Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

PROJETO DE 
ARQUITETURA E 
URBANISMO IV
PROJETO DE 
ARQUITETURA E 
URBANISMO IV
Projeto de Arquitetura e Urbanism
o IV
Ana Carolina Carvalho Figueiredo Ana Carolina Carvalho Figueiredo 
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
Caro estudante, entraremos agora no mundo do desenvolvimento de projetos resi-
denciais e comerciais de média complexidade, sendo eles edi� cações de apartamentos 
ou prédios comerciais, como restaurantes. Esses projetos devem ser desenvolvidos 
com base em um anteprojeto e suas relações espaciais, considerando uma adequa-
ção funcional e volumétrica com o entorno edi� cado. Compreenderemos, assim, o que 
fundamenta as análises pré-projetuais e como é possível realizá-las no nível do entor-
no do projeto, da tipologia e da sua função e forma.  
Além disso, exploraremos a importância da criatividade e as metodologias que podem 
ser adotadas para desenvolver qualquer projeto. Para escolhermos os materiais e os 
sistemas construtivos do projeto, identi� caremos a importância da técnica e da tec-
nologia. Todo esse processo perpassa pela apresentação de um conjunto de referên-
cias, para enriquecer nosso “vocabulário” de projeto. Esses estudos de caso apresen-
tarão similaridades com o objeto de estudo de cada unidade, e auxiliarão na de� nição 
do pré-projeto e do anteprojeto de arquitetura. Por � m, seremos capazes de adequar 
os projetos às normas e à legislação.
SER_ARQURB_PAUIV_CAPA.indd 1,3 08/02/2021 14:51:50
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo 
artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Ana Carolina Carvalho Figueiredo 
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 2 08/02/2021 13:28:12
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 3 08/02/2021 13:28:12
Unidade 1 - Fundamentação temática e a análise projetual: projetos residenciais
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Análises na arquitetura ....................................................................................................... 13
O exercício de projetar ................................................................................................... 13
Procedimentos de análise de projetos ........................................................................ 16
Estudo da quadra e entorno .......................................................................................... 17
Referências projetuais ................................................................................................... 20
Análise de soluções projetuais ......................................................................................... 23
Projeto de habitação multifamiliar .............................................................................. 24
Habitação de média complexidade .............................................................................. 26
Interferências na elaboração do anteprojeto arquitetônico ....................................... 29
O programa de necessidades ....................................................................................... 30 
Partido arquitetônico de um projeto ............................................................................ 32
Sintetizando ........................................................................................................................... 34
Referências bibliográficas ................................................................................................. 35
Sumário
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 4 08/02/2021 13:28:12
Sumário
Unidade 2 - Aspectos plásticos e escolhas técnicas do projeto arquitetônico
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 38
Aspectos plásticos do projeto de arquitetura ................................................................ 39
Introdução à plasticidade em arquitetura ................................................................... 39
Relação entre volumes na concepção arquitetônica ............................................... 41
Estudo volumétrico: aplicação em projetos residenciais ......................................... 42
Representação da funcionalidade em projetos arquitetônicos .................................. 44
Funcionalidade em arquitetura ..................................................................................... 44
Relação entre forma e função arquitetônica .............................................................. 46
Maquete: representação tridimensional ..................................................................... 47
A tecnologia e os materiais em projeto ........................................................................... 51
Uso dos materiais e sistemas construtivos em projetos residenciais ................... 52
A relação entre partido arquitetônico e materiais de construção ......................... 54
Sintetizando ........................................................................................................................... 61
Referências bibliográficas ................................................................................................. 62
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 5 08/02/2021 13:28:12
Sumário
Unidade 3 - Elaboração do anteprojeto de arquitetura: restaurantes
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 64
Estudos referenciais: restaurantes ................................................................................... 65
Projetos comerciais ........................................................................................................ 65
Histórico dos projetos de restaurantes ....................................................................... 70
Referências projetuais de restaurantes ...................................................................... 74
Estudo das condicionantes de projeto ............................................................................. 77
Relação entre espaço urbano e os restaurantes: preexistências .......................... 77
O usuário e o espaço projetado .................................................................................... 80
Desenvolvimento na etapa pré-projetual ........................................................................81
Organograma ................................................................................................................... 82
Fluxograma ....................................................................................................................... 83
Pré-dimensionamento .................................................................................................... 86
Sintetizando ........................................................................................................................... 88
Referências bibliográficas ................................................................................................. 89
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 6 08/02/2021 13:28:12
Sumário
Unidade 4 - Desenvolvimento do projeto: restaurantes
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 91
Condicionantes naturais: projetos de restaurantes ...................................................... 92
Estudo do lote: aspectos ambientais .......................................................................... 92
Relação entre fachada e entorno ................................................................................. 94
Desenvolvimento do projeto: restaurantes ..................................................................... 96
Representação de projeto: croquis iniciais ................................................................ 97
Plantas e cortes .............................................................................................................. 99
Perspectivas e detalhamento ...................................................................................... 100
Noções de legislação aplicadas à arquitetura ............................................................ 103
Introdução da legislação na arquitetura ................................................................... 103
Plano Diretor e leis de uso e ocupação do solo ....................................................... 104
Normas técnicas ........................................................................................................... 107
Sintetizando ......................................................................................................................... 113
Referências bibliográficas ............................................................................................... 114
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 7 08/02/2021 13:28:12
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 8 08/02/2021 13:28:12
Caro estudante, entraremos agora no mundo do desenvolvimento de pro-
jetos residenciais e comerciais de média complexidade, sendo eles edifi cações 
de apartamentos ou prédios comerciais, como restaurantes. Esses projetos de-
vem ser desenvolvidos com base em um anteprojeto e suas relações espaciais, 
considerando uma adequação funcional e volumétrica com o entorno edifi ca-
do. Compreenderemos, assim, o que fundamenta as análises pré-projetuais e 
como é possível realizá-las no nível do entorno do projeto, da tipologia e da sua 
função e forma. 
Além disso, exploraremos a importância da criatividade e as metodologias 
que podem ser adotadas para desenvolver qualquer projeto. Para escolhermos 
os materiais e os sistemas construtivos do projeto, identifi caremos a importân-
cia da técnica e da tecnologia. Todo esse processo perpassa pela apresentação 
de um conjunto de referências, para enriquecer nosso “vocabulário” de proje-
to. Esses estudos de caso apresentarão similaridades com o objeto de estudo 
de cada unidade, e auxiliarão na defi nição do pré-projeto e do anteprojeto de 
arquitetura. Por fi m, seremos capazes de adequar os projetos às normas e à 
legislação.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 9
Apresentação
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 9 08/02/2021 13:28:12
A todos aqueles que acreditaram na minha trajetória até aqui: aos meus 
pais e irmãos, que sempre me incentivaram e acreditaram em meu 
potencial; aos meus professores; e aos meus alunos, que, na dinâmica 
diária de aulas, sempre têm algo a me ensinar.
A professora Ana Carolina Carvalho 
Figueiredo é mestre em Arquitetura, 
Urbanismo e Tecnologia (2018) e gra-
duada em Arquitetura e Urbanismo 
(2015), pela Universidade de São Paulo 
(USP). Ministrou aulas de Projeto de Ar-
quitetura, Urbanismo e Conforto Am-
biental Térmico, entre 2019 e 2020.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6811483897468144
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 10
A autora
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 10 08/02/2021 13:28:12
FUNDAMENTAÇÃO 
TEMÁTICA E A 
ANÁLISE PROJETUAL: 
PROJETOS 
RESIDENCIAIS
1
UNIDADE
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 11 08/02/2021 13:28:23
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Entender como se dá o processo de projeto em arquitetura;
 Desenvolver a análise do local de implantação de um projeto arquitetônico;
 Compreender aspectos do projeto residencial de média complexidade;
 Compreender a importância do programa de necessidades e da definição do 
partido arquitetônico em um projeto de arquitetura.
 Análises na arquitetura
 O exercício de projetar
 Procedimentos de análise de 
projetos
 Estudo da quadra e entorno
 Referências projetuais
 Análise de soluções projetuais
 Projeto de habitação multifa-
miliar 
 Habitação de média complexi-
dade
 Interferências na elaboração 
do anteprojeto arquitetônico
 O programa de necessidades 
 Partido arquitetônico de um 
projeto
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 12
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 12 08/02/2021 13:28:23
Análises na arquitetura
Um dos passos fundamentais 
para o desenvolvimento de um es-
tudo projetual é a compreensão da 
área da cidade onde ele se encontra. 
Se nos atentarmos ao local em que 
vivemos, podemos perceber que ele 
contempla um conjunto de caracte-
rísticas: é residencial ou misto, possui 
edifi cações altas ou apenas casas, é 
de fácil acesso aos transportes públi-
cos ou não, é arborizado ou sem ve-
getação. Assim, a edifi cação terá uma 
relação imediata com o contexto ur-
bano no qual está implantada.
O exercício de projetar
Projetar é um exercício, ao mesmo tempo, de criatividade e de cumpri-
mento de necessidades funcionais. Em arquitetura, o projeto é um processo 
de concepção de um “objeto”, que será ocupado e frequentado, devendo ser 
adequado (do ponto de vista de conforto e ergonomia) e precisando estar em 
consonância com boas práticas ambientais, além de que deve se relacionar 
com o entorno no qual está inserido. Não por acaso, um projeto pode envolver 
diversas etapas. 
Segundo John Christopher Jones, autor de Design Methods (1970), o aluno ou 
profi ssional de arquitetura deve, ao projetar, deixar a mente livre para investi-
gar soluções, intuições e ideias, sem limitações práticas, a qualquer momento. 
Ele estabeleceu uma metodologia com o objetivo de reduzir erros nos projetos 
e torná-los mais avançados. Para isso, Jones estabeleceu a existência de três 
estágios para projetar, sendo eles:
• A análise consiste na listagem das necessidades do projeto, criando com 
ela uma relação de especifi cação de desempenhos;
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 13
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 13 08/02/2021 13:28:24
• A síntese é a etapa que busca encontrar soluções possíveis para cada 
especificação que foi detalhada previamente e assinalar o desenvolvimento do 
projeto; 
• A avaliação considera cada uma das soluções de projeto oferecidas na etapa 
de síntese e sua adequação aos requisitos impostos pelas demandas projetuais.
A primeira etapa, de análise, refere-se às questões de forma, material e de-
senho da edificação. Nela, é fundamental entender todas as propostas e infor-
mações iniciais que devem ser incorporadas ao projeto. O segundo momento, 
de síntese, inclui o pensamento criativo, que deve ser aplicado para relacionar 
cada um dos fatores envolvidos na edificação a soluções arquitetônicas capa-
zes de responder às suas necessidades.É possível utilizar, na etapa de síntese, 
técnicas que auxiliam na criatividade, como o brainstorming.
EXPLICANDO
O brainstorming é um método de incentivo à criatividade, que consiste em 
deixar fluir os pensamentos referentes a um problema. Por exemplo, ao 
projetar um restaurante, o que vem à mente? Mesas, cozinhas, pessoas, 
luzes, fluxos. Essas ideias vão ajudar a encontrar soluções para o projeto. 
Para saber mais sobre o uso da criatividade para projetar, leia o primeiro 
capítulo do livro O processo de projeto em arquitetura da teoria à tecnolo-
gia, que apresenta métodos de incentivo à criatividade aplicados à arqui-
tetura e urbanismo (KOWALTOWSKI et al., 2011).
Na última etapa do processo de projeto, a avaliação, poderão ser feitas as 
correções nas soluções apresentadas, caso existam falhas. É importante que 
qualquer problema seja sempre corrigido antes da execução da construção, 
uma vez que é mais simples e barato corrigir qualquer erro durante a etapa 
de projeto. Essas correções podem se tornar mais morosas e caras em fases 
posteriores, como a execução. 
Para Lawson (2011), contudo, projetar não é um processo linear, podendo 
as etapas de análise, síntese e avaliação serem percorridas diversas vezes, em 
vários períodos do desenvolvimento de uma edificação. Em escritórios, nor-
malmente, as etapas principais de um projeto não são denominadas como as 
anteriores, sendo definidas como estudo preliminar, anteprojeto e projeto exe-
cutivo, lembrando que a análise, a síntese e a avaliação podem ser retomadas 
nessas etapas (Diagrama 1).
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 14
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 14 08/02/2021 13:28:24
Fonte: JONES, 1970; LAWSON, 2011. (Adaptado).
Na fase do estudo preliminar, as ideias iniciais e de organização dos am-
bientes são apresentadas e desenvolvidas, de acordo com a concepção arqui-
tetônica. A etapa de anteprojeto parte da solução escolhida no estudo preli-
minar e a apresenta com a definição de plantas, cortes e fachadas. Finalmente, 
o projeto executivo é o estágio que traz o projeto completo e detalhado, apto 
para ser encaminhado para a execução. 
Além dessas etapas iniciais, é possível incorporar a esse desenvolvimen-
to projetual os programas de desenho auxiliado por computador (Computer 
Aided Design, ou CAD, na sigla em inglês). Para Kowaltowski et al. (2006), o uso 
das tecnologias e computadores auxilia no estudo do projeto devido a sua 
facilidade em manipular objetos, bem como sua agilidade em criá-los e edi-
tá-los. Além disso, os programas computacionais e a representação por meio 
de modelos virtuais permitem a realização de testes, simulações de conforto 
ambiental, estruturas e sistemas de iluminação, por exemplo. Esses fatores 
contribuem para que o resultado da proposta seja completo e mais eficiente.
Análise Síntese
Estudo preliminar
Avaliação
Análise
Anteprojeto
Síntese Avaliação
Análise
Projeto executivo 
Síntese Avaliação
DIAGRAMA 1. RELAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE PROJETO
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 15
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 15 08/02/2021 13:28:24
Procedimentos de análise de projetos
Elena F. França (2015) defi ne análise como o processo de decomposição 
de projetos, para que seja possível conhecer cada um de seus componentes. 
Em arquitetura, o ato de analisar implica investigar os elementos que fazem 
parte de um projeto. Outro autor que trabalhou sobre o exercício arquite-
tônico e a importância das análises foi Simon Unwin (2013), que investigou 
os parâmetros de projeto.
EXPLICANDO
Simon Unwin (2013) assinalou a importância de entender as característi-
cas locais de qualquer lugar onde se vá fazer um projeto, reiterando que, 
normalmente, o resultado formal e de implantação são resultantes das 
condições encontradas no terreno. Mas ele não falava apenas de con-
dicionantes físicas, como a topografi a, tratando também das abstratas, 
como cheiro e ruído.
Para Unwin, o processo de concepção em arquitetura acontece como o de 
um escritor que está trabalhando em um livro: enquanto o escritor domina 
as regras de linguagem em geral, a semântica e a gramática, o arquiteto deve 
dominar o “vocabulário” de projeto. Esse vocabulário se refere aos desenhos 
e códigos arquitetônicos, bem como aos padrões, às combinações e às compo-
sições possíveis, de acordo com os elementos disponíveis para a construção. 
Um terceiro autor a trabalhar a questão da análise em arquitetura foi 
Geoff rey H. Baker (1998), que apontou três fatores básicos de serem analisa-
dos em arquitetura: as condições do local, as demandas funcionais e a cultu-
ra. Sendo assim, a proposição arquitetônica depende diretamente de identi-
fi car o local e pensar no programa de necessidades e no contexto cultural na 
qual ela se insere.
Podemos verifi car, a partir da leitura dos três autores apresentados, que a 
fase inicial de leitura das condicionantes de um determinado projeto é fun-
damental para que o seu resultado seja bom e se adeque às demandas. As 
variáveis envolvidas podem ser diferentes, de acordo com: o tipo de projeto no 
qual se está trabalhando, o público alvo, a cultura, o local, os recursos disponí-
veis e os materiais usuais naquela região; contudo, todas estão interligadas e 
nenhuma delas deve ser abandonada ao longo do processo. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 16
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 16 08/02/2021 13:28:24
Um exercício interessante para desenvolvermos a capacidade de análise é 
o de observar projetos já executados e verifi car neles todas essas condicionan-
tes, sabendo como elas foram trabalhadas ali. Isso pode nos ajudar a entender, 
por exemplo, como o autor se apropriou da área que tinha para construir uma 
edifi cação, as soluções adotadas quanto aos materiais, os desafi os encontra-
dos na defi nição da planta, bem como as questões estruturais e as resoluções 
quanto ao conforto ambiental. 
Com isso em mente, devemos sempre procurar trabalhar seguindo esses 
preceitos, investigando a relação de um projeto com o entorno ou o próprio 
terreno, e estudando o desenvolvimento histórico da tipologia trabalhada, 
compreendendo a relação de processos históricos e sociais na sua evolução. 
Por fi m, esses estudos devem ser usados para aprimorar seu programa de ne-
cessidades, ajudando na defi nição de um partido arquitetônico de projeto.
Estudo da quadra e entorno
O projeto de arquitetura resulta não apenas da apropriação do programa 
de necessidades do cliente, mas também da extração das potencialidades da 
área de intervenção. Sendo assim, a análise do contexto urbano é um passo 
importante ao iniciar o processo de projetar. Condicionantes como topogra-
fi a do terreno, sistema viário do entorno, oferta de transporte público, tipos e 
densidade das edifi cações da vizinhança e gabaritos, por exemplo, interferem 
diretamente nas dinâmicas que ocorrem em um determinado local.
Lorraine Farrelly (2013) assinala que a compreensão do terreno pelo ar-
quiteto, quando da proposição de uma edifi cação, é essencial. Vários parâme-
tros que afetam o projeto de arquitetura podem estar interligados ao terreno, 
incluindo a orientação solar e o acesso, por exemplo. Além disso, o 
olhar minucioso sobre o contexto ajuda a defi nir a escala das edifi -
cações e materialidades a serem utilizadas. Desse modo, 
a análise de vias de acesso ao terreno e dos meios de 
transporte prioritários no entorno (identifi cando es-
tações de trem ou metrô e paradas de ônibus) per-
mite, por exemplo, reconhecer a acessibilidade de 
várias regiões da cidade ao seu projeto.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 17
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 17 08/02/2021 13:28:24
Em uma próxima fase da análise, podemos verificar a densidade e o tipo 
da ocupação das áreas no entorno do empreendimento, estudando o mapa 
de cheios e vazios da região. Nele, estão indicadas as áreas desocupadas ou 
subutilizadas, o que pode auxiliar a definir qual o melhorterreno para a loca-
lização de um projeto, caso a área final para a implantação ainda não esteja 
escolhida. Em seguida, é importante estudar o tipo de ocupação do solo no 
entorno do projeto, pela análise do mapa de tipologias (Figura 1). Tal estudo 
permite compreender e caracterizar a economia local (comercial, residencial, 
industrial ou mista), o público (residencial) e as atividades ali desenvolvidas 
(multiuso, institucional). Um mapa da cidade, subprefeitura ou distrito auxilia 
neste processo.
Sem informação
Comércio e serviços
Comércio/serviços + indústria/armazéns
Sem predominância Minhocão + Elevado Pres. João Goulart
Equipamentos públicos
Linha férrea Estações do metrô Estações da CPTM
Escolas Terrenos vagos Outros
Indústria e armazéns Residencial + comércio/serviços Residencial + indústria/armazéns
RH baixo padrão RH médio/alto padrão
Predominância de Uso por quadra
RV baixo padrão RV médio/alto padrão
Figura 1. Mapa de uso e ocupação do solo na região de Higienópolis/Santa Cecília-SP. Fonte: Prefeitura do Município de 
São Paulo, 2019.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 18
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 18 08/02/2021 13:28:27
Uma etapa importante, que deve seguir esse processo, é análise do mapa de 
gabaritos (Figura 2), que indica o número de pavimentos das construções do en-
torno e, assim, pode ajudar na determinação de conexões, escalas e número de 
pavimentos que podemos adotar no edifício, de acordo com a relação que esta-
mos buscando com a área adjacente a ele. Além disso, o estudo dos gabaritos ca-
racteriza os índices urbanísticos de ocupação dos lotes, segundo a legislação local. 
Gabarito das edifi cações
Até 5 metros
Minhocão - Elevado pres. João Goulart Linha férrea Estações do Metrô Estações da CPTM 
5 até 10 metros 10 até 30 metros 30 até 45 metros Maior que 45 metros
Figura 2. Mapa de gabaritos das edifi cações na região de Higienópolis/Santa Cecília-SP. Fonte: Prefeitura do Município 
de São Paulo, 2019.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 19
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 19 08/02/2021 13:28:29
Essa etapa pode ser fi nalizada com a identifi cação 
de áreas de vegetação do local, incluindo cober-
turas vegetais mais densas, como no caso de pra-
ças e parques, e canteiros e arborização das vias. É 
possível, ainda, verifi car informações como a presen-
ça de mobiliários urbanos, pontos de lixeira, bancos e 
iluminação. Todas as condicionantes mencionadas até aqui estão 
ligadas diretamente à análise do entorno. Contudo, para o estudo 
aprofundado do terreno, é importante considerar elementos como a 
topografi a, a orientação solar e os ventos predominantes.
Para entender a topografi a, fazemos alguns cortes na área e analisamos 
suas curvas de nível. Assim, é possível defi nir o perfi l da área e a necessida-
de ou não de realizar movimentos de terra, para a implantação adequada do 
empreendimento. Além disso, podemos nos apropriar dessas características, 
utilizando-as no projeto, para torná-lo único. A caracterização dos ventos e 
orientação solar, por sua vez, pode ser feita a partir de estudos de conforto, 
com uso de arquivos climáticos e da carta solar. 
DICA
O site do Laboratório de Efi ciência Energética em Edifi ca-
ções (LABEEE), da Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC), em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente 
(MMA), apresenta uma série de informações climáticas de 
várias cidades, em sua plataforma Projeteee, que incluem 
os dados de insolação e ventilação, e podem ser utilizados 
como coadjuvantes nos estudos de terreno para projeto. 
