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Neoplasias Monitoras: Nathália Silva e Júlia Robles- Qualquer dúvida, mandar mensagem. Conceito O conceito de neoplasia se relaciona ao “novo crescimento”, sendo considerado sinônimo de tumor e possuindo a seguinte definição: “Proliferação local de clones celulares atípicos, sem causa aparente, de crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, descoordenado e autônomo (ainda que se nutra as custas do organismo, numa relação tipicamente parasitária), irreversível (persistente mesmo após a cessação dos estímulos que determinaram a alteração), e com tendência a perda de diferenciação celular”. Tumor Benigno X Tumor Maligno TUMOR BENIGNO: Os tumores benignos possuem pouca ou nenhuma atipia celular, ou seja, não possui ou possui pouquíssimas alterações da relação núcleo-citoplasma e anomalias no processo de divisão celular. Nesse sentido, o índice mitótico (a taxa de velocidade com que as mitoses ocorrem) no tumor benigno se apresenta baixo, justificando uma característica de crescimento lento. Além disso, o tumor benigno possui caráter expansivo com limites bem definidos, possuindo ação de comprimir as estruturas vizinhas e devido a isso causa poucos impactos por ter ação mais localizada. A recidiva dos tumores benignos (a possibilidade de retorno do câncer após tratamento bem sucedido) é pouco provável. Outro ponto se relaciona com a presença de cápsula fibrosa que delimita mais ainda os limites do tumor, sendo um ponto positivo para ressecção cirúrgica, permitindo deixar mais claro o que é tumor e o que não é. Ademais, a ausência de metástase se relaciona com os tumores benignos, uma vez que não ocorre a migração de células cancerosas do tumor original para outras partes do corpo, possuindo o intuito de formação de novos tumores. TUMOR MALIGNO: Os tumores malignos possuem elevada atipia celular, ou seja, possui significativas alterações da relação núcleo-citoplasma e anomalias no processo de divisão celular. Nesse viés, o índice mitótico se apresenta alto nesses casos, sendo que a velocidade de ocorrência das mitoses está elevada, justificando o crescimento rápido. Além disso, os tumores malignos possuem caráter infiltrador, tendo limites mal estabelecidos com as extremidades invadindo tecidos, assim como ocorre aumento considerável do volume nuclear e citoplasmático (mega-célula). A recidiva dos tumores malignos são frequentes, mesmo diante da realização de um tratamento bem sucedido. Vale ressaltar que devido ao mal estabelecimento de limites claros esse tipo de tumor se torna perigoso por ter grandes chances de gerar metástases, sendo comum células cancerosas se soltarem do tumor original e migrarem para outros locais do corpo, formando novos tumores. Ademais, o processo de ressecção dos tumores malignos é de extrema complexidade, visto que os limites do tumor não são bem definidos e dificulta a identificação de quais tecidos estão doentes e quais estão saudáveis. Nomenclatura A nomenclatura em relação a origem dos tumores são: 1. Se surgem no sangue pode ser denominado por Leucemias (sangue branco) ou Linfomas (tumores de linfócitos ou seus precursores). 2. Se são benignos, recebem o nome da célula de origem + OMA. 3. Os tumores malignos podem ter origem mesenquimal, sendo nomeado pela célula de origem + SARCOMA (Fibrossarcoma); se for de origem epitelial é denominado de carcinoma; o de origem glandular recebe o nome de Adenocarcinoma. EXCEÇÕES: Linfoma, Melanoma e Mieloma múltiplo possuem sufixo OMA, mas são tumores malignos. A nomenclatura pode se relacionar com a morfologia: 1. Nodular (benigno e maligno). 2. Vegetante (benigno e maligno). 3. Infiltrativo (maligno). 4. Ulcerado (maligno). Pleomorfismo O pleomorfismo se relaciona com a variação no tamanho e na forma celular, sendo que nos tumores benignos são bem diferenciados e por isso se assemelha às células locais. Entretanto, nos tumores malignos são anaplásicos e apresentam uma morfologia nuclear discrepante, como conter diversos núcleos em uma única célula. Assim, pode apresentar núcleo irregular e cromatina agrupada de forma desordenada e distribuída pela membrana nuclear e mais escurecida. Índice Mitótico Apesar de nos tumores malignos o índice mitótico ser elevado e nos tumores benignos esse mesmo índice ser baixo, isso não deve ser um critério exclusivo analisado