as energias renová-
veis somam 43,5%, uma das taxas mais ele-
vadas do mundo, sendo a biomassa da cana 
a mais participativa.
4. Resposta: B.
Os dados do Relatório Síntese da EPE, ano-
-base 2016, indicam que mais de 80% da 
energia elétrica brasileira é proveniente 
de fontes de energia renováveis, das quais 
68,1% são geradas a partir da energia hi-
dráulica. Logo, a matriz elétrica brasileiraé 
45/183
Gabarito
predominantemente formada por energias 
renováveis, em especial a energia hidráulica.
5. Resposta: D.
Aproximadamente 85% da produção de 
eletricidade por meio da energia eólica está 
concentrada na Região Nordeste. Entre os 
cinco estados brasileiros que mais a produ-
zem, quatro são de lá: Rio Grande do Norte, 
Ceará, Bahia e Piauí.
46/183
Unidade 3
Energia e Desenvolvimento
Objetivos
1. Correlacionar desenvolvimento hu-
mano e consumo energético.
2. Conceituar ecodesenvolvimento e de-
senvolvimento sustentável.
3. Compreender semelhanças e diferen-
ças entre ecodesenvolvimento e de-
senvolvimento sustentável.
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento47/183
Introdução
Mensurar o desenvolvimento de uma so-
ciedade não é tarefa fácil, afinal, como se 
quantifica a qualidade de vida? Quais fa-
tores são importantes e qual o grau de re-
levância de cada um deles? Durante muito 
tempo, o crescimento econômico, por meio 
do produto interno bruto (PIB) per capi-
ta, foi a régua utilizada para aferir o esta-
do de desenvolvimento de uma nação. Com 
esse critério, o Brasil se colocou entre as 10 
maiores economias mundiais. No entanto, 
mesmo atingindo o patamar das economias 
mais desenvolvidas, persistia um fator que 
o diferenciava dos demais: a forte concen-
tração de riqueza e desigualdade social. 
Foi necessário, portanto, mudar a métrica. 
Nesse sentido, outros indicadores foram se 
estabelecendo como o Índice de Desenvol-
vimento Humano (IDH), baseado na tríade 
saúde, educação e renda. 
Qualquer classificação, entretanto, apre-
senta limitações, uma vez que o conceito 
de qualidade de vida pode diferir radical-
mente entre os diversos grupos sociais e, 
consequentemente, qualquer critério es-
colhido deve ser interpretado de acordo 
com o contexto de cada conjunto social. 
Nesta leitura você encontrará elementos 
para discutir o desenvolvimento do ponto 
de vista energético.
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento48/183
1. Consumo Energético e Desen-
volvimento 
Ao pensar sobre consumo energético e de-
senvolvimento, a imagem que provavel-
mente vem à sua cabeça é a de que bens tec-
nológicos como computadores, carros, avi-
ões e eletrônicos, os quais estão associados 
à noção de desenvolvimento, necessitam 
de energia. Um cenário mais fundamental 
pode ser observado também: imagine um 
grupo de pessoas que mora numa região 
isolada ou de difícil acesso. Se não houver 
fornecimento de energia elétrica, não há a 
possibilidade de instalação de uma bomba 
capaz de, por exemplo, captar água de um 
poço artesiano para armazená-la numa cai-
xa d’água elevada. Sem isso, o acesso à água 
de qualidade é dificultado, comprometendo 
as condições de saúde.
O acesso à água potável é uma questão de 
saneamento e, consequentemente, de qua-
lidade de vida. Dados do Sistema Nacional 
de Informações sobre Saneamento (SNIS) 
indicavam que, até 2015, cerca de 35 mi-
lhões de brasileiros não tinham acesso à 
água tratada.
Link
O que é o IDH. Programa das Nações Unidas para 
o Desenvolvimento no Brasil – PNUD. Disponível 
em: <http://www.br.undp.org/content/bra-
zil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-i-
dh.html>. Acesso em: 20 set. 2017. 
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-idh.html
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-idh.html
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-idh.html
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento49/183
No mesmo ano, a Organização das Nações 
Unidas (ONU) comemorou o Ano Interna-
cional da Luz com o intuito de chamar aten-
ção para o fato de que, à época, estimava-
-se que 1,5 bilhão de pessoas não tinham 
acesso à energia elétrica. Aqui no Brasil, a 
constatação de que a exclusão elétrica era 
predominante em áreas com baixo IDH cul-
minou na criação do programa Luz para 
Todos, do Governo Federal. O programa, 
lançado em 2003, tinha como objetivo levar 
energia elétrica a 10 milhões de pessoas na 
zona rural até o ano de 2008. Em 2010, com 
60% da meta inicial atingida, o programa 
foi estendido até 2014, sendo novamente 
prorrogado, agora até 2018. 
A relação entre consumo energético e de-
senvolvimento fica explícita quando cru-
zamos os dados de IDH com o consumo de 
energia. Países com IDH muito alto apresen-
tam, também, elevado consumo de energia. 
