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Linha do Tempo – COP - Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima A Conferência das Partes (COP – Conference of the Parties) é o órgão supremo da Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, adotada em 1992. A Convenção do Clima e outras como a da Diversidade Biológica foram elaboradas durante a Conferência das Nações sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro (Rio-92). É uma associação de todos os países membros (ou “Partes”) signatários da Convenção, que, após sua ratificação em 1994, passaram a se reunir anualmente a partir de 1995, por um período de duas semanas, para avaliar a situação das mudanças climáticas no planeta e propor mecanismos a fim de garantir a efetividade da Convenção. COP 1 – Berlim, Alemanha (1995) A primeira COP aconteceu entre 28 de março e 7 de abril de 1995, em Berlim, Alemanha e ali iniciou-se o processo de negociação de metas e prazos específicos para a redução de missões de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos. Os países em desenvolvimento não foram incluídos na conferência. Com representantes de 117 países, foi acordado que os objetivos iniciais da UNFCCC já não eram suficientes. Assim, foi estabelecido o Mandato de Berlim que trouxe diferentes obrigações para os grupos de países. Os países que não fazem parte do Anexo I ficaram isentos de obrigações extras. COP 2 – Genebra, Suíça (1996) A segunda conferência realizou-se em Genebra, Suíça, de 9 a 19 de/julho de 1996 e nela, os países participantes decidiram pela criação de obrigações legais de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Com mais de 1500 participantes entre Estados-parte, organizações intergovernamentais e ONGs internacionais, a Declaração de Genebra reiterou a importância de acordos vinculativos que reforcem as responsabilidades dos Estados-parte na diminuição de concentração de GEE. Contudo, nenhum acordo do gênero foi criado. Também foi a primeira vez que os Estados Unidos apoiaram a criação de mecanismos vinculativos para fortalecer o Mandato de Berlim. COP 3 – Kyoto, Japão (1997) A COP-3 realizou-se na cidade de Kyoto, no Japão, de 1º a 10 de dezembro de 1997. Daí surgiu o Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução para gases de efeito estufa para os países desenvolvidos apenas. Em linhas gerais, as metas de redução de emissões ficaram em 5,2 sobre as emissões de 1990. Japão, Estados Unidos e União Europeia assumiram reduções maiores: respectivamente 6%, 7% e 8%. Entretanto, os Estados Unidos não ratificaram o acordo, cuja entrada em vigor estava condicionada à ratificação de 55 países que somassem 55% das emissões globais, o que só aconteceu só em 16 de fevereiro de 2005. Não só isso: abandonou o acordo em 2001. O principal objetivo da COP 3 era estabelecer um acordo vinculativo entre os países industrializados para a redução da emissão de GEE. O principal resultado da Conferência foi o Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em 2005 e foi ratificado por 192 países. No momento, também foram estabelecidos três mecanismos para atingir o resultado esperado: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Clean Development Mechanism): que definiu que países do Anexo I podem implementar projetos para reduzir as emissões de GEE em países em desenvolvimento. Esses projetos depois são considerados reduções certificadas de emissões (CER) que podem ser negociadas entre os países do Anexo I. Comércio de emissões (emissions trading): que permitiu aos países do Anexo I que não tiverem atingido as suas cotas máximas de produção de GEE dentro dos limites estabelecidos pelo Protocolo concederem licenças a países também do Anexo I que estão acima dos seus objetivos. Mecanismo de Implementação Conjunta (Joint Implementation): que estabeleceu que países do Anexo I podem agir em conjunto para atingirem os objetivos do Protocolo. COP 4 – Buenos Aires, Argentina (1998) A reunião, que se realizou na capital argentina entre 2 e 13 de novembro de 1998, girou em torno da implementação e ratificação do Protocolo de Kyoto. Foi elaborado um programa de metas voltado para alguns itens do como a análise de impactos das mudanças climáticas e alternativas de compensação, que deveriam ser colocadas em prática com a adoção de mecanismos de financiamento e transferência de tecnologia. Com mais de 5000 participantes, a COP 4 adotou o Plano de Ação de Buenos Aires, por meio dele os Estados-parte se prepararam