para classificar o tumor, uma vez que alguns tumores benignos podem apresentar crescimento rápido. Portanto, o índice mitótico deve ser um fator complementar na análise e classificação dos tumores. Nocividade do câncer PROGRESSIVIDADE: Crescimento tecidual excessivo e descoordenado, e de intensidade progressiva. Sob esse viés, depois que inicia o câncer tende a se espalhar rapidamente, por isso a importância de um diagnóstico precoce para um tratamento mais adequado. INDEPENDÊNCIA: Ausência da resposta aos mecanismos de controle. Autonomia da célula cancerígena. IRREVERSIBILIDADE: Ausência de dependência da continuidade do estímulo, ou seja, é possível que apenas um estímulo já seja capaz de gerar a neoplasia. Metástase A metástase ocorre quando uma célula transformada induz a expansão clonal, crescimento, diversificação de células ao seu redor, sendo capaz de originar subclones metastáticos capazes de adentrarem nos vasos sanguíneos, vasos linfáticos e cavidades corpóreas. Ao se infiltrar nos vasos e realizarem o processo de angiogênese (a formação de novos vasos sanguíneos para suprir o tumor), as células tumorais sofrem interação com linfócitos, no entanto reduzem a expressão de MHC do tipo 01, sendo dificilmente reconhecidas pelos linfócitos que necessitam de MHC, sendo um mecanismo de escape. Ademais, as células tumorais possuem a capacidade de atrair plaquetas ao seu redor, formando um êmbolo capaz de protegê-las até o seu destino. Nesse sentido, ao chegar no tecido desejado, com ajuda das plaquetas, as células fazem uma agregação na membrana no vaso, destruindo a barreira com enzimas e se extravasando e depositando-se no tecido, o qual passa a sofrer com o crescimento do tumor e o estímulo de angiogênese. Marcas registradas do câncer Autossuficiência nos sinais de crescimento: tumores apresentam capacidade de proliferação sem estímulos externos, em geral como consequência de ativação de oncogenes; Insensibilidade aos sinais inibidores de crescimento: tumores podem não responder a moléculas que inibem a proliferação de células normais, devido à inativação de genes supressores de tumores que codificam componentes dessas vias inibitórias de crescimento; Metabolismo celular alterado: células tumorais são submetidas a uma mudança metabólica para a glicose aeróbica (efeito warburg), que permite a síntese de macromoléculas e organelas que são necessárias para o crescimento celular rápido; Evasão da apoptose: tumores são resistentes a morte celular programada; Potencial de replicação ilimitado (imortalidade): tumores possuem capacidade proliferativa irrestrita, uma propriedade similar às células-tronco que permite que as células tumorais evitem a senescência celular e a catástrofe mitótica; Angiogênese mantida: células tumorais, bem como as normais, não são capazes de crescer sem suprimento vascular para trazer nutrientes e O2 e remover produtos do catabolismo, portanto, tumores devem induzir a angiogênese (formação de novos vasos); Capacidade de invadir a metastatizar: as metástases tumorais são a causa da grande maioria das mortes por câncer e surgem da inter-relação de processos que são intrínsecos às células tumorais e sinais que são iniciados pelo ambiente tecidual; Capacidade de evadir a resposta imune do hospedeiro: células do sistema imune reconhecem e eliminam células que apresentam antígenos anormais; as células cancerígenas exibem inúmeras alterações que lhes permite evadir a resposta imune do hospedeiro; Efeito Warburg - Estratégia de sobrevivênciaAs células tumorais possuem preferência pelo metabolismo da glicólise, mesmo que com abundância de O2, os tumores priorizam essa via com o mínimo de ATP possível. Esse fator ocorre por essa via gerar muitos metabólitos capazes de serem convertidos em componentes úteis para a geração de novas células filhas, facilitando o crescimento ágil do tumor, uma vez que ocorre apenas a reciclagem de componentes preexistentes. Ademais, o lactato produzido na glicólise causa acidificação do meio, danificando as células tumorais ruins e selecionando as células tumorais resistentes. Vale ressaltar que o lactato induz a produção de HIF (fator induzível de hipóxia), garantindo as células locais o processo de angiogênese, aumento da expressão de GLUT 4, aumento da expressão de proteínas anti apoptótica, aumento da quantidade de enzimas via glicolítica, aumento