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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM O MINISTÉRIO PÚBLICO EM AÇÃO 
Modulo de Direito Penal e Processo Penal 
 
 
 
 
Thaís de Oliveira Mocinho 
Matrícula: 19541 
 
 
Teoria do Crime e seus Elementos 
Professores: Claudia Portocarrero e Antônio José Campos Moreira 
 
 
Rio de Janeiro 
2023 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A teoria do crime é um conjunto de conceitos e princípios utilizados para 
determinar a existência de um crime e responsabilizar seus autores. É uma área 
fundamental do direito penal, que busca definir as bases para o julgamento de 
indivíduos acusados de delitos. Existem diversas teorias que buscam explicar o 
conceito de crime, e cada uma delas possui suas particularidades. No entanto, 
algumas ideias básicas são comuns a todas elas. Uma dessas ideias é a de que o 
crime é um fato socialmente danoso, ou seja, que causa prejuízo à sociedade como 
um todo. Outra ideia central da teoria do crime é a de que a responsabilidade pelo 
delito deve ser atribuída somente ao autor do fato, e não a outras pessoas ou 
circunstâncias. Isso significa que, para que um indivíduo seja condenado por um 
crime, é necessário que ele tenha agido voluntariamente e conscientemente, com a 
intenção de cometer o delito. 
Uma das principais teorias da culpabilidade é a teoria da imputação objetiva. 
Essa teoria argumenta que a culpabilidade não deve ser baseada apenas na intenção 
do autor do crime, mas também no resultado do ato praticado. Assim, para que um 
indivíduo seja considerado culpado, é necessário que seu comportamento tenha 
causado um resultado proibido. 
Outra teoria importante é a teoria do tipo objetivo. Segundo essa teoria, a 
descrição legal do crime é fundamental para a determinação da existência de um 
delito. Isso significa que, para que um indivíduo seja condenado por um crime, é 
necessário que seu comportamento tenha se encaixado exatamente na descrição 
legal do delito. 
Além disso, a teoria do crime também engloba conceitos como a tipicidade, a 
ilicitude e a culpabilidade. A tipicidade refere-se à adequação do comportamento do 
agente à descrição legal do delito. Já a ilicitude é a contrariedade do ato praticado ao 
ordenamento jurídico. Por fim, a culpabilidade refere-se à capacidade do agente de 
compreender a ilicitude de sua conduta e de agir de forma diferente. 
É importante ressaltar que a teoria do crime está em constante evolução, e 
novos conceitos e ideias estão sendo incorporados a ela a todo momento. No entanto, 
os princípios básicos que norteiam essa teoria permanecem os mesmos, e continuam 
sendo fundamentais para o direito penal e para a justiça como um todo. 
Por fim, é importante destacar que a teoria do crime não se limita a esses 
elementos, mas também considera outros aspectos fundamentais, como a 
imputabilidade, a lesividade, a punibilidade e a prescrição. A imputabilidade, por 
exemplo, diz respeito à capacidade do agente de entender a ilicitude de sua conduta. 
Já a lesividade está relacionada ao dano causado pela conduta criminosa, enquanto 
a punibilidade diz respeito à possibilidade de aplicação de uma pena ao agente que 
cometeu o crime. A prescrição, por fim, estipula o prazo máximo para que ocorra a 
aplicação da pena ao agente criminoso. 
Em síntese, a teoria do crime é um conjunto de conceitos e princípios utilizados 
para determinar a existência de um delito e responsabilizar seus autores. Essa teoria 
engloba ideias como a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade, e busca estabelecer as 
bases para o julgamento de indivíduos acusados de crimes. 
 
2. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TEORIA GERAL DO CRIME 
 
A teoria geral do crime, como é entendida hoje em dia, é um produto da 
evolução do pensamento jurídico e filosófico ao longo da história. A teoria geral do 
crime se desenvolveu gradualmente ao longo do tempo, sendo influenciada por uma 
variedade de fatores, incluindo as mudanças nas concepções de justiça, as 
transformações sociais e econômicas, as mudanças políticas e as descobertas 
científicas. 
A origem da teoria geral do crime pode ser rastreada até as civilizações antigas, 
como a Grécia e Roma. Na Grécia antiga, por exemplo, a ideia de justiça estava ligada 
à ideia de harmonia entre o indivíduo e a sociedade. Na época romana, as leis eram 
baseadas no princípio de que o indivíduo devia se submeter à autoridade do Estado. 
Nesse contexto, o crime era visto como uma violação das leis do Estado e a punição 
era considerada uma forma de restaurar a ordem social. 
Durante a Idade Média, a teoria do crime foi influenciada pelas concepções 
cristãs de justiça e pecado. Nesse período, a justiça era vista como uma forma de 
expiação pelo pecado e a punição era concebida como uma forma de redenção. No 
entanto, a partir do século XVIII, com o Iluminismo, a teoria do crime começou a ser 
influenciada por ideias mais racionais e científicas. Nesse período, surgiram as 
primeiras tentativas de se desenvolver uma teoria geral do crime baseada em critérios 
objetivos, como a intenção do autor e a gravidade do dano causado. 
Com o desenvolvimento da criminologia e da psicologia criminal no século XIX, 
a teoria do crime passou a levar em consideração fatores como o ambiente social, as 
condições psicológicas do autor e as causas sociais e econômicas que levavam ao 
crime. Além disso, a teoria do delito também foi influenciada pelo surgimento de novas 
tecnologias forenses, como a impressão digital e a análise de DNA, que permitiram 
uma melhor investigação dos crimes. 
No século XX, a teoria do delito foi influenciada pelas mudanças políticas e 
sociais que ocorreram em todo o mundo. Durante a Guerra Fria, por exemplo, a teoria 
do crime foi influenciada pelas ideias do pensamento marxista, que concebia o crime 
como resultado das contradições sociais e econômicas. Nos anos 60 e 70, surgiram 
novas correntes teóricas, como o movimento crítico do direito, que criticava as formas 
tradicionais de se conceber o delito e a justiça penal. 
Atualmente, a teoria geral do crime é caracterizada pela sua pluralidade de 
enfoques e perspectivas. Há correntes teóricas que enfatizam a importância da 
intenção do autor e do dano causado, enquanto outras privilegiam fatores como o 
ambiente social, a pobreza e a marginalização. Além disso, a teoria do crime também 
é influenciada pelas mudanças políticas. 
 
3. DEFINIÇÃO DO CRIME 
 
 
O conceito de crime pode ser abordado de diversas formas, incluindo as 
perspectivas formal, material e analítica. Essas três abordagens são frequentemente 
utilizadas no estudo do Direito Penal e fornecem diferentes enfoques para 
compreender o que é considerado um crime. 
 
O conceito formal de crime está relacionado à ideia de que um ato só pode ser 
considerado criminoso se estiver descrito de forma clara e precisa em uma lei penal. 
Ou seja, para que uma conduta seja considerada crime, é necessário que exista uma 
lei que a defina como tal. Dessa forma, o conceito formal de crime está focado na 
análise da norma penal e na sua aplicação prática. 
 
Por sua vez, o conceito material de crime está relacionado à ideia de que um 
ato só pode ser considerado criminoso se tiver causado um dano ou prejuízo a algum 
bem jurídico protegido pelo ordenamento jurídico. Nesse sentido, o conceito material 
de crime está focado na análise dos efeitos que a conduta produziu no mundo real. 
 
Finalmente, o conceito analítico de crime se concentra em três elementos 
fundamentais: a conduta, a tipicidade e a ilicitude. De acordo com essa abordagem, 
para que uma conduta seja considerada crime, é necessário que ela preencha todos 
esses três elementos. A conduta deve ser uma ação ou omissão voluntária do agente, 
ela deve ser descrita como crime na lei (tipicidade) e ela não pode ser justificada ou 
permitida pelo ordenamento jurídico (ilicitude). 
 
Esses três conceitos, formal, material e analítico, são importantes para o estudo 
do DireitoPenal, pois fornecem diferentes enfoques para a compreensão do que é 
considerado um crime e como ele é avaliado pelo sistema jurídico. 
 
