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Política Externa Brasileira - Aula 6

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POLÍTICA EXTERNA 
BRASILEIRA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Thaise Kemer 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Na presente aula, trabalharemos a política externa brasileira no período 
entre 2003 e 2014, que compreende os dois mandatos do Governo Luiz Inácio 
Lula da Silva e o governo de Dilma Vana Rousseff. Durante o governo de Lula 
da Silva, entre 2003 e 2010, a política externa brasileira promoveu a 
diversificação de suas parcerias comerciais e diplomáticas, com ênfase na 
cooperação Sul-Sul. Nesse cenário, o Brasil ampliou sua participação no 
contexto das chamadas “coalizões de geometria variável” (Silva, 2015), entre as 
quais podemos destacar o G-20 Comercial e o G-20 Financeiro, o IBAS, o 
BRICS, o G-4 e o BASIC. No plano econômico, é importante evidenciar o 
aumento das trocas comerciais entre o Brasil e a China, que, em 2009, tornou-
se o principal parceiro comercial do Brasil. Além disso, o Governo Lula trouxe 
contribuições relevantes para a integração regional, aprofundando a dimensão 
social do Mercosul e, de forma mais ampla, aumentando a aproximação com os 
demais países de seu entorno regional, por meio da participação em iniciativas 
como a Unasul e a Celac. 
 O governo de Dilma Rousseff, por sua vez, apresentou algumas linhas de 
continuidade com relação ao Governo Lula, a exemplo da proximidade com 
países em desenvolvimento e de atuação no contexto de coalizões, como o 
BRICS e o G-4. Porém, o quadro de crise econômica e política causou uma 
redução do protagonismo internacional do Brasil, sobretudo com relação a 
projetos de cooperação Sul-Sul. Assim, a política externa do Governo Dilma deve 
ser compreendida à luz do contexto interno, o que levou Cervo e Lessa (2014) a 
caracterizarem essa fase como um período de declínio da inserção internacional 
do Brasil. 
TEMA 1 – A ASCENSÃO DO GOVERNO LULA E A NOVA MATRIZ 
DIPLOMÁTICA 
Em linhas gerais, é possível afirmar que a política externa do Governo 
Lula buscou: um aprofundamento da integração regional e da atuação 
multilateral do Brasil; o estabelecimento de parcerias com países desenvolvidos 
e em desenvolvimento; a ênfase em temas sociais e promoção do 
desenvolvimento, por meio do combate à fome e à pobreza; uma agenda 
 
 
3 
comercial voltada à ampliação das trocas econômicas com países de todo o 
mundo e; a promoção da cooperação Sul-Sul. 
No âmbito multilateral, o Brasil defendeu a necessidade de ampliar a sua 
representação e a de outros países em desenvolvimento em foros internacionais, 
como as Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional, de forma a torná-los 
mais democráticos e mais representativos ao contexto internacional do século 
XXI. Três exemplos do período ilustram as alianças entre o Brasil e outros países 
em desenvolvimento: o Fórum de Diálogo entre Índia, Brasil e África do Sul 
(IBAS); o G-20 Comercial e; o BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e 
África do Sul (Ricupero, 2016, p. 646). 
O Grupo IBAS, cujo nome original é Fórum de Diálogo Brasil, Índia e África 
do Sul, foi criado em 2003 e teve como objetivos: ampliar a cooperação 
tecnológica, comercial e cultural entre os três países; contribuir para uma ordem 
internacional mais equitativa; democratizar os foros internacionais e; aprofundar 
o diálogo político entre os três países nas instâncias internacionais. Ainda no ano 
de 2003, foi criado o G-20 Comercial, cujo propósito foi defender a liberalização 
do comércio agrícola na Organização Mundial do Comércio (OMC), no contexto 
da Rodada Doha. A Rodada Doha é a primeira e única rodada de negociações 
da OMC. Ela teve início em Doha, no Catar, e também é conhecida como 
Rodada do Desenvolvimento, pois enfatiza as necessidades dos países em 
desenvolvimento. De fato, o Brasil e diversos outros países em desenvolvimento 
argumentaram que o foco central das negociações da Rodada Doha deveria ser 
na agricultura, haja vista que esse setor é fundamental para as economias de 
países em desenvolvimento (MRE, [s.d.]a). Assim, para assegurar o adequado 
tratamento do tema da agricultura no âmbito das negociações da OMC, criou-se, 
em 2003, o G-20 Comercial, que, segundo Vidigal e Doratioto (2014, p. 126), foi 
criado “[...] para pressionar os países desenvolvidos a eliminar os subsídios e as 
barreiras ao comércio com os países mais pobres”. Assim, segundo esses 
autores, o G-20 ganhou destaque internacional e impediu que medidas 
comerciais prejudiciais aos países em desenvolvimento fossem tomadas. 
A história do BRICS remonta ao ano de 2001, quando o economista Jim 
O’Neill elaborou um relatório no qual a expressão “BRIC” surgiu para designar 
economias que, em sua perspectiva, teriam elevado potencial de 
desenvolvimento, nomeadamente Brasil, Rússia, Índia e China. Inspirados por 
esse documento, em 2006, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul se reuniram às 
 
