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textos da Alice por Carolina Marcello

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Prévia do material em texto

Alice no País das Maravilhas: resumo e 
análise do livro
Carolina Marcello
 
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes
Com o título original As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, a célebre obra escrita por 
Lewis Carroll, pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, foi publicada em 4 de julho de 1865.
Trata-se de uma obra infantil que conquistou leitores e apaixonados de todas as idades e 
gerações. Em parte, porque abre várias linhas de leitura e interpretação possíveis, estando 
também repleta de referências e críticas sobre a cultura da época.
Capa 
da primeira edição da obra, publicada em 1865.
Lewis Carroll é considerado precursor e um dos maiores impulsionadores da literatura 
nonsense, um gênero literário que subverte os contos de fadas tradicionais, criando narrativas 
que não seguem as regras da lógica.
É precisamente nesse caráter de absurdo que parece estar a singularidade da obra, que se 
tornou um ícone literário e cultural. Ao longo do tempo, tem sido representada e recriada na 
pintura, no cinema, na moda e nas mais diversas áreas.
Resumo de Alice no País das Maravilhas
O livro conta a história de Alice, uma menina curiosa que segue um Coelho Branco de colete e 
relógio, mergulhando sem pensar na sua toca. A protagonista é projetada para um novo mundo, 
repleto de animais e objetos antropomórficos, que falam e se comportam como seres humanos.
No País das Maravilhas, Alice se transforma, vive aventuras e é confrontada com o absurdo, o 
impossível, questionando tudo o que aprendeu até ali.
A menina acaba fazendo parte de um julgamento sem sentido e sendo condenada à morte pela 
Rainha de Copas, tirana que mandava cortar a cabeça de todos que a incomodavam. Quando é 
atacada pelos soldados da Rainha, Alice acorda, descobrindo que toda a viagem se tratou de um 
sonho.
Criação da obra e verdadeira Alice
A história de Alice no País das Maravilhas foi criada por Charles Lutwidge Dodgson no dia 4 de 
julho de 1862, durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa. Charles inventou a narrativa para 
entreter as filhas do amigo Henry George Liddel, chamadas Loriny, Edith e Alice.
Retrat
o de Alice Liddell tirado por Dodgson em 1803.
Assim, sabemos que a protagonista foi inspirada em Alice Liddel, apesar das ilustrações 
mostrarem uma menina loira de cabelos longos. Ao longo da narrativa, o autor refere lugares e 
pessoas conhecidas pelas crianças, cativando a sua atenção.
Em 26 de Novembro de 1864, Charles Lutwidge Dodgson escreve a primeira versão da obra a 
partir do seu improviso, Alice Debaixo da Terra, para dar de presente à verdadeira Alice.
Resolve, depois, reescrever o livro para publicação, aumentando a história e acrescentando 
passagens como a do Chapeleiro Louco e do Gato de Cheshire.
A primeira edição com apenas duas mil cópias, datada de 4 de Julho de 1865 foi tirada de 
circulação porque continha alguns erros. No ano seguinte, a segunda tiragem foi um grande 
sucesso, projetando o Alice e o seu País das Maravilhas para o imaginário comum. Atualmente, a 
obra tem mais de uma centena de edições e está traduzida para mais de cento e vinte e cinco 
línguas.
Personagens principais
• Alice é uma menina inteligente e observadora que embarca em uma viagem para o País das 
Maravilhas, um mundo onde tudo parece ser diferente daquilo que ela conhece. A protagonista 
simboliza a curiosidade e a imaginação que todos temos na infância.
• O Coelho Branco que passa pelo jardim é o elemento que desperta a atenção da menina. 
Vestindo um colete e usando um relógio de bolso, corre porque está atrasado. Alice decide ir 
atrás dele, sem pensar nas consequências. O Coelho, sempre aflito e correndo, representa a 
passagem inevitável do tempo.
• A Lagarta que fuma narguilé vê a garota e resolve ajudá-la, aconselhando-a e indicando um 
cogumelo que pode fazê-la aumentar ou diminuir a qualquer momento. Um inseto destinado à 
metamorfose, simboliza a capacidade de aceitarmos nossas mudanças e transformações ao 
longo da vida.
• O Gato de Cheshire, figura misteriosa que sorri o tempo todo, surge para indicar o caminho à 
protagonista mas acaba confundindo Alice ainda mais. O encontro marca o momento em que 
Alice tem que deixar para trás toda a lógica e aceitar que há uma certa dose de insanidade em 
todos os personagens.