para a implementação do Protocolo de Kyoto. Na ocasião, foram discutidos também mecanismos do Protocolo e questões de financiamento, desenvolvimento e transferência de tecnologia, entre outros. COP 5 – Bonn, Alemanha (1999) Entre 25 de outubro a 5 de novembro de 1999, a conferência realizada na cidade alemã de Bonn destacou a execução das metas estabelecidas na COP anterior e debates sobre o uso da terra, da mudança no uso da terra e das florestas (em inglês, Land Use, Land Use-Change and Forestry – LULUCF) o impacto das atividades humanas e o papel desempenhado pelas florestas e o uso da terra na redução das emissões de gases de estufa. Na COP5, além de discutirem o Plano de Ação de Buenos Aires e o Protocolo de Kyoto, os Estados-parte também discutiram sobre as alterações do uso humano nas terras e nas florestas (LULUCF 14). COP 6 – Haia, Holanda (2000) A COP-6 precisou ser dividida em duas partes: a Parte I aconteceu entre 13 e 24 de novembro de 2000, em Haia, Países Baixos e como as negociações foram suspensas, um ano depois ela foi retomada em Bonn, em julho de 2001. Os mecanismos de flexibilização, como o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) foram os temas centrais da conferência. Criados pelo Protocolo de Kyoto para que os países desenvolvidos pudessem cumprir parte de suas obrigações de emissão de gases de estufa em pelo menos 5% entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990, tais mecanismos permitiriam aos países ter certa flexibilidade no estabelecimento de medidas para a redução das emissões e no cálculo dessas reduções e foram assim denominados: (1) Execução Conjunta (em inglês: Joint Implementation - JI), que permitem a execução de projetos de redução de emissões apenas entre países industrializados; (2) Comércio de Emissões ( em inglês: Emissions Trade - ET), permitirá a comercialização de créditos de emissão entre países industrializados; (3) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL (em inglês: Clean Development Mechanism, ou CDM) originado de uma proposta brasileira, único que permitirá transferência de recursos e tecnologia de países industrializados para países em desenvolvimento. Entretanto, não houve acordo sobre a definição da inclusão de projetos relacionados ao uso do solo, alterações de uso do solo e florestas (LULUCF), relativos à absorção de carbono pelo processo de fotossíntese (sumidouros) ou a emissões evitadas pela conservação de florestas nativas, e as negociações foram suspensas. Com a primeira parte em Haia, Holanda, e a segunda parte em Bonn, Alemanha, os Estados- parte concordaram na aplicação dos três mecanismos do Protocolo de Kyoto, com exceção dos Estados Unidos, que se manteve como Estado observador. COP-6, parte II, Bonn De 16 a 27 de julho de 2001, realizou-se em Bonn, Alemanha, a segunda parte da COP-6, depois que os Estados Unidos abandonaram o Protocolo de Kyoto. Retomadas as negociações, foram incluídos os sumidouros para cumprimento de metas de emissão, foram debatidos os limites de emissão para países em desenvolvimento e a assistência financeira dos países desenvolvidos. COP 7 – Marrakech, Marrocos (2001) Entre 29 de outubro e 9 de novembro de 2001, realizou-se em Marraqueche, Marrocos, a COP- 7. Daí saíram os Acordos de Marraqueche que trouxeram a definição dos mecanismos de flexibilização, a decisãode limitar o uso de créditos de carbono gerados de projetos florestais do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o estabelecimento de fundos de ajuda a países em desenvolvimento voltados a iniciativas de adaptação às mudanças climáticas. O Acordo de Marrakech estabeleceu as regras operacionais do LULUCF, os mecanismos do Protocolo de Kyoto e como ocorreriam os financiamentos para a implementação dos projetos. Assim, foi criado o Fundo Especial para a Mudança do Clima (SCCF), de modo a financiar projetos relacionados à transferência de tecnologia, energia, transporte, indústria, agricultura e gestão de resíduos, entre outros. COP 8 – Deli, Índia (2002) A Cop-8 foi realizada em Nova Déli, Índia, entre 23 de outubro e 1º de novembro de 2002. No mesmo ano realizava-se em Durban, África do Sul, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), iniciava a discussão sobre uso de fontes renováveis na matriz energética dos países que faziam parte da Convenção Quadro do Clima. O encontro também marcou a adesão da iniciativa privada e de organizações não governamentais ao Protocolo de Kyoto e apresentou projetos para a criação