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Neoplasia - PATOLOGIA

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Leonan José – T5 
NEOPLASIAS – JULIE 
CONCEITO 
Neo (novo) plasia (crescimento) = é sinônimo de 
tumor (acumulo de célula e líquido), ou seja, a massa de 
célula crescendo. Falar de neoplasia ou tumor benigno 
ou maligno está certo. Onco (tumor ou massa) logia 
(estudo) = estudo de tumor ou da massa. 
Câncer refere-se sempre ao maligno (o nome 
câncer é dado por causa do caranguejo, porque o 
aumento do número de células é infiltrando, assim como 
as pernas do caranguejo). Carcinogênese refere-se ao 
maligno. 
 O conceito mais completo é: Proliferação local 
de clones celulares atípicos, sem causa aparente, de 
crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, 
descoordenado e autônomo (ainda que se nutra as 
custas do organismo, numa relação tipicamente 
parasitária), irreversível (persistente mesmo após a 
cessação dos estímulos que determinaram a alteração), 
e com tendência a perda de diferenciação celular. 
 Toda neoplasia é proveniente de uma célula 
própria que sofreu algum tipo de dano e foi 
transformada, ou seja, que sofreu muitas mutações, 
transformando-a, pois antes ela tinha uma função que 
era boa para o organismo e hoje ela não faz mais isso, ou 
seja, perde as características de célula própria. 
É uma proliferação clonal local porque ela faz 
várias cópias dela mesma – e vai fazer isso no local que 
ocorreu o processo de transformação. 
Normalmente o crescimento é excessivo, 
progressivo e ilimitado – elas não precisam de estímulos 
para se manterem vivas, mas, ao fazer vários clones, as 
células filhas começam a competir com as células mães, 
acumulando mais mutações genéticas ainda e essas 
alterações faz com que haja seleção natural nesse tumor. 
Quando o tumor chega ao ponto de ser palpável, pode-
se dizer que as células ali não são todas clones umas das 
outras – algumas já tem mutações adicionais, ou seja, 
tem heterogeneicidade. Isso significa que, apesar de 
todas terem vindo de uma única célula transformada, as 
outras células que foram aparecendo têm mutações, o 
que as torna diferentes das células iniciais. 
Isso explica as situações de câncer em que a 
pessoa é curada e por volta de 5 anos depois o câncer 
reincide. Muitas das vezes, ocorre uma seleção natural 
– mata-se as células mais susceptíveis e as mais 
adaptadas sobrevivem a ponto de ficarem quiescentes e 
ativadas no futuro. Isso acontece antes mesmo de 
começar o tratamento, pois as células começam a 
crescer, mas os nutrientes não são suficientes para 
todas, então as mais aptas roubam o nutriente para elas 
e as menos aptas morrem. Elas possuem sim 
componentes anti apoptóticos, mas as outras células a 
forçam a morrer. 
Durante o crescimento normal das células, 
quando uma encosta na outra, ela para de crescer por 
causa da polaridade. No caso das neoplasias, elas 
perdem essa limitação por polaridade e continuam se 
dividindo uma em cima da outra mesmo, formando essa 
grande massa. 
Esse tumor é praticamente um parasita e 
normalmente é irreversível, pois, mesmo retirando o 
estímulo que causou essa transformação, a célula 
transformada já tem autonomia. 
Quanto mais indiferenciada for a célula, mais 
terá característica de maligna. Quanto mais parecido 
com a célula própria que deu origem, a célula é dita 
diferenciada. Ou seja, quanto mais diferenciada, melhor 
o prognóstico do paciente. Quanto mais indiferenciado 
for, pior é o prognóstico do indivíduo, ou seja, vai se 
comportar como uma célula tronco, dividindo-se 
absurdamente. Em outras palavras, quanto mais 
indiferenciada ela for, menos comprometimento com 
qualquer linhagem celular ela terá, podendo se 
comportar como uma célula tronco, dividindo-se 
absurdamente, independente das adjacentes. 
 Quando uma célula vem de um grupo celular que 
já estaca diferenciado e se torna indiferenciado ela passa 
pelo mecanismo de anaplasia. Ela se torna anaplásica de 
acordo com as mutações que ela vai adquirindo. 
Dependendo dos genes atingidos, ela conseguirá faz a 
indiferenciação, pois altera genes envolvidos no ciclo 
celular, apoptose, crescimento, etc. 
 
