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Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital Autor: Alexandre Vastella Aula 06 19 de Julho de 2020 Aula 07 - Política Internacional - Política Externa Brasileira - 1990 a 2018 Introdução ao PDF ................................................................................................................................. 2 Reflexos do final da Guerra Fria na Política Externa Brasileira ................................................... 2 Queda da União Soviética, Consenso de Washington e “fim da história” ................................................. 2 Mundo multipolar ou unipolar? Como a Política Externa Brasileira deveria reagir às mudanças? ............. 4 Cinco Pilares da PEB pós-Guerra Fria – regionalismo, renovação de credenciais, multilateralismo, geometria variável e comércio .................................................................................................................. 8 Regionalismo – quatro tabuleiros ......................................................................................................... 8 Renovação de credenciais – meio ambiente, desarmamento, direitos humanos, etc. .......................... 9 Multilateralismo – maior participação na ONU e nos fóruns internacionais ........................................ 12 Arranjos de geometria variável – alianças intermitentes e pontuais ................................................... 14 Comércio – inserção do Brasil na globalização .................................................................................... 16 Governos pós-Guerra Fria no Brasil ................................................................................................. 16 Governo Fernando Collor (1990-1992) .................................................................................................... 17 Governo Itamar Franco (1992 – 1994) ..................................................................................................... 20 Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) ................................................................................. 22 Governo Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010) ........................................................................................ 27 Governos Dilma Rousseff e Michel Temer (2016 – 2018) ........................................................................ 32 Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 2 INTRODUÇÃO AO PDF Esta é a última aula sobre política externa brasileira. Iremos estudar as transformações nas relações internacionais do pós-Guerra Fria e as contextualizar os governos de Fernando Collor (1990 – 1992), Itamar Franco (1992 – 1994) e Fernando Henrique Cardoso (1994 – 2002) dentro do que Amado Cervo chama de “dança de paradigmas” – uma intensa troca de paradigmas ocorrida nos anos 1990. Neste período, houve a transição do Estado desenvolvimentista (1930 – 1989) para o Estado Neoliberal (1990’s) e depois, para o Estado Logístico (2000’s); este último, implantado pelos governos de Luís Inácio Lula da Silva (2002 – 2010) e Dilma Rousseff (2010 – 2016). Esta aula, portanto, abrange todo o período desde a queda do Muro de Berlim (1989) até o ano passado, quando o governo de Michel Temer (2016 – 2018) foi finalizado. No início do nosso curso, aprendemos que a política externa é formada pelos condicionantes internos, pelos condicionantes externos e pelos formuladores. Porém, no caso específico dos anos 1990, os formuladores tiveram papel secundário. Neste contexto histórico, independentemente de quem estivesse no governo, era necessário ajustar o Estado aos padrões impostos pela globalização e pelo Consenso de Washington. É por isso os governos Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, embora tivessem sido distintos, possuíam uma política externa comum – afinal, foram obrigados a se ajustar aos processos globais. Por causa desse fato, nossa aula apresenta uma longa introdução teórica apresentando os reflexos do final da Guerra Fria na Política Externa Brasileira. REFLEXOS DO FINAL DA GUERRA FRIA NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA Queda da União Soviética, Consenso de Washington e “fim da história” Antes do final da Guerra Fria, o presidente Mikhail Gorbatchov promoveu uma série de reformas na União Soviética, nas quais estavam a perestroika (abertura econômica) e glasnost (abertura política). Ao invés de garantirem sobrevida ao regime comunista, as reformas aceleraram ainda mais os anseios por mudança na União Soviética. O ápice do descontentamento ocorreria três anos depois, na queda do Muro de Berlim (1989), que consistiu na derrubada do muro que dividia a Alemanha Ocidental (capitalista) e a Alemanha Oriental (comunista), evento que reunificou as duas Alemanhas. Como dividia a Europa em duas metades, o muro era um símbolo da bipolaridade da Guerra Fria. Após a queda do Muro de Berlim, ficou muito claro que o sistema econômico soviético não havia funcionado e que o capitalismo era – segundo as ideias do momento – a melhor opção. Nesta onda de otimismo, foi promovido o Consenso de Washington (1989), um receituário de recomendações econômicas elaborado pelo economista John Williamson que deveriam ser adotadas para que os Estados se adaptassem à nova ordem internacional. Entre as principais medidas do Consenso de Washington Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 3 estavam o livre comércio, a redução do Estado, as privatizações e a responsabilidade fiscal. Portanto, medidas economicamente liberais. Dois anos depois do Consenso de Washington, ocorreu o colapso definitivo da União Soviética (1991). Neste período, várias ex-repúblicas soviéticas se tornaram independentes e romperam seus vínculos com o socialismo, incluindo a própria Rússia que passaria a ter uma economia de mercado – embora os grupos de poder continuassem os mesmos. Um dos principais aspectos dessa nova ordem mundial foi a globalização; que grosso modo, corresponde à integração dos povos do globo em diferentes aspectos – redes econômicas, comerciais, culturais, de comunicação, de transportes, etc. (veremos este assunto com mais detalhes nas aulas de Geografia). Estas transformações imprimiam uma nova realidade internacional, quebrando a ordem da Guerra Fria que havia se estabelecido desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945). Para entenderemos melhor, pense que entre 1945 (final da Segunda Guerra) e 1989 (queda do Muro de Berlim) o mundo teve características relativamente homogêneas, tais como: polarização entre Estados Unidos (capitalismo) e União Soviética (comunismo), surgimento da Organização das Nações Unidas e do sistema financeiro de Bretton Woods; aceleramento dos processos de descolonização da África e da Ásia; multiplicação do número de Estados nacionais; e também, o fim de grandes impérios. A partir de 1989, surgiu uma nova realidade internacional caracterizada pela globalização, pelo neoliberalismo, pela integração cultural, pela multipolaridade e por novos aspectos que exigiam mudanças na política externa até então praticada pelo Brasil. Com o final da Guerra Fria, o mundo chegou ao “fim da história”, afinal, todas as alternativas ao capitalismo haviam falhado. Os Estados Unidos haviam triunfado e, para os demais países, a única solução seria adotar o receituário do Consenso de Washington. Na imagem, Queda do Muro de Berlim, evento decisivo para o fim do mundo bipolar. É por conta destas transformações que o filósofo Francis Fukuyama chama este período de “fim da história”. Essa denominação surgiu após a constatação de que todas as alternativas ao capitalismo haviam falhado; tais como o nazismo,o fascismo e o comunismo. Neste período, portanto, havia uma forte sensação de que o capitalismo e o liberalismo econômico finalmente iriam triunfar. Isso significaria ter contas públicas saudáveis, um Estado enxuto e eficiente e regimes democráticos e economicamente livres. Apesar da agressividade da globalização e da consequente integração econômica dos países, houve um aumento do regionalismo. Visando maior competitividade, surgiram grupos como o Mercosul (Tratado de Assunção – 1991) e a União Europeia (Tratado de Maastrich – 1991). Embora pareçam contraditórios, globalização e regionalismo são complementares: visando se proteger dos riscos da Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 4 globalização, é mais seguro um país primeiro se integrar a seus vizinhos e depois, após fortificar-se, se integrar ao restante do globo de forma que haja um maior aproveitamento das oportunidades. O Mercosul, por exemplo, tem mais força internacional do que Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai enquanto Estados individuais. Fim da Guerra Fria – Principais marcos Perestroika e Glasnost (1986) Políticas de abertura econômica e transparência política adotadas na União Soviética por Gorbachev. Ao invés de reformarem o país, aceleraram o seu fim. Queda do Muro de Berlim (1989) Queda do muro que separava a Alemanha Ocidental (capitalista) da Alemanha Oriental (comunista), símbolo máximo da Guerra Fria. Fim da União Soviética (1991) Afetada por inúmeras crises, a União Soviética chegou ao fim, finalizando definitivamente a bipolaridade da Guerra Fria. Lançamento do Consenso de Washington (1989) O Consenso defendia o livre mercado e o sistema democrático