A Noruega, país com maior IDH (0,944) em 
2014, consumiu, no mesmo ano, 5,60 tep/
capita. A Austrália, com IDH 0,935, consu-
Link
Sistema Nacional de Informações sobre Sanea-
mento – SNIS. Disponível em: <http://www.snis.
gov.br/>. Acesso em 20 set. 2017. Link
Programa Luz para Todos. Disponível em: <ht-
tps://www.mme.gov.br/luzparatodos/asp/>. 
Acesso em: 20 set. 2017.
http://www.snis.gov.br/
http://www.snis.gov.br/
https://www.mme.gov.br/luzparatodos/asp/
https://www.mme.gov.br/luzparatodos/asp/
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento50/183
miu 5,30 tep/capita. Os 10 países com maior 
IDH tiveram consumo energético superior 
a 2,7 tep/capita. Canadá e EUA obtiveram 
como resultado, respectivamente, 7,88 e 
6,94 tep/capita. O Brasil, com IDH 0,755, 
considerado alto, consumiu 1,47 tep/capi-
ta, abaixo da média mundial que foi 1,89 
tep/capita. Os países integrantes da OECD 
(Organização para a Cooperação e Desen-
volvimento Econômico), com quem o Brasil 
mantém relações, consumiram uma média 
de 4,16 tep/capita. Países como Quênia e 
Paquistão, com os maiores IDHs dentro do 
grupo dos países considerados com bai-
xo desenvolvimento humano, consumiram 
0,53 e 0,49 tep/capita respectivamente. 
Da análise acima, é evidente que há uma 
correlação entre desenvolvimento humano 
e consumo de energia. A energia, por sinal, 
espalha-se por diversas dimensões da ati-
vidade humana: social, econômica, política 
e ambiental. Socialmente, além de permitir 
retirar água de poços artesianos, a energia 
aumenta o acesso à informação e à educa-
ção, uma vez que é possível levar luz para 
as escolas no período noturno. Econômica 
e politicamente, ela impacta diretamente 
a produção de riqueza e o uso decorrente 
dessa renda energética. Já ambientalmen-
te, é importante considerar a relação entre 
produção e reserva e a diversidade e impac-
to de cada fonte energética utilizada.
Se, por um lado, o consumo de energia se 
mostra o motor e um limitante para o de-
senvolvimento, o aumento do consumo de 
energia traz à tona um problema. A deman-
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento51/183
da da indústria e dos transportes por ener-
gia é praticamente ininterrupta, porém, o 
ritmo com que os recursos naturais são re-
postos é menor. Essa observação fez surgir 
os conceitos de ecodesenvolvimento e de-
senvolvimento sustentável.
2. Ecodesenvolvimento e Desen-
volvimento Sustentável
As sociedades pré-Revolução Industrial ti-
nham sua matriz energética baseada em 
fontes renováveis de energia: rios para os 
moinhos, vento para os barcos e a lenha 
das florestas para casas e lareiras. O ritmo 
de uso dessas fontes, em especial da lenha, 
era comparável ao ritmo de reposição dos 
recursos naturais. Com o advento da Revo-
lução Industrial, a matriz energética migrou 
para uma base de fontes não renováveis, 
especialmente os combustíveis fósseis, e o 
equilíbrio na relação entre a taxa de utiliza-
ção/reposição se extinguiu.
O conceito de ecodesenvolvimento surgiu 
nos anos 1970 como uma alternativa ao de-
bate sobre a política de desenvolvimento. 
Por um lado, estavam os países em desen-
volvimento que reivindicavam o direito ao 
crescimento, e por outro, a defesa do cha-
mado crescimento zero. O ponto central do 
ecodesenvolvimento é a preocupação com 
o crescimento econômico, sem deixar de 
lado os aspectos ambientais e sociais, com 
base nas potencialidades de cada país. As-
sim, o desenvolvimento deve estar voltado 
para as necessidades sociais, com o objeti-
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento52/183
vo de melhoria da qualidade de vida, tendo 
em vista a preservação dos recursos natu-
rais para as geraçõesfuturas.
De acordo com Montibeller Filho (1993), o 
ecodesenvolvimento abrange cinco dimen-
sões de sustentabilidade: social, econômica, 
ecológica, espacial e cultural. Na dimensão 
social, o objetivo é reduzir as desigualdades 
sociais. Na econômica, fica evidente a aposta 
no potencial interno, uma vez que o objetivo 
é aumentar a produção e a riqueza sem de-
pendência externa. Ecologicamente, o inte-
resse é preservar os recursos naturais para 
as gerações futuras. A sustentabilidade es-
pacial procura evitar a aglomeração de ativi-
dades ou pessoas em determinadas regiões. 
Por último, a sustentabilidade cultural visa a 
evitar conflitos, respeitando cada ecossiste-
ma e a formação de cada comunidade.
O conceito de desenvolvimento sustentável 
ganhou força a partir do Relatório Brun-
dtland, também conhecido como relató-
rio “Nosso futuro comum”, na década de 
1980. O documento centra o desenvolvi-
mento sustentável na ecologia, explicitan-
do a importância de respeitar os ciclos na-
Para saber mais
A ideia de crescimento zero surgiu do estudo in-
titulado Limites do Crescimento, conduzido por 
Dennis Meadows e sua equipe no MIT (Massa-
chusetts Institute of Technology) e publicado 
em 1972. Devido ao esgotamento dos recursos 
naturais, que levaria ao colapso da sociedade, o 
estudo preconizava a paralisação do crescimento 
econômico mundial.