Referências projetuais
O conjunto residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) foi proje-
tado em 1947, por Aff onso Eduardo Reidy, para abrigar funcionários públicos 
do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Reidy foi um dos maiores nomes da 
arquitetura moderna brasileira e teve grande atuação como urbanista, sen-
do responsável por trabalhos de destaque na capital (FRACALOSSI, 2011). O 
complexo (Figura 3) foi projetado com 328 unidades habitacionais, edifícios pú-
blicos e áreas esportivas.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 20
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 20 08/02/2021 13:28:29
Figura 3. Vista aérea do Conjunto Prefeito Mendes de Moraes. Fonte: FRACALOSSI, 2011.
Figura 4. Implantação do Conjunto Prefeito Mendes de Moraes. Fonte: FRACALOSSI, 2011.
Cada uma dessas funções está definida por uma forma: o paralelepípedo 
está ligado à habitação; o prisma trapezoidal é para os edifícios com função 
pública; e as edificações abobadadas são destinadas aos esportes. Uma das 
preocupações de Reidy foi manter a vista da baía de Guanabara, ao mesmo 
tempo em que se apropriava do declive natural do terreno, com pilotis de altu-
ra variáveis. Ele usou passarelas e uma avenida no topo da área que permiti-
ram o acesso ao terreno, eliminando o uso de elevadores. A principal peça do 
complexo é o edifício habitacional serpenteante, que acompanha as condições 
naturais e acidentadas do alto do terreno (Figura 4).
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 21
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 21 08/02/2021 13:28:31
Claramente, observando todas as questões relativas ao projeto, é possível 
identificar que Reidy se apropriou de condições existentes (por exemplo, a au-
sência de serviços como creches e escolas no entorno) e as utilizou na forma 
arquitetônica final, de modo a se adequar idealmente aos seus usuários. Cer-
tamente, essa apropriação só foi possível com um estudo aprofundado das 
características existentes no entorno e no próprio lote. 
Desse mesmo modo, para entender melhor a importância do estudo do 
contexto urbano, das áreas adjacentes e do terreno no qual a edificação será 
implantada, outro projeto de edificação se torna relevante: a Casa Grelha 
(Figura 4), projeto do escritório FGMF, feito em 2007 e localizado na Serra da 
Mantiqueira, uma região de topografia muito acidentada, com grandes pedras 
e araucárias, mas sem muita mata virgem. Assim, uma das demandas da con-
cepção do projeto foi manter uma relação direta entre a casa, o terreno e a 
natureza ao redor, apropriando-se das características ali existentes. 
Figura 5. Vista aérea do Conjunto Prefeito Mendes de Moraes. Fonte: FRACALOSSI, 2011.
A casa, formada por uma grelha estrutural em madeira, com módulos de 
5,5×5,5x3 m, está localizada no ponto de encontro dos trajetos naturais do terre-
no, quando acessados por pedestres. Para manter esses caminhos naturais, essa 
grelha estrutural foi construída de forma suspensa (Figura 6), conectando os cami-
nhos existentes a novos acessos. Além disso, o teto-jardim proposto na cobertura 
criou uma continuidade do terreno existente. Alguns módulos da grelha são vaza-
dos, o que permite que as árvores do jardim inferior cresçam além da estrutura. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 22
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 22 08/02/2021 13:28:33
Figura 6. Vista superior da Casa Grelha, projetada pelo FGMF em 2007. Fonte: ArchDaily Brasil, 2012.
Desse modo, após considerarmos as recomendações iniciais 
sobre a proposição de projetos de arquitetura e o estudo de 
suas áreas, podemos nos aprofundar em discussões sobre 
processos de análises, que se adequam à produção de uma 
edifi cação, desde seu início.
Análise de soluções projetuais
Até agora, tivemos contato com metodologias de desenvolvimento de pro-
jetos, com algumas das possíveis análises iniciais, voltadas para característi-
cas do entorno do terreno. Faz-se necessário, então, conhecermos algumas 
características da tipologia residencial e algumas formas de analisar esses 
projetos. É bom que desenvolvamos sempre mais o conhecimento sobre o 
tipo de projeto no qual estamos trabalhando, de forma que uma investigação 
de estudos de casos de habitações de média complexidade pode nos ajudar 
a ampliar nosso repertório.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 23
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 23 08/02/2021 13:28:35
Projeto de habitaçãomultifamiliar 
Normalmente, as pessoas moram em casas ou apartamentos. Na formação 
das primeiras cidades, em geral, as casas – ou residências unifamiliares – eram 
as principais formas de moradia. Devido à tecnologia construtiva, inicialmente, 
edifícios altos não eram construídos em larga escala. Com o aumento da de-
manda por moradia nas grandes cidades, devido ao crescimento populacional, 
juntamente à limitação de terras disponíveis, o número de edifícios de aparta-
mentos residenciais cresceu.
Os apartamentos podem ter diversas formas e áreas variáveis, podendo 
ser até maiores que muitas casas unifamiliares. Atualmente, há uma tendência 
de diminuição das áreas privadas da moradia, em detrimento de benefícios 
presentes nas áreas comuns das edifi cações. Enquanto as áreas privadas com-
preendem especifi camente o espaço da habitação (onde você dorme ou toma 
banho, por exemplo), as áreas comuns são aquelas que têm espaços compar-
tilhados com seus vizinhos, como as academias, os salões de festas, o hall, os 
coworkings e as áreas de cozinha coletiva.
CONTEXTUALIZANDO
Apartamentos de apenas 10 m² já são uma tendência no 
Brasil, demonstrando uma tendência do mercado de pro-
duzir imóveis cada vez menores. Segundo Raquel Rolnik, 
no artigo Apartamentos de 10 m²: mínimo necessário ou 
lucro máximo?, o debate não deve ser a metragem míni-
ma de uma habitação ou a possibilidade de se morar em 
espaços tão pequenos, mas quais são as necessidades 
básicas para se viver, e como essa discussão perpassa 
não apenas o ambiente domiciliar, mas o planejamento 
de toda a cidade.
Até chegar em apartamentos com metragens cada vez menores, o hábi-
to de morar em residências multifamiliares passou por um conjunto de 
mudanças, com diminuição progressiva dos espaços íntimos e 
extinção de determinados ambientes. Na Figura 7, podemos 
ver exemplos clássicos dessas mudanças no Brasil, em um 
período de cinquenta anos, começando em 1970, conside-
rando plantas padrão de residências de dois dormitórios.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 24
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 24 08/02/2021 13:28:35
Anos 70 – 100 m² Anos 80 – 87,8 m² Anos 90 – 72,85 m²
Anos 2000 – 73,76 m² Anos 2010 – 59,60 m²
Figura 7. Evolução dos apartamentos de dois quartos, de 1970 a 2010. Fonte: REIS, 2016. (Adaptado).
 Se, por volta dos anos 1970 e 1980, ainda era comum ter nas residências 
as chamadas “dependências de empregada”, posteriormente, esse espaço 
deixou de existir. Salas de jantar enormes, quartos e banheiros grandes, 
além de cozinhas separadas dos ambientes de estar, estavam presentes nas 
plantas dos anos 1970 e foram abandonados ao longo dos anos. Além disso, 
pode-se verificar uma diferença na metragem quadrada das unidades habi-
tacionais, com redução de cerca de 40% nesse período. 
Assim, essas mudanças expressam modificações no estilo de vida da 
população e até das suas necessidades e demandas quanto ao morar. Se 
antes o espaço privativo era o primordial, agora podemos compreender 
que a dimensão do morar engloba atividades que podem ser realizadas 
nos espaços coletivos.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 25
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 25 08/02/2021 13:28:37
Habitação de média complexidade
Começamos o processo pela defi nição do terreno no qual o projeto do resi-
dencial será instalado e a realização dos primeiros estudos sobre o entorno e o 
local, levantando as características relevantes. Em seguida, pesquisamos sobre a 
tipologia residencial e compreendemos que ela passou por diversas modifi cações 
ao longo dos últimos anos. Desse modo, para as etapas seguintes do projeto, de-
vemos analisar a área que cada unidade residencial pode ter, bem como quais 
equipamentos e espaços podem ser instalados nas áreas comuns da edifi cação.
Para desenvolver melhor esta demanda, é importante estudar outros con-
juntos residenciais, como referência. A partir desse estudo, algumas soluções 
e ideias podem ser encontradas e incorporadas em nossa própria edifi cação. 
Assim, elencamos dois renomados escritórios de arquitetura nacional, que 
conceberam edifícios residenciais interessantes nos últimos anos, selecionan-
do dois projetos que possam ser apresentados a toda a equipe.
O primeiro edifício-referência é o Tetrys (Figura 8), projeto do escritório 
FGMF, de 2013, localizado na cidade de São Paulo e com mais de 6 mil metros 
quadrados. O espaço destinado para a edifi cação era pequeno e a escolha dos 
projetistas foi evitar muros, integrando-o à calçada e à rua por meio de uma 
pequena praça, com bancos, plantas e paraciclo aberto à cidade. A transição 
entre o espaço público e o privado é feito por um espelho d’água.
Figura 8. Edifício Tetrys, projetado pelo FGMF, em 2013. Fonte: ArchDaily Brasil, 2019.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 26
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 26 08/02/2021 13:28:37
A equipe do projeto pensou na tipologia residencial não como um agrupa-
mento de apartamentos formando um volume, mas em um espaço que fizesse 
parte da paisagem local. Sendo assim, ele é, ainda, um objeto na paisagem, 
que se difere de outras edificações e cria um marco em meio a prédios monó-
tonos. As formas e cores utilizadas, diferentes das usuais, promovem uma clara 
diferença entre a proposta desta edificação e das pré-existentes.
Do ponto de vista dos apartamentos, o edifício possui unidades de áreas 
pequenas, nos modelos loft ou studio, onde os ambientes de sala, quarto e co-
zinha são integrados (Figura 9), algumas das unidades contando com varandas. 
Além disso, o edifício tem espaços de lazer coletivos, como piscina, academia, 
terraço na cobertura e áreas de convivência para os moradores.
Figura 9. Planta do 2º pavimento do Edifício Tetrys. Fonte: ArchDaily Brasil, 2019.
Nossa segunda referência de projeto é o edifício residencial Pop XYZ (Figura 
10), da Triptyque Arquitetos, projetado em 2016, na Vila Madalena, em São Pau-
lo. O local é rodeado por casas antigas, bares e restaurantes, e foi concebido 
de modo que a sua volumetria pudesse dialogar com o contexto e com o relevo 
existentes. O edifício é composto por oito blocos de habitação e um de serviços 
e circulações independentes, com ângulos que permitem visadas do entorno, 
assim como um aproveitamento adequado da ventilação e da iluminação.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 27
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 27 08/02/2021 13:28:39
Figura 10. Edifício Pop XYZ, projetada pela Tryptyque, em 2016. Fonte: ArchDaily Brasil, 2017.
Uma das principais características dessa escolha formal é que, ao fi nal, a 
privacidade dos apartamentos se aproximava daquela existente em casas in-
dependentes, reforçando o caráter de isolamento das unidades residenciais, 
além de suas possíveis posições em relação à orientação solar. Essas residên-
cias são studios, até triplex, e possuem confi gurações diversas, com grandes 
terraços e pé-direito alto. 
Do ponto de vista de materialidades, a proposta do escritório foi englobar 
alguns elementos de memória coletiva do bairro (Figura 11). Entre eles, o uso 
de revestimentos em concreto rugoso e rústico, em referência ao chapisco das 
construções antigas dali, e o uso da cerâmica, por meio de azulejos azuis e 
brancos em algumas fachadas, para referenciar os portugueses. Além disso, o 
gabião, aparente em algumas partes do conjunto, confere aspectos do bruta-
lismo, complementando o referencial histórico.
ASSISTA
O brutalismo foi um movimento arquitetônico surgido 
na Inglaterra, em meados dos anos 1950 e 1960, como 
parte dos esforços de reconstrução pós-Segunda Guerra 
Mundial. Edifi cações brutalistas privilegiavam deixar os 
elementos estruturais à mostra, deixando aparente o 
concreto armado e os perfi s metálicos de vigas e pilares, 
e utilizando formas geométricas angulares em uma paleta 
monocromática. Em 2018, o Museu Alemão de Arquitetura 
montou uma exposição chamada SOS Brutalismo, alegan-
do que o estilo está ameaçado deextinção.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 28
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 28 08/02/2021 13:28:40
Figura 11. Fachada do Edifício Pop XYZ. Fonte: Archdaily Brasil, 2017.
Por meio dessas duas referências, podemos verifi car como podem ser 
apropriadas as características de apartamentos de menor área, 
as condições locais, as materialidades e a constituição do pro-
grama das áreas comuns de um edifício. Essas informações 
são importantes para desenvolver nossos próprios projetos 
e para outras etapas do planejamento arquitetônico.
Interferências na elaboração do anteprojeto arquitetônico
Até agora, focamos em elementos que fazem parte da fase inicial da for-
mulação de um projeto arquitetônico. Contudo, com o intuito de conhecer e 
dominar todas as variáveis com as quais estamos trabalhando em um projeto 
de edifi cação e obter resultado satisfatório, devemos complementar nosso re-
pertório de análises, tornando nosso processo de projeto mais interessante e 
rico. Para isso, veremos a importância de fatores morfológicos e culturais na 
concepção projetual, e como elas infl uenciam no resultado.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 29
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 29 08/02/2021 13:28:42
O programa de necessidades 
Conforme vimos em nossa discussão sobre as análises em arquitetura, 
a primeira força relacionada por Baker (1998) é o local e a importância de 
seu estudo na concepção arquitetônica. O segundo elemento do projeto ar-
quitetônico, então, é, para ele, o requisito funcional, que está diretamente 
relacionada ao programa de necessidades. Assim, um ponto fundamental 
para o desenvolvimento do projeto arquitetônico é a defi nição do seu pro-
grama de necessidades.
O programa de necessidades é um roteiro ou listagem de cômodos que 
uma edifi cação deve ter, considerando o anseio e as demandas do cliente, 
bem como a legislação vigente. Ele depende diretamente do uso que será 
dado àquele espaço, como, por exemplo, em edifi cações comerciais, que 
devem conter tanto ambientes destinados ao público quanto ambientes de 
uso particular. Para defi nir com maior precisão o programa de necessida-
des, então, devemos seguir alguns passos básicos, sendo eles (VOORDT; 
WEGEN, 2013):
• A análise das atividades que a edifi cação irá abrigar, recolhendo infor-
mações e experiências dos usuários ou do cliente que irá ocupá-la;
• A tradução espacial das necessidades funcionais e das especifi cações 
de desempenho apontadas nas normas e na legislação vigente;
• A busca por projetos comparáveis, estudando as informações relati-
vas àquela tipologia de projeto e coletando informações dos programas de 
necessidades;
• A avaliação dos precedentes daquele tipo de projeto.
Em seguida, o próximo passo é construir um quadro ou lista que assinale 
o programa de necessidades do edifício e dos apartamentos que 
ele irá conter (Quadro 1). Após listar o programa de necessi-
dades, podemos defi nir a setorização, para iniciar 
a concepção do projeto e transformá-lo em um 
desenho. A setorização se baseia em agrupar 
os ambientes que constituem a lista do pro-
grama de necessidades, pensando na relação 
que existe entre eles.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 30
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 30 08/02/2021 13:28:42
LOCAL AMBIENTES
Edifício
Apartamentos
Estacionamento
Hall
Portaria
Salão de festas
Apartamentos
Dois dormitórios
Dois sanitários
Cozinha
Área de serviços
Sala
Varanda
QUADRO 1. PROGRAMA DE NECESSIDADES DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL
Quando há uma ligação íntima entre dois ou mais cômodos, esse proces-
so de setorização deve garantir que eles estejam próximos. Ao setorizar os 
ambientes, podemos levar em conta os usos e as atividades que ali ocorrem, 
bem como o modo de vida dos usuários daquele espaço e os hábitos que 
eles têm. No caso da Casa Grelha, como podemos ver na Figura 12, os arqui-
tetos optaram por agrupar os ambientes de acordo com seus usos: social; 
para os filhos; serviços; área do casal; decks e coberturas. A partir daí, eles 
foram representados por uma determinada cor, criando agrupamentos de 
determinado uso dentro do projeto.
USOS
Social + serviços + casal
Filhos
Deck + pérgola + cobertura de vidro
Cobertura retrátil 
Figura 12. Setorização da Casa Grelha. Fonte: ArchDaily Brasil, 2012.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 31
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 31 08/02/2021 13:28:43
Partido arquitetônico de um projeto
O terceiro elemento ao qual Baker (1998) faz referência, ao tratar dos componen-
tes fundamentais de um projeto, é o contexto cultural. Ao analisarmos a arquite-
tura monumental dos séculos XVI e XVII, percebemos que ela era o refl exo de uma 
determinada época e da intenção de quem solicitou sua construção. Desse modo, 
muitas vezes, os poderes político e religioso se manifestavam através da arquitetura. 
Sendo assim, a monumentalidade fazia sentido naquele período, enquanto 
que um projeto de arquitetura moderna de Le Corbusier, que preza pela funcio-
nalidade e não pretende utilizar elementos rebuscados, não faria sentido algum 
ou nada representaria em séculos anteriores. Da mesma forma, não faria sentido 
esperar que todas as edifi cações do Japão fossem iguais às do Brasil, por exem-
plo. Para aprimorar essa refl exão, observemos a Figura 13, na qual podemos 
verifi car diferentes projetos residenciais, cada um com suas formas particulares. 
Figura 13. Estilos arquitetônicos residenciais. Fonte: AdobeStock. Acesso em: 09 set. 2020.
A forma fi nal de uma edifi cação está relacionada, ainda, ao tipo do empreen-
dimento: se são edifi cações residenciais, comerciais ou de serviços. Além disso, 
devemos considerar suas relações com o contexto, as legislações e o programa de 
necessidades. A partir daí, será possível defi nir o volume da edifi cação de modo 
que ele atenda aos usuários e esteja inserida na linguagem daquele período e lo-
cal. Todas essas relações estão relacionadas com o partido arquitetônico. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 32
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 32 08/02/2021 13:28:44
Laerte P. Neves (1998) aponta que partido arquitetônico é a expressão formal 
da ideia preliminar do projeto. Partimos de conceitos abstratos, 
estudados até aqui, e, então, formalizamos e transformamos 
essas ideias em um objeto habitável e capaz de exercer uma 
determinada função. O partido arquitetônico é, então, um re-
gistro gráfico da ideia, transformando-a na linguagem primor-
dial da arquitetura – o desenho. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 33
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 33 08/02/2021 13:28:44
Sintetizando
Nesta unidade, tivemos contato com a fase inicial de formulação de um 
projeto arquitetônico, focando nas análises. A primeira parte do conteúdo ex-
plicitou as possíveis metodologias a serem adotadas ao pensar um projeto de 
arquitetura, e, em seguida, vimos alguns procedimentos e características que 
podem ser analisadas para enriquecer o estudo preliminar e justificar nossas 
escolhas finais, do ponto de vista da forma, função e implantação, por exemplo.
O primeiro tipo de análise que vimos foi aquele voltado para o local de pro-
jeto, verificando a importância de conhecer o entorno, de acordo com tipolo-
gias, usos, gabaritos, meios de transporte, acessos, e o terreno – com a topo-
grafia, orientação solar e variáveis de conforto, como a ventilação. Em seguida, 
apresentamos projetos residenciais, entendendo a tipologia a ser trabalhada. 
Seguindo o histórico de apartamentos no Brasil e seu desenvolvimento ao lon-
go dos anos, foi possível observar as evoluções desse tipo de projeto, a partir 
do estudo de algumas plantas-chave.
Por fim, apresentamos a incorporação de aspectos morfológicos e cul-
turais ao contexto de desenvolvimento de um projeto, mostrando como a 
definição do programa de necessidades, com sua setorização, e do partido 
arquitetônico são importantes na fase inicial. Com todos esses elementos,então, somos capazes de apresentar estudos preliminares do nosso projeto 
e, assim, avançar ainda mais.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 34
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 34 08/02/2021 13:28:44
Referências bibliográficas
BAKER, G. H. Análisis de la forma: urbanismo y arquitectura. 2. ed. México, DF: 
Gustavo Gili, 1998.
Casa Grelha/FGMF Arquitetos. ArchDaily Brasil. 01 jan. 2012. Disponível em: 
<https://www.archdaily.com.br/br/01-18458/>. Acesso em: 9 out. 2020. 
Edifício Tetrys/FGMF Arquitetos. ArchDaily Brasil. 07 maio 2019. Disponível 
em: <https://www.archdaily.com.br/br/915620/>. Acesso em: 9 out. 2020. 
FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2013.
FRACALOSSI, I. Clássicos da Arquitetura: Conjunto Residencial Prefeito Mendes 
de Moraes (Pedregulho)/Affonso Eduardo Reidy. ArchDaily. 02 dez. 2011. Dis-
ponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-12832/classicos-da-arquite-
tura-conjunto-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-e-
duardo-reidy>. Acesso em: 9 out. 2020.
FRANÇA, E. F. A análise de projeto arquitetônico ampliada em tablets. 2015. 
212 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura, Tecnologia e Cidade) – Faculda-
de de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Universidade de Campinas, 
Campinas, 2015. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/
REPOSIP/258349>. Acesso em: 9 out. 2020.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. PIU Parque Minhocão: 1ª consul-
ta pública – elementos prévios ao desenvolvimento do projeto. 17 maio 2019. 
Disponível em: <https://participe.gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/parque-
-minhocao/>. Acesso em: 8 out. 2020.
JONES, J. C. Design methods: seeds of human factures. Nova York: John Wiley, 
1970.
KOWALTOWSKI, D. C. C. K. et al. Reflexão sobre metodologias de projeto ar-
quitetônico. Ambiente Construído, v. 6, n. 2. Porto Alegre, 2006. p. 7-19. Dis-
ponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/ambienteconstruido/article/
view/3683/2049>. Acesso em: 9 out. 2020.
KOWALTOWSKI, D. C. C. K. et al. O processo de projeto em arquitetura: da 
teoria à tecnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.
LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo: Oficina de tex-
tos, 2011.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 35
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 35 08/02/2021 13:28:44
NEVES, L. P. Adoção do partido na arquitetura. 2. ed. Salvador: Editora da 
Universidade Federal da Bahia, 1998.
POP XYZ/Triptyque. ArchDaily Brasil. 19 maio 2017. Disponível em: <https://
www.archdaily.com.br/br/871590/>. Acesso em: 9 out. 2020. 
