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A Sistemática e a Teoria Geral da Execução Civil no Cpc15

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A sistemática e a teoria geral da execução civil no CPC/15 
Introdução 
Atualmente, com o avanço da sociedade, a execução não mais incide sobre a pessoa do devedor, e sim sobre seu 
patrimônio, revestindo-se de caráter patrimonial. 
Essa mudança teve início em Roma, a partir do século V, sendo que, nesse período clássico, a obtenção da tutela 
jurisdicional era condicionada ao exercício de duas ações separadas: 
• actio¸ em que havia a declaração do direito; 
• actio iudicati, por meio da qual se alcançava a via executiva. 
No direito brasileiro, pelo sistema consagrado no Código de Processo Civil de 1973, procedia-se do mesmo modo. 
Primeiro, declarava-se o direito e se condenava o réu ao cumprimento de uma obrigação (processo de 
conhecimento), e depois, mediante um processo autônomo, buscava-se a satisfação dessa mesma obrigação 
(processo de execução). 
Outorgava-se, ainda, tratamento unificado à execução, estivesse ela fundada em título judicial ou extrajudicial. Em 
ambos os casos, havia sempre a formação de um processo de execução autônomo. Não havia diferenças substanciais 
entre o processo e o procedimento da execução por título extrajudicial e judicial. 
A partir de 1994, para superar esse entrave da actio iudicati que retardava a satisfação do direito do credor da 
execução judicial, houve sucessivas reformas processuais, tornando o processo sincrético, não mais existindo o 
processo de execução de título judicial, mas fase de cumprimento de sentença. Apenas a execução extrajudicial 
mantém-se como processo autônomo. 
Diante disso, torna-se fundamental o estudo dos princípios fundamentais e de todas as particularidades da formação, 
suspensão e extinção da execução, investigando ainda os títulos judiciais e a nova dinâmica da responsabilidade 
patrimonial do devedor na perspectiva trazida pelo CPC/15. Esses são os assuntos que exploraremos neste conteúdo. 
Modulo 01 
 
Princípios fundamentais da execução: Formação, suspensão e extinção da execução 
Principiologia do CPC/15 
O Código de Processo Civil de 2015 foi instituído com a perspectiva de constituir um marco na superação das 
dificuldades contemporâneas enfrentadas pelo Poder Judiciário nas demandas judiciais, como a morosidade e a 
efetividade. Nesse cenário, a nova legislação processual foi estruturada com uma carga principiológica não presente 
no código anterior, buscando estabelecer uma verdadeira sintonia com a Constituição Federal de 1988 – CF/88. 
A Constituição, pois, torna-se o ponto de partida e o ponto de chegada para qualquer interpretação e argumentação 
jurídica, de forma a conferir-lhe eficácia dogmática e valoração na hora de decidir os casos submetidos ao Judiciário 
(BARROSO, 2018). 
O Código de Processo Civil de 2015 rende-se a tais premissas e passa a ter uma tessitura aberta, buscando 
concretizar os valores dispostos na Constituição, de modo a viabilizar e melhorar o acesso à justiça, a partir da 
positivação princípios que traduzem um catálogo de direitos fundamentais. 
Nessa linha, o legislador processual contempla uma variedade de princípios no código como o contraditório, vedação 
das decisões surpresas, o acesso à justiça, a cooperação e boa-fé, primazia da decisão de mérito, razoável duração do 
processo, ordem cronológica, menor onerosidade etc. 
 
Princípios fundamentais em espécie 
Princípios da execução 
• Princípio da menor onerosidade da execução 
Como forma de equilibrar o interesse do exequente com os direitos do executado, permitindo que o exato 
adimplemento do crédito seja alcançado de modo equilibrado e razoável, a execução deve ser a menos onerosa 
possível ao devedor. 
Essa regra encontra-se prevista no art. 805 do CPC, que dispõe que: “Quando por vários meios o exequente puder 
promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado". 
O princípio da menor onerosidade auxilia na escolha do meio executivo pelo juiz, ou seja, da providência que levará 
ao cumprimento da prestação exigida pelo credor. 
Ele incide na análise da adequação e necessidade do meio, mas não pode prejudicar a obtenção do resultado. 
O devedor não pode invocar a menor onerosidade como fundamento para furtar-se ao cumprimento da prestação na 
forma específica ou, por exemplo, requerer a substituição da penhora de dinheiro, ou do faturamento de sua 
empresa, por outros, de mais difícil liquidação, sob o argumento de que essa forma é menos onerosa. 
Além disso, o princípio não autoriza a interpretação de que o valor da execução deve ser diminuído, para que o 
executado possa cumprir a obrigação, ou de que se deve tirar o direito do credor de escolher a prestação na 
obrigação alternativa. 
Enfim, tudo isso relaciona-se ao resultado da atividade executiva, que não sofre influência do princípio da menor 
onerosidade. 
O resultado a ser alcançado é o estabelecido pelo direito material. O modo de se chegar até esse resultado é que 
deve consistir na menos onerosa possível para o executado. Isto é, pressupõe a existência de vários meios 
equivalentes para alcançar a satisfação do exequente. 
• Princípio da responsabilidade patrimonial 
O art. 789 do CPC determina que o devedor responda “com todos os seus bens presentes e futuros para o 
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Com os bens, não com a sua pessoa. Isto 
é, atualmente é o patrimônio do devedor que responde por débitos. 
Contudo, o princípio não alcança a totalidade do processo executivo, por conta do princípio da efetividade. Nas 
execuções específicas – obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa certa, há nítida preferência pelo cumprimento 
in natura da prestação em um primeiro momento, somente se não for possível a essa execução específica que haverá 
a conversão em perdas e danos e, aí sim, incide a aplicação do princípio da patrimonialidade. 
Existe ainda outra particularidade quando envolve execução de obrigação alimentícia, na qual se admite a prisão 
cível com o objetivo de coagir o executado a adimplir a obrigação. A prisão, contudo, não substitui o pagamento da 
prestação de alimentos devida. 
• Princípio do exato adimplemento 
Se a finalidade do processo de execução é a satisfação de uma obrigação não cumprida em prol do exequente, é 
justificável que ele se desenvolva com fundamento em seus interesses, isto é, o exato adimplemento da obrigação. 
A tutela jurisdicional deve propiciar ao credor o que ele teria com o cumprimento voluntário da obrigação pelo 
executado. É o que prevê o art. 797 do CPC ao dispor que: realiza-se a execução no interesse do exequente”. 
Os arts. 497, caput, e 498, caput, do CPC, materializam também esse princípio ao privilegiarem a tutela específica e 
determinarem providências para assegurar resultado prático equivalente ao que seria obtido com o adimplemento. A 
conversão em perdas e danos deve ser excepcional: quando o credor a preferir (e mesmo assim com algumas 
ressalvas), ou quando for impossível a referida tutela específica, ou equivalente. 
Além disso, o princípio do exato adimplemento proíbe que a execução abranja além daquilo que seja necessário para 
o cumprimento da obrigação. Tanto é que estabelece o art. 831 do CPC que serão penhorados tantos bens quantos 
bastem para o pagamento do principal, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. 
• Princípio da autonomia 
O princípio da autonomia do processo de execução determina que o processo executivo é autônomo ao processo de 
conhecimento. Enquanto este possui a finalidade de procurar o acertamento do direito material deduzido em juízo, 
aquele objetiva cumprir a obrigação do executado. 
Com o advento da Lei 11.232/2005, apenas a execução por título extrajudicial desencadeia a formação de um 
processo autônomo. E a de título judicial, quando este for sentença arbitral, estrangeira ou penal condenatória. 
Nos demais, existirá mera fase de cumprimento de sentença, e a execução constituirá umconjunto unitário com o 
processo antecedente, chamado processo sincrético. Isso não implica que ela tenha perdido a autonomia, pois a fase 
executiva não se confunde com a cognitiva. A autonomia persiste, se não com um processo novo, ao menos com o 
desenvolvimento de uma nova fase processual. 
• Princípio da utilidade 
Não se justifica a execução se não trouxer alguma vantagem para o exequente. O processo é um instrumento que 
objetiva alcançar um fim certo. Especificamente, na execução, a busca é pela satisfação total ou parcial do 
exequente. 
Não se pode admitir que a execução prossiga quando somente trará prejuízos ao executado, sem reverter em 
proveito para o exequente. 
É o que ocorre quando se verifica que o valor do bem penhorado será inteiramente consumido para o pagamento 
apenas das custas e despesas da própria execução, conforme estabelece o art. 836 do CPC: “Não se levará a efeito a 
penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo 
pagamento das custas da execução”. 
Com base nesse princípio, impede-se também a aplicação das astreintes (multa para compelir o devedor ao 
cumprimento forçado da prestação devida) quando o juiz se convence de que a obrigação se tornou materialmente 
impossível de ser adimplida, e apenas prejudicaria o executado, sem nenhum benefício ao exequente. 
Por óbvio, há ainda outros princípios fundamentais da execução, como os da efetividade da tutela executiva, 
cooperação, adequação, boa-fé processual, efetividade, os quais, apesar de relevantes, não são tão debatidos pela 
doutrina, razão pela qual devem ser objeto apenas de estudo complementar pelos alunos. 
 