NOMENCLATURA é baseada em 3 critérios: 
1. Comportamento (benigno ou maligno) 
2. Origem (epitelial, mesenquimal ou embrionária) 
3. Morfologia (da neoplasia) 
 
COMPORTAMENTO 
Benigno ou maligno (câncer). Estroma (sustentação) e 
parênquima (função, geralmente é aqui que ocorre). 
 
 BENIGNO: fica confinado uma cápsula fibrosa 
(bom para a retirada cirúrgica, pois a probabilidade de 
deixar uma célula sobrando é menor, uma vez que se 
retira toda a cápsula – só é um problema quando cresce 
demais e compromete estruturas vizinhas) e isso 
significa que ele não é infiltrativo (o que é um bom 
prognóstico), o crescimento é lento (baixo índice 
mitótico), não tem atipia celular (presença de células 
diferenciadas – menor o crescimento), não sofre 
metástase. 
Leonan José – T5 
Metástase é quando alguns clones do tumor 
primário saem e atingem outros locais, onde será 
formado um tumor secundário. Num câncer de mama, 
por exemplo, o tumor primário ocorre na mama, mas se 
cair na corrente sanguínea pode chegar aos ossos e 
formar um tumor secundário. 
A primeira coisa a se fazer em um tumor primário 
é a biópsia para ver se é uma célula diferenciada (quanto 
mais diferenciada melhor é), sua morfologia (células 
cancerosas têm uma relação núcleo-citoplasma 
diferentes, pois eles são bem maiores do que as 
normais), presença de células tumorais em linfonodos 
(local de encontro da inata com a adaptativa) – se for 
positivo, são chamados linfonodos satélites. Procura-se 
nos linfonodos próximos para encontrar até onde estão 
presentes as células tumorais. 
 
MALIGNO: invasão de tecidos adjacente – e isso 
dificulta a retirada cirúrgica, pois não se sabe ao certo até 
onde o tumor está. Retira-se uma boa margem de tecido 
saudável para tentar todo o tecido neoplásico. Possuem 
alto índice mitótico (dividem-se muito rápido). 
Muita atipia celular = pleomorfismo = células de 
vários jeitos (grandes, pequenas, núcleo volumoso, 
núcleo diminuído, núcleo dividindo, etc.). A tendência é 
que as células do tumor maligno regridam até se 
tornarem indiferenciadas e, conforme isso ocorre, 
encontramo-las em diferentes níveis: pouco, mais ou 
menos, muito indiferenciadas, etc. 
 
Mas os linfonodos não aprisionam? Sim. A célula 
tumoral não é estranha? Sim. O sistema imune consegue 
reconhece-la através da vigilância imunológica que, 
muitas vezes, faz com que nem ocorra o tumor 
secundário. Dificilmente um tumor benigno vira maligno. 
As células tumorais usam a resposta inflamatória 
para ajudá-la. Quando tenho a presença de célula 
tumoral maligna, o sistema inflamatório deveria ajudar a 
eliminar, mas chega um ponto em que o câncer começa 
a modular todas as células de defesa em favor dela. Ele 
induz o processo inflamatório, atrai células de defesa 
para o local porque ele faz com que elas “trabalhem” 
para ele destruindo MEC, eliminando outras células, 
permitindo que o câncer cresça. 
Além disso, o fato de haver inflamação afeta o 
tecido adjacente, tanto por necrose quanto por 
apoptose. Se for por necrose, há liberação de conteúdo 
intracelular, gerando ainda mais inflamação e maior 
destruição de células normais, que não conseguem se 
multiplicar na velocidade das tumorais, sobrando espaço 
para essas. 
ORIGEM 
Nomenclatura em relação a origem (tipo de 
célula que deu origem ao tumor primário): 
mesenquimal, epitelial (de revestimento e glandular) e 
embrionário (não será falado) 
 
TUMORES SÓLIDOS 
→ MESENQUIMAL 
Se for benigno, adiciona-se “oma” (fibroblasto 
vira fibroma, lipídio vira lipoma, ósseo vira osteoma). 
Se for maligno, adiciona-se “sarcoma” 
(fibroblasto vira fibrossarcoma, lipídio vira lipossarcoma, 
ósseo vira osteossarcoma). 
 
