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Resenha - Ensinando a transgredir_ A Educação Como Prática da Liberdade (Iasmin Carvalho)

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE HISTÓRIA
IASMIN ROSA DE CARVALHO
Resenha
Ensinando a transgredir: A Educação Como Prática da Liberdade
Niterói
2023
"Ensinando a Transgredir: A Educação como Prática da Liberdade"
é uma obra provocativa e transformadora escrita por Bell Hooks, uma
renomada autora, feminista e teórica cultural. Publicado em 1994, o livro
continua sendo uma leitura essencial e atual para educadores,
estudantes e todos os interessados em uma visão mais inclusiva e
libertadora da educação.
Bell Hooks inicia o livro desafiando as noções convencionais de
ensino, apresentando sua própria experiência como estudante e como
professora. Ela critica a rigidez do sistema educacional tradicional, que
muitas vezes perpetua hierarquias, opressões e desigualdades sociais. A
autora argumenta que a educação deve ser um processo de
empoderamento, que permite aos alunos desenvolverem sua voz,
criticidade e autoconhecimento.
A importância de Bell Hooks na educação se destaca pela sua
abordagem interseccional e pela ênfase na valorização das experiências
dos alunos, especialmente aqueles marginalizados por questões de raça,
gênero e classe social. Hooks reconhece a influência desses aspectos
em sala de aula e defende a necessidade de uma pedagogia engajada e
comprometida com a justiça social.
Hooks escreve “ir à escola era pura alegria. A escola era o lugar
do êxtase – do prazer e do perigo” (p.11), conta que suas professoras
eram mulheres negras que tinham o compromisso de estimular o intelecto
das crianças e sabiam seus nomes e conheciam suas famílias. Afirma
que essas educadoras “praticavam uma pedagogia revolucionária de
resistência, uma pedagogia profundamente anticolonial” (p.10). Queriam
aquelas mulheres que suas alunas se tornassem acadêmicos,
pensadores e trabalhadores do setor cultural negro. Depois relata como
tudo mudou para as crianças negras com o advento da escola de
integração racial. Essa escolha de escrita é feita para falar sobre a obra e
transmitir os sentimentos de Hooks em relação a Paulo Freire.
Uma das frases de Freire, "não podemos entrar na luta como
objetos para nos tornarmos sujeitos mais tarde", torna-se um mantra para
Bell Hooks, mais do que apenas uma frase. Ela afirma que a obra de
Freire lhe deu uma linguagem para expressar suas próprias ideias. Neste
trecho, é importante destacar a intimidade e a coerência entre os dois
autores. Ambos buscaram, por meio do processo transformador do
pensamento comum para o pensamento crítico, a essência do trabalho
como educadores.
Paulo Freire sempre trabalhou com a linguagem do povo,
utilizando o repertório simbólico da linguagem cultural para ensinar os
pobres e analfabetos a escreverem na língua portuguesa. Os Círculos de
Cultura, por exemplo, eram momentos de diálogo entre educadores e
educandos, nos quais buscavam-se as palavras geradoras que eram
"ditas" ou "reveladas" durante esses encontros.
Ao longo do livro, a autora nos apresenta várias estratégias
pedagógicas e reflexões profundas sobre como transformar a sala de
aula em um espaço de diálogo aberto, respeito mútuo e aprendizagem
compartilhada. Hooks incentiva os educadores a desafiar as normas
dominantes, questionar as estruturas de poder e promover um ensino que
estimule a criatividade, a imaginação e a autonomia dos alunos.
Além disso, Bell Hooks destaca a importância da presença afetiva
do professor, demonstrando que a educação não é apenas uma
transmissão de conhecimento, mas também um ato de amor e cuidado.
Ela ressalta a necessidade de conexões genuínas entre professor e
aluno, construídas com base no respeito, na empatia e na valorização da
singularidade de cada indivíduo.
Bell Hooks escreve o livro com o objetivo de compartilhar ideias,
estratégias e reflexões críticas sobre a prática pedagógica. Ela leva essa
missão tão a sério que um dos capítulos do livro é dedicado a um diálogo
lúdico entre ela e Gloria Watkins, uma conversa entre a autora e sua voz
como escritora. Essa escolha de escrita é feita para falar sobre a obra e
transmitir os sentimentos de Hooks em relação a Paulo Freire.
O livro de Hooks desafia as concepções estreitas da educação,
convidando os leitores a repensarem suas práticas pedagógicas e a
considerarem a importância do ensino como uma prática de liberdade.
Sua escrita é acessível, apaixonada e inspiradora, tornando a leitura
envolvente e transformadora.
Em resumo, "Ensinando a Transgredir: A Educação como Prática
da Liberdade" é uma obra fundamental que destaca a importância de Bell
Hooks como autora na educação. Seu livro desafia as normas
tradicionais, oferecendo uma abordagem inclusiva, interseccional e
libertadora da educação. Ao nos incentivar a criar espaços de diálogo,
respeito e amor em sala de aula, Hooks mostra que a educação pode ser
uma poderosa ferramenta de transformação social e pessoal.
Bibliografia
HOOKS, Bell. Ensinando a Transgredir: A Educação como Prática da
Liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.

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