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Leonan José – T5 NEOPLASIAS – JULIE CONCEITO Neo (novo) plasia (crescimento) = é sinônimo de tumor (acumulo de célula e líquido), ou seja, a massa de célula crescendo. Falar de neoplasia ou tumor benigno ou maligno está certo. Onco (tumor ou massa) logia (estudo) = estudo de tumor ou da massa. Câncer refere-se sempre ao maligno (o nome câncer é dado por causa do caranguejo, porque o aumento do número de células é infiltrando, assim como as pernas do caranguejo). Carcinogênese refere-se ao maligno. O conceito mais completo é: Proliferação local de clones celulares atípicos, sem causa aparente, de crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, descoordenado e autônomo (ainda que se nutra as custas do organismo, numa relação tipicamente parasitária), irreversível (persistente mesmo após a cessação dos estímulos que determinaram a alteração), e com tendência a perda de diferenciação celular. Toda neoplasia é proveniente de uma célula própria que sofreu algum tipo de dano e foi transformada, ou seja, que sofreu muitas mutações, transformando-a, pois antes ela tinha uma função que era boa para o organismo e hoje ela não faz mais isso, ou seja, perde as características de célula própria. É uma proliferação clonal local porque ela faz várias cópias dela mesma – e vai fazer isso no local que ocorreu o processo de transformação. Normalmente o crescimento é excessivo, progressivo e ilimitado – elas não precisam de estímulos para se manterem vivas, mas, ao fazer vários clones, as células filhas começam a competir com as células mães, acumulando mais mutações genéticas ainda e essas alterações faz com que haja seleção natural nesse tumor. Quando o tumor chega ao ponto de ser palpável, pode- se dizer que as células ali não são todas clones umas das outras – algumas já tem mutações adicionais, ou seja, tem heterogeneicidade. Isso significa que, apesar de todas terem vindo de uma única célula transformada, as outras células que foram aparecendo têm mutações, o que as torna diferentes das células iniciais. Isso explica as situações de câncer em que a pessoa é curada e por volta de 5 anos depois o câncer reincide. Muitas das vezes, ocorre uma seleção natural – mata-se as células mais susceptíveis e as mais adaptadas sobrevivem a ponto de ficarem quiescentes e ativadas no futuro. Isso acontece antes mesmo de começar o tratamento, pois as células começam a crescer, mas os nutrientes não são suficientes para todas, então as mais aptas roubam o nutriente para elas e as menos aptas morrem. Elas possuem sim componentes anti apoptóticos, mas as outras células a forçam a morrer. Durante o crescimento normal das células, quando uma encosta na outra, ela para de crescer por causa da polaridade. No caso das neoplasias, elas perdem essa limitação por polaridade e continuam se dividindo uma em cima da outra mesmo, formando essa grande massa. Esse tumor é praticamente um parasita e normalmente é irreversível, pois, mesmo retirando o estímulo que causou essa transformação, a célula transformada já tem autonomia. Quanto mais indiferenciada for a célula, mais terá característica de maligna. Quanto mais parecido com a célula própria que deu origem, a célula é dita diferenciada. Ou seja, quanto mais diferenciada, melhor o prognóstico do paciente. Quanto mais indiferenciado for, pior é o prognóstico do indivíduo, ou seja, vai se comportar como uma célula tronco, dividindo-se absurdamente. Em outras palavras, quanto mais indiferenciada ela for, menos comprometimento com qualquer linhagem celular ela terá, podendo se comportar como uma célula tronco, dividindo-se absurdamente, independente das adjacentes. Quando uma célula vem de um grupo celular que já estaca diferenciado e se torna indiferenciado ela passa pelo mecanismo de anaplasia. Ela se torna anaplásica de acordo com as mutações que ela vai adquirindo. Dependendo dos genes atingidos, ela conseguirá faz a indiferenciação, pois altera genes envolvidos no ciclo celular, apoptose, crescimento, etc. NOMENCLATURA é baseada em 3 critérios: 1. Comportamento (benigno ou maligno) 2. Origem (epitelial, mesenquimal ou embrionária) 3. Morfologia (da neoplasia) COMPORTAMENTO Benigno ou maligno (câncer). Estroma (sustentação) e