Formação da execução 
Considerações preliminares 
Por definição, o procedimento executivo é conjunto de atos praticados com a finalidade de alcançar a tutela 
jurisdicional executiva, ou seja, a efetivação, realização, satisfação da prestação devida, seja ela uma prestação de 
fazer, de não fazer, de pagar quantia ou de dar coisa distinta de dinheiro. 
Essa execução pode ser buscada mediante processo autônomo de execução ou de uma fase instaurada dentro de um 
processo já em trâmite. Em ambas as situações, a execução tramita com observância de dado procedimento, que é o 
procedimento executivo. 
O presente tópico aborda aspectos gerais relativos à formação do procedimento executivo. 
É necessário entender que não há somente uma espécie de procedimento executivo e que também não existe um 
procedimento executivo padrão (tal como há o procedimento comum para a apreciação da demanda cognitiva). 
A depender do título que lhe serve de lastro, a execução pode ser classificada em execução fundada em título 
executivo judicial e execução fundada em título executivo extrajudicial. 
Ademais, de acordo com a natureza da prestação cuja satisfação se persegue, a execução pode ser classificada em 
execução de prestação de fazer, de não fazer, de pagar quantia e de dar coisa distinta de dinheiro. 
Ainda dentro de cada uma dessas categorias, é possível verificar a existência de procedimentos executivos especiais: 
Ocorre, por exemplo, com o procedimento para a execução de alimentos ou com o procedimento para pagamento de 
quantia instaurado pela ou contra a Fazenda Pública, que se diferencia do procedimento executivo genérico para 
pagamento de quantia. 
 
Elementos da demanda executiva 
A atividade executiva desenvolvida com o objetivo de cumprir obrigação reconhecida em título executivo judicial 
pode ter início de dois modos: 
• Por provocação da parte interessada, que é o mais comum. 
• De ofício, por provocação do magistrado, que é o que ocorre, ou pode ocorrer, por exemplo, na execução 
trabalhista e na execução das decisões fundadas nos arts. 536 e 538 do CPC. 
Nas situações em que a execução ocorre por mera fase que se abre no curso de um processo sincrético (execução 
judicial), ela deve materializar-se numa petição simples, que não necessita, obrigatoriamente, cumprir todos os 
requisitos de validade de uma petição inicial (art. 319 do CPC), mas deve satisfazer requisitos mínimos necessários à 
compreensão da demanda postulada em juízo. 
Nesses processos sincréticos, o credor deverá especificar, ao formular o seu pleito, de forma clara e compreensível, o 
demonstrativo do cálculo, devidamente atualizado (juros e correção monetária) e, desde que possível, indicar bens 
penhoráveis (artigo 524). 
Por sua vez, nos casos em que a execução se dá por meio de processo autônomo, como naquela fundada em título 
executivo extrajudicial, ela deve ser materializada numa petição inicial. 
Esse ato postulatório principal do exequente chama-se demanda e traduz princípio muito fundamental no direito 
processual civil. 
Se a demanda tem por objetivo a satisfação de um direito já certificado (seja num título executivo judicial ou 
extrajudicial) e que até então não foi cumprido (inadimplemento), tem-se, então, na execução, uma chamada 
demanda executiva. 
Essa demanda executiva compõe-se de três elementos: 
• Partes 
• Causa de pedir 
• Pedido 
Partes 
Em regra, são legitimados para a execução aqueles que figuram no título como credor e devedor. É o que se extrai 
dos arts. 778, caput, e 779, I, do CPC. 
Mas há legitimados que, embora não figurem no título executivo, podem promover a execução como os sucessores, 
a título inter vivos ou mortis causa, do credor ou do devedor, o sub-rogado, o fiador do débito, constante do título, o 
lesado individual, nas ações civis públicas para a defesa de interesses individuais homogêneos, e a vítima de crime, 
que queira executar civilmente a sentença penal condenatória transitada em julgado, proferida contra o ofensor. 
Por sua vez, há os casos de legitimidade extraordinária, em que a lei confere a alguém para que ir a juízo, em nome 
próprio, buscar a satisfação de direito que é alheio. 
O exemplo mais importante é dado pelas ações civis públicas, em que se autoriza o Ministério Público e demais 
entidades legitimadas a promover, em nome próprio, a execução das condenações, cujo beneficiário é o lesado. 
Nesse caso, a legitimidade extraordinária não é exclusiva, nem afasta a possibilidade de a execução ser promovida 
pela própria vítima, em benefício próprio, caso em que haverá legitimidade ordinária. 
Na execução, é possível a formação de litisconsórcio ativo, passivo e misto, seja o título judicial ou extrajudicial. Ainda 
é possível a assistência. Não sendo cabível, contudo, chamamento ao processo. 
Causa de pedir e pedido 
I. A causa de pedir da demanda executiva necessita da prova de, pelo menos, dois fatos jurídicos: a existência 
de um direito à efetivação do direito de prestação certo, líquido e exigível, que demanda ser provada por 
meio da exibição de um título executivo judicial ou extrajudicial; 
II. a existência da falta de cumprimento por parte do devedor, que cause lesão ao direito do credor. 
Em relação ao pedido, aplica-se, nesse momento, a noção de que ele abrange dois objetos: 
• Objeto mediato 
Refere-se ao bem da vida que se pretende obter, por exemplo: o pagamento de uma quantia, o fazer, o não fazer, a 
entrega de uma coisa distinta de dinheiro. 
• Objeto imediato 
Relaciona-se à pretensão de concessão da tutela jurisdicional executiva, com a consequente adoção de providências 
executivas. Nessa hipótese, dispõe a legislação que, quando por mais de um modo se puder efetuar a execução, 
compete ao exequente indicar aquele de sua preferência (art. 798, II, "a", CPC), observada a cláusula geral de 
proteção do executado contra o abuso do direito pelo credor (art. 805, CPC). 
Além disso, o crédito exequendo (quantia, fazer, não fazer ou coisa) há de ser certo, líquido e exigível, sendo que o 
pedido deve ser expresso no tocante ao que se pretende e delimitado em relação à quantidade/qualidade do objeto 
da prestação – com exceção das hipóteses em que a prestação cuja satisfação se pretende tenha por objetocoisa 
incerta e a individualização seja do devedor (art. 811, CPC). 
Em razão disso, quando se pretende, por exemplo, o pagamento de quantia, é necessário indicar expressamente o 
montante do crédito perseguido, colacionando-se ao instrumento da demanda o respectivo memorial de cálculos 
(art. 798, 1, "b" e parágrafo único, CPC). 
Ademais, é possível, no procedimento executivo, a cumulação de demandas executivas contra o mesmo devedor, 
mesmo que fundadas em títulos diferentes, desde que para a sua apreciação seja competente o juízo e idêntico o 
procedimento executivo (art. 780, CPC). 
Os requisitos de admissibilidade da cumulação de demandas executivas previstos no art. 780 do CPC muito se 
aproximam dos dispostos no art. 327 do CPC, quais sejam: 
• Identidade de partes 
• O juízo seja competente para apreciar as demandas executivas cumuladas 
• O procedimento executivo necessário para que a solução dessas demandas seja idêntica 
No processo autônomo de execução, o executado é citado para cumprir a prestação de que é devedor ‒ não para 
oferecer defesa ou para uma tentativa de conciliação ou de mediação. Nada impede, contudo, que o exequente faça 
requerimento de designação de audiência de conciliação ou de medição, nos termos do art. 319, VII, CPC. 
Há outros requisitos gerais da petição inicial executiva como a atribuição de valor à causa (art. 319, V, CPC), indicação 
das provas com que o exequente pretende demonstrar suas alegações de fato (art. 319, VI, CPC) e a juntada de 
documentos indispensáveis. 
Consideram-se indispensáveis aqueles documentos que a lei expressamente reclama para que a demanda seja 
ajuizada, bem como aqueles que se tornam indispensáveis porque o exequente indica na sua petição inicial. 
Especificamente, o art. 798, I, estabelece alguns documentos indispensáveis à propositura da demanda executiva. 
Em certas circunstâncias, tem o exequente de requerer a intimação de terceiros. As hipóteses estão descritas nos 
incisos I a VII do art. 799 do CPC: 
I. intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens 
gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária; 
II. intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado por 
usufruto, uso ou habitação; 
III. intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa 
de compra e venda registrada; 
IV. intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa 
de compra e venda registrada; 
V. intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, 
concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair 
sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou concessão; 
VI. intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso 
especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do 
superficiário, do enfiteuta ou do concessionário. 
Embora o art. 799 do CPC não mencione expressamente, o exequente deve providenciar a intimação da União, 
Estados e Municípios no caso de penhora de bem tombado (enunciado n. 447 do Fórum Permanente de 
Processualistas Civis). 
Convém, ainda, que o possuidor do bem penhorado seja intimado, se conhecida a sua existência, em respeito à 
função social da posse (art. 1.210, Código Civil; art. 674, CPC). 
 