3.1. Conceito do Crime adotado pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro 
 
O ordenamento jurídico brasileiro adota a definição de crime como 
sendo uma conduta humana que é descrita como tal na lei penal, e que é 
considerada ilícita e passível de punição pelo Estado. Essa definição está 
prevista no artigo 1º do Código Penal Brasileiro, que estabelece que "Não há 
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal". 
O Código Penal Brasileiro ainda define o crime como uma conduta que 
é contrária ao ordenamento jurídico, e que atenta contra os bens jurídicos 
tutelados pelo Estado, como a vida, a liberdade, a propriedade, a integridade 
física e moral, a dignidade da pessoa humana, entre outros. 
Além disso, o Código Penal Brasileiro estabelece que para que uma 
conduta seja considerada criminosa, é necessário que estejam presentes os 
seguintes elementos: tipicidade, ilicitude e culpabilidade. A tipicidade diz 
respeito à adequação da conduta ao tipo penal descrito na lei, ou seja, é 
preciso que a conduta esteja prevista como criminosa em lei. A ilicitude, por 
sua vez, diz respeito à contrariedade da conduta aos valores jurídicos 
protegidos pelo ordenamento jurídico. Por fim, a culpabilidade exige que o 
agente tenha consciência da ilicitude de sua conduta e que possua 
capacidade para agir de forma diferente. 
Dessa forma, a definição adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro 
do crime está em consonância com os princípios do Estado Democrático de 
Direito, que exige a observância das normas legais e a proteção dos bens 
jurídicos fundamentais da sociedade. 
 
4. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CRIME 
 
Para que uma conduta seja considerada um crime, é necessário que ela 
preencha os elementos constitutivos do crime, como visto anteriormente que são a 
tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade. 
 
