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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA GABRIEL MANGES COELHO SOCIEDADES ANÔNIMAS CASO PETROBRÁS A governança corporativa funciona da mesma forma: várias regrinhas dão sentido à rotina do negócio, dando mais agilidade, transparência e autonomia às atividades da empresa, independente de que tamanho ela seja. Quando é a reunião? Quem participa dessa votação? De quem é a palavra final? Quem aprova esse orçamento? Crescer com governança corporativa, entre outras coisas, significa aprimorar os processos de administração da empresa. Isso se aplica a tomadas de decisão estratégicas, como iniciar um novo projeto, até contextos de impasse entre sócios ou diretoria. Já imaginou a dificuldade de bater o martelo quando dois sócios majoritários discordam? Em outras palavras, a governança põe ordem na casa. E ela é indispensável desde o início: você vai ter muito menos trabalho que se for esperar chegar um investidor, para só então jogar a bagunça para debaixo do tapete. Uma empresa com governança corporativa tem bem mais credibilidade perante investidores. Alguns dispositivos possíveis para começar essa organização são a criação de diretorias temáticas (finanças, comercial, fiscal etc.), a instauração de um Conselho Administrativo ou um Conselho Consultivo, entregas de relatórios periódicos, ferramentas de gestão, auditorias independentes, entre outros. As práticas de governança corporativa que não podem faltar na sua empresa Para implementar uma cultura de governança corporativa em sua empresa, é necessário, primeiramente, saber quais valores são essenciais manter nesse contexto. Normalmente, a cultura corporativa de uma empresa procura se fundar sobre valores como responsabilidade, transparência e eficiência, para então estabelecer estruturas específicas de implementação desses valores. 1. Estabeleça uma hierarquia clara https://exame.com.br/topicos/governanca https://www.endeavor.org.br/armadilhas-na-tomada-de-decisao-fique-atento/ https://exame.com.br/topicos/gestao Funcionários e equipes devem saber claramente a quem respondem. Se um funcionário exerce mais de um tipo de função em times distintos, ao receber demandas de vários lados, a capacidade de entrega desse funcionário pode ficar comprometida. Deve estar claro quem é sua liderança direta, a quem ele deve se reportar, para que possa alinhar suas atividades e definir prioridades. Além disso, uma pessoa, na figura de um presidente, por exemplo, deve receber a responsabilidade da decisão final, em uma situação de impasse. No caso de uma diretoria com igualdade de papéis, esse cargo de “presidente” pode ser rotativo. 2. Realize reuniões de acompanhamento de projetos e mantenha seu registro Outra medida imprescindível para estimular a governança corporativa em sua empresa é a realização de reuniões periódicas entre equipes, entre sócios e entre o Conselho Administrativo, quando você vir a formar um. Em todas essas reuniões periódicas, devem ser acompanhados projetos, passadas novas diretrizes da empresa e feito planos de ação referentes a metas e indicadores. Essa é uma forma de manter um controle administrativo mais eficiente da empresa e acompanhar seu progresso. Além dessas medidas, é imprescindível que uma empresa mantenha o registro dessas reuniões organizados e arquivados em atas. Quando entra um investidor na sua empresa, ele vai querer avaliá-la desde o início. Por isso, esses documentos, junto com balanços financeiros, projeções e outros registros, são fundamentais para prestar contas à sócios (atuais ou futuros) e servem para fundamentar decisões em Conselhos. Vale ainda disponibilizá-los sempre que necessário e com um acordo de confidencialidade, para manter a transparência da empresa e para possibilitar ações futuras de venda de ações, obtenção de crédito etc. 3. Forme um Conselho Consultivo O Conselho Consultivo facilita o compartilhamento de experiências e de sugestões para a gestão da sua empresa, reunindo profissionais com maior bagagem e perfis distintos, que já passaram por desafios semelhantes aos seus. Conversando periodicamente com a direção da empresa, que deve jogar suas maiores dificuldades de crescimento na mesa, o Conselho Consultivo pode orientá-los nas tomadas de decisão. Ele é geralmente composto por 3 a 5 pessoas de sua confiança, altamente capazes e dispostas a ajudá-los pelo menos algumas vezes ao ano https://endeavor.org.br/lideranca (essa frequência é definida pela governança), com os temas mais diversos, voltados ao aumento de eficiência, inovação e relevância no mercado. Ele é bem diferente de um Conselho Administrativo, que também é importante, mas não confunda os dois! O Administrativo geralmente entra mais para frente, enquanto o