→ EPITELIAL 
Se for de revestimento benigno, chama-se 
papiloma e de revestimento maligno, chama-se 
carcinoma (câncer de mama é um carcinoma ductal, ou 
seja, tumor maligno do epitélio dos ductos). Pode ser 
dito carcinoma ductalin situ (só no ducto). 
Se for glandular benigno, será adenoma. Se for 
glandular maligno, será adenocarcinoma. 
 
In situ = só no local 
Invasivo = atinge muitas coisas 
 
TUMORES LÍQUIDOS 
Temos uma célula tronco pluripotente 
hematopoiética e, a partir dela, temos 2 tipos de 
linhagens: células mieloides e as células linfoides. As 
linfoides dão origem aos linfócitos (T e B). As mieloides 
dão origem a todos os outros tipos (hemácias, 
dendríticas, neutrófilos, basófilos, eosinófilos, 
monócitos, etc.). Isso significa que tenho leucócitos 
tanto de origem linfoide quanto de origem mieloide. 
Então uma leucemia mieloide está acometendo algum 
tipo de leucócito da linhagem mieloide e vice-versa. 
Leucemia: qualquer tipo de leucócito 
Linfoma: linfócitos 
 
Alguns tumores podem ter características tanto 
de mesenquimais quanto de epiteliais. Quando isso 
acontece, chamados de tumores mistos e, nesse caso, a 
nomenclatura leva mais em consideração a morfologia 
em detrimento da origem. 
 
 
 
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MORFOLOGIA 
Temos 4 tipos (tumores sólidos): podem ser bem 
diferenciados ou indiferenciados 
1. Nodular (benigno ou maligno). Uma bola. 
 
 
2. Vegetativo (benigno ou maligno). Pele e mucosas. 
São papilomas (verrugas), pólipos (gotinhas, 
superfície lisa) – são considerados lesões pré-
cancerosas, ou seja, podem sofrer transformações 
adicionais e se tornar um câncer, por isso é bom 
retirar. Tem esse nome porque parece vegetal 
(couve flor). 
 
 
3. Infiltrativo (maligno). Diminui o lúmen de tanto se 
infiltrar. 
 
4. Ulcerativo (maligno). É como se fosse uma ferida 
aberta. Necrosa no meio e forma bordas elevadas e 
endurecidas. 
 
MARCAS REGISTRADAS DO CÂNCER 
 
 
→ ATIVAÇÃO DA IMORTALIDADE REPLICATIVA 
As células se replicam infinitamente. A 
telomerase é uma enzima que produz os telômeros, que 
são as “pontinhas” dos cromossomos. Cada vez que ele 
se divide, perde um pedaço. Depois de 60 a 80 divisões, 
ele vai acabando. Quando ele estiver bem baixo, ela 
entra em senescência e a célula tende a entrar em 
apoptose, por estar muito velha. Se não entrar em 
apoptose, pode ser que um telômero se junte com outro, 
formando uma aberração. Isso é regulado pela p53, um 
fator de transcrição considerado um supressor de 
tumor, pois reconhece que a célula está em entrando em 
instabilidade cromossômica e ativa sua morte. 
 A célula cancerígena sabe que, se o telômero 
acabar, ela morre, por isso, ela faz uma reprogramação 
genética nessa célula que está transformada e ativa a 
telomerase, fazendo com que ela produza telômeros, 
assim, terá “fichas” infinitas para se replicar. A célula ter 
essa imortalidade não é sinônimo de malignidade, 
benignos também fazem isso. 
 