parênquima (função, geralmente é aqui que ocorre). BENIGNO: fica confinado uma cápsula fibrosa (bom para a retirada cirúrgica, pois a probabilidade de deixar uma célula sobrando é menor, uma vez que se retira toda a cápsula – só é um problema quando cresce demais e compromete estruturas vizinhas) e isso significa que ele não é infiltrativo (o que é um bom prognóstico), o crescimento é lento (baixo índice mitótico), não tem atipia celular (presença de células diferenciadas – menor o crescimento), não sofre metástase. Leonan José – T5 Metástase é quando alguns clones do tumor primário saem e atingem outros locais, onde será formado um tumor secundário. Num câncer de mama, por exemplo, o tumor primário ocorre na mama, mas se cair na corrente sanguínea pode chegar aos ossos e formar um tumor secundário. A primeira coisa a se fazer em um tumor primário é a biópsia para ver se é uma célula diferenciada (quanto mais diferenciada melhor é), sua morfologia (células cancerosas têm uma relação núcleo-citoplasma diferentes, pois eles são bem maiores do que as normais), presença de células tumorais em linfonodos (local de encontro da inata com a adaptativa) – se for positivo, são chamados linfonodos satélites. Procura-se nos linfonodos próximos para encontrar até onde estão presentes as células tumorais. MALIGNO: invasão de tecidos adjacente – e isso dificulta a retirada cirúrgica, pois não se sabe ao certo até onde o tumor está. Retira-se uma boa margem de tecido saudável para tentar todo o tecido neoplásico. Possuem alto índice mitótico (dividem-se muito rápido). Muita atipia celular = pleomorfismo = células de vários jeitos (grandes, pequenas, núcleo volumoso, núcleo diminuído, núcleo dividindo, etc.). A tendência é que as células do tumor maligno regridam até se tornarem indiferenciadas e, conforme isso ocorre, encontramo-las em diferentes níveis: pouco, mais ou menos, muito indiferenciadas, etc. Mas os linfonodos não aprisionam? Sim. A célula tumoral não é estranha? Sim. O sistema imune consegue reconhece-la através da vigilância imunológica que, muitas vezes, faz com que nem ocorra o tumor secundário. Dificilmente um tumor benigno vira maligno. As células tumorais usam a resposta inflamatória para ajudá-la. Quando tenho a presença de célula tumoral maligna, o sistema inflamatório deveria ajudar a eliminar, mas chega um ponto em que o câncer começa a modular todas as células de defesa em favor dela. Ele induz o processo inflamatório, atrai células de defesa para o local porque ele faz com que elas “trabalhem” para ele destruindo MEC, eliminando outras células, permitindo que o câncer cresça. Além disso, o fato de haver inflamação afeta o tecido adjacente, tanto por necrose quanto por apoptose. Se for por necrose, há liberação de conteúdo intracelular, gerando ainda mais inflamação e maior destruição de células normais, que não conseguem se multiplicar na velocidade das tumorais, sobrando espaço para essas. ORIGEM Nomenclatura em relação a origem (tipo de célula que deu origem ao tumor primário): mesenquimal, epitelial (de revestimento e glandular) e embrionário (não será falado) TUMORES SÓLIDOS → MESENQUIMAL Se for benigno, adiciona-se “oma” (fibroblasto vira fibroma, lipídio vira lipoma, ósseo vira osteoma). Se for maligno, adiciona-se “sarcoma” (fibroblasto vira fibrossarcoma, lipídio vira lipossarcoma, ósseo vira osteossarcoma). → EPITELIAL Se for de revestimento benigno, chama-se papiloma e de revestimento maligno, chama-se carcinoma (câncer de mama é um carcinoma ductal, ou seja, tumor maligno do epitélio dos ductos). Pode ser dito carcinoma ductalin situ (só no ducto). Se for glandular benigno, será adenoma. Se for glandular maligno, será adenocarcinoma. In situ = só no local Invasivo = atinge muitas coisas TUMORES LÍQUIDOS Temos uma célula tronco pluripotente hematopoiética e, a partir dela, temos 2 tipos de linhagens: células mieloides e as células linfoides. As linfoides dão origem aos linfócitos (T e B). As mieloides dão origem a todos os outros tipos (hemácias, dendríticas, neutrófilos, basófilos, eosinófilos, monócitos, etc.). Isso significa que tenho leucócitos tanto de origem linfoide quanto de origem mieloide. Então uma leucemia mieloide está acometendo algum tipo de leucócito da