Suspensão da Execução 
Acontece de o curso normal do processo, segundo a ordem preordenada do procedimento, deparar-se com eventos 
heterogêneos, impedindo-lhe o fluxo até sua remoção ou produzindo alterações na ordem dos atos processuais, 
gerando o que se chama de suspensão do processo. 
A distinção entre suspensão e extinção processual é: 
• Suspensão do processo 
Constitui uma paralisação temporária na tramitação processual, que poderá voltar desde que suma a condição 
suspensiva. 
• Extinção do processo 
É uma interrupção definitiva da ação, por vezes, relativa à renúncia do direito material que está sendo veiculado no 
processo, ou, em se tratando de execução, referente ao direito de crédito que foi extinto. 
Na execução, as hipóteses de suspensão vêm reguladas nos arts. 921 a 923 do CPC. 
• Primeira hipótese de suspensão: É a de estarem presentes as hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber: são 
as hipóteses de suspensão previstas na Parte Geral do CPC, como: a morte ou perda de capacidade processual de 
uma das partes, por convenção, arguição de impedimento ou suspensão, dentre outros. 
• Segunda hipótese de suspensão: É a da suspensão, total ou parcial, que advém do recebimento dos embargos à 
execução, quando a eles for atribuído o efeito suspensivo. É relativa, em regra, à execução de título extrajudicial, 
porque só nela a defesa do devedor far-se-á por meio de embargos. 
Nos cumprimentos de sentença, a impugnação não tem efeito suspensivo, mas o juiz pode concedê-lo quando a 
fundamentação for relevante, houver perigo de prejuízo irreparável ou de difícil reparação, e quando o juízo 
estiver garantido por penhora, caução ou depósito suficientes. 
• Terceira hipótese de suspensão: Prevista no art. 921, é quando o executado não possuir bens penhoráveis. Como 
a execução por quantia faz-se com a expropriação, se os bens não forem encontrados, não há como prosseguir. O 
processo será suspenso, sem que haja extinção, pelo prazo de um ano, durante o qual não corre o prazo de 
prescrição intercorrente. Decorrido o prazo, para que a prescrição continue suspensa, é preciso que o exequente 
se manifeste, realizando as diligências necessárias e tomando as providências para que a execução possa ter 
andamento. 
Se ele o fizer, manifestando-se em termos de prosseguimento, a prescrição não corre, ainda que o processo 
venha a ser suspenso por mais um período, por continuarem inexistindo bens. Mas, se, passado um ano, não 
houver manifestação do exequente, a execução continuará suspensa, porém o prazo de prescrição intercorrente 
terá início. Consumada a prescrição, o juiz poderá decretá-la de ofício, depois de ouvir as partes, que terão prazo 
de 15 dias para manifestar-se. 
• Quarta hipótese de suspensão: É a da suspensão quando a alienação dos bens penhorados não se realizar por 
falta de licitantes e o exequente, em 15 dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis. 
Nada impede que o exequente postule, após algum tempo, nova tentativa de alienação. Pode ser que a primeira 
tentativa fracasse, mas as posteriores sejam bem-sucedidas. 
• Quinta hipótese de suspenção: Haverá a suspensão quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916: é 
a hipótese de moratória convencional, em que o executado, no prazo de embargos, depositando 30% do valor do 
débito, poderá requerer o parcelamento do restante em até seis prestações. 
Além disso, o art. 922 permite que, convindo às partes, o juiz declare suspensa a execução durante o prazo 
concedido pelo exequente para que o executado cumpra voluntariamente a obrigação. 
Mas essas hipóteses não esgotam as possibilidades de que a execução seja suspensa. 
O recebimento dos embargos de terceiro também terá o condão de suspender a execução quando os embargos 
versarem sobre todos os bens constritos (CPC, art. 678) e o cumprimento de sentença poderá ser suspenso se for 
ajuizada ação rescisória, na qual seja deferida liminar. Com redação praticamente idêntica àquela exposta no CPC/73, 
determinada a suspensão, não serão praticados quaisquer atos no processo, a não ser aqueles urgentes, desde que a 
suspensão não decorra de arguição de impedimento ou de suspeição (CPC, art. 923), ressalvado ao magistrado a 
possibilidade de ordenar, quando cabível e necessário, as providências consideradas urgentes, como a alienação 
antecipada de bensou a prática de atos de conservação sobre a coisa penhorada. 
A total vedação à prática de atos, durante a suspensão do processo, só é absoluta quando a suspensão tenha sido 
motivada por arguição de impedimento ou suspeição, caso em que há dúvida sobre a imparcialidade do juiz, de 
modo que seus atos sejam considerados suspeitos até que esclarecidos. 
O desrespeito à regra ora em comento é causa de controvérsia na doutrina, havendo entendimento no sentido de 
que os atos praticados, desde que não sejam urgentes, serão considerados ineficazes. Outros entendem que os atos 
são nulos de pleno direito, enquanto uma terceira corrente defende que os referidos atos padecem de vício de 
inexistência. 
 