4.1. Tipicidade 
 
Fato típico é um termo utilizado no direito para descrever uma conduta humana 
que é considerada crime ou contravenção penal. Ele é definido como a descrição de 
uma ação ou omissão que, de acordo com a lei, é proibida e sancionada com pena 
privativa de liberdade, multa ou outra sanção prevista na legislação. 
Os fatos típicos são descritos na legislação penal e são usados pelos 
tribunais para determinar se uma pessoa cometeu um crime ou não. Porque como 
Eles são divididos em elementos objetivos e subjetivos. 
Os elementos objetivos são aqueles que descrevem a ação ou omissão em si, 
como, por exemplo, "matar alguém". Existe uma subdivisão em descritivos e 
normativos. 
O tipo objetivo descritivo é a descrição abstrata e genérica da conduta 
criminosa prevista em lei, ou seja, é a definição legal do comportamento que é 
considerado criminoso. Ele é formado por um conjunto de elementos que descrevem 
a conduta proibida pela lei, como ação ou omissão, resultado, objeto material, 
elementos subjetivos, entre outros. 
Assim, para que uma conduta seja considerada criminosa, é necessário que 
ela se enquadre no tipo objetivo descritivo previsto em lei. Se a conduta do agente 
não estiver prevista no tipo penal, não há crime. Por exemplo, se uma lei define como 
crime o homicídio, é necessário que a conduta do agente se enquadre na descrição 
abstrata do tipo penal de homicídio para que seja considerada criminosa. 
O tipo objetivo descritivo, portanto, é essencial para a segurança jurídica, pois 
permite que os cidadãos saibam com clareza quais condutas são proibidas e puníveis 
pela lei. Além disso, é importante para a aplicação justa da lei, pois evita que a conduta 
do agente seja interpretada de maneira arbitrária ou subjetiva. 
O tipo objetivo normativo é um conceito utilizado no âmbito do direito penal para 
descrever a forma como uma conduta criminosa é definida pela lei, levando em 
consideração não apenas a descrição abstrata da conduta, mas também o contexto 
social, político e cultural em que ela ocorre. 
Diferentemente do tipo objetivo descritivo, que se limita a descrever a conduta 
criminosa de forma abstrata e genérica, o tipo objetivo normativo leva em 
consideração o contexto social em que a conduta ocorre. Isso significa que o tipo penal 
não se limita a descrever a conduta, mas também define a conduta como proibida, 
considerando os valores e normas da sociedade em que a lei é aplicada. 
Assim, enquanto o tipo objetivo descritivo se concentra na descrição da 
conduta, o tipo objetivo normativo se concentra na justificativa para a criminalização 
da conduta. O tipo objetivo normativo, portanto, é essencial para a compreensão da 
finalidade da lei penal, que não é apenas punir condutas consideradas ofensivas, mas 
também proteger valores e normas fundamentais para a convivência social. 
Vale ressaltar que, embora o tipo objetivo normativo leve em consideração o 
contexto social em que a conduta ocorre, ele não pode ser usado para criminalizar 
condutas que não estejam previstas na lei. A conduta do agente ainda precisa se 
enquadrar no tipo penal descrito na lei, levando em consideração tanto o aspecto 
objetivo quanto o normativo. 
Nas palavras de Roxin, “um elemento é ‘descritivo’ quando se pode perceber 
sensorialmente, vale dizer, ver e tocar o objeto que designa. Neste sentido, o conceito 
de ‘ser humano’, ao qual se referem os tipos de homicídio, é um elemento descritivo. 
Pelo contrário, fala-se de um elemento ‘normativo’ quando somente existe no âmbito 
das representações valorativas e, por isso, somente pode ser compreendido 
espiritualmente. Assim ocorre com o conceito de alheio em meu segundo exemplo 
inicial [furto]. O fato de uma coisa ser propriedade de alguém não se pode ver, se não 
apenas entender-se espiritualmente conhecendo os contextos jurídicos” (La teoría del 
delito en la discusión actual, p. 197);1 
Diferentemente do tipo objetivo, que se refere à descrição abstrata e genérica 
da conduta proibida pela lei, o tipo subjetivo se refere à intenção, ao dolo ou à culpa 
do agente na prática do ato. 
O tipo subjetivo é composto pelo dolo e pela culpa, que são duas espécies de 
elementos subjetivos. O dolo se refere à intenção do agente de praticar a conduta 
criminosa, ou seja, à vontade consciente e deliberada de realizar o comportamento 
proibido pela lei. Já a culpa se refere à negligência, imprudência ou imperícia do 
agente na prática do ato, ou seja, à falta de cuidado ou atenção na conduta que 
acabou por produzir o resultado danoso. 
Para que haja crime, é necessário que a conduta do agente seja típica, ou seja, 
que esteja prevista na lei penal. Além disso, é necessário que a conduta seja 
antijurídica, ou seja, que seja contrária ao ordenamento jurídico. Por fim, é necessário 
que haja culpabilidade, ou seja, que o agente tenha agido com dolo ou culpa na prática 
do ato. 
Assim, o tipo subjetivo é essencial para a caracterização do crime, pois permite 
verificar a intenção do agente na prática do ato e a sua responsabilidade pelo 
resultado danoso. Sem a presença do tipo subjetivo, a caracterização do crime se 
limitaria apenas à descrição abstrata da conduta, sem levar em consideração a 
intenção ou a culpa do agente na sua prática. Já os elementos subjetivos se referem 
 
1 NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Direito Penal, 12ª edição, editora Forense, 2016, página 
181. 
ao estado mental do agente no momento da ação, como a intenção de matar (dolo) 
ou a culpa em relação ao resultado (culpa). 
Os fatos típicos podem variar de acordo com o país e a legislação local. Por 
exemplo, o fato típico de "porte de arma de fogo sem autorização" pode ser crime em 
alguns países, enquanto em outros pode ser permitido sob certas circunstâncias. 
Alguns exemplos de fatos típicos comuns incluem homicídio, roubo, furto, 
estelionato, tráfico de drogas, lesão corporal,entre outros. Cada um desses crimes 
tem seus próprios elementos objetivos e subjetivos, que devem ser provados pelo 
Ministério Público para que uma condenação seja proferida. 
Além disso, é importante destacar que a descrição dos fatos típicos deve 
ser precisa e detalhada o suficiente para que os juízes possam avaliar se uma 
conduta é ou não criminosa. Isso é importante porque a interpretação das leis 
penais pode variar de acordo com o caso, e a falta de clareza na descrição dos 
fatos típicos pode levar a erros judiciais. 
Por fim, é importante ressaltar que a existência de um fato típico não 
significa necessariamente que a pessoa seja culpada pelo crime. Para que haja 
uma condenação, é necessário que os elementos objetivos e subjetivos sejam 
comprovados além de qualquer dúvida razoável, o que é papel do Ministério 
Público durante o processo penal. 
 