linhagem mieloide e vice-versa. Leucemia: qualquer tipo de leucócito Linfoma: linfócitos Alguns tumores podem ter características tanto de mesenquimais quanto de epiteliais. Quando isso acontece, chamados de tumores mistos e, nesse caso, a nomenclatura leva mais em consideração a morfologia em detrimento da origem. Leonan José – T5 MORFOLOGIA Temos 4 tipos (tumores sólidos): podem ser bem diferenciados ou indiferenciados 1. Nodular (benigno ou maligno). Uma bola. 2. Vegetativo (benigno ou maligno). Pele e mucosas. São papilomas (verrugas), pólipos (gotinhas, superfície lisa) – são considerados lesões pré- cancerosas, ou seja, podem sofrer transformações adicionais e se tornar um câncer, por isso é bom retirar. Tem esse nome porque parece vegetal (couve flor). 3. Infiltrativo (maligno). Diminui o lúmen de tanto se infiltrar. 4. Ulcerativo (maligno). É como se fosse uma ferida aberta. Necrosa no meio e forma bordas elevadas e endurecidas. MARCAS REGISTRADAS DO CÂNCER → ATIVAÇÃO DA IMORTALIDADE REPLICATIVA As células se replicam infinitamente. A telomerase é uma enzima que produz os telômeros, que são as “pontinhas” dos cromossomos. Cada vez que ele se divide, perde um pedaço. Depois de 60 a 80 divisões, ele vai acabando. Quando ele estiver bem baixo, ela entra em senescência e a célula tende a entrar em apoptose, por estar muito velha. Se não entrar em apoptose, pode ser que um telômero se junte com outro, formando uma aberração. Isso é regulado pela p53, um fator de transcrição considerado um supressor de tumor, pois reconhece que a célula está em entrando em instabilidade cromossômica e ativa sua morte. A célula cancerígena sabe que, se o telômero acabar, ela morre, por isso, ela faz uma reprogramação genética nessa célula que está transformada e ativa a telomerase, fazendo com que ela produza telômeros, assim, terá “fichas” infinitas para se replicar. A célula ter essa imortalidade não é sinônimo de malignidade, benignos também fazem isso. → EVASÃO DE SUPRESSORES DE CRESCIMENTO E RESISTÊNCIA À MORTE Durante o ciclo celular, existem paradas de verificação. Esses pontos servem para verificar DNA, divisão, etc. Para verificar DNA, o ideal seria verificar em G1, pois a célula ainda não sintetizou um novo material, logo, é mais prático verificar se há erros antes de se dividir e haver 2 materiais genéticos para verificar. Portanto, os vários pontos de checagem estão estrategicamente posicionados. A p53 é considerada a guardiã do genoma. Toda vez que ela encontra um erro no DNA, vai começar a se acumular no núcleo (além de levar a transcrição de outros fatores) e faz a parada do ciclo e ocorra o reparo do DNA. Se o reparo ocorrer, o ciclo continua. Se não, a célula entra em apoptose – e, assim, a p53 vai regulando as células que estão se transformando no nosso organismo. Leonan José – T5 Como a célula se transforma? Temos agentes externos e internos. EXTERNOS: monóxido de carbono, radiação, tabaco, metais pesados, vírus (o melhor agente externo biológico, pois é um parasita intracelular obrigatório, colocando seu material genético no do hospedeiro, fazendo-o trabalhar para ele, transformando a célula). INTERNOS: produtos de metabólitos, como EROS. Temos 4 classes de genes importantes na carcinogênese: 1. Proto-oncogênese 2. Genes supressores de tumor 3. Genes associados a reparo de DNA 4. Genes indutores de apoptose O tempo todo as células estão sofrendo agressões e mutações – mas isso normalmente ocorre em nível inicial e a maquinaria replicativa consegue corrigir isso. Mas temos essas 4 classes que, quando o câncer vai se instalar, mais de uma delas está prejudicada. PROTO (pré) ONCOGÊNESE: produzem uma proteína que influencia a proliferação celular. Produz a níveis fisiológicos – ela é normal. É importante porque, quando uma célula fica velha e morre, esses genes vão induzir a proliferação de outras para substituir essa que morreu. Isso é finamente orquestrado – conforme as células precisam se dividir, esses genes induzem a proliferação. SUPRESSORES DE TUMOR: p53 faz parte. Sempre que são ativados, produzem proteínas que ou 1) induzem o reparo de DNA ou 2) induz a apoptose realizando a parada da proliferação celular. Proto-oncogene e supressor tumoral andam juntos, o primeiro induzindo a proliferação