 
4 
margens da reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas para 
dialogar sobre a cooperação entre eles. Assim, em 2009, foi realizada a primeira 
Cúpula dos BRIC, que, em razão da crise internacional que havia ocorrido em 
2008, foi fortemente centrada em temas econômicos e financeiros. Em 2011, 
com o ingresso da África do Sul, a coalizão dos BRIC passou a ser conhecida 
como BRICS, sua denominação atual. Os BRICS são um espaço de diálogo e 
cooperação entre seus países-membros. Contudo, os BRICS não constituem 
uma organização internacional, pois não possuem documento constitutivo, 
secretariado fixo e orçamento próprio. 
TEMA 2 – GEOMETRIA VARIÁVEL E PARCERIAS ESTRATÉGICAS DURANTE 
O GOVERNO LULA 
O IBAS, o G-20 e os BRICS são exemplos de “coalizões de geometria 
variável” (Silva, 2015), que são grupos de diferentes tamanhos e composições 
de países que concentram o foco de seus diálogos em temas centrais para a 
agenda internacional, entre os quais a promoção do desenvolvimento, a 
cooperação internacional e o aprimoramento da governança em matéria de 
economia e de finanças internacionais. 
De fato, de acordo com Silva (2015, p. 178), as coalizões de geometria 
variável refletem “[...] a difusão do poder no sistema internacional pós-Guerra 
Fria e a complexidade dos temas e alianças, buscando realizar uma sintonia fina 
em relação ao acompanhamento desta difusão e adaptá-la aos interesses 
nacionais brasileiros”. Nesse contexto, além do IBAS, do G-20 e do BRICS, 
outras coalizões de geometria variável que contaram com a participação do 
Brasil foram o BASIC, o G-20 Financeiro e o G-4. 
O BASIC formou-se em 2009, por meio de uma aliança entre Brasil, África 
do Sul, Índia e China. Seu objetivo é discutir medidas internacionais de combate 
às mudanças climáticas. Esse grupo surgiu no contexto da 15ª Convenção das 
Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15). O BASIC 
defende o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, 
segundo o qual todos os países têm a responsabilidade de tomar medidas para 
reduzir os impactos ambientais de suas sociedades; no entanto, há países que, 
por seu histórico de desenvolvimento industrial, tiveram maior contribuição na 
emissão de gases causadores do efeito estufa e, por isso, devem ter destacada 
atuação para mitigar o aquecimento global. 
 