Extinção do processo de execução 
O Código de Processo Civil dedica os arts. 924 e 925 à extinção da execução. O art. 924 enumera cinco hipóteses em 
que ela ocorrerá. Mas essas hipóteses estão muito distantes de esgotar as possibilidades. 
O rol não pode ser considerado taxativo. 
O art. 925, por sua vez, estabelece que a extinção deva ser declarada por sentença, que terá natureza peculiar. Não 
pode ser considerada nem como de extinção com resolução de mérito, nem de extinção sem resolução de mérito, 
porque não há julgamento de mérito na execução (fica ressalvada a hipótese de extinção pelo reconhecimento da 
prescrição, já que, nesse caso, a sentença se revestirá da autoridade da coisa julgada material). 
A finalidade dessa sentença é declarar que foi constatada alguma das causas de extinção e encerrar a execução. Ao 
contrário do que ocorre no processo de conhecimento, o processo não alcança o seu objetivo com a prolação dessa 
sentença, mas com a satisfação do credor, seja pelo cumprimento da obrigação, seja por outra forma equivalente. 
A sentença do art. 925 só é dada para declarar que a execução chegou ao final, e que deve ser encerrada. 
Hipóteses de extinção: São cinco as hipóteses de extinção expressamente mencionadas na lei: 
• Primeira hipótese de extinção: É a do indeferimento da inicial, o que ocorrerá nas hipóteses do art. 330 do CPC. 
• Segunda hipótese de extinção: É a satisfação da obrigação, a forma por excelência de extinção da execução. 
Quando a obrigação é satisfeita, o processo alcançou a sua finalidade. O cumprimento da obrigação pode ser 
voluntário (remição da execução, a qualquer tempo, na forma do art. 826 do CPC) ou coativo, quando houver 
alienação judicial de bens e pagamento do credor. 
• Terceira hipótese de extinção: É aquela em que o devedor obtém, por qualquer outro meio, a extinção total da 
dívida. Trata a lei, nessa hipótese, da extinção da obrigação pelos meios previstos na lei civil, que incluem a 
transação, a compensação, a novação e a confusão. 
• Quarta hipótese de extinção: É a de o exequente renunciar ao crédito, caso em que nada mais haverá a executar. 
• Quinta hipótese de extinção: É a de haver o reconhecimento da prescrição intercorrente. 
Há outras formas de extinção, além daquelas elencadas no art. 924. A execução será extinta, por exemplo, quando 
houver o acolhimento de embargos à execução ou da impugnação, nos quais se discute a integralidade do débito, ou 
quando o juiz reconhecer que falta à execução alguma condição da ação ou pressuposto para o desenvolvimento 
válido e regular do processo. 
Outra causa de extinção, não incluída no art. 924, é a desistência da execução, cuja homologação independe de 
consentimento do devedor, exceto quando estiver embargada ou impugnada e os embargos ou a impugnação não 
versarem exclusivamente sobre matéria processual (art. 775 do CPC). 
Como a sentença proferida na execução não é de mérito (salvo o reconhecimento da prescrição intercorrente), mas 
declaratória de encerramento, ela não produzirá a coisa julgada material, mas apenas formal. 
Isso não impedirá o devedor de, em ação própria, postular a repetição do que pagou indevidamente na execução, 
desde que prove que o fez por erro. 
Contudo, para que haja extinção da execução, é preciso que disso resulte a extinção do débito. Se houver, por 
exemplo, um acordo para pagamento, a execução não será extinta, mas ficará suspensa até que o devedor o quite. 
 
Modulo 02 
Títulos Executivos 
O que é um título executivo? 
Conceito e requisitos 
A necessidade de um título é uma exigência antiga, instituída com base nas concepções liberais de segurança jurídica 
do século XIX. A justificativa fundamenta-se na ideia de que não poderia existir execução sem a certeza em relação à 
existência do direito. 
Por definição, título executivo é o documento que certifica um ato jurídico normativo, que confere a alguém um 
dever de prestar obrigação líquida, certa e exigível a que a lei outorga o poder de autorizar a deflagração da atividade 
executiva. São três requisitos, portanto: 
• Certeza: Diz respeito à existência da obrigação. 
• Liquidez: Refere-se à determinação de seu objeto. 
• Exigibilidade: Requer o direito à prestação atual, não estando sujeita a termo ou a condição suspensiva. 
Na concepção de Carnelutti (1960), o título é o documento que o credor deve apresentar ao órgão judicial para 
conseguir a execução, que se assemelha ao “bilhete de passagem” que o viajante entrega na “estação de trem”. 
Sendo o título requisito necessário para a instauração da execução – ao mesmo tempo indispensável e suficiente 
para o desencadeamento da sanção executiva –, apenas a lei pode instituí-lo. Não existe título que não esteja 
previsto em lei: o rol legal é numerus clausus. Sujeita-se, portanto, à regra da taxatividade. 
Há os previstos no Código de Processo Civil e aqueles criados por leis especiais. Somente a lei pode criar um título 
executivo ou incluí-lo no elenco de títulos já existentes. 
Antes do advento do CPC/15, prevalecia o entendimento de que não seria possível que as partes instituíssem título 
executivo não previsto em lei. Não haveria, dessa forma, título executivo por mera deliberação das partes, de modo 
que seria tido como ineficaz, eventual cláusula que permitisse a execução por deliberação das partes. 
Ocorre que, com a redação do art.190 do CPC, que contempla a atipicidade dos negócios jurídicos processuais, é 
possível construir uma argumentação da possibilidade de criação de títulos executivos por deliberação negocial com 
base no CPC/15. Esse é o entendimento de Freddie Didier (2017), flexibilizando a regra da taxatividade. 
 
Títulos executivos judiciais 
O art. 515 do CPC enumera os títulos executivos judiciais, que autorizam a deflagração do cumprimento da sentença. 
São constituídos a partir do resultado de uma conduta da atividade jurisdicional. 
Para os títulos judiciais, o rito executivo será o cumprimento de sentença, instaurado nos próprios autos do processo 
de conhecimento, com o objeto de imprimir maior celeridade e eficácia à tutela jurisdicional. 
O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a 
requerimento do exequente (art. 513, §1º, CPC), sendo que o juiz, salvo nas hipóteses legais em que expressamente 
autorizado, não pode instaurá-lo de ofício. 
Esse cumprimento é, em regra, somente uma fase do procedimento comum, não sendo necessária nova citação do 
devedor para adimplir a obrigação. Não há interrupção da relação processual, que continua entre as mesmas partes, 
a partir de agora, chamados de exequente e executado. 
A continuidade do processo ocorre por meio de requerimento do credor nos próprios autos, e não pela apresentação 
de petição inicial, por isso, torna dispensável nova citação do devedor, mas é exigido que lhe seja dada ciência do 
cumprimento da sentença para pagamento em 15 dias, mediante intimação, a qual será realizada (art. 513, §2º): 
• Pelo Diário da justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos. 
• Por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria pública ou quando não tiver 
procurador constituído nos autos. 
• Por meio eletrônico,quando, no caso do §1º do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos. 
• Por edital, quando citado, a teor do art. 256 (por edital), tiver sido revel na fase de conhecimento. 
Em qualquer das situações, se o exequente requerer o cumprimento de sentença após um ano do trânsito em 
julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, mediante carta com aviso de recebimento enviada 
ao endereço constante nos autos. 
É possível ainda o devedor apresentar impugnação ao cumprimento de sentença no prazo de 15 dias, que se inicia 
imediatamente após acabar o prazo de 15 dias que o executado tinha para fazer o pagamento voluntário. 
Quanto às espécies de títulos executivos judiciais, o art. 515 traz o seguinte rol: 
I. as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de 
fazer, de não fazer ou de entregar coisa. 
O exemplo mais claro é a sentença que põe a termo à fase de conhecimento, condenando o devedor a fazer, 
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia. As três primeiras espécies de obrigação desencadeiam um modelo 
de execução específica e a última, o modelo genérico. 
Note-se que não se trata apenas da sentença e não são apenas as decisões condenatórias, mas as que 
reconhecem os elementos da obrigação. 
II. a decisão homologatória de autocomposição judicial. 
A sentença que homologa acordo, a autocomposição celebrada entre as partes é uma forma de resolução de 
mérito, a teor do art. 487, III, do CPC, e, por isso, legitima judicialmente a necessidade de cumprimento da 
obrigação pactuada entre as partes. 
 