de mercados de créditos de carbono. No momento, o setor privado e as ONGs desenvolveram várias estratégias para a implementação do Protocolo de Kyoto. Além disso, foram apresentados diversos projetos para o CDM, focando no compartilhamento de tecnologias entre países industrializados e países em desenvolvimento. COP 9 – Milão, Itália (2003) A COP-9 ocorreu de 1º a 12 de dezembro de 2003, em Milão, Itália. O tema central dos debates foi a regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, estabelecendo regras para a condução de projetos de reflorestamento, que se tornaram condição para a obtenção de créditos de carbono. Em Milão, foram definidos como os projetos de reflorestamento deveriam ser conduzidos. Além disso, na ocasião, o Fundo Especial para a Mudança do Clima (SCCF) e o Fundo para Países Menos Desenvolvidos (LDCF) foram fortalecidos. COP 10 – Buenos Aires, Argentina (2004) De 6 a 17 de dezembro de 2004, a capital argentina, Buenos Aires, foi a sede da COP-10. Nessa conferência foram aprovadas regras de implementação do Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor no início do ano seguinte, após a ratificação pela Rússia. Vale destacar que outros temas foram a definição dos Projetos Florestais de Pequena Escala (PFPE) e a divulgação de inventários de emissão de gases do efeito estufa por alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Em 2004, a pauta e discussão foi sobre o segundo período do Protocolo de Kyoto – de 2013 em diante. COP 11 – Montreal, Canadá (2005) A COP-11 aconteceu em Montreal, Canadá, de 28 de novembro a 9 de dezembro de 2005, juntamente com a Primeira Conferência das Partes do Protocolo de Kyoto (depois da entrada em vigor do protocolo). A pauta esteve centrada do segundo período do protocolo, pós 2012. Os debates ficaram por conta de instituições europeias, que defenderam a redução de emissões até 2030 em torno de 20% a 30%. E de 60% a 80% até 2050. A questão das emissões provenientes do desmatamento tropical e a das mudanças no uso da terra foram aceitas oficialmente nas discussões no âmbito da Convenção. Foi a primeira COP após o Protocolo de Kyoto ter entrado em vigor. Na ocasião, os Estados-parte discutiram sobre quais seriam os próximos passos após o fim do primeiro período do Protocolo e, pela primeira vez, foi colocado em pauta o impacto do desmatamento nas emissões de GEE. Também aconteceu a primeira reunião das Partes do Protocolo de Kyoto, onde os Estados que ainda não haviam ratificado o acordo puderam assistir às discussões como observadores. COP 12 – Nairóbi, Quênia (2006) A COP-12 ocorreu na África entre 6 e 17 de novembro de 2006. A cidade de Nairóbi, no Quênia, foi a sede da conferência, que teve como principal compromisso a revisão de itens do Protocolo de Kyoto. Por ele, as 189 nações participantes se comprometeram a realizar processos internos de revisão. Também, foram estabelecidas regras para o financiamento de projetos de adaptação às mudanças climáticas em países pobres. O governo brasileiro propôs a criação de um mecanismo que promova efetivamente a redução de emissões de gases de efeito estufa originadas a partir de desmatamentos em países em desenvolvimento, o chamado Redd. Por meio da COP 12, foi criada o projeto de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação, uma proposta do governo brasileiro para promover a redução de emissões em países em desenvolvimento. COP 13 – Bali, Indonésia (2007) Contrariando as expectativas mais pessimistas, a COP-13, realizada em Bali, na Indonésia, entre de 3 e 15 de dezembro de 2007, terminou com um road map (mapa do caminho) até 2009, com metas de emissão e, principalmente, a inclusão de florestas no texto da decisão final. Foram estabelecidos compromissos verificáveis para a redução de emissões causadas por desmatamento das florestas tropicais para o acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto. Pela primeira vez a questão de florestas foi incluída no texto final. Os países em desenvolvimento teriam até 2009 para definir as metas de redução de emissões oriundas do desmatamento depois de 2012, quando o Protocolo de Kyoto se encerra. Também foi aprovada a implementação efetiva do Fundo de Adaptação, para que países mais vulneráveis à mudança do clima possam enfrentar seus impactos. Entretanto, o adiamento para 2050 de metas compulsórias claras para redução de emissões, deixando de lado a proposta de metas entre 25% e 40% para 2020. Nessa COP, deu-se início às negociações para o