e o outro inibindo. Ele inibe para que aconteça o reparo do DNA e leva à apoptose quando esse DNA não conseguir ser reparado. GENE DE REPARO: toda vez que há alguma célula se transformando, eles são ativados e produzem proteínas que induzem o reparo do DNA. Quando isso não é possível, temos a ativação dos genes que induzem a apoptose. GENES INDUTORES DE APOPTOSE: quando ativados, produz proteínas que induzem apoptose. As 4 classes atuam juntas para que não haja neoplasia. MUTAÇÃO PROTO-ONCOGENE: passa a ser chamado de ONCOGENE e ganha função – além de induzir a proliferação celular, passa a fazer isso de maneira acentuada, de forma “constitutiva”. MUTAÇÃO GENES SUPRESSORES TUMORAIS: Eles perdem a função, ou seja, não vão fazer a parada de ciclo – vai acumular a lesão/mutação de DNA. Ele para de produzir a proteína que induz o reparo. O mais clássico é a p53, sendo que 50% dos tumores tem mutação na p53. MUTAÇÃO GENES DE REPARO: Ele perde a função, logo, parará de fazer reparo. MUTAÇÃO INDUTORES DE APOPTOSE: Ele também perde a função, assim, deixa de induzir a morte celular. O interessante para o tumor é haver mutação no maior número de classes possíveis. → DESREGULAGEM DE ENERGÉTICA CELULAR Efeito Warburg – adaptação metabólica que as células tumorais realizam. As células tumorais são células normais que sofreram alguma transformação. Mas, antes de sofrer isso, elas estavam em um estado ótimo de nutrientes e oxigênio. Apesar de estarem em um estado de muito nutriente e oxigênio, ela prefere fazer fermentação anaeróbica (glicólise). Mas por que preferem uma via que produz menor energia? Na fosforilação oxidativa (respiração aeróbica), ocorre quebra completa da glicose. Como quebrou completamente, não sobra nenhum substrato intermediário. Todo o C6H12O6 é quebrado até virar CO2 e H2O e muita energia. Você tem muita energia, mas nenhum substrato intermediário para formar algo. Logo, Leonan José – T5 as células tumorais não teriam nada para usar. Para que ocorra a proliferação clonal, a célula precisa sintetizar um monte de coisa: proteínas, lipídeos, carboidratos, ácido nucleico, etc. para formar todos os componentes da célula para se dividir. Quando se faz anaeróbica, a taxa energética é baixa (só gera 2 ATPs), mas gera muitos intermediários (lactato, acetil coa, piruvato), que são usados (tanto no Ciclo de Krebs para as reações anapleróticas = são reações que reabastecem o Ciclo de Krebs com intermediários – pegar substrato e mandar para outras vias, assim como outras vias mandam para ele) para sintetizar o que ele precisa. Então, nas reações anaeróbicas, apesar da baixa taxa energética, sobram muitos substratos intermediários que podem ser utilizados para sintetizar as coisas que a célula precisa. Apesar de ser uma via de baixa produção de ATP, vale lembrar que a célula está em um ambientecom quantidade ótima de nutriente e oxigênio – a célula tem muita glicose disponível para quebrar, ela pode quebrar muita glicose para que o saldo energético seja o suficiente pra ela e, automaticamente, quanto mais ela quebra, mais intermediários ela tem para continuar se replicando. Além disso, é produzido ácido láctico, tornando aquele ambiente inflamatório. Quando é gerado um ambiente ácido, as células inflamatórias são chamadas para realizar inflamação e matar a célula. Então, as células inflamatórias são recrutadas, mas seus produtos geram danos no tecido porque produzem milhões de mediadores que fazem vasodilatação, aumento de permeabilidade vascular a indução de recrutamento de novas células – na aguda são neutrófilos e na crônica, monócitos. No tecido, o monócito se diferencia em macrófago, que pode ser M1 e M2 – e as células tumorais usam os dois tipos. Induz M1 para manter a inflamação acontecendo, como uma espécie de alça de retroalimentação e induz o M2 para reparar o tecido – eles recrutam fibroblastos para o reparo e para ocorrer a angiogênese, uma vez que o tumor precisa cada vez mais de nutrientes. No início, as células inflamatórias podem até tentarem destruir o tumor, mas, com o tempo, quanto mais mutações elas acumulam, mais difícil é de destruí-las. Temos os linfócitos T CD8 (citotóxicos) e os T CD4 (helpers ou auxiliares). Os T CD4 tem 3 padrões de resposta: TH1 = padrão celular