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento53/183
turais para que a sociedade presente e as 
próximas gerações possam satisfazer suas 
necessidades. A tese central do relatório se 
apoia na crença de que o desenvolvimento 
tecnológico produzirá cada vez mais gas-
tando menos recursos. Consequentemente, 
o padrão de consumo das sociedades mais 
industrializadas poderia ser mantido e ex-
pandido para toda e qualquer sociedade. 
Neste momento, você deve estar se pergun-
tando como viabilizar o processo do “mais 
com menos”. A ideia básica aqui é utilizar 
o avanço tecnológico para otimizar a reci-
clagem das fontes de energia. No entanto, 
o reaproveitamento de um insumo esbar-
ra em duas questões: a perda da eficiência 
energética em reciclagens sucessivas, de 
acordo com a segunda lei da termodinâ-
mica, e o custo. Os primeiros processos de 
reciclagem são economicamente viáveis, 
mas, a cada processo, o custo para separar 
os componentes se torna cada vez maior, o 
que implica em maior gasto de energia, e 
fornece um produto com qualidade menor. 
Para saber mais
Orelatório Brundtland recebe esse nome em ho-
menagem à primeira-ministra da Noruega, Gro 
Harlem Brundtland, escolhida pela ONU em 1983 
para chefiar a Comissão Mundial sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento, cujo objetivo era apre-
sentar propostas de caráter mundial na área am-
biental. 
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento54/183
As principais divergências entre os con-
ceitos de ecodesenvolvimento e desen-
volvimento sustentável residem, segundo 
Montibeller Filho (1993), no posicionamen-
to quanto à qualidade do meio ambiente e 
às diferenças sociais como elementos fun-
damentais a serem considerados e no pro-
gresso técnico e o seu papel em relação à 
pressão sobre os recursos naturais. Mesmo 
assim, os dois conceitos apresentam fortes 
pontos de convergência, fazendo com que 
diversos autores os utilizem como sinôni-
mos. Entre esses pontos, estão a preocu-
pação com o bem-estar da sociedade atual 
e das futuras gerações, o que implica uma 
visão em longo prazo do uso dos recursos 
naturais. O meio ambiente, por si só, apre-
senta-se como parte essencial do processo 
de desenvolvimento e, consequentemente, 
passa a ter valoração econômica, não em 
termos de preço, mas em termos de oferta 
e prejuízo.
Para saber mais
A segunda lei da termodinâmica implica que um 
sistema isolado não pode passar sucessivamente 
pelo mesmo estado de modo idêntico. Com o pas-
sar do tempo, cada ciclo leva a uma diminuição da 
energia disponível, fazendo com que o processo 
seja irreversível. No caso da reciclagem, isso acar-
reta perdas energéticas e diminuição da qualida-
de do produto final. 
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento55/183
Glossário
Correlação: correspondência ou analogia entre ideias. Uma correlação não implica, necessaria-
mente, uma relação de causa e efeito.
Ecossistema: sistema que inclui os seres vivos e o ambiente, com suas características físico-quí-
micas e as inter-relações entre ambos.
Insumo: elemento necessário para produzir mercadorias, serviços ou produtos. Para a recicla-
gem, é a matéria-prima, mas pode ser capital, horas de trabalho, equipamentos etc.
Questão
reflexão
?
para
56/183
Você verificou, nesta leitura, que há uma correlação en-
tre desenvolvimento humano e consumo de energia. 
Países com alto IDH apresentam também elevado con-
sumo energético per capita. Tendo isso em vista, apre-
sente um plano de ação ou elenque passos que pode-
riam aumentar o consumo energético de um país como 
o Brasil. Há um limite para o consumo energético e, con-
sequentemente, para o desenvolvimento?
57/183
Considerações Finais
• Índice de desenvolvimento humano e consumo energético apresentam for-
te correlação.
• O ecodesenvolvimento tem como ponto central o desenvolvimento econô-
mico, sem deixar de lado os aspectos ambientais e sociais.
• O desenvolvimento sustentável tem como ponto central a ecologia e o ciclo 
da natureza.
• Tanto o ecodesenvolvimento como o desenvolvimento sustentável apresen-
tam preocupação com a sociedade presente e as futuras gerações.
Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento58/183
Referências 
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tps://www.iea.org/publications/freepublications/publication/key-world-energy-statistics.html>. 
Acesso em: 13 jul. 2017.
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FERNANDEZ, B. P. M. Ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável e economia ecológica: 
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brasil.org.br/saneamento-no-brasil>. Acesso em: 13 jul. 2017.
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Programa Luz para Todos. Disponível em: <https://www.
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cípios. Textos de Economia, v. 4, n. 1, p. 131-142, 1993.