como receitas para o desenvolvimento de um país. Nova realidade internacional Com o final da Segunda Guerra Mundial (1945), estabeleceu-se a ordem da Guerra Fria, quebrada em 1991. A partir deste momento, houve um grande debate sobre qual ordem internacional seria estabelecida. Aprofundamento da globalização e aumento de competitividade. A globalização, que havia se iniciado anteriormente, aprofundou de uma forma muito rápida e intensa nos anos 1990. “Fim da história” (Francis Fukuyama) Todas as alternativas ao capitalismo haviam falhado, entre elas o nazismo, o fascismo e finalmente, o comunismo. Por isso, a história havia chegado ao “fim”. Regionalismo e globalização são complementares Ao invés de competirem diretamente na agressividade da globalização, os países preferem primeiro se integrar no aspecto regional para depois se projetarem nas relações globais. O Mercosul, por exemplo, possui mais força que o Brasil sozinho. Mundo multipolar ou unipolar? Como a Política Externa Brasileira deveria reagir às mudanças? Com o fim do mundo bipolar (Estados Unidos versus União Soviética), os estudiosos passaram a debater qual seria a nova forma de polarização. Neste contexto, alguns autores defendiam que o mundo seria unipolar; afinal, os Estados Unidos haviam vencido a Guerra Fria e consolidado sua hegemonia econômica, política e militar e assim promovido a pax americana para o mundo. Por outro lado, outros autores defendiam a multipolaridade; ou seja, além dos Estados Unidos, outros polos de poder também Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 5 existiam. Os teóricos realistas viam a multipolaridade como nociva; afinal, a multiplicação dos polos de poder faria o número de conflitos proliferarem. Surgiram alternativas no debate entre unipolarização e multipolarização. Samuel Huntington, autor da teoria do Choque de Civilizações, propunha a unimultipolaridade, reconhecendo que sim, os Estados Unidos tinham um poder superior; no entanto, não conseguiam afetar sozinhos a ordem internacional. Por outro lado, Celso Lafer, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, dizia que na verdade, as polaridades eram indefinidas. Ou seja, embora os Estados Unidos fossem uma potência no aspecto econômico, existiam outras potências em temas diferentes. Na área ambiental, por exemplo, os Estados Unidos não eram líderes. Fim da Guerra Fria – Principais debates a respeito da polaridade Ordem bipolar Ordem unipolar Ordem multipolar Na Guerra Fria – no mundo bipolar – Estados Unidos e União Soviética disputavam a hegemonia global. Os norte- americanos venceram. Os Estados Unidos se consolidariam como grande potência militar e econômica cuja liderança seria inquestionável. O mundo passaria a viver sobre a “pax americana”. Na verdade, os Estados Unidos não seriam a única potência. Ao invés da bipolaridade, o mundo viveria sob a multipolaridade, com diversos atores agindo. Ordem unimultipolar (Samuel Huntington) Polaridades indefinidas (Celso Lafer) – posição do Brasil Apesar dos EUA serem a maior potência, não conseguiriam sozinhos definir a ordem global. O mundo não seria nem unipolar e nem multipolar, mas sim, um misto entre os dois: os EUA sendo a maior potência, mas sem a Após a Guerra Fria, o mundo teria vários polos em áreas diferentes. Os Estados Unidos, por exemplo, seriam uma potência na área econômica; no entanto, na área ambiental, por exemplo, existiriam outras potências. O Brasil poderia até não ser a maior potência econômica, Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 6 hegemonia. mas poderia se destacar em outras áreas. Neste cenário de incerteza, o Brasil defendia a reformulação da ONU, instituição regida por uma ordem internacional que não existia mais. As reivindicações do Brasil incluíam, por exemplo, mudanças no Conselho de Segurança para que demais países pudessem participar, postura que foi mantida nos governos seguintes. Tendo em vista as transformações geográficas do período – tanto no âmbito externo (nova ordem mundial) quanto no interno (redemocratização e abertura política) – foi necessário repensar a política externa. Com o final da Guerra Fria, surgiu um novo regime internacional com menor margem de manobra para Estados periféricos. Os Estados nacionais, aliás, perderam poder com a globalização. E com esse novo contexto de maior impotência, o Brasil passou a priorizar ainda mais a atuação multilateral. Não somente o Brasil como também grande parte dos demais países subdesenvolvidos preferiram seguir por este caminho. Conforme o quadro abaixo: Fim da Guerra Fria – Conjunturas externa e interna Conjuntura externa Momento de criação de regimes internacionais (regras e instituições) Com o fim da Guerra Fria, surgiu um novo sistema internacional com novas regras. Logo, a política externa deveria se adaptar a este novo cenário e não ficar “preso” no contexto desenvolvimentista. Menor margem de manobra para os Estados periféricos Com a agressividade do Consenso do Washington, do neoliberalismo e da integração dos mercados globais, os Estados nacionais perderam força, principalmente os Estados periféricos que já eram fracos e tiveram suas margens de manobra ainda mais reduzidas. Multilateralização A atuação em fóruns multilaterais foi uma das soluções para tentar preservar a força dos países subdesenvolvidos. É mais vantajoso, por exemplo, negociar no âmbito da ONU do que traçar relações bilaterais extremamente desiguais com os Estados Unidos. Indefinição No início dos anos 1990, a política externa brasileira ainda estava indefinida, afinal, as mudanças ainda eram muito recentes. Com o passar da década, houve a consolidação do Estado Neoliberal e as mudanças daí decorrentes. Conjuntura interna Redemocratização Ao mesmo tempo em que o sistema internacional estava mudando, os condicionantes internostambém estavam. O Brasil estava saindo de duas décadas de regime militar e entrando no período democrático. Esgotamento do modelo de substituição de importações O modelo de substituição de importações – que vinha desde a Era Vargas – havia esgotado, bem como o desenvolvimentismo e o protecionismo. Em seu lugar, o Brasil passou a abrir os mercados e Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 7 realizar privatizações. Fim da Guerra Fria – Necessidade de repensar a política externa brasileira Transição do paradigma desenvolvimentista para o paradigma neoliberal (Amado Cervo) Esta transição nada mais foi do que a aplicação do Consenso de Washington ao Brasil. Com o Estado Neoliberal vieram as reformas fiscais, a abertura econômica, as privatizações e a redução do Estado. Transição da estratégia de autonomia pela distância pela autonomia pela participação multilateral. Em grande parte do regime militar (especialmente com Costa e Silva e Médici), o Brasil priorizou sua autonomia. Já neste período mais recente, com a maior interdependência complexa entre os Estados, o Brasil não podia mais se isolar. É por isso que passou a defender, por exemplo, o meio ambiente, os direitos humanos, ou o desarmamento nuclear na ONU; adotando assim, maior ênfase multilateral. Deste modo, a estratégia de renovação de credenciais foi renovada. Quebra dos paradigmas Nesse momento, não era possível mais explicar a política externa brasileira sob a ótica da Guerra Fria. O americanismo e o universalismo já não eram suficientes para dar conta deste momento. Não era mais necessário “tomar posição” no sistema internacional (pró-EUA ou pró- URSS), mas sim, agir de acordo com os interesses nacionais. Brasil passa a participar ativamente na formulação das decisões internacionais Com a quebra dos paradigmas, o Brasil passou a participar ainda mais ativamente na formulação das decisões internacionais, buscando a legitimidade através daquela estratégia de reformulação das credenciais. Busca de legitimidade Tratava-se da ampliação do poder de barganha para que o Brasil tivesse influência na construção dessa nova ordem global que estava emergindo. Em meio à indecisão, o Brasil poderia garantir espaço nesta nova ordem. Coalizões de geometria variável (Celso Lafer) No mundo globalizado, ficou mais evidente que ao invés da bipolaridade, o mundo possuía uma grande quantidade de Estados com diferentes tamanhos, poderes e interesses atuando de forma multipolarizada. Para além da antiga lógica EUA x URSS, o Brasil buscava construir e participar de grupos que pudessem exercer poder, tais como Mercosul, IBAS, BRICS, etc; ou seja, grupos de geometria variável girando em torno de alianças pontuais. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 8 Cinco Pilares da PEB pós-Guerra Fria – regionalismo, renovação de credenciais, multilateralismo, geometria variável e comércio Tendo em vista as conjunturas externa e interna expressas acima, a política externa brasileira dos anos 1990 foi baseada em cinco pilares fundamentais: Cinco pilares fundamentais da Política Externa Brasileira Regionalismo Articular-se em grupos regionais para depois partir para a competitividade global. Exemplo: Mercosul. Renovação de credenciais Melhorar a imagem do Brasil no cenário internacional em temas diversos – meio ambiente, direitos humanos, questão nuclear, etc. Multilateralismo Prezar pelo multilateralismo ao invés do bilateralismo. Arranjos de geometria variável Arranjos pontuais e pragmáticos, não mais ideológicos e duradouros. Comércio Inserir o Brasil no comércio competitivo global. Regionalismo – quatro tabuleiros Primeiramente, o regionalismo da política externa brasileira foi uma resposta aos desafios da globalização – conforme vimos anteriormente, regionalismo e globalização são complementares e não antagônicos. Antes de se integrar em escala mundial e correr todos os riscos e consequências daí decorrentes, vale mais a pena um país primeiro se integrar em escala regional (regionalismo) para daí então, partir para a concorrência global. É por isso que o Brasil, antes de abrir seu mercado para os demais países do globo, preferiu investir em relações com a América do Sul, especialmente no MERCOSUL. O mesmo vale para a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Regionalismo Resposta aos desafios da globalização O regionalismo é uma resposta aos desafios da globalização. Isso significa que é mais seguro um país se integrar regionalmente e depois mundialmente, do que partir para a integração global logo de cara. Além disso, blocos regionais são mais competitivos do que países isolados. Regionalização e globalização são fenômenos complementares Sendo assim, a regionalização não é oposta a globalização, mas sim, é uma estratégia de inserção global e aumento de competitividade. Globalização exige uma inserção competitiva no mercado global A globalização beneficia os países mais competitivos. Por isso, era fundamental que os países do terceiro mundo – como o Brasil – encontrassem formas de inserção no mercado global. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 9 Aprofundamento das relações com América do Sul Por conta do regionalismo e da necessidade de inserção no mercado global, o Brasil aprofundou as relações com a América do Sul. São deste período o MERCOSUL (que deu certo) e a ALCA (que acabou fracassando). Em meio às tentativas de regionalismo, o Brasil não queria somente aprofundar as relações com os vizinhos, mas também, se consolidar como líder regional. O Brasil buscou essas estratégias primeiro com o MERCOSUL e depois com a criação da Área de Livre Comércio Sul-Americana (ALCSA) – proposta que não saiu do papel. Neste período, os Estados Unidos também lançaram suas estratégias propondo a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), que foi rechaçada pelos países sul-americanos e também não saiu do papel. Principais estratégias de inserção regional do Brasil – Anos 1990 e 2000 Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) Criado pelo Tratado de Assunção (1991), Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai visam construíram uma união aduaneira com adoção de Tarifa Externa Comum (TEC). Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) Uma proposta feita pelos Estados Unidos para implantar uma área de livre comércio em todo o continente americano, eliminando as barreiras alfandegárias em todos os países. Por causa da grande disparidade de economia e infraestrutura, o projeto encontrou forte oposição e foi abandonado. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) Um grupo de cooperação entre estes cinco países considerados emergentes – embora a Rússia seja uma potência militar e a China, uma potência econômica. Criado em 2006, o grupo admitiu a África do Sul em 2011. Fórum de Diálogo Brasil, Índia e África do Sul (IBAS) Implantado em 2003 por meio da Declaração de Brasília, o IBAS é um grupo de cooperação entre Brasil, Índia e África do Sul suportado pelo Fundo IBAS. Até o momento, foram cinco reuniões de Cúpula. A próxima será em 2019. Renovação de credenciais – meio ambiente, desarmamento, direitos humanos, etc. Além do regionalismo, o Brasil também aprofundou a estratégia de renovação de credenciais iniciada no governo Sarney, adotando uma postura mais cooperativa nas áreas de meio ambiente, direitos humanos, desarmamento e não-proliferação nuclear, entre outras. Começando pela questão ambiental, o Brasil se candidatou para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-1992).O Brasil também assinou o Protocolo Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 10 de Montreal (1987) sobre redução dos gases da camada de ozônio; participou da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC); participou da Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB); e, além disso, teve uma posturaativa no Protocolo de Kyoto (1997), acordo que pretendia reduzir as emissões de gases do efeito estufa. A partir do governo Sarney, portanto, o Brasil mostrou-se bastante preocupado com o meio ambiente. Renovação de credenciais – Meio Ambiente Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-1992) O Brasil adotou uma postura cooperativa na Rio-1992, inclusive, sediando a conferência em seu próprio território como estratégia de mostrar ao mundo a sua renovação de credenciais. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) O Brasil assinou a convenção sobre mudanças climáticas da ONU, mostrando que estava preocupado com o aquecimento global e com o meio ambiente. Protocolo de Kyoto (1997) O Protocolo de Kyoto visava controlar as emissões de gases do efeito estufa. O Brasil não só aderiu ao protocolo, como também propôs o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que propunha a comercialização de créditos de carbono. Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) Dotado de grande biodiversidade, o Brasil participou da convenção, mostrando-se preocupado com a preservação dos biomas nacionais, principalmente a Amazônia que gerava maior preocupação internacional. A redemocratização também trouxe mudanças na questão dos direitos humanos, que até então, era parcialmente ignorada pelo Brasil. É verdade que desde o governo Geisel, o Brasil fazia parte da Comissão de Direitos Humanos da ONU. No entanto, era uma participação de fachada, apenas para se proteger das críticas internacionais e não uma participação ativa como viria a ocorrer a partir dos anos 1990. Com essa nova mentalidade, o Brasil ratificou os Pactos Internacionais de Direitos Humanos da ONU de (documento de 1966 e ratificação brasileira em 1992) e o Pacto de San José da Costa Rica (documento de 1969 e ratificação brasileira em 1992). Além disso, foi bastante ativo na Conferência Mundial sobre Direitos Humanos ocorrida em Viena, 1993. Renovação de credenciais – Direitos humanos Rafiticação dos Pactos Internacionais de Direitos Humanos da ONU de 1966 (1992) Os Pactos Internacionais de Direitos Humanos da ONU são de 1966. Nesta época, o Brasil estava preocupado com a questão da segurança (governo Castello Branco) e posteriormente, com a questão do crescimento econômico (entre os governos Costa e Silva e Figueiredo). Visando manter sua autonomia, o regime militar via com maus olhos as críticas aos direitos humanos. No entanto, os governos democráticos, seguindo a estratégia de renovação de credenciais, ratificaram os pactos referentes aos direitos humanos da ONU. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 11 Ratificação do Pacto de San José de 1969 (1992) Em 1969, por meio do Pacto de São José da Costa Rica, a OEA criou a Convenção Americana de Direitos Humanos, no entanto, o Brasil só ratificou o documento em 1992. Brasil atuante na Comissão de Direitos Humanos da ONU Na época de Geisel, o Brasil se candidatou para a Comissão de Direitos Humanos e inclusive, acabou vencendo o pleito na ONU. Nesta época, o Brasil não estava tão preocupado com os direitos humanos. A candidatura foi para minimizar as críticas das grandes potências, especialmente dos Estados Unidos de Carter. A partir dos anos 1990, ao invés de uma preocupação de fachada, o Brasil passou a participar ativamente da comissão, mostrando-se realmente interessado no tema. Brasil atuante na Conferência Mundial sobre Direitos Humanos (Viena, 1993) O Brasil ajudou, inclusive, a formular o texto final da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, realizada em Viena, 1993. Se no período militar, o Brasil buscava se afirmar como potência buscando a autonomia nuclear, após a redemocratização, mudou radicalmente sua atitude. Como parte da estratégia de renovação de credenciais, o Brasil fez questão de afirmar sua nova postura desarmamentista. Para provarem que não estava desenvolvendo tecnologia nuclear para fins bélicos, Brasil e Argentina criaram a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle (ABACC) e depois, o Acordo Quadripartite com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Após muitos contenciosos no período militar, o Brasil finalmente ratificou o Tratado de Tlatelolco de 1967 (adesão 1994) e Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) (1968) (adesão em 1998). Também aderiu ao Tratado para a Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) (1996). Renovação de credenciais – Desarmamento e não-proliferação nuclear Criação da Agência Brasileiro- Argentina de Contabilidade e Controle (ABACC) (1991) Esta agência permite que Brasil e Argentina possam inspecionar instalações nucleares um do outro, garantindo que nenhum deles vá desenvolver tecnologia nuclear. A ABACC faz parte do contexto de superação de desconfianças entre Brasil-Argentina após o governo militar. Acordo Quadripartite (1991): Brasil, Argentina, ABACC e AIEA Em um segundo momento, a ABACC fez um acordo quadripartite com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). As quatro partes eram Brasil, Argentina, ABACC e AIEA. A partir deste momento, Brasil e Argentina se mostravam transparentes à investigação internacional, reforçando que não desenvolveriam tecnologia nuclear para fins bélicos. Ratificação plena do Tratado de Tlatelolco de 1967 (1994) O Brasil também ratificou o Tratado de Tlatelolco (1967), conhecido como Tratado para a Proibição de Armas Nucleares na América Latina e o Caribe. Na época, este tratado foi utilizado como desculpa pelo Brasil para não aderir ao TNP: foi assinado, mas nunca havia sido ratificado. A ratificação ocorreu somente em 1994. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 12 Adesão ao Tratado para a Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) (1996) O Brasil aderiu ao tratado que conforme o nome sugere, proibia totalmente a realização de testes nucleares. No entanto, o Brasil não exigiu nenhuma contrapartida, assinou “de graça” o documento. Para Amado Cervo, o Brasil deveria ter negociado alguma compensação. Ratificação do Tratado de Não- Proliferação Nuclear (TNP) de 1968 (1998) Finalmente, após décadas de atritos e negociações, o Brasil aderiu ao famoso TNP que já abordamos nas aulas anteriores. Foi a prova definitiva que o Brasil era um país desnuclearizado. Por causa destas medidas, houve a consolidação da credibilidade do Brasil no sistema internacional, processo já iniciado no governo Sarney. O Brasil “provou” para o mundo que havia construído uma democracia estável compromissada com os direitos humanos, com as questões climáticas, com o meio ambiente e com a não proliferação nuclear. Houve o abandono da estratégia de autonomia pela distância e um aumento do credibilismo internacional. A renovação de credenciais teve êxito, portanto. Multilateralismo – maior participação na ONU e nos fóruns internacionais Renovação de credenciais e multilateralismo Renovação de credenciais - Multilateralismo e maior participação nos foros internacionais – melhor caminho para a legitimidade e credibilidade Em contraste como regime militar, o multilateralismo passou a ser visto como um caminho para a credibilidade e a legitimidade do Brasil no sistema internacional. Isso eraespecialmente importante em um momento no qual a ordem internacional estava sendo mudada. Era uma forma do Brasil garantir seu espaço nessa nova ordem mundial. "Falta de excedentes de poder" demanda multilateralismo O multilateralismo também era importante por conta da falta de excedentes de poder. O Brasil não possuía poder bélico, nem poder econômico, nem recursos e portanto, também não tinha muito poder no sistema internacional. Para o embaixador Saraiva Guerreiro, o multilateralismo seria uma forma de compensar a falta de excedente de poder: já que o Brasil não tinha tanto poder de barganha para garantir seus interesses em relações bilaterais, era mais seguro recorrer aos fóruns multilaterais, tais como ONU, OEA e OMC. Inserção principista no Brasil e no cenário internacional Visando ter uma boa imagem nesses espaços multilaterais, o Brasil adotou a inserção principista; ou seja, a atuação por princípios no cenário internacional. Isso significa que o Brasil passou a adotar uma postura de árbitro das relações internacionais, do direito internacional público. Os diplomatas brasileiros passaram a denunciar as injustiças e às violações dos direitos humanos. Tudo isso visando construir uma imagem positiva do Brasil. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 13 Brasil defende a democratização dos foros decisórios multilaterais: objetivo de conferir maior representatividade e legitmidade para as decisões multilaterais O Brasil não somente passou a participar ativamente dos fóruns multilaterais, como também passou a questioná-lo visando maior representatividade. O Brasil defendia que em uma nova ordem mundial, era necessário reformar a ONU. Também argumentava que a ONU era insuficiente para representar todos os Estados: em 1945, existiam 51 países. Hoje, são quase 200. Defesa dos interesses dos países em desenvolvimento O Brasil também passou a defender o interesse dos países em desenvolvimento, tanto no âmbito multilateral quanto em atuações regionais. Como parte de reconstrução de sua imagem no exterior, o Brasil passou a comandar e participar de diversas missões de paz junto à ONU. Conforme o quadro abaixo. Renovação de credenciais – Operações de Paz da ONU Engajamento em operações de paz O Brasil participou de várias missões de paz, como em Angola, Moçambique e Timor Leste – basicamente, em países de língua portuguesa, onde o idioma facilitava a atuação brasileira. Brasil defende maior interrelação entre manutenção e consolidação da paz As operações de paz brasileiras não visavam só a atuação militar, mas também, a resolução de problemas sociais. Além da conciliação de grupos, o Brasil ajudava na saúde, na educação, na engenharia civil, no combate à pobreza, etc. Esforços para a inclusão de elementos de peacebuilding nos mandatos das operações de paz no exterior. Atuando em várias frentes – procurando combater as causas dos problemas – o Brasil passou a adotar uma imagem de peacebuilding em suas missões; ou seja, de construtor da paz. Segundo o Brasil, esta paz seria construída mais pela atuação social do que pelo combate militar. Além disso, o processo de renovação de credenciais também passava pelo apreço ao multilateralismo. Por isso, o Brasil passou a agir quase que exclusivamente de forma multilateral nos anos 1990 em temas como comércio, resolução de conflitos, meio ambiente, direitos humanos e desarmamento. Principais tipos de multilateralismo Multilateralismo no comércio Rodada Uruguai (1986 – 1994) do GATT O Brasil participou ativamente da Rodada do Uruguai, ocasião no qual foi criada a Organização Mundial do Comércio (OMC); uma evidência de que o Brasil passou a atuar de forma multilateral no comércio. Multilateralismo na resolução de conflitos Disposição em assumir Na maioria dos casos, o Brasil não mediava sozinho os conflitos, mas sim, o Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 14 crescentes responsabilidades em temas de segurança internacional fazia por meio do Grupo do Rio – fusão dos grupos de Contadora e de seu grupo de apoio. Apesar disso, o Brasil também passou a assumir maioes responsabilidades em questões de segurança. O Brasil mediou, por exemplo, o conflito entre Peru e Equador, assumindo um papel de liderança regional. Multilateralismo na reforma do Conselho de Segurança da ONU Argumento de que a configuração do CS-ONU reflete as relações de poder do pós-II Guerra Mundial A defesa da reforma do Conselho de Segurança da ONU ocorreu pelo argumento de que este não refletia as relações de poder do mundo pós- Guerra Fria; afinal, havia sido criado em um contexto de pós-Segunda Guerra Mundial. Ou seja, em um cenário que não existia mais. Multilateralismo em temas variados Meio ambiente, direitos humanos, desenvolvimento Resumindo, o Brasil atuou de forma multilateral em várias frentes: no comércio, no meio ambiente, no desenvolvimento, na questão dos direitos humanos, etc. Afinal, era necessário reforçar a estratégia de renovação de credenciais. Vale ressaltar, no entanto, que o Brasil não abandonou o regionalismo, inclusive o aprofundou: multilateralismo e regionalismo andaram juntos! Arranjos de geometria variável – alianças intermitentes e pontuais Outro aspecto muito importante para entendermos a política externa brasileira dos anos 1990 são os arranjos de geometria variável. Trata-se de acordos feitos em alianças pontuais e pragmáticas que não necessariamente se repetem em temas mais abrangentes, daí a explicação do termo “geometria variável” – pois a postura do país pode variar de grupo para grupo. O Brasil pode adotar, por exemplo, uma postura diferente no Mercosul e na OMC. Os quatro aspectos principais dos arranjos de geometria variável são: ocorrência após a década de 1990, aumento da complexidade das coalizões, inexistência de articulações permanentes e postura pró-ativa e propositiva na agenda internacional. A partir dos anos 1990, os arranjos de geometria variável – alianças pontuais e não-duradouras – se tornaram uma regra nas relações internacionais. Na foto, presidentes do Brasil, Rússia, Índia e China durante reunião dos BRICS. Repare que não há uma afinidade ideológica nem um alinhamento 100%, mas sim, um elo intermitente entre estes países. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 15 Arranjos de Geometria Variável A partir da década de 1990 Maior complexidade das coalizões Sul-Sul Inexistência de articulações fixas e permanentes Não possuem caráter preventivo e defensivo: postura pró-ativa e propositiva na agenda internacional Exemplos de tabuleiros Meio ambiente – BASIC Acrônimo para Brasil, África do Sul, Índia e China – atuação coordenada em questões climáticas. Política – IBAS e BRICS Acrônimos para Índia, Brasil, África do Sul (IBAS) e Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) – atuação coordenada na política Comércio internacional – G20 Comercial G-20 é o grupo das 20 maiores economias do mundo – atuação comercial. Os arranjos de geometria variável ganharam força após os anos 1990 e continuam sendo tendência no mundo atual. Ao invés de se articularem em torno dos Estados Unidos ou da União Soviética, os países passaram a formar blocos econômicos, grupos de cooperação e fóruns paralelos. O Brasil, por exemplo, pode concordar com um vizinho do MERCOSUL, porém, discordar de sua posição na OMC. Os grupos tornam-se temáticos e as alianças, cada vez mais pontuais e menos ideológicas. Neste contexto, as alianças não são mais duradouras – como no período da Guerra Fria – massim, pontuais e intermitentes; o que acarreta no aumento da complexidade das coalizões Sul-Sul. Arranjos tradicionais Alianças duradouras em questões centrais, como ideologia política. Alinhamento da Guerra Fria – capitalista ou comunista. Arranjos de geometria variável Alianças intermitentes em questões pontuais – comércio, economia, defesa, etc. Alinhamento pragmático – pertencimento à grupos (Mercosul, BRICS, IBAS, BASIC, G-20, etc). Arranjos de Geometria Variável - mais características Multilateralismo em detrimento do bilateralismo O Brasil, a partir deste momento, passou a priorizar as relações multilaterais – afinal, era o modo mais eficiente de garantir força no sistema internacional. As relações bilaterais praticamente desapareceram nos anos 1990. Quatro tabuleiros das negociações comerciais internacionais nos anos 90 MERCOSUL, OMC, ALCA e acordo entre União Europeia e MERCOSUL Atuação simultânea do Brasil em O Brasil atuava em vários tabuleiros diferentes, cada um Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 16 todos eles para, pragmaticamente, manter a margem de manobra e o poder negociador do país. assumindo uma determinada postura. A ideia era obter benefícios de cada um deles de forma pragmática e pontual. 4 tabuleiros principais – atuação brasileira nos anos 1990 MERCOSUL – sub-regional Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. OMC – Multilateral Organização Mundial do Comércio (OMC) – criada após o GATT. ALCA – Continental Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) – proposta pelos Estados Unidos e fracassada. UE - Birregional (Mercosul - UE) Acordo bilateral entre União Europeia e Mercosul – em negociação até hoje. Comércio – inserção do Brasil na globalização O quinto pilar da Política Externa Brasileira pós-Guerra Fria dizia respeito a inserção do Brasil no comércio mundial. Neste período, para o Estado sobreviver, era necessário se adaptar às condições da globalização e promover maior inserção nas cadeias globais. Como este pilar é o mais fácil de entender – e além do mais, teremos aulas específicas sobre o comércio brasileiro – preferimos apenas citá-lo aqui. Não se preocupem, pois desenvolveremos o assunto nas próximas aulas. GOVERNOS PÓS-GUERRA FRIA NO BRASIL Conforme já dissemos no início da aula, aprendemos que a política externa é formada pelos condicionantes internos, pelos condicionantes externos e pelos formuladores. Porém, no caso específico dos anos 1990, os formuladores tiveram papel secundário. Neste contexto histórico, era necessário ajustar o Estado aos padrões impostos pela globalização e pelo Consenso de Washington. É por isso os governos Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso têm muitos aspectos em comum. Após o pleito eleitoral de 1989 – as primeiras eleições diretas desde 1960 –, Fernando Collor de Melo (1990 – 1992) assumiu a presidência, já com a necessidade urgente de adequar o Brasil ao novo cenário internacional pós-Guerra Fria. Após o fracassado Plano Collor (1992) (que confiscou o dinheiro das cadernetas de poupança), e escândalos de corrupção, o presidente sofreu um impeachment no mesmo ano, abrindo caminho para seu vice Itamar Franco (1992 – 1994). Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 17 Governo Fernando Collor (1990-1992) Governo Collor (1990 – 1992 ) Temas-chave - Parcerias operacionais para inserir o Brasil no sistema globalizado, auferindo ganhos com a liberalização multilateral do comércio - Aproximar o Brasil dos países do centro da economia mundial Breve contexto histórico - Nova configuração do sistema mundial com pouca margem de manobra para os países do Terceiro Mundo Adoção dos cinco pilares na política externa Críticas a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) Fatos marcantes - Plano Brady (1989) - Consenso de Washington (1989) - The Enterprise for the Americas Iniciative (1990) - Não conclusão da Rodada do Uruguai no GATT (1990) - Colapso da URSS (1991) - Tratado de Maastricht (1991) (União Europeia) - Tratado de Assunção (1991) (Mercosul) O primeiro grande desafio de Collor – que se prolongou para os governos Itamar e FHC – foi adequar o Brasil à globalização e ao Consenso de Washington, iniciando o que Amado Cervo chama de Estado Normal ou Estado Neoliberal. O termo “normal” se deve a perda de autonomia dos Estados nacionais promovida pela agressividade das condições externas. Para responder às necessidades de um mundo globalizado, o Brasil adotou uma série de privatizações, se abriu para o mercado externo e passou a atuar em “tabuleiros” regionais – especialmente no Mercosul. Neste período, no entanto, a nova configuração do sistema mundial diminuiu a margem de manobra para os países do Terceiro Mundo, o que incluía o Brasil – ou seja, Estados nacionais perderam poder. Vejamos o quadro abaixo: Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 18 Nova República – Fernando Collor (1990 – 1992) – Temas-chave Parcerias operacionais para inserir o Brasil no sistema globalizado, auferindo ganhos com a liberalização multilateral do comércio No governo Collor, o Brasil fez parcerias operacionais para se inserir no mundo globalizado. Houve a liberalização multilateral do comércio, especialmente nos quatro tabuleiros que já mencionamos, negociando nos âmbitos: da OMC (multilateral); da ALCA (continental); do Mercosul (sub-regional); e entre o Mercosul e a União Europeia (bi-regional). É muito importante ter em mente estes quatro tabuleiros: OMC, ALCA, Mercosul e Mercosul-União Europeia, pois foram centrais na política externa brasileira dos anos 1990. Neste contexto, nós poderíamos destacar os arranjos de geometria variável que a gente viu agora nesta aula, então, existem várias parcerias operacionais que surgem dá necessidade responder aos desafios de um mundo globalizado, de inserir o Brasil no sistema global e fazer isso de modo a obter ganhos com a liberalização multilateral do comércio. Aproximar o Brasil dos países do centro da economia mundial Há uma buscar por aproximar o Brasil dos países do centro da economia mundial, fazendo isso por meio da adoção de reformas vinculadas ao Consenso de Washington; aderindo assim, ao Paradigma Liberal. Nova República – Fernando Collor (1990 – 1992) – Breve contexto histórico Nova configuração do sistema mundial com pouca margem de manobra para os países do Terceiro Mundo Adoção dos cinco pilares na política externa Críticas a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) O contexto histórico da época diminuía a margem de manobra para os países do Terceiro Mundo. Para Saraiva Guerreiro, o Brasil, sendo um país com “pouco excedente de poder”, seria ainda mais prejudicado por essa nova ordem global. Afinal, seu poder já era reduzido mesmo antes da globalização. Para compensar essa diminuição de margem de manobra, conforme vimos anteriormente, o Brasil buscou uma estratégia de cinco pilares: regionalismo, renovação de credenciais, multilateralismo, arranjos de geometria variável e comércio. Por causa da falta de excedente de poder, o multilateralismo era o preferido. No regionalismo, o Brasil tinha certo protagonismo, podendo negociar com a Argentina, Paraguai e Uruguai com certa facilidade, sem a presença de grandes potências, como Estados Unidos. Nos arranjos de geometria variável, o Brasil encontrava convergências pontuais, ampliando sua influência no sistema internacional. Do ponto de vista do comércio, o Brasil preferia negociar em espaços multilaterais(multilateralismo) do que tratar diretamente com as grandes potências. Era mais vantajoso atuar de forma multilateral do que bilateral. Por exemplo, o Brasil acreditava que um projeto como a ALCA traria muitas vantagens para os Estados Unidos e poucas vantagens para o restante da América do Sul. A oposição brasileira foi fundamental para que a ALCA não se concretizasse. Não por acaso, os Ministros das Relações Exteriores Celso Lafer, Fernando Henrique Cardoso (que foi ministro antes de ser presidente) e Celso Amorim, todos fizeram críticas frontais à ALCA. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 19 Entre os fatos marcantes do período estão o Plano Brady e o Consenso de Washington (1989); a iniciativa da The Enterprise for the Americas Iniciative (1990) – projeto que levaria à fracassada Área de Livre Comércio das Américas (ALCA); e a assinatura dos tratados de Maastricht (1991 – criação da União Europeia) e Assunção (1991 – criação do Mercosul). Nova República – Fernando Collor (1990 – 1992) – Fatos marcantes Plano Brady (1989) O Plano Brady, iniciativa proposta pelo governo Bush, visava a renegociação da dívida externa de países em desenvolvimento. No caso brasileiro, a negociação durou entre 1992 e 1994, já no governo de Itamar Franco. Lançamento do Consenso de Washington (1989) Houve a adoção das recomendações do Consenso de Washington: privatizações, responsabilidade fiscal, abertura de mercados, redução do Estado, etc. O lançamento da The Enterprise for the Americas Iniciative (1990) A The Enterprise for the Americas Iniciative (1990) foi uma iniciativa para aumentar investimentos, aliviar a dívida e promover acordos comerciais com a América Latina. Não conclusão da Rodada do Uruguai no GATT (prevista para dezembro de 1990) Iniciada em 1986, a Rodada do Uruguai estava prevista para terminar em 1990, mas Estados Unidos e União Europeia resolveram estendê- la porque não concordaram com as discussões na área agrícola. Retomaremos este assunto em outras aulas para vocês entenderem. Assinatura do Tratado de Maastricht (1991) O Tratado de Maastricht (1991) foi assinado, levando à consolidação do projeto da União Europeia. Detalharemos este assunto nas próximas aulas. Colapso da URSS (1991) A União Soviética entrou em colapso, encerrando oficialmente a Guerra Fria. Como já comentamos bastante sobre o assunto, apenas vamos citar o fato aqui. Assinatura do Tratado de Assunção (1991) O Tratado de Assunção (1991) foi assinado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, criando o Mercosul. Conforme já mencionamos, após o impeachment de Collor e a posse de Itamar Franco, o Brasil manteve sua política externa alinhada ao Consenso de Washington e aos cinco pilares (regionalismo, multilateralismo, renovação de credenciais, arranjos de geometria variável e comércio). Neste período, houve maior inserção do Brasil na dinâmica da globalização e também, o aprofundamento da renovação de credenciais, colocando o Brasil como defensor da democracia, da paz, da segurança e de uma ordem mundial mais inclusiva. Também houve o aprofundamento do multilateralismo e a busca de uma identidade nacional que fizesse o Brasil ser reconhecido como uma potência média. Entre os fatos marcantes estão o aprofundamento do Mercosul, a criação da Zona de Cooperação do Atlântico Sul, a proposta da Área de Livre Comércio da América do Sul (ALCSA) como alternativa à NAFTA e a reaproximação com a África do Sul pós-Apartheid. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 20 Governo Itamar Franco (1992 – 1994) Governo Itamar Franco (1992 – 1994) Temas-chave - Marca a inserção do Brasil como país de interesses múltiplos na dinâmica da globalização - Brasil procurou o desenvolvimento, a formação de valores democráticos, a defesa da paz e da segurança e a luta a favor de uma ordem global econômica e politicamente justa. - Busca de reconhecimento internacional como potência média - Brasil procura fortalecer sua posição nos fóruns multilaterais. Breve contexto histórico - Globalização de cunho neoliberal se estabelece Fatos marcantes - Aprofundamento do Mercosul - Proposta da Área de Livre Comércio da América do Sul (ALCSA) como alternativa à NAFTA - Reaproximação com África do Sul Nova República – Itamar Franco (1992 – 1994) – Temas-Chave Marca a inserção do Brasil como país de interesses múltiplos na dinâmica da globalização Aprofundando a estratégia de renovação de credenciais, o Brasil passou a se preocupar com questões de direitos humanos, meio ambiente, segurança, desarmamento e abertura de novos mercados. Portanto, o Brasil deixou de ser um país com meros interesses desenvolvimentistas para se tornar um país de interesses múltiplos. Com essa nova postura, o país procurava ganhar posição de destaque na construção da nova ordem global. Brasil procurou o desenvolvimento, a formação de valores democráticos, a defesa da paz e da segurança e a luta a favor de uma ordem global econômica e Sendo um país de interesses múltiplos, além do desenvolvimento, o Brasil também prezou por valores democráticos, o que incluía a defesa da paz, do meio ambiente e dos direitos humanos; ainda na tentativa de superar a imagem negativa do regime militar. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 21 politicamente justa Buscando construir uma ordem global que fosse economicamente mais justa e inclusiva, o Brasil buscava atuar como mediador de conflitos e líder dos países em desenvolvimento. Busca de reconhecimento internacional como potência média A busca de reconhecimento internacional com potência média está totalmente ligada a esse estabelecimento do Brasil como um país com interesses múltiplos, defensor dos valores democráticos e mediador de conflitos. Com toda essa renovação, o Brasil “merecia” ser melhor reconhecido. Brasil procura fortalecer sua posição nos fóruns multilaterais Conforme já ressaltamos, há também a busca pelo fortalecimento em fóruns multilaterais, como por exemplo, na ONU e na OMC. Ao invés do bilateralismo praticado em partes do regime militar, o Brasil passou a prezar pelo multilateralismo. Vale ressaltar que com o estabelecimento do Plano Real (1994) e a consequente resolução de vários problemas de ordem econômica, o Brasil pode se voltar com mais atenção ao cenário externo. Conforme veremos adiante, a partir deste momento, o Brasil passou a atuar de forma mais incisiva nestes fóruns multilaterais. Nova República – Itamar Franco (1992 – 1994) – Breve contexto histórico Globalização de cunho neoliberal se estabelece O contexto histórico do governo Itamar Franco é o mesmo de Collor: o aprofundamento da globalização e do neoliberalismo. Já comentamos bastante sobre estes fenômenos aqui. Nova República – Itamar Franco (1992 – 1994) – Fatos marcantes Aprofundamento do Mercosul Após a criação do Mercosul no Tratado de Assunção (1991), o Protocolo de Ouro Preto (1994) reconheceu personalidade jurídica ao bloco, aprofundando ainda mais as relações já estabelecidas anteriormente. Proposta da Área de Livre Comércio da América do Sul (ALCSA) como alternativa à NAFTA Ao invés da América Latina inteira, o Brasil passou a priorizar a América do Sul como espaço geopolítico. Neste contexto, surgiu a proposta de Área de Livre Comércio da América do Sul (ALCSA) como alternativa ao NAFTA – este composto por Estados Unidos, México e Canadá. Reaproximação com África do Sul Com o final do Apartheid (1948 – 1994), o Brasil se reaproximou da África do Sul. Inclusive, o próprio FHC, enquantoMinistro, visitou o país e assinou um protocolo de amizade mútua. Neste momento, porém, o Brasil não estava focado na estratégia africanista, mas sim, com aqueles cinco pilares que comentamos: regionalismo, multilateralismo, renovação de credenciais, arranjos de geometria variável e comércio. No final do governo de Itamar Franco, o então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso coordenou o Plano Real (1994), contribuindo, finalmente, para a estabilização econômica do país. Por Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 22 conta deste êxito, FHC venceu as eleições de 1994, permanecendo no poder por dois mandatos até o final de 2002. Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Governo Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003) Temas-chave - Substituição dos princípios do nacional- desenvolvimentismo e a adoção dos princípios neoliberais do Consenso de Washington - Brasil abandonou a perspectiva de Potência Emergente e passa a ser um grande mercado emergente - "Autonomia pela integração", uma autonomia articulada com o meio internacional, no sentido de que "não somos suficientemente atrelados a nenhum centro de poder mundial para justificar uma opção excludente" - Perseguir perseverança ativa regional (Mercosul como prioridade) e internacional para inserir o país na globalização neoliberal - Defesa da democracia, da abertura ao exterior e da estabilidade econômica Breve contexto histórico - Project for the New American Century (PNAC) defende a obrigação dos EUA de promover a "liberdade política" em todo mundo. Fatos marcantes - 2001: ataques terroristas ao World Trade Center (WTC) - 2002: lançamento da Doutrina Bush, segundo a qual dos EUA se arrogam o direito de fazer ataques preventivos a qualquer país que consideram uma ameaça a sua segurança - Adesão ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis. - Proposta dos eixos de integração, o IIRSA. De forma geral, governo Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003) foi marcado pela estabilização econômica e pela continuidade na política externa – continuidade, no entanto, feita com alguns ajustes que veremos a seguir. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 23 Antes de iniciarmos, vale ressaltar que o professor Amado Cervo é muito crítico com a política externa de FHC. Mas apesar das críticas serem válidas, devemos ter cuidado ao levá-las para a prova do CACD: como é um período muito recente, várias das figuras criticadas por Cervo continuam no Itamaraty e podem estar envolvidas no processo de seleção do concurso. Devemos ter ainda mais cautela quando criticarmos a diplomacia dos governos mais recentes. Fiquem tranquilos, pois até o final do curso vocês saberão dosar muito bem a prova de vocês. Enfim, vamos aos fatos marcantes do período: Nova República – Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003) – Temas-chave Substituição dos princípios do nacional- desenvolvimentismo e a adoção dos princípios neoliberais do Consenso de Washington Uma das principais características desde período foi a substituição dos princípios do nacional-desenvolvimentismo e a adoção dos princípios neoliberais do Consenso de Washington. É verdade que essa mudança já vinha ocorrendo desde o Governo Collor, mas neste período ocorreu um aprofundamento muito claro com as privatizações, por exemplo. Este receituário, porém, nunca foi 100% implantado no Brasil. Brasil abandonou a perspectiva de Potência Emergente e passa a ser um grande mercado emergente O Brasil abandonou a perspectiva de potência emergente e passou a ser um grande mercado emergente. Isso significa que o Brasil passou a adotar a economia como o vetor central da política internacional. O Brasil passou a olhar para o restante do mundo enxergando as