TH2 = humoral ou de formação de anticorpos TH17 = padrão inflamatório Ou seja, os linfócitos T CD4, quando adquirem o padrão TH17, ajudam a carcinogênese. O linfócito T CD8 é chamado de citotóxico porque tem a característica de lisar a célula transformada. Ele consegue reconhecer as células neoplásicas através do MHC tipo 1 – todos temos essa proteína de membrana nas nossas células, mas, quando estão transformadas, elas deixam de expressar MHC do tipo 1, logo, o linfócito citotóxico não a reconhece. A inflamação ajuda na metástase. A angiogênese ajuda na nutrição, mas também favorece para que a célula tumoral alcance a corrente sanguínea. Além disso, a inflamação tem liberação do PAF (fator ativador de plaqueta), que ajuda no recrutamento celular e ativação do sistema de coagulação (formação de rede de fibrina). Com isso, a célula tumoral quando quer sair do ambiente em que está para atingir outros lugares se recobre dessa rede de fibrina para que não seja reconhecido pelo sistema imune. Assim, conseguem alcançar mais facilmente outro local para metástase. Indivíduos que possuem maior padrão de resposta TH1 têm melhor prognóstico, pois consegue eliminar mais facilmente as células transformadas. Em oposição a isso, indivíduos com maior padrão de resposta TH2 tem mais dificuldade. Nos casos de maior resposta TH17, fica ainda mais dificultado. Outro motivo pelo qual as células tumorais preferem realizar respiração anaeróbica: por se proliferarem muito rapidamente, a angiogênese não consegue acompanhar todo o crescimento, logo, as células mais centrais não chegam a ser nutridas e fazem respiração anaeróbica porque é sua única opção. → INSTABILIDADE GENÔMICA Quando genes de reparo sofrem mutação eles deixam de fazer o reparo. Isso faz com que a célula, uma vez transformada, não passe por todo o processo de checagem, gerando células filhas com mutação. Com o tempo, essas células filhas vão adquirir mutações novas que não foram provenientes da célula mãe – isso gera instabilidade genômica. O tumor vai se tornando heterogêneo, dificultando ainda mais vencer o tumor. Toda vez que o tumor adquire 1g, ele tem 109 células neoplásicas. Quanto mais precoce, menor a heterogeneidade. Quanto mais evoluído ele estiver, mais células diferentes umas das outras haverá. Na quimioterapia, os fármacos são inespecíficos, tendendo a atingir células que se multipliquem bastante. Isso causa a queda de cabelo, náuseas, etc., porque todas as células (mesmo saudáveis) que possuem essa alta taxa de proliferação também são atingidas. Por isso o tratamento é feito em ciclos – para que as células saudáveis possam se recuperar e só depois iniciarem um novo ciclo. O tumor “percebe” que as células de maior taxa metabólica estão sendo destruídas. Logo, ele induz a autofagia, diminuindo seu tamanho e diminuindo a atividade metabólica. Assim, ela comendo seus próprios componentes e se torna muito parecidos com as células normais. Diz-se que ela entra em um estado de quiescência (latente). Isso significa que as células existem, mas os quimioterápicos não conseguem atingi- Leonan José – T5 la, pois sua taxa metabólica está baixa, muito parecido com as células normais. O indivíduo melhora, dá a impressão de cura, mas por volta de 5 a 10 anos, pode ocorrer um retorno (recidiva), ainda mais forte do que o câncer inicial porque ocorre a partir de células heterogêneas. Por isso é tão importante manter o acompanhamento ao longo dos anos. Uma coisa muito utilizada são as imunoterapias, pois os anticorpos monoclonais são muito específicos, atingindo as células específicas. Quanto mais específico menor é a taxa de efeito colateral. CARACTERÍSTICAS Progressividade: crescimento tecidual excessivo e descoordenado, de intensidade progressiva. Irreversibilidade: Ausência de dependência da continuidade do estímulo. Independência: Ausência da resposta aos mecanismos de controle. Autonomia. Pleomorfismo: variação no tamanho e na forma. Perda de polaridade: Orientação das células anaplásicas é alterada. Células tumorais crescem de maneira anárquica e desorganizada. Morfologia nuclear: Núcleos desproporcionalmente grandes para a célula (razão núcleo/citoplasma pode chegar 1:1). Núcleo irregular e cromatina está agrupada de forma desordenada e distribuída