• O Chapeleiro Louco é um personagem que parece estar eternamente preso à hora do chá. Um 
anfitrião nada convencional, tenta impedir Alice de sentar na sua mesa e irrita a menina com 
enigmas e poemas sem sentido. Autointitulado de louco, representa o abandono das normas 
sociais e das regras de etiqueta associadas ao modo de vida britânico.
• A Rainha de Copas é a autoridade máxima do país, aterrorizando todos os personagens e 
forçando-as a obedecer todas as suas ordens e satisfazer os seus caprichos. Além de expressar a 
injustiça de um sistema monárquico, ilustra a tirania e o abuso de poder.
Confira também nossa explicação completa dos personagens de Alice no País das Maravilhas.
Enredo
Início
Alice está deitada na grama do jardim quando vê passar um coelho branco, usando um colete de 
festa e um relógio. Correndo, o animal que se comporta como um humano, afirma que está 
atrasado e se lança através de uma toca.
https://www.culturagenial.com/personagens-de-alice-no-pais-das-maravilhas/
Sem hesitar, movida pela sua curiosidade, a menina pula atrás do coelho. Durante a queda, 
observa diversos objetos estranhos e começa a questionar a sua decisão, se reprimindo pela sua 
imprudência.
Quando finalmente pisa o solo, encontra uma mesa com uma chave dourada muito pequena. No
fundo da sala, encontra uma portinha que guarda um belo jardim, mas não consegue passar 
para o outro lado por causa do seu tamanho. Olha de novo para cima da mesa e vê um vidro que 
continha um líquido e um rótulo que dizia "BEBA-ME".
Bebe o conteúdo do vidro e imediatamente começa a encolher, ficando com vinte e cinco 
centímetros de altura. Só então percebe que esqueceu a chave em cima da mesa e, agora que é 
pequena, não consegue mais alcançá-la. Vê então um bolo com um rótulo dizendo "COMA-ME". A
menina come um pedaço e, vendo que não crescia, começa a chorar desesperadamente.
Depois de comer o resto do bolo, começa a crescer cada vez mais e a falar coisas sem sentido. 
Com medo de estar perdendo o juízo, seu pranto também aumenta, formando uma lagoa ao seu 
redor.
Desenvolvimento
Nadando em lágrimas
A cena é interrompida pela passagem do Coelho Branco, vestido de gala, que deixa cair as luvas 
brancas de pelica. Alice tenta chamá-lo mas ele desaparece, correndo. Segurando uma das 
luvas, a menina repara que começa a encolher de novo e começa a se afogar nas próprias 
lágrimas.
Em casa do Coelho
Surgem vários animais na água e Alice nada atrás deles até uma praia, onde decidem criar um 
jogo para poderem secar. De novo, vê o Coelho Branco passar e resolve segui-lo. Distraído, ele 
pensa que a garota é Mary Ann, a empregada, e ordena que vá até sua casa buscar um leque e 
um par de luvas.
Do lado desses objetos, Alice vê um novo frasco com o rótulo "BEBA-ME" e resolver bebê-lo, 
crescendo até ficar maior do que a casa. Fica com o corpo preso e os membros e cabeça de fora, 
o Coelho chama o lagarto Bill para resolver o problema. O lagarto joga pedrinhas na sua direção 
que se transformam em bolos, a protagonista come um e encolhe, ficando com meros 
centímetros.
Conselhos da Lagarta
Encontra, então, uma lagarta fumando um narguilé em cima de um cogumelo. Ela lhe pergunta 
quem é e Alice começa a desabafar sobre todas as transformações que sofreu durante o dia, 
afirmando que não sabe mais quem é. A lagarta recomenda que mantenha a calma e se afasta, 
dizendo que um lado do cogumelo a fará crescer o o outro lado diminuir.
Começa a comer pedaços, mudando de tamanho, até ficar com o seu pescoço preso nos ramos 
de uma árvore. Uma pomba que chocava os ovos no ninho começa a discutir com ela, acusando-
a de ser uma serpente. Come mais um pedaço do cogumeloe volta à sua altura normal e vê uma 
casa nas redondezas.
Um gato e um chá
Quem abre a porta é o Mordomo-Peixe, anunciando que aquela era a casa da Duquesa. Lá 
dentro, a criada faz uma sopa com muita pimenta e a Duquesa nina um bebê, espirrando 
ocasionalmente. Na sala, está também um gato que sorri. A criança começa a espirrar e grunhir, 
se transformando em um porco.