III. a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza. 
Se as partes realizarem uma autocomposição fora do processo, esta pode ser levada a juízo para a devida 
homologação judicial, com o objetivo de atribuir força executiva ao acordo extrajudicial, que, agora, passa a 
constituir um título executivo. 
 
IV. o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores 
a título singular ou universal. 
O formal e a certidão de partilha constituem documentos oriundos do processo de inventário ou partilha, 
que também são tidos como títulos executivos, mas apenas em relação aos herdeiros e sucessores. 
 
V. o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por 
decisão judicial. 
Nesse exemplo, cuidam-se dos créditos de serventuários da justiça que desempenham atividades em feitos 
judiciais sem que tenha havido o adimplemento voluntário pela parte processual onerada, sendo que os 
emolumentos ou honorários foram aprovados por decisões judiciais, que, por sua vez, fixaram o valor a ser 
satisfeito. 
 
VI. a sentença penal condenatória transitada em julgado. 
As sentenças penais com trânsito em julgado têm, como um de seus efeitos, o reconhecimento do dever de 
indenizar do réu, na esfera cível, a qual, posteriormente, deverá passar por uma fase de liquidação. 
Assim, a vítima de um crime terá duas opções: ajuizar a ação com pedido reparatório, desde logo, na esfera 
cível, ou aguardar o resultado da ação criminal, que, se favorável, formará título executivo judicial. 
VII. a sentença arbitral. Constitui sentença arbitral o ato que julga a arbitragem, isto é, o procedimento 
extrajudicial regido pela Lei 9.307/96.Embora não seja um ato formado dentro do Poder Judiciário, o CPC o 
equipara àquele proferido por um juiz, razão pela qual seguirá o trâmite executivo do cumprimento de 
sentença. Não há mais necessidade de homologação dessa sentença pelo Poder Judiciário, o que trouxe 
muita discussão a respeito da constitucionalidade da arbitragem no Brasil. Tal questão pacificou-se, diante da 
decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal, que a considerou constitucional. 
 
VIII. a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. 
 
A sentença estrangeira constitui uma decisão proferida por autoridade judiciária ou órgão público similar, 
dentro dos critérios jurisdicionais determinados pelo ordenamento jurídico do Estado que a prolata, que 
produzirá seus efeitos em outro Estado. 
Para que tenha eficácia e executoriedade no Brasil, a sentença estrangeira necessita da homologação. 
Essa competência, originariamente era afeita ao STF, até o advento da emenda 45, que a transferiu para o 
Superior Tribunal de Justiça, com o fito de imprimir celeridade processual aos procedimentos 
homologatórios. Tal exigência resulta da intima ligação da jurisdição à soberania do Estado. 
IX. a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal 
de Justiça. 
Neste caso, o título executivo é a decisão estrangeira, após a concessão do exequatur pelo STJ. 
O exequatur constitui um documento autorizador para o cumprimento de cartas rogatórias no Brasil, 
elaborado Presidente do Superior Tribunal de Justiça, para que, validamente, determine diligências ou atos 
processuais requisitados pelas autoridades estrangeiras para que possam ser executados na jurisdição do juiz 
competente. 
 
Apesar de o art. 515 do CPC não os mencionar, existem pelo menos dois outros títulos executivos judiciais: 
• A decisão que concede tutela provisória antecipada, reconhecendo obrigação. 
• A decisão inicial na ação monitória, quando não opostos os embargos. 
 
