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TIPOS DE ESTRUTURAS DE ARRIMO Apresentação Você já se deu conta de que a infraestrutura urbana está entremeada por obras geotécnicas? Desde escavações para a execução de edifícios, até a construção de um pequeno muro no quintal do seu vizinho. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os principais tipos de estruturas de arrimo, como os muros de gravidade e as cortinas; analisar como são os mecanismos externos que potencializam a instabilidade destas estruturas, bem como verá os principais conceitos de verificação da estabilidade a partir das definições dos empuxos já estudadas anteriormente. Por último, faremos uma rápida abordagem sobre a importante questão da durabilidade das estruturas de contenção. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os tipos de muros de arrimo e de cortinas.• Analisar os conceitos de verificação para estabilidade a muros de gravidade.• Compreender a importância e a necessidade de durabilidade das estruturas de contenção.• Desafio Você é o engenheiro projetista de um muro de arrimo de flexão que será instalado em um talude instável de uma rodovia. Verifique a sua estabilidade ao tombamento, considerando uma carga distribuída de 10kN/m2. O solo de terrapleno possui =34 graus, c=10kPa e γ=20 kN/m. Considere o peso específico do concreto igual a 25kN/m3. Infográfico A estabilidade externa de um muro de gravidade é governada por quatro verificações, que nada mais são que modos potenciais de ruptura. Portanto, para o dimensionamento externo de um muro, devemos sempre realizar as seguintes verificações: Conteúdo do livro No capítulo Tipos de Estruturas de Arrimo, da obra "Mecânica dos Solos Aplicada", o autor aborda os principais tipos existentes de estruturas de contenção, as verificações necessárias ao dimensionamento de um muro de arrimo e, por fim, comenta sobre a durabilidade das estruturas de contenção. Boa leitura. MECÂNICA DOS SOLOS APLICADA Cleber Floriano Tipos de estruturas de arrimo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conhecer os tipos de muros de gravidade e de cortinas. � Aprender os conceitos de verificação à estabilidade para muros de gravidade. � Entender a necessidade de durabilidade das estruturas de contenção. Introdução Neste capítulo, vamos conhecer os principais tipos de estruturas de arrimo como os muros de gravidade e as cortinas. Vamos entender como são os mecanismos externos que potencializam a instabilidade destes muros, bem como aprender os principais conceitos de verificação à instabili- dade a partir da definição dos empuxos já estudados anteriormente. Por último, faremos uma rápida passagem sobre a importante questão da durabilidade das estruturas de contenção. Estruturas de arrimo As estruturas de arrimo (do verbo arrimar, que significa apoiar, escorar) ou também conhecida no meio técnico como estruturas de contenção (retening structure), são elementos estruturais capazes de suportar os esforços causados por pressões ou movimentos potencias de massa. São projetados para diversas finalidades, como conter uma escavação, uma encosta natural em situação crítica, queda de blocos, fluxos de detritos, manter estável um aterro de apro- ximação de uma ponte, entre outros mecanismos e tipos de movimento de massa potenciais. Do ponto de vista de durabilidade das estruturas, podem ser dividas em: provisórias ou definitivas. O fato é que para toda e qualquer estrutura de contenção deve-se conhecer bem qual o mecanismo externo que demanda aquela estrutura. Somente desta forma consegue-se verificar e dimensionar adequadamente. Os tipos de contenções abrangem uma grande variedade de obras e projetos de engenharia como: pontes, rodovias, obras portuárias, ferrovias, edificações em geral, usinas, barragens, entre outros. Neste capítulo, o