segundo período do Protocolo de Kyoto. A Austrália ratificou o Protocolo e o Plano de Ação de Bali foi aceito pelos Estados Unidos. COP 14 – Poznan, Polônia (2008) Em Poznan, na Polônia, a COP-14, entre 1º e 12 de dezembro de 2008, discutiu um possível acordo climático global, uma vez que na COP-13 foi estabelecido que um novo acordo deveria substituir Kyoto. A conferência deu continuidade às negociações iniciadas com o Mapa do Caminho, em 2007 e foi uma preparação para COP-15. O destaque foi a participação do vice- presidente americano Al Gore – os EUA ficaram de fora do Protocolo de Kyoto ao não ratificá-lo em 2005 - e a mudança de posição dos países em desenvolvimento. Na COP 14, os países focaram as negociações no auxílio aos países menos desenvolvidos. Ainda, os países emergentes como Brasil, China, Índia e México demonstraram-se abertos para assumirem responsabilidades de redução nas emissões de GEE, embora não tenham se comprometido com metas específicas. COP 15 – Copenhagen, Dinamarca (2009) A COP-15 foi realizada em Copenhague, Dinamarca, entre 7 e 19 de dezembro de 2009, consolidou o tema climático nas agendas pública, corporativa e da sociedade civil. Mas não conseguiu fechar um acordo global entre os países para diminuir as emissões após 2012. Entretanto, embora a COP tivesse gerado muitas expectativas pois seu objetivo era fechar um acordo que substituísse o Protocolo de Kyoto (que expiraria em 2012) isso não aconteceu. O Acordo de Copenhague reconheceu que promover reduções de emissões resultantes de desmatamento e degradação florestal (Redd) era fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Mas questões como o impasse que se estabeleceu entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre metas de redução de emissões, por exemplo, ficaram no meio do caminho sem nada de concreto. Durante a COP-15 ficou acordada uma meta de limitar ao máximo de 2ºC, o aumento da temperatura média global, em relação aos níveis pré-industriais. Na COP 15, os países industrializados se comprometeram a providenciar um auxílio de USD$ 10 bilhões ao ano, de 2010 a 2020, e com USD$ 100 bilhões ao ano a partir de2020, para os países mais vulneráveis mitigarem os efeitos das alterações climáticas. O Brasil também se comprometeu a reduzir de 36,1% a 38,9% a emissão de gases de efeito estufa até 2020. Também foi estabelecida a meta de elevação de até 2°C na temperatura média do planeta de modo que as consequências do aquecimento global não sejam tão intensas. COP 16 – Cancún, México (2010) De 29 de novembro a 11 de dezembro de 2010 aconteceu a COP-16, em Cancún, México, na qual uma série de acordos foram fechados. Entre eles, a criação do Fundo Verde do Clima, para administrar o dinheiro que os países desenvolvidos se comprometeram a dar para deter as mudanças climática. Estavam previstos para o período 2010-2012, US$ 30 bilhões. A partir de 2020, mais US$ 100 bilhões anuais. Para o período 2010-2012 e mais US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020. Foi reiterada a meta fixada na COP-15 de limitar a um máximo de 2°C a elevação da temperatura média em relação aos níveis pré-industriais. Mas a decisão sobre o futuro do Protocolo de Kyoto ficou para Durbán, África do Sul, no ano seguinte. Kyoto termina em 2012 e obriga 37 países ricos a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa. Nessa COP, o Brasil lançou sua Comunicação Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa e anunciou a regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, em decreto assinado pelo presidente Lula em 9 de dezembro. Assim, o Brasil assume o compromisso - independentemente de acordo entre todos os países e de fixação de metas - de reduzir no máximo 2,1 bilhões de dióxido de carbono até 2020. Com o primeiro termo do Protocolo de Kyoto chegando ao fim, houve a discussão entre os Estados-parte de se manter os objetivos do Protocolo ou estabelecer um novo acordo. No momento, México, Brasil e Reino Unido desempenharam um papel fundamental na negociação do segundo termo do Protocolo de Kyoto. COP 17 – Durban, África do Sul (2011) Realizada de 28 de novembro a 11 de dezembro de 2011, a COP-17 aconteceu países em Durban, na África do Sul. Os mais de 190 países que compõem a Convenção-Quadro das Partes da ONU se comprometeram a empreender ações para conter o aumento da temperatura no mundo, limitada em 2ºC, e reconheceram a necessidade de minimizar os problemas decorrentes das mudanças climáticas. A Plataforma de