Títulos executivos extrajudiciais 
É amplo o rol de títulos extrajudiciais previstos na lei brasileira. Há os enumerados no art. 784 do CPC e outros 
previstos em lei especial. Como não é precedido de fase cognitiva, o grau de certeza que dele decorre é menor do 
que o do título judicial. 
São formados pela criação de documentos que representam relações jurídicas do mundo dos fatos que os dão causa, 
por meio da vontade das próprias partes envolvida. Nessa espécie de título, os atos executivos se desenvolverão por 
processo autônomo de execução, rito que confere maior segurança às partes, com ampla produção probatória com 
relação ao título e ao direito nele contido. 
Títulos extrajudiciais são aqueles que, pelo modo como são formados e pelas garantias de que se revestem, gozam, 
conforme o legislador, de um grau de certeza tal que justifica a ausência de um prévio processo de conhecimento. 
Contudo, o legislador, tendo conhecimento do menor grau de certeza que afeta essa espécie de processo, autoriza a 
apresentação de embargos em que o devedor possa apresentar um amplo número de argumentos (CPC, art. 917, VI). 
Assim, o devedor tem a opção de apresentar embargos à execução no prazo de 15 dias, contado, conforme o caso, na 
forma do art. 231. 
Há títulos extrajudiciais de obrigação de entrega de coisa certa, incerta, de fazer, não fazer e de pagar quantia certa. 
Em relação a essa última modalidade, ajuizada a ação executiva, o executado será citado para, no prazo de três dias, 
efetuar o pagamento integral da dívida (art. 829 do CPC). Se depois de citado, o executado não realizar o 
adimplemento, o oficial de justiça dará início imediatamente à penhora e avaliação dos bens, de tudo, lavrando-se 
auto, com a intimação do executado (art. 829, §1º, do CPC). 
Se, no entanto, o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para 
garantir a execução. Inclusive, será possível o arresto bancário prévio por meio eletrônico, nos moldes da penhora, 
por interpretação analógica. 
De acordo com o art. 785 do CPC, "a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo 
processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial". 
Nesse ponto, é importante conhecer as espécies de títulos extrajudiciais, o art. 784 do CPC estabelece uma lista: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque. 
Essa hipótese trata de títulos de crédito, cuja regulamentação encontra-se no direito empresarial. Deve-se destacar, 
contudo,que é necessário o preenchimento de todos os requisitos dispostos cada espécie de título de crédito. 
A duplicata, regulada pela Lei 5.474/68, apenas é título executivo se aceita, ou, se não aceita, vier acompanhada do 
instrumento de protesto, do comprovante de entrega de mercadoria ou da prestação de serviço, e se o sacado não 
houver recusado o aceite, na forma como lhe é facultado na referida lei. 
A letra de câmbio e a nota promissória são reguladas pelo Decreto 2.044, de 31 de dezembro de 1908, e pela Lei 
Uniforme de Genebra, firmada em junho de 1930. 
Frequentemente, a nota promissória tem sua emissão vinculada a determinado contrato, em especial bancário. 
Nesses casos, ela é emitida como mais uma garantia do pagamento. 
O cheque possui apenas força executiva no prazo de seis meses (Lei nº 7.357 /1985, art. 59), contado do 
esgotamento do prazo de apresentação, que é de 30 dias quando a emissão do cheque for na mesma praça do lugar 
do pagamento, ou de 60 dias, quando for de outra praça. 
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor. 
Por escritura ou documento público, compreende-se como o lavrado por um tabelião ou funcionário público, no 
exercício das suas funções. 
Na escritura, não é necessário que haja a assinatura de duas testemunhas nem a assinatura do devedor, bastando 
que o tabelião, que goza de fé pública, certifique que a declaração de vontade foi emitida. 
No documento público, considerado como tal aquele emitido por órgão público, no qual o devedor reconhece sua 
obrigação perante terceiros, é preciso a assinatura. 
Além disso, para que se caracterizem como título executivo, é indispensável que contenham uma obrigação imposta 
àquele que o assina, seja ela de pagamento de determinada quantia, de entrega de coisa, de fazer ou de abster-se. 
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas. 
No documento particular, a assinatura das testemunhas é indispensável para que o documento seja título executivo. 
Essa é uma hipótese bem ampla, de maneira que qualquer documento particular que esteja assinado pelo devedor e 
por duas testemunhas tem a condição de título executivo, desde que a obrigação nele representada seja certa, 
líquida e exigível. 
O Superior Tribunal de Justiça entende não ser imprescindível que as testemunhas sejam presenciais, podendo ser 
instrumentárias, ou seja, podendo assinar depois e sem terem assistido ao ato de celebração do negócio (STJ, REsp 
541.267/RJ). No entanto, é preciso que a testemunha, no documento particular, tenha presenciado a celebração do 
negócio e não se sujeite às restrições legais relativas às testemunhas judiciais. 
Por ser documento particular, é necessária ainda a assinatura do devedor, não se admitindo a assinatura a rogo, isto 
é, não se permite que outra pessoa capaz assine por ele, caso ele não saiba ou não possa assinar. 
Por fim, não é necessário o reconhecimento de firma do devedor e das testemunhas. 
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, 
pelos advogados dos transatores ou por conciliador, ou mediador credenciado por tribunal. 
Cuida-se da transação extrajudicial, não homologada pelo juiz, pois, caso tenha sido, constituiria, na realidade, um 
título executivo judicial. 
Não basta que a transação tenha a assinatura das partes. É necessário que tenha sido chancelada, ou seja, aprovada 
pelo Ministério Público, ou pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados das partes, pelo 
conciliador ou pelo mediador, o que garante a idoneidade do documento. 
A transação referente a alimentos devidos a idoso e celebrada perante o membro do Ministério Público é igualmente 
título executivo extrajudicial (Lei 10.741/2003, art. 13). 
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por 
caução. 
Os contratos assegurados por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia são títulos executivos 
extrajudiciais, na dicção do inciso V do art. 784 do CPC. 
Ao contrário do que exige o inciso III do art. 784 do CPC, não é necessária a assinatura de duas testemunhas. Basta 
que o devedor assine um contrato, cuja obrigação esteja garantida por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito 
real de garantia. 
O CPC/15 inova em relação ao CPC/73 ao atribuir força executiva aos contratos garantidos por "outros direitos reais 
de garantia", além da hipoteca, penhora ou anticrese. 
A extensão tem claro objetivo de fazer incluir o contrato título de propriedade fiduciária, previsto no arts. 1.361 e 
seguintes do Código Civil. 
O art. 1.428 do Código Civil veda o pacto comissório, isto é, o credor não pode, simplesmente, ficar com o bem dado 
em garantia como forma de satisfação da obrigação. Vencida e não paga a dívida, deve o credor propor a execução, 
para receber a quantia devida, por uma das formas de expropriação do bem, não lhe sendo permitido já ficar, desde 
logo, com o bem, independentemente do processo de execução. 
Os contratos garantidos por caução também são títulos executivos extrajudiciais. A caução pode ser real ou 
fidejussória. 
Caso seja real, haverá a afetação de um bem para que, em futura execução, o produto da sua excussão reverta 
precipuamente em prol do credor beneficiário. Inclui-se na categoria dos direitos reais de garantia, tal como a 
hipoteca, o penhor e a anticrese, aplicando-se a todos a mesma disciplina. 
Já a caução fidejussória é o exemplo da fiança, contrato acessório, que só existe como garantia da obrigação de 
outrem. Condiciona-se sempre à existência de um contrato principal e permite a execução quando ele não foi 
cumprido. 
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte. 
O contrato de seguro é o negócio jurídico em que uma das partes, o segurador, se obriga, mediante o recebimento 
de um “prêmio”, a garantir o outro contratante de riscos predeterminados. É regido pelo Código Civil. Nem todo 
contrato de seguro é título executivo extrajudicial, mas apenas os de vida. 
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio. 
O art. 2.038 do Código Civil vedou a constituição de enfiteuses e subenfiteuses. Contudo, aquelas constituídas antes 
da entrada em vigor do novo diploma devem permanecer regidas pelo Código Civil de 1916, até que sejam extintas. 
O foro e o laudêmio estão relacionados à enfiteuse. Foro constitui a renda anual que o enfiteuta deve pagar ao 
proprietário do imóvel. 
Laudêmio, previsto no art. 686 do CC de 1916, é o valor devido pelo alienante ao senhorio direto, toda vez que se 
realizar a transferência do domínio útil, por venda ou dação em pagamento. Tem o valor de 2,5% sobre o preço da 
alienação, se outro não tiver sido fixado no título de aforamento. 
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, 
tais como taxas e despesas de condomínio. 
O contrato escrito de locação é título executivo extrajudicial. A locação pode ser realizada por escrito ou 
verbalmente, mas só o contrato escrito possui força executiva. 
Não é necessária a subscrição por duas testemunhas nem há relevância ainda o tempo de duração, e que seja 
comercial ou residencial. 
A execução abrangerá os alugueres em atraso, mais correção monetária, juros de mora e a multa moratória, 
estabelecida no contrato, para o atraso no pagamento de alguma das prestações. 
A via executiva é possível não somente para a cobrança do aluguel, mas também para a de qualquer encargo 
acessório decorrente da relação de locação. Dessa forma, qualquer obrigação acessória, como água, energia, IPTU 
etc. considera-se crédito a ser cobrado pela execução. 
A previsão é enunciativa ou exemplificativa, nela encaixando-se, por semelhança, qualquer outra obrigação 
acessória, decorrente da locação. 
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, 
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei. 
A certidão de dívida ativa constitui título executivo extrajudicial apto a permitir a propositura da execução fiscal. 
A dívida ativa da União, dos estados, dos municípios, do Distrito Federal e de suas autarquias e fundações é 
constituída por qualquer valor definido como de natureza tributária ou não tributária pela Lei nº 4.320/1964. 
A dívida ativa, tributária ou não tributária, engloba, além do principal, a atualização monetária, os juros, a multa de 
mora e os demais encargos previstos em lei ou contrato. 
Diante da inscrição do valor em dívida ativa, a Fazenda Pública expede a respectiva certidão de dívida ativa, 
propiciando-se, deste modo, o ajuizamento da execução fiscal. 
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva 
convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas. 
Trata-se de importante novidade trazida pelo CPC/15, permitindo-se que o condomínio execute o condômino, 
exigindo-se que sejam "previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral" e "desde que 
documentalmente comprovadas". 
A nova lei considera título executivo o crédito decorrente das despesas condominiais, tanto ordinárias quanto 
extraordinárias. 
Além disso, não há empecilho à execução das prestações vencidas e das vincendas, a partir do momento em que se 
forem vencendo. 
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas 
devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei. 
Também essa situação não estava disposta no CPC anterior. A partir de agora, os Tabelionatos Oficiais de Registros 
Públicos poderão emitir certidão, que goza de presunção de fé pública, para cobrança dos emolumentos ou despesas 
relativas aos atos praticados. Tais certidões têm força de título executivo extrajudicial e permitem o ajuizamento do 
processo de execução. 
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. 
Além daqueles enumerados no Código de Processo Civil, há os instituídos por lei especial. Dentre outros, podem ser 
citados: as cédulas hipotecárias, de crédito industrial e rural, de crédito comercial, os prêmios de seguro e as 
decisões do Tribunal de Contas da União, de que resulte imputação de débito ou multa (art. 71, IX, § 3º, da CF). 
O art. 5º, § 6º, da Lei Federal nº 7.34 7 /1985 prevê, ainda, o compromisso de ajustamento de conduta, celebrado 
entre a parte e o Ministério Público ou outro ente público legitimado à propositura de ação coletiva. 
Nos termos do art. 24 da Lei nº 8.906/1994, o contrato escrito que estipular honorários de advogado é título 
executivo extrajudicial. 
Por fim, como já mencionado no módulo anterior, uma das questões que deve ser enfrentada pela doutrina e pelos 
tribunais é a da possibilidade de as partes firmarem negócio processual em torno do título executivo extrajudicial. 
Isso se deve ao art. 190 do CPC autorizar que as partes firmem convenções processuais atípicas. 
 