foco são as estru- turas mais comuns do meio civil que são os muros de contenção e as cortinas. Ambos são elementos estruturais que sofrem a ação de empuxos laterais de terra. Diz-se que estas estruturas são as mais comuns, pois praticamente em qualquer bairro de sua cidade você encontrará estruturas como essas em pleno funcionamento. Tipos de estruturas de arrimo Fundamentalmente, podemos separar as contenções em estruturas de gra- vidade (ou peso) e estruturas de flexão. A escolha de um tipo de estru- tura de contenção para uma determinada situação é uma etapa de projeto e exige do engenheiro geotécnico habilidade no diagnóstico do problema, na funcionalidade da obra e também na viabilidade econômica. Além deste fundamental tripé de sustentação de um projeto, acrescenta-se a necessidade de durabilidade da obra. A seguir apresenta-se uma série de tipos de estruturas de contenção bas- tante comuns e que talvez você já tenha percebido numa viagem ou mesmo numa caminhada pelo seu bairro. Os tipos apresentados abaixo não esgotam as possibilidades para execução de estruturas de contenção. Atualmente, com o advindo de novos materiais e tecnologia industrial surgem diversas variações das estruturas de contenção, embora os conceitos fundamentais de funcionalidade permaneçam originais. Serão abordadas as técnicas específicas de sobresolo grampeado e solo reforçado. Elas recaem também na mesma necessidade de estabilidade exter- nas que as estruturas de gravidade. A grande diferença, no entanto, está no dimensionamento interno dos elementos de ancoragem ou reforço. Mecânica dos solos aplicada142 Outros tipos de contenção como as de soluções com telas metálicas, bar- reiras flexíveis, também são tecnologias mais recentes, sendo complementares ao propósito deste livro. Você sabe a diferença entre um grampo e um tirante ancorado no terreno? Os tirantes assim como os grampos são elementos de ancoragem (geralmente metálicos). A diferença é que nos tirantes existe um trecho livre (não aderente) e um trecho ancorado (aderente). Esta ancoragem deve estar além da cunha ativa e o trecho livre deve estar livre de grandes atritos. A ideia da ancoragem com tirante é de colocar a face de concreto em carga, ou seja, realizar proteção. Portanto, trata-se de uma solução ativa. Já os grampos do solo grampeado são ancoragens passivas, pois não se aplica protensão. Os elementos grampos não apresentam trecho livre. Figura 1. Ancoragem ativa x ancoragem passiva. Fonte: Floriano (2009). trecho livre trecho ancorado pré-carga (zona de reação)(zona de transferência) tensão na armadura tensão na a rmadura zo na c isa lh an te trecho ancorado (zona passiva) trecho ancorado (zona ativa) ELEMENTO DE ANCORAGEM ATIVO ELEMENTO DE ANCORAGEM PASSIVO 143Tipos de estruturas de arrimo Exemplos de estrutura de contenção Esquema geral tridimensional da contenção Muros de gravidade: gabiões, pedra arrumada, pedra argamassada, concreto ciclópico, crib-wall, muros de enroca- mento ou solo. Funcionamento: a estrutura sustenta os empuxos laterais através de seu peso próprio. Figura 2. Muro de gabiões. Figura 4. Muro de gravidade. Fonte: Zern Liew/Shutterstock Figura 3. Muro de pedra arrumada. Mecânica dos solos aplicada144 Exemplos de estrutura de contenção Esquema geral tridimensional da contenção Muros de flexão: muros de concreto armado sem contrafortes (pré-moldados ou moldados in loco), muros de concreto armado com contraforte (elementos enriquecedores da estrutura) Funcionamento: são estruturas esbeltas que precisam ser armadas, pois suportam momentos fletores elevados, especialmente na sua base. Nestas estruturas normalmente há uma contribuição de peso de solo dependendo do seu formato (L, por exemplo). No caso dos muros contraforte, os elementos (contrafortes) aumentam a rigidez do muro, aliviando a