A menina foge e reencontra o gato, sorrindo, na floresta. Pede indicações de um lugar para 
visitar, ele aponta a casa da Lebre de Março e a casa do Chapeleiro, avisando que todos ali são 
loucos. Se depara com as duas personagens tomando chá e se junta a elas, chocada com o modo
como quebram as regras da boa educação e irritada com os seus enigmas absurdos. Foge por 
uma porta escondida em um tronco e vai parar em um jardim.
Rainha de Copas e jogo confuso
Lá, as rosas brancas estão sendo pintadas de vermelho por soldados que eram cartas de um 
baralho. Eles confessam que plantaram as rosas erradas e que a Rainha vai mandar cortar suas 
cabeças se descobrir. Em seguida, Alice conhece o Rei e a Rainha de Copas, que a convidam para 
um jogo de croquet e a forçam a comparecer.
O jogo é muito diferente daquele que a menina conhecia, usando animais como tacos e bolas e 
desrespeitando as regras e a ordem habituais das partidas. A Rainha, furiosa, manda cortar a 
cabeça de vários participantes.
Do nada, surge o Gato de Cheshire só com o seu sorriso e começa a questionar a menina sobre o 
jogo e a Rainha, que a escutava escondida. Sua audácia incomoda os reis, que decidem 
condená-lo a morte, mas primeiro mandam chamar a sua dona, a Duquesa. A Rainha muda de 
ideias e resolve perdoar todos. Alice conhece um Grifo que a leva até a Falsa Tartaruga, uma 
estranha criatura que lhe conta histórias do fundo do mar.
Conclusão
Alice é chamada para um julgamento, sem saber do que se trata. O juiz é o próprio Rei e os 
membros do júri parecem confusos, escrevendo o próprio nome em uma folha repetidamente. O
Valete de Copas está sendo acusado de ter roubado as tortas da Rainha e as testemunhas 
parecem não saber nada sobre o caso, falando apenas absurdos.
Alice é chamada a depor e fica irritada, sendo depois expulsa do tribunal, quando o Rei a acusa 
de ter mais que três quilômetros de altura. Revoltada, acusa os soldados de serem um mero 
baralho de cartas e todos se lançam na sua direção. De repente, Alice acorda com a cabeça no 
colo de sua irmã e percebe que tudo foi apenas um sonho.
Análise da obra
Composta por 12 capítulos, a obra estimula a imaginação e questiona os princípios da lógica, se 
tornando uma enorme influência principalmente dentro da literatura fantástica.
Inovando na forma de contar histórias para crianças, o autor faz brincadeiras com poemas e 
canções famosas da época, questionando o próprio sistema de educação.
Abordando as mais diversas temáticas, o livro contem referências a literatura, pintura, 
psicologia, filosofia e matemática. Espelha também o modo de vida britânico: a existência de 
uma monarquia, o costume de tomar chá de tarde, o jogo de croquê, entre outros aspectos.
Outro elemento curioso da obra são as relações entre a protagonista e os outros personagens, 
refletindo a complexidade e o absurdo que existe na vida dos adultos.
Mesmo as figuras que surgem com o intuito de ajudar Alice acabam contribuindo para a sua 
confusão mental, já que todas as interações naquele mundo parecem escapar da sua 
compreensão.
Na toca do Coelho
Aquilo que permite que Alice possa viver esta aventura, o motor da narrativa, é a curiosidade. A 
garota é inteligente, bem educada e aprendeu todas as lições na escola mas não mede os riscos 
quando vê passar o Coelho Branco.
A estranha figura, que agia e se comportava como humana, veio desafiar tudo o que Alice 
conhecia até então, despertando a sua sede de conhecimento e novidade.
Mas quando o Coelho tirou um relógio do bolso do colete, deu uma olhada nele 
e acelerou o passo, Alice ergueu-se, porque lhe passou pela cabeça que nunca 
em sua vida tinha visto um coelho de colete e muito menos com relógio dentro 
do bolso. Então, ardendo de curiosidade, ela correu atrás dele campo afora, 
chegando justamente a tempo de vê-lo sumir numa grande toca sob a cerca.
No instante seguinte, Alice entrou na toca atrás dele, sem ao menos pensar em 
como é que iria sair dali depois.