Modulo 03 
Responsabilidade patrimonial 
Considerações preliminares 
Como estudado, em decorrência do princípio da patrimonialidade da execução, é o patrimônio do executado que 
responde por suas dívidas frente aos credores, alcançando os bens presentes e futuros. Aliás, a responsabilidade 
pessoal caiu em desuso há muito tempo, sobretudo por força da Lex Papiria Poetelia. 
A regra geral é de que o devedor tem a responsabilidade patrimonial. 
Ao assumir uma obrigação, tem ciência de que, em hipótese de inadimplemento, o seu patrimônio ficará 
comprometido, podendo o Estado, para fazer valer a sub-rogação, invadi-lo e, à força, retirar os bens que bastem 
para a satisfação do credor. 
A responsabilidade patrimonial (ou responsabilidade executiva) constituiria, conforme a doutrina, o estado de 
sujeição do patrimônio do devedor, ou de terceiros responsáveis (cf. arts. 789 e 790, CPC), às providências executivas 
voltadas ao cumprimento da prestação devida. 
 
Responsabilidade primária 
Por óbvio, o primeiro patrimônio exposto aos meios executórios é o do devedor, a um só tempo obrigado e 
responsável. Esta situação se designa de responsabilidade primária. 
São passíveis de execução os bens presentes e futuros do executado. 
Essa regra de submissão dos bens do devedor à execução (art. 789) há de ser interpretada à luz do art. 790, III, que a 
complementa: “São sujeitos à execução os bens: (...) III - do devedor, ainda que em poder de terceiros”. 
Da leitura conjunta dos dispositivos, extrai-se: respondem pela execução os bens do devedor, ainda que em "poder" 
(posse ou detenção) de terceiros. Tanto é que o texto do art. 845, caput, do CPC é bastante claro: "§ 1º Efetuar-se-á a 
penhora onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros". 
O bem permanece de titularidade do devedor (proprietário ou possuidor indireto), só que se encontra na posse ou 
detenção de terceiro (sem título de domínio), como o locatário, comodatário, depositário, rendeiro. 
Em caso de detenção, não há qualquer restrição à atividade executiva sobre bem. O detentor é mero instrumento da 
posse do proprietário/devedor. 
Já nos casos de posse, existe um vínculo jurídico entre devedor/proprietário e terceiro/possuidor (exercente da posse 
direta) que atribui a esse último direito de uso e gozo do bem. Assim, arrematado o bem em leilão judicial, o 
arrematante se sub-roga na posição do devedor/executado. 
Em caso de posse decorrente de vínculo contratual (como locação, comodato ou arrendamento), por exemplo, o 
terceiro possuidor deve ter seus direitos respeitados, nos limites da lei e de possíveis cláusulas contratuais, sob pena 
do uso legítimo de embargos de terceiro, para reaver o bem. Tanto é que, em muitos casos, esse terceiro possuidor 
será intimado da penhora desse bem (art. 799, CPC). 
O art. 790, I, CPC, sujeita à execução o bem objeto de execução real ou fundada em obrigação reipersecutória, ainda 
que transferida para "sucessor a título singular". 
Alcança, assim, todas as execuções de título judicial ou extrajudicial, para entrega de coisa, pouco importando se 
fundada em direito real ou pessoal (art. 498, 538, 784, II e 806 a 813, todos do CPC). 
O dispositivo protege, em parte, o resultado das ações reais e reipersecutórias, ao abranger execução de sentença 
dela advinda, colocando ambas a salvo de transferências fraudulentas. 
Os incisos V e VI do art. 790 determinam que os bens alienados ou gravados em fraude à execução ou contra 
credores (reconhecida em ação própria) respondem pela execução. 
 
Responsabilidade secundária 
Além do obrigado, outras pessoas e outros patrimônios, eventualmente, sujeitam-se à demanda executória. Vamos 
aos casos: 
• Bens do cônjuge ou companheiro (art. 790, IV, CPC) 
Quando a dívida é contraída por ambos os cônjuges ou companheiros, a responsabilidade patrimonial será dos dois. 
Ambos serão devedores e o patrimônio de um e outro responderá pela dívida. 
Há hipóteses em que a dívida é contraída só por um. Cumpre verificar se, para satisfação do débito, só é possível 
atingir os bens do devedor ou também os do cônjuge ou companheiro. 
A responsabilidade de um cônjuge ou companheiro pelo pagamento de dívida contraída pelo outro dependerá de 
esta ter revertido em proveito do casal ou da família. Se sim, o credor poderá sujeitar o patrimônio de ambos, ainda 
que a dívida seja de apenas um deles. Se não, só aquele que a contraiu responderá, não podendo atingir os bens do 
outro. 
 