densidade de armadura e ao mesmo tempo tornando o muro mais valente aos empuxos laterais Figura 5. Muro de concreto armado. Fonte: eakkachai/Shutterstock Figura 6.Muro de flexão em “L” Fonte: Zern Liew/Shutterstock Figura 7. Muro de contrafortes. Fonte: Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (2000) Figura 8. Muro de contrafortes. Fonte: Zern Liew/Shutterstock 145Tipos de estruturas de arrimo Exemplos de estrutura de contenção Esquema geral tridimensional da contenção Cortinas: em balanço ou vinculada (estroncas ou ancoragens). Existem muitas formas de executar estruturas como estas, por exemplo: concreto armado, diafragma, pranchas metálicas, estacas, perfil metálico com painel de concreto ou de madeira, entre outras. Funcionamento: quando a estrutura não recebe vínculo, e fica dependente dos empuxos passivos (parte enterrada que se chama ficha). Quando os empuxos ficam muito elevados insere-se vínculos para distribuir os momentos fletores ao longo da estrutura. São estruturas muito esbeltas. Figura 9. Cortina em pranchas metálicas. Fonte: Aisyaqilumaranas/Shutterstock Figura 10. Cortina sem vínculo. Fonte: Zern Liew/Shutterstock Figura 11. Cortina de múltiplas ancora- gens (tirantes). Figura 12. Cortina com um vínculo (tirante). Fonte: Zern Liew/Shutterstock Mecânica dos solos aplicada146 Mecanismos de instabilidade nos muros A instabilidade externa de um muro de gravidade é governada por quatro verificações, que nada mais são que modos potenciais de ruptura. Portanto, para o dimensionamento externo de um muro, devemos realizar as seguintes verificações: 1. Estabilidade ao deslizamento; 2. Estabilidade ao tombamento; 3. Estabilidade à ruptura das fundações; 4. Estabilidade à ruptura global. Os modos de ruptura externa apresentados podem ser observados na Figura 13. Figura 13. Modos de ruptura externa de muros de gravidade. Você deve estar pensando como garantir a segurança de um muro de contenção à gravidade com base nessas quatro verificações. Veremos a seguir como calcular a segurança em cada uma destas situações, com 147Tipos de estruturas de arrimo exceção da estabilidade à ruptura global que é assunto da próxima aula (estabilidade de taludes), pois trata-se de análise de estabilidade por equilí- brio limite, havendo diversos métodos passíveis de serem utilizados, sendo bastante comum o uso de softwares, pois os cálculos analíticos acabam sendo bastante dispendiosos. É importante destacar que para tais análises, tomamos a estrutura como um corpo rígido. Por isso, chama-se de análise de estabilidade externa. A garantia da rigidez ou da capacidade de suportar os esforços externos deste corpo é um assunto a parte no campo da análise de estabilidade interna das estruturas, o que dependerá do tipo de estrutura projetada, de seus materiais e da capacidade de deformabilidade. O sistema de drenagem de uma contenção é fundamental para o bom funcionamento da contenção, uma vez que os empuxos de água atuantes no tardoz não são desejáveis e caso considerado no dimensionamento, verifica-se a necessidade de estruturas muito robustas, ou seja, pouco econômicas. Existem diversas formas de aliviarmos os empuxos de água do tardoz do solo. Observe, a partir de agora, nas obras de contenção, que tipo de dispositivo de drenagem aquela estrutura apresenta. Pesquise mais sobre o que são barbacãs e drenos sub-horizontais profundos. Verificações de estabilidade de muros de gravidade Verificação ao deslizamento A segurança ao deslizamento é comandada pela resistência do contato da base do muro. Portanto, será a superfície da base do muro que sofrerá este potencial deslizamento. Para fazer a verificação em que nível de segurança se encontra o seu muro projetado, você precisa saber a magnitude dos empuxos laterais que estão atuando no muro, a geometria do muro, bem como