4.2 ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) 
Antijuridicidade é um elemento constitutivo do crime que se refere à 
contrariedade da conduta do agente com o ordenamento jurídico. Em outras 
palavras, uma conduta é considerada antijurídica quando viola uma norma 
jurídica, seja ela uma lei, uma norma constitucional ou uma norma 
infraconstitucional. 
 
Para que haja crime, é necessário que a conduta do agente seja 
antijurídica, ou seja, que seja contrária ao ordenamento jurídico. A 
antijuridicidade pode ser afastada em algumas situações, como quando a 
conduta é praticada em legítima defesa, em estado de necessidade, em 
cumprimento de um dever legal ou em exercício regular de um direito. 
 
4.2.2 Excludentes de Ilicitude 
 
As excludentes de ilicitude são situações em que uma conduta que, em 
princípio, seria considerada criminosa é justificada ou permitida pelo ordenamento 
jurídico e têm como objetivo afastar a ilicitude da conduta, ou seja, torná-la lícita e não 
punível. 
 
 São previstas no Código Penal em seu artigo 23, que dispõe: 
 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato 
 I - Em estado de necessidade 
 II - Em legítima defesa 
 III - Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.2 
 
A legítima defesa é uma das principais excludentes de ilicitude onde permite 
que uma pessoa se defenda usando meios necessários para repelir uma agressão 
injusta. Para que a legítima defesa seja configurada, é necessário que a pessoa 
atacada esteja em situação de perigo iminente e que a defesa seja proporcional ao 
ataque recebido. Além disso, a pessoa que se defende não pode ultrapassar os limites 
da necessidade e da moderação. 
 
O estado de necessidade permite que uma pessoa cometa um crime para evitar 
um mal maior. Por exemplo, um pai que furta comida para alimentar seus filhos 
famintos pode alegar estado de necessidade para se defender em um eventual 
processo penal. No entanto, para que essa excludente seja configurada, é necessário 
que o mal a ser evitado seja maior do que o mal causado pelo crime praticado. 
 
O estrito cumprimento do dever legal é outra excludente de ilicitude que permite 
que um agente público execute uma ordem legal mesmo que essa ordem resulte em 
danos a terceiros. Por exemplo, um policial que usa força excessiva para conter um 
criminoso em fuga pode alegar que estava agindo em estrito cumprimento do dever 
 
2 Código Penal de 1940 
legal. No entanto, essa excludente tem limites claros e não pode ser usada para 
justificar condutas ilegais ou desproporcionais. 
 
Por fim, o exercício regular de direito é outra excludente de ilicitude que permite 
que uma pessoa exerça um direito reconhecido pela lei, mesmo que isso resulte em 
danos a terceiros. Por exemplo, um médico que realiza uma cirurgia em um paciente 
e acaba causando lesões pode alegar que estava exercendo regularmente sua 
profissão. No entanto, essa excludente também tem limites e não pode ser usada para 
justificar condutas ilegais ou desproporcionais. Como exemplo temos o INQUÉRITO 
3.133 ACRE, cuja o relator foi Ministro Luiz Fux 
 
EMENTA: INQUÉRITO. DENÚNCIA CONTRA DEPUTADA 
FEDERAL. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA (ART. 102, I, ‘b’, CRFB). 
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (ART. 339 DO CP). DOLO DIRETO NÃO 
CONFIGURADO. EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO DE PETIÇÃO (ART. 5º, 
XXXIV, ‘a’, CRFB). CAUSA EXCLUDENTE DE ILICITUDE (ART. 23, III, CP). 
PRECEDENTES. DOUTRINA. PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL JULGADA 
IMPROCEDENTE.3 
 
É importante destacar que a presença de uma excludente de ilicitude não 
significa que o agente ficará impune, já que ainda pode ser responsabilizado 
civilmente pelo dano causado, por exemplo. Além disso, a análise da presença de 
uma excludente de ilicitude em uma conduta deve ser feita caso a caso, levando em 
consideração as circunstâncias específicas de cada situação. 
 