→ EVASÃO DE SUPRESSORES DE CRESCIMENTO E 
RESISTÊNCIA À MORTE 
Durante o ciclo celular, existem paradas de 
verificação. Esses pontos servem para verificar DNA, 
divisão, etc. Para verificar DNA, o ideal seria verificar em 
G1, pois a célula ainda não sintetizou um novo material, 
logo, é mais prático verificar se há erros antes de se 
dividir e haver 2 materiais genéticos para verificar. 
Portanto, os vários pontos de checagem estão 
estrategicamente posicionados. 
 A p53 é considerada a guardiã do genoma. Toda 
vez que ela encontra um erro no DNA, vai começar a se 
acumular no núcleo (além de levar a transcrição de 
outros fatores) e faz a parada do ciclo e ocorra o reparo 
do DNA. Se o reparo ocorrer, o ciclo continua. Se não, a 
célula entra em apoptose – e, assim, a p53 vai regulando 
as células que estão se transformando no nosso 
organismo. 
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 Como a célula se transforma? Temos agentes 
externos e internos. EXTERNOS: monóxido de carbono, 
radiação, tabaco, metais pesados, vírus (o melhor agente 
externo biológico, pois é um parasita intracelular 
obrigatório, colocando seu material genético no do 
hospedeiro, fazendo-o trabalhar para ele, 
transformando a célula). INTERNOS: produtos de 
metabólitos, como EROS. 
Temos 4 classes de genes importantes na 
carcinogênese: 
1. Proto-oncogênese 
2. Genes supressores de tumor 
3. Genes associados a reparo de DNA 
4. Genes indutores de apoptose 
O tempo todo as células estão sofrendo 
agressões e mutações – mas isso normalmente ocorre 
em nível inicial e a maquinaria replicativa consegue 
corrigir isso. Mas temos essas 4 classes que, quando o 
câncer vai se instalar, mais de uma delas está 
prejudicada. 
PROTO (pré) ONCOGÊNESE: produzem uma 
proteína que influencia a proliferação celular. Produz a 
níveis fisiológicos – ela é normal. É importante porque, 
quando uma célula fica velha e morre, esses genes vão 
induzir a proliferação de outras para substituir essa que 
morreu. Isso é finamente orquestrado – conforme as 
células precisam se dividir, esses genes induzem a 
proliferação. 
SUPRESSORES DE TUMOR: p53 faz parte. Sempre 
que são ativados, produzem proteínas que ou 1) induzem 
o reparo de DNA ou 2) induz a apoptose realizando a 
parada da proliferação celular. Proto-oncogene e 
supressor tumoral andam juntos, o primeiro induzindo a 
proliferação e o outro inibindo. Ele inibe para que 
aconteça o reparo do DNA e leva à apoptose quando esse 
DNA não conseguir ser reparado. 
GENE DE REPARO: toda vez que há alguma célula 
se transformando, eles são ativados e produzem 
proteínas que induzem o reparo do DNA. Quando isso 
não é possível, temos a ativação dos genes que induzem 
a apoptose. 
GENES INDUTORES DE APOPTOSE: quando 
ativados, produz proteínas que induzem apoptose. As 4 
classes atuam juntas para que não haja neoplasia. 
 
MUTAÇÃO PROTO-ONCOGENE: passa a ser 
chamado de ONCOGENE e ganha função – além de 
induzir a proliferação celular, passa a fazer isso de 
maneira acentuada, de forma “constitutiva”. 
 
 
MUTAÇÃO GENES SUPRESSORES TUMORAIS: 
Eles perdem a função, ou seja, não vão fazer a parada de 
ciclo – vai acumular a lesão/mutação de DNA. Ele para de 
produzir a proteína que induz o reparo. O mais clássico é 
a p53, sendo que 50% dos tumores tem mutação na p53. 
 
 
MUTAÇÃO GENES DE REPARO: Ele perde a 
função, logo, parará de fazer reparo. 
 
MUTAÇÃO INDUTORES DE APOPTOSE: Ele 
também perde a função, assim, deixa de induzir a morte 
celular. 
O interessante para o tumor é haver mutação no 
maior número de classes possíveis. 
 