 
5 
Outra coalizão internacional que ganhou destaque durante o Governo 
Lula foi o G-20 Financeiro. O G-20 foi criado em 1999 como uma reunião de 
Ministros das Finanças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, entre 
os quais o Brasil. Inicialmente, constituía um espaço para cooperação em temas 
econômicos e financeiros, porém a crise financeira de 2008 fez que os países 
em desenvolvimento assumissemprotagonismo internacional, pois a crise tomou 
proporções globais. Assim, a busca por soluções envolveu o apoio financeiro de 
grandes países em desenvolvimento, como o Brasil e a China. Então, após 2008, 
o G-20 ganhou maior destaque no âmbito multilateral, haja vista que se tornou 
uma reunião de chefes de Estado, com encontros anuais, com o propósito de 
discutir temas centrais relacionados ao contexto econômico internacional. 
Deve-se destacar, por fim, a atuação do Brasil no âmbito do G-4, uma 
coalizão internacional formada por Brasil, Japão, Índia e Alemanha criada em 
2004, cujo propósito é avançar a agenda de reformas do Conselho de Segurança 
das Nações Unidas (Vidigal; Doratioto, 2014, p. 126). Nesse sentido, o Ministério 
das Relações Exteriores do Brasil defende que somente um Conselho de 
Segurança dotado de transparência e representatividade será capaz de traduzir 
os interesses da comunidade internacional, especialmente dos países em 
desenvolvimento, na contemporaneidade (CSNU Itamaraty, [s.d.]). 
TEMA 3 – OS DESAFIOS DA INTEGRAÇÃO REGIONAL NA ESTRATÉGIA 
BRASILEIRA 
Durante o Governo Lula, houve críticas à proposta de criação da Área de 
Livre Comércio das Américas (ALCA), que foi idealizada pelos EUA, em 1994. A 
ALCA tinha propósitos que extrapolavam a dimensão comercial, visto que 
incluiria a regulamentação de serviços, investimentos, propriedade intelectual e 
compras governamentais. Nesse cenário, o Brasil empreendeu esforços para 
promover um aprofundamento da integração regional, por meio de: integração 
das infraestruturas de energia, comunicação, transportes entre os países da 
região sul-americana; integração entre esses países no âmbito social; ampliação 
do Mercosul, com a inclusão da Venezuela, e do apoio à constituição de outros 
foros regionais multilaterais, como a UNASUL e a CELAC. Na esfera da 
integração de infraestruturas, em 2007, ocorreu a Primeira Cúpula Energética 
Sul-Americana, a qual viabilizou o lançamento de um projeto de corredor 
interoceânico entre Brasil, Chile e Bolívia. 
 
 
6 
O âmbito social, por sua vez, tornou-se uma importante dimensão da 
integração latino-americana durante o Governo Lula. Nesse sentido, o Brasil 
buscou compartilhar com seus vizinhos suas experiências em projetos sociais, 
como o projeto Fome Zero e o fomento à agricultura familiar, entre outros. Além 
disso, em 2005, houve a criação do Fundo para Convergência Estrutural do 
Mercosul (FOCEM), um fundo entre países do Mercosul que tem por objetivo 
reduzir as assimetrias socioeconômicas entre os países membros desse bloco. 
Ainda no campo social foi criado, em 2006, o Parlasul, com a finalidade de criar 
um órgão independente e representativo dos povos do Mercosul, de forma a 
reforçar a dimensão democrática desse bloco regional. 
Além do aprofundamento das iniciativas de cunho social, o Governo Lula 
incentivou tanto a ampliação das iniciativas de integração regional existentes 
quanto a constituição de novos foros multilaterais regionais. No que concerne à 
ampliação dos blocos regionais existentes, em 2006, por exemplo, a Venezuela 
solicitou seu ingresso formal no Mercosul. Porém, em razão de divergências 
entre os membros desse bloco, o ingresso somente foi efetivado em 2012, ano 
em que o Paraguai, país que discordava do ingresso da Venezuela no bloco, 
encontrava-se suspenso do Mercosul. 
Além do Mercosul, outras iniciativas de integração regional ocuparam a 
agenda internacional do Brasil. Entre elas, destacaram-se, no período, por 
exemplo, a constituição da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), em 
2008 e, ainda no mesmo ano, a realização da Primeira Cúpula da América Latina 
e Caribe (CALC). A CALC foi organizada pelo Brasil, e seu objetivo foi 
estabelecer um espaço de concertação entre os países da América Latina e do 
Caribe, de forma a permitir o diálogo sobre temas de interesse comum, sem que 
houvesse a interferência de países de fora da região. Em 2010, a fusão entre a 
CALC e o Grupo do Rio resultou na criação da Comunidade dos Estados Latino 
Americano e Caribenhos (CELAC), que passou a funcionar como um espaço de 
diálogo e concertação política entre os países latino americanos e caribenhos. 
TEMA 4 – A COOPERAÇÃO SUL-SUL NA ÁFRICA E NA ÁSIA 
Durante o Governo Lula, houve um incremento das relações comerciais 
do Brasil com a China, cujo mercado experimentou, nos anos 2000, um período 
de crescimento acelerado. Esse fato fez com que a demanda da China por 
commodities, sobretudo soja e minério de ferro, crescesse de forma acelerada. 
 