Vale destacar que a antijuridicidade é um elemento distinto da tipicidade, que 
se refere à descrição abstrata e genérica da conduta criminosa na lei. Uma conduta 
pode ser típica, ou seja, estar prevista na lei penal, mas ainda assim ser considerada 
juridicamente justificada, como é o caso das situações citadas anteriormente. 
 
A análise da antijuridicidade da conduta é importante para a aplicação do direito 
penal, pois permite verificar se a conduta é ou não contrária às normas do 
ordenamento jurídico. Se a conduta for considerada antijurídica, o agente poderá ser 
 
3 Inquérito 3.133, relator Ministro Luiz Fux, STF, 2014 
responsabilizado criminalmente pelos seus atos, caso sejam preenchidos os demais 
requisitos do crime, como a presença do dolo ou da culpa. 
 
 
4.3 CULPABILIDADE 
 
Culpabilidade se refere à capacidade de imputação de uma conduta criminosa 
a um agente. Ou seja, é a análise da possibilidade de responsabilizar alguém por uma 
ação criminosa. 
 
A culpabilidade está presente em todas as infrações penais e é analisada em 
conjunto com os outros elementos do crime, como a conduta e a tipicidade. Ela está 
relacionada à capacidade de entender a ilicitude do ato e de agir de acordo com esse 
entendimento. Assim, só pode ser culpado aquele que tiver a capacidade de entender 
a ilicitude do seu comportamento e de agir de forma contrária a ela. 
 
A culpabilidade, portanto, não é uma característica da conduta em si, mas sim 
do agente que a prática. É uma análise subjetiva que considera as condições 
psicológicas, intelectuais e morais do agente. Dessa forma, a culpabilidade é um 
elemento importante para a aplicação da pena, pois é a partir dela que se estabelece 
a medida da sanção a ser aplicada. 
 
No ordenamento jurídico brasileiro, a culpabilidade é analisada sob a ótica da 
teoria tripartite do crime. Assim, para que alguém possa ser considerado culpado de 
um crime, é necessário que estejam presentes os seguintes requisitos, imputabilidade: 
o agente deve ter capacidade de entender a ilicitude da sua conduta e de agir de 
acordo com esse entendimento, potencial consciência da ilicitude: o agente deve ter 
conhecimento da ilicitude do seu comportamento, exigibilidade de conduta diversa: o 
agente deve ter condições de agir de forma diversa, ou seja, deveria ter agido de outra 
forma para evitar a prática do crime. 
 
Assim é interessante abordar as principais excludentes de culpabilidade 
previstas na legislação brasileira e mencionar suas implicações e limitações. 
 
A inimputabilidade, aplica a pessoas que não têm capacidade mental para 
entender a ilicitude de seus atos ou para determinar-se de acordo com esse 
entendimento. Essa condição pode decorrer de uma doença mental ou de deficiência 
mental. A inimputabilidade exclui a culpabilidade do agente, tornando-o isento de 
pena, mas não o absolve do crime praticado. Nesse caso, o agente pode ser 
submetido a medidas de segurança, como internação em hospital psiquiátrico ou 
tratamento ambulatorial. 
 
A coação moral irresistível, ocorre quando o agente é compelido a praticar um 
crime por meio de grave ameaça ou violência. Nesse caso,a culpabilidade é excluída 
porque o agente não teve liberdade de escolha para agir de outra forma. No entanto, 
para que essa excludente seja configurada, é necessário que a ameaça seja tão grave 
e iminente que o agente não possa resistir ou evitar a prática do crime. 
 
A obediência hierárquica se aplica a agentes públicos que praticam atos ilegais 
por ordem de seus superiores hierárquicos. Nesse caso, a culpabilidade é excluída 
porque o agente agiu sob a autoridade e a responsabilidade de seu superior, não 
tendo autonomia para decidir se deveria ou não praticar o ato. No entanto, para que 
essa excludente seja configurada, é necessário que a ordem seja manifestamente 
ilegal e que o agente tenha atuado dentro dos limites da ordem recebida. 
 