Se até aquele momento a menina estava aborrecida, deitada no jardim com a sua irmã e 
reclamando dos livros sem diálogo que estavam lendo, a partir daí sua vida sofre uma 
reviravolta.
Alice troca o tédio do mundo real pelas surpresas de um País das Maravilhas que se revela 
um "mundo de cabeça para baixo", onde todas as coisas desafiam a sua razão.
Ilustra
ção de John Tenniel.
Quando toca no chão, a protagonista encontra o vidro com um líquido que dizia "BEBA-ME" e 
um bolo que dizia "COMA-ME". Tentando manter a prudência, como fora ensinada, se certifica 
que nenhum dos rótulos diz "veneno" e começa a comer e beber.
Seu tamanho vai se alterando de forma drástica, o que provoca o desespero e faz com que se 
censure e dê lições de moral a si mesma, procurando não esquecê-las. Embora esteja em um 
lugar onde todas as coisas são diferentes, a menina continua tentando ser igual e se comportar 
devidamente.
Quando chora tanto que cria uma lagoa e depois encolhe, começando a se afogar, pensa que 
está sendo castigada pelo seu mau comportamento:
“Seria melhor não ter chorado tanto!” lamentou-se Alice enquanto nadava, 
tentando sair dali. “Parece que serei punida agora por isso, afogando-me em 
minhas próprias lágrimas!”
Assim, na obra parece existir uma crítica, ou pelo menos um questionamento, do sistema de 
educação e da forma como o pensamento das crianças é condicionado.
Embora sejam curiosas por natureza, aprendem lições que devem decorar e cumprir à regra, 
sem nunca haver espaço para o pensamento crítico ou sequer para a imaginação.
Perante todas as coisas fantásticas que vai descobrindo, começa a deixar de lado os 
ensinamentos antigos, procurando conhecer esse novo mundo. Na verdade, quando começa a 
comer o bolo e não vê mudanças no seu tamanho, Alice fica triste e frustrada por não acontecer 
nada de mágico.
Alice estava tão acostumada a só esperar por coisas extraordinárias, que então 
lhe parecia muito tolo e tedioso que a vida continuasse de modo comum.
Por outro lado, a figura do Coelho Branco parece ser uma referência à Revolução Industrial que 
trouxe um aumento de fábricas de relógios de bolso à Inglaterra. Sempre sério, nervoso e muito 
atrasado, simboliza a obsessão com a passagem do tempo e a rotina corrida de muitas pessoas.
A lagarta e o cogumelo
Confrontada com um mundo absurdo, Alice começa a sofrer transformações, não só na sua 
altura mas também na sua forma de encarar a realidade. Dividida entre a menina perspicaz que 
era e aquela que está sendo agora, começa a questionar a sua identidade.
Chega a duvidar de si, pensando que não é mais a mesma pessoa, já que mudou tão depressa. 
Considera até a possibilidade de ter se transformado em uma das colegas de escola, por não 
reconhecer mais seu comportamento.
Será que eu mudei durante a noite? Vamos ver: eu era a mesma quando me 
levantei esta manhã? Estou quase me recordando que me sentia um pouquinho 
diferente. Mas, se eu não sou mais a mesma, a pergunta é: "Quem afinal eu 
sou"? Ah, aí é que está o problema!
Ilustra
ção de John Tenniel.
Perante todas as suas dúvidas e reflexões, apavorada por estar apenas com sete centímetros de 
altura, Alice encontra a Lagarta. Trata-se de uma figura curiosa e enigmática que fuma narguilé 
em cima de um cogumelo.
Assim que vê a menina, a criatura lhe pergunta quem é, escutando o desabafo sobre a sua 
confusão atual.
Por fim, a Lagarta tirou o cachimbo da boca e dirigiu-se a Alice com voz 
lânguida e sonolenta: “Quem é você?” Não era um começo de conversa 
encorajador.
Alice respondeu muito tímida: “Eu... já nem sei, minha senhora, nesse 
momento... Bem,eu sei quem eu era quando acordei esta manhã, mas acho que 
mudei tantas vezes desde então...”
A lagarta escuta e aconselha a menina, questionando as suas afirmações. Quando Alice lhe 
pergunta se não vai se sentir estranha quando virar borboleta, responde simplesmente "Não, 
nem um pouco".
Assim, enquanto inseto destinado à metamorfose, encara as mudanças e transformações 
como algo natural, que faz parte do percurso da nossa vida. Declara, depois, ter "algo 
importante a dizer", recomendando apenas que "Mantenha a calma”.