oportunidades econômicas em potencial; focando na abertura de mercados e na troca de produtos e serviços, passando assim, a se colocar como um mercado emergente. Com essa nova postura, o Brasil estaria disponível à crescer por meio de investimentos estrangeiros, não mais pela ação exclusiva do Estado. Vale notar que enquanto Ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso desenvolveu a estratégia de firmar o Brasil como potência emergente. No entanto, quando assumiu a presidência, assumindo em nova postura, FHC passou a tratar o Brasil como um mercado emergente disponível para investimentos externos. No final do segundo mandato de FHC – já na transição do Estado Neoliberal para o Estado Logístico – houve uma nova mudança de postura, mas deixaremos este assunto para depois. "Autonomia pela integração", uma autonomia articulada com o meio internacional, no sentido de que "não somos suficientemente atrelados a nenhum centro de poder mundial para justificar uma opção excludente" Nesta época, houve a ideia de autonomia pela integração, quase sinônima do conceito de autonomia pela participação. Basicamente, trata-se da concepção de que o Brasil não é suficientemente atrelado a nenhum centro de poder mundial para justificar uma opção excludente. Uma opção excludente seria, por exemplo, o americanismo do presidente Dutra, feito sem recompensas e excluindo uma série de países do Leste Europeu. Neste momento de globalização, era preciso se integrar de fato ao sistema internacional, sem excluir ninguém para não perder oportunidades. Perseguir perseverança ativa regional (Mercosul O Brasil continuou buscando aumentar sua representatividade no sistema internacional. Do ponto de vista regional, houve o aprofundamento do Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 24 como prioridade) e internacional para inserir o país na globalização neoliberal Mercosul; do ponto de vista global, o aprofundamento do multilateralismo. Neste ponto, houve a continuidade das estratégias de Collor-Itamar. Defesa da democracia, da abertura ao exterior e da estabilidade econômica. Houve uma defesa da democracia, da abertura ao exterior e da estabilidade econômica, bandeiras muito vinculadas aos reflexos do sucesso do Plano Real à política externa. Com a “casa em ordem”, o Brasil pode se preocupar mais com o que “acontecia lá fora”, aumentando o protagonismo internacional. Nova República – Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003) – Breve contexto histórico Project for the New American Century (PNAC) defende a obrigação dos EUA de promover a "liberdade política" em todo mundo. Dentro do contexto histórico vale destacar o Project For The New American Century (PNAC), ou, Projeto para o Novo Século Americano, promovido em 1997. Trata-se de um manifesto vinculado ao neoconservadorismo que defende a missão dos Estados Unidos de promover a liberdade política em todo o mundo. Segundo este ponto de vista, a liderança norte-americana seria boa tanto para a América quanto para o mundo todo. Por meio do PNAC, os Estados Unidos tentariam manter sua hegemonia no século XXI, repetindo o sucesso que tiveram no século XX. Essa hegemonia não seria somente uma forma de manter o poder, mas de difundir os valores norte- americanos tais como: a substituição de ditaduras por democracias e a abertura de mercados fechados; algo que seria bom para todos, portanto. Essas ideias foram defendidas no meio político – a exemplo dos presidentes Bush (pai) e Bush (filho) – e no meio intelectual, como o próprio Francis Fukuyama que já mencionamos aqui. Para este autor, o mundo havia chegado ao “fim da história”; afinal, todas as alternativas ao capitalismo haviam falhado. Compartilhando as mesmas influências intelectuais, o discurso do PNAC é semelhanteao idealismo do período entreguerras. O livro “A Paz Perpétua” de Kant, por exemplo, defende a “teoria da paz democrática”; isto é, a ideia de que democracias não entram em guerra entre si. Por essa perspectiva, quanto mais intenso o comércio entre as nações, mais pacífica elas serão. Os Estados Unidos, no ímpeto de cumprirem essa missão, acabam adotando medidas consideradas autoritárias, como a invasão do Iraque em 2003. O Brasil, prezando pelo discurso legalista e juridiscista que vinha proferindo desde a redemocratização, criticou de forma incisiva estas posturas unilaterais dos Estados Unidos. Contrariando o PNAC, o Brasil dizia que “se as relações comerciais fossem fomentadas, o mundo seria mais pacífico e estável; e sendo o mundo mais estável, os Estados Unidos continuariam exercendo hegemonia”. Para a visão brasileira, não era necessário utilizar a força, portanto. Nova República – Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003) – Fatos marcantes 2001: ataques terroristas ao World Trade Center Em 11 de setembro de 2001, ocorreram os ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono, nos Estados Unidos. Foi o maior ataque que os norte- Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 25 (WTC) americanos sofreram em seu próprio território, com milhares de mortos. Diversos países do mundo deram apoio ao país atacado, inclusive o Brasil, fazendo o Estados Unidos acionarem o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR). Segundo este documento, um ataque a um país seria entendido como um ataque à todos os país signatários. Os países latino- americanos, no entanto, não se envolveram na Guerra ao Terror. A partir deste evento, os teóricos concordaram que existia uma nova configuração do sistema global. Se até então, guerras eram provocadas somente por Estados nacionais, passou-se a admitir a ideia de que atores não- estatais poderiam desencadear conflitos; afinal, o grupo terrorista Al Qaeda promoveu um ataque em solo norte-americano. Além de grupos terroristas, organizações mafiosas, empresas multi e transnacionais, ONGs e até mesmo indivíduos isolados; ou seja, atores não- estatais, passaram a ter voz ativa no cenário internacional. Sendo por meios legais ou não, o fato é que passam a afetar a realidade internacional. 2002: lançamento da Doutrina Bush, segundo a qual dos EUA se arrogam o direito de fazer ataques preventivos a qualquer país que consideram uma ameaça a sua segurança O presidente George W. Bush respondeu aos ataques terroristas promovendo a Doutrina Bush, na qual os Estados Unidos se rogam o direito de fazer ataques preventivos a qualquer país que considerem uma ameaça à segurança. Esta doutrina levou à eclosão das guerras do Afeganistão (2001) e do Iraque (2003). A Doutrina Bush se chocava com o direito internacional público e com os ideais de segurança coletiva que eram vigentes até então. Afinal, os Estados Unidos passaram a ignorar a ONU e assumir uma posição unilateral na resolução de conflitos, a exemplo da invasão do Iraque (2003), feita sem o aval das Nações Unidas. O Brasil, simpático ao multilateralismo, foi um dos países que fez dura crítica à unilateralidade norte-americana – embora estas críticas não chegassem a prejudicar as relações bilaterais Brasil-EUA. Adesão ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis,. O Brasil aderiu ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, uma associação de países que combate a proliferação de mísseis capazes de lançar armas de destruição em massa. A adesão do Brasil fazia parte do aprofundamento da estratégia de renovação de credenciais. Proposta dos eixos de integração, o IIRSA. Em 2000, foi lançada a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), uma proposta de integração da infraestrutura física da América do Sul; interligando os diferentes territórios e polos urbanos do continente visando aumentar a competitividade e a potência econômica do continente no cenário global. Antes de finalizarmos a década de 1990 – e também este período de início do século XXI – é preciso recapitular que neste período de globalização, os condicionantes externos pesavam mais que os condicionantes internos e os formuladores de política externa. É por isso que há certa homogeneidade e continuidade entre os governos de Collor, Itamar Franco e FHC. Também é por isso que fizemos uma longa introdução dos anos 1990, mas falamos pouco dos governos em si. Para retomarmos os principais aspectos, segue quadro abaixo: Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 26 Décadas de 1990 - destaques Por não ter "excedentes de poder”, o Brasil teve que buscar a legitimidade no multilateralismo. Isso significa que os fóruns multilaterais foram priorizados nos três governos (Collor, Itamar e FHC) durante todo o Estado Neoliberal. Mercosul como plataforma de inserção competitiva na economia global O Mercosul foi constantemente aprofundado para aumentar a inserção do Brasil no sistema internacional. Não há contradição, portanto, entre globalização e regionalismo. Abertura comercial unilateral de Collor Collor promoveu uma grande abertura comercial, dando início ao Estado Neoliberal que duraria por toda a década de 1990. Política externa de Collor não foi alinhada aos EUA, mas serviu para a inserção internacional do Brasil O Brasil não se alinhou ao Consenso de Washington para agradar aos Estados Unidos, mas para se tornar competitivo no sistema internacional. É errado dizer que a política externa de Collor foi totalmente alinhada com os norte-americanos. Não existe oposição entre Mercosul e ALADI Ambos os projetos são complementares e não opositores. A ALADI é uma