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http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil
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https://www.mme.gov.br/luzparatodos/asp/
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Unidade 3 • Energia e Desenvolvimento59/183
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. O que é o IDH. Disponí-
vel em: <http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-idh.html>. 
Acesso em: 13 jul. 2017.
PROGRAMA LUZ PARA TODOS – PNUD. Ranking IDH Global 2014. Disponível em: <https://www.
mme.gov.br/luzparatodos/asp/>. Acesso em: 13 jul. 2017
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO – SNIS. Disponível em: <http://
www.snis.gov.br/>. Acesso em: 13 jul. 2017.
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-idh.html
https://www.mme.gov.br/luzparatodos/asp/
https://www.mme.gov.br/luzparatodos/asp/
http://www.snis.gov.br/
http://www.snis.gov.br/
60/183
1. O consumo energético do Brasil em 2014 foi de 1,47 tep/capita, o que o 
coloca:
a) Abaixo da média mundial de consumo energético.
b) Entre os países que menos consomem energia per capita.
c) Acima da média mundial de consumo energético.d) Exatamente na média mundial de consumo energético.
e) Entre os 10 países que mais consomem energia per capita.
Questão 1
61/183
2. O ecodesenvolvimento, conceito surgido nos anos 1970, traz uma dimen-
são social que preconiza:
a) O aumento a riqueza sem dependência externa.
b) A preservação dos recursos naturais para as gerações futuras.
c) A redução das desigualdades sociais.
d) Evitar a aglomeração de atividades ou pessoas em determinadas regiões.
e) O respeito a cada ecossistema e à formação de cada comunidade.
Questão 2
62/183
3. O ecodesenvolvimento e o desenvolvimento sustentável apresentam como 
uma característica em comum:
a) A ideia de que o progresso da ciência aliviará a pressão sobre os recursos naturais.
b) A preocupação com o bem-estar da sociedade atual e das futuras gerações. 
c) A defesa da sociedade atual, mas sem preocupação com gerações futuras.
d) A defesa de que o crescimento econômico deve ser imediatamente paralisado.
e) A preocupação com as gerações futuras, mas já admitindo que não há salvação para a so-
ciedade atual.
Questão 3
63/183
4. O crescimento zero, proposto pelo ecodesenvolvimento, preconiza:
a) A eliminação de fontes não renováveis da matriz energética. 
b) A paralisação do crescimento econômico dos países já desenvolvidos.
c) A diminuição do consumo de energia mundial.
d) O crescimento positivo, porém, de forma lenta. 
e) A paralisação do crescimento econômico mundial.
Questão 4
64/183
5. No desenvolvimento sustentável, a ideia de fazer “mais com menos”, reci-
clando os recursos naturais esbarra na questão de que:
a) A conservação de energia é violada.
b) A tecnologia ainda não está suficientemente avançada para permiti-la.
c) A perda de eficiência energética é alta, mesmo com custo de reciclagem baixo. 
d) A perda de eficiência energética e o custo de reciclagens sucessivas são altos.
e) Há recursos que não são passíveis de reciclagem.
Questão 5
65/183
Gabarito
1. Resposta: A.
O consumo energético brasileiro, em 2014, 
foi de 1,47 tep/capita, abaixo da média 
mundial (1,89 tep/capita) e bem inferior aos 
10 países com maior IDH (2,7 tep/capita).
2. Resposta: C. 
O ecodesenvolvimento traz cinco dimen-
sões: a social, a econômica, a ecológica, a 
espacial e a cultural. Socialmente, o objetivo 
é que esse tipo de desenvolvimento acabe 
por reduzir as desigualdades sociais de cada 
região. Os itens “a”, “b”, “d” e “e” apresentam 
as características das outras dimensões.
3. Resposta: B.
Uma das características comuns a ambas as 
correntes de pensamento é a preocupação 
com a sociedade no presente para que ela 
se desenvolva, e com as gerações futuras 
para que elas também possam se desenvol-
ver. O item “a” é uma característica apenas 
do desenvolvimento sustentável, enquanto 
o item “d” é uma ideia que surgiu dentro do 
ecodesenvolvimento.
4. Resposta: E.
O chamado crescimento zero é uma tenta-
tiva de impedir o esgotamento dos recursos 
naturais e o consequente colapso da socie-
dade. Assim, ele prega que todos os paí-
ses, não apenas alguns, deveriam paralisar 
66/183
Gabarito
o crescimento econômico. Ele não sugere 
a busca por energias renováveis, nem a di-
minuição do consumo de energia, apenas o 
não crescimento desse consumo.
5. Resposta: D.
O principal problema de “fazer mais com 
menos” é que reciclar recursos sucessiva-
mente aumenta o custo, uma vez que é ne-
cessária mais energia para separar os com-
ponentes. Além disso, a qualidade do pro-
duto final é cada vez menor, assim como sua 
eficiência energética.
67/183
Unidade 4
Planejamento Energético
Objetivos
1. Compreender a importância do pla-
nejamento energético.
2. Verificar os principais atributos pre-
sentes nos planejamentos de longo 
prazo.
3. Conhecer o Plano Nacional de Energia 
2030 e as perspectivas futuras para o 
Brasil e o mundo.