 
7 
O Brasil, então, teve seu crescimento acelerado em decorrência da expansão da 
demanda da China por esses produtos, na medida em que os fornecia. Em 
decorrência desse cenário, em 2009, a China tornou-se o principal parceiro 
comercial do Brasil. Deve-se destacar que a relação entre o Brasil e a China 
contava com um histórico importante de aproximação e de trocas comerciais, 
haja vista que, desde 1993, ambos mantêm uma parceria estratégica (MRE, 
[s.d.]b). 
Ainda no continente asiático, destacaram-se as relações entre a Índia e o 
Brasil. De fato, há cooperação e proximidade entre os dois países, pois o Brasil 
e a Índia: estabeleceram uma parceria estratégica em 2006; atuaram 
conjuntamente no âmbito da iniciativa IBAS; cooperam em matéria de ciência e 
de tecnologia; ampliaram seu intercâmbio comercial nos Anos Lula. 
O continente africano também ganhou protagonismo no contexto da 
política externa de Lula. De fato, Lula articulou a identidade afro-brasileira à 
atuação do Brasil naquele continente, visitando países africanos em diversas 
ocasiões, de forma a avançar tanto a cooperação para o desenvolvimento do 
Brasil quanto a atuação de empresas brasileiras em países africanos. Além 
disso, durante esse período, diversas novas embaixadas foram abertas na 
África. Assim, esta ganhou destaque no contexto das iniciativas de política 
externa de Lula, que, por meio de sua diplomacia presidencial (Danese, 2017), 
evidenciou a importância das relações do Brasil com países desse continente. 
TEMA 5 – A POLÍTICA EXTERNA NO PRIMEIRO GOVERNO DILMA (2011-
2014) 
O governo de Dilma Rousseff teve início em um cenário de crise 
internacional, haja vista o quadro econômico complexo criado pela crise de 2008, 
que provocou a retração da demanda internacional por produtos do Brasil. Ainda 
assim, Dilma deu continuidade ao discurso de Lula sobre a necessidade de uma 
ordem internacional mais justa e equitativa. Nesse sentido, Dilma demandou 
reformas em instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional 
e as Nações Unidas, enfatizou a cooperação Sul-Sul e manteve uma posição de 
autonomia com relação a países desenvolvidos. 
Durante o governo Dilma, o BRICS ganhou protagonismo como foro 
internacional multilateral. De fato, em 2014, houve um processo de crescente 
institucionalização no âmbito dos BRICS, com a criação do Novo Banco de 
 
 
8 
Desenvolvimento dos BRICS e do Arranjo Contingente de Reservas. Enquanto 
o Banco dos BRICS é uma organização internacional que tem o objetivo de 
prover financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento 
sustentável nos BRICS e em países em desenvolvimento, o Arranjo Contigente 
de Reservas é um acordo que viabiliza recursos para os membros dos BRICS 
com problemas em seus Balanços de Pagamentos. 
Dilma também atuou no contexto das Nações Unidas e foi a primeira 
mulher a abrir a sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas. Além 
disso, em 2011, discursou sobre o conceito de “responsabilidade ao proteger”1 
(Brasil, 2011). Por fim, em 2013, houve as denúncias de espionagem americana 
a comunicaçõesdo Governo e de indústrias brasileiras, o que gerou a reação do 
Brasil, conforme será aprofundado na seção Na Prática. 
NA PRÁTICA 
 O uso da internet faz parte da realidade contemporânea e afeta questões 
relevantes para as relações internacionais, como o direito à privacidade. Um 
exemplo dessa afirmação ocorreu em 2013, quando houve a revelação da 
espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos às 
correspondências da Presidenta Dilma e a correspondências de empresas 
nacionais, como a Petrobras. Então, descobriu-se que a chanceler alemã Ângela 
Merkel teve, também, suas correspondências eletrônicas violadas. 
Após o ocorrido, Dilma discursou na Assembleia Geral das Nações 
Unidas e liderou a elaboração da resolução 68/167 sobre o direito à privacidade 
na era digital (ONU, 2014; Santoro; Borges, 2017). Essa resolução tem 
importância central para a realidade diária da vida de todos os cidadãos, pois 
associa o direito à privacidade na era digital ao contexto mais amplo dos direitos 
humanos. Nesse sentido, a resolução afirmou o direito humano à privacidade, 
segundo o qual nenhum indivíduo deve estar sujeito a interferências arbitrárias 
ou ilegais à sua privacidade, família, casa ou correspondência (ONU, 2014). 
Assim, o Brasil logrou dialogar com outros países, com vistas a obter apoio à 
causa, e promoveu uma defesa enfática do direito à privacidade, o qual deve ser 
amparado tanto no ambiente online quanto no ambiente offline. 
 