Durban, documento que resultou da conferência, estabeleceu que os países devem definir metas até 2015 nesse sentido para serem colocadas em prática a partir de 2020. Assim, um novo acordo substituiria Kyoto num prazo de oito anos. E seguindo o mapa do caminho, estabelecido em 2007, um acordo finalmente seria adotado em 2015, reunindo grande emissores de gases de efeito estufa como Estados Unidos e China. Entretanto, embora a expectativa fosse prorrogar o protocolo de Kyoto, que expira em 2012, isso não aconteceu. As discussões em torno de transferência de tecnologia e financiamento para que os países mais pobres consigam fazer frente às mudanças climáticas globais ainda continuam. Os Estados-parte começaram as discussões para um novo acordo vinculativo proposto pela União Europeia, que tinha como principal objetivo a redução de emissões de GEE e não seria só aplicável aos países industrializados, mas também ao Brasil, China e África do Sul. Rússia, Japão e Canadá anunciaram que não se comprometeriam com metas específicas. COP 18 – Doha, Qatar (2012) Doha, no Catar, foi a sede da COP-18, realizada entre 26 de novembro e 7 de dezembro de 2012. Com a participação de representantes de 190 países as negociações se encerraram com um acordo fechado às pressas de combate ao aquecimento global até 2020. Para evitar o fracasso da conferência, o Catar apresentou um texto de compromisso. Entre os pontos acordados está estender o prazo do Protocolo de Kyoto, como o único a implicar obrigações legais para enfrentar o aquecimento global, embora valha apenas para os países desenvolvidos que emitam gases de estufa, em nível mundial, abaixo de 15%. Mas questões como a segunda fase do Protocolo de Kyoto e o auxílio financeiro aos países pobres para adaptação e mitigação em função do aquecimento global ficaram de fora e são motivo de impasse entre países do Hemisfério Norte e Sul. Em 2012, ficou decidido que de fato o Protocolo de Kyoto se manteria até dezembro de 2020. Ainda, foi mantida a promessa de auxílio financeiro de USD $10 bilhões por ano até 2020, definidas na COP 15. COP 19 – Warsaw, Polônia (2013) De 11 de novembro a 22 de novembro de 2013, aconteceu em Varsóvia, Polônia, a COP-19. O desafio dessa conferência é antecipar questões e debates a serem levados para a COP-21, em Paris, em 2015, para que não seja um fracasso como a COP-15, de Copenhague. E que daí resulte um documento de redução de emissões para substituir o Protocolo de Kyoto. O Brasil defenderá a necessidade de se estabelecer um novo ordenamento financeiro internacional baseado em uma economia de baixo carbono. Em 2013, com mais de 8300 participantes, as negociações se prolongaram por conta de conflitos entre países mais desenvolvidos e países em desenvolvimento sobre as metas de emissões de GEE. China e Índia, por exemplo, defenderam o direito ao desenvolvimento, atribuindo aos países industrializados a responsabilidade pelos problemas climáticos que vivemos. COP 20 – Lima, Peru (2014) Realizada na capital peruana, de 1º a 14 de dezembro de 2014 (a data de término era 12/12, mas foi estendida até 14/12) a COP-20 tinha como objetivo definir as bases para um acordo geral sobre o clima a ser aprovado na COP-21, em Paris, em substituição ao Protocolo de Kyoto. O documento final intitulado Chamamento de Lima para a Ação sobre o Clima, também conhecido por “rascunho zero” traz os elementos básicos para o novo acordo global que entrará em vigor em janeiro de 2021. A última versão, de 9 de fevereiro de 2015, tem109 páginas e 221 artigos que incorporam as diversas opções sobre a mesa. O documento também define os parâmetros mínimos para a apresentação das Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas (INDCs sigla em inglês para Intended National Determinate Contributions) para mitigação e adaptação, a serem propostas no pelas partes e que servirão também de base para o futuro acordo de Paris. Mas foi considerado tímido pelos especialistas. Outros temas como financiamento, transferência de tecnologia, capacitação e transparência para ações estão incluídos. O Chamado de Lima para a Ação Climática, aprovado na COP 20, serviria de base para o Acordo de Paris. De acordo com ele, os Estados-parte devem apresentar os seus objetivos a nível nacional para manter o aumento das temperaturas menores que 2°C. COP 21 – Paris, França (2015) Em 2015, o principal resultado da Conferência foi o Acordo de Paris, que reconheceu as diferentes conjunturas de países desenvolvidos e em