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Aula 4 - Uso de anti-inflamatórios em equinos

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Uso de Anti-inflamatórios 
em Equinos
M . V . E S P . P R O F . ª J U L I A N A Z A M B E L L I
P R Á T I C A H O S P I T A L A R E M C L Í N I C A M É D I C A D E 
G R A N D E S A N I M A I S , L A B O R A T Ó R I O S E S A Ú D E P Ú B L I C A
DEFINIÇÃO
IASP – Associação 
de estudos da dor
• A DOR é uma experiência sensitiva 
e emocional desagradável, 
associada a lesão tecidual 
• É um sinal característico de 
mecanismos normais de proteção 
do organismo contra um dano 
tecidual 
• A dor pode ser SUBJETIVA. Cada 
indivíduo (ou espécie) utiliza e 
demonstra através de suas 
experiências 
ETAPAS DA NOCICEPÇÃO
MEDULA ESPINAL 
Impulso é 
conduzido até a 
medula espinal
NOCICEPTORES
Transformam o 
impulso doloroso 
em potencial de 
ação
O impulso 
doloroso é 
modulado para ser 
passado ao SNC
SNC
O impulso chega 
ao SNC e é 
percebido como 
DOR
TRANSMISSÃO DA DOR
NOCICEPTORES: são receptores localizados nas terminações nervosas
São sensíveis a diferentes tipos de estímulos de intensidade NOCIVA
TÉRMICO
MECÂNICO
QUÍMICO
MEDIADORES PERIFÉRICOS E CENTRAIS DA DOR 
LESÃO
INÍCIO DO PROCESSO 
INFLAMATÓRIO 
CÉLULA ROMPIDA: LIBERA 
ATP 
ATP: ATIVA MACRÓFAGOS
NOCICEPTORES 
NEUROTRANSMISSORES 
SÃO LIBERADOS 
DESPOLARIZAM 
NEURÔNIOS SENSITIVOS 
NEUROTRANSMISSORES
PERIFÉRICOS
GLUTAMATO
SUBSTÂNCIA P 
BRADICINA
PROSTAGLANDINAS
CLASSIFICAÇÃO DA DOR 
• Lesão tecidual aguda e nociva 
• Mecanismo de defesa à lesão tecidual
• Processo agudo repetitivo ou tratamento de dor aguda mal conduzido, que levam a 
mecanismos adaptativos (cronificação do processo)
• NÃO TEM FUNÇÃO DE DEFESA
DOR AGUDA
DOR CRÔNICA
Por que tratar a dor? 
• OBJETIVO
Proteção 
Prevenção do desconforto 
Prevenção da perpetuação da dor aguda 
Diminuir complicações da sensibilização central continuada (dor patológica/ crônica)
É MAIS FÁCIL PREVENIR DO QUE TRATAR
ÉTICO
TERAPIA 
ANTÁLGICA 
(ANTI-DOR)
GRUPOS 
FARMACOLÓGICOS
AINES
Corticoides
Opioides
Antagonistas NMDA
Agonistas alfa-2 adrenérgicos 
Anestésicos locais 
Anticonvulsivantes 
Antidepressivos
AINES 
Anti-inflamatórios não-esteroidais
• MECANISMO DE AÇÃO 
Bloqueio da cicloxigenase (COX)
COX 1 COX 2
Presente em 
condições 
fisiológicas
Responsável pela 
HOMEOSTASE
INDUZIDA PELA 
INFLAMAÇÃO
Quando produzida 
em grande 
quantidade causa 
DOR e INFLAMAÇÃO
CASCATA DA INFLAMAÇÃO
AINES
CORTICÓIDES
AINES 
Anti-inflamatórios não-esteroidais
INESPECÍFICOS
Flunixina meglumina
Cetoprofeno
Fenilbutazona
Nimesulida
DMSO
Dipirona
SELETIVOS 
COX2 > COX1
Meloxicam
Carprofeno
Firocoxibe
AINES 
Anti-inflamatórios não-esteroidais
Á
C
ID
O
 A
R
A
Q
U
ID
Ô
N
IC
O
COX 1
Constitutiva
PROSTAGLANDINAS
Citoproteção GI
Atividade plaquetária
Função renal
COX 2
Induzida
PROSTAGLANDINAS
INFLAMAÇÃO
DOR 
FEBRE
Função Renal
CORTICÓIDES 
Anti-inflamatórios esteroidais
• MECANISMO DE AÇÃO 
Bloqueio de FOSFOLIPASE A
• Inibem INTENSAMENTE a cascata da inflamação 
IMUNOSSUPRESSORES
• Inibem a produção de INTERFERON-GAMA
Debilidade em reconhecer antígenos 
• Inibem produção de INTERLEUCINA-2 
Diminuem proliferação de linfócitos T
CORTICÓIDES 
Anti-inflamatórios esteroidais
• PRINCÍPIOS PARA O USO DE CORTICÓIDES
• Não há restrições em DOSE ÚNICA
• Doses terapêuticas, por alguns dias – SEGURO
• Efeitos adversos: variam de acordo com o tempo de tratamento 
• NUNCA DEVEM SER A PRIMEIRA ESCOLHA NA TERAPIA ANTÁLGICA
• NECESSITAM DESMAME (insuficiência adrenal)
CORTICÓIDES 
Anti-inflamatórios 
esteroidais
• INDICAÇÕES: 
• DOENÇA AUTOIMUNE
• DOENÇAS ALÉRGICAS 
• HIPOADRENOCORTICISMO
• Trauma cranioencefálico (?)