Conselho Consultivo pode te ajudar desde o comecinho. Mais transparência e facilidade em transações administrativas Empresas que contam com práticas de governança são mais bem vistas no mercado, seja porque demonstram maior transparência, seja porque contam com mecanismos internos de resolução de conflitos. Muitas vezes, uma empresa deixa de crescer e de tomar boas decisões devido à resistência de seus sócios em flexibilizarem seus negócios, em acompanhar as tendências do mercado e em manter um controle mais efetivo do quadro de equipes e funcionários sob sua responsabilidade. Isso prejudica as chances de sobrevivência da empresa, além de diminuir sua eficiência administrativa. O conceito de governança corporativa está relacionado ao cotidiano de empresas mais estruturadas e estabelecidas no mercado. A IMPORTANCIA DA PRÁTICA DE BOA GOVERNANÇA: ESCANDALO DA PETROBRÁS. A Petrobras estava em 2011 no quinto lugar na classificação das maiores petrolíferas de capital aberto do mundo. Em valor de mercado, era a segunda maior empresa do continente americano e a quarta maior do mundo, no ano de 2010. Em setembro de 2010, passou a ser a segunda maior empresa de energia do mundo, sempre em termos de valor de mercado, segundo dados da Bloomberg e da Agência Brasil. Em outubro de 2010 a empresa ficou conhecida internacionalmente por efetuar a maior capitalização em capital aberto da história: 72,8 bilhões de dólares (127,4 bilhões de reais), praticamente o dobro do recorde até então, que era da Nippon Telegraph and. Telefone (NTT), com 36,8 bilhões de dólares capitalizados em 1987. Em 2014 a Petrobras teve um prejuízo de 21,587 bilhões de reais, é o maior prejuízo desde o ano de 1986 e o primeiro prejuízo da empresa desde 1991, a perda de dinheiro por causa corrupção em 2014 foi de 6,194 bilhões de reais. 28 4.2. Práticas de Governança na Petrobras Mesmo ainda sem a criação dos conceitos de governança corporativa nos anos 90, a companhia possuía algumas práticas nessa direção. A Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, também conhecida como nova lei do petróleo, revogou a lei nº 2004 de 1953 e foi sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. A lei nº 9.478 reafirma o monopólio estatal do petróleo da União nas atividades relacionadas à exploração, produção, refino e transporte do petróleo no Brasil, mas também passa a permitir que, além da Petrobrás, outras empresas constituídas sob as leis brasileiras e com sede no Brasil passem a atuar em todos os elos da cadeia do petróleo, em regime de concessão ou mediante autorização da concedente - a União. Até o advento desta lei, outras empresas só podiam atuar no downstream isto é, apenas na venda dos derivados do petróleo. Conjuntamente a esse fato, a companhia sofre uma mudança do seu estatuto social em 1997 e 1999. Situação pré-mudança estatutária: • A união federal possuía 84,04% do capital votante; • Acionistas minoritários possuíam limitação no percentual para aquisição de ações ordinárias: o Pessoa física- 0,1% o Pessoa jurídica de direito privado • Somente brasileiros natos ou naturalizadospoderiam adquirir ações ordinárias; • Os membros do conselho de administração e da diretoria executiva eram nomeados pelo presidente da república com mandatos de 3 anos; • O conselho de administração e a diretoria executiva eram compostas pelas mesmas pessoas; • O presidente da companhia detinha o poder pelo veto das decisões do conselho de administração e da diretoria executiva; Situação pós-mudanças estatutárias em 1997 e 1999: • A diretoria executiva passa a ser eleita pelo conselho de administração e esse pela assembléia geral de acionistas; • Pessoas físicas ou jurídicas brasileiras ou estrangeiras, residentes ou não no país, podem deter ações ordinárias da companhia; 29 • Eliminação de todas as restrições para a detenção de ações ordinárias da companhia; • Alienação por parte do governo federal de 34% das ações ordinárias; • Estabelecimento do direito dos acionistas minoritários para a eleição de um membro do conselho de administração da companhia; • Os diretores executivos deixam de pertencer ao conselho de administração e número de membros desse conselho passa a ser de 9 ao invés de 12. REFERENCIAS: https://epoca.oglobo.globo.com/tempo/noticia/2014/09/tudo-para- entender-bo-caso-petrobrasb.html http://genjuridico.com.br/2016/08/22/governanca-corporativa-corporate- governance/ https://epoca.oglobo.globo.com/tempo/noticia/2014/09/tudo-para-entender-bo-caso-petrobrasb.html https://epoca.oglobo.globo.com/tempo/noticia/2014/09/tudo-para-entender-bo-caso-petrobrasb.html http://genjuridico.com.br/2016/08/22/governanca-corporativa-corporate-governance/ http://genjuridico.com.br/2016/08/22/governanca-corporativa-corporate-governance/