Unidade 4 • Planejamento Energético68/183
Introdução
Na aula anterior, você viu que o consumo 
energético está fortemente correlaciona-
do ao desenvolvimento de um país. Isso, 
por si só, coloca o planejamento energéti-
co no cerne das políticas públicas. No Bra-
sil, a questão do planejamento energético 
se tornou importante a partir da década de 
1970, com a crise do petróleo. À época, paí-
ses como Irã, Arábia Saudita, Iraque e Kuwa-
it passaram a regular suas exportações de 
petróleo até que, em 1973, num movimento 
político contra os países que apoiavam Isra-
el na Guerra do Yom Kippur (Dia de Perdão), 
as vendas de petróleo foram embargadas e 
a produção reduzida. O preço do barril su-
biu de US$ 2,95 para US$ 11,65, e isso não 
foi o fim. Em 1979, em consequência da Re-
volução Islâmica, o Irã paralisou a produção 
de petróleo, fazendo com que o preço mé-
dio do barril chegasse à casa dos US$ 40,00. 
Muitos países, fortemente dependentes do 
petróleo, além de reduzirem a importação, 
viram-se obrigados a fazer manobras eco-
nômicas a fim de manter as contas externas 
equilibradas e, do ponto de vista energéti-
co, buscar formas alternativas de geração 
de energia. No Brasil, por exemplo, surgiu o 
Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) 
em 1975, cuja primeira etapa se caracte-
rizou pela produção de álcool anidro para 
ser acrescentado à gasolina e, posterior-
mente, de álcool hidratado para ser usado 
como combustível. O programa obteve êxi-
to enquanto o preço do barril de petróleo se 
manteve elevado.
Unidade 4 • Planejamento Energético69/183
Os choques do petróleo são um exemplo 
de como é necessário diversificar a matriz 
energética de um país ou região e, mais 
ainda, de como é importante fazer um bom 
planejamento do setor energético.
1. Planejamento Energético 
A utilização de energia abrange todos os 
setores das sociedades modernas, seja você 
lendo este texto, sejam as indústrias pro-
duzindo bens e mercadorias que circularão 
pelo território nacional ou mesmo o setor de 
serviços em atividade. Desse modo, os efei-
tos das decisões tomadas no âmbito ener-
gético são sentidos por todos e, por esse 
motivo, o setor energético é, segundo Bajay 
(1989) em parte concentrado e em parte di-
fuso. Um dos membros mais influentes des-
se sistema é o governo, sobre quem recai a 
responsabilidade das decisões, muitas de-
las de longo prazo.
O sistema energético deve, obviamente, 
atender à demanda de todos os setores da 
Para saber mais
O álcool anidro, com graduação alcoólica mínima 
de 99,6%, é praticamente etanol puro. É acrescen-
tado à gasolina por questões ambientais e para re-
dução de custo. Já o álcool hidratado tem, na sua 
composição, entre 95 e 96% de etanol. A fermen-
tação gera o álcool hidratado e, após um processo 
de desidratação, é obtido o álcool anidro. 
Unidade 4 • Planejamento Energético70/183
sociedade, o que requer alto grau de inves-
timento, seja na construção de usinas ge-
radoras, na exploração de recursos como 
o petróleo ou na busca por fontes alterna-
tivas de energia. No entanto, a geração e o 
consumo de energia também causam im-
pactos nas áreas social, ambiental, espacial 
e cultural, o que faz o investimento do se-
tor energético não ser uma questão apenas 
econômica. 
O planejamento energético é, portanto, 
uma ferramenta essencial para garantir que 
a demanda futura de um país, estado ou re-
gião seja suprida de forma eficiente, econo-
micamente viável, com impacto ambiental 
mínimo e que contemple a dimensão so-
ciocultural da população em questão. Ele é 
responsável por assegurar o fornecimento 
ininterrupto de energia ao menor custo e 
sem causar danos ao ambiente e à popula-
ção. Racionamentos, interrupção no forne-
cimento, como a Crise do apagão, ocorrida 
entre 2001-2002 no Brasil, ou elevação dos 
custos são aspectos negativos da falta ou 
da precariedade de um planejamento ener-
gético.
Para saber mais
A Crise do apagão recebeu esse nome devido às 
frequentes interrupções no fornecimento de ele-
tricidade, muitas delas de longa duração. Afetou 
principalmente as regiões Sudeste, onde houve 
racionamento,e Centro-Oeste. A falta de plane-
jamento e de investimentos na geração e distri-
buição de energia, aliada ao aumento do consu-
mo e à escassez de chuva, foram os fatores res-
ponsáveis pela crise.
Unidade 4 • Planejamento Energético71/183
Em linhas gerais, o planejamento energético 
tenta elucidar duas questões: como políti-
cas públicas, energéticas e ambientais, bem 
como o esgotamento das energias fósseis e 
o desenvolvimento tecnológico podem afe-
tar o crescimento econômico? E quais polí-
ticas são mais adequadas para se atingir um 
desenvolvimento sustentável e quais serão 
os efeitos ambientais no longo prazo caso 
ele não seja estabelecido? (VILA, 2012).