• Doenças articulares 
• Protocolos antineoplásicos 
CORTICÓIDES 
Anti-inflamatórios 
esteroidais
• EFEITOS ADVERSOS (INDESEJADOS, 
COLATERAIS): 
IMUNOSSUPRESSÃO
Distúrbios digestórios 
Hipoadrenocorticismo iatrogênico
Hipertensão arterial (retenção de 
líquidos)
Osteopatia e emagrecimento 
Linfopenia 
Alopecia e hiperpigmentação 
Polifagia 
Hepatomegalia e sobrecarga hepática 
CORTICÓIDES 
Anti-inflamatórios esteroidais
• CLASSIFICAÇÃO 
CURTA DURAÇÃO
• Cortisona 
• Hidrocortisona
INTERMEDIÁRIOS
• Prednisolona
• Prednisona
• Metilprednisolona
• Triancinolona
LONGA DURAÇÃO
• Dexametazona
• Betametazona
Principais AINES 
Utilizados na Clínica
Equina
U S O D E A N T I - I N F L A M A T Ó R I O S E M
E Q U I N O S
CARPROFENO
• AINE e analgésico
• Inibe a fosfolipase e de forma reversível a cicloxigenase (COX 2), alterando os 
mecanismos inflamatórios e da dor
• Meia-vida de 22 horas
• Contraindicações:
Pacientes portadores de distúrbios da coagulação, geriátricos ou com doenças intestinais 
inflamatórias, insuficiência hepática ou renal
CARPROFENO
• Ampla margem de segurança
• Utilizar com cautela em gestantes e lactantes
• Tratamentos longos podem causar efeitos gastrintestinais indesejados
• Administração e doses:
0,7 mg/kg
SID
IV, em dose única; pode ser continuado nesta mesma dose, SID, VO, durante 7 dias
CETOPROFENO
• Analgésico potente
• Síndrome de abdômen agudo 
(SAA); doenças articulares
• Contraindicado em casos de IR 
e hemorragias graves
• Tratamentos longos podem 
causar efeitos gastrintestinais 
indesejados
• Não existem estudos que 
comprovem segurança para 
uso durante a gestação
CETOPROFENO
• Farmacologia
Inibe a síntese de prostaglandinas pela inibição das COX 1 e COX 2 (redução da 
conversão do ácido araquidônico em prostaglandinas)
Bloqueio das respostas inflamatórias vasculares e celulares
Ação rápida
CETOPROFENO
• Administração e 
dose:
2,2 mg/kg
SID
3 a 5 dias
IM/IV
SAA: dose única
DIMETILSUFÓXIDO
• Analgésico e anti-inflamatório
• Propriedades diuréticas, 
antibacteriana e antifúngica
• Indicações:
Traumatismos cranianos
Edema cerebral
Aumento da PIC
Otites 
DIMETILSUFÓXIDO
• Indicações:
Preparatório de estados cirúrgicos –
laparotomia exploratória (enterotoxemia)
SAA – impactações
Lesões traumáticas músculo-esqueléticas e 
articulares
Quadros alérgicos dermatológicos
Adjuvante no TTO de peneumonias e 
laringites
DIMETILSUFÓXIDO
• Contraindicações:
Não aplicar em casos de acidentes 
com animais peçonhentos ou 
picadas de insetos
Não deve ser utilizado em 
processos crônicos
Fêmeas gestantes
Não deve ser utilizado 3 dias antes 
ou após o TTO com produtos 
organosfosforados ou outros 
inibidores da colinesterase, como 
os fenotiazínicos
DIMETILSUFÓXIDO
• Administração e doses:
Adultos: 50-100 ml/animal
Potros: 20-50 ml/animal
IV
• Pode ser utilizado por via tópica
• Evitar contato do produto com a pele ou olhos 
do aplicador
DIPIRONA
• Analgésico e antipirético
• Fraca ação anti-inflamatória
• Utilizado em casos de SAA
• Efeitos adversos:
Quando aplicado via IM pode causar 
reação local
Usar com cautelas em gestantes e 
lactantes
DIPIRONA
• Administração e 
dose:
25 mg/kg
IM, IV, Oral, SC
TID
FENILBUTAZONA
Um dos mais conhecidos AINEs utilizados 
da clínica equina!