desenvolvimento e estabeleceu como principal meta o aumento de até 2 °C da temperatura do planeta acima dos níveis pré- industriais. Na época, durante o mandato do presidente estadunidense Donald Trump, os Estados Unidos, um dos principais emissores de GEE, retiraram-se do Acordo. Vale lembrar que logo no início da administração Biden, em 2021, o país regressou oficialmente ao Acordo. COP 22 – Marrakech, Marrocos (2016) A primeira COP após o Acordo de Paris teve diversas iniciativas anunciadas, entre elas: o Climate Vulnerable Forum, constituído por um grupo de países mais vulneráveis que reiteraram a importância de manter o aquecimento global em até 1.5°C; o Marrakech Vision, sobre medidas como o uso de 100% de energias renováveis entre 2030 e 2050; e também os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram reforçados. COP 23 – Bonn, Alemanha (2017) Uma das inovações da Conferência foi a Powering Past Coal Alliance, com o objetivoprincipal da eliminação do carvão como combustível fóssil. De acordo com o grupo, o objetivo deve ser atingido até 2050. COP 24 – Katowice, Polônia (2018) Em 2018, o discurso da ativista Greta Thunberg, de apenas 15 anos, apelou à ação coletiva urgente no combate às alterações climáticas, reafirmando a importância de uma transição energética que não seja mais a base de combustíveis fósseis, mas sim de energias renováveis. O discurso de Greta teve grande impacto, especialmente, no público jovem. Na época, não ficou acordado entre os Estados-parte quais seriam as metas de combate às mudanças climáticas até o fim de 2020 e nem quais seriam os mecanismos de financiamento para os países em desenvolvimento e mais vulneráveis ao aquecimento global. COP 25 – Madrid, Espanha (2019) A COP 25 foi realizada em Madrid sob a presidência do Chile. Nela, ficou decidido pelos Estados- parte que as medidas tomadas anteriormente eram insuficientes e, por isso, seria necessário maior ambição na definição de metas da próxima COP. COP 26 – Glasgow, Reino Unido (2021) Em parceria com a Itália, a COP 26 ocorre entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro de 2021, sendo a primeira Conferência desde o início da pandemia de Covid-19. O mais recente relatório do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, elaborado por cientistas ao redor do mundo, trouxe diversas informações alarmantes a respeito do assunto. De acordo com o presidente da COP-26, Alok Sharm, é a “advertência mais séria já feita” sobre a influência das ações humanas nas alterações climáticas. Assim, os principais objetivos a serem alcançados nessa COP são: garantir a emissão líquida zero no mundo até o meio do século XXI e manter o aumento médio de temperatura global em até 1.5ºC; proteger as comunidades e ecossistemas locais; e aprimorar os mecanismos de financiamento com países desenvolvidos e instituições financeiras. COP 27 – Sharm El-Sheikh, Egito (2022) COP27 termina com acordo histórico para perdas e danos. Apesar disso, o documento da Conferência não avança na descarbonização e na transição energética. Entre os avanços, o principal destaque foi a criação de um fundo de perdas e danos. O fundo é uma vitória para os países mais vulneráveis, que são os mais impactados pelos desastres climáticos, e que agora têm, com o Plano de Implementação de Sharm Al-Sheik, um reconhecimento de que os países que mais contribuíram para a mudança do clima devem se responsabilizar em pagar esta conta. Este acordo prevê a criação de um comitê que será responsável por fazer as recomendações para as regras de funcionamento deste novo mecanismo financeiro e apresentá-las na COP 28, quando também se espera que seja debatido quem efetivamente participa e quanto de dinheiro será destinado a esses países. No tema de florestas e agricultura, o Plano de Implementação de Sharm Al Sheik reconhece a urgência em garantir a segurança alimentar e o combate à fome, uma vez que os sistemas agrícolas são fortemente impactados pelas mudanças climáticas. O plano inclui também o papel crítico da restauração, incluindo o pagamento por serviços ambientais, conservação e proteção dos sistemas de água doce, além de reconhecer as sinergias entre as agendas de biodiversidade e clima. Reforça, ainda, a necessidade do incentivo à transição para uma economia de baixo carbono e o uso de energias renováveis. Ponto importante é que, ao final, o texto também reafirma o objetivo de conter o aquecimento global em 1,5°C, a necessidade de medidas rápidas e profundos cortes nas