Ainda segundo Vila (2012), dentro dos mo-
delos de longo prazo, seis são os atributos 
principais presentes: a cobertura geográfi-
ca, o horizonte temporal, o nível de detalhe, 
a hipótese de previsão de preços, as técni-
cas de resolução e o tratamento de tecno-
logias. 
Na estruturação de um planejamento ener-
gético, são usados diferentes modelos na 
tentativa de abarcar a complexidade da so-
ciedade, mas, em termos gerais, podemos 
separá-los em dois tipos: os modelos agre-
gados e os de uso final. O primeiro deles 
baseia seus cálculos em projeções de cres-
cimento econômico e de consumo de cada 
setor. Com isso, determina-se a demanda 
de cada área e calcula-se a demanda total 
somando-se todas as contribuições. Já o 
segundo tipo de modelo, além de fazer uma 
separação do consumo pelo setor, também 
o faz pelo uso final. Segundo Vila (2012), os 
dois tipos de modelos se complementam e, 
quando integrados, possibilitam analisar 
e identificar os impactos sobre os diversos 
setores da economia. 
Unidade 4 • Planejamento Energético72/183
A cobertura geográfica pode ser mundial, 
regional ou nacional, de acordo com as ca-
racterísticas de cada região. O horizonte 
temporal define o período de tempo para 
o qual o modelo representa bem os setores 
em estudo. São comumente classificados 
em: curto prazo (inferior a 2 anos), médio 
prazo (entre 2 e 30 anos) e longo prazo (en-
tre 30 e 100 anos). Modelos de longo prazo, 
por exemplo, devem levar em consideração 
fatores como o crescimento demográfico, 
o surgimento de novas tecnologias e pos-
síveis esgotamentos de fontes não renová-
veis. O nível de detalhes está relacionado, 
basicamente, ao número de variáveis con-
sideradas no modelo: por um lado, quanto 
maior for esse número, mais complexa será 
a análise; por outro lado, a presença de mais 
variáveis permite a obtenção de conclusões 
mais precisas. Aqui você precisa pensar em 
qual pergunta quer responder com seu mo-
delo e quais parâmetros são relevantes para 
ele. A hipótese de previsão de preços se re-
laciona com a expectativa da evolução dos 
preços durante um intervalo de tempo. Os 
modelos geralmente se utilizam de hipó-
teses opostas: a de previsão míope e a de 
previsão perfeita. As técnicas de resolução 
se referem às linguagens de programação 
usadas para lidar com a complexidade e o 
número de variáveis dos modelos. Por fim, 
o tratamento das tecnologias energéticas 
leva em conta as diferenças que fazem com 
que algumas delas se sobressaíam e perdu-
rem, e por quanto tempo isso acontece, en-
quanto outras ficam pelo caminho. 
Unidade 4 • Planejamento Energético73/183
2. Cenários Nacional e Mundial 
Em 2007, a Empresa de Pesquisa Energéti-
ca (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e 
Energia, publicou o primeiro estudo de lon-
go prazo no âmbito do governo brasileiro, 
o Plano Nacional de Energia 2030 – PNE 
2030. Esse plano demarca a iniciativa, por 
parte do Estado, de realizar um planeja-
mento de longo prazo, questão tradicional-
mente negligenciada.
A estrutura metodológica do PNE 2030 se 
divide, basicamente, em quatro módulos: 
macroeconômico, demanda, oferta e estu-
dos finais. O módulo macroeconômico diz 
respeito à formulação de cenários econômi-
cos mundiais e nacionais de longo prazo. 
O módulo de demanda é responsável pela 
projeção do consumo final de energia, to-
Para saber mais
Na previsão míope, espera-se que os preços se 
mantenham ou então variem de maneira conhe-
cida. Já na previsão perfeita, os preços são previs-
tos pelo modelo. Enquanto na hipótese perfeita, 
todas as informações são conhecidas e processa-
das de maneira igual, na míope, não se conhecem 
as relações internas do modelo nem os valores fu-
turos de variáveis fora do modelo.
Link
Plano Nacional de Energia 2030 – PNE 2030. 
Disponível em: <http://www.epe.gov.br/
PNE/20080111_1.pdf>. Acesso em: 20 set. 2017.
http://www.epe.gov.br/PNE/20080111_1.pdf
http://www.epe.gov.br/PNE/20080111_1.pdf
Unidade 4 • Planejamento Energético74/183
mando como base aspectos demográficos, 
as especificidades de cada setor e a con-
servação de energia. Os estudos das fon-
tes energéticas e sua relação com aspectos 
tecnológicos, ambientais e a competitiv-
idade econômica foram objeto de estudo 
do módulo de oferta. Por fim, os estudos fi-
nais integraram os módulos de demanda e 
oferta, levando em consideração aspectos 
estratégicos, políticos e afins que possam 
influenciar na garantia de segurança no 
fornecimento de energia.