A personagem pretende transmitir tranquilidade à menina, aceitação de todas as fases da 
vida e das alterações que elas trazem: “Com o tempo você vai se acostumar”. Antes de partir, 
revela ainda que o cogumelo onde estava sentada tem poderes mágicos: "um lado fará você 
crescer e o outro diminuir". Mesmo com medo, Alice tem que arriscar, vai experimentando os 
dois lados e mudando de tamanho.
A sua identidade vai sendo questionada pelos outros personagens constantemente. O Coelho 
Branco pensa que ela é Mary Ann, sua empregada e pede que vá a sua casa buscar as luvas e o 
leque, ordem que ela cumpre sem questionar. Quando fica presa na casa, com os membros e a 
cabeça de fora, a multidão pensa que se trata de um monstro.
Mais tarde, quando come um pedaço de cogumelo, cresce demais e fica presa nos ramos de uma
árvore, sendo confundida por uma pomba com uma serpente que vinha roubar os seus ovos. 
Com tudo isso, a menina é forçada a se lembrar de quem é, a afirmar a sua 
identidade repetidamente, mesmo estando confusa acerca dela.
O sorriso do Gato de Cheshire
Quando encontra a casa da Duquesa continua conhecendo criaturas muito esquisitas, como o 
Mordomo-Peixe e o bebê que se transforma em um porco de tanto espirrar por causa da pimenta
da sopa. Entre todas, a que chama mais atenção da protagonista é um gato que está sorrindo. 
Descobre, segundo a explicação da Duquesa que aquele é um gato de Cheshire e que é normal 
sorrirem.
Depois da metamorfose do bebê, Alice foge do lugar correndo e acaba na floresta, sem saber que
rumo tomar. De novo, vê um sorriso entre as árvores e surge o gato de Cheshire, a quem pede 
indicações.
“Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?” “Depende 
muito de onde você quer chegar”, disse o Gato. “Não me importa muito onde...” 
foi dizendo Alice. “Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá”, disse
o Gato. “...desde que eu chegue a algum lugar”, acrescentou Alice, explicando. 
“Oh, esteja certa de que isso ocorrerá”
A criatura parece ser ameaçadora mas também sábia, mostrando a Alice uma perspectiva sobre 
a vida que desafia tudo o que ela aprendeu até aquele momento. Ao contrário de uma 
educação que nos incentiva a seguir ordens e direções, traçar rumos e trajetórias 
cuidadosamente, o Gato encoraja a liberdade e a aventura.
Vem ensinar Alice que existem múltiplos caminhos possíveis e que ela deve estar aberta à 
possibilidade de explorar, de conhecer coisas novas, mesmo sem saber qual é o seu destino.
Incentiva a protagonista à deambulação, mostrando-lhe o encanto da viagem sem planos nem 
mapas. Em seguida, sugere que visite o Chapeleiro ou a Lebre de Março que moram ali perto.
"Visite ou um ou outro: ambos são loucos.” “Mas eu não quero me encontrar 
com gente louca”, observou Alice. “Oh, não se pode evitar”, disse o Gato, “todos 
são loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.” “Como sabe que eu sou louca?”
indagou Alice. “Você deve ser”, respondeu o Gato, “ou então não teria vindo 
aqui.”
Assim, o personagem confirma aquilo que a menina desconfiava desde o início: que ali todos 
agiam como se tivessem enlouquecido.
O País das Maravilhas se configura, então, como um espaço de liberdade para a protagonista. 
Lá, ela é convidada a abandonar as regras da lógica e experimentar coisas que nunca imaginou 
serem possíveis.
Um chá muito louco
Quando Alice encontra o Chapeleiro e a Lebre de Março tomando chá durante a tarde, costume 
tipicamente inglês, sente por uma sensação de familiaridade. A atitude dos personagens, 
contudo, é totalmente oposta à de um bom anfitrião.
Vendo que a menina estava querendo ser convidada para lanchar, trocam de cadeiras e de 
chávenas várias vezes enquanto repetem “Não tem lugar! Não tem lugar!”. Mesmo quando a 
menina consegue sentar na mesa, não chega a beber nada, por causa das diversas mudanças de 
cadeiras, charadas, poemas e outros absurdos ditos pelos dois amigos loucos.
Il
ustração de John Tenniel.