REIS, L. As mudanças das plantas de apartamentos ao longo dos anos. Blog 
da Arquitetura. 20 out. 2016. Disponível em: <https://www.blogdaarquitetura.
com/as-mudancas-das-plantas-de-apartamentos-ao-longo-dos-anos/>. Aces-
so em: 9 out. 2020.
ROLNIK, R. Apartamentos de 10 m²: mínimo necessário ou lucro máximo? Ar-
chdaily Brasil, 26 ago. 2017. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/
br/878397/>. Acesso em: 09 out. 2020.
SOS Brutalismo: arquitetos querem salvar edifícios do pós-guerra. Postado 
por DW Brasil. (4 min. 40 s.) cor. son. port. Disponível em: <https://www.youtu-
be.com/watch?v=oPX3QiZQbWY>. Acesso em: 09 out. 2020.
UNWIN, S. A análise da arquitetura. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
VOORDT, T. J. M.; WEGEN, H. B. R. Arquitetura sob o olhar do usuário. São 
Paulo: Oficina de textos, 2013.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 36
SER_ARQURB_PAUIV_UNID1.indd 36 08/02/2021 13:28:45
ASPECTOS 
PLÁSTICOS E 
ESCOLHAS TÉCNICAS 
DO PROJETO 
ARQUITETÔNICO
2
UNIDADE
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 37 08/02/2021 13:54:27
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender a importância das escolhas plásticas no desenvolvimento do 
projeto;
 Compreender a importância das escolhas plásticas no resultado do projeto;
 Estudar recursos técnicos e tecnológicos disponíveis para projetos de 
arquitetura;
 Estudar materiais que podem ser aplicados às edificações residenciais;
 Compreender formas de representação em projetos residenciais.
 Aspectos plásticos do projeto 
de arquitetura
 Introdução à plasticidade em 
arquitetura
 Relação entre volumes na con-
cepção arquitetônica
 Estudo volumétrico: aplicação 
em projetos residenciais
 Representação da funcionali-
dade em projetos arquitetônicos 
 Funcionalidade em arquitetura
 Relação entre forma e função 
arquitetônica
 Maquete: representação tridi-
mensional
 A tecnologia e os materiais em 
projeto
 Uso dos materiais e sistemas 
construtivos em projetos resi-
denciais
 A relação entre partido arquite-
tônico e materiais de construção
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 38
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 38 08/02/2021 13:54:27
Aspectos plásticos do projeto de arquitetura
Como estudante de Arquitetura, você conhece a importância de explorar, 
em seus projetos, as formas e volumes e defi nir como eles ocuparão o espaço 
fi nal que você conceberá. Naturalmente, isso gera alguns questionamentos. 
Necessariamente, essas formas são resultado da função? Ao longo dos anos, 
como os arquitetos têm explorado a volumetria de suas edifi cações? Você 
consegue libertar-se de formas predefi nidas e criar propostas que façam um 
estudo volumétrico fora do comum?
Ao longo desta unidade, você verá um histórico de projetos de arquitetura 
que exploraram sua forma de acordo com a função a ser desempenhada, 
bem como quais as relações entre volumetria e arquitetura e sua aplicação 
em projetos da tipologia residencial.
Vamos trabalhar com a ideia de que você é membro de um escritório de 
arquitetura que está propondo um residencial novo para a sua cidade. Para 
a concepção dessa edifi cação, você deverá passar por uma etapa de explo-
ração formal. Vamos buscar compreender quais serão as características fun-
damentais, para você e sua equipe, nesse desenvolvimento. Vamos começar?
Introdução à plasticidade em arquitetura
Você sabe o que é plástica? E plasticidade? Mais do que isso, sabe a impor-
tância desses termos e como eles podem ser aplicados ao contexto arquite-
tônico? A arquitetura é um tipo de expressão artística e, como tal, concebe 
objetos volumétricos e com algum sentido estético. No entanto, diferente 
de outras expressões artísticas, cuja principal fi nalidade é a contemplação, o 
resultado de um projeto arquitetônico tem funções defi nidas, com usos para 
seus espaços. 
EXPLICANDO
A palavra estética origina-se da palavra grega aisthetiké, que signifi ca co-
nhecimento sensorial, experiência sensível ou sensibilidade (CHAUÍ, 2000). 
Sua principal ideia está em entender que as artes são criações humanas 
capazes de comover e estimular a sensibilidade daqueles que as observam. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 39
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 39 08/02/2021 13:54:27
Já pensou nos edifícios, que são projetados por você, dessa forma? E como a 
arquitetura poderia se relacionar à plástica? A ideia de plástica está vinculada à 
maleabilidade de um determinado meio e/ou material. Quando os materiais utili-
zados em um determinado objeto são mais flexíveis, o nível de plasticidade dele é, 
consequentemente, maior (ALMEIDA, 2011). Você acha que a arquitetura e os ma-
teriais disponíveis em sua concepção são suficientemente plásticos para que o re-
sultado seja maleável e, consequentemente, tenha elevado grau de plasticidade?
Para entender um pouco sobre a ideia de obras arquitetônicas plásticas, obser-
ve a comparação feita por Jatobá (2008). O autor analisa as obras de dois impor-
tantes arquitetos: Frank Gehry e Oscar Niemeyer. Ambos tratavam a arquitetura 
como um volume plástico e de valor escultórico, trabalhando, em alto grau, sua di-
mensão de emocionar as pessoas. Eles utilizavam croquis feitos à mão para traçar 
livremente seus projetos que, posteriormente, recebiam o tratamento da alta tec-
nologia de suas equipes, que utilizavam softwares de ponta para gerar desenhos 
técnicos aptos à construção dessas edificações.O ponto-chave, no entanto, é que ambos os arquitetos não se limitavam, mas 
pensavam sua volumetria da forma mais livre e não convencional possível, utilizan-
do caneta e papel. Apesar disso, suas obras diferenciam-se muito no resultado, uma 
vez que Niemeyer utilizava o concreto e Gehry esculpiam suas obras em metal. 
Nas Figuras 1 e 2, você pode conferir exemplos tradicionais da obra de ambos. 
A primeira apresenta o Museu Guggenheim Bilbao, de Gehry, construído na Espa-
nha, e a segunda traz uma imagem do Museu de Arte Contemporânea de Niterói 
(MAC), localizado no Rio de Janeiro, projetado por Niemeyer: 
Figura 1. Museu Guggenheim Bilbao. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 40
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 40 08/02/2021 13:54:33
Figura 2. Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021
Qual é a sua opinião sobre essas obras? Como você poderia agregar essas 
ideias, desenvolvidas por dois grandes arquitetos, em seu próprio projeto? Inspi-
re-se nas obras apresentadas e explore as possibilidades existentes na concepção 
arquitetônica do seu edifício residencial.
Relação entre volumes na concepção arquitetônica
O processo de concepção na arquitetura é aquele no qual as ideias que estão 
na mente do arquiteto são traduzidas a partir de desenhos, transformando-se 
em formas ocupáveis. Esses desenhos podem ser desde croquis até plantas, 
cortes, fachadas e isométricas do projeto. Eles vão auxiliar tanto na execução, 
quanto na compreensão do projeto por parte de todos os agentes envolvidos no 
processo, como os clientes, os engenheiros, os mestres de obra e os pedreiros, 
que precisam compreender a ideia do projeto para que a construção possa gerar 
um resultado compatível com aquilo que foi pensado pelo arquiteto.
Você costuma utilizar todas essas ferramentas desde o início e em todas 
as fases do seu processo de projeto, ou as apresenta como produtos? Já expe-
rimentou criar planos de massas do seu objeto arquitetônico quando o está 
concebendo? O plano de massas nada mais é do que uma leitura do projeto 
(que pode englobar seu terreno e entorno), em que podem ser utilizadas co-
res e apontadas formas, potencialidades, fragilidades e materialidades do seu 
projeto. Nele, sua edifi cação é apresentada como uma volumetria, e ainda não 
existe uma divisão exata das áreas internas dela.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 41
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 41 08/02/2021 13:54:36
Nesse momento, você está livre para criar e pode levar seu pensamento além 
das duas dimensões da planta e das fachadas. É possível explorar curvas, inclina-
ções e outras relações que fogem à ortogonalidade comum à arquitetura tradicio-
nal. Que tal aproveitar essa oportunidade para experimentar como sua concepção 
arquitetônica pode resultar em volumes não usuais pela exploração volumétrica?
De acordo com Almeida (2011), você pode utilizar as dinâmicas da ação e da 
maleabilidade formal e gerar um movimento plástico. Utilize sua experiência, ba-
seie-se nas obras apresentadas e em tantas outras disponíveis na internet e im-
prima forma às suas ideias. Seja dinâmico e aberto às possibilidades que o livre 
desenho traz. Não utilize, no primeiro momento, ferramentas digitais.
Embora a tecnologia digital auxilie vários processos durante o projeto e 
apresente incríveis possibilidades de rápida modifi cação e visualização do ob-
jeto projetado, bem como da aplicação de materiais, que tal tentar utilizá-la 
apenas depois que fez os primeiros estudos à mão? Teste a possibilidade de 
relacionar volume e arquitetura pelos desenhos e, até mesmo, por modelos 
físicos (ALMEIDA, 2011).
Estudo volumétrico: aplicação em projetos residenciais
Uma vez que você está trabalhando em um projeto residencial, deve estar 
se perguntando como é possível associar um estudo volumétrico a esse tipo de 
edifi cação. Deve pensar se é necessário recorrer sempre à tradicional forma or-
togonal para solucionar seu projeto, ou se diferentes volumetrias podem ser em-
pregadas para criar um edifício residencial. Que tal buscar projetos de referência 
com boas soluções já empregadas nessa tipologia para lhe inspirar quanto às 
formas do projeto de edifício residêncial?
Você já ouviu falar em Antoni Gaudí? Gaudí foi um arquiteto espanhol que 
viveu entre os séculos XIX e XX, e que projetou diversas obras em Barcelona. Tal-
vez a obra mais conhecida seja, o ainda inacabado, Templo Expiatório da Sagrada 
Família, ou apenas Sagrada Família, como a catedral é popularmente conhecida.
Em 1906, o arquiteto projetou uma edifi cação residencial em Barcelona, que nos 
leva a pensar sobre a forma e a arquitetura empregadas nesse tipo de edifício.
O edifício, feito para a família Batlló (que pretendia morar nos primeiros an-
dares e alugar os demais), pode ser considerado muito artístico. A principal in-
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 42
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 42 08/02/2021 13:54:36
tervenção foi a reconfiguração da fachada, que se caracteriza pela presença de 
curvas, ossos e por formas de répteis. Além disso, é uma obra colorida e rica, 
em cerâmica e vidro. As formas utilizadas por ele contrastam com a rigidez do 
entorno e afiliam-se ao movimento art nouveau, pelo qual a arquitetura da Euro-
pa passava naquele momento. No interior do edifício, mais uma vez, há formas 
curvas e surpreendentes (FRACALOSSI, 2012).
Você pode acompanhar essas características pela observação das Figuras 3 
e 4. A primeira apresenta o exterior, onde é possível perceber diferentes mate-
rialidades, cores e curvas, com grande organicidade. A segunda reproduz mais 
uma vez a riqueza colorida da proposta de Gaudí, em conjunto com suas formas 
inusitadas em um pátio interno coberto de azulejos: 
Figura 3. Casa Batlló (exterior). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
Figura 4. Casa Batlló (interior). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 43
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 43 08/02/2021 13:54:39
A observação desse projeto lhe permite vislumbrar possibilidades quanto às 
volumetrias, formas e cores. Você já o conhecia? Procure saber um pouco mais 
sobre ele, bem como de outras obras de Gaudí. Em conjunto com as obras de 
Niemeyer e Gehry, apresentadas anteriormente, você já tem três grandes nomes 
capazes de enriquecer seu repertório volumétrico e plástico.
Representação da funcionalidade em projetos 
arquitetônicos
Um projeto de arquitetura gera um conjunto de relações entre formas e 
funções. É possível considerar que as funções se expressam formalmente pelo 
partido arquitetônico e pelas escolhas volumétricas de uma equipe ou arquite-
to. A função, por sua vez, está relacionada ao programa de necessidades. 
Como, porém, é possível relacionar essas condicionantes durante seu pro-
cesso de concepção? Como formular um processo que auxilie você a defi nir 
desenho e forma fi nal do projeto de arquitetura? 
Aqui, você aprenderá um pouco mais sobre a importância da função na 
arquitetura e sua relação com as escolhas formais. Posteriormente, o que 
você acha de começar a praticar essa junção por meio de representações em 
maquete? Acompanhe as páginas a seguir e veja a importância dessa etapa 
desde o início do seu processo de projeto. 
Funcionalidade em arquitetura
Se você é arquiteto, e está trabalhando no projeto de uma edifi cação residen-
cial para um cliente da sua cidade, signifi ca que há uma demanda de moradia no 
local. Assim, aquele que o contratou pretende utilizar seus serviços para conce-
ber uma nova edifi cação que cumpra a função de habitação para aqueles que 
comprarem um imóvel ali.
Pensando nisso, você sabe, de antemão, que sua proposta arquitetônica tem 
uma função bastante defi nida: ela será residência para um conjunto de pessoas. 
Isso leva você a pensar que, dentro da edifi cação e de cada unidade habitacio-nal específi ca, deverá propor espaços que possam ser ocupados e utilizados de 
forma efi ciente.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 44
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 44 08/02/2021 13:54:39
Quais são, porém, esses espaços? Lembre-se de que a especificação deles de-
penderá tanto da funcionalidade da arquitetura quanto dos anseios do cliente. 
Nesse caso, a ideia é que a edificação contenha espaços coletivos no térreo, como 
salão de festas, piscina, academia e coworking. Além disso, você pode acompa-
nhar, no Quadro 1, as demandas do cliente com relação a dois tipos de apartamen-
tos que devem compor o edifício residencial que você está projetando: 
Tipo de apartamento Ambientes
Studio (30 m²)
Sala, cozinha e quarto integrados
Banheiro
Varanda gourmet
Dois dormitórios 
(65 m²)
Sala
Cozinha com área de serviços integrada
Dois dormitórios
Banheiro
Varanda gourmet
QUADRO 1. EXEMPLO DE PROGRAMA DE NECESSIDADES DOS 
APARTAMENTOS
Ao analisar o Quadro 1, você vai perceber que existem duas demandas diferen-
tes para apartamentos no seu edifício, além das áreas comuns já citadas. Assim, 
como você organizará a planta tipo da edificação, de forma a conter este conjunto 
de espaços previstos na lista do programa de necessidades? 
EXPLICANDO
Você sabe o que é uma planta tipo? Essa expressão é utilizada para fazer 
referência à planta-padrão de uma edificação, ou seja, ela refere-se à 
planta que se repete pelo maior número de pavimentos dentro do edifício. 
No caso de uma edificação residencial, por exemplo, a planta que contém 
os apartamentos e é replicada por vários pavimentos é a chamada planta 
tipo. Assim, caso sua proposta apresente vários pavimentos iguais, não é 
necessário desenhá-los separadamente.
Para a construção dessa planta tipo, qual será a forma adotada por você, 
pensando que há dois apartamentos de diferentes dimensões e propostas? 
Você pode começar criando setores diversos em uma planta, sendo um deles 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 45
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 45 08/02/2021 13:54:39
destinado apenas aos apartamentos do tipo studio e outro para os apartamen-
tos de dois dormitórios (mas não se esqueça de que isso poderá refl etir-se na 
forma fi nal do seu edifício). 
Outra possibilidade disponível é mesclar, em um mesmo pavimento, as di-
ferentes plantas e metragens. Ainda com essa segunda opção, é possível criar 
uma volumetria interessante. Também não se esqueça de pensar em como os 
equipamentos coletivos desse residencial se distribuirão pelo edifício, ao for-
mular seu projeto. 
Relação entre forma e função arquitetônica
Acompanhando o programa de necessidades da edifi cação na qual você 
está trabalhando, é possível perceber que a existência dos dois tipos de resi-
dência demonstra que, embora a função de habitar seja a mesma para am-
bas, ela pode ser feita em espaços com confi gurações e dimensões distintas. 
Dessa forma, uma mesma função não implica homogeneidade formal fi nal 
em seu objeto arquitetônico.
Apartamentos diferentes podem resultar, sim, em locais parecidos que ape-
nas diferem em áreas e, é claro, no público atendido. Sua escolha como arquiteto 
pode ser a de apresentar formalmente essa distinção de necessidades espaciais, 
que cada um desses tipos traz. No entanto, quais as referências formais que você 
tem, e como as explora?
Entre os arquitetos brasileiros mais conhecidos, está Oscar Niemeyer. Você 
já viu uma de suas obras por aqui, mas conhece outras? Niemeyer criou uma 
linguagem arquitetônica própria, ao explorar, diante da arquitetura moderna em 
que a linhas e ângulos retos eram predominantes, as curvas. Segundo o próprio 
Niemeyer (2005), sua inspiração vinha das formas curvilíneas das mulheres e das 
montanhas cariocas. 
ASSISTA
Conheça um pouco mais sobre a obra de Oscar Niemeyer e sua manei-
ra de explorar a forma arquitetônica assistindo ao documentário Oscar 
Niemeyer – a vida é um sopro, dirigido por Fabiano Maciel e lançado em 
2007. O documentário tem 89 minutos e conta com a participação de Chico 
Buarque de Hollanda e Lúcio Costa, entre outras personalidades. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 46
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 46 08/02/2021 13:54:39
As obras fl uidas de Niemeyer são parte de um conjunto arquitetônico que, 
mesmo ao longo dos anos, rompem com a rigidez formal e passam a explorar 
a forma livre na arquitetura como uma expressão necessária. Para arquitetos 
como ele e Frank Gehry, a obra arquitetônica era pensada como uma escultura 
que, posteriormente, assumiria a função à qual estava destinada. Nesse sen-
tido, a plasticidade e a beleza adquirem um sentido ainda mais forte do que o 
comum (JATOBÁ, 2008).
Para você, qual a ordem de pensamento quando se trata do projeto arquite-
tônico? A função aparece em primeira instância, dando sentido à forma poste-
rior, ou a forma é pensada primeiramente, e a função encaixada nela posterior-
mente? Tais questionamentos podem surgir, pois, em arquitetura e projeto, não 
existe uma regra ou metodologia única e totalmente linear no desenvolvimento 
de uma edifi cação.
Entretanto, o ponto-chave é que exista relação entre esses dois fatores – for-
ma e função – e, ainda, que eles possam ser representados de modo que seja 
compreensível para qualquer um que tenha contato com o projeto em todas as 
suas fases. Para tal, você pode utilizar tanto os desenhos, que permeiam todos 
os momentos do projeto, quanto maquetes e modelos tridimensionais. 
No subtópico seguinte, você verá a importância da representação arquitetô-
nica por meio da maquete e como esse recurso pode ser utilizado também na 
determinação da forma da edifi cação, mesmo na fase de projeto. 
Maquete: representação tridimensional
Você já deve saber, empiricamente e pela prática, que, em arquitetura, o 
desenho é uma entidade presente durante todo o processo de projeto. Isso 
acontece independentemente da tipologia que está sendo projetada e, ainda, 
da fase em que se está trabalhando. 
Desde a concepção inicial e esquemática do seu objeto arquitetônico até à 
entrega de um projeto executivo completo com plantas, cortes, fachadas e de-
talhamentos específi cos que nortearão a execução da obra, a comunicação em 
arquitetura passa pela representação das ideias para um determinado espaço. 
Isso, porém, não signifi ca que o desenho deva ou precise ser a única maneira de 
o arquiteto comunicar suas intenções projetuais e resultados. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 47
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 47 08/02/2021 13:54:39
É possível utilizar o recurso das maquetes mesmo quando a proposta ainda 
não está plenamente definida, ou, ainda, como exploração da forma. Esses pri-
meiros estudos podem estar vinculados aos croquis iniciais do projeto e podem 
ser realizados em diversos materiais, incluindo o papel sulfite e o papelão.
Esses simples papéis podem ser usados para representar planos ou pavi-
mentos de uma edificação. Na Figura 5, você pode observar e se inspirar em 
um modelo de maquete física que é representativa dos estudos iniciais de um 
volume arquitetônico, importante nas fases iniciais do desenvolvimento do 
projeto de uma edificação: 
Figura 5. Representação física, em papelão, de edificação. Fonte: DOMENEGHETTI, 2015.
É importante considerar que esses estudos volumétricos devem ser reali-
zados em escala. A utilização correta dela permite compreender as possibili-
dades funcionais, os acessos, a relação com o terreno e o entorno disponível, 
a insolação de acordo com o posicionamento da edificação no terreno e a for-
ma adotada. Além disso, pode-se, a partir da escala, fazer um estudo das va-
riáveis que destaquem as potencialidades e possíveis modificações a serem 
feitas no projeto. Claro que, se você ainda está na etapa inicial dos estudos, 
as informações encontradas também serão iniciais.
Ao longo do processo de desenvolvimento do projeto, embora não exista 
regra, é interessanteque o conjunto de desenhos feitos por você e sua equi-
pe, e apresentados ao cliente, seja acompanhado de estudos volumétricos. 
Seguindo nosso exemplo, explore algumas alternativas formais, consideran-
do o programa de necessidades que você já conhece. Tente enlaçar as variá-
veis de forma e função que você tem.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 48
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 48 08/02/2021 13:54:41
Com os resultados encontrados, faça novos desenhos, desenvolva sua 
ideia. A partir do momento que os desenhos estão mais desenvolvidos, gere 
um novo modelo tridimensional. Lembre-se de que o segundo estudo pro-
porcionará novas variáveis da relação entre objeto arquitetônico e entorno. 
Também é importante salientar que o uso dessas maquetes ajudará tanto 
no seu processo de concepção e aprimoramento do projeto quanto na com-
preensão do cliente sobre ele. Talvez você escolha passar da fase das maque-
tes físicas para as virtuais. Isso também pode acontecer, mas, novamente, 
não é o único modelo a ser seguido. 