Indicações: 
• Inflamação aguda do sistema musculo-esquelética
(lesões traumáticas)
• Artrites, bursites, contusões, estiramentos, 
luxações, miosites, nevrites, processos reumáticos, 
osteartrites, osteítes, tendinites
• Analgesia para condições dolorosas, incluindo dor 
visceral 
• SAA
• Ação antipirética 
FENILBUTAZONA
• Admininstração e dose:
2,2 – 4,4 mg/kg
IV, oral
SID
7 dias
FIROCOXIBE
• Indicado no TTO de inflamações 
e para alívio da dor pós-
traumática e pós-cirúrgica 
quando há acometimento de 
tecidos moles ou musculo-
esqueléticos
• Seletivo de COX 2
• Contra-indicação
Não administrar em gestantes 
e lactantes
Não administrar em animais 
com menos de 10 semanas de 
idade
FIROCOXIBE
• Administração e dose:
IV, SC, VO
0,1 mg/kg
SID
FLUNIXINA 
MEGLUMINA • O AINE mais utilizado nos casos 
de SAA e dores viscerais!
• Potente analgésico
• Com ação anti-inflamatória e 
antipirética• Indicado para todos os quadros de 
dor, febre 
FLUNIXINA 
MEGLUMINA
• Administração e dose:
1,1 mg/kg
IM, IV
SID
5 dias
MELOXICAM
• Indicação:
Patologias do aparelho e doenças musculo-esqueléticas: 
miosites, tendinites, osteítes, artrites, atrites reumatóides, 
osteoartrites, osteoartrose, sinovites, distensões miotendinosas, 
traumatismos, claudicações, síndrome do navicular, laminites e 
auxiliar na reparação de fraturas
Afecções oculares: uveítes, conjuntivites, pós-operatório
Desordens de ordem reprodutiva: retenção de placenta, metrites 
e mastite
Analgesia pré e pós-operatórias
Auxiliar no TTO de infecções bacterianas ou crônicas 
(pneumonias e diarreias) e quadros febris
MELOXICAM
• Contraindicações:
Animais com distúrbios cardíacos, 
hepáticos ou renais severos
Animais com SUGE
Evitar administração em animais 
desidratados, hipovolêmicos ou 
hipotensos (risco de toxicidade 
renal ser potencializado)
MELOXICAM
• Administração e 
dose:
0,6 mg/kg
IM, IV, VO
SID
5 dias
Principais AIES 
Utilizados na Clínica
Equina
U S O D E A N T I - I N F L A M A T Ó R I O S E M
E Q U I N O S
Dexametasona 
Anti-inflamatório e 
imunossupressor
Dentre os glicocorticóides, é 
mais frequentemente utilizado 
em grandes animais
Custo e potência do fármaco
Dexametasona 
• Contraindicações:
Infecções sistêmicas por fungos
Trombocitopenia idiopática
Atenção em animais com comprometimento 
da função renal
Casos de osteoporose
Verminoses graves
• NÃO INTERROMPER O TTO 
ABRUPTAMENTE
• Esquema regressivo de dosagem 
(desmame)
• Retirada abrupta pode ocasionar efeitos 
adversos
• Uso de corticóides podem induzir o parto
• Pode causar sonolência e letargia
• DOSES ELEVADAS EM EQUINOS PODEM 
INDUZIR OU EXACERBAR A LAMINITE!!!
Dexametasona 
• Administração e 
dose:
0,05 – 0,2 mg/kg
IM, intra-articular, 
IV, oftálmica, oral, 
SC, tópica
SID
Outros...
Acetato de metilpredinisolona
Acetonida de triancinolona 
Betametasona
Flumetasona
Fluoroprednisolona
Hidrocortisona 
Hidrocortisona 
Prednisolona
Prednisona 
Propionato de fluticasona
“A dor é inevitável, mas o 
sofrimento é opcional” 
(Sidharta Gautama – O Buda)
OBRIGADA!!!

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