Na projeção dos cenários econômicos, os 
principais dados de entrada utilizados no 
PNE 2030 foram a taxa de crescimento do 
PIB, o crescimento demográfico e do comér-
cio mundial, as políticas fiscal e monetária, 
os investimentos externos e a evolução da 
produtividade. Três cenários possíveis para 
a economia mundial foram representados 
de acordo com o padrão de globalização, 
a estrutura de poder político-econômico e a 
solução de conflitos. 
Os cenários nacionais, num total de qua-
tro, foram formulados levando-se em conta 
os pontos positivos do país, como o grande 
mercado interno e seu potencial de cresci-
mento, a abundância de recursos naturais e 
biodiversidade e a diversidade cultural e ét-
nica. Entre os pontos negativos, que se con-
figuram como obstáculos a serem supera-
dos, os principais são a necessidade de ex-
pansão da infraestrutura, as desigualdades 
regionais e grande concentração de renda, 
o atraso tecnológico e a baixa qualificação 
da mão de obra.
Unidade 4 • Planejamento Energético75/183
Para se determinar a demanda de energia, 
quando tratamos do consumo final pela 
população, alguns fatores importantes 
são o crescimento demográfico, a dis-
tribuição espacial e a taxa de urbanização 
dela. Para as projeções da indústria, agro-
pecuária e serviços, definidas as taxas anu-
ais de crescimento do PIB em cada um dos 
cenários nacionais, é possível determinar o 
valor adicionado de cada setor e, assim, a 
participação deles. Com o valor adicionado, 
estima-se o consumo energético, baseado 
na demanda de energia útil por setor e por 
fonte energética. Definida a energia útil, 
determina-se a energia final de acordo com 
o rendimento de cada processo.
Nas projeções de consumo final do PNE 
2030, foram considerados como fatores 
importantes, de modo geral: os indicadores 
físicos de produção, a participação de cada 
fonte de energia por área específica, o ren-
dimento na conversão da energia final em 
energia útil e a participação das tecnologias 
na produção. Essas quatro variáveis per-
mitem avaliar a participação de cada fonte 
no uso final de energia, bem como o impac-
to da substituição de fontes ou da imple-
mentação de novas tecnologias.
A respeito das perspectivas futuras no 
cenário nacional, as fontes renováveis con-
tinuam a desempenhar papel importante 
tanto na matriz energética quanto na ma-
triz elétrica. Na matriz energética, desta-
cam-se os seguintes pontos: redução sig-
nificativa da participação do petróleo e seus 
derivados, da lenha e do carvão vegetal. Em 
Unidade 4 • Planejamento Energético76/183
contrapartida, projeta-se uma elevação da 
participação do gás natural, da energia nu-
clear e de outras fontes renováveis. Com 
respeito à matriz elétrica, estima-se uma 
ligeira queda na produção via energia hi-
dráulica, muito em função daexpansão dos 
programas térmicos, a redução da partici-
pação do petróleo e seus derivados e um 
aumento considerável da participação do 
gás natural, do carvão mineral e da energia 
nuclear.
No cenário mundial estima-se, até 2030, 
uma elevação no valor absoluto do uso de 
combustíveis fósseis devido ao crescimen-
to da oferta de energia mundial. No entan-
to, percentualmente, projeta-se uma leve 
queda na participação desse tipo de fon-
te. Espera-se também um ligeiro aumento 
da participação das energias renováveis na 
matriz energética mundial. Quanto à ma-
triz elétrica mundial, as projeções indicam 
que a participação dos combustíveis fósseis 
permanece alta, porém, constante, repre-
sentando o aumento no valor absoluto do 
consumo. E assim como na matriz energéti-
ca, a participação das fontes renováveis 
deve aumentar ligeiramente. 
Em resumo, nos cenários brasileiro e mun-
dial até 2030, a matriz energética perman-
ecerá com grande participação dos com-
bustíveis fósseis, em especial pelo alto con-
sumo que o setor de transportes faz dessa 
fonte. No entanto, as perspectivas indicam 
que, mesmo aumentando em valor abso-
luto, a tendência é de uma leve diminuição 
na presença desse tipo de fonte nas matriz-
Unidade 4 • Planejamento Energético77/183
es energéticas. Países como França, Ale-
manha, Noruega e Suécia já pensam em re-
stringir ou mesmo vetar a comercialização 
de carros movidos a combustíveis fósseis, 
numa tentativa de frear os impactos am-
bientais causados por eles, como o aquec-
imento global. 
Link
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solina ou diesel até 2040. Disponível em: <http://
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http://g1.globo.com/carros/noticia/franca-quer-acabar-com-venda-de-veiculos-a-gasolina-ou-diesel-ate-2040.ghtml
http://g1.globo.com/carros/noticia/franca-quer-acabar-com-venda-de-veiculos-a-gasolina-ou-diesel-ate-2040.ghtml
http://g1.globo.com/carros/noticia/franca-quer-acabar-com-venda-de-veiculos-a-gasolina-ou-diesel-ate-2040.ghtml
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/energia-e-sustentabilidade/suecia-propoe-que-uniaoeuropeia-proiba-carros-a-gasolina-a-partir-de-2030-6koxw1fwcmuffk6sfs3rtwsk2
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/energia-e-sustentabilidade/suecia-propoe-que-uniaoeuropeia-proiba-carros-a-gasolina-a-partir-de-2030-6koxw1fwcmuffk6sfs3rtwsk2
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Unidade 4 • Planejamento Energético78/183
Glossário
Padrão de globalização: indicativo de quão integradas são as economias nacionais e/ou regio-
nais.