Para que você se anime com a possibilidade de trabalhar com maquetes 
físicas, observe as Figuras 6 e 7. Nelas, você vê a representação de projetos 
de arquitetura sem a utilização de recursos virtuais e já com alto grau de de-
talhamento da edificação e do entorno: 
Figura 6. Maquete física de projeto arquitetônico (1). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 13/01/2021.
Figura 7. Maquete física de projeto arquitetônico (2). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 13/01/2021.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 49
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 49 08/02/2021 13:54:48
Considerando as Figuras 6 e 7, veja que as maquetes são modelos que 
podem ser utilizados para facilitar o entendimento, ou mesmo para realizar 
leituras de condicionantes locais em relação à volumetria do projeto. 
É comum trabalhar, também, com essas maquetes físicas para realizar 
testes de conforto. A adequação das edificações, independentemente da sua 
tipologia, às condições de conforto ambiental é essencial para que o proje-
to arquitetônico seja sustentável e adequado para seus usuários. A análise 
pode ser realizada em laboratório e, para tal, os modelos físicos devem ser 
construídos com suas aberturas posicionadas corretamente no terreno, em 
relação à orientação solar e dos ventos.
Isso permite visualizar, por exemplo, o percurso dos ventos no interior 
das edificações, garantindo que a unidade, como um todo, seja ventilada. O 
equipamento utilizado para esse tipo de teste é o túnel de vento.
Há a possibilidade de realizar testes com outro equipamento usual em la-
boratórios de conforto ambiental: o heliodon. Utilizando-o, é possível simular 
a trajetória do sol em relação à maquete de acordo com a posição 
e orientação geográfica dela – relacionando-a à direção norte do 
dispositivo. Assim, é possível verificar como se dá a inso-
lação no edifício projetado ao longo do dia e em datas 
específicas do ano, como os solstícios de verão e in-
verno e os equinócios de primavera e outono. Essa 
operação sempre pode ser feita para unidades separa-
das da edificação ou para a sua totalidade, dependendo da maquete 
realizada. Também é possível verificar a interferência de vegetação e outros 
edifícios do entorno quanto à radiação solar no seu projeto. 
CURIOSIDADE
O solstício representa a data na qual a Terra recebe uma quantidade de 
sol maior em um dos hemisférios. No dia 21 de junho, acontece o solstício 
de inverno no hemisfério sul e o de verão no hemisfério norte; e no dia 
21 de dezembro, acontece o solstício de verão no hemisfério sul e o de 
inverno no hemisfério norte. O equinócio é quando a luz do sol e o calor 
atingem os dois hemisférios da mesma forma. Ele acontece entre os dias 
20 e 21 de março para equinócio de primavera no hemisfério norte e de 
outono no hemisfério sul; em 23 de setembro ocorre o equinócio de outono 
no hemisfério norte e o de primavera no sul.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 50
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 50 08/02/2021 13:54:48
Com a utilização cada vez maior de tecnologias computacionais no contex-
to da arquitetura, é comum que os modelos sejam desenvolvidos virtualmen-
te. Uma das vantagens da maquete virtual é o realismo com o qual ela pode 
ser feita. Com uma disponibilidade tecnológica enorme, é possível represen-
tar um projeto arquitetônico de forma bem próxima à realidade. Esse fator 
contribui não apenas para a fácil visualização de fatores, como o partido ar-
quitetônico adotado, as materialidades e espaços, mas também para estudos 
mais aprofundados e complexos.
Com o realismo virtual é possível que os estudos sobre o comportamen-
to térmico e acústico das edifi cações, por exemplo, seja bastante completo, 
antes mesmo de sua construção. Por meio de softwares e plug-ins, o modelo 
desenvolvido pode ser estudado considerando a infl uência da vegetação pre-
sente no entorno, a incidência solar durante os diversos períodos e estações 
do ano e o comportamento dos materiais empregados do ponto de vista tér-
mico e estrutural. 
Esses estudos permitem modifi cações mais rápidas e fáceis, anteriores à 
construção do seu projeto. Isso é importante para corrigir falhas potenciais e 
permitir o melhor desempenho possível para a edifi cação, sem custos extras 
ou elevados, caso o projeto já estivesse efetivamente construído. 
Volte ao exemplo da sua edifi cação com essas informações. Elabore a área 
na qual está trabalhando, incluindo a topografi a, e modele o edifício residen-
cial sobre ela. Comece a explorar alguns fatores relacionados à insolação, ve-
getação e outros volumes edifi cados no entorno, e verifi que a infl uência que 
ocorre entre eles. Isso tornará necessárias mudanças na forma inicial que 
você estava prevendo para o projeto? Pense que seu projeto está ganhando 
forma e mostrando-se mais completo e complexo, com camadas de caracte-
rísticas que o tornarão efi ciente para seu cliente e os usuários futuros. 
A tecnologia e os materiais em projeto
Até agora, você explorou determinantes funcionais e formais no seu proje-
to de edifi cação residencial. É preciso, entretanto, lembrar-se sempre de que 
a arquitetura se compõe de determinados materiais, capazes de suportar as 
cargas e formas defi nidas para a ocupação daquele espaço.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 51
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 51 08/02/2021 13:54:49
Dessa maneira, a defi nição dos materiais é um passo fundamental para 
consolidar a caracterização de uma edifi cação. Há diferenças entre projetos 
de acordo com as materialidades dele, e isso é inquestionável. Quais, porém, 
são as variáveis que podem ajudar você a escolher esses materiais? E nos 
projetos residenciais, o que é importante considerar? A partir de agora, você 
verá algumas possibilidades. Não se esqueça de aplicá-las aos seus projetos.
Uso dos materiais e sistemas construtivos em projetos 
residenciais
Você já passou pelas primeiras fases do seu projeto residencial, tendo ago-
ra um conjunto de elementos pronto para ser materializado. No entanto, qual 
será sua escolha do ponto de vista das materialidades? Preferirá trabalhar com 
sistemas construtivos convencionais ou optará por desenvolver seu projeto em 
consonância com novos materiais, sistemas e tecnologias?
Lembre-se, primeiramente, de que o seu edifício terá mais de quatro pavi-
mentos. Para isso, seu sistema estrutural deve ser resistente. Em geral, edifi ca-
ções com vários pavimentos podem usar sistemas construtivos com pré-mol-
dados de concreto compostos por pilares, vigas e elementos de vedação (como 
paredes e lajes). No Brasil, esses sistemas são convencionais.
Esses sistemas, normalmente, são compostos por vigas e pilares metálicos 
ou de concreto; lajes de concreto ou blocos distribuídos em uma rede metálica; 
e, ainda, por paredes de alvenaria, drywall, madeira ou mesmo painéis de vi-
dro. Nesse caso, é possível adotar uma modulação ou coordenação modularda 
malha de pilares, determinantes para o dimensionamento do edifício. A adoção 
desses sistemas exige o dimensionamento prévio de redes elétricas, de internet, 
comunicações e hidrossanitárias. 
Uma das vantagens de utilizar esses sistemas é a possibilidade de utilizar 
os pré-fabricados. Com o uso deles, a rapidez com que a obra é executada é 
maior, desde que os projetos arquitetônicos e complementares estejam cor-
retos e devidamente compatibilizados. Além disso, no canteiro de obras, os 
resíduos são menores, e há facilidade de controlar os insumos que são utiliza-
dos pelos fabricantes e priorizar empresas que trabalhem com mão de obra 
especializada.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 52
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 52 08/02/2021 13:54:49
De forma geral, ao trabalhar com sistemas construtivos pré-fabricados, a 
dinâmica da construção é sempre parecida, independentemente dos materiais 
adotados. Isso porque se está utilizando um sistema em que apoios verticais 
(pilares e paredes portantes) estabelecem os dimensionamentos e espaços da 
edificação. Do ponto de vista horizontal, também se estabelecem os ritmos das 
vigas, lajes e pisos que sustentam o peso das atividades cotidianas e do mobi-
liário, finalizados pela cobertura que protege todo o espaço projetado (CHING; 
ONOUYE; ZUBERBUHLER, 2015).
Na Figura 8, você pode acompanhar a dinâmica de um sistema construtivo e 
estrutural pilar-viga convencional, conforme descrito anteriormente: 
Figura 8. Dinâmica de sistema estrutural tradicional. Fonte: CHING; ONOUYE; ZUBERBUHLER, 2015, p. 90. (Adaptado).
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 53
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 53 08/02/2021 13:54:49
Entretanto, podem ser adotados outros sistemas construtivos e materiais 
no conjunto da obra. Há opções como o steel frame e o wood frame, muito 
utilizados em obras de diversas tipologias nos EUA, por exemplo. Enquanto 
o primeiro é formado por montantes metálicos, o segundo é composto por 
montantes de madeira, e podem ser fechados por painéis de gesso acartona-
do ou placas cimentícias.
Você já fez algum projeto utilizando algum desses sistemas construtivos? 
Sabe como os utilizar e aplicar nas suas edifi cações, independentemente de 
quantos pavimentos as formam? Faça um teste. Tente pesquisar um pouco 
mais sobre o uso desses sistemas em edifi cações e veja a possibilidade de im-
plantá-los no seu projeto residencial.
A relação entre partido arquitetônico e materiais de 
construção
Partido arquitetônico está relacionado à cara que seu projeto adquirirá ao 
fi nal e vincula-se, historicamente, às vertentes arquitetônicas, como arquitetura 
renascentista, barroca, art nouveau e modernista, por exemplo. Essa vincula-
ção se relaciona ao uso da arte e arquitetura para demonstrações de poder das 
instituições dominantes, bem como com o desenvolvimento dos materiais, de 
acordo com cada período. 
Atualmente, é possível assinalar que você se encontra no momento em que a 
arquitetura predominante é a contemporânea. Uma de suas principais caracte-
rísticas é a vinculação entre construção e tecnologia. Com relação às tipologias 
predominantes, sabe-se que a construção de grandes corporações e empresas 
multinacionais globalizadas têm sido mais comum. Além disso, tratando-se das 
edifi cações residenciais, têm-se caracterizado apartamentos de área mínima e 
aumento das áreas externas à unidade habitacional. 
No que se refere às grandes questões incorporadas e representa-
das pelas edifi cações, tem-se a ideia da sustentabilidade. Ao 
longo de quase 40 anos, o termo sustentável tem sido usa-
do para descrever a capacidade das gerações futuras de 
satisfazerem suas necessidades, mesmo que as gerações 
atuais também o façam (BRUNDTLAND et al., 1987). A ideia 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 54
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 54 08/02/2021 13:54:49
está associada às dimensões sociais, ambientais, econômicas, culturais, tecnoló-
gicas e espaciais das diversas áreas, incluindo a construção civil.
Na arquitetura, a sustentabilidade tem sido incorporada sob a égide da ar-
quitetura verde. Esta pode ser representada de diversas formas: com a redu-
ção dos resíduos na construção civil, prioridade à mão de obra não explorada, 
uso de materiais certificados de baixo impacto ambiental, certificação de edi-
ficações pela sua redução no consumo de energia e uso de materiais susten-
táveis, criação de áreas verdes nas edificações, bem como o uso de materiais 
reciclados e recicláveis.
Assim, você tem diferentes possibilidades que podem ser incorporadas, 
também, às edificações residenciais. Você já viu algo sobre essa temática ou 
conhece algum tipo de sistema ou material que incorpore as demandas pelos 
materiais sustentáveis desde seus primeiros passos? 
Uma das principais questões da adequação da arquitetura à sustentabi-
lidade está no uso de suas premissas desde as fases iniciais de projeto. Isso 
porque pensar em soluções sustentáveis vai além da arquitetura tradicional, 
embora possa englobar alguns fatores dela. Você se lembra quando leu sobre 
a importância de verificar o conforto ambiental das edificações?
Pois bem, a verificação do conforto ambiental tem tudo a ver com a ar-
quitetura sustentável. Com o bom desempenho, principalmente térmico, 
das edificações, é possível evitar a utilização de sistemas de climatização 
que demandem grandes quantidades de energia elétrica. Dessa forma, a 
incidência solar adequada e o posicionamento correto quanto aos ventos 
predominantes, dependendo da região na qual seu edifício será implanta-
do, já fazem toda a diferença.
Você acha que o uso de novos materiais e tecnologias, ou a ideia de reci-
clagem, são, ao mesmo tempo, pensamentos em prol da sustentabilidade e 
das questões contemporâneas? Com certeza, sim. 
A arquitetura sustentável tem a preocupação tanto com o usuário 
quanto com o impacto que uma determinada edificação vai ge-
rar no meio ambiente. Uma residência sustentável é aquela que 
utiliza tecnologias modernas para atender às necessidades dos 
usuários ao mesmo tempo que atua com soluções para proble-
mas ambientais existentes atualmente (ARAÚJO, s. d.).
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 55
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 55 08/02/2021 13:54:49
Como, então, criar métodos que promovam melhorias ambientais e satisfa-
çam as necessidades humanas ao mesmo tempo, sem desperdício de seus re-
cursos naturais? É possível exemplificar essa ideia com o uso de containers para 
a construção de residências. Você já viu casas feitas com eles?
Em alguns países, como os EUA, projetos utilizando containers têm sido feitos 
com mais frequência. É uma opção de arquitetura sustentável, uma vez que eles 
são estruturas com possibilidade de serem reciclados, embora, muitas vezes, se-
jam colocados em depósitos em condições de uso perfeitas. Eles são formados 
por estruturas metálicas resistentes e duráveis, que podem ser utilizadas como 
módulos das edificações (LEONE, 2014).
Nas Figuras 9 e 10, você pode ver exemplos da aplicação desses containers 
em projetos de edificações residenciais. Uma das características é a sua capaci-
dade de trabalhar um ou múltiplos pavimentos e, assim, conter várias unidades:
Figura 9. Edifício de containers. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 13/01/2021.
Figura 10. Edifício de containers na Alemanha. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 13/01/2021.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 56
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 56 08/02/2021 13:54:55
Você acredita que é possível utilizar uma tecnologia assim na sua propos-
ta? Do ponto de vista estético, o uso dos containers é agradável para você ou 
gera estranhamento à sua forma final? É importante salientar que, embora o 
exterior dessas edificações feitas com containers reutilizados seja diferente de 
edifícios convencionais, elas têm muitos elementos em comum, e seu interior 
pode ser igual ao de um que tenha sido projetadoem sistemas construtivos 
tradicionais.
No geral, embora ainda exista uma lembrança dos containers, é possível 
visualizar além das perspectivas de um material que é usualmente descartado. 
Pode-se perceber a construção de uma edificação com estrutura metálica e 
componentes comuns a qualquer edificação: portas e janelas de vidro com es-
quadrias metálicas ou de madeira, revestimento interno em drywall com aca-
bamentos de tinta ou cerâmica, pisos tradicionais e todos os outros sistemas 
que compõem uma residência.
Ainda assim, traduz um período histórico que se está vivendo, no qual 
existem, de um lado a tecnologia para trabalhar com materiais metálicos, e 
de outro a necessidade de repensar e reutilizar determinados produtos antes 
descartados. Você adotaria, na proposta projetual do residencial novo da sua 
cidade, um material como esse?
É claro que a arquitetura sustentável não é a única pauta possível para os 
projetos arquitetônicos. Existem outras questões que podem ser utilizadas na 
escolha de um partido arquitetônico de uma edificação e que também estão 
ligadas ao período contemporâneo. Entre elas, a tecnologia aplicada a mate-
riais convencionais para a criação de formas cada vez mais fluidas e ligadas à 
expressão artística. 
Segundo Almeida (2011), é importante pensar nos materiais a serem uti-
lizados na construção, desde o processo de projeto, a fim de que a forma 
final se adeque à ideia formulada pelo arquiteto. Isso porque, se a 
construção deve ser mais fluida e flexível, os materiais utilizados 
devem ser suficientemente maleáveis a ponto de adquirem 
o aspecto final desejado. Na atualidade, muitos arquite-
tos realmente investigam as possibilidades formais da-
das pelos materiais, e são flexíveis na adoção de novas 
formas arquitetônicas. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 57
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 57 08/02/2021 13:54:55
Para exemplificar essa relação entre desenvolvimento dos materiais tradi-
cionais a ponto de serem utilizados em formas diferentes das convencionais, 
criando resultados arquitetônicos inéditos, observe a Figura 11. O edifício pro-
jetado pelo arquiteto Rem Koolhaas para a sede da China Central Television, 
em 2012, desafia o tradicional conceito de arranha-céu com uma rede diagonal 
de estruturas metálicas completadas por vidro na fachada: 
Figura 11. Edifício da China Central Television, Pequim. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
Outro importante exemplo, considerando que você está trabalhando com 
a tipologia residencial, é o edifício projetado pelo Zaha Hadid Architects no 
Museum Park, em Miami. Concluída em 2020, a edificação tem 62 andares e 
uma estrutura em seu perímetro com linhas fluidas que dão suporte às lajes 
das áreas internas. O material utilizado na maior parte da edificação é o con-
creto, que foi reforçado com fibra de vidro. Além disso, é possível observar a 
presença do vidro na edificação e a ausência de linha retas. 
Nas Figuras 12 e 13, você pode observar o processo de construção do edifício 
e seu resultado. Ambas as imagens reforçam a relação entre técnica e arquitetu-
ra, com aprimoramento de materiais tradicionais, ampliando seu uso de modo 
que a tecnologia melhore seu desempenho e permita, por exemplo, a constru-
ção de edifícios de tamanha altura com uma forma tão fluida: 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 58
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 58 08/02/2021 13:55:06
Figura 12. Construção do edifício residencial no Museum Park, em 2017. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
Figura 13. Edifício residencial no Museum Park, pronto, em 2020. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/01/2021.
O que você acha de se inspirar nos projetos apresentados para realizar sua 
proposta? Pesquise mais sobre o desenvolvimento dos materiais, seus usos e 
outros projetos que apresentem possibilidades formais que vão além do tradi-
cional e representam a forma de viver contemporânea. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 59
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 59 08/02/2021 13:55:30
Lembre-se de que você está nas etapas iniciais de concepção e que esse é o 
momento ideal para explorar sem temores todas as possibilidades existentes. 
Apenas com a aprovação posterior do projeto, você trabalhará com desenhos 
executivos e detalhamentos – que são fundamentais quando a obra arquitetôni-
ca não se enquadra em soluções comuns.
Mesmo que sua escolha final seja pela manutenção de sistemas construtivos 
e materiais consagrados na construção civil, saiba que é importante saber trans-
mitir suas ideias para o papel, para que todos os envolvidos as compreendam. 
Comece pelas maquetes física ou virtual. Apresente para seus colegas aquilo que 
pretende executar e, posteriormente, você o tornará um projeto executivo capaz 
de alcançar, também, outros envolvidos no processo.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 60
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 60 08/02/2021 13:55:30
Sintetizando
Nessa unidade, você aprendeu sobre a importância da forma e da plástica 
ao desenvolver seu projeto. Além disso, compreendeu como é possível utili-
zar maneiras de representação que vão além do desenho e como a escolha 
dos materiais, sistemas construtivos e tecnologias influencia o resultado da 
sua edificação.
Em um primeiro momento, foram apresentadas a relação entre plástica 
e plasticidade e o resultado arquitetônico de uma edificação. Você pôde ver 
que existe relação entre as escolhas formais e as funções de um edifício e, 
consequentemente, a ligação entre programa de necessidades e partido ar-
quitetônico. 
No momento seguinte, foi possível compreender como a representação 
da sua ideia é importante para que esse partido arquitetônico seja traduzido 
corretamente. Nesse processo, pode ser utilizado o recurso de criação de 
maquetes. Tanto físicas como virtuais, elas podem ajudar nos ajustes formais, 
bem como auxiliar nos estudos do comportamento da edificação com relação 
ao conforto ambiental e topografia da área de implantação, por exemplo.
Além disso, foi possível compreender a relação entre novas tecnologias 
construtivas e sistemas de construção tradicionais. Você viu que a adoção 
de um determinado sistema construtivo impacta diretamente na plasticida-
de da edificação e, ainda, que há uma tendência contemporânea de uso de 
materiais já tradicionais, mas de diferentes modos e configurações, potencia-
lizados pelo melhor desempenho desses materiais consagrados devido ao 
desenvolvimento da tecnologia. 
Também teve contato com uma outra questão contemporânea da arquite-
tura: a de construções sustentáveis. Você viu exemplos do uso de containers 
para projetos residenciais e como essa solução pode lhe auxiliar, do ponto de 
vista da sustentabilidade. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 61
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 61 08/02/2021 13:55:30
Referências bibliográficas
ALMEIDA, M. A. O desejo de desmaterialização da arquitetura: a plasticidade 
como processo. RISCO - Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo, 
[s. l.], [s. v.], n. 14, p. 63–71, 2011. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/
risco/article/view/45506>. Acesso em: 13 jan. 2021.
ARAÚJO, M. A. A moderna construção sustentável. AEC Web, [s. l.], [s. d.]. Dispo-
nível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/a/a-moderna-construcao-susten-
tavel_589>. Acesso em: 13 jan. 2021.
BRUNDTLAND, G. H. et al. Our common future: by world commission on envi-
ronment and development. Oxford University Press, Oxford: Oxford Univer-
sity Press, 1987.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2000.
CHING, F. D. K.; ONOUYE, B. S.; ZUBERBUHLER, D. Sistemas estruturais ilus-
trados: padrões, sistemas e projetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
DOMENEGHETTI, M. Maquete I plástica. Behance, Bauru, 2015. Disponível em: 
<https://www.behance.net/gallery/25872233/Maquete-I-Plastica>. Acesso em: 
13 jan. 2021.
FRACALOSSI, I. Clássicos da Arquitetura: Casa Batlló/Antoni Gaudí.Arch Daily, 
[s. l.], 14 jan. 2012. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-17007/
classicos-da-arquitetura-casa-batllo-antoni-gaudi>. Acesso em: 13 jan. 2021.
JATOBÁ, S. U. Frank Gehry e Oscar Niemeyer: a plasticidade em arquitetura. 
Vitruvius, Brasília, jun. 2008. Disponível em: <https://vitruvius.com.br/index.
php/revistas/read/drops/08.023/1759>. Acesso em: 13 jan. 2021.
LEONE, J. T. Diretrizes de projeto para arquitetura em containers. 2014. 22 f. 