o peso total dele. Como podemos notar na Figura 14, o diagrama de corpo rígido que define o equilíbrio de forças horizontais. Mecânica dos solos aplicada148 Figura 14. Forças para verificação ao deslizamento. O fator de segurança (Fsd) corresponde ao nível de segurança do muro projetado e é representado pela seguinte razão: Onde: Fsd - é o fator de segurança ao deslizamento. Fr - é a força resistente (a força a favor da segurança do muro). Fi - é a força instabilizante (a força que empurra o muro para ele deslizar). A força resistente é definida como a parcela de resistência ao cisalhamento na base adicionando o empuxo passivo (quando considerado no cálculo). Assim, Fr = S + Ψ . EP Onde: S - é a resistência ao cisalhamento no contato muro-solo de fundação. Ψ - é um fator redutor ou anulador do empuxo passivo (em condições de obras definitivas, geralmente Ψ = 0). EP - magnitude do empuxo passivo. 149Tipos de estruturas de arrimo A resistência ao cisalhamento no contato muro-solo é definida segundo a equação fundamental de Coulomb. Assim, teremos: Onde: N’ - é a reação normal no plano de assentamento do muro. ℷ - é o ângulo de atrito do contato muro-solo de fundação (valores semelhantes ao ângulo de atrito solo-muro, δ, visto nos capítulos anteriores podem ser utilizados. Estes valores são menores ou igual ao ângulo de atrito interno do solo, ℷ ≤ ∅’). Cb - parâmetro de adesão muro-solo de fundação (em condições de obras definitivas, geralmente considera-se Cb = 0). As forças instabilizantes são definidas como: Fi = EA + U Onde: Fi - é a reação normal no plano de assentamento do muro. EA - é a magnitude do empuxo ativo. U - é a magnitude do empuxo de água. Importante lembrar sempre da presença de empuxo de água, este deve ser adicionado à parcela de forças instabilizantes. Por fim, verifica-se que para o muro não sofrer deslizamento, deve-se atender a condição de que as forças resistentes serem iguais ou superiores às forças instabilizantes multiplicadas por um fator de segurança: O fator de segurança é uma atribuição do projetista, no entanto, recomenda-se utilizar valores mínimos normativos. A ABNT NBR 11682:2009 estabelece que o valor mínimo para o fator de segurança ao deslizamento deve ser Fsd ≥ 1,5. Verificação ao tombamento A segurança ao tombamento é comandada pela potencial rotação num ponto (“o”), que fica no pé do muro de contenção. Portanto, precisa-se saber as mag- Mecânica dos solos aplicada150 nitudes das forças atuantes e suas posições para poder calcular os momentos (força x distância ao ponto de giro, “o”). Para fazer a verificação do nível de segurança em que se encontra o seu muro projetado, você precisa saber além da magnitude dos empuxos laterais que estão atuando no muro, a posição em que atuam estes empuxos, a geometria do muro, bem como o peso total dele. Como pode-se notar na Figura 15. o diagrama de corpo rígido que define o equilíbrio de forças horizontais e verticais com suas devidas posições de aplicação. Figura 15. Forças e suas posições para verificação ao tombamento. O fator de segurança (Fst) corresponde ao nível de segurança do muro projetado e é representado pela seguinte razão: Onde: Fst - é o fator de segurança ao deslizamento. Mr - é o momento resistente (as forças que causam giro a favor segurança do muro). Mi - é o momento instabilizante (as forças que causam giros que promovem o tombamento). 