→ DESREGULAGEM DE ENERGÉTICA CELULAR 
Efeito Warburg – adaptação metabólica que as 
células tumorais realizam. As células tumorais são células 
normais que sofreram alguma transformação. Mas, 
antes de sofrer isso, elas estavam em um estado ótimo 
de nutrientes e oxigênio. Apesar de estarem em um 
estado de muito nutriente e oxigênio, ela prefere fazer 
fermentação anaeróbica (glicólise). Mas por que 
preferem uma via que produz menor energia? 
Na fosforilação oxidativa (respiração aeróbica), 
ocorre quebra completa da glicose. Como quebrou 
completamente, não sobra nenhum substrato 
intermediário. Todo o C6H12O6 é quebrado até virar CO2 
e H2O e muita energia. Você tem muita energia, mas 
nenhum substrato intermediário para formar algo. Logo, 
Leonan José – T5 
as células tumorais não teriam nada para usar. Para que 
ocorra a proliferação clonal, a célula precisa sintetizar 
um monte de coisa: proteínas, lipídeos, carboidratos, 
ácido nucleico, etc. para formar todos os componentes 
da célula para se dividir. 
Quando se faz anaeróbica, a taxa energética é 
baixa (só gera 2 ATPs), mas gera muitos intermediários 
(lactato, acetil coa, piruvato), que são usados (tanto no 
Ciclo de Krebs para as reações anapleróticas = são 
reações que reabastecem o Ciclo de Krebs com 
intermediários – pegar substrato e mandar para outras 
vias, assim como outras vias mandam para ele) para 
sintetizar o que ele precisa. Então, nas reações 
anaeróbicas, apesar da baixa taxa energética, sobram 
muitos substratos intermediários que podem ser 
utilizados para sintetizar as coisas que a célula precisa. 
 Apesar de ser uma via de baixa produção de ATP, 
vale lembrar que a célula está em um ambientecom 
quantidade ótima de nutriente e oxigênio – a célula tem 
muita glicose disponível para quebrar, ela pode quebrar 
muita glicose para que o saldo energético seja o 
suficiente pra ela e, automaticamente, quanto mais ela 
quebra, mais intermediários ela tem para continuar se 
replicando. 
Além disso, é produzido ácido láctico, tornando 
aquele ambiente inflamatório. Quando é gerado um 
ambiente ácido, as células inflamatórias são chamadas 
para realizar inflamação e matar a célula. 
Então, as células inflamatórias são recrutadas, 
mas seus produtos geram danos no tecido porque 
produzem milhões de mediadores que fazem 
vasodilatação, aumento de permeabilidade vascular a 
indução de recrutamento de novas células – na aguda 
são neutrófilos e na crônica, monócitos. No tecido, o 
monócito se diferencia em macrófago, que pode ser M1 
e M2 – e as células tumorais usam os dois tipos. Induz 
M1 para manter a inflamação acontecendo, como uma 
espécie de alça de retroalimentação e induz o M2 para 
reparar o tecido – eles recrutam fibroblastos para o 
reparo e para ocorrer a angiogênese, uma vez que o 
tumor precisa cada vez mais de nutrientes. No início, as 
células inflamatórias podem até tentarem destruir o 
tumor, mas, com o tempo, quanto mais mutações elas 
acumulam, mais difícil é de destruí-las. 
Temos os linfócitos T CD8 (citotóxicos) e os T CD4 
(helpers ou auxiliares). Os T CD4 tem 3 padrões de 
resposta: 
TH1 = padrão celular 
TH2 = humoral ou de formação de anticorpos 
TH17 = padrão inflamatório 
Ou seja, os linfócitos T CD4, quando adquirem o 
padrão TH17, ajudam a carcinogênese. 
O linfócito T CD8 é chamado de citotóxico porque 
tem a característica de lisar a célula transformada. Ele 
consegue reconhecer as células neoplásicas através do 
MHC tipo 1 – todos temos essa proteína de membrana 
nas nossas células, mas, quando estão transformadas, 
elas deixam de expressar MHC do tipo 1, logo, o linfócito 
citotóxico não a reconhece. 
A inflamação ajuda na metástase. A angiogênese 
ajuda na nutrição, mas também favorece para que a 
célula tumoral alcance a corrente sanguínea. Além disso, 
a inflamação tem liberação do PAF (fator ativador de 
plaqueta), que ajuda no recrutamento celular e ativação 
do sistema de coagulação (formação de rede de fibrina). 
Com isso, a célula tumoral quando quer sair do ambiente 
em que está para atingir outros lugares se recobre dessa 
rede de fibrina para que não seja reconhecido pelo 
sistema imune. Assim, conseguem alcançar mais 
facilmente outro local para metástase. 
Indivíduos que possuem maior padrão de resposta 
TH1 têm melhor prognóstico, pois consegue eliminar 
mais facilmente as células transformadas. Em oposição a 
isso, indivíduos com maior padrão de resposta TH2 tem 
mais dificuldade. Nos casos de maior resposta TH17, fica 
ainda mais dificultado. 
Outro motivo pelo qual as células tumorais preferem 
realizar respiração anaeróbica: por se proliferarem 
muito rapidamente, a angiogênese não consegue 
acompanhar todo o crescimento, logo, as células mais 
centrais não chegam a ser nutridas e fazem respiração 
anaeróbica porque é sua única opção. 
 