O encontro brinca com convenções e eventos sociais, regras de conduta e etiqueta. Outro 
aspecto interessante é a relação conturbada do Chapeleiro Louco com o tempo. Segundo ele, o 
Tempo é uma pessoa que conhece e com quem está brigado. Declara também que o modo como
tratamos o tempo determina o jeito como avançamos na vida ou, pelo contrário, ficamos 
estagnados.
Agora, se você mantivesse com ele boas relações, ele faria qualquer coisa que 
você quisesse com o relógio. Por exemplo, suponha que fossem nove horas da 
manhã, justamente a hora de começarem as lições: você teria apenas de 
sussurrar uma dica ao Tempo, e o ponteiro giraria num piscar de olhos: uma e 
meia, hora do almoço!
Estar de mal com a passagem dos ponteiros parece ter um efeito nocivo para estas personagens, 
que agem de forma ainda mais alucinada que aquelas que surgiram antes. Confessam estar 
sempre presas nas seis horas da tarde e, por isso, não podem parar de tomar chá nem têm 
tempo para lavar a louça.
Alice promete a si mesma não voltar ali e quando vê uma porta entre os ramos de uma árvore, 
resolve fugir sem olhar para trás. Mostrando que embora esteja em um mundo de ponta 
cabeça continua aprendendo e evoluindo, a menina dá os passos corretos para abrir a porta e 
passar para o jardim.
“Desta vez, farei tudo certo”, disse consigo. E começou pegando a chavezinha 
dourada e destrancando a porta que conduzia ao jardim. Depois, foi 
mordiscando o cogumelo (ela guardara um pedaço no bolso) até ficar com trinta
centímetros de altura. Daí atravessou a pequena passagem: então... achou-se 
finalmente no lindo jardim, entre canteiros resplandecentes e fontes 
fresquinhas.
Pintar as rosas de vermelho
Na entrada do jardim está um grupo de soldados, que juntos formam um baralho de cartas e se 
referem uns aos outros como números. Estão brigando enquanto tentam pintar as rosas brancas
com tinta vermelha. Alice questiona os soldados, procurando saber por quê estão pintando as 
coisas.
Veja bem, senhorita, o fato é que, neste lugar, deveria haver uma roseira 
vermelha, mas por engano nós pusemos uma branca; e se a Rainha a descobrir, 
todos teremos nossas cabeças cortadas, compreende?
Através dessa metáfora, a menina fica sabendo que a Rainha é intolerante e injusta, provocando 
o medo de todos que vivem no seu reino. Logo depois, o baralho se joga no chão quando vê que 
o casal real está chegando com a sua comitiva e Alice permanece de pé.
A Rainha manda cortarem a sua cabeça mas logo depois se distrai quando repara que as rosas 
foram pintadas, ordenando que matem aqueles soldados. A menina evita o crime, ajudando as 
cartas a escapar. A Rainha, que não repara, resolve convidá-la para o seu jogo de croquet que 
está prestes a começar.
“Aos seus lugares!” trovejou a Rainha. E todo mundo começou a correr em todas
as direções, tropeçando uns nos outros. Em poucos minutos, porém, estavam 
todos acomodados, e o jogo começou.
O episódio parece fazer referência à Guerra das Rosas, um conjunto de lutas dinásticas pelo 
trono de Inglaterra que se prolongaram, de forma intermitente, por três décadas.
Entre 1455 e 1485, as casas de York e de Lancaster, simbolizadas por uma rosa branca e uma rosa
vermelha, batalharam entre si para chegar ao poder. O conflito terminou quando Henrique 
Tudor, de Lancaster, derrotou Ricardo III, rei de York, e casou com a sua sobrinha Isabel, unindo 
as duas casas.
A partida de croquet
O clima de tensão é notório em todos os presentes, quetemem a Rainha autoritária e tirana. O 
jogo manifesta a sua crueldade e o seu egoismo, encarando os súditos como brinquedos que 
servem para diverti-la. Em um mundo onde animais, flores e outras criaturas se comportam 
como humanos, esta cena trás a desumanização de todos, vistos como meros instrumentos 
para servir a família real.
Alice pensou que nunca vira um campo de croquet tão curioso em toda a sua 
vida: era cheio de saliências e sulcos, as bolas eram ouriços vivos, os tacos eram 
flamingos, e os soldados tinham que se dobrar e apoiar os pés e as mãos no chão
para formar os arcos.