Relatório Final de Pesquisa (Iniciação Científica) – Grupo de Pesquisa em Teoria 
e História do Ambiente Construído, UFPR – Universidade Federal do Paraná, 
Curitiba, 2014. Disponível em: <https://silo.tips/download/relatorio-final-de-
-pesquisa-2>. Acesso em: 13 jan. 2021.
NIEMEYER, O. A forma na arquitetura. 4. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2005.
OSCAR Niemeyer – a vida é um sopro. Direção de Fabiano Maciel. [s. l.]: Sacha, 
2007. (89 min.), son., color.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 62
SER_ARQURB_PAUIV_UNID2.indd 62 08/02/2021 13:55:30
ELABORAÇÃO DO 
ANTEPROJETO DE 
ARQUITETURA: 
RESTAURANTES
3
UNIDADE
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 63 08/02/2021 14:50:14
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender sobre as variáveis envolvidas na concepção de um projeto 
comercial, principalmente de restaurantes, a partir de estudos referenciais;
 Desenvolver estudos iniciais de um projeto de restaurante considerando a 
inserção espacial da área;
 Desenvolver a etapa pré-projetual do restaurante, considerando seu pré-
dimensionamento e uso de organogramas e fluxogramas.
 Estudos referenciais: restaurantes
 Projetos comerciais
 Histórico dos projetos
de restaurantes
 Referências projetuais
de restaurantes
 Estudo das condicionantes
de projeto
 Relação entre espaço urbano
e os restaurantes: preexistências
 O usuário e o espaço projetado
 Desenvolvimento na etapa 
pré-projetual
 Organograma
 Fluxograma
 Pré-dimensionamento
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 64
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 64 08/02/2021 14:50:14
Estudos referenciais: restaurantes
Você já deve ter saído para comer em um restaurante da sua cidade, certo? A 
escolha do local para comer foi infl uenciada pelos pratos que são ali servidos ou 
também teve relação com o ambiente e o projeto arquitetônico do lugar? Quan-
do se frequenta um ambiente coletivo, comercial, por exemplo, as qualidades da 
arquitetura do local se relacionam, sim, à impressão fi nal do usuário. Isto por-
que, tanto do ponto de vista estético quanto do funcional, a percepção de quem 
utiliza um espaço está vinculada às escolhas arquitetônicas ali empregadas. E, é 
claro, não é possível levar em conta apenas as relações do público que frequenta 
o espaço, mas também daqueles usuários permanentes, como os funcionários. 
Em um restaurante, há, ainda, a necessidade de cumprir uma série de re-
quisitos normativos que auxiliem no fl uxo dos alimentos e estejam envolvidos 
na produção das refeições, bem como normas sanitárias e de higiene. Sendo 
assim, veremos o universo dos projetos comerciais, partindo do histórico e das 
referências projetuais. 
Projetos comerciais
Para que um projeto de um restaurante seja elaborado da forma mais efi -
ciente possível, atendendo às expectativas do cliente, é necessário que toda a 
equipe entenda as demandas de um projeto desse ramo. Será, então, neces-
sário, começar pela identifi cação das principais características que compõem 
essa tipologia de projeto. 
Quando as pessoas saem para comer em um restaurante, elas estão con-
sumindo um produto. Por isso, é interessante compreender o fl uxo de pessoas 
em um restaurante, o dinamismo necessário em um estabelecimento voltado 
para a alimentação, bem como é preciso porte para atender ao público e às 
infl uências de todas essas variáveis no projeto.
Após o chefe da equipe de projetos estabelecer quem será o responsável 
por identifi car algumas características sobre arquitetura comercial de forma 
geral, é preciso fazer um levantamento teórico e documental sobre essa tipolo-
gia. Como as cidades brasileiras estão situadas em relação aos espaços comer-
ciais? Qual a evolução destes projetos no contexto urbano? Quais as formas 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 65
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 65 08/02/2021 14:50:14
adotadas em projetos comerciais ao longo do tempo? Quais as principais estra-
tégias para a implantação de um projeto comercial?
Nesta busca, é importante entender que a história do comércio está asso-
ciada à própria evolução da civilização ao longo da história humana. Isto por-
que o comércio está relacionado às trocas de diversos produtos, que caracte-
rizam a dinâmica urbana.
Esta foi a relação comentada por Ascher (2010), que definiu o sistema BIP 
(bens, informações e pessoas), sabendo que as cidades são os locais de desen-
volvimento de comunicação, meios de transporte e de armazenamento de bens. 
Assim, a dinâmica da urbanização é, ao mesmo tempo, a dinâmica do sistema 
BIP. Além disso, as áreas urbanas são onde as pessoas circulam e, não por acaso, 
as cidades com maiores populações são aquelas que têm uma maior dinâmica.
Analise então: a cidade é bastante populosa e tem uma grande dinâmica 
comercial? As relações comerciais de uma cidade como São Paulo são as mes-
mas ou parecidas com as de uma cidade pequena do interior? Instintivamen-
te, é possível definir que não. Em uma área como São Paulo, onde a população 
é elevada e as dinâmicas constantes, o comércio também se caracteriza por 
ser mais intenso.
Mas, é claro, o comércio não se desenvolveu apenas a partir do momento 
que as cidades já alcançavam grandes proporções. Ele já existia em espaços 
como as ágoras, na Grécia, e os fóruns romanos, nos quais se desenrolava a 
vida política e social de suas civilizações. E foi graças às grandes negociações 
gregas e conquistas territoriais de Roma, que levaram à abertura de novos por-
tos, que as relações comerciais atingiram o nível internacional. 
A Idade Média se caracterizou pelas atividades comerciais em praças, 
que recebiam mercados e feiras notadamente locais. Nesse período, a di-
versificação do comércio ocorreu, sobretudo, pelo contato com o Oriente 
devidos às Cruzadas.
EXPLICANDO
As Cruzadas foram movimentos militares cristãos originados na Europa 
Ocidental com o objetivo de combater o domínio islâmico na chamada 
Terra Santa e Jerusalém. Esses movimentos foram fundamentais para a 
ampliação do comércio com o Oriente no período da Idade Média.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 66
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 66 08/02/2021 14:50:14
Com o incremento comercial decorrente das trocas internacionais, as feiras, 
antes itinerantes, passaram a se fixar, e foram criados alguns burgos que de-
ram origem a novas cidades. Neste momento, surgiram também corporações, 
como a de ofício, que eram responsáveis pelo controle de produção e do valor 
das mercadorias. Elas seriam as precursoras das fábricas que foram desenvol-
vidas na Revolução Industrial. 
Já por volta dos séculos XIV e XV, com o Renascimento, as cidades se amplia-
ram junto com suas áreas de comércio, que não ocupava mais áreas ao ar livre e 
feiras, principalmente, mas passou a se instalar nas edificações especializadas. 
Esse movimento se ampliou até culminar nos grandes centros urbanos do 
século XIX, onde o capitalismo se desenvolvia cada vez mais. Sendo assim, tam-
bém se desenvolveram áreas especializadas em comércio, como as galerias. 
A Figura 1 exemplifica esta tipologia, que retrata a Galeria Vittorio Emanuele 
II, localizada na Piazza del Duomo, em Milão. É um exemplar da tipologia que 
se voltava para as lojas e restaurantes, localizados no térreo desta construção. 
Construída entre 1865 e 1877, ela apresenta uma arquitetura com arcadas, estru-
tura metálica e vidro, além de passagens cobertas, típicas das galerias italianas e 
francesas, que se tornaram famosas neste período.
Figura 1. GaleriaVittorio Emanuele, Milão, Itália. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/01/2021.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 67
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 67 08/02/2021 14:50:15
É possível perceber que esses espaços consistem no primeiro momento no 
qual as áreas de comércio diversificado se encontraram em um local fechado. 
Essas galerias proporcionavam ao cliente a experiência de consumo isolada 
das áreas externas, oferecendo, por exemplo, maior proteção das condições do 
clima, por vezes adversas, ao livre caminhar pelos locais de comércio. Observe 
que esta será a referência inicial para as propostas de shoppings centers que 
vieram posteriormente.
Conseguimos vislumbrar o que ocorria no comércio, principalmente, na 
Europa. O que se tem a saber sobre o Brasil, nesse contexto? Sabe-se que o 
movimento comercial se expandiu pela América, atingindo o Brasil também. 
Em um primeiro momento, o modelo desenvolvido no País se baseou na expe-
riência europeia de centros comerciais e galerias. Já em um segundo momento, 
o modelo americano foi a principal inspiração, conforme será exposto a seguir. 
Vargas (2001) assinala que a possibilidade de tratar da dinâmica comercial no 
território brasileiro se deu a partir do século XX, principalmente. Já existiam pe-
quenos comércios, mas o desenvolvimento deste setor ainda era primitivo duran-
te a maior parte dos séculos até o XVIII e refém do comércio de outras regiões. 
A cidade de São Paulo, com uma economia cafeeira bastante desenvolvida, 
pode ser utilizada como exemplo para tratar das principais fases pelas quais pas-
sou o desenvolvimento comercial brasileiro. A primeira delas se deu até a constru-
ção de grandes lojas de departamentos; a segunda trazia as galerias; e, finalmente, 
os shoppings centers foram incorporados à dinâmica do comércio urbano. 
Tratando-se das galerias, as primeiras foram construídas na cidade perto 
de 1950, com o crescimento econômico do pós-Segunda Guerra Mundial e pela 
valorização do consumo de bens produzidos nacionalmente. Além disso, o pe-
ríodo se caracterizou pela expansão das barreiras da cidade que, antes, se con-
centrava no chamado “centro velho”. Foi criado, então, o “centro novo” próximo 
às vilas operárias e à Avenida Barão de Itapetininga. Assim, a cultura paulistana 
se centrava na crescente urbanidade. Com uma elite pronta para consumir, es-
tava pavimentado um cenário ideal para a construção das galerias.
Foram criados, em São Paulo, quatro tipos principais de galerias, segundo 
Vargas (2001): os edifícios mistos; edifícios com salas comerciais no térreo e 
ruas para pedestres; edifícios exclusivamente comerciais; e passagens entre 
quadras por um caminho estreito cheio de lojas. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 68
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 68 08/02/2021 14:50:15
Vejamos como exemplificar esses quatro tipos de galerias na capital paulis-
ta. Primeiramente, vale mencionar a Galeria Pagé. Localizada na região onde, 
hoje, se encontra a famosa Rua 25 de Março, ela foi inaugurada em 1962, e 
ainda funciona, sendo um símbolo do comércio popular.
A capital tem, também, um outro exemplo expressivo. A Figura 2 retrata a 
Galeria do Rock. 
Figura 2. Galeria do Rock, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/01/2021.
Fundada em 1963 como Shopping Center Grandes Galerias, na Avenida São 
João, entre a Rua 24 de Maio e o Largo do Paysandu, esta galeria é um exem-
plo de um comércio especializado e apresenta a tendência da época em que 
foi construída. Entretanto, ao longo dos anos, não apenas esta galeria, mas o 
comércio da região central de São Paulo perdeu prestígio, uma vez que muitos 
comerciantes passaram a se dirigir para fora dos centros. Foi um movimento 
crescente para as zonas sul e oeste da cidade.
Neste sentido, tanto os comerciantes quanto o público das galerias se per-
deram, em parte. Sobretudo, seguindo um modelo norte-americano, começou-
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 69
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 69 08/02/2021 14:50:16
-se a implantação dos shoppings centers, capazes de concentrar o comércio e 
os serviços voltados para diversos públicos. 
Neles, é possível ver áreas estritamente comerciais, outras voltadas para a 
alimentação, como as famosas praças e, ainda, cinemas. A ideia de fazer com-
pras e ir a um restaurante em espaços fechados se ampliou cada vez mais. 
Assim, podemos imaginar que a dinâmica que ocorreu com os restaurantes 
também seguiu uma lógica como a dos projetos comerciais. 
Histórico dos projetos de restaurantes
É preciso seguir a busca referente aos projetos de restaurantes. Lembre-se 
que essa etapa é fundamental para constituir a base do seu entendimento so-
bre este tipo de empreendimento. 
Primeiro, você se situou sobre os empreendimentos comerciais e seu histórico 
no contexto urbano, incluindo o Brasil. Agora, precisa compreender sobre as es-
pecifi cidades de um restaurante, partindo de suas raízes históricas também. Você 
acredita que os restaurantes sempre existiram? Ou houve uma evolução ao longo 
dos séculos até chegar ao modelo que conhecemos hoje? Existe um único modelo 
de restaurante a ser replicado? Quais os diversos modelos possíveis?
É importante responder estas questões na etapa inicial. Para isso, admita 
que um restaurante está diretamente relacionado à alimentação de um deter-
minado povo, cultura e período histórico. Sendo assim, um restaurante pode 
assumir tanto o papel de importância local como se tornar um atrativo turístico 
da área em que está alocado.
Sabe-se que se alimentar é um hábito biologicamente fundamental para a 
sobrevivência das pessoas. Mas, também, está associado ao mercado, ao po-
der e status. Isto porque a gastronomia luxuosa, com o consumo de alimentos 
caros ou raros, assume, muitas vezes, um papel social na vida de determinada 
parcela da população para afi rmar sua distinção.
No passado, a alimentação estava relacionada, também, ao poder territo-
rial de um determinado povo. Sendo assim, as origens da gastronomia moder-
na se ligam às questões políticas e militares. Outra função dada aos hábitos 
alimentares é o de convivência social. Muitas vezes, as pessoas se reúnem para 
partilhar seus alimentos, confraternizando com grandes banquetes.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 70
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 70 08/02/2021 14:50:16
Tudo isso deve ser pensado quando se propõe um restaurante. Porque, além 
de buscar saciar a fome, um local voltado para a alimentação pode ser uma área 
de celebrações, de reuniões sociais, de negócios e decisões importantes. Não é 
um espaço ocasional, mas relevante na cultura urbana. Você já imaginou que o 
restaurante que você rojetará pode alcançar esse status?
Pense, portanto, nos sons, nas luzes, nos odores e no conjunto total que 
eles formam no ambiente. Como usuário, qual seria essa configuração?
De acordo com Franco (2001), o comportamento gastronômico da sociedade 
tem sido cada vez mais observado de perto, pois está ligado diretamente aos pa-
drões de consumo do homem. Você se lembra se na sua cidade há algum restau-
rante que, ao ser inaugurado, não recebia muitos clientes devido ao tipo de comi-
da que era servida ali? Ou, pelo contrário, algum estabelecimento que atraiu de 
imediato, a partir de sua inauguração, uma grande quantidade de consumidores?
Historicamente, a ideia de reunir-se para as refeições como um ato social é 
antiga, tendo se iniciado entre os povos da Mesopotâmia, próximo ao ano 3500 
a. C., e passado aos antigos egípcios, assírios e babilônios. Estes povos ocupa-
vam as regiões do nordeste da África e do Oriente Médio.
Posteriormente, os gregos e romanos também desenvolveram o hábito de 
se reunir em torno de refeições. Você já assistiu algum filme do período antigo 
no qual havia uma reunião de pessoas para comer em torno de uma fogueira? 
Pois bem, este foi o início, e costumes assim permaneceram em parte da popu-
laçãomesmo após o desenvolvimento de fogões. 
Passando pelas reuniões entre grupos familiares, o hábito de juntar pessoas 
para se alimentar se estendeu às rotas migratórias. Com elas, seja por meio das 
Cruzadas ou das Grandes Navegações, por exemplo, conhecia-se novos costu-
mes e ingredientes que poderiam ser incorporados aos próprios comportamen-
tos. E, inclusive, começaram a ser feitas algumas refeições nas ruas. 
Têm-se notícia das primeiras lojas de alimentação na cidade de 
Óstia, na Itália, onde eram preparadas comidas “quen-
tes”. Durante a Idade Média, em Bizâncio, os locais de 
venda e consumo de alimentos ganharam o nome 
de tavernas, caracterizadas por mesas espalhadas 
em locais fechados ou ao ar livre, e que serviam co-
mida, vinho e jogos para entreter os frequentadores. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 71
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 71 08/02/2021 14:50:16
No mesmo período, de forma semelhante a estes estabelecimentos, mas 
em estradas ou rodovias, as estalagens passaram a servir comidas e bebidas, 
além de serem locais de abrigo para os viajantes. No século XVI, em locais como 
Paris, foram criados os primeiros cabarés, que associavam alimentação a ou-
tras diversões, como música e dança. 
A cidade ficou famosa tanto por estes primeiros estabelecimentos quanto 
pelos que vieram posteriormente, como os cafés. Antes frequentados principal-
mente por homens e mulheres de classes sociais mais baixas, a partir de 1660, 
foram liberados para que as mulheres da aristocracia também pudessem visitar. 
Isto tornou os cafés áreas de notícias, discussão e ideias, além do simples 
local de alimentação. A Figura 3 demonstra um destes exemplares: o café pa-
risiense Le Procope, inaugurado em 1686, o mais antigo da Europa e que foi 
frequentado por Voltaire, Diderot e Danton. Durante os anos anteriores à Re-
volução Francesa, os cafés e novos restaurantes da capital foram tomados por 
revolucionários que se reuniam para fazer suas refeições e discutir, o que os 
tornava estabelecimentos “perigosos” (FRANCO, 2001).
Figura 3. Café Le Procope, Paris, França. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 72
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 72 08/02/2021 14:50:17
E o Brasil nesse contexto? Como e quando foram registrados os primeiros 
estabelecimentos parecidos com cafés ou restaurantes? No período do Brasil 
colônia já existiam alguns registros de locais que conjugavam as atividades de 
dormitórios e alimentação, como as hospedarias ou estalagens. 
O País recebeu muitas influências europeias quanto aos estabelecimentos 
voltados para gastronomia. O Rio de Janeiro, capital federal até 1960, foi um 
dos locais mais influenciados, principalmente, pelos hábitos e cultura francesa. 
É possível observar a Confeitaria Colombo (Figura 4), inaugurada em 1894, na 
Rua Gonçalves Dias. Foi, desde então, um local frequentado por senhoras da 
aristocracia e artistas, como Olavo Bilac, e ainda hoje é um ponto turístico na 
região central da cidade, onde serve salgados e doces franceses, chás, cafés, 
chocolate quente e também refeições completas.
Figura 4. Confeitaria Colombo, Rio de Janeiro, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Com o passar dos anos, este tipo de estabelecimento ganhou notoriedade 
na maior parte das grandes cidades brasileiras. E não apenas este tipo espe-
cífico: as principais cidades são rodeadas por bares, botequins e restaurantes 
que servem desde “pratos feitos” e salgados até as famosas refeições por peso.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 73
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 73 08/02/2021 14:50:18
Por outro lado, também surgiram um conjunto de empreendi-
mentos ditos gourmets com comidas de diferentes nacionalida-
des, rodízios para comer à vontade e locais famosos 
por sobremesas requintadas. Desde padarias que 
permanecem abertas 24 horas, pizzarias, recantos 
de comida peruana, mexicana, italiana e japonesa: 
a diversifi cação, quando se trata de restaurantes, é 
uma variável muito presente hoje. 
Referências projetuais de restaurantes
Imaginemos que estamos procurando bases para projetar um restaurante 
em uma cidade. Após a equipe verifi car o histórico desta tipologia, todos acre-
ditam ser necessário buscar algumas referências para que este repertório seja 
ainda mais enriquecido, antes de iniciar o processo de projetação. 
Na sua busca, decidimos, considerando que já existe o repertório histórico, 
partir para a noção atual de projetos voltados para a alimentação. Quais são 
os modelos utilizados neste tipo de projeto? Como os clientes assimilam estes 
moldes? Quais os materiais utilizados? As escalas de projeto são de grande por-
te ou restaurantes pequenos?
A primeira ideia é buscar o tipo de projeto mais comum no que se refere a 
espaços de alimentação: as praças de alimentação de um shopping e os res-
taurantes instalados nela. Nestes locais, normalmente, são encontradas desde 
redes de fast-foods até os restaurantes mais exclusivos e locais. Também há 
uma grande variedade de dimensões destes restaurantes e lanchonetes. 
Observe, então, a Figura 5. É possível identifi car na imagem um tipo de 
projeto de restaurantes típico no contexto da arquitetura e da alimentação 
contemporânea. É bastante comum visualizar grandes áreas voltadas para a 
alimentação em centros de comércio, como os shoppings. Eles se caracterizam 
pela diversidade, podendo atender os diferentes públicos e, ainda, por possuí-
rem redes de fast-foods que estão localizadas em várias cidades do mundo, por 
exemplo. Neste sentido, a arquitetura dos empreendimentos deste tipo pode 
ser padronizada, o que permite pouca liberdade de criação àqueles que estão 
envolvidos em seu planejamento. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 74
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 74 08/02/2021 14:50:18
Figura 5. McDonald’s. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Figura 6. Eataly, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
O agrupamento de vários restaurantes em um espaço único nem sempre 
significa sua padronização. Por exemplo, o Eataly é um centro de comércio de 
alimentação em São Paulo especializado em culinária italiana, que, além de mer-
cados e empórios, ainda apresenta um conjunto de restaurantes. Cada um deles 
é especializado em uma determinada área da gastronomia italiana (Figura 6).
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 75
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 75 08/02/2021 14:50:19
Entre as especialidades do local, podem ser encontradas panificadoras, pi-
zzarias, restaurantes de massas, peixes e carnes, além de gelaterias. Embora 
englobadas em um grande edifício comercial de três pavimentos e temática 
comum da cultura italiana, estes restaurantes apresentam, cada um, algumas 
características próprias. O restaurante de massas, por exemplo, possui mesas 
com toalhas de cantina e pratos típicos.
A autenticidade, entretanto, de englobar a culinária de um país em um es-
paço único é um fator relevante e que diferencia este espaço de muitos outros 
na cidade. O fato de ser autêntico, aliás, é interessante em se tratando de culi-
nária. Já apresentamos, na história dos restaurantes, que alguns bistrôs fran-
ceses foram fundamentais para o desenvolvimento desta tipologia. No Brasil, 
espaços gastronômicos baseados nos parisienses são um fenômeno recente 
da alimentação.