→ INSTABILIDADE GENÔMICA 
Quando genes de reparo sofrem mutação eles 
deixam de fazer o reparo. Isso faz com que a célula, uma 
vez transformada, não passe por todo o processo de 
checagem, gerando células filhas com mutação. Com o 
tempo, essas células filhas vão adquirir mutações novas 
que não foram provenientes da célula mãe – isso gera 
instabilidade genômica. O tumor vai se tornando 
heterogêneo, dificultando ainda mais vencer o tumor. 
Toda vez que o tumor adquire 1g, ele tem 109 células 
neoplásicas. Quanto mais precoce, menor a 
heterogeneidade. Quanto mais evoluído ele estiver, mais 
células diferentes umas das outras haverá. 
Na quimioterapia, os fármacos são inespecíficos, 
tendendo a atingir células que se multipliquem bastante. 
Isso causa a queda de cabelo, náuseas, etc., porque todas 
as células (mesmo saudáveis) que possuem essa alta taxa 
de proliferação também são atingidas. Por isso o 
tratamento é feito em ciclos – para que as células 
saudáveis possam se recuperar e só depois iniciarem um 
novo ciclo. 
O tumor “percebe” que as células de maior taxa 
metabólica estão sendo destruídas. Logo, ele induz a 
autofagia, diminuindo seu tamanho e diminuindo a 
atividade metabólica. Assim, ela comendo seus próprios 
componentes e se torna muito parecidos com as células 
normais. Diz-se que ela entra em um estado de 
quiescência (latente). Isso significa que as células 
existem, mas os quimioterápicos não conseguem atingi-
Leonan José – T5 
la, pois sua taxa metabólica está baixa, muito parecido 
com as células normais. O indivíduo melhora, dá a 
impressão de cura, mas por volta de 5 a 10 anos, pode 
ocorrer um retorno (recidiva), ainda mais forte do que o 
câncer inicial porque ocorre a partir de células 
heterogêneas. Por isso é tão importante manter o 
acompanhamento ao longo dos anos. 
 Uma coisa muito utilizada são as imunoterapias, 
pois os anticorpos monoclonais são muito específicos, 
atingindo as células específicas. Quanto mais específico 
menor é a taxa de efeito colateral. 
 
CARACTERÍSTICAS 
Progressividade: crescimento tecidual excessivo e 
descoordenado, de intensidade progressiva. 
Irreversibilidade: Ausência de dependência da 
continuidade do estímulo. 
Independência: Ausência da resposta aos mecanismos 
de controle. Autonomia. 
Pleomorfismo: variação no tamanho e na forma. 
Perda de polaridade: Orientação das células anaplásicas 
é alterada. Células tumorais crescem de maneira 
anárquica e desorganizada. 
Morfologia nuclear: Núcleos desproporcionalmente 
grandes para a célula (razão núcleo/citoplasma pode 
chegar 1:1). Núcleo irregular e cromatina está agrupada 
de forma desordenada e distribuída pela membrana 
nuclear e mais escurecida (hipercromática). 
Outras alterações: Necrose isquêmica central em 
tumores crescimento rápido. 
 
Adaptação metabólica (Efeito Warburg): a célula 
normal, usa a glicose, passa pelo ciclo de Krebs e usa toda 
essa energia para seu funcionamento. A célula tumoral 
fica muito mais sensível aos substratos, os fatores de 
crescimento vão atuar muito mais nela em comparação 
com a normal e isso tudo vai estimular a via glicolítica. 
Alguns dos intermediários já serão desviados para a 
síntese proteica, lipídica, etc., alguns passam pelo ciclo 
de Krebs para gerar outros 
metabólitos que também serão 
desviados para a síntese de coisas 
importantes para a célula tumoral. 
 