Tudo isto tornava a partida de croquet praticamente impossível de jogar e ia confundindo e 
irritando os participantes, que "jogavam ao mesmo tempo, sem esperar a própria vez, 
discutindo sem parar".
A Rainha, cada vez mais furiosa, começa a mandar cortar a cabeça dos jogadores, o que vai 
deixando Alice desesperada.
É então que surge o Gato de Cheshire e a garota aproveita para desabafar com ele sobre 
a desordem, falta de comunicação e ausência de regras do jogo e de todo o País das 
Maravilhas.
“Acho que eles não jogam de maneira correta”, começou Alice em tom de 
queixa, “além disso brigam tanto que é impossível ouvir o que alguém fala... e 
acho que não têm regras muito definidas... ou, então, ninguém obedece a elas..."
O Rei estende sua mão para o felino beijar mas ele se recusa, o que resulta em mais um ataque 
de fúria da Rainha que "só conhecia um jeito de solucionar todas as dificuldades": a violência. 
Para impedir a sua morte, a protagonista sugere que chamem a Duquesa, dona do gato.
Frustrada, a Rainha acaba desistindo do jogo e se oferece para levar a menina para conhecer a 
Falsa Tartaruga. Antes de partir, a menina escuta o Rei perdoando todos que tinham sido 
condenados à morte.
O julgamento
Conversando com a Falsa Tartaruga e o Grifo, a menina aprende várias histórias do fundo do 
mar, juntamente com canções, rimas e adivinhas. Quando lhe pedem para recitar o 
"Preguiçoso", poema moralizante de Isaac Watts ensinado na escola, erra todos os versos, 
confusa com tudo o que acabou de escutar.
Alice não disse nada: sentou-se com a cabeça entre as mãos, indagando a si 
mesma se alguma vez as coisas voltariam a ser como antes.
De repente, escutam um grito que anuncia o início do julgamento e são forçados a sair correndo,
sem saber ao menos do que se trata. Encontram o Rei e a Rainha sentados nos tronos e 
rodeados por uma multidão, preparados para o julgamento. O Rei, com uma peruca branca será 
o juiz e, na banca do júri, várias criaturas escrevem o próprio nome repetidamente em uma folha
de papel, "por medo de esquecê-los".
O Coelho Branco lê a acusação: o Valete de Copas está sendo acusado de roubar as tortas da 
Rainha. Mandam chamar as testemunhas, que parecem ter sido escolhidas ao acaso porque não 
sabem nada sobre a situação. Alice, que no começo estava entusiasmada por assistir a um 
julgamento, começa a ficar cada vez mais irritada com todos os absurdos que vê.
Neste exato momento, Alice teve uma sensação muito estranha, que a deixou 
muito embaraçada até que descobrisse do que se tratava: estava começando a 
crescer outra vez.
O episódio é uma sátira ao sistema judicial, mostrando que a injustiça, a tirania e o absurdo 
estão presentes até na lei. Crescendo cada vez mais, a menina é chamada para depor e derruba a
banca do júri assim que se levanta. Alice declara que não sabe nada e corrige o Rei quando ele 
responde que isso é "muito importante".
Então, o Rei cita o "Artigo Quarenta e Dois: Todas as pessoas com mais de um quilômetro e meio 
de altura devem deixar o tribunal", alegando que Alice tem que abandonar o local.
A garota fica ainda mais revoltada quando descobre que a prova que existe contra o Valete é um 
bilhete sem a sua caligrafia nem assinatura e interrompe.
Pois eu acho que não tem um pingo de sentido em tudo isso.
Logo em seguida, quando é ordenado que decretem a sentença antes do veredito dos 
jurados, Alice começa a discutir com a Rainha, mostrando que perdeu o medo dela. Vai mais 
longe, expondo o absurdo e a loucura de toda a situação: "Vocês não passam de um maço de 
cartas!”.
Quando finalmente tem coragem de confrontar aqueles que a atacavam, afirmando a sua força 
e determinação, Alice acorda e percebe que tudo foi um sonho.
Alice de volta ao jardim
Naquele momento, todo o baralho voou pelos ares e começou a cair em sua 
direção: Alice deu um gritinho, meio de susto, meio de raiva, e tentou abatê-los, 
mas... quando deu por si, estava deitada no barranco com a cabeça no colo de 
sua irmã.
A menina, que tantas vezes se desesperou no País das Maravilhas, contou todas as aventuras à 
sua irmã, revelando que foi "um sonho maravilhoso".