emissões dos gases do efeito estufa. Durante as negociações, inclusive, a União Europeia ameaçou se retirar da Conferência, caso este ponto não fosse mantido. Ainda assim, não há nenhuma adição ao que já estava acordado anteriormente. Sendo assim, e na contramão dos alertas da ciência, não houve nenhuma mudança em relação ao uso de combustíveis fósseis ou processos de descarbonização, deixando o chamado, feito em Glasgow, sem resposta. Já em relação ao mercado de carbono, o Artigo 6 trouxe alguns avanços e segue debatendo mecanismos que sejam determinantes para os critérios de adicionalidade e integridade, incluindo estabelecimento de disposições para abordar o monitoramento, permanência e reversões liberadas na atmosfera. Apesar dos avanços positivos no sentido da implementação das ações climáticas necessárias, a Conferência do Clima ainda deixou muito trabalho a ser feito, e pouco tempo para fazê-lo. COP 28 – Dubai, Emirados Árabes Unidos (2023) Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas - Emirados Árabes Unidos 30 de novembro a 12 de dezembro 2023 A COP28 tem como objetivo firmar negociações efetivas e acordos para mitigar mudanças climáticas. A COP, que tem como principal pauta a transição energética, levanta preocupações sobre interesses conflitantes em relação às metas climáticas, uma vez que o evento é presidido por Al Jaber, CEO de uma grande empresa petrolífera. Pedro Luiz Côrtes, professor titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), comenta suas primeiras impressões a respeito da COP28. A COP 28 tem a responsabilidade de promover o primeiro Balanço Global do Acordo de Paris. O Acordo de Paris é o instrumento jurídico gestado no interior das Nações Unidas responsável por determinar o regime internacional climático pós-2020 e dispõe da exigência de uma avaliação global periódica. As COPs acontecem com alta visibilidade da mídia mundial e afetam a ação de enfrentamento da mudança do clima em todos os níveis, desde o global até o nacional e o local. Também, permitem o intercâmbio de informações e recursos entre as Partes e os interessados não-Partes. Marcos do processo de negociação 1992 É convocada uma sessão de negociação adicional (INC 5, parte II), quando se revela impossível aos negociadores concluir o seu trabalho no prazo previsto. Após intensa negociação, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) é adotada, sendo aplaudida de pé. Conferência das Partes (COP) reúne-se pela primeira vez em Berlim, presidida por Angela Merkel (então Ministra do Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha), e toma muitas decisões para implementar a UNFCCC. Após um debate acalorado, os delegados acabam por decidir que os compromissos da UNFCCC “não são adequados”. Numa decisão conhecida como “Mandato de Berlim”, lançam uma nova ronda de negociações sobre “um protocolo ou outro instrumento jurídico”. Os países em desenvolvimento estão isentos de novos compromissos nesta ronda. As negociações começam ainda naquele ano no âmbito do “Grupo Ad hoc sobre o Mandato de Berlim” (AGBM), presidido pelo Embaixador Raúl Estrada-Oyuela (Argentina). 1997 Após oito sessões de negociação, os delegados reúnem-se na Sala de Conferências Internacional de Quioto para as fases finais das conversações sob o Mandato de Berlim, culminando numa intensa reunião 24 horas por dia do “Comité do Todo” na última noite da Conferência. O Protocolo de Quioto, que inclui metas vinculativas de emissões para os países desenvolvidos, é adoptado sob aplausos prolongados. 2000 As disputas políticas e a enorme complexidade sobrecarregam os delegados na COP 6 em Haia. A Conferência termina em desordem, quando o texto do Presidente da COP, Jan Pronk, apresentado como um compromisso de última hora, é rejeitado. 2009 A Conferência sobre o Clima de Copenhaga eleva o perfil político das alterações climáticas aos níveis mais elevados, com a participação de um número recorde de Chefes de Estado e de Governo. Um número recorde de ONG também está inscrito para participar, mas as medidas de segurança limitam o seu acesso às salas de negociação durante os últimos dias. As profundas diferenças políticas e aspreocupações sobre o processo de negociação acabam por impedir os delegados de chegarem a um consenso. Depois de uma longa e amarga sessão plenária final, a COP simplesmente toma nota do “Acordo de Copenhaga”, e os nomes dos países que o apoiam são listados no documento (eventualmente mais de 140). 