da produção de eritropoetina que induz a produção de mais células vermelhas e aumento de NO sintase (mediador do processo de vasodilatação que vai permitir a passagem de mais nutrientes e O2 ao tumor). CURIOSIDADE: Na prática clínica, essa reprogramação se faz útil no acompanhamento do paciente oncológico, auxiliando no prognóstico e análise da agressividade tumoral por meio da tomografia de emissão de pósitrons, conhecida como PET scan. Nesse procedimento é administrado ao paciente um análogo de glicose ligado a uma molécula fluorescente, a FDG (F-18-fluorodeoxyglucose). Como as células tumorais captam mais glicose do que as células normais em cerca de 50 vezes, esse procedimento detecta a maior captação de glicose pelas células tumorais, por meio da emissão de fluorescência dos tumores. Inflamação Qual o motivo das células tumorais induzirem a inflamação? Primeiramente, as células dos tumores malignos possuem grande volume (mega células), ou seja, quando os fatores de inflamação são produzidos também ocorrem a vasodilatação, angiogênese, produção de hemácias e a inibição de MHC 1. VASODILATAÇÃO: Ao dilatar o vaso, mais sangue passa por ele, assim como os nutrientes e O2, sendo cruciais para o desenvolvimento do tumor. ANGIOGÊNESE: A formação de novos vasos ocorre para suprir o aumento das estruturas presentes nos tumores (mega células), sendo necessário maior quantidade de sangue do que havia inicialmente. PRODUÇÃO DE HEMÁCIAS: Está relacionada a maior necessidade de recebimento de O2 pelo tumor. INIBIÇÃO DE MHC 1: As células cancerígenas liberam em grande quantidade essa substância, servindo como forma dos linfócitos identificarem e combatê-las. Nesse sentido, as células tumorais precisam se camuflar para não sofrerem ação dos linfócitos. Ademais, a citocina TNF-alfa é liberada pelas células tumorais que gera exaustão e inativa os receptores das células T, que deveriam combater as células tumorais, assim, comprometendo a imunidade adaptativa. INTERLEUCINAS: A IL-6 produzida pela célula tumoral (proteínas que modulam a função de outras células) desencadeiam reações de otimização para sua proliferação, sobrevivência, angiogênese, geração de metástases e aumento do processo inflamatório. Em relação ao caso da IL-1 é responsável pelo recrutamento de mais mediadores inflamatórios, como as prostaglandinas e outras citocinas, visando retroalimentar o processo inflamatório garantindo uma série de benefícios para as células cancerígenas. Lesões precursoras A displasia, conhecido como momento pré-neoplásico, ocorre o crescimento celular desordenado de um tecido específico obtendo células que variam de tamanho, forma e organização. Ademais, o câncer in situ é o tumor que ainda não invadiu nenhum tecido, alojando-se no local de origem. Instabilidade genômica As células, sendo tumorais ou não, possuem a capacidade de interromper a replicação do DNA quando detectados problemas ou defeitos nesse processo. Contudo, quando por algum motivo as células estão num estresse oxidativo muito grande e deixam passar mutações, adquirindo o fenótipo mutador, é muito comum que mais mutações vão se acumulando entre si após essa primeira acontecer. Esse é o fenômeno da instabilidade genômica. Carcinogênese Tumores se originam de uma única célula que sofreu ruptura dos mecanismos de controle de proliferação e autodestruição (expansão clonal). Há na gênese do câncer um acúmulo de mutações, que de forma complementar potencializa a produção de um tumor completamente maligno, que gradualmente se estabelece ao longo do tempo. Já estudamos que no ciclo celular (Fase G1, S, G2, M…) há uma maquinaria meticulosa de freios e permissões para que aconteça a replicação celular, as ditas paradas de verificação que servem para conferir por exemplo se o material genético está adequado, se a divisão ocorreu de maneira correta etc…Tem em destaque a proteína P53, conhecida como guardiã do genoma, se ela encontrar algum erro no DNA ela se acumula no núcleo e fará com que haja uma parada no processo de replicação, até este corrigir de fato. Se o reparo ocorrer o ciclo continua, se não ocorrer a célula entra em apoptose (morte celular), tudo ministrados pela P53 por outros genes como a BAX (gene pró apoptótico) e o CDKN1A (codifica inibidores do ciclo celular). Ou seja, a todo tempo as células do nosso organismo estão sofrendo alterações