Quando Alice se levantou para tomar o chá, sua irmã caiu no sono e começou a imaginar as 
personagens que a garota descreveu. Assim, o barulho das chávenas de chá era, na verdade, o 
som dos chocalhos das ovelhas e os gritos da Rainha eram os barulhos da fazenda.
Significado da obra
Por fim, ela imaginou como seria sua irmãzinha quando, no futuro, se 
transformasse em uma mulher adulta; e como conservaria, com o avançar dos 
anos, o coração simples e afetuoso da infância; e como reuniria em torno de si 
outras crianças e deixaria os olhos delas brilhantes e atentos a muitas histórias 
estranhas, talvez mesmo com o sonho do País das Maravilhas de tantos anos 
atrás; e como compartilharia as suas pequenas tristezas e as suas simples 
alegrias, recordando-se de sua própria infância e de seus felizes dias de verão.
O último parágrafo da história parece refletir sobre uma das principais questões da obra: a 
magia da infância, um tempo de imaginação e liberdade.
O País das Maravilhas surge, então, como uma metáfora para o modo inocente como as 
crianças vivem e interagem com o mundo e as suas regras arbitrárias, muitas vezes cruéis e 
injustas.
O desafio de Alice é crescer, embarcar na aventura da sua própria vida. O 
seu amadurecimento é representado como uma passagem súbita para um mundo estranho e 
potencialmente perigoso, a realidade dos adultos.
A irmã da menina acredita que ela conservará a magia da infância em seu coração ao longo de 
toda a vida e poderá narrar suas histórias a crianças curiosas como ela foi no passado.
Podemos imaginar que o autor estaria fazendo uma referência a si mesmo nessa passagem, já 
que improvisou a primeira versão da história para entreter as meninas Liddell durante a viagem.
Lewis Carroll, no entanto, deixa claro que a obra não pretende ter sentido algum:
Temo dizer que não é nada além de bobagens. Ainda assim, as palavras 
significam mais do que pretendemos expressar quando as usamos. Assim, um 
livro deve significar muito mais do que o escritor quer dizer. Então, quaisquer 
bons significados que estejam no livro, fico feliz em aceitar como o significado 
da obra.
Aquilo que destacou Alice no País das Maravilhas de outras histórias infantis foi precisamente 
o fato de a obra não ter uma moralidade, não transmitir uma determinada lição à sua 
audiência. A narrativa funcionou como um ponto de viragem para a literatura infantil que 
geralmente se preocupava em educar os seus leitores.
Aquilo que a obra traz de inovador ao panorama literário é a sua preocupação em divertir as 
crianças e incentivar a imaginação e a criatividade. Encantando crianças e adultos, vem 
lembrar que todos nós podemos conservar a curiosidade e o espírito de aventura que tínhamos 
quando éramos crianças.
Outras interpretações e teorias
Sem uma lição ou moralidade definida, Alice no País das Maravilhas é uma obra aberta a 
inúmeras interpretações e teorias. Uma das mais populares é aquela que associa as aventuras 
da protagonista com os efeitos de substâncias psicoativas que provocavam alucinações.
Essa linha de leitura relaciona o narguilé, o cogumelo, o chá e vários produtos que a menina 
consumiu com drogas que mudariam a sua percepção do mundo, transformando 
momentaneamentea sua realidade.
Outra teoria fala sobre a narrativa enquanto viagem ao subconsciente que ajuda a menina a 
processar e a compreender o mundo dos adultos, tantas vezes confuso e cheio de ameaças.
Uma terceira, mais sombria, defende que Alice é paciente em um hospital psiquiátrico. A sua 
viagem ao País das Maravilhas são apenas construções na sua mente para ajudá-la a passar o 
tempo.
	Alice no País das Maravilhas: resumo e análise do livro
	Resumo de Alice no País das Maravilhas
	Criação da obra e verdadeira Alice
	Personagens principais
	Enredo
	Início
	Desenvolvimento
	Nadando em lágrimas
	Em casa do Coelho
	Conselhos da Lagarta
	Um gato e um chá
	Rainha de Copas e jogo confuso
	Conclusão
	Análise da obra
	Na toca do Coelho
	A lagarta e o cogumelo
	O sorriso do Gato de Cheshire
	Um chá muito louco
	Pintar as rosas de vermelho
	A partida de croquet
	O julgamento
	Alice de volta ao jardim
	Significado da obra
	Outras interpretações e teorias

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