A embriaguez completa fortuita ou acidental ocorre quando o agente, sem ter a 
intenção de se embriagar, ingere uma substância que o deixa em estado de 
embriaguez completa e, por isso, não tem a capacidade de entender o caráter ilícito 
do ato praticado. Nesse caso, a pessoa não pode ser considerada culpada pelo ato 
praticado, pois não tinha capacidade de discernimento para avaliar a ilicitude da 
conduta. 
 
Por fim, o erro de proibição se aplica quando o agente, por erro inevitável, 
acredita que sua conduta é lícita. Nesse caso, a culpabilidade é excluída porque o 
agente não teve consciência da ilicitude de seu ato. No entanto, para que essa 
excludente seja configurada, é necessário que o erro seja inevitável e que o agente 
tenha atuado de boa-fé. 
 
Caso um desses requisitos esteja ausente, não haverá culpabilidade e o agente 
não poderá ser responsabilizado criminalmente pela conduta. No entanto, é 
importante destacar que a ausência de culpabilidade não significa que o agente não 
possa ser responsabilizado civilmente pelo dano causado. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
A teoria do crime é uma das principais áreas do Direito Penal, responsável por 
estudar os elementos que compõem a figura típica do crime. Essa teoria é 
fundamental para a aplicação da lei penal, pois permite identificar quando uma 
conduta é considerada criminosa e, consequentemente, aplicar a sanção prevista na 
lei. 
Ao longo deste texto, foram apresentados os principais elementos do crime, 
que são a conduta, a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade. Cada um desses 
elementos possui características específicas e é fundamental para a caracterização 
da figura típica do crime. 
 
A conduta é o primeiro elemento a ser analisado na teoria do crime e se refere 
à ação ou omissão do agente. Para que uma conduta seja considerada criminosa, é 
preciso que ela esteja prevista na lei penal e seja praticada com dolo ou culpa. 
 
A tipicidade é o segundo elemento do crime e consiste na adequação da 
conduta do agente ao tipo penal descrito na lei. Ou seja, é a verificação se a conduta 
praticada pelo agente se enquadra nas características descritas na lei como crime. 
 
A antijuridicidade é o terceiro elemento do crime e se refere à contrariedade da 
conduta do agente ao ordenamento jurídico. Ou seja, é a verificação se a conduta do 
agente é contrária às normas jurídicas e se não existe nenhuma causa de justificação 
para a conduta. 
 
Assim pode se dizer que a culpabilidade é o último elemento do crime e se 
refere à capacidade do agente de compreender a ilicitude de sua conduta e de agir de 
acordo com esse conhecimento. Ou seja, é a verificação se o agente tinha consciência 
da ilicitude de sua conduta e se podia agir de forma diversa. 
 
A análise desses quatro elementos é fundamental para a caracterização da 
figura típica do crime. Se um deles estiver ausente, não haverá crime e, 
consequentemente, não será possível aplicar a sanção penal prevista na lei. 
 
Além dos elementos do crime, também foram apresentados ao longo deste 
texto os principais institutos que compõem a teoria do crime, como as excludentes de 
ilicitude e de culpabilidade, que permitem afastar a responsabilidade penal do agente 
em determinadas situações. 
 
Em conclusão, é importante ressaltar que a teoria do crime é uma área em 
constante evolução e que novas discussões e reflexões são constantemente 
propostas pelos estudiosos do Direito Penal. Por isso, é fundamental que os 
operadores do Direito estejam sempre atualizados e atentos às mudanças e 
novidades que surgem nessa área do Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. BIBLIOGRAFIA 
 
• NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Direito Penal, 12ª edição, editora 
Forense, 2016. 
• Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral, volume I / Rogério 
Greco. – 19. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017. 
• Gonçalves, Victor Eduardo Rios Livro Direito Penal. Parte Geral - Volume 
7. Coleção Sinopses Jurídicas, 2020 
• https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/ 
• Gueiros, Arthur e Japiassú, Carlos Eduardo Curso de Direito Penal - Parte 
Geral - Volume 1: Parte Geral - Arts. 1º a 120, Livraria Forense; 2ª edição, 
2015 
• https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm 
 
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/

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