Figura 7. Restaurante Paris 6, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 76
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 76 08/02/2021 14:50:20
Na Figura 7 podemos verifi car a fachada de um dos restaurantes da marca 
Paris 6. Esta franquia gastronômica possui algumas poucas unidades distribuí-
das em cidades como São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, onde são servidos 
pratos não necessariamente típicos da França. Uma das características que o 
diferencia, além da sua arquitetura claramente referenciada à culturafrancesa, 
é o fato de ser um restaurante 24 horas. Ou seja, é possível frequentá-lo em 
qualquer horário do dia e, inclusive, durante a madrugada. Sendo assim, você 
pode perceber que existem algumas características de cada um destes restau-
rantes que os tornam únicos dentro do segmento da alimentação. 
Agora, imagine que seu cliente já tem um público defi nido, bem como uma 
culinária específi ca e isto não será modifi cado. Entretanto, é possível que pon-
tos inerentes a cada um destes exemplos apresentados sejam capazes de con-
tribuir com o seu próprio desenvolvimento. 
Estudo das condicionantes de projeto
O projeto de arquitetura está relacionado tanto às demandas que o cliente 
tem quanto às condições do meio no qual ele está inserido. E o meio interpõe 
condicionantes que não são apenas ambientais.
É necessário compreender as relações existentes entre uma edifi cação e os usuá-
rios: quem são eles, o que esperam da experiência de estar naquela edifi cação e como 
se deslocam até lá, por exemplo, são algumas das questões que você pode fazer.
De forma geral, lembre-se que você está em uma equipe responsável por 
projetar um restaurante para sua cidade. Após os primeiros estudos, avança-
remos para a fase em que compreenderemos melhor as preexistências do ter-
reno onde será implantado o projeto, bem como quem será o público principal.
Relação entre espaço urbano e os restaurantes:
preexistências
A proposta de uma edifi cação está diretamente relacionada com as condi-
ções do espaço urbano que a contém. Como a ideia é projetar um restaurante 
novo para a cidade, em quais relações devemos pensar sobre ele e o espaço no 
qual ele se insere?
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 77
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 77 08/02/2021 14:50:20
Uma variável importante na produção arquitetônica é respeitar as condi-
ções preexistentes de um espaço sem, entretanto, propor um projeto que tire 
proveito das potencialidades locais. Reflita: a área disponível para projetar o 
restaurante tem quais qualidades?
Uma coisa que você pode observar é se este local possui uma tendência 
turística. Em muitas cidades brasileiras, devido à cultura ou riquezas naturais, 
é comum que o turismo seja uma atividade usual. Neste sentido, os bares, res-
taurantes e comércios servem não apenas à população local, mas ao público 
externo, de outras regiões do país ou do mundo.
A própria gastronomia pode ser um atrativo: segundo Córner (2006 apud 
GARCIA e colaboradores, 2015), ela e o turismo podem estar relacionados, na 
busca e descoberta de novas culturas. Os sabores de um restaurante podem 
representar uma grande experiência de saberes e culturas sobre um deter-
minado local. 
Neste sentido, muitas cidades desenvolvem o turismo gastronômico, que 
utiliza a cultura local e regional, além de hábitos da população destas áreas, 
para atrair turistas de diversas regiões. Considerando a diversidade populacio-
nal, cultural, territorial e climática do Brasil, é possível imaginar que há várias 
áreas nas quais os atrativos turísticos podem ser explorados. 
EXPLICANDO
Você já deve ter percebido a importância do turismo na economia 
de algumas cidades brasileiras, como no Rio de Janeiro e em várias 
outras cidades da costa, onde há praias exuberantes. Elas têm, muitas 
vezes, uma culinária própria, que se soma a seus outros atrativos. Al-
gumas outras regiões podem ter a culinária como um dos itens funda-
mentais do turismo. Minas Gerais, por exemplo, é um estado brasileiro 
conhecido por pratos como pão de queijo, doce de leite e torresmo, 
dentre muitos outros.
Sendo assim, é preciso conhecer as características existentes na área que se 
está projetando e pensar nas possíveis vocações dela. Cidades do Rio Grande 
do Sul, por exemplo, possuem muitas influências étnicas e regionais de povos 
europeus, como os alemães (GARCIA e colaboradores, 2015). Se o projeto esti-
ver sendo feito em áreas assim, como podemos utilizar estas características?
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 78
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 78 08/02/2021 14:50:20
Há, ainda, uma outra questão quando se fala de implantação de um projeto 
e a relação com elementos preexistentes. Principalmente em grandes cidades, 
pode-se imaginar que as características culturais, sociais e mesmo as tendên-
cias e gostos mudam de acordo com o bairro para o qual se está projetando. 
Na Figura 8, podemos conferir uma fila em barracas de comida da popular 
Festa de San Gennaro, no bairro da Mooca, em São Paulo. Este é um dos bair-
ros da capital paulista conhecidos pela tradição italiana. Nesse sentido, festas 
que, como essa, estão vinculadas à tradição cristã utilizam o fator fundamental 
da cultura italiana como um importante atrativo culinário.
Figura 8. Festa de San Gennaro, Mooca, São Paulo, Brasil. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Assim como o caso da Mooca, em São Paulo, a própria capital abriga vários 
bairros que têm uma tradição específica, com um público dominante que é 
conhecedor e praticante desta determinada cultura. Sendo assim, conhecendo 
a área de projeto, há características culturais, turísticas ou tradicionais fortes 
que devem ser consideradas. Lembre-se: utilizar estas características pode ser 
um fator primordial para o sucesso do empreendimento.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 79
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 79 08/02/2021 14:50:21
O usuário e o espaço projetado
Já observamos algumas características preexistentes da área onde deverá 
ser projetado o restaurante, portanto, este é o momento para trabalhar as di-
retrizes relacionadas aos usuários. É possível que um projeto de restaurante 
englobe uma grande diversidade de público-alvo e isso estará diretamente re-
lacionado ao tipo de comida que será servido e à localização do projeto.
Observe a Figura 9. Esta ilustração se refere a uma praça de alimentação na 
qual frequentam e interagem diversos públicos.
Figura 9. Exemplo de usuários em uma praça de alimentação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
A diversidade de públicos pode estar ligada tanto ao local onde o restau-
rante está instalado quanto à própria variedade de alimentos servidos ali, bem 
como aos horários nos quais o estabelecimento permanece aberto. Se você 
está projetando um restaurante em uma área onde existem grandes empre-
sas, cheias de funcionários que trabalham durante todo o dia, é possível tanto 
servir refeições no almoço e também oferecer bebidas para reuniões tardias 
ou encontros de amigos após o expediente.
CAFÉ SALADA BAR PADARIA
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 80
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 80 08/02/2021 14:50:22
Por outro lado, se o restaurante está localizado ao lado de um hospi-
tal, considerando que muitas pessoas que trabalham ali fazem plantões e 
que os pacientes podem chegar e sair a qualquer hora, que tal propor um 
projeto que fique aberto 24 horas por dia? E quais seriam as característi-
cas arquitetônicas que chamariam a atenção do público em cada um dos 
casos relatados?
Se você está projetando algo para um público que busca diversão, ou se a 
sua intenção é representar aconchego e conforto, as características do projeto 
devem deixar isso claro. As cores, os materiais e o mobiliário escolhido serão 
diferentes para cada situação.
E como você consegue defi nir o público que será atendido? Não se es-
queça de consultar atentamente o seu cliente: ele já tem algumas diretrizes 
fundamentais para utilizar no projeto, como o horário em que o restaurante 
funcionará. Além disso, se for possível, visite o local destinado ao projeto 
e verifi que, durante algum tempo, o público desta área. Pode-se 
fazer isso observando quem passa por ali, consultando quais 
são os outros atrativos da região, como comércios e 
serviços locais, e verifi cando a disponibilidade de 
meios de transporte para acesso ao local. Estas 
informações serão fundamentais para entender 
a interlocução entreo espaço projetado e o pú-
blico que o utilizará. 
Desenvolvimento na etapa pré-projetual
Compreendemos, até este ponto, alguns dos passos fundamentais 
para definir um projeto de arquitetura. Assim, chegou o momento de fa-
zer os primeiros esboços. Mas, como começar? Veremos, a seguir, que os 
primeiros passos podem ser tomados buscando organizar o programa de 
necessidades do seu projeto em relação ao fluxo de trabalho e à organiza-
ção dos ambientes. Para que isso seja mais efetivo, veremos ainda que é 
possível pré-dimensionar algumas áreas de acordo com a função que elas 
ocupam. Com esse repertório, você será capaz de desenvolver os estudos 
iniciais do restaurante.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 81
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 81 08/02/2021 14:50:22
Organograma
Neste momento, vejamos os primeiros esboços do espaço interno do res-
taurante. Para tal, sugerimos que você busque organizar o programa de ne-
cessidades, recebido pelo cliente, como o passo inicial. Este exercício projetual 
sugerido se trata do organograma. Compreenda melhor o que é e como você 
pode desenvolver o seu próprio analisando a Figura 10.
Figura 10. Organograma de um restaurante.
Percebemos que o organograma está relacionado à organização dos espa-
ços que compõem um projeto. A Figura 10 propõe um organograma de um 
restaurante contendo os seguintes espaços:
• Acesso (do público);
• Salão principal (para mesas);
• Adega;
• Bar;
• Banheiros (WCs);
• Cozinha;
• Administração;
• Vestiário/WCs de funcionários;
• Acesso de funcionários.
Ou seja, o programa de necessidades, que é a lista com todos os ambientes 
que seu projeto deve contemplar, é colocado em um gráfi co que organiza esses 
espaços de acordo com as relações que devem existir entre eles. Você pode 
Acesso
Salão principal Cozinha
WCs Adm. Acesso de funcionários
Vestiários/
WCs
Adega
Bar
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 82
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 82 08/02/2021 14:50:22
Fluxograma
Enquanto o organograma se refere à organização, o fl uxograma é um dia-
grama de fl uxos entre os ambientes da edifi cação. Mais uma vez, é impor-
tante salientar que, para que estas etapas ocorram, é necessário que o pro-
grama arquitetônico de necessidades esteja bem defi nido (KOWALTOWSKI e 
colaboradores, 2011).
Esses diagramas buscam uma melhor compreensão entre as atividades que 
serão desenvolvidas na edifi cação e como será possível acessá-las. Essa é a 
principal questão dos fl uxos: é fundamental que o projeto seja desenvolvido de 
forma que os fl uxos não interfi ram nas atividades principais. 
Por exemplo, considerando que você está trabalhando no projeto do res-
taurante na sua cidade, a cozinha deve ser organizada e colocada em uma área 
adequada onde sejam cumpridas algumas diretrizes:
• As atividades feitas no fogão não podem ser interrompidas;
• O fl uxo que vai da cozinha ao salão onde as refeições são servidas não 
pode interferir na produção dos alimentos;
chamar cada uma das diferentes cores utilizadas em um organograma de hie-
rarquias entre unidades funcionais.
Observe, novamente, a Figura 10. Há quatro diferentes cores nela. O que 
você acha que cada uma delas representa? A primeira cor está agrupando os 
espaços de acesso, salão principal, bar e adega, representando as áreas prin-
cipais de contato dos clientes com o restaurante. A segunda cor é relativa ao 
banheiro de clientes, que, embora seja um espaço secundário e de auxílio, tam-
bém tem acesso aos clientes. A terceira cor representa espaços principais de 
trabalho, acessados pelos funcionários do local como a cozinha, administração 
e vestiários/banheiros. A quarta cor é utilizada para assinalar a área de acesso 
de funcionários e mercadorias ao interior da edifi cação.
No caso dos organogramas é importante entender que as setas utiliza-
das não representam o fl uxo, tendo em vista que este ainda será traba-
lhado, mas a hierarquia e as relações entre espaços. Esta representação 
gráfi ca é muito importante para que os espaços internos da sua edifi cação 
comecem a ser organizados. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 83
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 83 08/02/2021 14:50:22
• A etapa de limpeza de alimentos deve estar próxima à estação onde eles 
são preparados;
• A etapa de limpeza da louça deve fi car próxima à entrada pela qual os 
garçons entram com elas.
Essas são algumas regras importantes que você pode seguir no projeto 
para a área da cozinha. Mas lembre-se de pensar neste fl uxo para outras áreas 
também. É possível compreender um pouco mais sobre a ideia de fl uxos obser-
vando os fl uxogramas apresentados nas Figuras 11 e 12.
A Figura 11 demonstra um fl uxograma isométrico de uma cozinha, ressal-
tando a colocação de cada estação de acordo com o que será executado nela. 
A Figura 12, por outro lado, aplica a ideia dos fl uxos para um restaurante com-
pleto, que contém uma área externa para alimentação, delivery de alimentos 
e área de mercado, onde são vendidos alguns produtos produzidos ali, e outra 
área de preparos mais rápidos. 
Figura 11. Fluxograma isométrico de equipamentos de cozinha de um restaurante. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
Fluxograma isométrico da cozinha do restaurante
Minitransportador
Unidade de 
comida quente
Garçom
Talheres
Base do chefe
Limpeza
Geladeira
Forno convencional 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 84
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 84 08/02/2021 14:50:24
Figura 12. Fluxograma isométrico de um restaurante com diversos serviços. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/01/2021.
As Figuras 11 e 12 apresentam a possibilidade de mostrar esses fluxo-
gramas a partir de perspectivas isométricas. Entretanto, é possível começar 
esse processo usando gráficos mais simples como o apresentado na etapa 
de formulação dos organogramas. Nesta fase, é interessante utilizar setas 
que representarão os fluxos. Elas ajudarão na demarcação das áreas de fluxo 
problemático em que talvez seja interessante deixar áreas de circulação mais 
amplas, por exemplo.
Lembre-se do exemplo utilizado no organograma da Figura 10. Lá, o sanitário 
destinado ao público estava localizado ao lado do bar e da adega. As-
sim, como será o fluxo de um usuário que esteja sentado no canto 
esquerdo, próximo ao acesso, até o banheiro? Este usuá-
rio, com certeza, precisará passar pela área de adega. 
É necessário, então, pensar na organização desta 
área, incluindo seu layout, para que esta circulação 
não atrapalhe quem estiver sentado ali, mas tam-
bém não constranja quem precisar utilizar o sanitário. 
Restaurante Cozinha
Espaço
externo
Ponto de delivery
Loja de
alimentos
Fast-food
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 85
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 85 08/02/2021 14:50:24
Pré-dimensionamento
Neste momento, já vimos a necessidade de um organograma e de um fl u-
xograma deste espaço, provenientes do estudo do programa de necessida-
des e do estudo de referências de outros projetos de restaurantes. Agora, 
como pensar quais as áreas que serão ocupadas por cada um destes espaços 
do restaurante?
Uma das ferramentas que podem auxiliar neste processo é fazer o pré-
-dimensionamento de cada um dos ambientes. Nesta etapa, é preciso consi-
derar o mobiliário e equipamentos que cada área deverá ter, assim como as 
relações entre usuários que serão ali desenvolvidas.
Que tal começarmos pensando em quantos usuários devem ocupar 
um determinado ambiente? Voltando ao exemplo de programa de neces-
sidades arquitetônico adotado no organograma apresentado, podemos 
começar estipulando qual será a ocupação do salão principal, ou seja, 
qual o número máximo de clientes que o salão suportará. Qual o núme-
ro de banheiros necessários para atendê-los? Sobre a área de serviços, 
quantos funcionários trabalharão ao mesmo tempo na cozinha? Relacione 
estas variáveis às dimensões do mobiliário e às tarefas que serão realiza-
das nestes ambientes.O estudo de fl uxos será, inclusive, uma ferramenta muito interessante 
para organizar o layout do projeto como um todo. Sejam as áreas de aces-
so ao público, a cozinha, sanitários, administração ou qualquer outro espaço 
que esteja ali incorporado. Essa etapa ajudará a defi nir a localização dos es-
paços e o conteúdo deles. 
Porém, há ainda uma outra variável que deve ser trabalhada para que 
você apresente o primeiro estudo do seu projeto de restaurante: a dimen-
são destes espaços que estarão contidos na planta. 
DICA
Para determinar o dimensionamento de ambientes arquitetônicos, é possível 
tomar como referência vários livros disponíveis no mercado e bibliotecas. 
Entre eles o Manual do Arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto, 
de Pâmela Buxton, e os livros bastante conhecidos de Ernst Neufert.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 86
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 86 08/02/2021 14:50:24
Veja, então, que é possível adotar esta etapa para os diversos espaços que 
compõem o projeto. Com o auxílio dos livros destinados ao dimensio-
namento em arquitetura, podemos verificar e determinar tamanhos 
e espaços das mais variadas áreas. A partir disso, conse-
guimos organizar cada ambiente, com um layout inicial.
Caso sejam necessárias reformulações, adote 
novamente cada uma das etapas. Aliás, adote-as 
para qualquer tipologia de projeto que esteja fa-
zendo e certamente se sairá bem.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 87
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 87 08/02/2021 14:50:24
Sintetizando
Nessa unidade, abordamos um projeto de restaurantes. Para isso, foram 
apresentadas, inicialmente, informações sobre o desenvolvimento dos espa-
ços comerciais nas cidades e a relação existente entre estes dois elementos. 
Depois, tratamos sobre um breve histórico sobre os projetos de restaurantes 
que nos levam a compreender como esta tipologia surgiu e se desenvolveu 
ao longo dos anos. Finalmente, vimos alguns exemplos contemporâneos de 
projetos de arquitetura destinados a restaurantes, cada um deles com particu-
laridades que os tornam únicos.
Em seguida, foi discutida a relação existente entre a arquitetura de restau-
rantes e o contexto urbano do qual eles estão inseridos, bem como a relação 
entre os usuários e esta tipologia de projeto. Neste momento, foi possível ob-
servar um pouco sobre a interferência entre espaços projetados e a história e 
elementos culturais típicos de uma área. A partir do conhecimento da cultura 
e dos usuários, torna-se mais fácil determinar como será desenvolvido um 
projeto de restaurante. 
Finalmente, para que o projeto comece a ser desenvolvido, vimos que é 
possível utilizar algumas ferramentas básicas. Dentre elas, o organograma, o 
fluxograma e o pré-dimensionamento. Com elas, podemos organizar o progra-
ma de necessidades recebido pelo cliente, ou já desenvolvido a partir das de-
mandas, e pensar na locação de cada ambiente, sem que haja interferências 
negativas entre eles. Devem ser considerados, também, os fluxos e a dimensão 
dos mobiliários, bem como a quantidade de clientes esperada ou mesmo de 
funcionários que ocuparão a área. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 88
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 88 08/02/2021 14:50:25
Referências bibliográficas
ASCHER, F. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Romano Guerra, 2010.
BUXTON, P. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. 
ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. 
FRANCO, A. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: 
Editora SENAC Nacional, 2001.
GARCIA, R. K. et al. O projeto de extensão “Turismo e gastronomia: unindo sabo-
res e saberes”. Revista Conhecimento Online, Novo Hamburgo, v. 2, p. 82–93, 
2015. Disponível em: <https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistaco-
nhecimentoonline/article/view/315>. Acesso em: 19 jan. 2021.
KOWALTOWSKI, D. K. et al. (Orgs.). O processo de projeto em arquitetura. São 
Paulo: Oficina de Textos, 2011.
NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 18. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
SOMAVILLA, G. P.; LOPES, C. E. J. Orientações técnicas, legais e normativas para pro-
jetos de espaços destinados a serviços de alimentação coletiva. Revista de Arquite-
tura da IMED, Passo Fundo, v. 2, n. 2, p. 108–122, 2013. Disponível em: <https://seer.
imed.edu.br/index.php/arqimed/article/view/438/424>. Acesso em: 19 jan. 2021.
SPANG, R. L. A invenção do restaurante. Rio de Janeiro: Record, 2003.
VARGAS, H. C. Espaço terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio. 
São Paulo: Senac, 2001.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 89
SER_ARQURB_PAUIV_UNID3.indd 89 08/02/2021 14:50:25
DESENVOLVIMENTO 
DO PROJETO: 
RESTAURANTES
4
UNIDADE
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 90 08/02/2021 14:50:39
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender quais as legislações envolvidas no processo de projeto em 
arquitetura e urbanismo e quais suas recomendações;
 Relacionar os aspectos ambientais e a importância da fachada no projeto de 
um restaurante;
 Compreender quais as diferentes formas de apresentação de um projeto de 
arquitetura.
 Condicionantes naturais: pro-
jetos de restaurantes
 Estudo do lote: aspectos 
ambientais 
 Relação entre fachada e 
entorno
 Desenvolvimento do projeto: 
restaurantes 
 Representação de projeto: 
croquis iniciais
 Plantas e cortes 
 Perspectivas e detalhamento
 Noções de legislação aplicadas 
à arquitetura
 Introdução da legislação na 
arquitetura
 Plano Diretor e leis de uso e 
ocupação do solo
 Normas técnicas
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 91
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 91 08/02/2021 14:50:39
Condicionantes naturais: projetos de restaurantes
Propor um projeto de arquitetura, seja qual for a tipologia, implica em 
conhecer, de forma aprofundada, o contexto no qual ele se encontrará. Isto 
porque os aspectos ambientais de um terreno podem infl uenciar diretamen-
te no resultado da edifi cação, assim como as escolhas de projeto refl etem no 
entorno em que este edifício está inserido. Quando se trata de projetar um 
restaurante, o processo não poderia ser diferente: esse edifício refl ete dire-
tamente no contexto.
Desta forma, a seguir apresentaremos como é possível englobar estes ele-
mentos na concepção projetual. Partindo do lote e das suas variáveis especí-
fi cas e indo em direção ao entorno, você poderá entender como acrescentar 
esse conjunto de fatores ao seu projeto de restaurante.
Estudo do lote: aspectos ambientais
Para que o restaurante seja desenvolvido, conhecendo previamente algu-
mas condicionantes, como o programa de necessidades arquitetônico, você 
precisa atentar-se a outros pontos fundamentais do estudo inicial. Dentre 
eles, os aspectos ambientais apresentados pelo lote a ser edifi cado.