Presume-se, até prova em contrário, que a dívida contraída por um beneficia o outro, ou a família. 
Se a penhora recair sobre a meação, ou sobre os bens particulares do cônjuge que não contraiu a dívida, caberá a 
este, por meio de embargos de terceiro, postulara sua liberação, com o ônus de comprovar que a dívida não o 
beneficiou. 
• Constrição dos bens dos sócios 
As sociedades têm personalidade jurídica própria, que não se confunde com aquela dos seus sócios/acionistas. 
Assim, em regra, respondem pelas obrigações sociais com seu próprio patrimônio, e não com o dos seus 
instituidores. 
Contudo, existem exceções a essa regra, como na sociedade em comum (sociedade irregular, de fato ou a não 
personificada) e as sociedades regularmente constituídas, mas cuja personalidade jurídica e o respectivo patrimônio 
autônomo são utilizados pelos seus sócios, de forma abusiva ou fraudulenta, para satisfazer seus interesses ou obter 
vantagens particulares. 
Há, ainda, uma terceira situação excepcional. Em determinados tipos de sociedade, por imposição legal, o patrimônio 
pessoal dos sócios responde pelas obrigações sociais, independentemente de desconsideração da pessoa jurídica, 
como sociedade cooperativa (art. 1.095, §§1º 2 º, do Código Civil), sociedade simples (art. 1.023 e 997, VIII, do CC) 
etc. 
A partir deste sistema normativo, o inciso II do art. 790 do CPC determina que bens do sócio possam ser executados, 
por dívidas da sociedade, na forma da lei civil e do respectivo ato constitutivo. 
• Desconsideração da personalidade jurídica 
Em sendo o cumprimento da obrigação garantido por fiador, a obrigação se desdobra em: 
✓ Débito: O devedor principal deve e responde, em caráter primário. 
✓ Responsabilidade: O fiador não deve, mas responde, em caráter secundário. 
Quando executado o fiador judicial ou extrajudicial (negocial), é dada a ele a prerrogativa de exigir que primeiro 
sejam excutidos bens do devedor, que estejam na mesma comarca, e sejam livres e desembaraçados, na tentativa de 
deixar a salvo os seus próprios, indicando-os em pormenores à penhora. Trata-se do chamado benefício de ordem. 
Esse benefício é renunciável expressamente (art. 828, I, CC). A renúncia expressa é aquela que está prevista no 
instrumento de contrato de fiança. 
O art. 794, § 2.º, CPC, salienta que o fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos mesmos autos. 
• Responsabilidade patrimonial do espólio e herdeiros 
Falecendo o devedor, seu espólio responderá pela obrigação (art. 796, CPC). O espólio adquire, assim, legitimidade 
passiva para a execução, permitindo-se, contudo, que os herdeiros atuem como litisconsortes. 
Em princípio, pelas dívidas da herança responderão os bens da própria herança (do espólio); não respondem os bens 
dos herdeiros (arts. 1.792 e 1.821, CC). ''As dívidas da herança executam-se nos bens da herança, e não nos outros 
bens dos herdeiros". Com isso, projeta-se a responsabilidade patrimonial do devedor para além de sua morte. 
Os bens do espólio respondem pela obrigação do falecido da mesma forma que respondiam quando ele era vivo. 
Mas há casos em que a morte do devedor amplia a garantia do credor; por exemplo, seus instrumentos de profissão 
e pertences pessoais, antes impenhoráveis, passam a ser suscetíveis de penhora, pois não há mais motivo que 
justifique sua proteção. 
Nesse momento, o grande desafio é definir a massa patrimonial passível de execução ‒ do devedor e de terceiro. 
• Bens sujeitos à execução 
A lei sujeita todos os bens, presentes ou futuros do devedor, à execução. Quando se refere a “presentes e futuros”, 
significa os bens que já existiam quando foi contraída a obrigação e os que vierem a ser adquiridos posteriormente. 
Nessa perspectiva, a execução engloba bens que não existiam ainda no patrimônio do devedor, quando a obrigação 
foi contraída. São os chamados bens futuros. 
Inclui também os que já existiam e continuaram existindo na fase de execução. E os que existiam, quando contraído o 
débito, e foram alienados, desde que seja reconhecido judicialmente que a alienação é ineficaz perante o credor. 
Quando for reconhecida a fraude contra credores (em ação pauliana) ou a fraude à execução (nos próprios autos). 
Não há empecilho à penhora de frações ideais de bens, nem à penhora de bens dados em hipoteca, com o detalhe 
de que, em caso de arrematação, o produto deverá ser destinado, preferencialmente, ao pagamento do credor 
hipotecário, e não do autor da execução. É preciso, por isso, que ele seja intimado, na forma do art. 799, I, do CPC. 
• Bens não sujeitos à execução 
Apenas os bens de conteúdo econômico podem ser penhorados. Aqueles que não os têm, ou que não são sujeitos à 
apropriação, não estão sujeitos à execução. 
A impenhorabilidade é matéria de ordem pública: constatando o juiz que a expropriação afetou bem sobre o qual 
não poderia ter incidido, deve determinar de ofício o seu cancelamento. Se não o fizer, pode ser requerido por 
simples petição, nos autos da execução, em qualquer fase do procedimento, ainda que depois dos embargos ou da 
impugnação. Por ser de ordem pública, não está sujeita à preclusão. 
Não são passíveis de execução os bens impenhoráveis, e o Código de Processo Civil enumera quais são no art. 833: 
I. os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; 
II. os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de 
elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a médio padrão de vida; 
III. os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; 
IV. os vencimentos, os subsídios, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os 
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao 
sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional 
liberal, ressalvado o § 2º; 
V. os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou 
úteis ao exercício da profissão do executado; 
VI. o seguro de vida; 
VII. os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas forem penhoradas; 
VIII. a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; 
IX. os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou 
assistência social; 
X. a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 salários mínimos; 
XI. os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei. 
No tocante às cadernetas de poupança (inciso X), tem prevalecido o entendimento de que, havendo várias, o limite a 
ser considerado é o que resulta da soma de todas elas. Se a soma ultrapassar 40 salários mínimos, essa quantia será 
considerada impenhorável, mas não a que excedê-la. 
Ademais, tem prevalecido, no Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.230.060), a compreensão de que se deve dar a 
esse dispositivo interpretação extensiva, reconhecendo-se a impenhorabilidade dos depósitos até 40 salários 
mínimos, estejam eles em conta-poupança, conta-corrente ou fundos de investimento. Tal quantia pode ser 
penhorada, contudo, no caso de pagamento de pensão alimentícia (art. 833, §2º, do CPC). 
Podem também ser penhoradas as cotas pertencentes a sócios de responsabilidade limitada, por dívida particular de 
algum dos sócios. O procedimento é previsto no art. 861 do CPC. 
Por outro lado, a impenhorabilidade de um bem não é oponível à execução de dívida referente ao próprio bem, 
inclusive àquela contraída para a sua compra. 
Não se pode arguir a impenhorabilidade de um imóvel que sirva de residência de família na execução de débitos 
condominiais relativos ao próprio imóvel. 
Além disso, a impenhorabilidade estabelecida nos incisos IV e X não prevalece sobre débitos alimentícios de qualquer 
origem (sejam os que decorrem do direito de família, sejam os provenientes de ato ilícito) nem sobre importâncias 
excedentes a 50 salários mínimos mensais (art. 833, § 2º). 
Registre-se ainda que o rol de bensimpenhoráveis se ampliou muito com a Lei nº 8.009/90, que cuida do bem de 
família. Ela tornou impenhorável o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, que não poderá 
responder por qualquer tipo de dívida, civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos 
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas em lei. 
Vale advertir que o bem de família deixará de ser impenhorável se o devedor, na execução, oferecê-lo à penhora. 
Com isso, renuncia-se ao benefício, devendo suportar as consequências de seu ato. 
O art. 834 do CPC estabelece hipóteses de bens que são subsidiariamente penhoráveis, isto é, que só podem ser 
constritos na falta de outros. São eles: “os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis”. 
 
Considerações finais 
Como vimos, o objeto da execução é o patrimônio. Passou-se o tempo em que o devedor era pessoalmente 
responsável pela obrigação com seu próprio corpo, para se adotar a responsabilidade patrimonial como regra. 
Apesar de distintos, observou-se que tanto o processo de execução extrajudicial como a fase executiva do processo 
de conhecimento (cumprimento de sentença) materializam-se em títulos executivos com liquidez, certeza e 
exigibilidade – que possuem um objetivo comum: alcançar o adimplemento da obrigação que recai sobre o devedor, 
seja de modo voluntário, seja mediante coercitividade estatal por meio da constrição patrimonial do executado. 
Nessa perspectiva, é inegável que o processo executivo (judicial ou extrajudicial) é um dos mais importantes 
instrumentos para a efetividade do direito material, uma vez que é nele que o litigante, tendo em conta seus 
princípios fundamentais, poderá, concretamente, encontrar o remédio capaz de lhe proporcionar o exercício efetivo 
do direito subjetivo ameaçado ou violado pelo comportamento de outra pessoa.

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