151Tipos de estruturas de arrimo O momento resistente é definido como o somatório de pesos multiplicados pelas suas distâncias perpendiculares até o ponto de giro, adicionando, quando considerado, a contribuição de momento devido ao empuxo passivo. Assim, Mr = W . xw + Ψ . EP . yP Onde: W - é o peso total do muro. xW - é a distância ortogonal do vetor W ao ponto de giro “o”. Ψ - é um fator redutor ou anulador do empuxo passivo (em condições de obras definitivas, geralmente Ψ = 0). EP - é a magnitude do empuxo passivo. yP - é a distância ortogonal do vetor EP ao ponto de giro “o”. Os momentos instabilizantes são definidos como: Mi = EA . yA + U . yU Onde: Mi - é o momento instabilizante. EA - é a magnitude do empuxo ativo. yA - é a distância ortogonal do vetor EA ao ponto de giro “o”. U - é a magnitudedo empuxo de água. yU - é a distância ortogonal do vetor U ao ponto de giro “o”. Importante lembrar também sempre da presença de empuxo de água, este deve ser adicionado à parcela de momentos instabilizantes. Por fim, verifica-se que: para o muro não sofrer tombamento, deve-se atender a condição de que os momentos resistentes sejam iguais ou superiores aos momentos instabilizantes, multiplicado por um fator de segurança: O fator de segurança aqui também é uma atribuição do projetista, no entanto, recomenda-se utilizar valores mínimos normativos. A ABNT NBR 11682:2009 estabelece que o valor mínimo para o fator de segurança ao tom- bamento deve ser Fst ≥ 2,0. Mecânica dos solos aplicada152 Verificação às pressões nas fundações O cálculo das pressões na base do muro está relacionado à excentricidade deste, ou seja, a distância entre o seu centro geométrico e a posição do vetor reação normal, como indicado na Figura 16. Figura 16. Forças e suas posições para verificação da distribuição de pressão na base. A excentricidade “e”, portanto, pode ser obtida pelo equilíbrio à rotação em torno do eixo central da base do muro. O conceito de equilíbrio limite é válido para excentricidades positivas e modestas, assim, onde: e - é a excentricidade da reação vertical na base do muro. B - é a largura da base do muro. A equação que define a excentricidade é dada da seguinte forma: 153Tipos de estruturas de arrimo Onde: Mi - é o momento instabilizante. Mr - é o momento resistente (as forças que causam giro a favor segurança do muro). N’ - é a reação normal no plano de assentamento do muro. Assim, temos a seguinte fórmula: Para a obtenção das pressões atuantes na fundação, assume-se valores máximos e mínimos. Este critério é definido numa consideração de solo teórico perfeitamente elástico. Sendo assim: Onde: σmáx - é a tensão de valor máximo utilizando o sinal “+” na formulação. σmin - é a tensão de valor mínimo utilizando o sinal “-” na formulação. As tensões obtidas são comparadas com a tensão máxima admissível do solo, segundo dois critérios que devem ser atendidos concomitantes: e Onde: σadm - é a tensão admissível do solo. Outra forma de verificar a capacidade de carga é considerando o solo na condição puramente plástica. Desta forma, tem-se a seguinte formulação: Mecânica dos solos aplicada154 O valor da tensão admissível é obtido com base na teoria de capacidade de carga. Neste livro não abordaremos este tema, pois pertence ao assunto específico de Fundações. Para efeito de magnitude, pode-se indicar que a capacidade de carga de solos são inferiores a 1 MPa, valores estes dependentes dos parâmetros geotécnicos do solo e da geometria do problema considerado. Em fundações admite-se fatores de segurança bastante elevados por conta das in- certezas de interação solo-estrutura. O valor do fator de segurança, para a tensão admissível do solo, segundo a ABNT NBR 11682:2009 deve ser de FS = 3. Parece bem alto este valor. Você conseguiria pensar uma forma de proporcionar mais segurança às fundações durante o assentamento do muro? Por exemplo, se em vez de construir o muro diretamente no solo, você fizesse um preparo do terreno com uma camada de 30 cm de brita, contribuiria muito no assentamento e também o aumento de fator de segurança ao deslizamento, pois o ângulo de atrito de contato é melhorado. Durabilidade das estruturas de contenção Você já se perguntou quanto tempo uma estrutura de contenção deve durar? Existem