Quando se tem um terreno disponível para projeto, é interessante con-
siderar a topografi a para que a edifi cação seja proposta. Essa análise topo-
gráfi ca considera as características físicas do terreno, incluindo seu desenho 
e inclinação. O estudo adequado dessas propriedades permite visualizar as 
possibilidades de ocupação da área, bem como a necessidade ou não de fazer 
movimentos de terra. O estudo de possíveis movimentações de terra pode 
ser feito por cortes topográfi cos em sentidos transversal e horizontal.
Um dos exemplos da arquitetura que está em total consonância com as 
questões topográfi cas é a feita por Alvaro Siza. O arquiteto português man-
tém em seu escritório, na cidade do Porto, uma sala destinada às maquetes 
físicas para estudos de projeto. Com isto, consegue criar projetos como o da 
Leça da Palmeira, em Matosinhos, Portugal. O projeto, apresentado na Figura 
1, contém um complexo de piscinas combinadas à formação do terreno natu-
ral (BALTERS, 2013). 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 92
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 92 08/02/2021 14:50:39
Figura 1. Leça da Palmeira, Portugal. Arquiteto Alvaro Siza. Fonte: BALTERS. Acessoem: 20/01/2021.
Além da topografia, outra importante variável relacionada à área de projeto 
é a sua orientação com relação ao sol. É interessante que se conheça e indique 
onde o sol nasce, seu caminho durante o dia e onde se põe para que a edifica-
ção projetada esteja em conformidade com os parâmetros de conforto térmico 
e lumínico. 
Para adequar o conforto térmico de uma edificação também é importante 
verificar os ventos predominantes na região. Essa verificação é realizada a par-
tir de dados de institutos de meteorologia e está diretamente relacio-
nada ao terreno e ao posicionamento do projeto nele. A preocupa-
ção com parâmetros de conforto é fundamental tanto 
do ponto de vista do usuário quanto da sustentabili-
dade. Isso porque a utilização correta de ventilação 
e insolação em um projeto diminui a necessidade 
de sistemas de condicionamento térmico e insolação, 
gerando economias do ponto de vista energético. 
A Tucson Mountain Retreat é um bom exemplo de projeto onde a orienta-
ção solar foi aproveitada da forma correta. Sendo construída em um deserto 
no Arizona, nos Estados Unidos, o projeto sofre interferência direta de um cli-
ma muito quente e seco durante o dia e frio no período noturno. O posiciona-
mento dentro do terreno foi essencial para minimizar a exposição da casa ao 
sol (ARCHDAILY, 2013).
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 93
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 93 08/02/2021 14:50:42
Outro ponto importante é a verifi cação da existência ou não de áreas vege-
tadas no terreno. Sendo assim, pode-se manter algumas áreas de vegetação 
existente, englobando-as ao projeto proposto. É uma alternativa econômica e 
ambientalmente favorável, evitando derrubar vegetação desnecessariamente. 
Agora, portando estas informações, verifi que-as na área destinada ao seu 
projeto do restaurante. Entenda a topografi a, a orientação do sol e ventos com 
relação ao terreno, bem como a preexistência de áreas verdes e vegetadas. 
Esse processo possibilitará o enriquecimento de suas decisões projetuais.
Relação entre fachada e entorno
Já vimos o quanto é importante relacionar a área que se está projetando 
e suas condicionantes à edifi cação que será proposta. Porém, é importante 
compreender que há outros fatores determinantes que se relacionam com a 
fachada do novo edifício e com o entorno. 
Como é a interface entre seu projeto e o exterior, as áreas públicas e semi-
públicas da cidade ao redor? É possível que o pedestre adentre seu projeto de 
forma óbvia? Aqueles que estão apenas de passagem conseguem assimilar 
algo da sua proposta? É possível que a sua fachada seja um atrativo de clien-
tes para o restaurante?
A primeira possibilidade que você tem, ao visitar a área de projeto, é fo-
tografar todo o entorno dela. Com as fotos, crie mapas de visadas, nos quais 
será possível destacar os pontos principais, a altura média das edifi cações 
e as características de interesse. Por meio desse processo, podemos com-
preender quais são os pontos que deverão ser alterados e quais os pontos 
que merecem reforço neste entorno.
Esta operação nada mais é que a discussão entre cidade-edifício-usuários, 
que busca uma integração entre os três elementos, criando áreas urbanas 
onde haja a convivência harmônica deles. Entretanto, para que esta convi-
vência ocorra, por vezes é necessário não apenas projetar uma edifi cação 
e colocá-la na cidade. Mais do que isso: é necessário convidar os usuários a 
interagirem com o edifício e integrar-se a ele. 
Mas como é possível fazer tal operação? Gehl (2015) trabalhou em diversas 
possibilidades de criação dos espaços urbanos voltados diretamente para as 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 94
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 94 08/02/2021 14:50:42
pessoas. Entre elas, está a proposta das fachadas ativas, convidativas e mis-
tas. Elas seriam capazes de reforçar a circulação de pessoas ali e transformar 
uma paisagem pouco interessante em algo atrativo. O Quadro 1 apresenta os 
tipos de fachada descritos por Gehl.
Tipo de fachada Descrição
Ativa
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
dades.
Convidativa
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Mista
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
Monótona
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Inativa Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, enquanto o número de unidades cegas é maior.
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
dades.Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
dades.
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
dades.
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Aquelas que apresentam muitas portas, diversas funções, detalhes e 
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
sem muitos detalhamentos e relevos.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
relevos variados, e que, no geral, são compostas por pequenas uni-
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
observar também fachadas cegas.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreasde 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Possuem uma quantidade intermediária de portas – cerca de 10 a 14 
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
a cada 100 metros de fachada – com alguma variedade nas funções e 
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Fachadas que possuem unidades pequenas e grandes, de forma 
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
pouco interessantes e sem detalhes.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
variada, e com uma variedade pequena de funções, onde é possível 
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
São fachadas compostas por grandes unidades – cerca de duas a cin-
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
co portas a cada 100 metros de fachada –, unidades cegas ou áreas de 
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
enquanto o número de unidades cegas é maior.
Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, Aquelas que possuem grandes unidades e pouca variação funcional, 
QUADRO 1. TIPOS DE FACHADA
Fonte: GEHL, 2015.
As ideias defendidas por Gehl (2015) assinalam a importância de que as fa-
chadas sejam atrativas ao público. As fachadas monótonas e inativas, por outro 
lado, transmitem a sensação de insegurança e de falta de ação àqueles que cir-
culam diante delas. Não exercem sobre o público a atração que se espera para 
conseguir que ele utilize os espaços que estão além das fachadas.
DICA
Leia o livro completo de Gehl, Cidades para pessoas (2015). Nele, você 
encontrará uma perspectiva ainda mais trabalhada sobre as fachadas 
no projeto arquitetônico e na interação com a cidade, bem como outras 
estratégias para evidenciar o indivíduo nas propostas urbanas.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, a Lei municipal nº 16.402/2016, de 
Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo em São Paulo (SÃO PAULO, 2016), to-
mou como uma das iniciativas de desenvolvimento de bairros periféricos a 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 95
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 95 08/02/2021 14:50:42
adoção da fachada ativa. Nestes bairros, há predominância de uso residencial 
e a Lei promove o uso misto e a fachada ativa para ampliar as relações entre 
pessoas e cidades. Observe a Figura 2 para verifi car a proposição feita pela 
Prefeitura Municipal.
Fachada ativa
Incentivo urbanístico para
edifícios com comércio, serviços 
e equipamentos no térreo,
com acesso aberto à população.
Figura 2. Estratégia de fachada ativa segundo a Lei municipal nº 16.402/2016 de São Paulo. Fonte: São Paulo, 2016.
Podemos entender, agora, que o processo de projeto de um lote vai além de 
seus limites e interage com as variáveis locais, como as ruas e os usuários dela. 
Por meio desse conteúdo, introduza no projeto do restaurante as noções dos 
tipos de fachada e como elas podem ser utilizadas especifi camente para o caso 
com o qual estão trabalhando.
Desenvolvimento do projeto: restaurantes
A principal linguagem de um arquiteto para representar seus projetos é o 
desenho. Ele é importante desde as etapas iniciais de concepção até as fases 
fi nais, quando o projeto está pronto para ser encaminhado para a obra.
Ao longo destas etapas, o nível de detalhamento cresce e a linguagem dos 
desenhos de arquitetura começa a ser norteada pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT). Isso signifi ca que o caráter técnico é atribuído aos 
projetos e, portanto, regras devem ser seguidas.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 96
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 96 08/02/2021 14:50:44
Dentre os desenhos usualmente apresentados estão as plantas, cortes, 
fachadas e detalhamentos específi cos. Ao longo deste tópico, veremos como 
é possível avançar nos seus projetos pelo desenho nas fases iniciais e como 
desenvolvê-los dominando a linguagem técnica.
Representação de projeto: croquis iniciais
Imagine a seguinte situação: você faz parte da equipe de projeto de ar-
quitetura que está propondo um novo restaurante para a sua cidade. Desta 
equipe, uma parte estará dedicada a desenvolver os primeiros croquis, outra 
parte as plantas e cortes, e a terceira, relacionada às perspectivas e detalha-
mentos. Assim, você terá que desenvolver uma apresentação para os mem-
bros mais novos da equipe assinalando do que se trata cada uma das fases de 
representação de projeto que farão.
Para começar, você fará disposições sobre os croquis de projeto. É impor-
tante saber que em todo desenvolvimento de projetos, independentemente 
de seus propósitos fi nais, o desenho está presente. Desenhar um objeto, ar-
quitetônico ou não, é a representação de uma ideia, ao mesmo tempo que 
descreve suas etapas. Os desenhos servem para o entendimento e comuni-
cação com os demais profi ssionais envolvidos na elaboração de um projeto, 
para apresentar as ideias aos clientes e, ainda, para orientar a execução de 
uma obra. 
Contudo, é importante compreender que o processo de desenho, bem 
como o de desenvolvimento de um projeto de arquitetura, não é linear. Sendo 
assim, ideias e formas de representação iniciais podem ser adotadas ao longo 
de todo o processo de projetação. O croqui, entretanto, costuma ser utilizado 
para a representação inicial. 
Para transmitir as ideias e impressões iniciais sobre um projeto de arqui-
tetura, pode-se utilizar a linguagem do croqui. É um desenho, predominante-
mente feito à mão livre, demonstrando estudos do conceito projetual, leitura 
espacial e relacionada ao terreno e, ainda, o partido arquitetônico. 
Segundo Oliveira (2009), nesta etapa o arquiteto pode fazer croquis de 
referência também. Esse tipo de croqui serve para ampliar o repertório do 
profi ssional sobre determinada tipologia ou solução estrutural e material. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 97
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 97 08/02/2021 14:50:44
Neste caso, é possível que esse exercício auxilie a empregar tais soluções 
estudadas a composições posteriores. No caso do projeto de restaurante, 
é possível buscar outros projetos de tipologia semelhante e fazer desenhos 
livres apontando as principais ideias e soluções ali empregadas.
Observando a Figura 3, podemos notar que um croqui 
pode conter também anotações, insights projetuais, referên-
cias sobre os materiais que podem ser utilizados,entre outros. Além disso, na concepção dos cro-
quis, podem ou não ser utilizadas cores que 
auxiliem na apresentação das ideias tidas para 
o projeto.
Figura 3. Exemplo de um croqui. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 20/01/2021.
DICA
Que tal se inspirar ainda mais no desenvolvimento dos croquis e fazer uma 
busca sobre como Oscar Niemeyer os utilizava durante o processo de 
projeto? O arquiteto, um dos maiores do Brasil até então, era reconhecido 
pelos seus desenhos à mão livre. Pesquise como ele buscou representar 
os diversos projetos que desenvolveu: Brasília, Pampulha (Belo Horizonte, 
MG), Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), entre tantos outros.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 98
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 98 08/02/2021 14:50:48
Plantas e cortes
A linguagem de desenho é, de fato, primordial para um projeto arquitetôni-
co. Em primeiro momento, ele é utilizado para comunicar ideias à equipe, por 
exemplo. Mas, posteriormente, é necessário apresentar o projeto para clientes 
e equipe de obras, o que torna imprescindível a precisão de representação.
Para desenhos mais precisos que os croquis anteriormente assinalados, é 
possível utilizar as plantas, cortes e fachadas de um edifício. Mas o que é cada 
um deles? O Quadro 2 identifi ca cada um desses elementos.
Tipo de desenho Descrição
Planta
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
Corte É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no sentido transversal ou no longitudinal.
Fachada Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
ção, especifi camente.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
sentido transversal ou no longitudinal.
Representação das faces externas da edifi cação.
É a representação horizontal de um determinado edifício. Pode ser 
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
Representação das faces externas da edifi cação.
dividida em planta de situação, implantação ou a planta da edifi ca-
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
Representação das faces externas da edifi cação.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
Representação das faces externas da edifi cação.
É um plano secante que divide uma edifi cação em duas partes, no 
QUADRO 2. DESCRIÇÃO DE DESENHOS DE ARQUITETURA
O ideal, em um projeto de arquitetura, é que os desenhos sejam represen-
tados de forma técnica. A linguagem técnica é aquela que possui normas que a 
regem e, assim, segue regras para a sua confecção que a tornam compreensí-
vel para os diversos profi ssionais envolvidos, desde o projeto até a obra. 
A normativa responsável por determinar as diretrizes de desenho técnico 
de um projeto arquitetônico é a NBR 6492 (“Representação de 
projetos de arquitetura”) (ABNT, 1994). Nela estão contidas to-
das as informações referentes ao desenho técnico e deve ser 
seguida tanto para a execução de projetos à 
mão quanto auxiliados por computador. As 
principais informações contidas neste do-
cumento são as defi nições e condições 
gerais e específi cas de execução do dese-
nho técnico por qualquer profi ssional envol-
vido na construção civil. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 99
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd99 08/02/2021 14:50:48
Os desenhos dos quais a NBR 6492 trata são os chamados desenhos orto-
gonais. Para fazê-los, ao contrário do que acontece em alguns croquis, é sem-
pre necessário trabalhar em escala. Os desenhos ortogonais permitem fazer 
estudos mais complexos quanto aos acessos do projeto, a locação em relação 
ao terreno e suas condicionantes, além do layout de um edifício, por exemplo. 
EXPLICANDO
Você sabe o que é uma escala? Ela consiste na relação entre dimen-
sões reais e dimensões representadas em um desenho gráfico (planta 
ou mapa). Ela pode apresentar este desenho em tamanho real, reduzi-
do ou ampliado.
É importante salientar que os desenhos técnicos aparecem desde a fase prelimi-
nar do projeto até o executivo, quando todas as modifi cações e decisões foram apro-
vadas pelo cliente. 
Nesse momento, será preciso apresentar, por exemplo, os diversos tipos de plan-
tas. Uma planta de situação normalmente é apresentada aos órgãos públicos a fi m 
de auxiliar na aprovação do projeto e compreende, além de informações do terreno, 
dados gerais sobre o partido arquitetônico adotado. A implantação contém, além das 
informações do próprio projeto, dados relacionados ao entorno e à infraestrutura ali 
existente. A planta da edifi cação, por sua vez, é uma vista secante horizontal a uma 
altura de cerca de 1,50 m de todo o projeto, em todos os pavimentos (ABNT, 1994).
Lembre-se que é necessário sempre aprovar um projeto nos órgãos convenientes 
da sua cidade, estado ou país. Neste caso, os desenhos serão os principais documen-
tos apresentados. 
Perspectivas e detalhamento
Após realizar toda a fase destinada aos desenhos técnicos da sua edifi ca-
ção, será preciso encarar mais duas situações: na primeira, você terá que fazer 
algumas apresentações do projeto ao seu cliente para que ele o aprove e, as-
sim, seguir para as etapas fi nais de projeto executivo e obra. Além disso, em 
segunda instância, com a aprovação do projeto, você e a equipe precisarão 
desenvolver os detalhamentos de algumas partes específi cas do projeto.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 100
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 100 08/02/2021 14:50:48
Mas o que são exatamente e qual a importância destes dois itens? Para 
apresentar o projeto para o cliente, você pode utilizar perspectivas, que são 
um importante auxílio para estudar volumetrias de um projeto, além de serem 
fundamentais para ilustrar e tornar os projetos mais claros para os espectado-
res leigos, que desconhecem a linguagem do desenho técnico.
Como é possível ver na Figura 4, que representa a perspectiva interna de 
um restaurante, ela é um recurso precioso para o entendimento do projeto. 
O uso de cores e texturas, por exemplo, a enriquece ainda mais, permitindo a 
compreensão de materiais a serem utilizados na execução de uma edificação. 
Observe que esta é uma representação de um espaço tridimensional.
Figura 4. Perspectiva tridimensional do interior de um restaurante. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 21/01/2021.
Contudo, após a aprovação do projeto, quando ele está sendo finalizado, 
pode ser necessário acrescentar informações aos desenhos executivos. Neste 
caso, é preciso executar os detalhes construtivos. Detalhar nada mais é do que 
apresentar as particularidades de uma determinada parte da obra, para que 
ela possa ser executada da forma correta. 
Os detalhamentos podem, por exemplo, apresentar as sequências nas 
quais os materiais são colocados em um sistema construtivo, como é feita a 
ligação entre dois materiais ou qualquer outra particularidade do projeto. Eles 
devem ser feitos para que, durante a execução, não existam dúvidas quanto à 
forma pela qual um edifício ou suas partes é construído.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 101
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 101 08/02/2021 14:50:50
De acordo com Dejtiar (2017), o desenho dos detalhes pode ser feito des-
de o início do processo de desenvolvimento de um projeto para que possam 
ser compreendidos pequenos detalhes práticos de alguns materiais e sistemas 
construtivos. Seu uso pode melhorar a qualidade das edificações projetadas e 
minimizar quaisquer erros de execução.
Os detalhes construtivos não são obrigatórios no projeto, mas é neces-
sário atentar que eles devem ser representados segundo as regras da NBR 
6492 (ABNT, 1994) e com uma escala pertinente para o entendimento de 
seu leitor. Podem ser utilizados, ainda, quadros que os deixem em destaque 
para que a representação final do projeto não fique confusa ou com infor-
mações desencontradas. 
Gibbs (2017) aponta que o detalhamento é um importante componente dos 
projetos executivos de arquitetura, uma vez que, neste momento, podem ser 
apresentados desenhos detalhados de todos os componentes de um projeto. 
Nesta hora, podem ser apresentados detalhes de áreas molhadas, como cozi-
nhas, banheiros, lavabos e áreas de serviço. 
Para verificar alguns outros tipos de plantas e desenhos arquitetônicos que 
precisam de detalhamento, observe as seguintes indicações:
• Paginação de acabamentos e revestimentos: é necessário criar plantas 
e/ou vistas internas das paredes com detalhes da paginação dos revestimen-
tos, bem como suas alturas. É possível utilizar a escala 1:25;
• Paginação de pisos: assim como o anterior, normalmente é necessário 
criar pranchas na escala 1:25 para indicar as especificações de como as pe-
ças cerâmicas são assentadas, onde se encontram ralos, esgotos e desníveis 
ou o sentido dos veios (em pedras naturais) ou dos desenhos que o revesti-
mento possa ter;
• Portas e metais: é utilizado para o detalhamento de partes ou objetos 
específicos, como a maçaneta de uma porta. Neste caso, as escalas utiliza-
das são maiores: 1:10, 1:5 ou 1:2;
• Marcenaria: quando o projeto do interior de uma edificação englobar 
a fabricação de marcenaria, o arquiteto deve detalhar os materiais utiliza-
dos, tipos de encaixes e cada uma das dimensões. Assim como o anterior, 
pode-se usar uma escala maior, como a 1:10, dependendo da dimensão do 
móvel a ser projetado.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 102
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 102 08/02/2021 14:50:50
Agora, pense: quais seriam os detalhes necessários? Há algum mobiliário 
que será executado junto com a obra e precisa ser detalhado? Marcenarias ou 
bancadas e áreas molhadas? Verifi que cada ambiente e planeje os detalhamen-
tos que a equipe deverá fazer. 
Noções de legislação aplicadas à arquitetura
O projeto de arquitetura engloba, além das especifi cações refe-
rentes ao programa de necessidades do local e suas 
relações com o entorno, a adequação às normas 
técnicas. No Brasil, especifi camente, a Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é responsável 
por um conjunto de normativas que regularizam os 
projetos arquitetônicos.
Neste tópico, apresentaremos algumas destas normas que regulam a ar-
quitetura, desde as premissas da ABNT até as regulações específi cas das pre-
feituras municipais. 
Introdução da legislação na arquitetura
Há uma série de legislações e normas que são responsáveis por verifi car 
a viabilidade de construir uma certa edifi cação, que regularizam a apresen-
tação de desenhos e projetos e que organizam como deve ser ocupada a 
terra urbana.
Vimos que o desenho técnico implica em uma série de regras que estão 
englobadas na NBR 6492 (ABNT, 1994), que torna os desenhos arquitetôni-
cos compreensíveis por todos os envolvidos no processo de projeto. Sendo 
assim, ao desenhar de forma técnica é preciso seguir uma norma ou lei.
Pensemos em outro exemplo: o que acontece caso o cliente já tenha algu-
mas ideias específi cas para o espaço? Ao receber essas ideias do seu cliente, é 
imprescindível verifi car se elas são viáveis do ponto de vista da legislação.
Então, o que precisa ser verifi cado? Comece com a legislação urbana muni-
cipal e, a seguir, defi na a possibilidade de adequar o projeto também às outras 
normas técnicas definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 103
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 103 08/02/2021 14:50:50
Plano Diretor e leis de uso e ocupação do solo
Você conhece a legislação urbana da sua cidade? Mais ainda, você sabe o 
que é a legislação urbana e qual sua importância para as cidades? Segundo 
Rolnik (1999), a legislação urbana é um conjunto de leis, normas e decretos 
responsáveis por regular o uso e a ocupação da terra urbana. Ou seja, por 
meio dela o território é organizado e classifi cado, e as formas de ocupação 
são permitidas ou proibidas.
Em 2001, a Lei nº 10.257 criou o Estatuto da Cidade que seria o respon-
sável por regular o uso da propriedade urbana, pensando no bem coletivo, 
segurança, equilíbrio ambiental e bem-estar de todos os cidadãos. Nes-
te sentido, buscou ordenar o uso da propriedade urbana garantindo, por 
exemplo, o direito à cidade sustentável e provida de infraestrutura urbana, 
saneamento ambiental, serviços públicos, transporte e lazer (BRASIL, 2001). 