1 O conceito de “responsabilidade ao proteger” deve ser entendido no contexto histórico do ano 
de 2011, no qual a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) interveio na Líbia. Naquele 
cenário, ganhou destaque o tema da necessidade de proteção dos civis (Pureza, 2011). 
 
 
9 
FINALIZANDO 
 A presente aula traz informações centrais para a compreensão da política 
externa durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. 
Embora esses governos tenham enfrentado cenários internacionais bastante 
diferentes – de crescimento econômico, no primeiro caso, e de crise, no segundo 
– é possível identificar linhas de continuidade na condução da política externa 
de ambos. São exemplos dessas linhas de continuidade a defesa da cooperação 
Sul-Sul, do combate à fome e à miséria e da participação do Brasil no contexto 
de coalizões de geometria variável (Silva, 2015), como o BRICS e o G-4. Ainda 
assim, a crise interna enfrentada pelo governo de Dilma Rousseff fez com que a 
inserção internacional do Brasil tenha sido significativamente reduzida, a 
exemplo dos projetos de cooperação para o desenvolvimento. Assim, verifica-se 
que a compreensão da política externa do país passe pela análise das variáveis 
domésticas, visto que as dinâmicas internas podem contribuir de maneira 
significativa para moldar a ação externa do país (Salomón; Pinheiro, 2013). 
 
 
 
10 
REFERÊNCIAS 
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do Debate Geral da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Disponível 
em: <http://www.brasil.gov.br/governo/2011/09/discurso-da-presidenta-da-
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Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/politica-externa/diplomacia-
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Acesso em: 5 dez. 2018. 
_____. República Popular da China. [S.d.]b. Disponível em: 
<http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-pais/4926-republica-popular-da-
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CERVO, A. L.; LESSA, A. C. O declínio: inserção internacional do Brasil (2011-
2014). Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 57, n. 2, p. 133-151, 2014. 
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DANESE, S. Diplomacia presidencial: história e crítica. 2. ed. rev. Brasília: 
FUNAG, 2017. 
PUREZA, J. M. As ambiguidades da responsabilidade de proteger: o caso da 
Líbia. Carta Internacional, Vol. 7, n. 1, jan-jun. 2012, p. 3-19, 2011. 
RICUPERO, R. A diplomacia na construção do Brasil: 1750-2016. Rio de 
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SALOMON, M.; PINHEIRO, L. Análise de política externa e política externa 
brasileira: trajetória, desafios e possibilidades de um campo de estudos. Rev. 
Bras. Polít. Int., Brasília, v. 56, n. 1, p. 40-59. 
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SILVA, A. L. R. da. Geometria variável e parcerias estratégicas: a diplomacia 
multidimensional do governo Lula (2003-2010). Contexto Int., Rio de Janeiro, v. 
 
 
11 
37, n. 1, p. 143-184, abr. 2015. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
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<http://undocs.org/A/RES/68/167>. Acesso em: 5 dez. 2018. 
VIDIGAL, C. E.; DORATIOTO, F. F. M. História das relações internacionais 
do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.

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