e mutações frequentes, no entanto, não perpetuam, pois toda a maquinaria de reparo e checagem do organismo não permite a continuação do ciclo. Quando o câncer vai se desenvolver, os genes citados a seguir são afetados, geralmente mais de um deles. Dentre os genes responsáveis pelo surgimento do câncer destaca-se quatro muito importantes: PROTO-ONCOGENES, GENES SUPRESSORES DE TUMOR, GENES ASSOCIADOS AO REPARO E GENES REGULADORES DE APOPTOSE. Os PROTO (PRÉ) -ONCOGENES são responsáveis por produzir uma proteína que influencia na proliferação celular e substituição das células mais antigas, são fisiológicos, normais até certa medida. Ou seja, esses genes ativados produzem proteínas para iniciar o processo de proliferação celular. Uma mutação nesse gene faz com que ele adquira condições oncogênicas, ou seja, torna-se potencializado e inicia uma proliferação descontrolada. Se tornando um gene dito como oncogênico, ganha função:além de induzir a proliferação celular, passa a fazer isso de maneira acentuada, de forma que não precise de nenhum sinal para fazer esse tipo de regulação “sinal verde”. Para ficar ainda mais claro: os protos-oncogenes só farão com que a célula se divida caso houver um sinal, fator de crescimento presente, já o oncogene é o proto-oncogene mutado, ele produz proteínas ditas como oncoproteínas que vão fazer com que as células cresçam, são liberadas nos pontos de checagem e do controle que limitam o crescimento e proliferam excessivamente, não tem nenhum controle sob o ciclo, replica incontáveis vezes sem mediador, de modo indefinido. Os GENES SUPRESSORES DE TUMOR quando ativados produzem proteínas que induzem o reparo de DNA ou induzem a apoptose através da parada da proliferação celular. Um exemplo clássico é a P53 já comentada anteriormente. Quando ocorre mutação nos genes supressores tumorais, não ocorre a verificação de erros e consequente produção de células replicadas erroneamente. A P53 sofre inibição e acumula erros no DNA.Tem-se também o gene RB1 (proteína do retinoblastoma) que é bastante conhecido, APC (associado ao câncer colorretal, BRCA (associado ao câncer de mama e de ovário) Nas aulas futuras de genética vocês vão entender que pode ser repassado genes cancerosos para o filho (seja pelo pai ou pela mãe que possui o gene mutado) que é a forma familiar - geralmente a herança é recessiva, como no retinoblastoma, logo precisa ter dose dupla do alelo - só que é interessante que pode haver ou não a manifestação do gene, pela penetrância completa ou incompleta (mas isso vocês vão ver futuramente), no caso do retinoblastoma a criançaque herdou o gene mutado este está não funcional mas tem a tendência de “atrapalhar”, influenciar o gene que está normal (herdado pelo genitor selvagem) e assim emergir um câncer. Outro tipo de herança é a dita esporádica: nenhum dos pais tem o gene mutado, mas por multifatores como idade, hábitos de vida, exposição a certos agentes químicos, ambientais o filho acaba desenvolvendo o câncer. Os GENES DE REPARO produzem proteínas que induzem o reparo do DNA quando ocorre alguma irregularidade no processo de proliferação. São inibidos quando sofrem mutação. Esse fenômeno promove uma instabilidade genômica. Quando o reparo não é possível de ser ativado, existem os GENES REGULADORES DE APOPTOSE responsáveis por regular a apoptose celular e eliminar as células mutagênicas incorretas. Se sofrerem mutação esses perdem ou ganham função,ou seja, se perderem sua função os genes irão promover a morte celular e se ganharem função irão suprimir a apoptose. Uma célula normal possui um proto-oncogene conhecido como HER-2 (receptor de fator de crescimento epidérmico humano), ela precisa de fatores de crescimento para conseguir se proliferar. Em células normais ela possui um papel regulador, em células tumorais por outro lado causa multiplicação desordenada das mesmas. Uma célula cancerosa de mama por exemplo não possui apenas um gene HER-2 mas vários sendo estimulados, é o que se denomina como amplificação gênica (quando por alguma razão a mutação faz com que o gene HER-2 tenha múltiplas cópias, que quando ativados, haverá uma multiplicação excessiva dessas células, uma sinalização excessiva para dividir). Quando o HER-2 tá ativado e se une aos fatores de crescimento da célula, as células mamárias vão se dividir e quando o receptor se desligar as