E o que essas leis e normas signifi cam, na prática, para a produção das ci-
dades e na arquitetura e urbanismo. Elas estabelecem áreas que podem ou 
não receber determinados usos, bem como qual é a ocupação máxima que 
um lote urbano pode ter, por exemplo. 
Considerando o que se estabeleceu no Estatuto da Cidade, muitas áreas 
urbanas possuem o Plano Diretor, que é um instrumento de organização 
da cidade, orientando sua ocupação de acordo com os interesses coletivos. 
Esse Plano orienta tanto as políticas públicas quanto as ações da iniciativa 
privada no território urbano, sendo o principal plano urbanístico de uma 
determinada cidade.
E todas as cidades possuem Plano Diretor? Não. Ele é obrigatório de acor-
do com cinco preceitos: 
• Em cidades que possuam mais de vinte mil habitantes;
• Em cidades que integram as regiões metropolitanas;
• Em cidades nas quais o Poder Público municipal vise utilizar instrumen-
tos urbanísticos previstos na Constituição Federal de 1988;
• Em cidades onde haja interesse turístico;
• Em cidades que estejam inseridas dentro de uma área com infl uência 
de atividades ou empreendimentos de impacto signifi cativo nos âmbitos re-
gional ou nacional.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 104
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 104 08/02/2021 14:50:50
Figura 5. Zoneamento de parte da área central de São Paulo. Fonte: São Paulo, 2015.
A cidade de São Paulo, por exemplo, possui um Plano Diretor estratégico, 
concebido em 2014, que deve orientar o crescimento da cidade até o ano de 
2030. Ele foi elaborado com a participação da sociedade e divide a cidade 
em várias zonas. A Figura 5 apresenta um trecho deste zoneamento referen-
te a uma área próxima ao centro da cidade. 
Na Figura 5, é possível verificar uma área que contém, predominantemente, 
ZEIS-3 e ZEIS-6. Mas você sabe o que é uma ZEIS? As ZEIS são a sigla para “Zonas 
Especiais de Interesse Social”, ou seja, áreas onde devem ser implantados pro-
jetos voltados para habitação social, por exemplo. Nestas áreas, para que esta 
função social seja cumprida, podem existir leis mais permissivas. 
Pesquise se na sua cidade existe o Plano Diretor e quais são suas deter-
minações para a área onde você está implantando esta edificação. Verifique, 
sobretudo, se o uso comercial é permitido para esta área e este lote específico. 
Este é o primeiro passo. O seguinte é conhecer um pouco mais do que é deter-
minado para os lotes vizinhos e para as áreas adjacentes ao projeto. Verifique 
se existe algum plano especial de desenvolvimento para aquela área ou mesmo 
se algum novo empreendimento está sendo implantado, além do seu, é claro. 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 105
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 105 08/02/2021 14:50:57
Em seguida, volte novamente para o seu lote específico e busque referên-
cias sobre uma outra lei importante: o Código de Edificações da cidade. Este 
Código é fundamental para estabelecer os coeficientes de ocupação que serão 
utilizados na área na qual se está projetando. Por meio dele, pode-se calcular, 
por exemplo, a área máxima que poderá ser construída no local. 
Dentre os coeficientes que são estabelecidos pelo Código, atente-se 
aos seguintes:
• Coeficiente de aproveitamento (CA): o máximo de metros quadrados 
que podem ser construídos a partir da área total do terreno;
• Taxa de ocupação (TO): corresponde à divisão entre projeção da área 
edificada e a área total do terreno;
• Afastamentos das divisas laterais e fundos: são os recuos mínimos das 
laterais e dos fundos em relação aos lotes vizinhos;
• Recuo mínimo do alinhamento: distância mínima entre o alinhamento 
da calçada e o início da área construída de um determinado lote;
• Área permeável: porcentagem do terreno que deve conter solo permeá-
vel, ou seja, que não pode ser impermeabilizado. 
EXEMPLIFICANDO
O coeficiente de aproveitamento (CA) depende diretamente da área total 
(AT) e da área construída computável máxima (AC). Assim, o CA é dado 
por CA = AC/AT. Se você possui um terreno com 1000m² e um coeficiente 
de aproveitamento de 2, a área construída computável máxima será de 
2x1000, ou seja, AC = 2000m².
Outro fator determinante que não deve ser esquecido é que a altura máxi-
ma permitida para uma edificação não está ligada com a taxa de ocupação (TA) 
máxima. Mas por quê? Lembre-se: a taxa de ocupação trata da área projetada 
do edifício em relação ao solo, à sua área total. Ou seja, a taxa de ocupação leva 
em conta a projeção horizontal e não o número de pavimentos. 
Sendo assim, o índice que afeta o número de pavimentos de uma edifica-
ção é o coeficiente de aproveitamento (CA), porque você precisará considerar a 
área total construída, ou seja, todos os pavimentos. 
Verificar essa legislação desde o início reduz as probabilidades de risco de 
projetar uma edificação com mais pavimentos ou mais área construída do que 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 106
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 106 08/02/2021 14:50:57
o permitido. Não se arriscará, ainda, a deixar recuos menores que os permiti-
dos pelas leis municipais ou a colocar mais áreas impermeáveis do que o Códi-
go de Obras permite.
Normas técnicas
Vimos algumas importantes regras a serem seguidas para se construir 
em solo urbano. Tratam-se das legislações, que podem ser municipais, es-
taduais ou mesmo federais. Mas é importante saber que elas não são as 
únicas leis que regem a construção de um edifício. 
Além delas, existe uma série de normas técnicas que devem ser ado-
tadas, cuja responsabilidade, em geral, é da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas (ABNT). As normas brasileiras publicadas pela ABNT são do-
cumentos legais estabelecidos por um consenso e que estabelecem regras, 
diretrizes ou recomendações mínimas para atividades ou resultados para 
obtenção de um grau de qualidade em um contexto específi co (ABNT, 2015).
Considerando que o projeto de um restaurante é um espaço 
para frequentação de público diverso, é necessário se 
atentar à NBR 9050 (ABNT, 2015), que trata de aces-
sibilidade a edifi cações, mobiliário, espaços e equi-
pamentos urbanos. Ela foi criada para estabelecer 
parâmetros e critérios mínimos para projetos, cons-
truções, edifi cações e instalações no meio urbano ou rural em detrimento 
das condições de acessibilidade universal (ABNT, 2015). 
Para tal, há diversas orientações a serem seguidas visando organizar o 
espaço comercial. Vejamos algumas delas:
• Disponibilizar informação e sinalização (projetos de identidade visual 
com placas, sinalização de emergência, comunicações etc.);
• Pensar no projeto a partir de parâmetros antropométricos, ou seja, 
considerando os alcances visuais e manuais da população conforme esta-
belecidos na norma técnica;
• Projetar sanitários e vestiários com um número mínimo de banheiros 
para atender ao público com difi culdades de acessibilidade, verifi candoas 
dimensões recomendadas na NBR 9050/2015;
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 107
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 107 08/02/2021 14:50:57
• Gerar acessos e circulações internos e externos ao edifício com os pa-
râmetros mínimos da norma técnica, permitindo acessibilidade à circulação 
vertical e horizontal, criando vãos com dimensões mínimas estabelecidas e 
respeitando as distâncias máximas percorridas;
• Projetar mobiliário urbano acessível, como bancos, pontos de hidrata-
ção e lixeiras. 
Para nortear estas orientações, a NBR 9050/2015 traz uma série de ilus-
trações e tabelas que tornam mais nítidos os parâmetros definidos para a 
acessibilidade. A Figura 6 expõe alguns dos parâmetros apresentados pela 
norma técnica, a respeito das dimensões referenciais de descolamentos de 
uma pessoa em pé. Estas dimensões consideram pessoas que tem alguma 
dificuldade de locomoção e que, portanto, precisam de algum dispositivo 
que os auxilie a caminhar, e são primordiais para calcular as dimensões de 
uma área de circulação, por exemplo.
0,75
0,85
0,90 0,90
0,60
0,
60
0,95
1,201,20
0,75
0,90 0,90
a) Uma bengala b) Duas bengalas c) Andador
com rodas 
d) Andador rígido – vistas frontal e lateral 
e) Muletas – vistas frontal e lateral 
f) Muletas tipo canadense g) Apoio de tripé h) Sem órtese
Figura 6. Dimensões para deslocamento de pessoas em pé. Fonte: ABNT, 2015.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 108
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 108 08/02/2021 14:51:00
A NBR 9050/2015 também determina como calcular as rampas de um de-
terminado projeto. Importante ressaltar que, já tendo verificado o terreno no 
qual está projetando e sua topografia, é preciso ter uma noção se será ou não 
necessário criar uma rampa para que o estabelecimento seja acessível às pes-
soas que têm alguma dificuldade de locomoção. Se sim, mas você ainda não 
sabe como poderia calcular uma rampa, verifique a Figura 7.
i =
h ∙ 100
c (1)
Onde
i é a inclinação, expressa em porcentagem (%);
h é a altura do desnível;
c é o comprimento da projeção horizontal.
1,20 1,20 1,20
Dimensões em metros
a) Vista superior
b) Vista lateral
c
h
h
h
h
c
i i
i i
Figura 7. Dimensionamento de rampas. Fonte: ABNT, 2015. (Adaptado).
Sabe-se que as rampas são áreas de piso com declividades supe-
riores a 5%. Além disso, a inclinação máxima ideal para uma área 
rampada é de 8,33%. Dependendo da distância neces-
sária em rampa para vencer uma altura, é ideal que 
se criem áreas de descanso, que são áreas horizon-
tais e sem inclinação. Outras inclinações possíveis 
e dimensões, como larguras das rampas, podem ser 
conferidas na íntegra na norma técnica.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 109
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 109 08/02/2021 14:51:01
É importante seguir esta Norma não apenas considerando o ponto de vista 
legislativo, mas também considerando que é o desenho universal aplicado aos 
projetos, além de torná-los mais inclusivos e humanizados. Sobretudo, as áreas 
de amplo acesso, como os locais públicos, semipúblicos e de comércio devem 
seguir estes preceitos e respeitar as regras de dimensionamento.
Não esqueça de buscar, também, a configuração de circulações e as áreas de 
sanitários para que seu projeto como um todo contenha acessibilidade.
Vale lembrar que a norma de acessibilidade não é a única a ser considerada 
em um projeto de edificação. Além dela, é possível considerar, ainda, a importân-
cia de seguir as normas do Corpo de Bombeiros. Eles estabelecem várias instru-
ções técnicas que, no caso, têm abrangência estadual. Sendo assim, dependendo 
da cidade para a qual se está projetando, é necessário verificar esta normativa.
A prevenção contra incêndios é um tópico extremamente importante para 
uma edificação e expressa-se tanto pela educação pública quanto por medi-
das de proteção. Assim, as medidas assinaladas na Norma estadual do Corpo 
de Bombeiros visam, à presença de um incêndio, o seu combate e extinção, 
bem como a redução de seus efeitos antes da chegada do Corpo de Bombei-
ros (SÃO PAULO, 2018).
Para tal, as medidas de combate a incêndio a serem previstas pela legislação 
abrangem a extinção do fogo, alarme e detecção, que são medidas ativas. Há, 
ainda, as medidas passivas, que são aquelas que controlam os materiais utiliza-
dos em uma edificação e seu comportamento diante do fogo, os meios de escape 
e compartimentação de uma edificação, bem como a proteção das estruturas. 
A ideia principal diante de um episódio de incêndio é a proteção da vida dos 
ocupantes de uma edificação, bem como a redução de quaisquer danos ao pa-
trimônio e ao meio ambiente. Há, também, a necessidade de garantir acesso do 
Corpo de Bombeiros para eventual combate a um incêndio naquela área.
Ou seja, pensando no projeto do seu restaurante, as áreas devem ser acessí-
veis ao carro de Bombeiros para que eles possam atuar caso tenha alguma ocor-
rência. Verifique, de acordo com a sua cidade, quais as demandas relacionadas 
aos acessos pelo Corpo de Bombeiros. 
Além disso, deve-se verificar se são respeitados alguns requisitos mínimos 
exigidos pelo Corpo de Bombeiros. Dentre eles:
• Extintores;
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 110
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 110 08/02/2021 14:51:01
• Sistema de hidrantes;
• Sistema de alarme de incêndio e detecção de calor e fumaça;
• Sistema de chuveiros automáticos;
• Sistema de iluminação de emergência;
• Compartimentação vertical e horizontal;
• Escadas de segurança;
• Isolamento de risco;
• Sistemas fixos de espuma CO2 e Halon, entre outras proteções.
Pensando nos requisitos de segurança referentes aos materiais utilizados, 
algumas Instruções Técnicas (IT) do Corpo de Bombeiros podem estabelecer 
que os materiais de acabamento e revestimento devem ser controlados. Isto 
ocorre porque determinados materiais podem propagar ainda mais um incên-
dio, enquanto outros pode ajudar a extingui-lo ou, pelo menos, minimizá-lo. 
A partir dos itens anteriores, é necessário pensar em escadas de segurança. 
Estas escadas fazem parte do conjunto de rotas de fuga de um determinado 
edifício e devem conter portas com abertura antipânico e devem ser devida-
mente compartimentadas para que o fogo não atinja estas áreas. Além disso, 
fazem parte deste sistema de rotas de fuga as saídas de emergência. 
CONTEXTUALIZANDO
A partir do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do 
Sul, em janeiro de 2017, ficou determinado que todos os municípios 
devem ter uma legislação específica referente ao combate e preven-
ção de incêndios e desastres. Esta necessidade foi estabelecida pela 
Lei Federal nº 13.425/2017.
Sabendo destas informações, pense nas possíveis rotas de fuga de seu res-
taurante, a partir de uma consulta às legislações estadual e municipal. Não se 
esqueça de buscar referências de materiais que podem auxiliar em casos de 
incêndio, sobretudo nas áreas onde há manipulação de fogo, como as cozinhas.
Aliás, no caso das cozinhas, a legislação do Corpo de Bombeiros não é a úni-
ca que deve ser seguida. De acordo com a Anvisa (2004), as cozinhas industriais 
devem ter, predominantemente, a cor branca. Isso ocorre porque há uso amplo 
de aço nestas áreas e o branco não interfere no índice de reflexão de cor deste 
aço e não cria, assim, áreas ou cantos escuros. Inclusive, a cor clara demonstra 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 111
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 111 08/02/2021 14:51:01
com maior facilidade a presença de sujidades no ambiente, o que é essencial 
para as áreas como cozinhas, onde a limpeza é fundamental. 
Com relação ao piso utilizado em áreas de cozinhas, é importante que eles 
sejam laváveis e antiderrapantes para evitar acidentes, uma vez que há pre-
sença de elementos escorregadios, como gorduras e óleos. Além disso, não 
pode haver fendas ou rachaduras que debilitam o processo de desinfecção das 
áreas. Devido ao fluxo intenso nessas áreas, opiso deve ser PEI 5, ou seja, com 
alta resistência à abrasão, além de anticorrosivo para suportar os agentes de 
limpeza química ali aplicados e, muitas vezes, possuir rejuntes antiácidos (AN-
VISA, 2004).
Quanto aos pisos é importante observar, ainda, que sejam criados desníveis 
e inclinações que sejam capazes de drenar naturalmente os líquidos para saí-
das com ralos ou grelhas sifonadas, evitando com que a água fique empossada. 
O uso de ralos e grelhas sifonadas também é um fator fundamental para evitar 
o retorno de odores pelo esgoto, bem como a entradas de animais. Além disso, 
segundo a Anvisa (2004), sempre que possível, é ideal adotar os pisos monolí-
ticos, que facilitam os transportes por meio de carrinhos. 
Finalmente, é fundamental que as portas sejam assentadas em cozinhas 
industriais com material liso e não absorvente, além de ajuste exato com as 
esquadrias e evitando folgas entre elas e o piso, para que não haja a possibi-
lidade de entrada de insetos e roedores no local. Quanto às janelas também 
é necessário que elas barrem a entrada de agentes externos como animais e, 
ainda, que sejam projetadas de modo que o acúmulo de sujeira seja o menor 
possível. Em algumas situações, é preciso instalar telas.
O ideal é que as janelas estejam nas áreas superiores da parede. Essa locali-
zação permite a ocorrência do “efeito chaminé”, que leva os ares mais quentes 
para a parte superior do ambiente e facilita as trocas de ar. Além disso, tal 
localização permite uma boa iluminação natural sem a presença de sombras.
Observamos a necessidade de seguir várias regras, normas ou leis para que 
o restaurante esteja em conformidade com a legislação vigente. Neste sentido, 
tente aplicar os conhecimentos adquiridos na especificação dos materiais do 
seu projeto e na determinação das esquadrias utilizadas.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 112
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 112 08/02/2021 14:51:01
Sintetizando
Nesta unidade, aprendemos sobre a importância de alguns fatores para o 
desenvolvimento de um projeto de restaurante. Primeiramente, vimos como 
é importante se atentar às determinantes do local, tais como os aspectos do 
terreno no qual a edificação será localizada. O estudo correto destas variá-
veis permite que o conforto térmico seja levado à sua máxima potência. Além 
disso, ainda vimos como é importante estudar o tipo de relação que deverá 
ocorrer entre o que foi projetado e as áreas do entorno.
Depois tratamos das normativas referentes ao desenvolvimento da apre-
sentação de um projeto. Verificamos como os desenhos fazem parte de todo 
o processo de projetação e como deve ser desenvolvida cada uma das etapas 
para que o resultado do desenho seja condizente com o esperado. Podemos 
utilizar croquis no início, partir para desenhos técnicos já na etapa de ante-
projeto e, ao final, utilizar-se de desenhos técnicos muito detalhados para 
enviar o projeto à obra.
Finalmente, verificamos a importância de seguir a legislação vigente ao 
projetar um edifício. Desde regras relacionadas ao espaço urbano, onde o 
planejamento da cidade e as edificações ali alocadas está relacionado, até 
as normas mais específicas de acessibilidade e o Corpo de Bombeiros, abor-
damos os preceitos que devem reger um projeto arquitetônico. Mais do que 
isso, em se tratando de um restaurante, ainda vimos algumas recomenda-
ções sobre o projeto de cozinhas.
Espero que estes conhecimentos ajudem a torná-lo um grande profissional.
Bons estudos!
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 113
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 113 08/02/2021 14:51:01
Referências bibliográficas
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492: represen-
tação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. Disponível em: 
<https://docente.ifrn.edu.br/albertojunior/disciplinas/nbr-6492-representa-
cao-de-projetos-de-arquitetura>. Acesso em: 21 jan. 2021.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibi-
lidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Ja-
neiro: ABNT, 2015. Acesso em: <http://abridef.org.br/conteudoExtra/abridef-ar-
quivo-2016_07_05_09_49_50-361.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2021.
ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC nº 216: regula-
mento técnico de boas práticas para serviços de alimentação. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, Poder Executivo, 16 set. 2004. Disponível em: <https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html>. 
Acesso em: 21 jan. 2021.
BALTERS, S. Clássicos da Arquitetura: Leça Swimming Pools / Alvaro Siza. 
ArchDaily. [s.l.], 22 mai. 2013. Disponível em: <https://www.archdaily.com.
br/br/01-115453/classicos-da-arquitetura-leca-swimming-pools-slash-alva-
ro-siza>. Acesso em: 4 nov. 2020. 
BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, Poder Legislativo, 11 jul. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 21 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 13.425/2017, de 30 de março de 2017. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, Poder Legislativo, 31 mar. 2017. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13425.htm>. Acesso em: 21 jan. 
2021.
DEJTIAR, F. 10 Exemplos de como representar detalhes construtivos. ArchDaily. 
[s.l.], 08 mai. 2019. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/874536/
10-exemplos-de-como-representar-detalhes-construtivos>. Acesso em: 21 jan. 
2021.
GEHL, J. Cidades para pessoas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015.
GIBBS, J. Design de interiores – Guia útil para estudantes e profissionais. Bar-
celona: Gustavo Gili, 2017.
OLIVEIRA, J. C. C. B. Diálogo no desenho: projeto, croqui e informática. Drops, 
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 114
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 114 08/02/2021 14:51:01
São Paulo, ano 10, n. 028.05, jul. 2009. Disponível em: <http://www.vitruvius.
com.br/revistas/read/drops/10.028/1804>. Acesso em: 21 jan. 2021.
ROLNIK, R. Para além da lei: legislação urbanística e cidadania (São Paulo 1886-
1936). In: SOUZA, M. A. A.; LINS, S. C.; SANTOS, M. P. C.; SANTOS, M. C. (Org.). 
Metrópole e globalização - Conhecendo a cidade de São Paulo. São Paulo: 
CEDESP, 1999.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. 
Polícia Militar do Estado de São Paulo. Corpo de Bombeiros. Instrução Técnica 
nº 02/2018: conceitos básicos de segurança contra incêndio. São Paulo, 2018. 
Disponível em: <http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/dsci_publicacoes2/_
lib/file/doc/it_02_2018.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2021.
SÃO PAULO (Município). Secretaria do governo municipal. Lei municipal n° 
16.050, de 31 de julho de 2014. Diário Oficial da cidade, São Paulo, SP, 01 ago. 
2014. Disponível em: <http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-16050-de-31-
de-julho-de-2014>. Acesso em: 21 jan. 2021.
SÃO PAULO (Município). Secretaria do governo municipal. Lei municipal nº 
16.402/2016, de 22 de março de 2016. Diário Oficial da cidade, São Paulo, 
SP, 23 mar. 2016. Disponível em: <http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-
16402-de-22-de-marco-de-2016>. Acesso em: 21 jan. 2021.
TUCSON MOUNTAIN RETREAT / DUST. ArchDaily. [s.l.]. [s.d.]. Disponível em: 
<https://www.archdaily.com/370237/tucson-mountain-retreat-dust>. Acesso 
em: 03 nov. 2020.
PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO IV 115
SER_ARQURB_PAUIV_UNID4.indd 115 08/02/2021 14:51:01

Mais conteúdos dessa disciplina