Taxa de urbanização: percentual da população urbana comparada com a população total de 
uma região.
Valor adicionado: valor adquirido por um bem ou serviço ao sofrer transformações ao longo da 
cadeia produtiva. Permite, entre outras coisas, a tomada de decisão baseada em projeções futu-
ras e a determinação das causas da criação ou destruição de valor agregado.
Questão
reflexão
?
para
79/183
Escolha um tipo de fonte de energia (hidráulica, eólica, 
térmica etc.) e esboce um planejamento energético in-
dicando a cobertura geográfica, o horizonte temporal e 
o nível de detalhes.
80/183
Considerações Finais
• O planejamento energético é essencial para suprir a demanda futura ao 
menor custo e com baixo impacto ambiental.
• São atributos de um planejamento: a cobertura geográfica, o horizonte 
temporal, o nível de detalhes, a hipótese de preços, as técnicas de resolução 
e o tratamento de tecnologias.
• Os modelos podem ser classificados, basicamente, em agregados ou de uso 
final.
• No âmbito brasileiro, o PNE 2030 faz o planejamento energético do país até 
2030.
Unidade 4 • Planejamento Energético81/183
Referências
ANDRADE, E. T.; CARVALHO, S. R. G.; SOUZA, L. F. Programa do Pró-álcool e o etanol no Brasil. 
Engevista, v. 11, n. 2, p. 127-136, dez. 2009. 
BAJAY, S. V. Planejamento energético: necessidade, objetivo e metodologia. Revista Brasileira de 
Energia, v. 1, n. 1, p 45-53, 1989.
BRASIL. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE. Aspectos fundamentais de planejamento 
energético. Rio de Janeiro: EPE, 2005. 
BRASIL. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE. Plano Nacional de Energia 2030. Rio de 
Janeiro: EPE, 2007.
VENTURA FILHO, A. O Brasil no contexto energético mundial. Núcleo de Análise Interdisciplinar 
de Políticas e Estratégias da Universidade de São Paulo, NAIPPE/USP, v. 6, 2009.
NETO, A. P. Metodologia para planejamento energético estadual de longo prazo. Dissertação 
(mestrado). Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Exatas, Programa de Pós-gradu-
ação em Engenharia Elétrica, Curitiba 2013.
VILA, C. U. Planejamento energético e as políticas públicas: aspectos conceituais e metodológi-
cos. In: PEREIRA, T. C. G. (org.). Energias renováveis – políticas públicas e planejamento energéti-
co. Curitiba: Copel, 2014. p. 24–44
82/183
1. Assinale a alternativa correta. Uma das consequências da crise do petró-
leo foi:
a) A queda no preço médio do barril de petróleo. 
b) A queda no preço dos derivados de petróleo, como a gasolina.
c) A estabilidade econômica das nações do Ocidente.
d) O aumento das importações de petróleo devido à grande oferta.
e) A busca por formas alternativas de geração de energia.
Questão 1
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2. Assinale a alternativa correta. O horizonte temporal de um planejamen-
to energético define:
a) O tempo que se tem para construir um determinado tipo de usina geradora.
b) O número de variáveis incluídas no modelo.
c) O tempo no qual os setores da economia são bem representados pelo modelo. 
d) A expectativa da evolução dos preços durante um intervalo de tempo. 
e) As linguagens de programação utilizadas nos modelos.
Questão 2
84/183
3. Assinale a alternativa que define corretamente o Plano Nacional de Ener-
gia 2030.
a) O primeiro estudo energético de longo prazo do governo brasileiro.
b) O plano para levar eletricidade a todos os brasileiros até 2030.
c) O plano para eliminar os combustíveis fósseis da matriz energética brasileira até 2030.
d) Um estudo sobre o setor energético que deverá ser finalizado em 2030.
e) O primeiro estudo energético brasileiro, realizado na década de 1970, quando da crise do 
petróleo.
Questão 3
85/183
4. Assinale a alternativa correta. Na projeção dos cenários econômicos do 
PNE 2030, é tido(a) como positivo(a) para o caso brasileiro:
a) A necessidade de expansão da infraestrutura.
b) A abundância de recursos energéticos e o potencial de crescimento do mercado interno.
c) A grande concentração de renda.
d) O atraso tecnológico.
e) A baixa qualificação da mão de obra que pode, portanto, ser melhorada.
Questão 4
86/183
5. As perspectivas futuras para o setor energético brasileiro indicam:
a) Aumento na participação do petróleo e seus derivados.
b) Aumento na participação da lenha e do carvão vegetal.
c) Redução da participação do gás natural.
d) Redução da participação do petróleo e seus derivados.
e) Domínio das usinas térmicas sobre as usinas hidrelétricas.
Questão 5
87/183
Gabarito

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