células param de se dividir. Para o câncer, tumor maligno, se desenvolver é necessário passar por algumas etapas até a sua consolidação. Chamamos esse processo de carcinogênese, no qual possui 3 etapas descrita a seguir: INICIAÇÃO: O processo de iniciação, também denominado como indução, frequentemente ocorre por efeito de agentes mutagênicos, chamados de iniciadores, indutores ou carcinógenos, que serão responsáveis também pela etapa de progressão. Contudo eles possuem efeitos cumulativos, podendo agir de maneira sinérgica e também potencializar agentes promotores. Geralmente seus efeitos iniciais consistem em alterações nos processos de replicação, transcrição e tradução.Ou seja é a mutação inicial, que pode levar a acúmulo de erros (mutações condutoras na fase de promoção) que vai promovendo cada vez mais a formação de uma célula neoplásica mas ela não é suficiente para gerar um tumor de uma vez, elas precisam progredir para formar o tumor propriamente dito. AGENTES ENDÓGENOS E EXÓGENOS QUE PODEM CAUSAR INICIAÇÃO: fumo, álcool, dieta, algumas infecções (como o HPV, hepatite B e C, HIV por exemplo), obesidade e vida sedentária, mutações genéticas, agentes químicos, luz UV, radiação (ionizante, eletromagnética- encontrada nos raios X e raios gama) e a radiação particulada (neste caso os nêutrons e partículas alfa). Esses diferentes tipos de radiação causam a modificação do DNA e produzem radicais livres, que são agentes mutagênicos endógenos. Há também os químicos diretos (por exemplo as nitrosaminas, que são encontradas no tabaco e em carnes em conserva — e as aminas aromáticas, encontradas em corantes alimentícios e até mesmo alguns medicamentos utilizados no tratamento de certas patologias oncológicas e não oncológicas como o agente alquilante ciclofosfamida), químicos indiretos (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos originados pela combustão incompleta de combustíveis fósseis e vegetais), os compostos inorgânicos encontrados em diversos ambientes industriais e o cloreto de vinila (pode ser encontrado nos refrigerantes), também existem carcinógenos químicos que não se enquadram na classificação entre diretos e indiretos, como o etanol encontrado nas bebidas alcoólicas, os inseticidas e agrotóxicos e o óxido nítrico, encontrado na fumaça do tabaco. PROMOÇÃO: é o período em que a célula, que já passou pelo processo de iniciação, se expande e adquire novas alterações genéticas. Nessa fase a célula adquire vantagens proliferativas (mutações novas, adicionais que causam heterogeneidade), que as estimulam a proliferar sem controle.Nessa fase, com o auxílio das mutações nos genes reguladores, a célula multiplica-se mais progressivamente, expansão clonal. PROGRESSÃO: é a fase do “vamos ver”, ocorre a dita seleção darwiniana (sobrevivência do mais apto), as células já se multiplicaram e apresentaram mais mutações. Inicia-se um processo de competição entre as células filhas ocorrendo uma seleção natural das células mais aptas, nesse estágio já é frequente a heterogeneidade e fatalidade do tumor. O câncer encontra-se muito avançado. Epigenética É um rumo da genética que demonstra que conforme certas ações enzimáticas pode-se silenciar ou estimular a expressão gênica. São basicamente uma série de modificações que podem ocorrer no DNA podendo favorecer ou não a carcinogênese. É feito por meio de dois processos: ACETILAÇÃO e METILAÇÃO; Metilação: inibe a expressão, consiste em adicionar um grupamento metil ao DNA silenciando esse gene no DNA, ou seja, não vai ser expresso. Por exemplo, caso ocorra uma metilação no gene P53 irá beneficiar a carcinogênese. Pode ocorrer tanto no DNA quanto nas histonas do DNA. Caso silencie o P53 mutável pode ser algo bom, já que não irá favorecer a carcinogênese. Ou seja, as transformações epigenéticas podem ou não auxiliar no processo de formação do câncer. Acetilação: estimula a expressão, os genes que recebem acetilação são ativados. Estágios do câncer Serve para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa. É a forma como o médico determina o avanço da doença no organismo de um paciente, o prognóstico. Utilizamos a escala TNM como uma ferramenta para os médicos estadiarem diferentes tipos de câncer com base em determinadas normas.No sistema TNM, a cada tipo de câncer é atribuída uma letra ou número para descrever o tumor, linfonodos e