2015 Após quatro anos de negociações – e uma primeira tentativa falhada em Copenhaga, em 2009 – os delegados reúnem-se em Paris para finalizar um acordo ambicioso e global. As apostas são altas. Seguem-se conversações intensivas 24 horas por dia, com o Comité de Paris como formato para as conversações e a política de “portas abertas” do Presidente da COP, Laurent Fabius, eventualmente a dar frutos. 2023 Oficialmente, COP28 representa a 28ª reunião da Conferência das Partes (COP) na Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). As COP realizam-se todos os anos e são o único fórum multilateral de tomada de decisões sobre alterações climáticas do mundo, com adesão quase total de todos os países do mundo. Simplificando, a COP é onde o mundo se reúne para chegar a acordo sobre formas de enfrentar a crise climática, como limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, ajudar as comunidades vulneráveis a adaptarem-se aos efeitos das alterações climáticas e alcançar a neutralidade carbónica. emissões até 2050. O ano de 2023 quebrou recordes climáticos, acompanhado por condições meteorológicas extremas que deixaram um rastro de devastação e desespero, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Divulgado esta tarde na COP28, o relatório provisório sobre o Estado do Clima Global da OMM confirma que 2023 será o ano mais quente já registado. Os dados até ao final de outubro mostram que o ano esteve cerca de 1,40 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. O primeiro “balanço global” (Global stocktake) do mundo será concluído na COP28 na próxima semana. Mas o que é o balanço global e por que é importante? Pense nisso como fazer um inventário. Trata-se de analisar tudo o que está relacionado com a posição do mundo em matéria de ação e apoio climático, identificando as lacunas e trabalhando em conjunto para traçar um caminho melhor para acelerar a ação climática. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente organiza hoje dois eventos consecutivos na COP28 para falar sobre seus relatórios emblemáticos lançados recentemente: o Relatório sobre a Lacuna de Adaptação e o Relatório sobre a Lacuna de Emissões. O Relatório de lacunas de adaptação considera que o progresso na adaptação climática está a abrandar, quando deveria estar a acelerar para acompanhar estes impactos crescentes das alterações climáticas. O Relatório sobre lacunas de emissões conclui que o mundo caminha para um aumento da temperatura muito acima dos objetivos do Acordo de Paris, a menos que os países cumpram mais do que prometeram. Referências bibliográficas: https://www.politize.com.br/historia-das-conferencia-das-nacoes-unidas-sobre-mudancas- climaticas/ https://widgets.socioambiental.org/widgets/timeline/535#21 https://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/noticias/cop27-final-acordo-perdas-e- danos/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=search&utm_term=grants&g ad_source=1&gclid=CjwKCAiA1MCrBhAoEiwAC2d64RpNUGWEPaqCxXtmYA537qOEeML1TlpXB CdORY-lmH79KTrCr_o8ChoCDcsQAvD_BwE https://unfccc.int/cop28 https://www.politize.com.br/historia-das-conferencia-das-nacoes-unidas-sobre-mudancas-climaticas/ https://www.politize.com.br/historia-das-conferencia-das-nacoes-unidas-sobre-mudancas-climaticas/ https://widgets.socioambiental.org/widgets/timeline/535#21 https://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/noticias/cop27-final-acordo-perdas-e-danos/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=search&utm_term=grants&gad_source=1&gclid=CjwKCAiA1MCrBhAoEiwAC2d64RpNUGWEPaqCxXtmYA537qOEeML1TlpXBCdORY-lmH79KTrCr_o8ChoCDcsQAvD_BwE https://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/noticias/cop27-final-acordo-perdas-e-danos/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=search&utm_term=grants&gad_source=1&gclid=CjwKCAiA1MCrBhAoEiwAC2d64RpNUGWEPaqCxXtmYA537qOEeML1TlpXBCdORY-lmH79KTrCr_o8ChoCDcsQAvD_BwE https://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/noticias/cop27-final-acordo-perdas-e-danos/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=search&utm_term=grants&gad_source=1&gclid=CjwKCAiA1MCrBhAoEiwAC2d64RpNUGWEPaqCxXtmYA537qOEeML1TlpXBCdORY-lmH79KTrCr_o8ChoCDcsQAvD_BwE https://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/noticias/cop27-final-acordo-perdas-e-danos/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=search&utm_term=grants&gad_source=1&gclid=CjwKCAiA1MCrBhAoEiwAC2d64RpNUGWEPaqCxXtmYA537qOEeML1TlpXBCdORY-lmH79KTrCr_o8ChoCDcsQAvD_BwE https://unfccc.int/cop28