estruturas de contenção provisórias (temporária) e as definitivas (permanentes). O que define esta classificação é a finalidade da estrutura. Por exemplo, se você executa uma estrutura de contenção para simplesmente suportar esforços da escavação de um subsolo de um prédio até que a estru- tura de pilares, vigas e lajes sejam construídas, você está contando com uma estrutura que não tem a necessidade de durabilidade de longo prazo, uma vez que ao final das obras (após dois anos, por exemplo) aquela contenção deixa de ser necessária para estabilizar os empuxos laterais atuantes. Por outro lado, se você executa uma contenção em que suportará o aterro de divisa com um passeio público, esta contenção deverá ser definitiva. O fato é que a condição de uma estrutura de contenção provisória ou definitiva passa por uma série de critérios que discriminam a durabilidade da obra de contenção, como: proteção anticorrosiva dos elementos metálicos, qualidade do concreto, qualidade dos materiais em geral, adequação de critérios de dimensionamento, projeto e execução, cuidados construtivos, entre outros. 155Tipos de estruturas de arrimo Fazer esta separação (obra temporária X obra definitiva) é de extrema importância, pois as consequências de obras que deveriam ter critérios de- finitivos e foram construídas sem a rigorosa condução para tal, reduzem significativamente a durabilidade. Você como um futuro engenheiro terá a responsabilidade de projetar, executar e fiscalizar para que os critérios de durabilidade estabelecidos em normas sejam atendidos. A garantia de durabilidade das construções, em destaque para as obras públicas, é uma responsabilidade social. 1. Qual destas estruturas não pode ser considerada com muro de arrimo. a) Muro de gabiões caixa. b) Solo reforçado com raízes. c) Muro de alvenaria de divisa em substituição de cerca metálica. d) Muro de pedra argamassada. e) Muro de concreto armado. 2. Quais as verificações necessárias que se deve fazer para garantir a estabilidade externa de um muro de contenção em pedra argamassada. a) Deslizamento, tombamento, pressões nas fundações e ruptura global. b) Distorção, deslizamento e tombamento, ruptura global. c) Distorção, giro no topo e ruptura global. d) Cisalhamento, compressão e flexão. e) Esmagamento, torção e compressão e ruptura global. 3. Qual o fator de segurança ao deslizamento de um muro cujo peso por metro é de 650 KN. O empuxo passivo já com as devidas ponderações é de 20 kN e o empuxo ativo é de 250 kN. Considere que a resistência ao cisalhamento no contato é de 375 kPa. Mecânica dos solos aplicada156 a) Fsd = 1,28 b) Fsd = 1,38 c) Fsd = 1,48 d) Fsd = 1,58 e) Fsd = 1,68 4. Para as mesmas considerações do exercício anterior (3). Qual deve ser o fator de segurança ao tombamento, sabendo que os empuxos passivo e ativo têm origem em camadas de solo com espessuras de 2 e 5 m, respectivamente. A base do muro é de 2,2 m com excentricidade da reação normal ao peso de 42 cm. a) Fs ≥ 1,5 b) Fs ≥ 2,0 c) Fs ≥ 2,5 d) Fs ≥ 3,0 e) Não atende ao valor normativo. 5. Para a mesma figura do exercício 3, determine a máxima pressão que o muro exerce numa condição puramente elástica do solo. a) 43 kPa b) 295 kPa c) 634 kPa d) 650 kPa e) 449 kPa ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11682:2009. Estabilidade de Encosta. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. FLORIANO, C. F. Ancoragem em rocha: estudo da adesão nata-solo de dois arenitos da Serra do Espigão, SC. 2009. 188 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,. Porto Alegre, 2009. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE GEOTÉCNICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Manual técnico de encostas. Rio de Janeiro: GeoRio, 2000. v. 2. Leitura recomendada ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5629:2006. Execução de tirantes ancorados no terreno. Rio de Janeiro: ABNT, 2006. AZAMBUJA, E. Empuxos, muros e cortinas. [S.l.: s.n.], 2010. Notas de Aula. BARROS, P. L. A. Obras de contenção: manual técnico. Jundiaí: Maccaferri do Brasil, 2010. BROOKS, H.; NIEALSEN, J. P. Basic of retaining wall design: a design for earth retaining structures. 10. ed. Newport Beach: HBAPuplications, 1992. 157Tipos de estruturas de arrimo CASTRO, J. L. Tirantes ancorados no terreno. In: WORKSHOP DE GEOTECNIA DA PUCRS, 1., 2016, Porto Alegre. Trabalho... Porto Alegre: PUCRS, 2016. EHRLICH,M.; BECKER L. Muros e taludes de solo reforçado: projeto e execução. São Paulo: Oficina de Textos, 2009. (Coleção Huesker: Engenharia com Geossintéticos). FERNANDES M. M. Mecânica dos solos: introdução a engenharia geotécnica. São Paulo: Oficina de Textos, 2014. v. 2. HACHICH, W. et al.. Fundações: teoria e prática. São Paulo: Pini, 1998. MOLITERNO, A. Caderno de muros de arrimo. São Paulo: Edgard Blücher, 1994. TAYLOR, D. W. Fundamentals of soil mechanics. New York: John Wiley & Sons, 1948. U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS. Retaining and Flood Walls. Engineer Manual EM 1110- 2-2502. Report No. FHWA/RD-81-184, Federal Highway Administration. Washington: FHWA, 1989. Mecânica dos solos aplicada158 Dica do professor Acompanhe neste vídeo os principais tipos de estruturas de arrimo existentes, as suas principais características e aspectos do seu funcionamento. Assista! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/31e9060bc6a78141743c8f84820a7c10 Exercícios 1) Qual destas estruturas não pode ser considerada como muro de arrimo? A) Muro de gabiões caixa. B) Solo reforçado com raízes. C) Muro de pedra seca. D) Muro de pedra argamassada. E) Muro de concreto armado. 2) Quais as verificações necessárias que se deve fazer para garantir a estabilidade externa de um muro de contenção em pedra argamassada? A) Deslizamento, tombamento, pressões nas fundações e ruptura global. B) Distorção, deslizamento, tombamento e ruptura global. C) Distorção, giro no topo e ruptura global. D) Cisalhamento, compressão e flexão. E) Esmagamento, torção, compressão e ruptura global. Qual o fator de segurança ao deslizamento de um muro cujo peso por metro é de 650 KN. O empuxo passivo já com as devidas ponderações é de 20 kN e o empuxo ativo é de 250 kN. Considere que a resistência ao cisalhamento no contato é de 375 kPa. 3) A) Fsd = 1,28. B) Fsd = 1,38. C) Fsd = 1,48. D) Fsd = 1,58. E) Fsd = 1,68. 4) Para as mesmas considerações do exercício 3. Qual deve ser o fator de segurança ao tombamento, sabendo que os empuxos passivo e ativo têm origem em camadas de solo com espessuras de 2m e 5m, respectivamente. A base do muro é de 2,2m com excentricidade da reação normal ao peso de 42cm. A) Fs≥1,5. B) Fs≥2,0. C) Fs≥2,5. D) Fs≥3,0. E) Não atende ao valor normativo. 5) Para a mesma figura do exercício 3, determine a máxima pressão que o muro exerce numa condição puramente elástica do solo. A) 43 kPa. B) 295 kPa. C) 634 kPa. D) 650 kPa. E) 449 kPa. Na prática Você sabe a diferença entre um grampo e um tirante ancorado no terreno? Veja a seguir: Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Estruturas de contenção muros de arrimo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Projeto geotécnico de uma estrutura de contenção em concreto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Muro de Arrimo, Como Construir - Blender Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Curiosidades Interessantes - Gabião http://www.eng.uerj.br/~denise/pdf/muros.pdf http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011764.pdf https://www.youtube.com/embed/MmfZja-AWsU?rel=0 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/4osmFRIvdkA?rel=0
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