metástases. Quanto à dimensão do tumor primário, representada pela letra “T”, extensão da disseminação em linfonodos regionais, representada pela letra “N”, e quanto à presença ou não de metástases a distância, representada pela letra “M”. A dimensão do tumor primário, o T, é classificado como T0 a T4. Um exemplo de estadiamento (carcinoma de mama) para demonstrar as divisões e subdivisões são: -NÃO PRECISA DECORAR- é importante saber que o ESTÁGIO 1 é o mais precoce e o 4 é o mais tardio. *Há também os estadiamento clínico feito por meio de exames laboratoriais e de imagem e o estadiamento patológico que é quando um paciente já realizou alguma cirurgia para retirada do tumor, foi para o médico patologista e vai analisar para observar a morfologia, citoplasma, atipia, estrutura, etc… CURIOSIDADES: Outros nomes também são utilizados, porém esses não apresentam critérios para classificação: • Mola hidatiforme, que é um tumor benigno irregular do tecido placentário • Doença de Hodgkin, um linfoma; • Micose fungoide, um linfoma maligno de pele *Milhares de células tumorais malignas são encontradas na circulação, porém a porcentagem de células que conseguem colonizar outro sítio é de 0,01%.A cascata metastática é composta por diversas etapas. De início, a célula tumoral precisa se soltar do tumor primário e não entrar em morte celular. Para tanto, primeiro elas precisam invadir a matriz extracelular (MEC) por meio de alterações (“relaxamento”) das interações célula-célula, o que leva à redução da capacidade de adesão, fazendo com que a célula se solte das outras.Uma vez desprendidas, essas células podem desencadear um processo de morte celular em razão do desprendimento,conhecido como anoikis; porém, algumas células também resistem a esse mecanismo de morte. A célula já solta começa a degradação da MEC por meio da produção de enzimas proteolíticas (como a catepsina D), com o auxílio das células estromais. Os produtos originados na clivagem de proteínas estimulam a migração das células tumorais pela ligação a diversos receptores e proteínas de sinalização, que realizam a contração do citoesqueleto para a passagem da célula tumoral através das células dos vasos sanguíneos ou linfáticos, atingindo assim a circulação.Uma vez que atinge a circulação, a célula está sujeita à destruição pela força de cisalhamento (que é o estresse mecânico da circulação), morte celular por anoikis e às defesas do sistema imune. Como mecanismo de resistência, as células tumorais começam a formar agregados com outras células tumorais, células do sistema imune e também com plaquetas, o que aumenta a sobrevida e a capacidade de se instalar em outro sítio.A partir desse ponto ocorre a adesão à membrana basal, extravasão dessas células para o novo sítio, instalação do depósito metastático e a angiogênese, seguida pelo crescimento tumoral, e, novamente, pela capacidade de metastatização.O câncer pode se disseminar por três vias diferentes, a saber, por implante direto, disseminação linfática ou disseminação hematológica.O implante direto em cavidades ou superfícies corpóreas pode ocorrer sempre que o tumor maligno penetrar em um “campo aberto” natural, como a cavidade pleural, subaracnóidea, pericárdica, articular e, a mais frequente entre elas, a cavidade peritoneal. A disseminação linfática é a via mais comum dos carcinomas, mas os sarcomas também a utilizam. O câncer não possui vasos linfáticos funcionais; ele se utiliza dos vasos linfáticos das margens tumorais para se disseminar. Os linfonodos localizados próximos aos tumores atuam como uma barreira contra a disseminação por um tempo. Neles, as células tumorais podem ser destruídas pela resposta imune tumoral específica, e a drenagem dos restos celulares e antígenos tumorais pode causar alterações reativas dentro deles , como a hiperplasia, que é uma proliferação fisiológica. É por esse motivo que o aumento de um linfonodo próximo a um câncer, ao mesmo tempo em que levanta a suspeita de disseminação, não significa necessariamente um meio de propagação. A disseminação hematogênica, conhecida como hematológica, é a mais utilizada pelos sarcomas; porém, os carcinomas também podem se utilizar desta via. As células tumorais penetram mais facilmente nas veias devido a sua parede mais na em comparação com as artérias. Apesar disso, alguns tipos de câncer também penetram as artérias.As