pela membrana nuclear e mais escurecida (hipercromática). Outras alterações: Necrose isquêmica central em tumores crescimento rápido. Adaptação metabólica (Efeito Warburg): a célula normal, usa a glicose, passa pelo ciclo de Krebs e usa toda essa energia para seu funcionamento. A célula tumoral fica muito mais sensível aos substratos, os fatores de crescimento vão atuar muito mais nela em comparação com a normal e isso tudo vai estimular a via glicolítica. Alguns dos intermediários já serão desviados para a síntese proteica, lipídica, etc., alguns passam pelo ciclo de Krebs para gerar outros metabólitos que também serão desviados para a síntese de coisas importantes para a célula tumoral. Invasão e metástase: na migração, as células podem estar uma “capa” de fibrina para fugir do sistema imunológico e conseguir atingir órgãos/ tecidos distantes para formar tumores secundários – é isso que chamamos de metástase (imagem ao lado). MÚLTIPLAS CÓPIAS DO ONCOGENE A mama normal possui receptores chamados HER2, que recebem fatores de crescimento, esses fatores se ligam a eles e faz com que as células da mama se multipliquem. Nos casos de câncer, as células transformadas fazem com que haja mutação no oncogene, que causa amplificação gênica (faz com que tenha múltiplas cópias do oncogene), assim, aumenta a quantidade de receptores HER2. Então, basta uma pequena quantidade de fator de crescimento para que a célula tumoral roube para ela e faz com que ela se divida em detrimento da saudável. CARCINOGÊNESE A carcinogênese tem 3 passos: iniciação, promoção e progressão. INICIAÇÃO: agentes carcinogênicos que vão induzir a primeira mutação, deixando a célula transformada. Mas, para virar um tumor, essa célula transformada precisa ser PROMOVIDA e quanto mais ela se desenvolve, ocorre a PROGRESSÃO com o tumor heterogêneo. 1. Iniciação: mutação inicial, mas ela não é suficiente para gerar um tumor. 2. Promoção: mutações adicionais e expansão clonal. 3. Progressão: seleção darwiniana. As que são mais aptas irão sobreviver. Ocorre heterogeneicidade. Leonan José – T5 AGENTES ENDÓGENOS E EXÓGENOS QUE PODEMCAUSAR INICIAÇÃO: fumo, álcool, dieta, algumas infecções, obesidade e vida sedentária, mutações genéticas, agentes químicos, luz UV, radiação, etc. Outro evento que ocorre muito para contribuir para a carcinogênese é a EPIGENÉTICA = modificações de DNA que favorecem ou não a carcinogênese. Temos 2 tipos de alterações: metilação e acetilação. Alguns autores consideram também a modificação de histona, mas ela se dá ou por metilação ou por acetilação. METILAÇÃO: toda vez que eu adiciono metil no DNA, o gene que recebeu é silenciado. Silenciar um supressor tumoral ou um proto-oncogene é ruim. O gene só volta a ser expresso quando eu retiro o metil. A adição do metil pode ser direto no DNA ou nas histonas (proteínas de ancoragem – enrola e compacta o DNA para ajudar a divisão). Se metilar as histonas, ela não consegue fazer com que o DNA seja desenrolado. Consigo desenrolar com ACETILAÇÃO. Tanto a metilação quanto a acetilação conseguem influenciar a carcinogênese, dependendo do grupo de genes acometido. ESTADIAMENTO Uma vez com o câncer formado, deve-se procurar o melhor tratamento – e descobre-se isso pelo estadiamento. Quanto mais cedo, melhor o prognóstico – e os estadiamentos servem para entender em qual estágio o câncer está. Eles vão de 1 a 4 pelo sistema TNM. T = tamanho do tumor N = (nódulo) linfonodos M = presença ou não de metástase TX = ainda não avaliado por ser muito pequeno. T0 = sem célula tumoral saindo. T1 = tumor de 2cm, por exemplo N0 = ausência de metástase em linfonodo regional M0 = metástase negativa Estadiamento clínico = feito baseado nos exames – de imagem, sorológico, bioquímico, etc. Estadiamento patológico = individuo já fez cirurgia, retirou o tumor, foi para o patologista, vai analisar para observar a morfologia, citoplasma, atipia, estrutura, etc. Quem faz o delineamento terapêutico é o TNM mesmo. Mas ele não é infalível. Por exemplo, no câncer de mama, só o estadiamento TNM não é suficiente para definir o tratamento, pois é preciso saber se a paciente vai responder ao tratamento, por isso é importante os dois outros estadiamentos.
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