Invasão e metástase: na migração, 
as células podem estar uma “capa” 
de fibrina para fugir do sistema 
imunológico e conseguir atingir 
órgãos/ tecidos distantes para 
formar tumores secundários – é isso 
que chamamos de metástase 
(imagem ao lado). 
 
 
 
 
MÚLTIPLAS CÓPIAS DO ONCOGENE 
A mama normal possui receptores chamados HER2, que 
recebem fatores de crescimento, esses fatores se ligam 
a eles e faz com que as células da mama se multipliquem. 
Nos casos de câncer, as células transformadas fazem 
com que haja mutação no oncogene, que causa 
amplificação gênica (faz com que tenha múltiplas cópias 
do oncogene), assim, aumenta a quantidade de 
receptores HER2. Então, basta uma pequena quantidade 
de fator de crescimento para que a célula tumoral roube 
para ela e faz com que ela se divida em detrimento da 
saudável. 
 
 
 
CARCINOGÊNESE 
A carcinogênese tem 3 passos: iniciação, 
promoção e progressão. INICIAÇÃO: agentes 
carcinogênicos que vão induzir a primeira mutação, 
deixando a célula transformada. Mas, para virar um 
tumor, essa célula transformada precisa ser PROMOVIDA 
e quanto mais ela se desenvolve, ocorre a PROGRESSÃO 
com o tumor heterogêneo. 
1. Iniciação: mutação inicial, mas ela não é suficiente 
para gerar um tumor. 
2. Promoção: mutações adicionais e expansão clonal. 
3. Progressão: seleção darwiniana. As que são mais 
aptas irão sobreviver. Ocorre heterogeneicidade. 
Leonan José – T5 
AGENTES ENDÓGENOS E EXÓGENOS QUE PODEMCAUSAR INICIAÇÃO: fumo, álcool, dieta, algumas 
infecções, obesidade e vida sedentária, mutações 
genéticas, agentes químicos, luz UV, radiação, etc. 
 
Outro evento que ocorre muito para contribuir 
para a carcinogênese é a EPIGENÉTICA = modificações de 
DNA que favorecem ou não a carcinogênese. Temos 2 
tipos de alterações: metilação e acetilação. Alguns 
autores consideram também a modificação de histona, 
mas ela se dá ou por metilação ou por acetilação. 
METILAÇÃO: toda vez que eu adiciono metil no 
DNA, o gene que recebeu é silenciado. Silenciar um 
supressor tumoral ou um proto-oncogene é ruim. O gene 
só volta a ser expresso quando eu retiro o metil. 
A adição do metil pode ser direto no DNA ou nas 
histonas (proteínas de ancoragem – enrola e compacta o 
DNA para ajudar a divisão). Se metilar as histonas, ela 
não consegue fazer com que o DNA seja desenrolado. 
Consigo desenrolar com ACETILAÇÃO. 
 Tanto a metilação quanto a acetilação 
conseguem influenciar a carcinogênese, dependendo do 
grupo de genes acometido. 
 
ESTADIAMENTO 
Uma vez com o câncer formado, deve-se 
procurar o melhor tratamento – e descobre-se isso pelo 
estadiamento. Quanto mais cedo, melhor o prognóstico 
– e os estadiamentos servem para entender em qual 
estágio o câncer está. Eles vão de 1 a 4 pelo sistema 
TNM. 
T = tamanho do tumor 
N = (nódulo) linfonodos 
M = presença ou não de metástase 
 
TX = ainda não avaliado por ser muito pequeno. 
T0 = sem célula tumoral saindo. 
T1 = tumor de 2cm, por exemplo 
N0 = ausência de metástase em linfonodo regional 
M0 = metástase negativa 
 
 
Estadiamento clínico = feito baseado nos exames – de 
imagem, sorológico, bioquímico, etc. 
 
Estadiamento patológico = individuo já fez cirurgia, 
retirou o tumor, foi para o patologista, vai analisar para 
observar a morfologia, citoplasma, atipia, estrutura, etc. 
 
Quem faz o delineamento terapêutico é o TNM 
mesmo. Mas ele não é infalível. Por exemplo, no câncer 
de mama, só o estadiamento TNM não é suficiente para 
definir o tratamento, pois é preciso saber se a paciente 
vai responder ao tratamento, por isso é importante os 
dois outros estadiamentos.

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