metástases, por sua vez, são comumente encontradas no fígado, devido à drenagem do sistema porta uir para ele, e em pulmões, em razão da drenagem da veia cava.Há que se ressaltar que alguns cânceres formam metástases, outros não e, dentre aqueles que formam, alguns possuem órgãos-alvo para suas metástases. Diversas teorias ainda estão sendo estudadas para explicar esses fatos, entre elas cita-se a teoria do modelo de evolução clonal, que sugere que um subconjunto de subclones desenvolve a combinação “certa” de produtos gênicos para viabilizar a metástase, em razão dos acúmulos de mutações.Outra teoria é que a metástase é resultado de alterações ocorridas ainda no início da evolução tumoral, por meio de propriedades intrínsecas da célula e também do microambiente tumoral. Quanto à predileção das metástases por um órgão-alvo, é sabido que as células tumorais podem ter moléculas de adesão cujos ligantes são expressos pelos órgãos-alvo. Um exemplo se encontra nas células tumorais que possuem receptores de quimiocinas, que são citocinas reguladoras da inovação. Alguns tecidos expressam bastante essas quimiocinas, como no câncer de mama (este possui receptor de quimiocina CCR7); pulmões e linfonodos também expressam muito a quimiocina CCR7, o que acaba aumentando a probabilidade do aparecimento de metástase nesses tecidos. *O crescimento continuado e a manutenção de muitos tecidos que contêm células de vida curta, como os elementos constituintes de medula óssea e sangue e as células epiteliais do trato gastrointestinal e da pele, dependem de uma população residente de células-tronco teciduais que são capazes de autorrenovação. Seguindo essa lógica, como os cânceres são imortais e possuem capacidade proliferativa ilimitada, eles também devem conter células que se autorrenovam, as chamadas células-tronco do câncer.Portanto, o número de “células-tronco” calculado para estar presente em um tumor em particular pode variar amplamente dependendo da metodologia utilizada para quantificar as células-tronco, levando à incerteza se as células-tronco do câncer são raras ou comuns em tumores *À medida que o tumor continua a crescer, a porcentagem de células no estado replicativo cai como consequência da descamação, morte celular, diferenciação e passagem para a o estado G0. Por isso, quando um tumor é clinicamente detectável, a maior parte das células não está mais no estado replicativo, e mesmo os tumores que apresentam grande estado replicativo não ultrapassam 20% de células neste estado, como é o caso das leucemias.O excesso de produção de células em relação à perda celular determina o crescimento progressivo do tumor. Em tumores que têm a fração de crescimento alta, esta relação está muito desequilibrada, como é o caso das leucemias, linfomas e alguns tipos de câncer de pulmão (como o carcinoma de pequenas células).Isso faz com que o curso clínico da doença seja mais rápido do que nos tumores que possuem a fração de crescimento menor, como os cânceres de mama e cólon, nos quais este desequilíbrio chega a cerca de 10% — o que lhes confere um ritmo de crescimento mais lento.O desequilíbrio entre produção e perda celular compromete a efetividade dos medicamentos antineoplásicos, visto que grande parte destes tem como alvo as células em replicação (ou seja, que se encontram em alguma etapa do ciclo celular) e, consequentemente, põe em risco o sucesso do tratamento.Uma estratégia utilizada para o tratamento de tumores que possuem uma baixa fração de crescimento com uma pequena porção de células em divisão é induzir estas células a entrarem no ciclo celular e iniciarem o processo de divisão, e isto é possível por meio de cirurgias ou radioterapia, pois ambas reduzem o tamanho do tumor,fazendo com que as células sobreviventes tenham uma maior tendência a entrar no ciclo celular e assim serem mais suscetíveis ao tratamento medicamentoso. Para que uma célula tumoral produza um tumor clinicamente detectável, apresentando cerca de 1 grama em 1 cm, ou 109 células, são precisos, em média, 90 dias e cerca de trinta duplicações populacionais com um ciclo de três dias, considerando que nenhuma célula seja descamada ou perdida.O período de latência, isto é, o tempo que a célula transformada leva para formar um tumor clinicamente detectável, pode variar de dias a anos.
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