espécie de “mãe do Mercosul”. Proposta da ALCSA marcou mudança do foco da PEB para a América do Sul O Brasil passou a priorizar a América do Sul, não só por meio da ALCSA, mas também aprofundando o Mercosul. Não houve alinhamento aos EUA sob FHC: circunstancial. Aqui vale a mesma lógica dos governos Collor-Itamar: FHC promoveu medidas liberalizantes para aumentar a competitividade do Brasil e não para agradar Washington. Não adotar o tom excessivamente crítico de Amado Cervo em relação à PEB de FHC. Para alguns críticos, como Amado Cervo, FHC teria adotado um tom entreguista (privatista). Na verdade, estava somente se adaptando às condições globais. É preciso tomar cuidado com discursos ideológicos na prova discursiva, ainda mais quando sabemos que grande parte dos diplomatas continua lá. Pragmatismo do Brasil em vários eixos nas negociações comerciais Na verdade, ao invés de pró-EUA, o Brasil manteve seu pragmatismo, continuando a Política Externa Independente consolidada nas décadas anteriores. Para finalizar, vamos relembrar que no Governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003) houve o aprofundamento da estratégia de autonomia pela participação, que teve como principais características: a reavaliação das diretrizes da política externa brasileira que foi consolidada na década de 90, a renovação de credenciais –uma estratégia consolidada igualmente na década de 90 –, e a confiança renovada nos mecanismos multilaterais. Toda essa renovação da imagem do país dá a possibilidade do Brasil de agregar valor à ordem internacional, ou seja, de ter credibilidade para defender seus pontos de vista. Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 27 Autonomia pela participação - Características - Reavaliação das diretrizes de política externa - Renovação de credenciais - Confiança renovada nos mecanismos multilaterais - Possibilidade deagregar à ordem internacional valores caros à diplomacia brasileira Ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002), houve a preocupação de ter uma postura pró-ativa e propositva nas relações Sul-Sul. No entanto, esta estratégia foi somente consolidada no governo posterior de Luís Inácio Lula da Silva (2003 – 2010), período que veremos no próximo item. Governo Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010) Governo Lula (2003 – 2010) Temas-chave - Prioridades: Mercosul e os países da América do Sul, Central e Caribe. - Adoção do conceito de "autonomia pela assertividade" Contexto histórico - Brasil passou a utilizar o BNDES como grande motor da integração física da América do Sul - Brasil derrubou diversas barreiras comerciais impostas aos produtos chineses, facilitando sua entrada no país. - Brasil buscou estimular a reforma da ONU pleiteando um assento permanente no Conselho de Segurança (missão ao Haiti e Timor Leste). - Liderança na Missão das Nações unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) - Retomada do diálogo com os países árabes (Cúpula América do Sul-Países Árabes e visita a EAU, Egito, Líbano, Líbia e Síria). Fatos marcantes - 2003: O Brasil firmou 12 convênios com Cuba - Eixo Sul-Sul: Brasil se aproximou de países que têm um perfil socioeconômico semelhante ao seu Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 28 Criação da União Sul-Americana de Nações (UNASUL). (África do Sul, China e Índia), - Articulação do G-21 A política externa do Governo Lula (2003 – 2010) foi marcada pelo aumento do protagonismo do Brasil no sistema internacional. Foi adotada a “autonomia pela assertividade” – nas palavras do chanceler Celso Amorim. Isso significa que o Brasil passaria a adotar uma política externa assertiva, ativa e altiva. Ou seja, uma política externa participativa, proativa, engajada, afirmativa e convicta na defesa de seus interesses, adotando os princípios de reciprocidade e engajamento nos fóruns multilaterais. O Brasil procurou maior horizontalidade nas relações internacionais, procurando falar de “igual para igual” nos pleitos globais, evitando “falar grosso” com os países mais fracos e também, evitando “falar fino” com países mais fortes. Durante o governo Lula, o Brasil atingiu o ápice de sua diplomacia, tendo política externa proativa, engajada, afirmativa e convicta na defesa de seus interesses; se tornando, finalmente, um player importante no sistema internacional e sendo visto como potência em ascensão. Na foto, Missão de Paz no Haiti coordenada pelo Brasil. O Brasil estava colhendo os frutos das estratégias de regionalismo, multilateralismo e renovação de credenciais e enfim, se tornando um player importante no sistema internacional. Houve o aprofundamento e o adensamento das relações do Brasil não só com a América Latina, mas com o Oriente Médio, a África e a Ásia. Relações antigas ganharam um novo patamar de maior conexão e, além disso, novas relações foram traçadas, ampliando ainda mais o raio de ação do Brasil (Não por acaso, havia muitas vagas para o CACD). O Brasil era considerado um país de grande prestígio internacional, líder natural da América Latina e um dos principais articuladores do sul-global. Devido a essa elevação de patamar, o número de eventos diplomáticos é tão grande, mas tão grande, que deixaremos a maior parte do conteúdo para ser tratada em outras aulas: deste período, há muita coisa para se falar, por exemplo, nas relações bilaterais Brasil-Estados Unidos, Brasil-Argentina, Brasil-China, etc. Como é um período recente, tomaremos o cuidado para não enviesar politicamente o material de estudo – afinal, a ideia é que vocês passem no concurso. Pensando naquelas três perguntas – quem formula a política externa, quais são os condicionantes internos e quais são os condicionantes externos – nós podemos entender melhor esse período. No “quem formula”, a política externa brasileira foi idealizada pelo Partido dos Trabalhadores, em destaque à figura do Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 29 internacionais. Também se destaca o diplomata Celso Amorim que permaneceu no Ministério das Relações Exteriores por um grande período, englobando os dois mandatos inteiros do Governo Lula. No que diz respeito aos condicionantes externos, a América Latina estava passando por um período de transformação. O esgotamento do modelo neoliberal abriu caminho para a chamada onda rosa no continente; ou seja, a eleição de presidentes de esquerda em vários países, tais como: Lula (Brasil) Hugo Chavez (Venezuela), Nestor e Cristina Kirchner (Argentina) e Evo Morales (Bolívia). Essa convergência ideológica ajudou neste aumento da integração dos países latino-americanos. Ainda no rol dos condicionantes externos, houve a intensificação da globalização com o barateamento dos produtos de informática/internet, das passagens aéreas, das tecnologias de comunicação e dos demais objetos técnicos que possibilitavam a integração global. Os condicionantes internos também eram favoráveis. A economia estava em ascensão, as commodities – principais produtos produzidos no Brasil – estavam em alta e a China, grande parceira comercial do Brasil, estava crescendo em ritmo exponencial. Vejamos os principais fatos marcantes e temas-chave do período: Nova República – Luís Inácio Lula da Silva (2003 – 2010) – Temas-chave Prioridades: Mercosul e os países da América do Sul, Central e Caribe Os países da Américas do Sul, Central e Caribe tornaram-se prioridade, aprofundando a estratégia regionalista iniciada nos governos anteriores. Nesta época, o Mercosul deixou de ser um grupo meramente economicista para ganhar um contorno cada vez mais político, cultural e social, passando a ter uma realidade mais densa, portanto. Adoção do conceito de "autonomia pela assertividade" Houve a adoção do conceito de autonomia pela assertividade. Isso significa que o Brasil passaria a adotar uma política externa assertiva, ativa e altiva. Ou seja, uma política externa participativa, proativa, engajada, afirmativa e convicta na defesa de seus interesses, adotando os princípios de reciprocidade e engajamento nos fóruns multilaterais. Nova República – Luís Inácio Lula da Silva (2003 – 2010) – Breve contexto histórico Brasil passou a utilizar o BNDES como grande motor da integração física da América do Sul O Brasil passou a utilizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) como grande motor da integração física da América do Sul – e aí está incluída a IIRSA iniciada no governo FHC. Durante o governo Lula, o BNDES financiou infraestruturas em diversos países como Venezuela, Bolívia, Paraguai ou Uruguai. Brasil derrubou diversas barreiras comerciais impostas aos produtos chinees, facilitando sua entrada no país. O Brasil derrubou diversas barreiras comerciais impostas aos produtos chineses facilitando sua entrada no Brasil e abrindo o caminho para que a China se tornasse a principal parceira do Brasil no âmbito comercial – até muito recentemente, nosso principal parceiro comercial era os Estados Unidos. Por causa disso, houve a inundação de produtos chineses no Brasil – lembrem-se da proliferação de “lojinhas de 1 real” no início dos anos 2000. Também houve o aumento de exportações brasileiras para a China Alexandre Vastella Aula 06 Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 30 que neste momento, estava crescendo em uma grande velocidade. Exportamos minério de ferro, soja, carnes, grãos e uma série de outras commodities.
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